FILMES NOTA 02

by STANLEY23KUBRICK | created - 03 Oct 2011 | updated - 24 Jun 2021 | Public
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1. The Last Exorcism (2010)

PG-13 | 87 min | Horror, Mystery, Thriller

63 Metascore

A troubled evangelical minister agrees to let his last exorcism be filmed by a documentary crew.

Director: Daniel Stamm | Stars: Patrick Fabian, Ashley Bell, Iris Bahr, Louis Herthum

Votes: 52,083 | Gross: $41.03M

"Todos os adjetivos ruins são poucos para definir esse filme frio e cheio de falhas. Para o bem de todos, que seja o último mesmo." (Josiane K)

"Foi perdida uma chance de se criar um filme verdadeiramente atmosférico e tenso. Falta de aparagem em muitas pontas (sobretudo atuações) diminuiu um trabalho com potencial." (A lexandre Koball)

2. Battle Los Angeles (2011)

PG-13 | 116 min | Action, Adventure, Sci-Fi

37 Metascore

A squad of U.S. Marines becomes the last line of defense against a global invasion.

Director: Jonathan Liebesman | Stars: Aaron Eckhart, Michelle Rodriguez, Bridget Moynahan, Ramón Rodríguez

Votes: 185,089 | Gross: $83.55M

"Impressionante constatar que Hollywood não consegue fazer duas coisas: criar soldados com um pingo de originalidade ou matar crianças. Nem dinossauros, nem catástrofes naturais, nem aliens. (Felipe Tostes)

3. My Soul to Take (2010)

R | 107 min | Horror, Mystery, Thriller

25 Metascore

A serial killer returns to his hometown to stalk seven children who share the same birthday as the date he was allegedly put to rest.

Director: Wes Craven | Stars: Max Thieriot, John Magaro, Denzel Whitaker, Zena Grey

Votes: 21,597 | Gross: $14.64M

4. Hot Tub Time Machine (2010)

R | 99 min | Comedy, Sci-Fi

63 Metascore

A malfunctioning time machine at a ski resort takes a man back to 1986 with his two friends and nephew, where they must relive a fateful night and not change anything to make sure the nephew is born.

Director: Steve Pink | Stars: John Cusack, Rob Corddry, Craig Robinson, Clark Duke

Votes: 186,277 | Gross: $50.29M

"Grande argumento, boas piadas e muita falta de sentido. O que é interessante!" (Alexandre Koball)

"Também queria reviver a década de 80, mas já que não é possível, esta comédia idiotamente divertida faz um bom trabalho." (Rodrigo Cunha)

"Uma ou outra piada consegue gerar risada, mas são poucas. Na maior parte do tempo, é um filme com personagens nada interessantes, que rouba a maioria das ideias de outras produções sobre viagem no tempo na maior cara dura." (Silvio Pilau)

5. Stone (2010)

R | 105 min | Action, Drama, Mystery

58 Metascore

A convicted arsonist looks to manipulate a parole officer into a plan to secure his parole by placing his beautiful wife in the lawman's path.

Director: John Curran | Stars: Edward Norton, Milla Jovovich, Robert De Niro, Frances Conroy

Votes: 42,885 | Gross: $1.80M

"Filme com temática religiosa tem interpretação dentro da média para o calibre de Robert De Niro, mas o roteiro perde sentido na segunda metade." (Josiane K)

"Parece propor um interessante estudo de personagens e das relações entre eles, mas vai se tornando mais confuso do que profundo na medida em que se desenvolve. Falta um foco, pois parece atirar para todos os lados. Mas é bom ver Norton de volta à forma." (Silvio Pilau)

6. Yo soy la Juani (2006)

91 min | Comedy, Drama

A pair of women leave their small town and dud boyfriends behind for fun in Madrid.

Director: Bigas Luna | Stars: Verónica Echegui, Dani Martín, Laya Martí, Gorka Lasaosa

Votes: 1,418

EU SOU JUANI

7. The Back-up Plan (2010)

PG-13 | 104 min | Comedy, Romance

34 Metascore

A woman conceives twins through artificial insemination, then meets the man of her dreams on the very same day.

Director: Alan Poul | Stars: Jennifer Lopez, Alex O'Loughlin, Michaela Watkins, Eric Christian Olsen

Votes: 52,229 | Gross: $37.49M

"Grotesco!" (Alexandre Koball)

"O filme é uma bobagem sem tamanho, mas os que têm filhos pequenos certamente vão se identificar com as cenas entre o protagonista e o amigo no parquinho. Há mais verdade naqueles poucos e rápidos diálogos do que em muita obra séria por aí." (Regis Trigo)

8. Esther and the King (1960)

Approved | 109 min | Biography, Drama, History

Two decades before she would gain fame and some fortune as Alexis Carrington on Dynasty (1981), Dame Joan Collins starred as Esther in this melodramatic, routine Biblical story. The setting... See full summary »

Directors: Raoul Walsh, Mario Bava | Stars: Joan Collins, Richard Egan, Denis O'Dea, Sergio Fantoni

Votes: 911

ESTER E O REI

9. Jaws 3-D (1983)

PG | 99 min | Adventure, Horror, Thriller

27 Metascore

A giant thirty-five-foot shark becomes trapped in a SeaWorld theme park and it's up to the sons of police chief Brody to rescue everyone.

Director: Joe Alves | Stars: Dennis Quaid, Bess Armstrong, Simon MacCorkindale, Louis Gossett Jr.

Votes: 48,193 | Gross: $45.52M

10. Charlie St. Cloud (2010)

PG-13 | 99 min | Drama, Fantasy, Romance

37 Metascore

After Charlie survives a car crash that kills his younger brother, he is given the gift of seeing the spirits of his brother and others who he has lost, and must use his powers to save the woman he loves from impending disaster.

Director: Burr Steers | Stars: Zac Efron, Kim Basinger, Charlie Tahan, Amanda Crew

Votes: 64,670 | Gross: $31.16M

11. Mediterranean Food (2009)

102 min | Comedy, Romance

Sofia's story, the best chef the world, and the two men who helped her to become a legend.

Director: Joaquín Oristrell | Stars: Olivia Molina, Paco León, Alfonso Bassave, Carmen Balagué

Votes: 1,170

12. Spread (2009)

R | 97 min | Comedy, Drama, Romance

43 Metascore

A drama centered on a serial womanizer and his jilted lover.

Director: David Mackenzie | Stars: Ashton Kutcher, Anne Heche, Margarita Levieva, Sebastian Stan

Votes: 41,856 | Gross: $0.25M

"Com mais a dizer do que aparenta na superfície, Jogando com Prazer tem bons personagens e é definitivamente divertido. A trilha sonora também é caprichadíssima." (Alexandre Koball)

"Há um moralismo no terceiro ato que soa desnecessário, mas trata-se de um filme sexy e surpreendente, principalmente para quem não espera nada. A história dos personagens envolve a plateia, além de merecer crédito por buscar fugir dos padrões do gênero." (Silvio Pilau)

13. Eat Pray Love (2010)

PG-13 | 133 min | Biography, Drama, Romance

50 Metascore

A married woman realizes how unhappy her marriage really is, and that her life needs to go in a different direction. After a painful divorce, she takes off on a round-the-world journey to "find herself".

Director: Ryan Murphy | Stars: Julia Roberts, Javier Bardem, Richard Jenkins, Viola Davis

Votes: 105,769 | Gross: $80.57M

"Poderia ser uma odisseia para o auto-conhecimento, mas acabou sendo um filme desajeitado, lento e apressado ao mesmo tempo, e bem lugar-comum." (Alexandre Koball)

"A correria não combina com a proposta de autoconhecimento, reflexão... Mas tem os seus momentos." (Rodrigo Cunha)

"Por que as mulheres precisam se sentir amadas? Por que algumas delas se anulam em nome de um grande amor? Por que elas depositam no outro sexo todas suas ansiedades? Os homens são mesmo os vilões dessa história? Os temas são interessantes. O filme, não." (Regis Trigo)

"Após um bom primeiro ato, ambientado na Itália, o filme perde o ritmo e se torna excessivamente demorado - quase cansa. Uma pena, já que o trabalho de edição confere, no início, agilidade à narrativa." (Emilio Franco Jr)

14. Hereafter (2010)

PG-13 | 129 min | Drama, Fantasy, Romance

56 Metascore

An American construction worker, a French journalist and a London school boy set out on a spiritual journey after death touches their lives in different ways.

Director: Clint Eastwood | Stars: Matt Damon, Cécile de France, Bryce Dallas Howard, Thierry Neuvic

Votes: 95,440 | Gross: $32.75M

"Não é difícil desfazer de "Além da Vida". Ele peca por explorar o sensacionalisno (o tsunami e suas vítimas) e sobrenatural (a hipótese de comunicação com os mortos). O sentimentalismo seria o corolário disso tudo. Seja. Mas que tal explorar outra possibilidade: e se esse fosse um filme sobre, justamente, a incomunicabilidade? Pessoas que, como Marie, não podem se exprimir senão pela escrita. Ou, como o médium, para quem a compreensão só pode chegar pelo livro. Será um Clint Eastwood menor? Não é impossível. Mas está longe, muito, da insignificância." (* Inácio araujo *)

"Além da Vida" foi um tanto incompreendido porque falava disso: o além. Ali estão um garoto inglês que perdeu o irmão; uma jornalista francesa que sobreviveu ao tsunami, mas acredita ter vivenciado o além por alguns instantes; um vidente americano. É claro que, a uni-los, existe a morte e seu mistério. Mas recusar o filme por isso me parece insanidade. Ou mero preconceito com o que possa desafiar a razão, o que é quase a mesma coisa. Pois ver o filme de Clint Eastwood assim equivale a não vê-lo, isto é, a não perceber que o essencial da busca de cada um não está na crença de cada um, nem no além, mas aqui mesmo. E seu centro é a capacidade de aproximar esses tipos atormentados, que, normalmente, nunca se encontrariam. Eis o encanto da coisa: fugir à norma.'' (** Inácio Araujo **)

"Ora, o tom espiritual pós-morte é apenas o pano de fundo de alguém desesperado em busca do amor. Tudo conecta-se para atingir esse objetivo, e a jornada é linda, ainda que piegas." (Alexandre Koball)

"A história é meio perdida, não sabe para onde vai; parece mais Eastwood convencendo-se de que realmente há algo após a morte. Porém, como de costume, seus planos são lindos, as locações soberbas e toda a cena inicial, por si só, faz valer o ingresso." (Rodrigo Cunha)

"A amarração entre o trio de protagonistas é muito bem feita, tornando a história agradável. A cena inicial também é muito bem produzida." (Joziane K)

"A proximidade da morte sempre esteve presente na filmografia de Eastwood. Por isso mesmo, é até estranho que ele pareça perdido e meio sem o que dizer na sua obra mais explícita sobre o tema. Fácil, um dos trabalhos mais fracos do diretor." (Regis Trigo)

"Esperava-se (muito) mais do que esta bagunça. Um filme confuso, que parece não saber o que quer dizer, estrelado por personagens sem a menor graça. Até mesmo Clint surpreende com uma mão pesada, criando momentos de pieguice extrema - como o final." (Silvio Pilau)

"Após incrível sequência incial, filme desanda por completo. Três histórias que não contam nada e não propõem nada de novo. Além de previsível e didático, o longa torna o espectador alvo de um passatempo frágil e arrastado.'' (Emilio Franco Jr)

"O filme não trata de vida pós-morte, mas da vida antes da morte, e da relação dos personagens com ela. Um filme, sobretudo, de encontros, narrado com a grande elegância e sensibilidade habituais de Eastwood" (Vlademir Lazo)

83*2011 Oscar

15. Thor (2011)

PG-13 | 115 min | Action, Fantasy

57 Metascore

The powerful but arrogant god Thor is cast out of Asgard to live amongst humans in Midgard (Earth), where he soon becomes one of their finest defenders.

Director: Kenneth Branagh | Stars: Chris Hemsworth, Anthony Hopkins, Natalie Portman, Tom Hiddleston

Votes: 899,401 | Gross: $181.03M

"Puxa, que divertido, e os efeitos especiais, exagerados que só eles, são tão brilhantes. Mas essa câmera diagonalizada, serve para quê? Mas gostei, ao não se levar à sério demais, é uma boa experiência." (Alexandre Koball)

"Filme-pipoca eficiente, mas sem nada acima da média (exceto os efeitos). A trama shakespeariana é interessante e o protagonista se revela um bom personagem, mas o romance é apressado e as cenas de ação totalmente esquecíveis. Entretém por duas horas e só." (Silvio Pilau)

"Debruçado em aspectos técnicos irretocáveis (repare como a fotografia realça a linda Asgard e sua Ponte de Arco-Íris) e boas atuações, como em Lóki e Odin, o vingador Thor é apresentado em forma de bom passatempo." (Rodrigo Torres de Souza)

"Debruçado em aspectos técnicos irretocáveis (repare como a fotografia realça a linda Asgard e sua Ponte de Arco-Íris) e boas atuações, como em Lóki e Odin, o vingador Thor é apresentado em forma de bom passatempo." (Marcelo Leme)

"Primeira vez que o brucutu principal (Chris Hemsworth) interpreta melhor que o coadjuvante de luxo (Anthony Hopkins). Natalie Portman está de amargar também." (Demetrius Caesar)

16. The Day the Earth Stood Still (2008)

PG-13 | 104 min | Adventure, Drama, Sci-Fi

40 Metascore

A remake of the 1951 classic science fiction film about an alien visitor and his giant robot counterpart who visit Earth.

Director: Scott Derrickson | Stars: Keanu Reeves, Jennifer Connelly, Kathy Bates, Jaden Smith

Votes: 178,428 | Gross: $79.37M

"Esse filme já foi feito há quase meio século com muito, mas muito mais qualidade: diversão, forma de passar a mensagem, interpretações, tensão - todos esses elementos da refilmagem ficam anos-luz atrás do original. Até os efeitos pioraram." (Alexandre Koball)

"Se o primeiro ato ainda desperta certo interesse, o desenvolvimento da história joga tudo por terra. Personagens irritantes, construção ridícula e uma mensagem que parece forçada na goela do espectador. Uma grande e milionária bobagem." (Silvio Pilau)

17. Sergeant York (1941)

Passed | 134 min | Biography, Drama, History

A Tennessee farmer and marksman is drafted in World War I, and struggles with his pacifist inclinations before becoming one of the most celebrated war heroes.

Director: Howard Hawks | Stars: Gary Cooper, Walter Brennan, Joan Leslie, George Tobias

Votes: 19,763 | Gross: $16.40M

18. The Concorde... Airport '79 (1979)

PG | 113 min | Action, Drama, Thriller

39 Metascore

A supersonic airborne disaster. In order to survive a flight headed for the Moscow Olympics, passengers of the Concorde must endure aerial acrobatics to dodge missiles and survive a device that decompresses the plane.

Director: David Lowell Rich | Stars: Alain Delon, Susan Blakely, Robert Wagner, George Kennedy

Votes: 6,946 | Gross: $13.00M

O CONCORDE - AEROPORTO 79

19. Street Fighter (1994)

PG-13 | 102 min | Action, Adventure, Comedy

34 Metascore

In the midst of a civil war in South East Asia, a general intensifies the climate of violence by kidnapping 63 UN delegates. To free the hostages, a colonel leads a group of fighters, who will have to use all their skills to be successful.

Director: Steven E. de Souza | Stars: Jean-Claude Van Damme, Raul Julia, Ming-Na Wen, Damian Chapa

Votes: 75,231 | Gross: $33.42M

"Causa constrangimento aos fãs, mas confesso que ri em vários momentos ("Vai explodir! Troca de canal!"). Quase uma boa comédia. Raul Julia incompreensivelmente no papel de Mr. Bison (Balrog)." (Rodrigo Cunha)

20. Ghosts of Girlfriends Past (2009)

PG-13 | 100 min | Comedy, Fantasy, Romance

34 Metascore

While attending his brother's wedding, a serial womanizer is haunted by the ghosts of his past girlfriends.

Director: Mark Waters | Stars: Matthew McConaughey, Jennifer Garner, Emma Stone, Michael Douglas

Votes: 94,568 | Gross: $55.25M

"A previsibilidade o derruba; os clichês atordoam; Jennifer Garner o mata." (Alexandre Koball)

"O protagonista é insuportável e irritante - impossível torcer por ele. De resto, previsibilidade total e piadas completamente sem graça. Salvam-se apenas alguns momentos de ternura e a presença de Garner (atriz adorável que merece uma carreira melhor)." (Silvio Pilau)

21. Saw IV (2007)

R | 93 min | Horror, Mystery, Thriller

36 Metascore

Despite Jigsaw's death, and in order to save the lives of two of his colleagues, Lieutenant Rigg is forced to take part in a new game, which promises to test him to the limit.

Director: Darren Lynn Bousman | Stars: Tobin Bell, Scott Patterson, Louis Ferreira, Costas Mandylor

Votes: 164,652 | Gross: $63.30M

22. Killers (2010)

PG-13 | 100 min | Action, Comedy, Romance

21 Metascore

A vacationing woman meets her ideal man, leading to a swift marriage. Back at home, however, their idyllic life is upset when they discover their neighbors could be assassins who have been contracted to kill the couple.

Director: Robert Luketic | Stars: Katherine Heigl, Ashton Kutcher, Tom Selleck, Catherine O'Hara

Votes: 96,033 | Gross: $47.06M

"A mesma receita da vovó. Só que piorada, tudo parece deslocado. A diversão, porém, é possível para quem gosta de comédias românticas." (Alexandre Koball)

"O que sustenta um filme como este é a comédia. E aqui ela não funciona, o que tira toda a sua pouca força. É praticamente um 'Sr. & Sra. Smith' sem grife." (Rodrigo Cunha)

23. Lies & Illusions (2009)

R | 93 min | Action, Thriller

A self help author is hunted by thugs who believe the writer holds millions of dollars in diamonds stolen by his dead fiancée.

Director: Tibor Takács | Stars: Christian Slater, Cuba Gooding Jr., Sarah Ann Schultz, Christa Campbell

Votes: 3,082

24. The Book of Eli (2010)

R | 118 min | Action, Adventure, Drama

53 Metascore

A drifter fights his way across a ravaged, post-apocalyptic America while protecting a sacred book that holds the secrets to humanity's salvation.

Directors: Albert Hughes, Allen Hughes | Stars: Denzel Washington, Mila Kunis, Ray Stevenson, Gary Oldman

Votes: 339,035 | Gross: $94.84M

"Pregação religiosa envolta em uma embalagem Hollywoodiana. Veja com cautela." (Alexandre Koball)

"Um bom entretenimento, ainda que contenha excesso de gordura aqui ou ali, principalmente no roteiro. O visual é sensacional, lembra o game 'Fallout', que deve ter sido uma das inspirações." (Rodrigo Cunha)

"Pouco mais que razoável, recicla os ingredientes de costume nas ficções apocalípticas, acrescentando uma carga religiosa inesperada, e parece vez ou outra se elevar acima da média, com um Denzel Washington como o durão da vez." (Vlademir Lazo)

"Com uma esplêndida fotografia digna de premiações, o filme mostra-se tenso em vários momentos e com algumas boas cenas de luta e de perseguição, mas o saldo fica apenas na média. Seria até melhor se tivesse terminado cinco minutos antes." (Regis Trigo)

25. House of Wax (2005)

R | 113 min | Horror, Thriller

41 Metascore

A group of teens are unwittingly stranded near a strange wax museum and soon must fight to survive and keep from becoming the next exhibit.

Director: Jaume Collet-Serra | Stars: Chad Michael Murray, Paris Hilton, Elisha Cuthbert, Brian Van Holt

Votes: 133,860 | Gross: $32.06M

Mais um filme bobão do sub-gênero terror adolescente chega a Hollywood. Paris Hilton mostra que não sabe atuar.

