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77 titles
- DirectorClark JohnsonStarsSamuel L. JacksonColin FarrellMichelle RodriguezAn imprisoned drug kingpin offers a huge cash reward to anyone that can break him out of police custody, and only the L.A.P.D.'s Special Weapons and Tactics team can prevent it.[Mov 04 IMDB 5,9/10] {Video/@@@} M/45
S.W.A.T. - COMANDO ESPECIAL
(S.W.A.T., 2003)
Mais um filme de ação holywoodiano altamente clichê e dispensável.
''Já está ficando repetitivo: cada vez mais Hollywood vem desperdiçando bons temas com filme fracos. S.W.A.T. é mais um deles. Teoricamente, o diretor Clark Johnson teria um material incrível nas mãos, afinal a SWAT (Special Weapons And Tactics) é uma das polícias mais treinadas e habilidosas de todo o planeta. Não deveria ser difícil fazer um filme interessante e excitante com um elemento desses. Mas conseguiram: com excesso de desleixo, SWAT é um filme mal acabado, com um roteiro onde jorram clichês e personagens incrivelmente forçados o tempo todo, até chegar no seu clímax (ou anti-clímax) risível e chato. Diretor conhecido de seriados de televisão, incluindo vários conhecidos policiais e de ação, como NYPD Blue, Lei e Ordem e The Shield, Johnson mostra-se incapaz de filmar as seqüências de ação e tensão como elas deveriam ser: tensas. Todas essas cenas em SWAT são confusas e mal realizadas, às vezes com câmera de mão e amadora (numa tentativa de dar um tom mais documental ao filme, talvez), onde uma tremedeira impossibilita sabermos o que realmente está acontecendo; outras com planos abrangentes, mas cortes rápidos, geralmente mal executados... enfim, a passagem do diretor da televisão para o cinema não foi muito bem feita pelo diretor. Em algumas cenas de conversação há alguns zooms bem primitivos, típicos de televisão. Repare só na cena em que dois membros da equipe vão se explicar para o chefe, após a cena de ação inicial (e depois a conversa deles no vestuário). Além disso, o próprio conteúdo das cenas é altamente forçado (embora isso era esperado, afinal é mais um filme de ação descerebrada de Hollywood) e em vários momentos gera muitas risadas não-intencionais, como na cena em que um bandido oferece uma alta recompensa para ser libertado, e uma gangue, ao melhor estilo do game Max Payne, intercepta o comboio que o transportava no centro da cidade, gerando uma guerra urbana absurda, para não dizer ridícula. Não quero aqui entrar em grandes detalhes do roteiro (se é que havia um roteiro para o filme), então só vou dizer que a cena final, uma tentativa do diretor de criar uma grande surpresa e uma batalha pessoal entre dois importantes personagens, é muito, mas muito mal executada, totalmente anti-climática: a melhor cena havia acabado de acontecer, e o diretor ainda nos força a assistir mais 10 minutos de enrolação entre esses dois personagens. Confesso que foi difícil não sair da sala naquele momento... O filme é levado pela dupla Colin Farrell e Samuel L. Jackson. O primeiro é um ex-membro da SWAT que foi rebaixado e agora tem que trabalhar num serviço inferior na corporação. Ele está tentando voltar ao time. O segundo é um cara da velha guarda da SWAT que, num momento difícil para a corporação, é chamado para montar uma nova equipe. Ambos têm um relacionamento que lembra o dos personagens de Denzel Washington e Ethan Hawke no ótimo Dia de Treinamento, uma espécie de professor e aluno. Essa, pra mim, é a parte mais interessante do filme, embora também nada original (como todo o resto). Aí o filme adquire um humor sarcástico e possui um desenvolvimento razoável dos personagens. Quando entra Michelle Rodriguez (Velozes e Furiosos, Resident Evil...), porém, tudo descamba novamente. Creio que eu já disse em algum lugar que ela é uma atriz de uma face só: a sonolenta. Pra mim SWAT confirma a atriz como uma das piores desta nova geração. Como o título da obra de Nelson Rodriguez diz... bonitinha, mas ordinária. Finalmente, ainda temos outros vários coadjuvantes, recheados de excepcional forma física (como não poderia deixar de ser, afinal eles estão na SWAT, oras) mas muito pouco carisma. Tanto que, quando acontece uma traição dentro do grupo, fica difícil se importar com o fato. "SWAT" é um filme de alto orçamento. Custou 80 milhões de doletas (nos EUA arrecadou mais de 100, por isso já começam a especular sobre uma continuação) e, sendo assim, é bem realizado tecnicamente, ainda que o diretor não ajude muito. O filme conta com tiros, explosões, diversos tipos de armas, mortes, uma barulheira danada (quem curte o game Counter Strike vai se sentir em casa). Tudo isso para tentar distrair o espectador do roteiro medíocre e história banal. Em termos sonoros, o melhor mesmo é a musiquinha do seriado, que a equipe canta durante uma festa, em cena já mostrada no trailer. Não é exagero dizer que este é não somente um dos piores filmes de ação do ano, como um dos piores filmes de todos os gêneros do ano. E olha que em 2003 temos ainda A Liga Extraordinária, Era Uma Vez no México, Casseta & Planeta, O Núcleo, + Velozes + Furiosos... Bem, a lista poderia ir longe, mas não importa agora. De qualquer forma, Collin Farrell, o novo galã e xodó dos estúdios em Hollywood, poderia ter escolhido um trabalho muito melhor. Que o grande papel da sua carreira até o momento, Alexandre, o Grande, demonstre sua melhor forma. Em S.W.A.T. - Comando Especial" ele é apenas uma caricatura de Hollywood, que a maioria já cansou de ver." (Alexandre Koball)
"Num ano difícil para os filmes de ação, quando pouquíssimos blockbusters milionários conseguiram recuperar seus investimentos, 'S.W.A.T.' (2003) chegou como uma boa surpresa. Diferente da extremamente pretensiosa concorrência, a produção entrou em cartaz nos Estados Unidos com alarde mediano e conseguiu um resultado positivo, apesar de pertencer a um gênero que parece estar começando a perder o interesse do público: o das adaptações de seriados de TV. Mas é justamente aí que está o maior mérito de S.W.A.T.. Apesar de utilizar os mesmos nomes de alguns personagens do seriado, o filme não parece nem um pouco preocupado em ser uma adaptação e faz as ligações com o original da maneira mais inteligente possível: através de pequenas homenagens aos elementos mais memoráveis da antológica série. Pra começar, na telona, o S.W.A.T. da TV é simplesmente um programa que os policiais assistem e gostam. A boa saída viabiliza a utilização da clássica música-tema do seriado, que virou uma espécie de "mascote" dos membros do Esquadrão de Armas e Táticas Especiais (Special Weapons And Tactics). Claro que S.W.A.T. não é nenhuma obra-prima. O roteiro tem momentos previsíveis, o desenvolvimento dos personagens é superficial, etc. Mas a ação, graças à direção competente de Clark Johnson (diretor de seriados policiais como The shield e Nova York contra o crime), é bem estruturada, intensa e, principalmente, divertida. Há um bom-humor geral na produção. Não há personagens excessivamente taciturnos ou estereotipados. Até o vilão (Olivier Martinez, de Infidelidade) é bastante simpático, assim como Samuel L. Jackson, que também parece extremamente tranqüilo no papel do sargento Dan Harrelson. Na história, depois de ser afastado das ruas - conseqüência de um acidente causado pelo seu parceiro -, o oficial Jim Street (o canastrão do bem Colin Farrell) é punido e acaba trabalhando no depósito da S.W.A.T., mesmo sendo um dos melhores homens de seu esquadrão. Sua chance de redenção chega seis meses depois, quando o sargento Hondo (personagem criado no seriado de TV) volta à ativa com a missão de recrutar o dream team do departamento, para melhorar a imagem da S.W.A.T. junto à opinião pública. Detestado pelo seu oficial superior, Hondo consegue formar um time de primeira, que inclui Street, Deke (LL Cool J) e Sanchez (Michelle Rodriguez, sorrindo pela primeira vez em sua carreira!), a primeira mulher na divisão. O que o sargento não desconfia é que sua equipe terá que enfrentar um dos maiores desafios que a S.W.A.T. já encarou... eles terão de transportar um criminoso internacional chamado Alex Montel (Martinez) para uma prisão de segurança máxima no meio do deserto. Para aumentar o grau de dificuldade, o malfeitor ofereceu, na frente das câmeras de TV, 100 milhões de dólares para quem conseguir tirá-lo da cadeia. Não demora para que todos os mercenários e bandidos do Estado criem uma verdadeira guerrilha urbana para tentar soltar o mafioso... Enfim, duas horas de entretenimento que não ofendem o espectador. Algo impossível de dizer dos dois últimos filmes baseados em programas de TV - As Panteras: Detonando e Sou Espião - duas bombas que nem a S.W.A.T.' conseguiria desarmar." (Erico Borgo)
Columbia Pictures Corporation Original Film Camelot Pictures Chris Lee Productions Illusion Entertainment
Diretor: Clark Johnson
101.913 users / 1.924 face
Soundtrack Rock = The Rolling Stones + Linkin Park + Jimi Hendrix + Jane's Addiction
Check-Ins 35 35 Metacritic
Date 29/07/2012 Poster - # - DirectorGordon ParksStarsRichard RoundtreeMoses GunnCharles CioffiA crime lord hires black private eye, John Shaft, to find and retrieve his kidnapped daughter.[Mov 07 IMDB 6,5/10] {Video/@@@@}
SHAFT
(Shaft, 1971)
''John Shaft , um investigador durão, é contratado para localizar uma jovem adolescente que foi seqüestrada, mas acaba no meio de uma guerra entre traficantes. A produção foi premiada com um Oscar de Melhor Canção Original.'' (Filmow)
"Can you dig it?" (Bernardo D I Brum)
44*1972 Oscar / 29*1972 Globo
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Shaft Productions Ltd.