"Hollywood ainda não percebeu que o gênero terror teen está saturado. A Casa de Cera é mais um na extensa lista de filmes nos quais um grupo de adolescentes é assassinado cruelmente e sem motivos por algum psicopata. O novo longa da Dark Castle é um remake de Museu de Cera, filme B de terror de 1953. A produtora já fez outras refilmagens, como 13 Fantasmas e A Casa da Colina. Felizmente, o novo projeto é melhor que esses dois, não que fosse difícil superar tais filmes. A grande qualidade da película é o design gráfico. O museu de cera é bastante sombrio, assim como o resto da pequena cidade Ambrose, onde se passa a maior parte da história. Outro ponto positivo, pelo menos para os fãs do gênero, é que o diretor estreante Jaume Collet-Serra abusa da violência e do sangue. Os sádicos irão adorar cenas como a da mocinha que tem sua boca colada por Super Bonder e, por tentar escapar, ter o dedo indicador cortado com uma tesoura. As atuações, como de costume, são medíocres. Entre os inexperientes atores, está a patricinha milionária Paris Hilton, que apesar de tentar, não convence estar sentindo medo quando é perseguida pelo serial killer. É injusto mencionar apenas Paris, pois todos outros não fazem um bom trabalho. Nem mesmo a protagonista, vivida por Elisha Cuthbert, apresenta carisma suficiente para que você torça por sua sobrevivência. Seria melhor se todos esses jovens arrogantes e sem personalidade morressem durante a trama. O roteiro é repleto de situações conhecidas, como quando a mocinha vai checar um barulho estranho ou o momento em que o grupo se separa para procurar um amigo perdido. Não é nenhuma surpresa o resultado desses atos, mostrando o quão imbecis são os personagens, sujeitos que parecem determinados a morrer. Apesar do enredo nada original e das atuações ruins, A Casa de Cera funciona muito bem como uma diversão para a maioria do público adolescente, que não se preocupa muito com a falta de qualidade, apenas quer assistir a um pouco de carnificina. Para os que não suportam a cabeça oca Paris Hilton, o filme se torna imperdível. Mesmo sendo ficção, é prazeroso ver o sofrimento da socialite nas mãos do psicopata." (Thiago Gonçalves)

26. The Tree of Life (2011)

PG-13 | 139 min | Drama, Fantasy

85 Metascore

The story of a family in Waco, Texas in 1956. The eldest son witnesses the loss of innocence and struggles with his parents' conflicting teachings.

Director: Terrence Malick | Stars: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Hunter McCracken

Votes: 184,000 | Gross: $13.30M

"Talvez um dia tudo que foi dito de bom e de ruim a respeito de A Árvore da Vida caia por terra. Enquanto esse dia não chega, só posso afirmar que é audacioso e bem sucedido em muitos aspectos, o que pode não dizer muita coisa quando visto como um todo." (David Campos)

"Tanto e nada a dizer, a fotografia é estonteante (pois é um Malick, não seria diferente) mas falta conteúdo (ou sobra). Talvez seja inteiramente compreendido futuramente, dependendo da boa vontade da próxima geração de cinéfilos." (Alexandre Kobal)

"Quando surge o primeiro dinossauro pensei comigo "ih, será que eu já dormi e comecei a viajar no filme do Malick?". Acho melhor ir rever, só pode ter sido um sonho muito infame." (Daniel Dalpizzolo)

"A insignificância do homem perante o cinema." (Rodrigo Cunha)

"Graça e natureza, origem do universo, existência de Deus, relações familiares, e a insignificância do homem diante da imensidão do desconhecido. Mallick se inspira em Kubrick e Tarkovsky para dar conta de todos os temas. E consegue. Grande filme!" (Regis Trigo)

"O sentido da hipnotizante poesia de Malick será discutido por muitos e muitos anos e gerará centenas de interpretações. Por enquanto, o que fica é uma experiência artística única, reflexiva e contemplativa, diante da qual é impossível ficar indiferente." (Silvio Pilau)

"A graça e a desgraça. A natureza, enquanto mundo, e a natureza, enquanto natural. O homem, nada nesse contexto, e sua experiência de viver preso à ideias inexistentes. A mensagem do filme é clara quando aquele elevador desce no final. Poético e belo!" (Emilio Franco Jr)

"Uma experiência única, algo distinta e à parte de tudo que tenhamos visto antes (por mais que semelhanças com outros filmes possam ser invocadas). É filme para aborrecer alguns, e deslumbrar outros tantos, tão esquizofrênico quanto instigante." (Vlademir Lazo)

"Um filme pelo cinema." (Junior Souza)

"Malick tentando entuchar em um único filme dezenas de temas de importância universal. Obviamente, alguns desses temas acabaram ficando de lado em função da atenção dada aos outros. O resultado é uma obra bela, mas muito além da capacidade de seu diretor." (Heitor Romero)

"A técnica perfeita (maravilhosas fotografia, trilha, montagem) em harmonia com bela obra, complexa, instigante. Da origem do Universo à relevância de nossa existência, Malick aborda e questiona temas, atingindo, no mínimo, memorável resultado artístico." (Rodrigo Torres Souza)

"Artisticamente notável, mas pretensioso e demasiado inventivo. Ainda assim uma curiosa incursão contemplativa sobre a natureza humana." (Marcelo Leme)

"É conceitualmente interessante no início, mas Malick tenta tanto abraçar o mundo com o seu filme em sua caçada pela tal transcendência que uma hora ou outra acaba perdendo o fio da meada." (Bernardo D I Brum)

"Bem pretensioso, mas achei honesto. Há muito o que se dizer, que se interpretar, talvez até mesmo criticar.. mas não me preocupa tanto entender esse filme: me deixei levar pelo lado transcendental das imagens, e tive uma epifania na sala de cinema." (Juliano Mion)

''Num de seus mais celebres artigos, Pasolini expunha a diferença entre o cinema de prosa e cinema de poesia, livre das amarras narrativas. Com apenas cinco longas em 42 anos de carreira, o americano Terrence Malick evoluiu de um cinema de prosa poética (Terra de Ninguém, Dias de Paraíso) para um cinema de pura poesia, em que o fluxo das imagens é ditado pelas reflexões e emoções de um protagonista (Sean Penn) que pouco aparece em cena. Nessa divagação em forma de imagens, esse homem de meia-idade relembra a infância, a tirania do pai, o primeiro contato com a morte, perscruta a origem do Universo e sonha com reencontro dos vivos e dos mortos, de acordo com um pensamento cristão. A voz do narrador, do diretor e do próprio filme tornam-se uma só. E o que poderia ser apenas uma colcha de retalhos torna-se, pelo talento do diretor, uma monumental epifania.'' (Thiago Stivaletti)

Plantar uma árvore é criar um universo.

"Para início de conversa, "A Árvore da Vida" é o tipo de filme sobre o qual se falará por muitos anos – e abordá-lo poucas horas depois de uma primeira visão em uma maratona como a de Cannes é algo bastante ingrato, mas também necessário e excitante. O novo material de Malick se coloca, de saída, para conversar com as grandes obras metafísicas do cinema. Não estamos aqui, por exemplo, no terreno das brincadeiras maneiristas, do mau gosto visual e do simbolismo rasteiro de um Aronfsky de Fonte da Vida (The Fountain, 2006), por exemplo, mas em um território onde o cinema se propõe a pensar o mundo a partir da experiência audiovisual: pode-se gostar ou não, embarcar ou não, mas é difícil negar-lhe força, potência, verdade, entrega e sobretudo rigor, muito rigor. Em algum momento do filme, vemos Brad Pitt, que interpreta o pai, plantar uma árvore em companhia de seus filhos. Nesse pequeno movimento se encontraria, talvez, todo o cosmos. De alguma maneira esta cena resume o movimento de Tree Of Life: pensar todo o universo a partir de um núcleo familiar, criando diversas possibilidades de conexão entre as esferas em jogo sem, no entanto, determiná-las: Malick faz aqui um cinema do deslumbre, do desconcerto frente ao grandioso, do movimento dos corpos celestes no espaço (mas também os corpos físicos), do surgimento do universo, sua expansão, sua dimensão de potência, mistério e assombro. O filme tem uma estrutura particular de narrativa, onde o tempo a princípio obedece a uma linearidade clara: acompanhamos o cotidiano de uma família do interior texano nos anos 1950 e em paralelo vemos uma Houston contemporânea, urbana, edificada – por onde circula um desorientado Sean Penn, versão adulta de um dos irmãos a quem acompanhamos no passado. Apenas nesse núcleo já temos material dramático interessante no que tange às dimensões diretas e indiretas de sua articulação; quem é esse Sean Penn a quem vemos? O homem emancipado que rompe suas raízes ou o simulacro contemporâneo de um alguém que nunca deixará aquela Texas, aquela casa onde fez nascer a vida e também a viu e a sentiu esvanecer, onde se fez homem à luz (ou à sombra) de seu pai. O personagem de Sean Penn traz consigo uma intensa reflexão sobre o tempo (de matriz bastante tarkovskiana) e faz com que o simples esquema passado/presente já não seja mais capaz de abrigar as forças em jogo. No entanto, Malick vai mais longe e o assombro cosmológico já materializado na tela pela força de seu contato com a matéria terrena (há planos antológicos, destaquemos a revoada de pássaros em meio aos arranha-céus de Houston) ganha o espaço e passamos a ver imagens diversas do universo em diferentes eras, do que parece ser sua criação ao que conhecemos como Big Ben: o oceano, o fogo, os seres pré-históricos, explosões, constelações. O universo em movimento criando o tempo e a matéria. Tree Of Life, corajoso, vai ao limite da especulação filosófica via imagens e som, no que inevitavelmente remonta ao 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968) de Kubrick (Malick trabalha pela primeira vez com efeitos visuais, inclusive com nomes envolvidos em 2001), embora ainda mais aberto e filosoficamente distante: em Kubrick há uma perspectiva claramente evolutiva do percurso do homem na Terra – que o levará à eternidade enquanto estrela integrada ao universo, o que não está dado no universo de Malick. Mas não interessa tanto, nesse momento, descermos ao fundo nessas questões e em diversas outras que explodem na tela de Malick, até porque sequer se tocou aqui em mais uma questão que parece central: aqui não se pensa o homem como algo pequeno e irrelevante num universo imensamente maior – mas coloca questões morais e afetivas orbitando o mesmo lugar poético em que se pensa a natureza e o cosmos. Voltemos a essas questões em outro momento, até porque, por mais que se divague sobre o que vimos neste estonteante The Three of Life, o grande convite de Malick é à nossa sensorialidade: antes de pensar, é preciso sentir. Não é todo dia que temos tanta arte à nossa frente. Goste-se ou não." (Rafael Ciccarini)

"Experimentar o mundo sempre foi um imperativo aos personagens do cineasta Terrence Malick, e desde seus primeiros filmes, Terra de Ninguém (1973) e Cinzas no Paraíso (1978), só convenções sociais - a propriedade, o casamento, a lei - impedem esse contato. Em A Árvore da Vida (The Tree of Life) o obstáculo é mais agudo: a autoridade do pai. Por que ele nos machuca, o nosso pai?, pergunta o jovem Jack (Hunter McCracken), o mais velho entre três irmãos de uma família texana. Talvez seja o luto pelo familiar perdido, talvez seja o rancor por não ter seguido sua vocação, mas o fato é que a educação intransigente do pai (Brad Pitt) desfalca o primogênito até a vida adulta (quando Jack reaparece interpretado por um Sean Penn alheio aos dias de hoje). A culpa não é do personagem de Pitt e também não é culpa da rigidez com que se criavam filhos nos anos 1950. Em A Árvore da Vida, o mais religioso dos filmes de Malick, o próprio conceito de paternidade pressupõe o castigo. As referências cristãs sempre estiveram presentes - o casal de Terra de Ninguém vive do fruto como Adão e Eva, e em Cinzas no Paraíso elas incluem até pragas bíblicas - e aqui se espalham de ponta a ponta, na epígrafe, na trilha sonora, na resolução. Sempre presente na contraluz da hora mágica, a graça divina pontua A Árvore da Vida nos registros grandiosos (difícil achar algo maior que o Big Bang), nos banais (a opressão de um sótão que parece uma capela) e nos fatídicos (o afogamento é uma forma de batismo?). Ironicamente, porém, aqui o contato com o mundo não se traduz em pecado, como nos dois filmes citados (crime de morte em Terra de Ninguém e incesto" em Cinzas no Paraíso), mas em redenção. Quando se emancipa do pai, Jack flerta com o mal - a vidraça quebrada, a espingarda de chumbo - mas, como é próprio dos contos de formação, tira desses eventos não uma pena, mas uma moral. A câmera do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki mimetiza, com seu constante vaivém, essas forças de atração e repulsa - como o balanço de madeira preso na árvore, que oferece mais perigo e mais recompensa quanto maior for seu arco. Na Bíblia, a "Árvore da Vida" é aquela cujo fruto Deus permite que Adão e Eva colham para si, ao contrário da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, ocupada pela serpente e proibida ao primeiro casal. No começo do filme, Terrence Malick faz uma distinção similar - é possível viver o caminho da natureza, mundano, que satisfaz a si mesmo, ou o caminho da graça, absoluta e universal - e diz inicialmente que é preciso escolher um deles. Ao longo de 139 minutos, contudo, A Árvore da Vida nos sugere que esses dois rumos são complementares." (Marcelo Hessel)

"Não é pequena a ambição de "A Árvore da Vida": captar o desespero humano em sua nascente. Não seria difícil, a partir dessa pretensão, chegar a um filme de grande tema. Mas Terrence Malick, diga-se a verdade, esquivou-se com sabedoria. Primeiro: qual será a raiz da dor humana? Ser filho? Ser pai? Em todo caso, o que vemos é a dor estampada no rosto dos filhos de Brad Pitt, que faz um engenheiro inflexível e músico frustrado. O quanto dessa frustração do pai não vai habitar o rosto dos filhos, pode-se perguntar. E a pergunta ressurge, ainda mais incisiva, quando observamos o rosto do pai, com seu quê imbecil (graças a um Brad Pitt mais profundo do que nunca)." (* Inácio Araujo *)

***** ''Um espetáculo à parte em "A Árvore da Vida" é a expressão facial de Brad Pitt. Ele não é mais o galã de tantos filmes: é um pai empenhado em educar seus filhos com a melhor das intenções. E também com inflexibilidade incomum. E isso está no seu rosto, na expressão corporal: a incapacidade de compreender o mundo além do quintal. A capacidade de, com seu amor, produzir dores sem fim. É essa a história, afinal, do filme de Terrence Malick: a história da dor. Uma dor que percebemos tão mais sem saída quando o diretor nos leva a uma viagem pelas eras do planeta, dinossauros incluídos (o que alguns maldosamente chamam de momento "National Geographic" do filme).'' (** Inácio Araujo **)

"Assim como o livro de Jó, de onde tira sua epígrafe, A Árvore da Vida se volta para a perplexidade diante do sofrimento que se abate indistintamente sobre os seres humanos. A busca por um motivo para o sofrimento — seja uma ação no passado que o torne merecido, seja um acontecimento futuro que o redima — geralmente é o ponto de partida para questionamentos sobre o sentido da vida, e quando coloca em uma das primeiras cenas uma mãe recebendo a notícia da morte do filho, Malick estabelece em poucos minutos que é exatamente de tais questões que se ocupará durante o restante do tempo. Mas não é só isso: toda a primeira parte de A Árvore da Vida é praticamente um manifesto do diretor, um colocar de cartas na mesa, porque é preciso separar este filme dos demais de sua obra, mostrar que acontecerão coisas diferentes aqui, que a religião, antes marginal, desta vez estará no centro de tudo, que a dimensão da experiência se estenderá muito além dos limites anteriormente vistos — a guerra, o primeiro contato etc. Portanto, na primeira hora de filme o que vemos é Malick deixar muito claro o que pretende — que não é pouco — e até onde tenciona ir para alcançar — que é bem longe: como todo mundo já sabe, o filme não só vai se deter na infância de três garotos no seio de uma família comum no Texas dos anos 50 como também procurará registrar uma parcela considerável da história do universo. Novamente falando de Jó, há um momento ao fim do livro em que Deus responde aos questionamentos do protagonista, embora “resposta” não seja bem a palavra: como bem demonstra a citação do início, tirada desse trecho, o que Deus fala é basicamente para Jó pensar um pouco mais sobre como a sensação de ser criador de tudo está longe de sua vivência, e, sobretudo, sobre o seu tamanho e importância em relação ao cosmos e a todos os outros seres — portanto é mais saudável não esperar tanto assim da vida e aprender a lidar com a aparente falta de sentido do mundo. O que Malick faz nessa parte é próximo de adaptar essa fala: tenta dar conta do que seria a experiência de testemunhar o início do universo e o surgimento da vida. Faz isso com imagens poderosas, num espetáculo fascinante e envolvente, que, no entanto, não está ali para servir como resposta ou como demonstração da enormidade do cosmo e da relativa insignificância dos personagens; presenciar a criação em "A Árvore da Vida" é o começo de uma busca, é exatamente o que dará mais corpo às perguntas (não é por acaso que ela está no começo, e não no final como em Jó), de modo que temos a última declaração de intenção do diretor: não se trata apenas de perguntar retoricamente se vida tem algum sentido; trata-se de muito literalmente ir atrás da resposta. Ir mesmo. É preciso coragem, porque existe uma certa tendência contemporânea fortíssima — e com muitos argumentos a seu favor, é preciso lembrar — de enfatizar a impossibilidade de qualquer linguagem de fato dar conta da experiência e explicá-la; muitas vezes há a performance da busca, mas apenas como maneira de demonstrar essa impossibilidade. Malick não está interessado em nada disso: sua procura será sincera. Isso estabelecido, o ramo mais narrativo do filme pode finalmente começar, e acompanharemos o cotidiano dos três irmãos, tendo como foco os conflitos do filho mais velho e dos pais entre si e principalmente consigo mesmos, na sua tentativa de entender as razões, se é que existem, que levam a uma relação tão disfuncional entre o pai e os filhos e, como consequência, algumas vezes entre o próprio casal, que levam ao frequente fracasso de muitos sonhos e à frustração de tantas expectativas. Para isso é preciso mergulhar fundo na tarefa de transmitir a experiência o mais próximo possível de como ela é efetivamente vivida, e assim a maior surpresa que Malick reserva é que, contrariando o que geralmente se espera de filmes de temática semelhante, não há muita abertura para a contemplação, para planos longos, para a reflexão. Tudo é fragmentado e efêmero. Na maior parte do tempo, a montagem é rápida, inserindo um corte antes que um plano tenha tempo de se oferecer por muito tempo ao olhar, de ganhar alguma significação. São planos concebidos por Terrence Malick e fotografados por Emmanuel Lubezki, que também trabalhou em O Novo Mundo, logo são planos fantásticos, e a impossibilidade de observar qualquer deles por muito tempo reforça uma impressão de beleza fugidia, quase incapturável, da vida. Nas cenas com o protagonista adulto a montagem segue a mesma lógica, porém com um resultado consideravelmente inferior, tanto por faltar aos planos a inspiração encontrada nas demais cenas (com exceção da já muito elogiada imagem da revoada de pássaros), quanto por tudo no protagonista sugerir cansaço e tédio, em oposição às experiências intensas e intraduzíveis da infância. As vozes em off costumeiras nos filmes de Malick interrogam, refletem, tentam encontrar nas imagens os indícios de algo que possa então ser compreendido, mas o sentido procurado pelo diretor não chega, nem mesmo após uma nova viagem cósmica, dessa vez até o fim da vida na Terra, depois de o sol virar uma gigante vermelha etc. Ou seria melhor dizer: um sentido externo não chega. Porque Malick não é ingênuo, lógico, e desde as primeiras falas do filme já deixa claro que a resposta que procurará dar é baseada num sentido que se constrói internamente, através da maneira de estar no mundo, que pode ser segundo a graça ou a natureza, ou, mais provavelmente, em algum lugar do espectro entre as duas possibilidades. Toda a jornada da criação ao fim da vida é a jornada dos personagens em direção a uma tomada de consciência em relação a isso. Até mesmo a Sra. O’Brien precisa passar por ela e entender as implicações concretas de seus discursos para os filhos e aceitar a morte de um deles. A ideia do amor ao próximo como forma de modelar a existência e dar-lhe um certo significado não é nova no cinema do diretor, embora nunca tenha sido colocada de modo tão frontal quanto aqui. É exatamente onde "A Árvore da Vida" naufraga. Depois de quase duas horas de um cinema absurdamente potente, que se meteu até mesmo a recriar o Big Bang e desincumbiu-se dessa com um êxito notável, é absolutamente frustrante que Malick dramatize o ponto final da jornada dos personagens recorrendo a um repertório de imagens já repetidas à exaustão em especiais de natal na TV e campanhas publicitárias, e a essa altura esvaziadas de qualquer significado ou força expressiva. É desapontador pular das imagens singulares que Malick nos dá nos dois primeiros trechos do filme para aquela praia iluminadíssima cheia de gente sorrindo e se abraçando, que poderia ter saído do especial de natal da Globo ou, pior ainda, do horário eleitoral. Isso tudo é especialmente decepcionante porque a discrepância entre o que se vê no final e o que se viu antes é tão gritante que não há como não imaginar que Malick simplesmente colocou menos esforço do que deveria justamente na concepção visual da conclusão do filme. É claro que é possível, até provável, que no fim das contas a experiência seja realmente inexpressável. O problema é que A Árvore da Vida passa perto demais de conseguir algo muito grande, e o modo como afunda não chega a ter nem mesmo a beleza do fracasso que teria se tivesse se mantido perto de atravessar uma linha desconhecida até o último instante. O desabamento do filme começa minutos suficientes antes do fim para causar um mal-estar. Mesmo com o brilhantismo de parte considerável do material, o gosto amargo que fica é forte." (Robson Galluci)



2011 Palma de Cannes

27. The Stepford Wives (2004)

PG-13 | 93 min | Comedy, Horror, Sci-Fi

42 Metascore

The secret to a Stepford wife lies behind the doors of the Men's Association.

Director: Frank Oz | Stars: Nicole Kidman, Bette Midler, Matthew Broderick, Glenn Close

Votes: 69,741 | Gross: $59.48M

Um desrespeito grave com a inteligência do público.

"Não se enganem pelo cartaz. Ou melhor, não se enganem pelos nomes de Nicole Kidman, Matthew Broderick ou qualquer outro famoso que esteja nele também. O filme é uma tragédia. Pegaram o livro de Ira Levin e destruíram tudo. Se vocês não sabem, ele é o responsável pela obra-prima O Bebê de Rosemary, que Polanski levou aos cinemas de maneira brilhante. Só que Frank Oz não só alterou o sentido da obra como também fez de tudo para deixar o filme mais comercial e de um modo que agradasse o maior número de pessoas possível. O resultado saiu pela culatra e, além do filme ficar sem graça, mesmo se intitulando uma comédia, ele é dono de um dos maiores furos já vistos em toda a história do cinema em sua conclusão. Joanna Eberhard (Nicole Kidman) é uma publicitária de sucesso no mundo dos realities shows, que levou a empresa onde trabalha à liderança de audiência por vários anos seguidos. Ao anunciar seu novo programa, no qual um casal iria para uma ilha e passariam um tempo separados, acompanhados dos mais belos representantes do sexo oposto, algo inesperado aconteceu: o marido, o qual havia sido fiel à sua mulher e duramente deixado de lado pela mesma, aparece para estragar a festa. Preocupada com o pagamento das indenizações dos envolvidos, a chefona da empresa Helen Devlin (Mary Beth Peil, a vovó de Dawson's Creek) demite "delicadamente" Joanna. Percebendo que Joanna meio que entrou em estado de choque, seu marido Walter (Matthew Broderick) decide pedir demissão da vice-presidência da empresa e se mudar para o condomínio perfeito conhecido como Stepford. O lugar é um encanto: casas gigantes, paredes brancas e de gramados verdinhos. Tranqüilo e sem perigo algum, é o lugar perfeito para eles recomeçarem a vida – e também o casamento em crise. Tudo ia bem até que depois de várias tentativas de ser como as demais mulheres da vizinhança, Joanna começa a desconfiar que há algo de errado no comportamento das pessoas dali, já que as mulheres parecem não ter vida própria, desejando apenas agradar a seus maridos, e estes com o estranho costume de se trancar em um casarão todos os dias ao melhor estilo Clube do Bolinha. Joanna então inicia uma investigação junto com as duas únicas pessoas que pareciam normais por ali: Bobbie Markowitz (Bette Midler), uma escritora relaxada e que vai contra tudo o que se vê em Stepford, e Roger Bannister (Roger Bart), um homossexual famoso em busca de seu espaço. Só que o filme não passa de um grande lenga-lenga que não faz rir. Ou melhor, até faz, mas muito pouco mesmo e com piadas que passam longe de Nicole ou Matthew. Ela parece estar no piloto automático, com uma atuação sem graça e muito funcional para Joanna, o que acabou afastando o público da personagem principal, bem longe de atuações esplendorosas como em Dogville ou Os Outros. Não espere também vê-la do jeito maravilhoso como ela está no cartaz, pois se aproveitaram de uns quinze minutos finais para vender a imagem de Nicole, já que ela está sempre feia, de cabelo curto e maquiagem do dia-a-dia, ao contrário da grande loira dos olhos azuis e bochechas rosadas que nos chama para o cinema. Nem Matthew se salva, ficando longe de outras interpretações cômicas como ele protagonizou no imortal Curtindo a Vida Adoidado, tornando-se um mero coadjuvante de Nicole, exatamente como seu personagem é em relação à esposa no filme. Se os atores principais não dão conta, parte da culpa é do roteiro, pois ele nos apresenta situações leves e de sorrisos discretos. Não é uma comédia que lhe fará rolar de rir, o que é muito ruim, já que a conclusão é extremamente decepcionante, diferente do livro e que gerou um catastrófico buraco na história, que não fizeram nem questão de ligar melhor os acontecimentos (leia abaixo o furo e entenda o que quero dizer, caso você já tenha visto o filme ou não se importe de descobrir a “grande” reviravolta final). Até que a música, a fotografia e os componentes de quadro são bem bonitos e simpáticos, com bastante cores, sempre bem contrastadas, dando um ar de Tim Burton ao filme (que inclusive esteve cotado para dirigir o filme, mas preferiu ficar de fora). Como dito antes, os coadjuvantes comandam os poucos momentos divertidos que há no filme. Bette Midler, que já havia feito comédia antes em Do Que as Mulheres Gostam?, possui as melhores passagens, pois ela é justamente a personagem que questiona tudo ao seu redor. Roger Bart também não faz vergonha e provoca alguns risos com a interpretação de seu homossexual, que parece se encaixar perfeitamente naquele mundo afrescurado de Stepford. Faith Hill, a mesma que canta a canção tema de Pearl Harbor, faz ponta como uma das esposas perfeitas do local, justamente a que dá início à desconfiança toda de Joanna. Christopher Walken e Glenn Close estão pouco inspirados, infelizmente prejudicados por seus personagens terem sido suavizados, perdendo justamente o brilho que eles tinham se o filme fosse levado para um lado mais sombrio. Na verdade, até que, se não fosse o grande final, Mulheres Perfeitas seria apenas um filme ruim, e não essa tragédia. O filme é levado de maneira bem leve e nunca fica interessante, mas pelo menos não torcemos para que ele acabe logo, já que é bem curtinho. Mas acredite em mim, o final pôs tudo a perder quando tentou melhorar, já que ele foi regravado depois da péssima recepção do público em exibições testes, inclusive fazendo com que Nicole Kidman abandonasse provisoriamente as filmagens de The Interpreter para este compromisso. Com essa onda de remakes, bem que poderíamos ter ficado apenas com As Esposas de Stepford, de 1975, mas a sede de faturar em cima de uma comédia leve acabou nos trazendo essa obra-prima de 2004. O grande furo – não leia os dois parágrafos seguintes caso não queira ter informações sobre o final do filme revelados. Como você leu mais acima, os produtores regravaram o final para tentar agradar melhor o público, mas acabaram fazendo uma grande besteira. Ao tentar deixá-lo mais feliz, trocaram as mulheres que eram substituídas por robôs por apenas quatro chips implantados em suas cabeças. Porém, o que eles esqueceram, é que durante o filme algumas esposas colocam dinheiro pela boca, colocam a mão no fogo e não se queimam ou ainda começam a soltar faíscas em curto-circuitos. Como explicar que apenas esses quatro chips poderiam alterar o interior físico das mulheres? Claro que foi uma escolha para deixar tudo mais fácil, de modo que elas pudessem voltar ao normal no final. E o sistema de segurança então? Que sistema é esse que consegue controlar o cérebro de uma pessoa mas não tem sequer uma senha para protegê-lo, onde basta um louco sair apertando os botões dos painéis seguidamente para desarmar tudo? Se você ainda duvida do furo, como explicar o corpo robotizado que estava entre Nicole Kidman e Matthew quando ela tentava convencê-lo a não fazer a transformação? Este seria o corpo que iria substituir o corpo de Nicole após a transformação. Os motivos que fazem o filme andar também são contraditórios: se Matthew está infeliz perante sua inferioridade quanto a Joanna, por que ele largou a vice-presidência no início do filme? São tantos absurdos que, se ao menos o roteiro tivesse sido revisado, o filme não teria se tornado inesquecível. Só que nem sempre isso é uma virtude." (Rodrigo Cunha)

"Se você acha que “Mulheres Perfeitas” é só mais um filme com a Nicole Kidman, se ao ouvir o título original, The Stepford Wives, você responda é a sua!, e se você ainda não viu o negócio, não leia este texto. Porque eu tenho que contar algumas coisinhas. Você foi avisado. mAssim, a história de Stepford Wives ficou tão famosa nos EUA que o termo em si virou sinônimo de esposas super maquiadas que só vivem pros seus maridos. Sabe, as nossas mulheres de Atenas. O livro do Ira Levin é de 72, e é gostosinho de ler, mas sinto que tava datado já naqueles tempos . Toda a trama parece ser uma mistura inferior de Invasores de Corpos com “O Bebê de Rosemary”. É um suspense sobre uma cidadezinha onde uma associação de homens faz com que todas as mulheres sejam substituídas por robôs peitudos que adoram cuidar da casa e que jamais vão alegar que estão com dor de cabeça quando o maridão estiver a fim. Ou seja, a idéia original é uma afronta aos machos, né? Tá insinuando que eles prefeririam ter um robô gostosão que uma mulher de verdade. O livro tá fora de época porque nenhuma moça trabalha. As mais independentes, pré-robotização, só têm hobbies. Mas “Stepford” mantém o clima de suspense e tem toquezinhos legais, como mostrar um desenhista, uhm, desenhando (é o que eles fazem melhor) as vítimas. Aí, em 75, adaptaram o livro pra um suspense bem-sucedido com a Katherine Ross no papel central. Eu só vi o filme uma vez e faz muito tempo, não lembro de quase nada, só que ele era bonitinho. Assustava, cumpria seu objetivo. E agora decidiram refilmar tudo, e virou “Mulheres Perfeitas”. Hoje as mulheres trabalham, não necessariamente porque querem, mas porque precisam. Então, como fazer de “MP” algo atual? Bom, a solução foi fazer com que ninguém trabalhasse, nem homens nem mulheres. E transformaram o suspense numa comédia. O problema é que não é muito engraçada. E o pior é que o roteiro é do Paul Rudnick, que não é ninguém mais ninguém menos que a Libby Gelman-Waxner, minha crítica favorita. Ele já tinha feito “Será que Ele é?” com o Frank Oz, que também dirigiu “MP”. Só que, pro filme funcionar, teria que ser bem mais corrosivo e histérico. Na verdade, todas as atrizes de Hollywood parecem Stepford Wives, pelo menos na aparência – todas loiras, magérrimas mas com peito, pele perfeita, sempre penteadas. A Nicole Kidman, que faz aqui a protagonista, é igualzinha a uma até antes de ser substituída. Ela não tá bem no papel não. Claro que o Matthew Broderick, que faz o marido dela, tá pior. Nunca vi o Matthew tão perdido num filme. O Christopher Walken tá desperdiçado, a Bette Midler também, e só quem se salva um pouquinho é a Glenn Close. Viu que elenco fantástico? Tudo isso pra produzir algo tão meia-boca. Mas tudo que é ruim pode piorar. O final, por exemplo, ou eu deveria dizer, os finais. Há vários. Afinal, as mulheres de Stepford são robôs ou têm um micro-chip implantado no cérebro que as faça agir de forma tão passiva? O filme não se decide. Dá a impressão que “MP” foi lançado de qualquer jeito, sem se definir. Mas agora, pensando melhor, acho que o troço todo foi feito pro público gay americano. Tem a Bette Midler, diva deles, tem um casal gay, tem um visual caprichado... Talvez eles gostem. Se você não é gay (tudo bem ser gay) nem americano (Deus te livre!), provavelmente não vai gostar do filme. Ah, e desculpe a total falta de inspiração, hoje não tava a fim de escrever." (Lola Aronovich)

Top 100#05 Cineplayers (Bottom Editores)

28. This Girl's Life (2003)

R | 104 min | Drama

63 Metascore

A "slice of life" take on the life of international porn celebrity, Moon, and her musings on modern life, love, and loss.

Director: Ash Baron-Cohen | Stars: Juliette Marquis, James Woods, Kip Pardue, Tomas Arana

Votes: 3,013

MAIORES DE 18

Talvez a honestidade de um filme pornô esteja em assumir exatamente o que é; charlatanice é fazer um filme pornô que quer se passar por um drama com conteúdo, com uma suposta linguagem de reality show. PS: o que dizer de James Woods numa hora dessas?" (Juliano Mion)

29. Balthazar (1966)

Not Rated | 95 min | Drama

98 Metascore

The story of a mistreated donkey and the people around him. A study on saintliness and a sister piece to Bresson's Mouchette.

Director: Robert Bresson | Stars: Anne Wiazemsky, Walter Green, François Lafarge, Jean-Claude Guilbert

Votes: 22,787 | Gross: $0.04M

"Balthazar é um burro de carga em tempos de automóvel. Pertencente a uma família que vive numa pequena casa de campo, trabalhando a serviço de outra, ele acompanha a saga e a sina daqueles humanos à sua volta, na vã esperança de que lhe dispensem mais do que árduos serviços escravos. No seu relacionamento cativo com Marie, com quem cresceu, Balthazar vê a sombra do que poderia ser uma existência mais recompensadora. Mas Marie moça crescida, precisa perseguir um futuro qualquer, um amor qualquer, que a torne de alguma forma distinta, de alguma forma mulher, distante das aspirações paternas. Ela não pode mais amar Balthazar. Ela, a única que compreendia sua existência animal com mais ternura do que simples consideração, que via nele um ser com vida própria, para além dos serviços executados para os homens, ela é levada do cotidiano do burro, pela vida. E é com profundos olhares de melancolia que ele nos diz tudo isso. A vida passa e nada pode segurar os homens. Eles vêm e vão. Mas através isso tudo e através suas dores e sofrimentos, será que eles prestam atenção em si mesmos? Será que eles lembram de tomar conta de si?" As tão alardeadas predestinação e transcendência bressonianas, parecem algo na verdade muito mais indefinível. Algo que escapa entre os cortes de seus filmes, não apenas nas elipses, mas no que faz de um filme um filme para além de planos significantes, como acontece em Manoel de Oliveira e Clint Eastwood. Há uma certa pulsão, um certo sentido, que foge à análise fílmica, que se faz presente apenas no momento da projeção, quando somos capazes de perceber estes intervalos invisíveis entre planos. Bresson é econômico nos meios e embora tudo pareça seco – lentes 50mm, fotografia sem grandes contrastes, interpretação inexpressiva – há uma emoção que parte da observação da vida em curso. Marie era uma criança alegre, que fez juras de amor com Jacques, o filho do proprietário da fazenda; que, responsável pela adoção de Balthazar, o batizou e dispensou a ele ao longo da vida, grande carinho e cuidadosa atenção. Dedicada a ele, respeitosa do seu amor por ela, Marie, no entanto, acaba abandonando Balthazar. Precisamente no momento em que chora no banco do carro, ao ser assediada por Gérard logo após interferir nos mal-tratos deste ao burro. Os acordes da trilha sonora anunciam em seguida, quando Gérard persegue Marie em volta de Balthazar, que algo trágico está em curso – e que não há nada a fazer. Balthazar sabe que ela é humana e que deve perseguir seu caminho. Sabe que na sua existência animal é inoperante. A observação do curso da vida que empreende Bresson neste filme vem pelos olhos de Balthazar, no seu percurso de dono em dono, de mal-tratos a mal-tratos. Os closes nos olhos do animal fazem dele espectador privilegiado e personagem central, que parece entender de "destino" mais e melhor que qualquer humano. Parece conhecer mais de perto o andar da vida, suas dobras, envergaduras e ironias. Quando da sua chegada ao circo, ao passar entre as celas dos outros animais, comunica-se com eles em seu silêncio, reconhecendo que tudo os ultrapassa e que seu destino, provavelmente triste, não pertence a eles. Mas os destinos dos homens, estes também não parecem pertencer aos donos. No entanto, mais do que a anunciada crença de Bresson na predestinação, tal dado parece dizer mais respeito àquilo que escapa no filme. Em seus recortes privilegiados, Bresson denota muito mais do que se passa enquanto ação no interior ou no exterior do plano. Os seus "modelos" (termo cunhado por ele para definir seus atores), com gestos frios de pouco empenho e falas enunciadas quase sem emoção, cumprem suas ações para transmitir os acontecimentos deste mundo filmado. Mas algo mais acontece. Porque o caráter de observação construído por Bresson – dentro do filme e no seu processo constitutivo – nos apresenta uma realidade que aparenta não depender das escolhas de seus agentes, como se eles fossem atirados a isso por tudo o que os cerca e pelo andamento do mundo. Trata-se, pois, muito mais de uma visão trágica do que de predestinação. A vida anda como anda e cabe aos seres andarem com ela. Desta forma, Au hasard Balthazar é um filme privilegiado na carreira de Bresson. O olhar de Bathazar que pauta todo o filme dá a exata dimensão da observação do mundo. Porque os animais sabem melhor do que ninguém do caminhar dos dias, da vida e da morte. Reagem como podem, momento a momento, a suas alegrias e infortúnios. A maneira distanciada com que percebemos os personagens bressonianos é, portanto, perfeitamente identificável com a vivência impassível dos animais, em pacto secreto com a natureza, mas livres de qualquer ação empreendedora. Que venha o que vier. Marie fez juras de amor infantil a Jacques, mas quando este volta para lhe dizer que veio buscá-la, que ainda a ama como antes, ela diz que precisou muito de alguém como ele, honesto, que a levasse, que disesse não tenha medo, não é culpa sua, mas que não tem mais ternura no coração, que tudo agora não passa de palavras que não a tocam mais. As promessas infantis que fizemos eram num mundo imaginário, a realidade é outra coisa. A realidade, o mundo à sua volta a havia corrompido. Os sofrimentos a ela impingidos, o curso dos eventos de sua vida, destruíram sua sensibilidade. Balthazar, no seu coração mudo, acompanhou tudo. Mediu com exatidão cada passo de destruição dado à sua volta. Na sua distância impotente, nos sofrimentos que ele próprio enfrentou, tudo o que pôde foi chorar. Um choro agonizado, como se expurgasse suas dores e dos homens à sua volta. Entregue aos acontecimentos que o ultrapassam, ele morre tranqüilamente, compreendendo o fim como ninguém poderia. Ele, que viveu distinto entre os homens, morre nas planícies, anônimo entre animais, entregue à natureza, que rege as vidas de todos, a dona de seu nascimento e que agora o acolhe. E a mãe de Marie o reconhece tardiamente como um santo. Compreender profundamente os desígnios da vida, na tragicidade de suas alegrias e tristezas, nos sentidos ocultos que reverberam por todos os cantos, em todos os encontros, em todos os imprevistos acontecimentos, eis a santidade de Bresson." (Tatiana Monassa)

"No trabalho do cineasta francês Robert Bresson, falecido em 1999, não havia espaço para atores profissionais. Conhecido pelo rigor formal absoluto e pela obsessão em construir narrativas cada vez mais despidas de emoções, Bresson preferia empregar atores não-profissionais, pois achava ser mais fácil obter deles desempenhos neutros, sem expressões faciais. Por isso, “A Grande Testemunha” (Au Hasard Balthazar, França/Suécia, 1966) costuma ser considerado o filme mais bressoniano de Robert Bresson, já que o protagonista é um animal, e não um ser humano. Ao decidir narrar a história da vida de um burro, do nascimento até a morte, o cineasta francês foi duplamente coerente com os princípios que regem seu trabalho. Primeiro porque, como é óbvio, um animal é o ator perfeito para um diretor como Bresson. Um jumento não tem expressão facial, e qualquer sentimento que porventura pareça sentir aparece apenas na cabeça do espectador, previamente treinado – pelos filmes ditos “normais”, que usam a gramática regular do cinema – para sentir aquilo que o personagem principal sente. Além disso, a história tem ecos bíblicos. Balthazar, nome que o burrinho de focinho branco ganha ao nascer, é um nome oriundo da Bíblia (um dos três reis magos que visitou Jesus na manjedoura tinha esse nome). A trajetória do animal, que muda de dono diversas vezes e é freqüentemente maltratado por eles, é uma paixão semelhante à vivida por Cristo. Trata-se de uma história de aceitação e disciplina, bem ao gosto de Bresson. Finalmente, o cineasta tomou o cuidado de incluir, logo nos primeiros momentos de projeção, uma cena curta que mostra Balthazar sendo batizado, segundo os preceitos cristãos, por três crianças. Bresson era um autor católico que seguia uma doutrina radical, parecida com o budismo. O jansenismo prega a disciplina rígida de corpo e mente para atingir a transcendência. O estilo seco, gélido, distante de Bresson, completamente oposto ao melodrama tradicional, tenta transportar para o cinema a teologia desta doutrina. Pode parecer esquisito, mas o resultado obtido pelo diretor é freqüentemente perturbador. Os filmes de Bresson são a epítome da objetividade. Foram feitos para que o espectador não sinta nada, apenas interprete objetivamente as ações e reflita sobre elas. Filmes assim exigem uma reeducação do olhar. Não têm nada a ver com Hollywood. “A Grande Testemunha” é, em última instância, o maior triunfo de Bresson, pois é capaz de fazer a platéia se comover, sentir pena, fúria e compaixão, apenas através do uso da técnica, sem que seja preciso utilizar um pingo sequer de melodrama. Trata-se, enfim, de um filme belissimamente realizado, cujo paralelo que Bresson consegue traçar entre o burrinho e sua primeira dona, Marie (Anne Wiazemsky), uma jovem apaixonada por um rapaz malvado que judia tanto dela quanto de Balthazar, é cinematograficamente impecável." (Rodrigo Carreiro)

"A Grande Testemunha", vulgo Au Hasard Balthasar, não é propriamente um filme popular. É desses que passavam no cinema com 12 ou 15 pessoas na sala. Encher a sala não é o que devia esperar Robert Bresson quando resolveu filmar a história de um burro, suas andanças de cá para lá, de dono em dono. Mas Bresson sempre foi um cineasta a quem o sucesso não é um critério que se apresente. A ele o que importa é o rigor da observação e a inexistência de concessões. É um jansenista, como se diz. Um radical do cinema. Para os cinéfilos radicais, vale a pena gravar o filme (que a emissora promete legendado) ou mesmo ficar acordado e boquiaberto. Para os demais, "A Grande Testemunha" tem tudo para resolver possíveis casos de insônia." (* Inácio Araujo *)

"Balthazar & Eu Bressoniano, só que aqui o homem não presta, mais próximo do que é a realidade." (Alexandre Koball)

1967 Lion Veneza

30. Terror in a Texas Town (1958)

Not Rated | 80 min | Western

A Swedish whaler is out for revenge when he finds out that a greedy oil man murdered his father for their land.