Diretor: Gordon Parks
10.427 users / 778 face
Soundtrack Rock = Isaac Hayes
Check-Ins 36
Date 31/07/2012 Poster - ##### - DirectorStanley KubrickAnthony MannStarsKirk DouglasLaurence OlivierJean SimmonsThe slave Spartacus survives brutal training as a gladiator and leads a violent revolt against the decadent Roman Republic, as the ambitious Crassus seeks to gain power by crushing the uprising.[Mov 10 Fav IMDB 8,0/10] {Video/@@@@@}
SPARTACUS
(Spartacus, 1960) Obra Prima
*****
''Se "Spartacus" tornou-se o superespetáculo preferido das esquerdas do mundo, isso se deve sobretudo a seu tema: uma revolta de escravos contra Roma. A seu tempo, porém, "Spartacus" tinha algo mais para seduzir os descontentes com o regime capitalista. As superproduções era uma arma política apontada contra qualquer progressismo. As batalhas envolvam os romanos (portanto pagãos,portanto ateus, portanto comunistas) contra judeus ou cristãos. "Spartacus" foi episódio em que oprimidos se opõem aos poderosos. A beleza das alegorias, ninguém as entende, nem as de direita, nem as de esquerda, e Stanley Kubrick e Kirk Douglas puderam tocar a vida.'' (* Ináco Araujo *)
*****
''Spartacus" pode ser um modo de lembrar que hoje é preciso pagar pela farra dos dias passados. Não que seja um mau filme, longe disso: tudo é forte na história da revolta dos escravos da Roma Antiga, uma espécie de paradigma de todas as revoltas sociais. Mas, justamente por isso, o filme mostra, do homem, o melhor e o pior: o sentido de liberdade e o desejo de opressão. Mesmo sem ser um projeto pessoal de Stanley Kubrick, pode-se pensar nele como um.'' (** Inácio Araujo **)
[lue]*****
****
''Há duas maneiras de encerrar o primeiro de Maio: uma delas é assistindo "Spartacus". O fato de ser escrito por Dalton Trumbo sobre um livro de Howard Fast, portanto afina flor do comunismo literário americano, não é gratuito. Foi Kirk Douglas quem defendeu esses campeões da Lista Negra e quem confiou o filme a Stanley Kubrick, cujas ideias fortes se chocaram com o ator. Nem por isso ai resultou um mal espetáculo.'' (*** Inácio Araujo ***)
*****
''Jean Simmons não era apenas uma boa atriz. Foi a atriz oficial das superproduções envolvendo Roma. Normalmente ela era a boa cristã que amava um romano que vivia feliz da vida até que resolvia se converter e a vida dele virava um inferno. Em linhas gerais era isso. Em "Spartacus", ela é a garota enviada pelos romanos para satisfazer o gladiador Spartacus. Este se recusa a transar com ela dessa forma. Inútil dizer: Varinia, a moça, acompanhará o ex-gladiador em seu destino depois que ele passa a comandar a rebelião de escravos contra o Império Romano, por volta do século 1º a.C. Jean era o mais perto possível do cristianismo. O filme foi escrito por Dalton Trumbo a partir de um romance de Howard Fast. Ambos comunistas de carteirinha. Stanley Kubrick não era, mas era bem esquerdista. Se fosse hoje e por aqui, essa galera toda estava na mira.'' (**** Inácio Araujo ****)
*****
''Spartacus" narra a história de uma revolta de escravos na Roma antiga. Ou seja, uma revolta sem esperança: seu inimigo era o império mais poderoso de seu tempo; talvez de todos os tempos. Percebe-se o traço marxista – em versão americana da Guerra Fria, tendo como mediadores os escritores comunistas Howard Fast e Dalton Trumbo, ambos cientes de que lutavam uma luta perdida (comunistas nos EUA). Ao mesmo tempo, e por isso, trabalhando dentro do valor por excelência do cinema americano: a ética. "Spartacus" é produto dessas contradições e talvez por isso mesmo um belo filme.'' (***** Inácio Araujo *****)
''O melhor filme de gladiadores ganha uma ediçãoespecial para comemorar os 55 anos de lançamento. Kubrick já apresentava seu rigor plástico de enquadramentos, que levaria depois ao extremo com 2001 e Barry Lyndon, mas associado a um ritmo rápido de narrativa. O grande momento do subestimado Kirk Douglas como gladiador que comanda uma revolta de escravos romanos. Tudo é grandioso e funciona bem. Principalmente o elenco estelar, que reúne Laurence Olivier, Peter Ustinov, Jean Simmons e Tony Curtis.'' (Thales de Menezes)