Director: Joseph H. Lewis | Stars: Sterling Hayden, Sebastian Cabot, Carol Kelly, Eugene Mazzola

Votes: 2,410

REINADO DO TERROR

''Reinado do Terror": eis um filme arrancado ao nada, ou ao quase nada. Estamos numa cidade como muitas do Velho Oeste, em que os poderosos roubam as terras dos pequenos proprietários. Há um pistoleiro contratado para isso etc. Chega ali, no entanto, alguém disposto a enfrentar os bandidos: um arpoador sueco (ou dinamarquês, enfim, nórdico), na pessoa de Sterling Hayden. Ele tem caráter, é verdade, coragem também. Mas como homem do mar, um estrangeiro, poderia enfrentar um pistoleiro? Bem, desse nada, com uma produção que é menos ainda, Joseph H. Lewis se arranjará para criar um dos duelos mais inesquecíveis de toda a história do cinema. É ver para crer." (* Inácio Araujo *)

"Reinado de Terror" é possivelmente uma das produções mais miseráveis do cinema. É também uma das mais originais, e quem não a olhar com preconceito descobrirá ali encantos que raras superproduções oferecem. Para começar, o herói da história, Sterling Hayden, é um pescador sueco que desembarca no Velho Oeste -fato capaz de, por si só, jogar por terra as convenções do gênero. A partir daí, Joseph H. Lewis mostra à saciedade porque é um rei do filme B e trava um formidável combate com o código. Com o mesmo brio, faz do deserto de um saloon (para não pagar figurantes, por certo) um fator estético relevante. Tudo isso é bom. Mas o duelo final, este sim, é dessas coisas que a gente não esquece nunca." (** Inácio Araujo **)

Para mim, é essencial me servir sempre de elementos ligados aos personagens ou aos lugares, e sinto que negligencio alguma coisa quando não os utilizo.

''O Inácio Araújo resumiu bem o ''Reinado de Terror'' em seu pequeno espaço diário na Ilustrada da Folha de S.Paulo que faz a cobertura da programação televisiva: eis um filme arrancado ao nada, ou ao quase nada. Não fosse pelo duelo do sueco (Sterling Hayden) - empunhando um arpão de baleia - com o pistoleiro de plantão (Nedrick Young) esse western impressionista de Joseph H. Lewis não seria assim tão lembrado. Lewis levou a ferro e fogo o comentário de Alfred Hitchcock que abre o post, cujo registro só veio anos depois na famosa entrevista concedida a François Truffaut, e serviu seu personagem, mesmo totalmente fora do contexto do oeste americano, da única arma que fizera uso enquanto velejava pelo mundo à caça de baleias: um arpão. Afinal, cabe a pergunta: que manejo faria um marinheiro de uma pistola de fogo? Por seu caráter pra lá de inusitado e insólito, o duelo final tornou-se antológico – a força das imagens é tão grande que Lewis também começa o filme com elas (sem comprometer o impacto do desfecho). Como de praxe na época, o cinema norte americano vivia sob a sombra do Macarthismo, de forma que o assunto só podia ser sugerido; não havia a menor possibilidade de abordá-lo de maneira direta. É por essas e por outras que o medo dominava as tramas e sempre um insurgente, na figura do mocinho, incumbia-se de quebrar o silêncio imperioso. Roteiristas e diretores encontraram no gênero western um terreno fértil para que essa “paranoia” fosse abordada de forma subliminar. O próprio ator Nedrick Young, bem como o roteirista Ben Perry (pseudônimo de Dalton Trumbo), tiveram seus nomes estampados na famosa lista negra. A presença da delação e do clima de intimidação na narrativa é decorrente da experiência negativa associada ao período, reforçada, sobretudo, por aqueles que sofreram perseguição. Enquanto acreditava-se que a ameaça vinha de fora – no caso, o Comunismo Soviético -, quem pagava o preço eram os próprios cidadãos norte-americanos. Essa “aversão estrangeira” está bem representada no filme pelas figuras do sueco e do rancheiro mexicano (Victor Millan) – os únicos de fato a sofrerem represália. O filme passou na última segunda feira no Telecine Cult e passou a integrar a grade de programação do canal. Pra minha surpresa, a exibição foi no formato original. As próximas duas segundas feiras prometem: Jardim do Pecado (1954), de Henry Hathaway, Convite a um Pistoleiro (1964), de Richard Wilson,. Ainda não os vi, mas certamente irei conferi-los." (Ricardo Duarte)

31. W.E. (2011)

R | 119 min | Drama, History, Romance

37 Metascore

The affair between King Edward VIII and American divorcée Wallis Simpson, and a contemporary romance between a married woman and a Russian security guard.

Director: Madonna | Stars: Abbie Cornish, James D'Arcy, Andrea Riseborough, Oscar Isaac

Votes: 13,616 | Gross: $0.58M

"A parte histórica é infinitamente mais interessante do que a do período presente, descabida dentro do contexto e responsável por tornar o filme maçante." (Emilio Franco Jr)

"Figurino poderoso cobre os buracos da direção de Madonna em filme sobre romance polêmico da realeza britânica. Se há uma coisa que não falta a Madonna é coragem. Não só como cantora, mas também na sua vontade sem fim de cultivar uma carreira cinematográfica. Ela, que é cheia de papéis canastrões (ainda que divertidos) no cinema, se esforça agora para emplacar como diretora. ''W.E. - O Romance do Século'' é sua segunda tentativa, depois de Sujos e Sábios (2008). Projeto ambicioso que ficou no forno por dois anos, o filme conta a história do controverso romance de Wallis Simpson, "plebeia" dos EUA, com o rei Edward VIII na década de 1930 - que o levou a abdicar do trono inglês para manter o caso, acabando os dois exilados em Paris, como duque e duquesa de Windsor, sob suspeitas de simpatia ao regime nazista. O assunto é poderoso, importante para a história inglesa e conversa com filmes como O Discurso do Rei (2010). Mais do que Edward (aqui vivido por James d'Arcy), o foco é em Wallis (Andrea Riseborough): divorciada, amante de um nobre, responsável por mudar radicalmente a história da monarquia britânica. Uma das mulheres chave na história feminina contemporânea que, como Madonna quer provar, nunca ganhou a voz que merecia para contar o seu lado. Madonna reúne vários elementos pelos quais é aficcionada: mulheres poderosas, romances polêmicos, amor incondicional, o poder da mídia (que perseguia o casal, nos primórdios dos tabloides britânicos, movimento que culminaria na morte de Lady Di nos anos 1990). Mas mostra que, como diretora, ainda é uma ótima Rainha do Pop. Não que W.E. seja uma bomba, mas é um filme-exercício, esforçado, vindo de alguém que está tentando se provar (e que já fez coisas como Destino Insólito e Corpo em Evidência). A pior parte de W.E. é não ser uma biografia per se. Porque não é um filme só sobre o casal Wallis-Edward: o roteiro atravessa o tempo até os anos 1990 para contar a história de Wally Wihtrop (Abbie Cornish), novaiorquina metida em um casamento falido, obcecada com a história do casal da realeza, que acaba envolvendo-se com um segurança russo (outra fixação de Madonna: trabalhadores do terceiro mundo). O vai-e-vem entre épocas, além de pouco original - e, aqui, confuso -, é um recurso que só enfraquece o filme. Enquanto Wallis é personagem poderosa por si só, Wally não se desenvolve ao ponto de ganhar a identificação do público - e toda a teoria do romance contemporâneo montado em paralelo à história principal vai por água abaixo. Mas Madonna, além de corajosa, tem suas espertezas. E sabe se cercar das pessoas certas no que faz. Assim como nos seus álbuns, a tática funciona na tela para cobrir os buracos da sua condução amadora. Da trilha sonora (criada pelo novo talento Abel Korzeniowksi), passando pelos atores (notadamente Andrea Riseborough, que sofre no papel de Walis), até desembocar no figurino de Arianne Phillips, merecidamente indicado ao Oscar. Respeitada na área, Arianne cuida do figurino da cantora, já foi indicada por Johnny e June, e fez um belíssimo trabalho em Direito de Amar. Ela tem uma obsessão por detalhes que faz seu trabalho ser o ponto alto do filme. Arianne deu sorte de trabalhar com uma personagem tão interessante como Wallis, que tinha um bom gosto notório por roupas e joias, além de um senso estético marcante. Era cliente dos famosos estilistas da época e um dos seus grandes bordões era algo como eu não sou bonita, não tenho o que prenda a atenção, o mínimo que posso fazer é me vestir melhor do que todo mundo. Assim, a figurinista trabalha um aspecto pouco explorado no setor em Hollywood. Trata-se de um filme de época, mas não dedicado aos trajes típicos da realeza (afinal, estamos em 1930 e não no século XIX, sinônimo de bom figurino para Hollywood), naquele ponto exato em que as roupas deixam de ser históricas e começam a entrar para a era contemporânea. Existe aí um trabalho imenso de reconstrução de roupas dos famosos costureiros de então, missão sempre delicada por se tratar de trabalho não tão distante do nosso tempo. De tão competente, Arianne monta um figurino poderoso, que não tenta roubar a cena e ainda dá assunto ao enredo: um dos vestidos usados por Wallis é o bode expiatório na denúncia do seu affair secreto com o futuro ex-rei para a alta sociedade de então. Com tudo isso, dá até para ignorar a incongruência repentina do momento em que Wallis dança Sex Pistols com uma coadjuvante africana surgida do nada. Cena que deve ter feito Sofia Coppola mandar um DVD de Maria Antonieta para Madonna, com um recado bem irônico.'' (Eduardo Viveiros)

Em seu segundo longa, Madonna flerta com o melodrama sentimental numa trama de enredo simplista que explora duas histórias de amor supostamente comoventes e edificantes. A principal delas é o retrato forçosamente simpático de Wallis Simpson (vivida por Andrea Riseborough), mulher que fez o Rei Edward VIII (James D'Arcy) abdicar do trono inglês em 1936. O escandaloso romance do herdeiro do trono com uma mulher casada reflete-se na vivência atual de Wally Winthrop (Abbie Cornish), mulher da alta sociedade nova-iorquina presa a um casamento infeliz. A eterna material girl usa uma série de objetos para estabelecer relação temporal entre as duas personagens: luvas de noite, coqueteleiras, pingentes da Cartier e chapéus de época expostos numa mostra sobre o duque e a duquesa de Windsor. Esquece, no entanto, de aprofundar estes personagens e as relações sociais da época, tornando-os rasos, quase caricaturais. Muita preocupação com o que usavam, pouca com que pensavam. ''W.E. – O Romance do Século'' (o título é formado com as iniciais dos nomes do casal Wallis Simpson e Edward VIII) propõe uma análise do relacionamento do monarca com a plebeia norte-americana pelo ponto de vista dela. Madonna se esforça para mostrar como a sra. Simpson tentou convencer o amante a ficar no trono, mas ele declara que não poder viver senão ao lado de sua paixão. O Edward de Madonna é tão somente um ingênuo romântico que passa tediosos dias encantado com sua amada sacudindo uma coqueteleira. A Wally dos dias atuais é uma sonhadora apaixonada pela história de sua xará do século passado. Sua vida reproduz muito do que aconteceu com a sra. Simpson. Ela vive dificuldades em seu relacionamento, está mergulhada numa profunda depressão e se abre para um novo amor: o segurança russo da galeria onde acontece a exposição sobre o casal real. Tentando uma abordagem original, que inclui o enquadramento de detalhes em portas e corredores sem razão aparente, o filme perde-se no atalho temporal que pretende estabelecer entre as duas mulheres, fazendo uso de links pouco eficientes entre as personagens. Mas não se pode negar que Madonna tem apreço especial com a plástica. W.E. é belo de se ver, tem excelente direção de arte, só que é preenchido com elegantes cenas vazias emocionalmente. Charmoso, mas imaturo, o filme é exageradamente carregado de adereços e maneirismos desnecessários, além de uma trilha sonora gritante e mal aplicada. Sentimentos inerentes ao amor conflituoso, como medo, resignação e solidão são exibidos em sua forma mais ingênua, o que denota a fraqueza do roteiro e a pouca habilidade da diretora em alcançar seus propósitos. Um passo maior que a perna para Madonna." (Roberto Guerra)

"Dizem que Madonna é muito inteligente, tem QI altíssimo e tal. Talvez ela tenha percebido que o nível hollywoodiano anda muito baixo e tenha aproveitado para testar suas duvidosas capacidades cinematográficas. mas, bem que podia ter desistido, suspeitando que essa experiência lhe traria constrangimento. "W.E. _ O Romance do Século" narra momentos específicos de dois romances. Um ocorreu nos anos 1930, entre o príncipe de Gales e uma plebleia americana casada - ambos se tornariam depois duque e duquesa de Wndsor, num casamento amaldiçoado pelo adultério e pela ausência de nobreza da americana. O outro romance é o atual, entre uma jovem desiludida e um médico asqueroso, de tão egoísta. A cena inicial mostra um marido espancando uma mulher em 1924 - cena que terá reverberação mais adiante no filme. Em pauta, os maus-tratos e a condição subalterna da mulher através do tempos, e não teria como ser diferente em se tratando de uma obra assinada por madonna. Só que boas intenções nunca são o suficiente para fazer um filme. (Sergio Alpendre)

84*2012 Oscar / 69*2012 Globo

32. Arena (2011 Video)

R | 94 min | Action, Thriller

David Lord finds himself forced into the savage world of a modern gladiatorial arena, where men fight to the death for the entertainment of the online masses.

Director: Jonah Loop | Stars: Samuel L. Jackson, Kellan Lutz, Johnny Messner, Katia Winter

Votes: 12,414

33. [Rec]² (2009)

R | 85 min | Horror, Thriller

52 Metascore

In order to ascertain the current situation inside, a supposed medical officer and a GEO team step into the quarantined and ill-fated apartment building.

Directors: Jaume Balagueró, Paco Plaza | Stars: Jonathan D. Mellor, Manuela Velasco, Óscar Zafra, Ariel Casas

Votes: 78,450 | Gross: $0.03M

"Absolutamente inútil, sente-se que o roteiro é costurado para tentar criar um longa-metragem (tamanha a "enrolação"), mas continua tenso (porém, bem menos)." (Alexandre Koball)

"Um verdadeiro desastre, que joga por terra tudo o que tinha dado certo no filme original. Os personagens são idiotas, a explicação é desnecessária, os policiais são incompetentes e nada faz sentido. Até mesmo a tensão é quase inexistente." (Silvio Pilau)

Sequência de [REC] retoma projeto estético com câmeras subjetivas e mantém a tensão do primeiro filme.

''[REC] 2 – Possuídos'' ([REC] 2, 2009) retoma inteiramente o projeto do primeiro filme: contar a história de um grupo de pessoas presas em um prédio assombrado a partir de uma câmera subjetiva, que filma do ponto de vista das personagens. Um dos maiores méritos do filme é o de apostar no tempo real dos seus acontecimentos e nos efeitos de realismo da gravação. Do primeiro filme para a sequência não se passaram mais do que 15 minutos. O edifício em que fenômenos estranhos se manifestam continua cercado em quarentena: ninguém está autorizado a entrar ou sair. Uma única exceção é dada a um especialista, que será escoltado por uma equipe de quatro policiais da SWAT espanhola. Dentre eles, um dos homens é responsável por registrar toda a missão – os outros três também possuem câmeras integradas aos seus uniformes. A medida que exploram os andares do prédio, a equipe policial descobre que está em uma missão mais macabra do que imaginava: sendo atacados por zumbis de todas as idades, eles se distanciam cada vez mais da possibilidade de cumprir seu objetivo e sair do prédio com vida. Há ainda um inesperado encontro com alguns adolescentes curiosos que entraram sorrateiramente na área em quarentena em busca de boas imagens amadoras. Dessa premissa temos o dispositivo que torna o filme possível: pela câmera-olho dos policiais e dos adolescentes curiosos acompanharemos toda a ação. Em "[REC] 2", o mistério do primeiro filme está explicito desde o título: o problema no prédio em quarentena diz respeito a uma possessão demoníaca. Os diversos zumbis são na verdade pessoas possuídas por um demônio. E a missão do especialista, que não passa de um padre, é encontrar a cura para este fenômeno. Justamente, o excesso de didatismo nas explicações religiosas, que beiram muitas vezes a um cientificismo exagerado, atrapalha em alguns momentos o clima de tensão do filme. Nesse sentido, as explicações lacunares do filme anterior parecem muito mais interessantes. Ainda assim, estamos definitivamente no reino do terror. As imagens não reconhecem limites: de suicídios a execuções sumárias, passando por adolescentes matando pessoas por engano. O horror não apenas pela sugestão, mas pela superexposição da violência. A tensão só aumenta a medida que percebemos o inevitável fracasso da missão. Mais uma vez, um filme que não poupa nenhuma das suas personagens. [REC] faz parte de certa tendência de filmes atuais, como A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999) e Cloverfield - Monstro (Cloverfield, 2008), que apostam em um dispositivo paradoxal: o de filmar um tema fantástico com uma câmera subjetiva, quase testemunhal, que provoca um grande efeito de realismo. Nesse filme, as câmeras se multiplicaram e diversificaram: para além do registro jornalístico do primeiro filme, agora estamos diante de uma necessidade de documentação quase cientifica da missão e do registro amador. O efeito de realismo é aumentado pela questão temporal. Talvez o ponto alto e que justifica a multiplicação das câmeras. Estamos no limiar do tempo real. A distância temporal de um filme para outro é de 15 minutos, o que dá uma sensação de vitalidade a história, como se ela se passasse naquele momento em que assistimos. Efeito ampliado pela subjetividade da câmera: nós, espectadores, saberemos de tudo ao mesmo tempo em que as personagens. As câmeras diversas operam simultaneamente em núcleos diferentes, mas compondo um mosaico com um sentido total. Essas potencialidades dos registros são usadas com bastante inventividade pelo filme. Em vários momentos as câmeras caem no chão e perdem o foco da ação. Não se sabe, por exemplo, qual foi de fato o destino dos adolescentes após serem trancados em um quarto sem a sua câmera em mãos. Esse tipo de truque de roteiro possibilita que os personagens reapareçam inesperadamente na trama. Ao condenar, cedo ou tarde, todos que entram no prédio a uma morte brutal pelos zumbis possuídos ou a possessão é como se o único personagem realmente importante fosse o demônio encarnado. Nesse sentido, o reaparecimento da jornalista exibicionista do primeiro filme coroa o final surpreendente. O filme promete uma continuação. Mas, ao que parece, fora do prédio. Considerando que os melhores momentos não são os de sangue jorrando e sim os de grande tensão dentro do edifício, é de se pensar como isso será resolvido para não diluir a força da câmera na mão e dos olhares subjetivos." (Kenia de Freitas)