''Não há dúvida de que, tecnicamente falando, Stanley Kubrick, é talvez o maior diretor de todos os tempos. Ele pode criar uma atmosfera obscura como ninguém, mas ele tende a arruinar seus roteiros, como fez com Laranja Mecânica. E há apenas um de seus filmes, que eu não tenho nenhuma queixa sobre o script, e é o filme em questão , então eu posso dizer que este é para mim, o melhor de seus filmes, apesar de ter sido muito difícil de escolher. ''Spartacus'' (Kirk Douglas), um homem que nasceu escravo, labuta para o Império Romano enquanto sonha com o fim da escravidão. Ele, por sua vez, não tem muito com o que sonhar, pois foi condenado morte por morder um guarda em uma mina na Líbia. Mas seu destino foi mudado por um lanista (negociante e treinador de gladiadores), que o comprou para ser treinado nas artes de combate e se tornar um gladiador. Até que um dia, dois poderosos nobres chegam de Roma, um com a esposa e o outro com a noiva. As mulheres pedem para serem entretidas com dois combates até morte e Spartacus escolhido para enfrentar um outro gladiador, que vence a luta mas se recusa a matar seu oponente (''Spartacus''), atirando seu tridente contra a tribuna onde estavam os romanos. Este nobre gesto custa a vida do gladiador negro e enfurece Spartacus de tal maneira que ele acaba liderando uma revolta de escravos, que atinge metade da Itália. Com performances maravilhosas de Douglas e, principalmente por Laurence Olivier e Charles Laughto , este é um verdadeiro épico clássico. Agora, deixe-me explicar o verdadeiro significado do clássico. Não é apenas um bom filme. Um clássico é um filme que, independentemente de ser bom, inspirou filmes futuro, não sou eu que estou dizendo isso, é o significado real da palavra clássico. Então, quando você vê um excelente filme como Coração Valente (e quase todos os épicos), que teve uma série de elementos de "Spartacus", você verá que este filme é um verdadeiro clássico. É o romance que pode fazer o filme um pouco chato às vezes, mas sem ele, iríamos perder cenas fortes no filme, como a última, pois se não houvesse toda a história de amor, perderia completamente o seu impacto, e faria a cena parecer falsa (Vale à pena, pois é talvez a melhor cena do filme). Mas quando estamos falando sobre a ação, este filme não decepciona, considerando que eu assisti Ratatouille no mesmo dia eu assisti este aqui, a rebelião do centro de treinamento, me lembrou dos ratos se rebelando no filme da Pixar, a imagem de escravos se rebelando, como ratos fugindo é muito impressionante e bem filmada. E com Kubrick filmando com distância para que possamos ter a idéia da quantidade de pessoas estavam fugindo, é admirável. Veredicto: Um clássico, por um dos melhores diretores de todos os tempos. Tecnicamente perto da perfeição. E com umas das melhores atuações da história." (Dimitri Yuri)
''Spartacus'' foi a primeira grande produção de Stanley Kubrick, trabalhando como diretor contratado de estúdio, um emprego conseguido por Kirk Douglas, com quem havia feito o anterior Glória Feita de Sangue. A experiência, porém, não foi bem vista por Kubrick, que depois de concluída a pós-produção do filme decidiu nunca mais trabalhar para um estúdio novamente. Quem fala sobre um dos grandes épicos do cinema é Robson Galluci, no quinto filme deste especial. Spartacus foi o filme mais importante para a carreira de Stanley Kubrick. Antes que o leitor fique indignado ao ver obras como 2001 ou Laranja Mecânica preteridas em relação a esse épico, devo lembrar que há uma considerável diferença entre “filme mais importante da carreira” e “filme mais importante para a carreira”. Spartacus foi uma experiência bastante traumática para Kubrick: contratado por Kirk Douglas, produtor executivo e ator principal do projeto, para substituir Anthony Mann, o diretor sentiu-se amarrado durante toda a produção — suas idéias raramente batiam com as de Douglas, que tinha a palavra final. Foi por causa de Spartacus, portanto, que Kubrick decidiu que nunca mais trabalharia como diretor contratado — garantiu que, dali em diante, só entraria em projetos nos quais tivesse liberdade criativa absoluta. E é por esse motivo que considero o filme como o mais importante para a carreira do diretor; foi o estopim que permitiu a realização das posteriores obras-primas do cineasta. É um exercício interessante comparar Spartacus com os primeiros filmes de Kubrick, A Morte Passou por Perto e O Grande Golpe (Fear and Desire não conta, já que era renegado pelo próprio diretor e foi tirado de circulação): se nestes podemos perceber os primeiros traços de um jovem que um dia se revelaria um gênio, em Spartacus podemos ver o mesmo realizador de antes, já em condições de fazer um filme brilhante (afinal, a obra anterior do cineasta fora o inesquecível Glória Feita de Sangue), mas não fazendo, por algum motivo. É a diferença entre esse sujeito ainda vai filmar uma obra-prima e ele poderia ter feito melhor dessa vez. Isso não significa que ''Spartacus'' seja ruim ou medíocre, pelo contrário. Embora não esteja à altura das obras subseqüentes (com exceção de Lolita), o filme é um ótimo épico, mesmo tendo vindo depois de Ben-Hur. E, apesar de tudo, não há como negar que foi dirigido por Stanley Kubrick: sua assinatura inconfundível