"Quando [Rec] chegou nos cinemas em 2007, todos se surpreenderam com a criatividade da proposta oferecida pelos diretores e roteiristas Jaume Balagueró e Paco Plaza. Fazendo a câmera existir na ambientação da trama, o filme explorava o trabalho de uma equipe de TV, que realizava uma matéria simples sobre o dia a dia dos bombeiros. Mas em uma chamada de emergência, tarde da noite, eles se deparam com algo muito estranho: pessoas que pareciam animais raivosos, que atacavam sem a menor explicação. Isolados em um edifício, todos buscavam uma forma de sair com vida, mas sempre registrando tudo que estava acontecendo. Foi um sucesso. Três anos depois, com muio mais dinheiro e mais visibilidade, "[Rec] Possuídos" volta ao mesmo prédio, praticamente momentos depois do término do primeiro filme. Agora quem está filmando é a própria equipe de policia, que leva um cinegrafista para acompanhá-los. O local está em quarentena, ninguém entra e nem sai – apenas eles seriam a exceção, para averiguar o que estava acontecendo de fato. Juntos a eles estava Dr. Owen, principal responsável pela entrada do grupo no prédio. Depois de trombar com os humanos insanos, eles se perguntam por que diabos estavam ali. É aí que Dr. Owen revela que existem muitos outros fatores por trás desta incursão ao lugar inóspito, e que essas pessoas podem estar mais do que infectadas, elas podem estar possuídas, como avisa o título. [Rec] não foi o primeiro filme a explorar este conceito de videomaker no sufoco. Devemos lembrar que muito antes disso "A Bruxa de Blair" já havia enganado muita gente devida sua inusitada câmera de mão. Vamos dizer então que o filme de Balagueró e Plaza levou o conceito para um novo nível, modernizando e deixando tudo muito mais atraente. Mesmo J.J. Abrams, aparentemente inspirado por esta fita, flertou com o formato, produzindo em 2008 seu Cloverfield - Monstro. Mas mesmo com todo o sucesso, o segundo filme da série realmente foi uma decepção, e por dois motivos: primeiramente errou em situações onde havia acertado antes, e depois, não apresentou nada novo. Um dos pontos mais falhos de ''[Rec] Possuídos" é com certeza a construção de cenas. Ao invés de adotar um carácter obrigatoriamente espontâneo, as sequências de tom documental não são bem elaboradas, e assim tudo perde o encanto. Neste segundo filme, os diretores investiram nos sustos e esqueceram a agonia do suspense de suas tomadas. Apesar de alguns momentos horripilantes, a obra não consegue encontrar aquele clima de desespero de seu antecessor. Além disso, a câmera realiza movimentos improváveis. Qual é a reação de uma pessoa que está filmando uma briga? Em 99,9% dos casos ela se afasta para pegar a cena inteira. Já no filme o cinegrafista parece ficar dando pulos de encontro aos possuídos, um vai e vem que faz tudo virar uma anarquia geral, sempre envolta em gritos, grunhidos e rostos demoníacos que aparecem de relance - e lembrando, quem está filmando não é um amador. A falta de criatividade perdura o filme todo, elementos como "a câmera caiu" são repetidos diversas vezes. Outro ponto que também não ajuda em nada são os atores, antipáticos e limitados. Renegados a tentar simular desespero, eles mais parecem estar em uma novela mexicana do que um filme de suspense, sendo a diferença os inúmeros palavrões proferidos. Mesmo a eficiente Manuela Velasco, que estava incrível no primeiro longa como a repórter Ángela Vidal, neste aparece desconfortável com o roteiro precário. No segundo ato temos ainda a aparição de alguns personagens que invadem a área restrita, sendo eles um grupo de adolescentes, um bombeiro e um morador local. O único que possui uma motivação que não beira o ridículo é o morador, que vai atrás de seus familiares, já o bombeiro e os garotos são os famosos bois de piranhas, que estão ali para serviram de aperitivo, nada mais. Com um desfecho fraquíssimo, "[Rec] Possuídos" explica demais e agrada de menos. Interpretações fajutas e reciclagens de cenas, agora mais confusas e mal elaboradas, comprometem toda a história. É curioso analisarmos como duas obras geneticamente parecidas podem ter um resultado final tão diferente." (Ronaldo DArcadia)

''O medo de que continuações estraguem a imagem boa que temos de determinados filmes sempre toma conta quando os produtores anunciam que aquela história pode virar franquia. Felizmente, de uns tempos para cá, a exigência de haja um mínimo de decência nos roteiros dessas continuações têm impedido algumas catástrofes. Depois de ceder os direitos para uma refilmagem infame em Hollywood (denominada Quarentena), os diretores e roteiristas de REC (o original espanhol), Jaume Balagueró e Paco Plaza resolveram tentar fazer desta sequência o mesmo sucesso que fizeram em 2007... e conseguiram. O filme se passa no mesmo prédio em que um vírus havia tomado conta dos moradores e transformado-os em uma espécie de zumbis possuídos pelo demônio. Inicia-se logo depois do término da primeira parte. Um grupo de policiais, acompanhado de um suposto agente do ministério da saúde, entram no prédio lacrado para tentar resolver o mistério que o ronda e retirar de lá possíveis sobreviventes. O tal agente é aquele conhecido perfil de personagem que possui informações privilegiadas e que obviamente não as fornecerá com facilidade, causando revolta naqueles que o acompanham. Um figura batida e de interpretação sofrível, pelo ator Johnattan Mellor. Assim como no primeiro, a equipe técnica transforma-se em personagem, um recurso necessário, já que vários personagens carregam câmeras, na intenção de fazer um registro para posteriores estudos. Esta presença de mais que uma câmera possibilitou uma maior variedade de ângulos e subjetividades, além de proporcionar recursos de montagem do filme, que conferiu maior dinamismo e até mesmo uma não-linearidade advinda do surgimento bem sacado de outros personagens. Mais zumbis e mais ação e sangue do que na primeira vez, REC: Possuídos calca seus argumentos numa trama que envolve satanismo e rituais de exorcismo, que sempre rendem assunto no cinema e que neste caso soaram coerentes, já que este era um assunto que o primeiro já havia iniciado uma abordagem. Não há nesta sequência a mesma angústia gerada pelo primeiro, pelo fato de que neste, o espectador já sabe mais ou menos o que está acontecendo. Mas a tensão - resultado da falta de trilha sonora e da pouca visibilidade, com propositais problemas nas lentes das câmeras ou problemas no som - de que a qualquer momento novos zumbis podem surgir e a curiosidade de saber como a história terminará permanece. Tudo isso poderia ir por água abaixo se o desfecho não fosse bom, mas ele satisfaz e aponta para uma outra sequência, que pode ser muito boa, mas que também pode perder o brilho que a linguagem dos planos subjetivos deu às duas primeiras partes. É esperar para ver. É bem verdade que ''REC: Possuídos'' não possui o mesmo tom de inovação do primeiro, mas continua com a mesma inteligência e suspense de arrepiar." (Fred Burle)

34. The Driller Killer (1979)

Not Rated | 96 min | Drama, Horror, Thriller

66 Metascore

An artist slowly goes insane while struggling to pay his bills, work on his paintings, and care for his two female roommates, which leads him taking to the streets of New York after dark and randomly killing derelicts with a power drill.

Director: Abel Ferrara | Stars: Abel Ferrara, Carolyn Marz, Baybi Day, Harry Schultz

Votes: 8,424

"Um filme cru, real, punk e seminal, que mostra a serviço de que existe o cinema de Abel Ferrara, um dos diretores mais conscientes desses últimos 40 anos." (Dvaid Campos)

"Gore desmiolado disfarçado de crítica social, esta obra mal dirigida por Abel Ferrara (um trabalho semi-amador) ganha força pelo anarquismo e, porque não, pela diversão." (Alexandre Koball)

"Versão punk de Taxi Driver com toques polanskianos, este primeiro filme de Ferrara é um genuíno catalizador das mudanças enfrentadas pela juventude setentista. Visceral, grotesco, barulhento, esquizofrênico e brilhante estudo dos limites humanos." (Daniel Dalpizzolo)

"Um grande retrato sobre as perturbações da juventude, que mergulha de cara na sujeira e ganha realce na direção enérgica e carregada de fúria de Abel Ferrara." (Heitor Romero)

35. Jack and Jill (I) (2011)

PG | 91 min | Comedy

23 Metascore

Family guy, Jack Sadelstein, prepares for the annual event he always dreads--the Thanksgiving visit of his fraternal twin sister, the needy, and passive-aggressive Jill, who then refuses to leave.

Director: Dennis Dugan | Stars: Adam Sandler, Katie Holmes, Al Pacino, Elodie Tougne

Votes: 90,354 | Gross: $74.16M

"Adam Sandler na veia!" (Alexandre Koball)

"Bem ruim, muitas vezes constrangedor (Framboesa merecida, hein Pacino!), mas diverte." (Rodrigo Torres de Souza)

Nem Al Pacino salva.

''Em determinado momento de ''Cada um tem a Gêmea que Merece'' (Jack and Jill), Al Pacino, que vive ele mesmo na comédia, pede enfaticamente a Jack (Adam Sandler) que apague isso, queime, jogue fora e garanta que ninguém nunca veja esse filme. O apelo da ficção deveria ter acontecido na vida real. Não há dinheiro que justifique trabalhar na afronta que é esse novo filme de Sandler - que, em um arroubo eddiemurphiano (na certeza de que o público não se satisfaz mais com apenas um dele em cena), não se contenta em interpretar apenas um papel ruim, mas se traveste em Jill, sua irmã gêmea. Os dois papeis são deploráveis - Jack é grosseiro e egoísta e Jill é verdadeiramente idiota, tornando todo o dilema central (o irmão que não aceita a irmã amorosa) impraticável. Na trama, o diretor de comerciais Jack se vê às voltas com a visita de sua indesejada irmã gêmea, Jill, justamente em um momento desesperado de sua carreira: quando precisa convencer o grande Al Pacino a atuar em um comercial de rede de fast food. A situação se complica quando o icônico ator se engraça com a mocreia. O resultado, que inclui personagens de apoio desagradáveis e estereotipados, é tão deprimente que nem a piada de diarreia, um clássico do humor imbecil, funciona. Precisa ser muito ruim para errar com escatologia - e o diretor Dennis Dugan (Eu os Declaro Marido e... Larry), parceiro habitual de Sandler, consegue fazer até isso, logo depois de ter desperdiçado o único diálogo relativamente interessante do filme. Nele, Pacino, ao telefone durante uma peça, repete uma frase inteira de O Poderoso Chefão - Parte II dentro do contexto de ''Cada um tem a Gêmea que Merece''. Mas antes que eu pudesse celebrar o único - e nostálgico - momento que me fez rir na comédia, a cena seguinte rapidamente mostrou duas pessoas na plateia discutindo ei, essa não é uma frase de O Poderoso Chefão?. Desisto." (Erico Borgo)

''Quem costuma assistir a filmes com certa regularidade cria, com o passar do tempo (e o acúmulo de más experiências diante da tela), uma espécie de método pessoal de identificação de filmes ruins. A técnica, claro, nem sempre funciona. Às vezes somos surpreendidos por algo razoável quando imaginávamos o pior. Em certas ocasiões, no entanto, somos confrontados com nossa própria falta de imaginação ao perceber que, o que era para ser apenas ruim, virou afronta à dignidade. Esse é o caso do indigesto ''Cada Um Tem a Gêmea que Merece'', nova comédia oriunda da desafinada parceria entre Adam Sandler e o diretor Dennis Dugan. Os mesmos que ano passado fizeram muita gente perder tempo com Esposa de Mentirinha. É, certas máximas não mentem: de fato nada é tão ruim que não possa piorar. Desta vez eles conseguiram fazer algo ainda mais sem graça, grosseiro, chato e constrangedor do que da última vez. O céu (ou o inferno) é o limite para essa dupla. No filme, o publicitário Jack (Sandler) recebe a nada agradável visita de sua irmã gêmea Jill (também Sandler). Ela iria apenas passar o Dia de Ação de Graças com a família do irmão, mas, conforme os dias seguem, vai ficando muito mais tempo que o esperado. Para se livrar da irmã irritante e estabanada, ele resolve ajudá-la a arranjar um namorado. Só que ninguém poderia imaginar que o ator Al Pacino fosse cair de amores pelo jaburu. O interesse de Pacino pela irmã faz Jack unir o útil ao agradável ao tentar convencer o ator a fazer um comercial do Dunkin Donuts. Como não podia deixar de ser, toda a trama é pontuada com muita escatologia, afinal, filme de Adam Sandler em que pum e cocô não tiver papel de destaque, não é um filme de Sandler. O mais surpreendente é ver Al Pacino ultrapassar os limites do bom senso e se expor ao ridículo ao aceitar fazer mais do que uma ponta agradável (assim como Johnny Depp) no filme. Num determinado momento, o ator diz: Destrua-o já!, referindo-se ao comercial que o personagem de Sandler cria. "Ninguém nunca deve ver isso". Eu diria o mesmo sobre a participação de Pacino na comédia. Sou contra a crítica que esvazia cinema, mas o fato é que posso enumerar diversas razões para não se ver ''Cada Um Tem A Gêmea que Merece'', e nenhuma para vê-lo. Com esse filme, Adam Sandler parece levantar um grande dedo médio para o público. Melhor seria nada fazer." (Roberto Guerra)

36. When Father Was Away on Business (1985)

R | 136 min | Drama

A family is deeply affected by the father's extramarital affairs and the turbulent consequences of the Tito-Stalin split.

Director: Emir Kusturica | Stars: Moreno De Bartoli, Predrag 'Miki' Manojlovic, Mirjana Karanovic, Mustafa Nadarevic

Votes: 10,086 | Gross: $0.02M

"Emir Kusturica era um cineasta de muito prestígio nos anos 1980 e 1990. Filmes como Vida Cigana e Underground estavam então na ponta da língua de qualquer cinéfilo. A geração do DVD, contudo, mal conhece o diretor, embora ele ainda esteja em atividade. Lançou em 2008 o interessante documentário Maradona, sobre o jogador de futebol argentino, e em 2004 o belo A Vista É um Milagre, que chegou a estrear em telas brasileiras, mas sem muitas repercussão. Sérvio que se autoproclamava iugoslavio durante o violento processo de separação da antiga república, Kusturica atingiu o status de grande diretor já no segundo longa, ''Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios" (1985), premiado com a Palma de Ouro em Cannes. Entre esse filme e Undergroud (1995), que lhe rendeu a segunda Palma de Ouro, era muito comum o apelido de Fellini dos Bálcãns, numa alusão á flagrante influência do estilo onírico a espalhafatoso do mestre italiano.Tal epíteto é reducionista. Kusturica não conseguiu manter o público interessado em seu trabalho, mas é inegável seu talento para a construção de narrativas fabulares, que devem tanto ao folclore da antiga Iugoslávia quanto á histórica aptidão do cinema para explorar o terreno dos sonhos. Mais que um Fellini dos Bálcãs, Kusturica retoma uma tradição da comédia alegórica italiana que tem suas relações não apenas com um cineasta, mas com toda uma nobre linhagem representada por Mario Monicelli, Ettore Scola e Elio Petri, entre outros. Isso, claro, sem perder sua forte identidade balcânica. ''Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios'' começa com uma canção mexicana entoada por um velho violeiro e duas crianças, enquanto colhem ervas para comercializar. Um ponto de vista (não o único) é estabelecido por uma narração: a do menino Malik. É em parte pelos olhos dele que percebemos a Iugoslávia sob o regime socialista do Marechal Tito, de 1950 a 1952, após seu rompimento com Stalin. O clima político era tenso. Qualquer comentário mal colocado poderia custar a liberdade. Mesa, pai de Malik, comenta com sua amante que uma charge no jornal (um retrato de Stalin no escritório de Karl Marx) teria sido exagerada. É o suficiente para que ele caia nas garras do partido e seja condenado a trabalhos forçados numa cidade distante. Para seus filhos, a informação oficial é de que ele teria viajado a trabalho. Kusturica é muito feliz no retrato dessa família simples, com seus arquétipos da sociedade iugoslava, em meio a um conturbado e repressivo momento político. Há o irmão mas velho de Malik, menino estudioso, músico e fanático por cinema. Há também o avô que não quer saber de nada, o tio mais moço que é militar, o tio burocrata do partido comunista, a mãe que não consegue um momento de intimidade em visita ao marido aprisionado, o pai mulherengo e beberrão - e, sobretudo, o adorável protagonista Malik. Ele é sonâmbulo, o que causa certa preocupação nos familiares. Quando a família se junta ao pai no exílio, Malik se apaixona por Masa, uma menina que sofre de uma doença terminal. Ocorrem, então, dois momentos formidáveis: quando Malik tem um ataque de sonambulismo e sai de sua casa rumo ao quarto e à cama de Masa, iniciando um caso de amor infantil de raro encanto sob a anuência do pai da menina; e o momento em que Malik se despede de Masa, que segue de ambulância para o hospital de onde não sairá viva. São cenas de cortar o coração. Tudo é graça e emoção neste comovente relato histórico e familiar. O filme é como um longo rio, que ora corre tranquilo, ora se revela cheio de correntezas perigosas, mas nunca deixa de nos encantar com a beleza de suas águas." (Sergio Alpendre)

"Kusturica supervalorizado (como sempre)." (Demetrius Caesar)

"Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios" é o segundo filme do sérvio Emir Kusturica, sua primeira Palma de Ouro. Lançado em 1985, é inusitado como, hoje, o espectador brasileiro parece que irá melhor lembrá-lo como “o filme que supostamente inspirou O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias”,de Cao Hamburger. No entanto, tal aproximação não parece justa, ao menos em uma análise ligeiramente menos superficial. Sim, como na produção brasileira, temos a premissa de uma família cujo destino fora abalado por uma situação política. Vemos, também, todo esse abuso injustificável de poder sob a ótica de um menino, no caso, Malik, de 6 anos, alheio – como só poderia ser – aos absurdos cometidos no final do governo de Marechal Tito, durante 1950 e 1952, na Iugoslávia. Não obstante a essas similaridades temáticas, a abordagem de Kusturica não poderia se distanciar mais daquela empregada por Hamburger, e é aqui que uma pergunta se impõe: Qual seria a razão para a pouca atenção que os cinéfilos mais jovens dispensam ao sérvio? O fato é que esta não seria culpa da indisponibilidade de sua curta filmografia, lembrando que A Vida É Um Milagre (2004) chegou a entrar em nosso circuito e de que, aos poucos, a distribuidora Lume vem lançando seus títulos em DVD (Quando Papai Saiu… foi o segundo, após o cartunesco Underground e antes de sua bela estreia, Você Se Lembra de Dolly Bell?, prometida para ainda este mês). Teria seu estilo episódico e onírico caído em desgosto? A julgarmos pelo recente entusiasmo com que um cineasta como o sueco Roy Andersson fora recebido, com Vocês, os Vivos, poucas edições atrás na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a resposta seria um sonoro “não!”. E é muito mais por esses lados que Kusturica gosta de inserir suas fábulas do que pelos da contenção e minimalismo do bom longa de Hamburger. Bêbados, crianças gordas, velhos rabugentos, discussões ao redor de mesas fartas, festividades e rituais, futebol e sacanagem: eis as cores que o cineasta usa para avivar suas caricaturas históricas e biográficas. A questão, portanto, seria: Teria seu estilo (kusturiciano, evidentemente) o amarrado em artimanhas de ordem autoral,tornando-o um acomodado cineasta internacional? Talvez. Mas, aqui, temos um diretor ainda em formação, mais controlado do que em trabalhos posteriores: menos forçosamente excêntrico e, talvez por isso, mais eficaz. Como sugerido em sua apresentação (um subtítulo apropriado) Um filme histórico sobre amor, não há definição mais adequada a este adorável relato, com o qual agora podemos nos reencontrar: uma obra simultaneamente nostálgica e crítica, como exemplarmente demonstrado em seu último plano, quando Malik olha para trás (suas reminiscências, as histórias que acabamos de acompanhar) e, ao mesmo tempo, para o espectador (testemunha dos fatos revelados). De resto, só podemos aguardar por um eventual lançamento de Vida Cigana (tido, por muitos, como sua obra-prima) e, mais improvável (e certamente mais arriscado), de Zavet, sua última comédia, exibida em 2007, em Cannes, ainda inédita por essas bandas. Se a lógica dominar, infelizmente, encontraremos mais razões para a generalizada má vontade com o diretor, e o primeiro só ressaltaria os vícios do último. Esperamos não ser o caso…" (Bruno Cursini)

58*1986 Oscar / 43*1986 Globo / 1985 Palma de Cannes

37. Twelve (2010)

R | 93 min | Action, Drama, Thriller

22 Metascore

A young drug dealer watches as his high-rolling life is dismantled in the wake of his cousin's murder, which sees his best friend arrested for the crime.