está lá, mesmo que um pouco apagada. Na beleza estética, podemos reconhecer o Kubrick que mais tarde nos presentearia com Barry Lyndon; no fundo político da trama, o Kubrick que mais tarde faria Dr. Fantástico e Laranja Mecânica; na escala grandiosa do filme, o Kubrick que mais tarde mostraria ao mundo seu épico peculiar, 2001: Uma Odisséia no Espaço. Sem mais delongas, um resumo do enredo: ''Spartacus'' é um escravo trácio comprado por Lenulus Batiatus (Peter Ustinov, irrepreensível), que possui uma escola onde treina gladiadores. Durante uma visita do general Marcus Licinius Crassus (Laurence Olivier), Batiatus é persuadido a realizar dois combates que deverão se estender até que um dos oponentes morra. A situação é especialmente traumática para os escravos, que se vêem obrigados a lutar até a morte contra um amigo. A conseqüência é o início de uma rebelião na escola de gladiadores — rebelião que ganha aos poucos proporções épicas e se transforma no maior levante de escravos da história de Roma. Do outro lado, no Senado romano, estão o próprio Crassus, que vê na revolta uma oportunidade para adquirir poder, e Gracchus (Charles Laughton), que procura a solução que cause menos transtornos. Um fator que diferencia ''Spartacus'' de outros épicos, e onde já se manifesta a marca de Kubrick, é que o maniqueísmo aqui é bem mais moderado. Todos os escravos são retratados como pessoas boas, simples, fazendo brincadeiras entre si, sem defeito algum, praticamente, mas o mesmo não ocorre no núcleo romano da história (que, por sinal, é o mais envolvente). Tomemos Gracchus como exemplo: simplificando as coisas, ele seria um dos mocinhos do filme, mas não é mostrado em momento algum como alguém perfeito ou completamente virtuoso — há inclusive um momento em que ele diz: política é uma profissão prática. Se o criminoso tem o que você quer, negocie com ele., o que, infelizmente, não deixa de ser verdade. Esse fundo político da trama, aliás, é um dos melhores aspectos de Spartacus, e mais um que traz a marca de seu diretor. (O filme foi acusado de ser comunista na época de seu lançamento, e ainda trazia Dalton Trumbo, que estava na lista negra de Hollywood, nos créditos.) É extremamente interessante acompanhar as jogadas (não há outra maneira de defini-las) dos senadores romanos, que não pensam duas vezes antes de manipular alguém ou se utilizar de uma oratória invejável com o objetivo de enfraquecer uma visão contrária à sua. Usando mais uma vez Gracchus como exemplo: a certa altura do filme, ele indica Marcus Glabrus (John Dall), comandante da Guarda Romana e pupilo de Crassus, para ir ao encontro do exército de Spartacus e vencê-lo. O ponto é que há uma grande chance de Glabrus perder o combate e voltar humilhado — e, assim, quem o substituiria seria o comandante provisório (que, por sua vez, é pupilo de Gracchus). Outros momentos ótimos são as estratégias e contra-estratégias de Gracchus e Crassus, das quais não vou falar aqui por ocorrerem já com o filme bastante avançado. E chegamos a Crassus, que pode ser definido como o vilão da história… mas as coisas não são tão simples quanto parecem. Como dito acima, Spartacus é um filme que foge do maniqueísmo em certo aspecto — e isso é notável quando se trata do personagem do general. Embora o roteiro dê a oportunidade de retratá-lo como um homem maléfico e terrível, Crassus se mostra como alguém que simplesmente decidiu se adaptar ao seu meio — Roma, no caso. A cena em que ele diz ao seu criado que Roma domina o mundo inteiro, e que a única escolha inteligente é admirá-la e servi-la, revela bastante de sua personalidade. Crassus considera Roma um império indestrutível, e vislumbra a chance de chegar ao poder. Méritos para Kubrick e, principalmente, para Laurence Olivier, brilhante — houve momentos em que eu cheguei a torcer pelo general. A direção de Kubrick também é ótima, embora não tão estupenda quanto a dos filmes que viriam a seguir, ou a de Glória Feita de Sangue. As seqüências de ação são incríveis, especialmente a batalha final entre os exércitos de Spartacus e Crassus: antes de ela começar efetivamente, Kubrick gasta vários minutos acompanhando a movimentação das tropas (em tomadas que certamente Peter Jackson viu), estabelecendo um clima de tensão admirável. Lançar um épico com cenas de ação marcantes apenas um ano depois de Ben-Hur e sua espetacular corrida de bigas é coisa para poucos. E, antes que me esqueça, preciso citar aquela que considero a melhor cena do filme: aquela em que Antoninus recita um poema cujo tema é o retorno para casa. É lírica, esplêndida… seria Kubrick ensaiando para 2001? Não há muito mais o que falar sobre Spartacus. Elogiar a fotografia, de Russell Metty, ou a bela seqüência de abertura, do genial Saul Bass, e demais aspectos técnicos seria chover no molhado, repetir o óbvio. Ao contrário das obras posteriores de Kubrick, esse épico (ou melhor, Kirk Douglas) nunca teve a intenção de dar margem a discussões complexas sobre o homem, a guerra ou a sociedade. Inclusive, quando decidi escrever sobre ''Spartacus'', o fiz por imaginar que seria mais fácil (fui preguiçoso, admito). Quase me arrependi da escolha, depois de rever o filme duas vezes em dois dias e contemplar o cursor piscando numa página em branco durante várias horas. Acabei chegando a uma conclusão: é difícil escrever sobre qualquer filme do diretor. Mas isso não deveria ser uma surpresa para mim; afinal, estamos falando de Stanley Kubrick." (Robson Galluci)
''Extremamente atraente visualmente, o épico de Stanley Kubrick “Spartacus” é também um drama bastante humano sobre a luta de um escravo contra a opressão do imponente império Romano. Mesmo sem a costumeira liberdade artística que conseguiria alguns anos depois, Kubrick consegue realizar um excelente trabalho, construindo seqüências maravilhosas e narrando uma história extremamente cativante com a habitual competência. Um escravo chamado ''Spartacus'' (Kirk Douglas), condenado à morte por morder um guarda, é comprado por um agente de gladiadores e levado para ser treinado como tal. Ao ser colocado na arena para servir de espetáculo para dois casais romanos e ser poupado por seu oponente, Spartacus vê crescer dentro de si a fúria contra o império romano, que explode de vez quando sua amada Varinia (Jean Simmons) é vendida e levada para Roma. Sua revolta rapidamente se transforma numa verdadeira rebelião contra Roma, que tomará proporções épicas e terminará de forma trágica para a maioria dos envolvidos. Os gladiadores em “Spartacus” eram homens treinados somente para matar. Seus corpos esculpidos eram capazes de impressionar as mulheres romanas, arrancando sorrisos e olhares nada discretos por parte delas. Por outro lado, estes homens intuitivamente não estabeleciam relações de amizade entre si, pois sabiam que um dia poderiam ter que se enfrentar na arena. Exatamente quando descobre esta particularidade, Spartacus acaba mudando o conceito, e o gladiador que o contestou numa conversa sobre o assunto é justamente aquele que não consegue matá-lo na arena, mesmo com o oponente completamente dominado, justamente por causa da pequena conexão criada entre eles. Esta conexão se transforma então num sentimento muito maior, existente entre todos os gladiadores e escravos, quando Spartacus, ao ver sua amada ser vendida e levada para Roma, inicia sua rebelião. Como podemos perceber, o bom roteiro de Dalton Trumbo (baseado em livro de Howard Fast) é repleto de momentos extremamente marcantes, como a emocionante frase repetida por todos os prisioneiros (Eu sou Spartacus!), após a sangrenta batalha entre romanos e escravos. Além disso, é dono de uma coragem ímpar para sua época, como podemos notar no diálogo entre Crassus (Laurence Olivier) e Antoninus (Tony Curtis) sobre ostras e caracóis, claramente contendo um subtexto homossexual (lembre-se, o filme é de 1960). O jogo de interesses pelo poder também é muito bem retratado no longa, reforçando a qualidade do roteiro de Trumbo. Notável também é o resultado alcançado pela direção de fotografia de Russell Metty (supervisionada tão de perto por Kubrick que Metty pediu para não ser creditado), que destaca cores áridas na primeira parte do filme (marrom, amarelo e bege) refletindo o clima quente e seco em que os escravos viviam, e posteriormente, alterna de cores fortes nas belas planícies para o mergulho nas sombras dentro dos ambientes pouco iluminados da época. O bom trabalho de montagem de Robert Lawrence alterna com consistência entre as seqüências de ação (treinamento, guerra), romance (Spartacus e Varinia) e até mesmo as sutilezas políticas nos bastidores do senado romano. Além disso, a montagem cria um grande momento quando os dois líderes (Spartacus e Crassus) estão discursando para os seus seguidores. A perfeita ambientação à época do império romano se consolida através da boa direção de arte de Eric Orbom e dos belos figurinos da dupla Valles e Bill Thomas, tornando aquele universo bastante crível. A bela trilha sonora de Alex North completa o ótimo trabalho técnico, alternando entre momentos leves e sentimentalistas (quando a cena envolve Varinia) e acordes rápidos e fortes (durante o treinamento), alcançando seu ápice durante a batalha final, em tom triunfal. Mas ''Spartacus'' não é apenas um esplendor técnico. As atuações mantém o bom nível do longa, a começar por Kirk Douglas, que encarna Spartacus, o