Director: Joel Schumacher | Stars: Chace Crawford, Emma Roberts, Rory Culkin, Philip Ettinger

Votes: 12,653 | Gross: $0.18M

{Apenas viveremos da melhor forma que pudermos} (ESKS)

38. Feardotcom (2002)

R | 101 min | Crime, Horror, Thriller

16 Metascore

A New York City detective investigates mysterious deaths occurring 48 hours after users log onto a site named feardotcom.

Director: William Malone | Stars: Stephen Dorff, Natascha McElhone, Stephen Rea, Udo Kier

Votes: 22,667 | Gross: $13.21M

{Joseph Stalin dizia que a morte de alguém é uma tragedia. A morte de um milhão uma estatística} (ESKS)

''Eu tive a grande oportunidade de assistir ao filme Medo.com antes mesmo dele estrear no Brasil. O filme juntava as minhas duas áreas prediletas: O Terror e a Internet. Eu estava com a maior expectativa de poder assistir novamente um filme que realmente me desse medo, o que não acontece há muito tempo... Uma incrível decepção... O filme traz a história de pessoas que estão morrendo sinistramente apos acessar um site chamado medo.com. É então que o detetive Mike Reilly (Stephen Dorff) e a esquisita pesquisadora Terry Houston (Natascha McElhone) começam a investigar o caso, e descobrem que 48 horas ápos acessarem o site as vitimas morrem com estranhos sintomas e sangramentos nos olhos. O filme começa de uma maneira intrigante, que cola o espectador na poltrona do cinema. Logo no começo você é levado a vários fatos sinistros e bem bolados, cenas de tensão e medo, que mexem com o seu inconsciente, sem as famosas cenas de sangue. Até a primeira uma hora de filme, ele te prende, mostrando todos os fatos que levaram a morte das vítimas de uma estranha forma, que você nem consegue piscar o olho para tentar descobrir, atrás das imagens escuras o que está realmente acontecendo no filme. E talvez nem o roteirista sabia... A partir destas cenas chocantes, o filme acaba ficando sem sentido, e te leva a um final corrido e sem graça, que não explica nada que acontece durante o filme, aparentando que o roteirista não sabia como finalizar a sua idéia, e terminando o filme sem nenhum sentido. Sem contar nos personagens, que em nenhum momento são explorados, e parecem dois retardados tentando solucionar um mistério... Natasha McElhone, que interpleta a pesquisadora, não tem expressão alguma e Stephen Dorff, o detetive, parece estar em cena somente para fazer pose. Realmente o filme tem uma ótima idéia, mas não tem solução. Se você quiser sentir medo, corra ás locadoras e pegue um clássico do terror, mas se quiser se divertir e passar uma horinha no cinema, comendo pipoca, este é o filme recomendado... Só cuidado para não acabar dormindo na poltrona..." (Renato Marafon)

39. Bats (1999)

PG-13 | 91 min | Horror, Sci-Fi, Thriller

23 Metascore

Genetically mutated bats escape and it's up to a bat expert and the local sheriff to stop them.

Director: Louis Morneau | Stars: Lou Diamond Phillips, Dina Meyer, Bob Gunton, Leon

Votes: 11,434 | Gross: $10.16M

40. Colombiana (2011)

PG-13 | 108 min | Action, Drama, Thriller

45 Metascore

A young girl in Bogotá witnesses her parents' murder and grows up to be a stone-cold assassin.

Director: Olivier Megaton | Stars: Zoe Saldana, Michael Vartan, Callum Blue, Jordi Mollà

Votes: 107,565 | Gross: $36.67M

''Esta é uma daquelas produções europeias do cineasta Luc Besson (que também co-escreveu o roteiro) e que lembra um pouco seu melhor trabalho Nikita - Programada Para Matar. Mas seu visual e sua estética foi emprestada da parte mexicana de Traffic, de Steven Soderbergh (tudo muito solar, luz estourada), e seu ritmo narrativa é furiosamente rápido, até mais do que maior parte dos clipes musicais.Com câmera na mão, ao que me parece usando até câmeras múltiplas para algumas tomadas de perseguição (inúmeras), o filme é daqueles em que a gente mal consegue ver a cara dos atores, que alternam detalhes, closes pertíssimos e planos gerais. Embora seja feito como veículo para a estrela de Avatar, a dominicana Zoe Saldana (embora tenha nascido em Queens, Nova York, ela se mudou pequena e se criou na República Dominicana. Já 11 anos de carreira desde Sob a Luz da Fama). A historia é o velho clichê de vingança de sempre. Começa na Colômbia, na casa de um grande traficante, que em troca da proteção da CIA trai seu homem de confiança que será morto. Mas não antes de conseguir dar a chave de sobrevivência da filha a pequena Catelya, que sai correndo numa escapada pelas favelas e esgotos depois de ver seus pais assassinados até conseguir refúgio nos Estados Unidos. Zoe só vai entrar no filme depois de meia hora, usando seu tipo longilíneo com jeito da heroína de Aeon Flux e frequentemente seminua. Cat trabalha como assassina profissional para seu tio que vive na América e usa um enorme aparato para fugir da CIA /FBI e, além disso, se dar ao luxo de matar criminosos que escaparam da polícia, deixando com marca uma orquídea da Amazônia colombiana (essa orquídea é o cartaz americano). O francês de origem Michael Vartan faz o interesse romântico, mas não é um filme de atores, apenas muita ação e velocidade espantosa e confusa. Essa edição tresloucada só serve para muitos erros de continuidade e lógica. e com uma heroína indiferente. Não dá para torcer por ela, nem sequer gostar dela, quanto mais desculpar a violência gratuita de suas ações. O diretor vem de Carga Explosiva 3 e usa esse sobrenome porque nasceu no dia em que jogaram a bomba de Hiroshima! Custou US$ 40 milhões e rendeu US$ 36 milhões nos EUA, o que não é tão mau para um filme de sua origem (em dezembro sai em home vídeo por lá com quatro minutos a mais). As críticas foram pavorosas. Por que será?" (Rubens Ewald Filho)

"Olivier Megaton conhece filmes de ação. Dirigiu bons exemplares de franquias como "Busca Implacável 2" (com Liam Neeson) e "Carga Explosiva 3" (com Jason Statham). Em "Red Siren", usou a receita de tiros e perseguições agregando uma atriz bonitona no papel de heroína casca-grossa - Asia Argento. Megaton aprimora a fórmula em "Colombiana - Em Busca de Vingança", escalando a morena Zoe Saldana. Em alta, com participações em blockbusters como Avatar e os últimos filmes da franquia Star Trek, Saldana empresta o corpo esguio ao papel da moça que se transforma numa assassina de aluguel depois de, ainda criança, ver os pais assassinados em Bogotá. Ação eficiente, com uma sequência espetacular na qual ela invade uma prisão. Para ver comendo pipoca." (Thales de Menezes)

41. Vision - Aus dem Leben der Hildegard von Bingen (2009)

Unrated | 110 min | Biography, Drama, History

68 Metascore

The life story of the multi-talented German nun Hildegard von Bingen. The film portrays an original woman - best known as a composer and religious visionary - whose grand claims often run ... See full summary »

Director: Margarethe von Trotta | Stars: Barbara Sukowa, Heino Ferch, Hannah Herzsprung, Lena Stolze

Votes: 1,303 | Gross: $0.43M

42. The Hunt (1966)

91 min | Drama, Thriller

Three men go hunting rabbits during a hot day. Heat and talking about events happened in the past make them angry, until they go totally crazy.

Director: Carlos Saura | Stars: Ismael Merlo, Alfredo Mayo, José María Prada, Emilio Gutiérrez Caba

Votes: 2,452

1966 Urso de Urso

43. What to Expect When You're Expecting (2012)

PG-13 | 110 min | Comedy, Drama, Romance

41 Metascore

Follows the lives of five interconnected couples as they experience the thrills and surprises of having a baby and realize that no matter what you plan for, life does not always deliver what is expected.

Director: Kirk Jones | Stars: Cameron Diaz, Matthew Morrison, J. Todd Smith, Dennis Quaid

Votes: 75,642 | Gross: $41.15M

"Honestamente, faz perder a vontade de ter filhos, e não pelos motivos corretos..." (Alexandre Koball)

O que escrever sobre uma comédia clichê?

''O título acima pode ser equivocadamente interpretado como uma tentativa de trocadilho infame, mas, na verdade, é a primeira pergunta que vem à mente de quem precisa escrever sobre ''O Que Esperar Quando Você Está Esperando'' (What To Expect When You’re Expecting, 2012). E tal indagação pode surgir tanto para quem gosta de comédias com várias histórias paralelas – sim, há muitos entusiastas – como àquele preparado para mais um longa-metragem a adotar a fórmula de modo pouco inspirado, já que o novo trabalho de Kirk Jones, de Estão Todos Bem (Everybody's Fine, 2009) se revela um trabalho extremamente anódino, para o bem e para o mal. Baseado no livro homônimo de Heidi Murkoff, o filme apresenta vários casais às vésperas da chegada de um bebê: Holly (Jennifer Lopez) e Alex (Rodrigo Santoro) formam um casal latino que, impossibilitado de ter um filho do modo tradicional, decide adotar uma criança africana; Wendy (Elizabeth Banks), que profissionalmente enaltece a magia da maternidade mas vive um caso quando, enfim, engravida do atrapalhado Gary (Ben Falcone) – que, para agravar seu tormento, vê a jovem Skyler, (Brooklyn Decker), namorada do pai cinquentão e esportista (Ramsey, Dennis Quaid), permanecer linda e tirar de letra sua inesperada gravidez; Jules (Cameron Diaz) e Evan (Matthew Morrison), celebridades mais preocupadas com sua carreira na TV que na criação do bebê num relacionamento a dois; e também vemos Rosie Anna Kendrick) e Marco (Chace Crawford), casal jovem e improvável que se adequa às diferenças para o bem de uma gravidez acidental – única subtrama que porta consigo o mínimo de carga dramática. Como novidade ao precoce clichê de comédias envolvendo múltiplas histórias que se cruzam num dado momento, o roteiro de Shauna Cross e Heather Hach apresenta um pequeno núcleo paralelo: um curioso grupo de pais liderado por Vic (Chris Rock), mais sábio por possuir o maior número de filhos. Ao expor suas idiossincrasias ao inseguro Alex, essas figuras estereotipadas e desajeitadas são responsáveis pelos melhores momentos do filme, ainda que nenhum seja especialmente engraçado – prova disso é o destaque dado ao pequeno Jordan (interpretado pelos gêmeos Resan e Reginald Womack), explorado como artifício para razoável quantidade de gags. Tal aspecto, então, realça ainda mais o desinteresse das outras histórias. Se o grande pecado de Woody Allen em Para Roma Com Amor (To Rome With Love, 2012) foi não manter a linearidade de suas quatro histórias, o filme de Kirk Jones até se mostra regular, mas por todas as situações serem igualmente desinteressantes, nada envolventes. Também vale dizer que os problemas do filme nem podem ser atribuídos ao elenco. Ben Falcone é naturalmente engraçado, Brooklyn Decker sabe como ninguém viver a inofensiva loira fútil, Dennis Quaid está devidamente fanfarrão na pele de um vovô-garoto. Nesse mesmo núcleo, percebemos o mais notável esforço na comédia, de Elizabeth Banks, que ainda ganhou a companhia da impagável comediante Rebel Wilson – que mais uma vez surge num papel dispensável à trama, aparecendo apenas para fazer graça. Porém, quem teria mais motivos para reclamar de sua personagem é J.Lo, prejudicada no corte final por ficar um bom tempo fora de cena (Santoro não, pois estava sempre reunido com os pais do Central Park) por conta do mau desenvolvimento de sua história, a mais inócua de todas. O desfecho longo e desnecessário dessa história fará o espectador lembrar-se de outro péssimo filme da atriz, Plano B (The Back-up Plan, 2010). ''O Que Esperar Quando Você Está Esperando'' não possui o elenco estelar de Noite de Ano Novo (New Year’s Eve, 2011), nem se apresenta como uma novidade com um décimo da eficácia e ternura de Simplesmente Amor (Love Actually, 2003). No entanto, seu anunciado desempenho inferior nas bilheterias deve ser atribuído ao fato de ser uma comédia fraca, que preenche lacunas de boas piadas com personagens e situações clichês que não surtem mais o efeito pretendido, por ser uma obra que baseia-se (e falha) no fazer rir puro, simples e fácil etc. Mas lamentável mesmo é constatar que esse filme torna ainda mais flagrante a ausência de criatividade na cada vez menos inventiva Hollywood, que ao fundir best-seller com formato explorado continuamente nos últimos anos não consegue nem repetir o sucesso dos modelos consideravelmente superiores em que se inspirou." (Rodrigo Torres de Souza)

Todas as possibilidades da vinda de um filho, em todos os cenários possíveis.

"Depois do grande sucesso de Simplesmente Amor, que trouxe de volta à tela dos cinemas os filmes com múltiplas histórias que se entrelaçam sutilmente, os estúdios decidiram apostar mais uma vez no novo estilo. Também composto por um elenco repleto de grandes nomes de hollywood, ''O Que Esperar Quando Você Está Esperando'' (What to Expect When You're Expecting, 2012) segue nas mesmas linhas do longa mencionado acima, mas apresenta um olhar mais refinado ao gênero. Aqui são seis histórias paralelas: Jules (Cameron Diaz) e Evan (Matthew Morrison), ela uma personal trainer apresentadora de um reality show de perda de peso, ele um dançarino profissional de um reality show no estilo Dança com os Famosos; Holly (Jennifer Lopez) e Alex (Rodrigo Santoro), ela uma fotógrafa que está entre trabalhos, ele um produtor musical de sucesso; Wendy (Elizabeth Banks) e Gary (Ben Falcone), ela dona de uma loja de produtos infantis, ele um dentista de celebridades; Skyler (Brookly Deker) e Ramsey (Dennis Quaid), ela uma modelo bonitona, ele um ex-piloto da NASCAR e pai de Gary; Rosie (Anna Kendric) e Marco (Chase Crawford), ambos jovens chefs de trailers de comida; e finalmente Vic (Chris Rock), Gabe (Rob Huebel), Craig (Thomas Lennon) e Patel (Amir Talai), mais conhecidos como os caras, grupo de pais que se reúne semanalmente para uma tarde sem julgamentos, longe de suas esposas. Apesar do grande número de personagens e tramas, O Que Esperar consegue se manter leve e amarrar todas as histórias de maneira convincente. Baseado no livro homônimo de não-ficção sobre todas as possíveis sensações e experiências pelas quais uma mãe pode passar durante sua gravidez, o longa também acaba se encaixando na categoria dos filmes que tem como ponto de partida um assunto sem trama. Neste fator, O Que Esperar cumpre muito bem seu papel, apontando problemas e possibilidades diferentes em cada um dos casais - desde a gravidez de gêmeos, aborto espontâneo, gravidez não planejada, adoção, fertilização, problemas durante a gestação, complicações e facilidades no parto, diferença de idade entre as mães e pais, entre outros. Para interligar todas as tramas, algumas coincidências acabam ficando ilógicas e irreais - um bom exemplo é que, como se em um passe de mágica, todos os casais do filme tivessem seus filhos no mesmo dia, no mesmo hospital. No entanto, a conexão entre os personagens permanece sutil e compreensível: Gary é filho de Ramsey, que é casado com a prima de Rosie, Skyler, que contrata Holly para ser a fotógrafa oficial da família - e todos assistem ao reality show de dança com Jules e Evan. Tudo isso, entre outros pequenos detalhes, acabam por completar a colcha de retalhos que é O Que Esperar. Diferente de Idas e Vindas do Amor e Noite de Ano Novo, que não exploram por completo o potencial de seu elenco de estrelas, O Que Esperar dá espaço para todos em seu time. Trazendo um bom leque de cenas cômicas misturadas com algumas injeções dramáticas, o filme acaba por se tornar ainda mais relacionável àqueles que tem um bebê em sua vida - ou um por vir. Mesmo que uma das tramas não se encaixe em alguma situação pela qual você já experiênciou, não se preocupe. Alguma delas vai." (Aline Diniz)

''É difícil dizer qual será o público de ''O Que Esperar Quando Você Está Esperando'', filme cheio de clichês baseado no best-seller de autoajuda (isso mesmo) de Heidi Murkoff sobre as dificuldades e alegrias da gravidez. Já é complicado imaginar uma pessoa sem filhos interessada, mas será que pais iriam ao cinema, em seu tempo livre, para ver, de forma extrapolada, um pouco de suas próprias realidades? Bem, se por nada mais, por que não ver um filme cheio de estrelas? Talvez usando essa lógica, o longa conta com Rodrigo Santoro, Elizabeth Banks, Cameron Diaz, Jennifer Lopez, Dennis Quaid e, o sempre ótimo, Chris Rock. Só que, como em tantas outras comédias românticas atuais, na tentativa de repetir o sucesso de Simplesmente Amor, é complicado dar profundidade e relevância para tantos personagens principais e histórias paralelas. A trama mostra as mudanças nas vidas de cinco casais durante a espera pelo primeiro rebento. Cada um lida com as dificuldades à sua maneira e enfrenta seus próprios dilemas. Rodrigo Santoro (muito bem no papel de Alex) e Jennifer Lopez (Holly) são um casal que não pode ter filhos e pretende adotar. Para acalmar o rapaz quando a adoção é aceita, a personagem de J-Lo, que não convence no papel, sugere que o marido vá a um encontro de pais que acontece todo fim de semana e funciona quase como uma sociedade secreta. As cenas dos pais e seus filhos no parque, tentando acalmar o temeroso Alex, são o ponto alto do filme e garantem uma boa dose de humor sem cair nas piadas fracas e sexistas do resto do enredo. Destaque para a apresentação dos papais, em câmera lenta, como se fossem um grupo de caras durões chegando para uma missão perigosa – clichê, mas funciona. Pena que eles não têm mais espaço na telona, pois mereciam. O roteiro não inova e o longa é incapaz de surpreender. Chega a incomodar a facilidade de prever o que vai acontecer a cada cena, como quando Cameron Diaz se mostra enjoada antes de participar de um reality show de dança. É óbvio que ela vai vomitar em rede nacional no pior momento possível e... bingo! Esse é só o primeiro de muitos exemplos. Outras situações são dignas de vergonha alheia, e beiram o ridículo, como quando J-Lo tenta preparar sua casa, de forma neurótica, para a visita de uma inspetora que pode aprovar seu pedido de adoção. As piadas sobre flatulências e fluídos corporais, no melhor estilo Missão Madrinha de Casamento, também não ajudam em nada a trama. No final das contas, é estranho ver um filme focado nas mulheres não conseguir mostrá-las com a dignidade e respeito que merecem, principalmente em um momento tão importante de suas vidas. Talvez o tema fosse melhor abordado em uma série de televisão, mas como longa-metragem não deslancha. ''O Que Esperar Quando Você Está Esperando'' pode ter seus bons momentos, mas só deve agradar àqueles que gostam de comédias leves e vão ao cinema sem grandes expectativas." (Daniel Reininger)

44. Buffalo Bill (1944)

Approved | 90 min | Drama, Western

The story of William "Buffalo Bill" Cody, legendary westerner, from his days as an army scout to his later activities as owner of a Wild West show.