escravo que virou líder da rebelião, com grande vigor. Sua firmeza na condução de milhares de pessoas demonstra seu extinto nato de liderança, e Douglas é competente ao transmitir a firmeza necessária ao personagem. O ator também se mostra competente nos momentos sutis, como quando diz que Antoninus tem grande valor e que ele tem sede de saber (Um animal aprende a lutar, mas recitar coisas bonitas… Sou livre e não sei ler, quero aprender tudo. Quero saber de onde vem o vento…). Nas palavras de Varinia, Spartacus era forte o suficiente para ser fraco, demonstrando sentimentos e se mostrando alguém bastante humano, como fica claro quando tem a oportunidade de salvar sua pele e da sua família, mas ao invés disso, manda embora quem fez a oferta, extremamente ofendido pela idéia de deixar os outros escravos para trás. Além disso, o romance entre Spartacus e Varinia só é verossímil devido à excelente química do casal. O interesse de Spartacus por Varinia era verdadeiro (Eles a machucaram?), e ela sente isto. A paixão nasce quando ele a trata como uma pessoa, uma mulher de verdade, e não uma escrava sexual que está ali para servi-lo. Esta paixão será o estopim da revolta de Spartacus, que iniciará sua luta contra Roma no momento em que ver Varinia deixar os portões da cidade. Jean Simmons é a parceira ideal para Douglas, vivendo Varinia com sensualidade e sensibilidade. Seus grandes momentos acontecem justamente quando contracena com o escravo, criando empatia com o espectador, como em seu reencontro com Spartacus após ser levada para Roma, o momento em que conta que está grávida e a triste despedida do casal. Completando o elenco, Charles McGraw é bem firme como Marcellus, o ex-gladiador que agora é treinador (Teria o visual de Maximus, de Gladiador, sido inspirado nele?). Peter Ustinov também está muito bem como o esperto agente de escravos Lentulus Batiatus. Repare como ao pressentir que o local estava em ebulição, ele foge sem pestanejar, largando tudo para trás, momentos antes da rebelião se consumar. Charles Laughton tem uma grande atuação como o senador Gracchus, que faz questão de deixar bem claro qual é o único meio de se manter vivo no sujo universo do senado romano (Em Roma, a dignidade encurta a vida mais que a doença). E finalmente, Laurence Olivier cria um Marcus Crassus absolutamente temível, alternando repentinamente seu senso de humor, por exemplo, quando está com Varinia. Sua crueldade fica evidente quando finalmente chega ao poder. Sua sede não era apenas por capturar Spartacus, ele queria “matar a lenda”. Mas suas atitudes tiveram um efeito contrário. Interessante notar como o cruel Crassus se rende ao poder de sedução da mulher quando vê Varinia, levando-a para viver com ele. Por mais cruel que seja, um homem jamais resiste aos encantos femininos. E finalmente, não podemos deixar de destacar o homem responsável por este grande épico. Stanley Kubrick dirige “Spartacus” com a firmeza costumeira, trabalhando nos pequenos detalhes para criar cenas absolutamente inesquecíveis. Repare, por exemplo, o plano deslumbrante da caminhada dos escravos, já livres, filmado de cima de um monte, ou o curioso ponto de vista de Spartacus enquanto aguarda ansioso para lutar na arena, olhando pela fresta da madeira. Kubrick ainda comanda duas seqüências absolutamente sensacionais. A primeira delas é a rebelião dos gladiadores e a conseqüente fuga do local onde eram treinados, filmada com muito vigor e realismo. Ainda mais impressionante é a espetacular seqüência da batalha final, com movimentos orquestrados de mais de oito mil figurantes, movimentos de câmera extremamente ágeis e um ritmo alucinante completamente coerente com o momento, tornando a cena bastante realista. Um exemplo de grande direção. Destaca-se nesta seqüência o excelente trabalho de som que trabalha em pequenos detalhes, como o barulho das espadas, e em grande escala, através dos gritos da multidão. A bela e triste cena final emociona, quando Spartacus, à beira da morte, conhece seu filho, que viverá livre como ele sonhou. O triste desfecho resume bem o fio condutor da trama. A luta de um homem para conseguir ser livre, viver normalmente e ter uma família. E exatamente por retratar esta batalha focando o drama de um homem só que “Spartacus” se torna bastante humano. O espectador se identifica com o drama que vê na tela, o que não aconteceria se apenas acompanhasse milhares de homens lutando em campo aberto, sem saber as motivações de cada um. As razões do conflito ficam claras e o espectador sabe o que está em jogo. “Spartacus” não é o grande trabalho da vida de Stanley Kubrick, que faria depois pelo menos duas obras-primas da história do cinema. Mas nem por isso deixa de ser um grande filme, lindamente fotografado, com uma estória apaixonante e envolvente e, pra variar, extremamente bem dirigido. Contando ainda com excelentes atuações, o longa garante a diversão e prova que as grandes produções podem sim oferecer bom entretenimento, sem ofender a inteligência do espectador.'' (Roberto Siqueira)