Director: William A. Wellman | Stars: Joel McCrea, Maureen O'Hara, Linda Darnell, Thomas Mitchell

Votes: 1,700

45. The Odd Life of Timothy Green (2012)

PG | 105 min | Comedy, Drama, Family

47 Metascore

A childless couple bury a box in their backyard, containing all of their wishes for an infant. Soon, a child is born, though Timothy Green is not all that he appears.

Director: Peter Hedges | Stars: Jennifer Garner, Joel Edgerton, CJ Adams, Odeya Rush

Votes: 48,576 | Gross: $51.85M

"Mais um besteirol da Disney em prol da família, valores religiosos, paz na Terra, parece propaganda nazista. Vergonhoso!" (Alexandre Koball)

''Exaustos, embriagados de vinho, repletos de dívidas e frustados com a impossibilidade de gerar um filho, casal faz o nada saudável exercício de anotar todas as características de um filho dos sonhos em papéis. Eles então consideram enterrar esses papeis na horta uma brilhante ideia. Eis que no meio da noite, chega uma tempestade misteriosa (em uma cidade que está em racionamento de água mesmo não parecendo viver uma seca), com ventos, trovões e gotas de água que misteriosamente sobem aos céus. O casal está isolado, em uma casa antiga no meio da floresta. Mas eles não estão sozinhos…afinal. O marido deita na cama, abraça um amontoado de lençóis que julga ser sua mulher. Não é. Ele tira os lençóis e uma figura corre rapidamente para fora do quarto, deixando um rastro de sujeira. Eles começam então uma corrida pela casa em busca da figura misteriosa e encontram um menino, nu, sujo de terra, sentado em um quarto abandonado, brincando. O marido vai até a cozinha e vê que há um buraco no jardim. O menino começa a chamar o casal de papai e mamãe. O que o casal faz? Começa a fugir pela floresta. Portas batem e a criança os persegue com velocidade sobrehumana. Eles são encontrados mortos na floresta, e um dia alguém compra a casa e encontra a caixinha de papéis enterrada na horta. Isso obviamente é um filme de horror oriental. Questiona a sua sanidade. Liga para a polícia contando a história e é submetido a auxílio psiquiátrico. Isso obviamente é um drama/thriller psicológico. Não julgam a veracidade dos fatos nem apenas por um momento. Começam a tratar o menino como filho, apresentam para a família, matriculam na escola e após o sumiço do garoto, contam tudo para assistentes sociais que deveriam decidir se a família é apta ou não para a adoção de mais uma criança. Isso obviamente é A Estranha Vida de Timothy Green, novo filme escrito e dirigido por Peter Hedges. Até um filme de fantasia precisa de uma coerência maior, personagens que ponderam sobre os acontecimentos antes de se entregar à magia, personagens que poderiam ser reais em suas personalidades, mesmo que fictícios em seus poderes. O roteiro de A Estranha Vida de Timothy Green possui amarras tão frouxas que você se sente na obrigação de segurar tantas pontas soltas, buscando uma linha de raciocínio agradável que te leve a uma emoção. Quer outro exemplo dos tropeços do filme? Bem. Então a vizinha estranha porém legal, uma entidade perene em filmes infantis/adolescentes dos Estados Unidos, que geralmente chega com opacote gorro+bicicleta+mudanças de vida na narrativa, diz que entende o garoto que surgiu de uma caixa de papeis na horta, faz fotossíntese e tem folhas saindo das pernas. Porque ela o entende? Ora, pois ela tem uma marca de nascença. Uma pinta. Uma mancha. E isso é visto com o mesmo estranhamento que um menino-árvore mágico. É claro. Todos os problemas do casal, dívidas e mortes na família são esquecidas quase que magicamente pela mera presença do garoto e suas folhas. O elenco de ''A Estranha Vida de Timothy Green'' é espetacular, uma coleção de atores extremamente consolidados como Dianne Wiest e M. Emmett Walsh, bons nomes da geração atual de Hollywood como Jennifer Garner e revelações recentes de talento como Joel Edgerton (Reino Animal) e Rosemarie DeWitt (O Casamento de Rachel). Mas todos estão interpretando estereótipos engessados, que nem o talentoso diretor Hedges, que extraiu na pequena pérola Eu,Meu Irmão e Nossa Namorada uma boa atuação de Juliette Binoche, Steve Carell e até mesmo do terrível Dane Cook, consegue transformar em uma atuação de qualidade. Como em qualquer experimento Twee, os aspectos visuais brilham em A estranha vida de Timothy Green. A locação escolhida, o clima de outono e a direção de arte tornam o filme aconchegante e vivo. A trilha sonora é outro destaque positivo, com atenção especial aos arrepios causados pela música tema, This Gift, que poderia até mesmo conquistar para Glen Hansard seu segundo Oscar na categoria. Entre muitos erros e poucos acertos, ''A Estranha Vida de Timothy Green'' é uma fantasia que mira no mágico e acerta no desleixado. Um filme sem pé, nem cabeça – ou sem raízes, nem copa." (Ana Clara Mata)

''Em a '‘A Estranha Vida de Timothy Green’' vemos a estória de Cindy (Jennifer Garner) e Jim Green (Joel Edgerton), um casal feliz que recebem a notícia que não podem ter filhos. Certa noite os dois colocam numa caixa todos os desejos e sonhos que desejam numa criança e l enterram a mesma em seu quintal, logo nasce Timothy Green, um menino que saiu da pequena caixa e que tem folhas na perna. O filme serve também como um informativo para os novos pais e também pros veteranos sobre como criar e projetar nossos sonhos e expectativas em cima de um filho. Vemos o tempo todo a pressão de Cindy e Jim em cima do jovem Timothy, sendo pais super protetores e que cobram a todo custo o sucesso do garoto para poder serem aceitos na sociedade. Duas frases que refletem bastante o filme são quando Jim e Cindy falam: Cometemos erros,tentando consertar erros. Não é isso que os pais fazem? e depois o Timothy comenta: “Eles farão seu melhor.Cometerão alguns erros.” Isso mostra a essência de ser pai, que é cometer erros tentando fazer o melhor ou consertar outros erros. Que pai nunca errou cobrando absurdamente de um filho para que ele tenha sucesso? Colocando-o em todos os cursos e atividades extra-curriculares possíveis pra tentar encontrar algum talento no qual ele se destaque? Não sou pai, nem casado sou ainda, mas sei que irei cometer todos esses erros. Jennifer Garner, apesar de um papel sutil, mostra sua versatilidade como atriz e Joel Edgerton fez também uma boa atuação. A trilha sonora é o que mais emociona o filme, mas a mesma deveria ser mais explorada ajudando a mixar a sinestesia que a estória passa. A Fotografia, muito boa, mostra o clima quase bucólico da cidade onde se passa o filme. O filme é indicado para todas idades, acredito que no Brasil ele tenha entrado em cartaz em poucas salas, por tanto esperem até o DVD ou Bluray saírem." (Rodrigo Herminio)

46. The Darkest Hour (2011)

PG-13 | 89 min | Action, Adventure, Horror

18 Metascore

In Moscow, five young people lead the charge against an alien race who have attacked Earth via our power supply.

Director: Chris Gorak | Stars: Emile Hirsch, Olivia Thirlby, Max Minghella, Rachael Taylor

Votes: 63,847 | Gross: $21.43M

"Entre efeitos especiais de filmes de baixo orçamento e um dos roteiros mais mal desenvolvidos em anos, sobra muito pouco para contar história." (Alexandre Koball)

{Não existe sociedade humana sem bebida... Ou religião. Por isso eu bebo religiosamente} (ESKS)

Invasão e aniquilação em solo russo.

''Tom Cruise a pouco esteve na Rússia em seu 4º Missão Impossível. O país ganhou novos visitantes americanos liderados pelo bom ator Emile Hirsch. Moscou, cidade que ambienta todo o filme, parece uma terra de bandidos, algo indicado quando um tal de Skyler (Joel Kinnaman) profere, imediatamente após roubar uma idéia milionária de jovens programadores americanos, a seguinte afirmação: this is Russia. Logo depois isso é ignorado, com um vilão construído em minutos convertendo-se num companheiro mal caráter que coincidentemente foi comemorar sua vitória na mesma boite que os amigos programadores vitimizados foram tentar esquecer o golpe. Numa terra com mais de 10 milhões de habitantes, pessoas rapidamente apresentadas – envolvendo duas mulheres também americanas – foram parar no mesmo lugar. Direto ao que interessa, é o que o diretor Chris Gorak propõe. Após ter causado furor em Los Angeles em Toque de Recolher (Right at Your Door, 2006), ele atravessa o oceano a caminho da capital russa, onde, durante a noite, acontece um espetáculo visual no céu, tão belo que faz um dos personagens crer estar diante à aurora boreal. Não demora e luzes douradas despencam até as ruas, desaparecendo amenamente. Logo, estas curiosas iluminações começam a caçar humanos, desintegrá-los. Pânico em Moscou, correria e gritaria. A ameaça invisível bebe da fonte de O Predador (Predator, 1987) durante sua caça ao enxergar a energia do corpo humano, como o alienígena oitentista reconhecia o calor. Os bloqueios em ambos (barro em um, vidro em outro) causam bons momentos de tensão. Alguns dias reunidos no depósito da boite, cinco sobreviventes da devastação decidem sair e ir em busca da embaixada americana. Escolha ingênua diante uma cidade destruída e dominada. Dois amigos, duas garotas e Skyler, um sueco que prova de vez seu caráter ao abandonar uma garota durante a fuga, lutam juntos. O grupo caminha pelos becos de uma Moscou esvaziada, restrita ao pó dos mortos, numa tomada idêntica à caminhada do personagem de Cillian Murphy em Londres no horror Extermínio (28 Days Later, 2002). Há até um encontro futuro parecidíssimo no alto de um prédio. Eles vão colhendo informações a respeito do ataque, percebendo o interesse daqueles ovnis pela energia de nosso planeta. Os aspectos técnicos sem novidades servem para modelar o projeto com uma ótica diferente sobre ataques alienígenas, embora luzes sejam o foco central e o interesse pela invasão uma denuncia sem enrolações. O que permite que o filme seja assistível é a busca por sobrevivência de seus personagens, mesmo que estes vivenciem cenas torpes, como o esconderijo embaixo de uma viatura. Se era pra tirar o fôlego, conseguiu fazer rir. A ação convencional revisitada pouco impressiona e os personagens motivados por um patriotismo cego explicita o amadorismo dos roteiristas; aliás, tanto o roteiro quanto o diretor parecem ignorar completamente o percurso do grupo atravessando a imensa cidade. Também existem as catástrofes que não vimos. Acompanhamos os resultados destas em planos econômicos, como um navio que destruiu uma ponte e um avião arrasado numa galeria. Fugindo dos Estados Unidos, os alienígenas vem buscando outras terras – Distrito 9 (District 9, 2009) é um marco feliz nesse sentido, com uma nave sobre Joanesburgo – muito embora temos a informação de que a invasão aconteceu em todo o planeta. Ao menos é interessante ver os efeitos deixando a capital russa completamente vazia, apoiada por uma direção artística escurecida, com um sol quase omisso. Comparações a outros projetos são absolutamente cabíveis, como o recente e horroroso Skyline - A Invasão (Skyline, 2010) e até Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 2005), de Spielberg e sua hipótese de aniquilação. Em ''A Hora da Escuridão'' (The Darkest Hour, 2011) não há grandes argumentos para sustentar a história, há o porquê e o que se pode fazer contra ele. É no mínimo lamentável ver Emile Hirsch envolvido em uma obra assim, um deslize em sua próspera carreira. E depois da escuridão da sala de cinema, que os espectadores procurem outra sessão compensadora." (Marcelo Leme)

''A trama básica mostra os desenvolvedores de software americanos Sean (Emile Hirsch) e Ben (Max Minghella) em aventura pela Rússia tentando fechar um grande negócio. Durante uma balada noturna, os dois conhecem as turistas Natalie (Olivia Thrilby) e Anne (Rachael Taylor). Tudo corria bem, até estourar uma invasão alienígena que os coloca em uma corrida pela própria sobrevivência. Os aliens, aparentemente sem corpos físicos, são capazes de desintegrar seres vivos ao entrar em contato com eles. A presença das criaturas é delatada por surtos de eletricidade, como o ligar repentino de lâmpadas ou celulares. Ou seja, são antagonistas com um potencial formidável para um longa de suspense. No entanto, o visual pouco ameaçador das luzes amarelas da aura dos aliens e o efeito copiado de Guerra dos Mundos dos ataques destes acabam minando essa possibilidade. Até mesmo quando os bichos aparecem em sua forma real eles lembram mais um Pokémon do que qualquer outra coisa. Outro problema são os personagens. O cast principal conta com ótimos jovens atores. Ninguém duvida do talento de Emile Hirsch, Max Minghella ou Olivia Thrilby. A questão é que eles não possuem espaço para trabalhar e estabelecer seus personagens, contando com cerca cinco minutos de histórias pessoais antes dos aliens invadirem, com a fita jamais permitindo que os conheçamos. Nesse sentido, o longa mais parece um adolescente ansioso para chegar ao clímax, pulando todas as preliminares. Durante o segundo ato, são apresentados novos personagens russos, todos bastante caricatos e sem muita expressão, quase como se o roteiro estivesse cumprindo as cotas de adolescentes sobreviventes, militares durões e cientistas loucos. Chris Gorak ainda tem uma desatenção a detalhes que é preocupante. Em dado ponto, os protagonistas passam quase uma semana barricados em alguns escombros. Nesse período, nem as roupas deles ficam amarrotadas ou rasgadas e nem a barba dos rapazes cresce um milímetro que seja. Sem contar a arma elétrica que, mesmo molhada, continua a funcionar. Além disso, a montagem é trôpega, com o cineasta e seus três montadores usando tanto o recurso do fade out que começa a irritar. Dando a mão à palmatória, o diretor consegue arrancar algumas tomadas interessantes de Moscou deserta, coberta com as cinzas dos mortos, e a película conta com alguns efeitos bem realizados, principalmente nos escombros da metrópole russa, mas é pouco para compensar o investimento. Quando visitamos uma cidade nova, nos sentimos como um elemento estranho ali e a adição de uma invasão alienígena seria uma oportunidade interessante para lidar tal premissa. No entanto, os realizadores falharam em perceber isso. A falta de grandes cenas de ação e a inclusão de uma trilha sonora genérica completam o espetáculo tedioso, que termina em um gancho para uma sequência que provavelmente nunca sairá." (Thiago Siqueira)

Que saudade da Guerra Fria.

''Boa mesmo era a Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética só conversavam por aqueles telefones vermelhos em casos de emergência. Hoje a ex-URSS está plenamente inserida no livre mercado, monopolizando o futebol inglês, negociando seu arsenal enferrujado no Oriente Médio e - em parceria com a sempre voluntariosa Hollywood - fazendo filmes como ''A Hora da Escuridão'' (The Darkest Hour). O russo Timur Bekmambetov (O Procurado, Guardiões da Noite) produz o filme, que tem roteiristas e elenco principal hollywoodiano, com Chris Gorak, egresso de departamentos de arte de filmes como Clube da Luta e Minority Report, estreando como diretor. A Hora da Escuridão trata de uma invasão de alienígenas aparentemente elétricos e invisíveis que acompanhamos em Moscou. Mais do que isso, o filme mostra que o futuro de Gorak não é muito promissor, mancha o currículo do protagonista Emile Hirsch e coloca em questão o julgamento das distribuidoras que compraram essa produção da Summit e, em sã consciência, lançá-la-iam direto em DVD. O que dizer? Fica difícil embasar argumentos diante de um produto que não consegue fazer sequer o feijão com arroz dos filmes ruins. Suas atrizes-bibelôs inexistem (não são voluptuosas), seu vilão inexiste (na maior parte do tempo parece um efeito de mormaço), a ação inexiste (o roteiro arma para colocar as elipses justo onde estaria a ação, então não vemos aviões caindo, o caos tomando conta, nada). Desse jeito, deve realmente ser um pechincha fazer um filme como A Hora da Escuridão. Aliás, efeito visual mais barato só o vilão-vento de Fim dos Tempos (também da Fox e infinitamente melhor que A Hora da Escuridão). A única coisa que dá pra aproveitar do filme é involuntária: a imagem que se faz da Rússia. Todo produto cultural, mesmo os teoricamente descerebrados, como os enlatados americanos, formam de alguma maneira um juízo sobre uma realidade específica - e com A Hora da Escuridão não é diferente. A princípio, parece paradoxal que um filme produzido e rodado na Rússia crie um retrato tão prejudicial do país. No início da trama, Hirsch faz um gênio de Internet que tenta negociar um site em Moscou e é enganado pelo vigarista vivido por Joel Kinnaman - que, diante da perplexidade do jovem empreendedor dos EUA, solta a única resposta possível: "This is Russia!". Essa ideia de que tudo em Moscou está errado beira o cômico na cena em que acaba a luz na boate e um dos personagens solta Aahh, Moscou..., como se corte de energia fosse uma exclusividade da cidade. Mais adiante, porém, ''A Hora da Escuridão'' vira um elogio de outra Rússia - não o país dos mafiosos bem vestidos e das boates, mas a ex-Rússia dos soviéticos, orgulhosa de seu arsenal, seus submarinos nucleares, seus soldados de sotaque carregado, seus lança-foguetes e suas "boas e velhas balas russas". Tudo continua muito cômico (tem um cara que anda com um fone de ouvido, embora aparelhos eletrônicos não funcionem), mas o triunfalismo consterna. Quem tem mais saudade da Guerra Fria, no fim das contas, parece ser o filme. Felizmente o perigo nuclear hoje não é mais o mesmo. A única ameaça imediata é alguém decidir que merecemos A Hora da Escuridão 2." (Marcelo Hessel)

''O nível de exigência de verossimilhança em um roteiro baseia-se no grau de apuro apresentado por ele. Por essa razão, ''A Hora da Escuridão'' merece uma repreensão. O filme usa e abusa de argumentos científicos para retratar os vilões extraterrestres, mas traz falhas narrativas que não sustentam a história. Tudo começa quando Sean (Emile Hirsch, de Aconteceu em Woodstock) e Ben (Max Minghella, de Tudo pelo Poder) viajam a Moscou para vender a ideia de uma rede social para investidores locais. A empreitada dá errado por causa de um golpe arquitetado pelo sócio sueco dos rapazes, Skyler (Joel Kinnaman, da série The Killing). A dupla segue, então, para uma casa noturna onde afogam as mágoas em vodka. No meio da celebração com duas garotas que conhecem no local (Olivia Thirlby, de Sexo sem Compromisso, e Rachael Taylor, do seriado Grey's Anatomy), as luzes se apagam. Todos vão para a rua tentar determinar a causa do apagão. Diante dos olhos da multidão, luzes alaranjadas caem do céu em um balé macabro, já que se tratam de seres alienígenas praticamente invisíveis que transformam em cinzas qualquer ser humano que encoste neles. Os quatro, mais o sueco que coincidentemente estava na mesma casa noturna, encontram refúgio no porão da construção. Dias se passam até que a comida acabe e o grupo tenha coragem de colocar os pés nas ruas de Moscou, que agora está deserta. A partir desse ponto, o espectador, já acostumado a filmes do tipo grupo-de-jovens-tenta-escapar-de-invasão alienígena/catástrofe natural/serial killer, imagina quais personagens sobreviverão e as condições em que cada um dos outros ficará para trás. Por outro lado, a previsibilidade do roteiro pode ser rebatida por uma premissa criativa. Os extraterrestres são formados por ondas eletromagnéticas e, por isso, denunciam suas localizações. Quando se aproximam, luzes e outros eletrônicos se ativam. Cientes disso, os personagens decidem apenas sair de seus esconderijos de noite, para que seja mais fácil perceber onde estão os ameaçadores vilões.No entanto, o saldo final de A Hora da Escuridão é negativo por esperar que o público faça concessões demais para aceitar as situações apresentadas na tela. A razão da invasão é captar recursos naturais da Terra. A falha narrativa está no fato de que os alienígenas não usam os humanos para conseguir extrair os tais recursos. Portanto, não há motivo para que as cidades sejam atingidas. Usemos um exemplo ilustrativo. Imagine que você está com muita fome e se depara com uma plantação de maçãs. Você percebe que algumas das macieiras têm grandes formigueiros junto a suas raízes. Por quais árvores o leitor começaria a matar sua fome? Da mesma maneira, por que os invasores não se instalaram longe das cidades para concretizar seus planos de saque?" (Edu Fernandez)

47. Wassup Rockers (2005)

R | 111 min | Adventure, Comedy, Drama

56 Metascore

A group of teenage boys opt to form their own identity by riding skateboards, wearing tight pants.

Director: Larry Clark | Stars: Jonathan Velasquez, Francisco Pedrasa, Milton Velasquez, Usvaldo Panameno

Votes: 5,015 | Gross: $0.22M

ROQUEIROS

Soundtrack = Mogwai + The Remains

48. Stromboli (1950)

Approved | 81 min | Drama

Karin, a young woman from the Baltic countries, marries fisherman Antonio to escape from a prison camp. But she cannot get used to the tough life in Antonio's volcano-threatened village, Stromboli.

Director: Roberto Rossellini | Stars: Ingrid Bergman, Mario Vitale, Renzo Cesana, Mario Sponzo

Votes: 7,949

***** ''Ingrid Bergman deixou Hollywood perplexa quando, no auge de sua carreira, decidiu deixar a América para trás e ir até a Itália para filmar com Roberto Rossellini. O neorrealismo italiano era, afinal, o assunto do momento desde o sucesso internacional de Roma, Cidade Aberta. Qualquer um, aliás, ficaria um tanto espantado com essa decisão: Bergman podia fazer o papel que quisesse, ganhava milhões e era paparicada por meio mundo. Em vez disso foi fazer em "Stromboli" uma refugiada lituana que, depois de passar por meia Europa escapando dos nazistas, chega à Itália. No fim da guerra, como quase todo mundo ignora, pouca gente estava em seu lugar na arruinada Europa. Por toda parte havia refugiados. E é lá que Karin (Ingrid) vai parar depois de ter seu visto de entrada recusado pela Argentina. Campo de refugiados não era campo de concentração, mas não era tão melhor assim. Karin vive com outras refugiadas e não vê futuro para si, uma apátrida, até que um ex-soldado italiano, do outro lado do arame farpado, começa a fazer-lhe a corte. Antonio é seu nome, e ele se impressiona com Karin. Propõe-lhe casamento. Karin não vê aquilo com bons olhos: como casar com alguém a quem nem conhece? Logo ela mudará de ideia: melhor Antonio, pensa, do que ficar sabe Deus até quando morgando naquele campo. Ledo engano. Uma das sequências mais impressionantes do filme, aliás, consiste na chegada a Stromboli. É quando Karin se dá conta de que seu destino está ligado a uma ilha vulcânica, uma espécie de deserto de pedra, quase inabilitado. E seus poucos habitantes são pessoas tão simples quanto o marido, um pescador.A partir daí Karin viverá uma experiência espiritual difícil de descrever, por dois motivos. Sempre haverá quem veja nisso uma espécie de estraga-prazer - essa é a razão superficial. A outra, mais profunda, diz respeito à natureza da transformação pela qual Karin passará - e onde se encontrará a beleza mais fundamental deste filme. Pode-se dar, no entanto, uma pista: Rossellini era profundamente católico. E, ao mesmo tempo, fazer uma advertência: tinha uma fé imensa no cinema e em sua convicção central; cinema não é entretenimento, muito menos espetáculo. É um instrumento de transformação do homem. Talvez sua atitude explique melhor o que é "Stromboli" do que um longo arrazoado a respeito. Pouco tempo depois da filmagem, já tendo casado com Ingrid Bergman, Hollywood ofereceu milhões para que se mudasse para os EUA (queriam Ingrid de volta, na verdade, não ele). Rossellini foi. Leu o contrato. Bateu os olhos na cláusula em que, segundo a tradição dos estúdios, não teria direito à montagem do filme. Não teve duvidas: comprou passagem no primeiro avião de volta para a Itália e nunca mais voltou a falar com esses produtores. Essa pequena história ilustra bem o que tem "Stromboli" de belo, de irredutível, mas também de árido. Um filme enorme.'' (* Inácio Araujo *)

''Vocês vão testemunhar o encontro que marcou a vida de Ingrid Bergman e Rosselini nesta história realista de uma refugiada que vai para uma ilha vulcânica no litoral da Itália. Foi esse o início de uma fase difícil para ambos, quando foram rejeitados pela crítica e pelo público. Diz a lenda que Ingrid mandou uma carta para o diretor italiano se oferecendo para trabalhar com ele (porque adorava seu trabalho). Este bolou essa história e a chamou, mas durante as filmagens ela ficou grávida, embora ainda estivesse casada com um médico sueco (na verdade, eles eram separados mas não divorciados). O escândalo foi tão grande porque Ingrid tinha fama de boazinha (pelos papéis de santa e freira que fazia). Foi uma comoção nacional a ponto de condená-la no Congresso Americano. Ingrid passou anos no exílio na Itália antes de ganhar novo Oscar com o retorno em "Anastácia, a Princesa Esquecida", de 1956. Teve com ele três filhos, inclusive a estrela Isabella, mas nunca foi feliz e os filmes dos dois juntos são muito discutíveis. Este traz Ingrid mal fotografada, revelando seus defeitos (alta demais), sem a fotografia hollywoodiana. A cópia, porém, é bastante boa, com ela falando inglês e o resto em sua língua original. Na época, Anna Magnani, que era amante de Rossellini antes de Ingrid, fez um filme rival pior que este chamado Volcano. O fato é que o estilo do casal não combina, e a fita é pouco mais que uma curiosidade. A paisagem é inóspita, o filme realista, Ingrid parece perdida e banal, sem a produção por trás dela. Mas o maior defeito mesmo é o roteiro que nunca engrena ou toma realmente forma dramática. Até o final é frustrante." (Rubens Ewald Filho)

À beira do vulcão.

''O cinema é, na maioria das vezes, encarado como um caminho para se fugir da realidade, um meio de se desligar por alguns momentos do que nos atormenta no mundo lá fora. É confortável assistir um filme e esquecer a realidade, protegido pela ilusão, pelo escuro da sala de projeção. Por isso a experiência de ver Ingrid Bergman em um crescente de sofrimento, sufocação e agonia em Stromboli (idem, 1950), acaba sendo uma das experiências mais estarrecedoras e imprevisíveis que o cinema pode proporcionar. Roberto Rossellini, o diretor, não fazia do cinema um simples instrumento de fuga, mas sim um confronto doloroso com a realidade nua e crua. A imagem, para ele, era uma forma de comunicação universal de alcance ilimitado e por meio dela era possível descrever com precisão a dor do viver e ao mesmo tempo oferecer uma redenção. Nome mais importante do neorrealismo italiano, Rossellini trabalhou em diversos filmes com sua musa e esposa, Ingrid Bergman, mas foi em Stromboli que a parceria dos dois alcançou um nível de fisicalidade e corporalidade que extrapolava os limites da tela. O filme abria sua poderosa trilogia da solidão, também composta por Europa 51 e Viagem à Itália, que inaugurava uma fase em que o diretor deixava um pouco de lado o foco da observação social coletiva da Itália durante e pós-guerra e partia para um cinema mais intimista, espiritual e psicológico sobre os indivíduos que compunham essa Europa – pessoas fragmentadas e solitárias vagando à esmo por paisagens que refletiam sua decadente condição pessoal. Essa opção de variar o cinema que já tinha consolidado o seu nome e partir para algo mais particular foi de grande contribuição para o cinema moderno e de forte influência para cineastas como Michelangelo Antonioni. Não por acaso, nos três filmes Bergman interpreta uma mulher de muita classe transitando em território estrangeiro e atormentada pelo ambiente que a rodeia, que de alguma forma evoca fantasmas de seu passado. Em Stromboli, essa condição se reflete na própria atriz, que acabava de sair de Hollywood, onde era uma estrela e passou a ser julgada como uma destruidora de lares, após Rossellini abandonar sua primeira esposa (a atriz Anna Magnani) para ficar com ela. Lidando com um novo tipo de cinema, de poucos recursos, com atores não profissionais, em cenários áridos, sem dominar o dialeto local, sem a produção completa a que estava acostumada, Bergman teve muitas dificuldades de adaptação e ainda tinha sobre si a pressão da mídia que lhe aplicava julgamentos morais. Rossellini buscava autenticidade na história de Karin, uma mulher fina que acaba se casando por força das circunstâncias com um pescador simples e sendo obrigada a ir morar na vulcânica ilha de Stromboli em condições precárias, por isso não poupou Bergman de sofrer junto de sua personagem. O isolamento do local a obriga a vagar atrás de um sentido para o rumo que havia escolhido na vida. O vulcão, seu cheiro sulfúrico e sua ameaça latente de erupção ampliam o desespero de Karin. A pobreza material, a condição de entrega e imobilidade dos nativos, a moralidade com que ela é vista por eles, aos poucos a cercam e não lhe resta outra opção senão a de resistir para não ser engolida por aquele meio. Toda a dramaturgia da obra reside nesse contraste entre o interior e o exterior, entre os sentimentos cada vez mais angustiantes de Karin e a condição quase inóspita da ilha. Aos poucos, o diretor aproxima esses dois lados em reflexos que expõem a espiritualidade do local e a aridez do coração da mulher. Muito católico, era próprio dele tratar a figura feminina moderna como uma forma de corrupção para aquele povoado tradicional e religioso. Aos poucos ela é absorvida por aquele meio até se verter na sofredora figura feminina exaltada pela ideia cristã da mulher como ser de abnegação e sacrifício. Rossellini abriu mão de muito do que tinha estipulado em sua fase inicial do neorrealismo italiano a fim de se aprofundar nesse cinema mais intimista, sobre o individuo, e menos sobre a análise social coletiva. Dos inúmeros planos-sequência que eram tão próprios do movimento, ele partiu para mais cortes e mais close-ups, a fim de intensificar a sensação de sufocação e agonia crescente em Karin. A iluminação natural prevaleceu, só que desta vez usada em favor do rosto de Bergman, sempre absorvido pela escuridão das passagens noturnas, para na manhã seguinte se revelar mais abatido e consternado do que no dia interior, acompanhando assim o gradual desmoronamento físico e psicológico dela. Ver a estrela magna de Hollywood se livrar de qualquer vaidade para encarar de cara limpa, sem os artifícios farsescos da dramaturgia do cinema americano da época, um ambiente devastado, um realismo moderno e intimista, é uma experiência com poucos paralelos. A câmera de Rossellini mergulha em cada poro de Bergman, extrai a roupagem da personagem até encontrar a atriz por detrás, penetra em seus tormentos mais íntimos e pavimenta o caminho para sua via-crúcis até a beira do vulcão, onde a mulher finalmente se solta como a força da natureza que é, se livra de qualquer amarra e encara sozinha o destino que lhe aguarda. O cinema nem sempre é a fuga da realidade." (Heitor Romero)

1950 Lion Veneza

49. Gone (I) (2012)

PG-13 | 94 min | Action, Adventure, Mystery

36 Metascore

A woman is convinced her kidnapper has returned when her sister goes missing.

Director: Heitor Dhalia | Stars: Amanda Seyfried, Jennifer Carpenter, Wes Bentley, Daniel Sunjata

Votes: 46,377 | Gross: $11.65M

12 HORAS

"Mais interessante do que a superfície transparece. Embora não haja a marca autoral (e competente) de Heitor Dhalia (e é uma pena que é mais do mesmo), pelo menos seu filme diverte. Lamenta-se o fracasso comercial." (Alexandre Koball)

Um roteiro desastroso.

"Agora, em 2012, joga quase toda a expectativa em torno de seu nome no lixo com esse enlatado norte-americano chamado "12 Horas". Digo quase porque Dhalia provou com seus primeiros trabalhos saber exatamente como explorar a linguagem de cinema de maneira mais inteligente, tanto na forma quanto no teor das obras. Somam-se a isso, as entrevistas dadas pelo diretor sobre 12 Horas. Ele assume a total interferência do produtor e o desejo de abandonar por diversas vezes a produção. Não deve ter feito por pura questão contratual, multa e afins, mas o preço por embarcar nessa Dhalia já pagou: ter a completa noção da porcaria que fez. A lógica de boa parte do cinema norte-americano é, desde sempre, o mercado. Até aí nenhum problema. Muitos filmes rentáveis comercialmente são ricos do ponto de vista artístico – ou ao menos, não são pobres. O mais contraditório é o total fracasso nas bilheterias dos Estados Unidos mesmo com o roteiro esquemático, pronto para captar a atenção de adolescentes desesperados para ver o óbvio. Mas parece que o óbvio foi excessivo. "12 Horas" não consegue sequer manter o mistério. Logo no começo, a indelicadeza geral da atenção dada a um determinado sujeito faz as apostas recaírem imediatamente sobre ele. A vontade de torcer até o final por uma surpresa digna é grande, mas a opção é dar o final mais comum. O que é pior neste caso: a lição, a mensagem, é estarrecedora de tão reacionária. Para se chegar lá, passa-se por todos os elementos básicos de um thriller deste calibre. A protagonista desacreditada por todos e tachada de louca precisa provar sua sanidade enquanto corre contra o tempo para ser a heroína do enredo. Mas, coitada, nem a polícia quer apoiá-la e ela precisa fazer justiça com as próprias mãos. Em meio a isso, um novato da lei acreditará nela e outros tantos personagens serão inseridos como forma de tentar abrir o leque de possíveis culpados – na possibilidade de Jill estar sã, claro. Tudo isso para salvar a irmã, acredita-se, raptada pelo mesmo homem que um ano antes teria levado Jill para o meio de um reserva florestal com o intuito de matá-la. Para nosso desespero, entretanto, a garota escapou, dando origem ao filme. Enfim, para enrolar o espectador por 90 minutos com essa trama, toda a sorte de absurdos poderá ser vista. A começar pelos diálogos terríveis – o roteiro é o grande ponto negativo. As formas pelas quais Jill consegue outros dois carros para continuar com a busca são risíveis. Mas, ok, o roteiro não iria dificultar ainda mais a vida da pobre heroína. Se for para ajudá-la, pode contar com o texto de Allison Burnett. Quanto à polícia, plausível que investigações fracassem e que a vítima seja desacreditada por seu abalo psicológico. Mas não precisava exagerar no número de profissionais incompetentes, o que se estende para uma espécie de analista e assistente social. Mas cabe aos policiais o show de bananice, tanto dos investigadores, como dos soldados. Chega a ser ridículo a espera de dois deles por reforço para abordar o carro de Jill estacionado em uma loja quando a garota começa a se tornar problema para as autoridades. Pior ainda é a fuga. Além disso, na tentativa de manter na mente do público a pergunta: ué, estaria essa menina mesmo louca? o roteiro investe em um problema de alcoolismo da irmã com o único intuito de haver a possibilidade de ela ter tido uma recaída. Isso levantaria suspeitas sobre a veracidade de seu possível rapto. Mas ainda pior é toda a lógica que permeia a história. As situações que movem a garota à frente são estapafúrdias. Mas sua competência, claro, poderia lhe render uma vaga na fraca polícia local. Deveriam abrir vagas urgentemente, por sinal. 12 Horas, infelizmente, é totalmente incapaz de surpreender e de sair dos contratempos e tipos comuns. O final e sua lição são absurdos... Assim como o começo e o meio. Dhalia não é o grande culpado. O produto inicial já era fraco. A partir disso, até que investe em uma direção comum e pouco arriscada. Fez o possível dentro do excesso de limitações, mas se contentar com isso parece muito decepcionante para quem surgiu chamando a atenção pela qualidade."(Emilio Franco Jr.)

"A vantagem de ver diretores brasileiros trabalhando sob encomenda nos EUA é que podemos testemunhar, de perto, como opera a máquina de moer dos produtores de Hollywood. Em entrevistas, Heitor Dhalia, diretor de Nina, O Cheiro do Ralo e À Deriva, que está estreando na indústria de lá com o suspense ''12 Horas'' (Gone), diz que não podia sequer ensaiar com a atriz Amanda Seyfried sem que o produtor Tom Rosenberg estivesse presente. O irônico dessa situação - trabalhar de mão de obra barata, como o próprio Dhalia diz, sem ter qualquer poder de decisão - é que 12 Horas é um filme muito mais interessante do que os três longas anteriores e "autorais" do diretor. No Brasil, Dhalia carrega consigo uma suposta assinatura de autor (seus filmes têm fotografia carregada e moral definida; portanto, na opinião da mídia, têm personalidade) que se sobrepõe aos filmes em si. Por ser um produto hollywoodiano de gênero, ''12 Horas'' não dá espaço a essa ambição de artista. O suspense parte da clássica situação da vítima que se vinga de seu agressor. Depois de escapar de um maníaco assassino, Jill (Seyfried) agora vive em estado de alerta: faz artes marciais, mapeia o parque onde foi atacada, evita estranhos à noite. Quando sua irmã desaparece, Jill tem certeza de que aquele mesmo maníaco - que agora estaria armando uma isca para pegá-la de vez - é o responsável. O problema é que ninguém na polícia, claro, acredita em Jill. Nada em ''12 Horas'' vai fazer história. Há dos clichês mais básicos, como o gato preto que pula na frente da câmera, à estrutura mais manjada, como estabelecer coadjuvantes desnecessários (o policial bonzinho, o namorado da irmã) que só servem para estufar o whodunit com meia-dúzia de potenciais suspeitos pelo crime. 12 Horas não vai para o portfólio de ninguém, enfim. Mas há na forma enganosamente impessoal que Dhalia filma Seyfried pelas ruas de Portland, em meio a tantos homens sem identidade - quase todos encapuzados, de costas ou nas sombras, e aqueles que mostram o rosto não têm relevância no filme -, a criação de uma situação autêntica de opressão. Não é apenas o caso de uma garota que foi vítima de uma violência, mas de uma garota com jeito frágil que enfrenta solteira o inverno molhado da cidade, com seu carrinho econômico em meio a um universo masculino de SUVs, jipes e caminhonetes. E de repente, no trabalho de encomenda que é "12 Horas", dá pra perceber aqui e ali a mesma visão de mundo desesperançada de um Nina. O que torna esse enlatado hollywoodiano tão interessante dentro da "obra" de Dhalia é que a misantropia e o mal-estar - tão mal elaborados em seus filmes anteriores - ganham num thriller de vingança, subgênero que acomoda bem esses sentimentos, um sentido de ser." (Marcelo Hessel)

"Quem se propõe a assistir a um thriller quer adrenalina na veia. Quer ficar tenso e inquieto na poltrona. Nada mais frustrante, portanto, que se sentir relaxado vendo um filme desprovido de emoção se desenrolar diante dos olhos. ''12 horas'' é assim, frio e cinzento como os bosques de Portland onde foi rodado. Com roteiro de Allison Burnett (do fraco Anjos da Noite: O Despertar), a estreia do brasileiro Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo) em Hollywood carece de curva dramática - aquela variação da intensidade da trama em relação ao tempo -, essencial num filme do gênero. A historia do longa gira em torno de Jill (Amanda Seyfried, de A Garota da Capa Vermelha), uma jovem que tem de lidar com o desaparecimento da irmã Molly (Emily Wickersham, de Eu Sou o Número Quatro), que some misteriosamente de casa. O sumiço da irmã faz emergir em Jill os traumas de um sequestro que ninguém acredita ter acontecido. Ela afirma ter sido a única a conseguir escapar de um serial killer tempos atrás e acredita agora que sua irmã é vítima do mesmo criminoso. A polícia a ignora completamente, já que nunca houve qualquer prova de que um dia tenha sido sequestrada de fato - os tiras pensam que ela sofra de alucinações. Diante disso, Jill parte sozinha para encontrar o assassino e salvar sua irmã, se é que ela foi mesmo sequestrada. O mote nada tem de original, mas se bem engrendrado poderia ao menos render uma produção mediana. O problema é que a partir desse ponto a história é soterrada por uma avalanche de pistas falsas com pretensão de iludir o espectador. A certa altura, se um extraterrestre surgisse na tela não causaria grande furor. Seria até bem-vindo para tirar a audiência do marasmo. A pergunta-chave do filme é: Jill realmente está certa ou aqueles olhos arregalados denotam apenas uma mente perturbada? Isso, claro, você só descobre no fim da trama num desfecho pra lá de insosso. A miscelânea de tentativas frustradas de se fazer suspense, encabeçadas por uma Amanda Seyfried histérica e chata, não resulta em clima de tensão e cansa com o passar do tempo. A adrenalina de 12 Horas não é intravenosa nem de uso tópico. É inexistente." (Roberto Guerra)



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