33*1961 Oscar / 15*1961 Globo
Bryna Productions
Diretor: Stanley Kubrick
98.685 users / 2.789 face
Check-Ins 38
Date 05/08/2012 Poster - ########## - DirectorWalter HillFrancis Ford CoppolaJack SholderStarsJames SpaderPeter FacinelliRobin TunneyA deep space rescue and recovery spaceship with a crew of 6 receives a distress call from a mining operation 3432 light years away. A rescue operation via dimension jump is made. Bad idea.[Mov 03 IMDB 4,4/10 {Video/@} M/16
SUPERNOVA
(Supernova, 2000)
''Século 22. Uma equipe médica de resgate recebe um pedido de socorro emitido por uma nave mineradora. Porém, o chamado se revela uma traiçoeira armadilha que coloca em risco mortal toda a tripulação. O velho tema do intruso perigoso dentro de uma nave espacial é explorado pela enésima vez. Quem não se lembra de todos os Aliens, de O Enigma do Espaço e de tantos outros no gênero? E pior: sem nenhuma colaboração que possa adicionar qualquer novidade a tudo o que já foi filmado antes. A cãmera - quase sempre em plano fechado - não pára de balançar, como que querendo dar uma sensação de movimento e de flutuação espacial, mas na realidade deixando apenas a platéia mareada. Roteiro fraco e interpretações caricatas explicam o grande fracasso de Supernova nos cinemas americanos, onde seu faturamento não passou de US$ 15 milhões (o custo chegou a US$ 60 milhões!). O resultado é tão desastroso que o diretor Walter Hill (o mesmo de Ruas de Fogo e 48 Horas), decepcionado, preferiu assinar o filme com o pseudônimo de Thomas Lee. Triste destino para James Spader (Stargate, Sexo Mentiras & Videotape, True Colors) que sussurra o tempo todo tentando fazer o gênero do heróis cool. E repare também como a nave espacial parece uma gigantesca furadeira elétrica... Dinheiro jogado fora. Dos produtores e de quem for assistir." (Celso Sabadin)
Hammerhead Productions Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Screenland Pictures United Artists
Diretor: Walter Hill, Francis Ford Coppola, Jack Sholder
12.531 users / 393 face
Check-Ins 55 19 Metacritic
Date 13/09/2012 Poster - # - DirectorWalt BeckerStarsRobin WilliamsJohn TravoltaSeth GreenTwo friends and business partners find their lives turned upside-down when strange circumstances lead them to be the temporary guardians of 7-year-old twins.[Mov 02 IMDB 5,1/10] {Video/@} M/19
SURPRESA EM DOBRO
(Old Dogs, 2009)
"Já vimos isso antes inúmeras vezes. E se Robin Williams continua afiado, não podemos dizer o mesmo do resto do filme, que é equivocado do início ao fim." (Rodrigo Cunha)
Clichê até dizer chega.
''Mais genérico do que o título ''Surpresa em Dobro'', só mesmo o conteúdo deste novo trabalho da Disney, que de surpresa mesmo não tem nada além do nome. Sempre investindo em projetos com atores reais paralelamente à suas animações, a empresa nem sempre acerta a mão em suas produções de carne e osso; e esse é o caso do filme em questão. Para cada Encantada que a Disney realiza, inúmeros filmes ingênuos, bobos, forçados e clichês como este chegam aos cinemas. Indicado a quatro Framboesas de Ouro, é mais um descuido na carreira de Robin Williams e John Travolta, que juntos vêm colecionando uma série de tropeços nos últimos anos. Inicia com algumas montagens mal feitas apresentando a história de Charlie (Travolta) e Dan (Williams), que por trinta anos mantém uma fiel amizade e estão para fechar o negócio de suas vidas, já que são sócios em um agência esportiva. Quando dois pequenos filhos desconhecidos de Dan aparecem, oriundos de uma noite de diversão e muita impulsividade, o dia-a-dia dos dois viram de pernas para o ar, pois são obrigados a cuidar das crianças ao mesmo tempo em que devem manter o negócio milionário de pé. Obviamente, com o passar do tempo, as coisas vão desandar e todos vão aprender que a família é muito mais importante do que qualquer outra coisa na vida. Como acontece no caso de uma história que já foi contada um milhão de vezes, o mais importante não é saber como termina, e sim como tudo se desenvolveu para chegar até lá. Só que isso acontece de maneira equivocada em Surpresa em Dobro, pois seu conteúdo é forçado, ingênuo, falso e sem carisma. Se Robin Williams continua em forma, com piadas precisas e sendo o dono do filme, Travolta e todo o elenco de apoio milionário, composto de pequenas participações de Matt Dillon, Seth Green, Bernie Mac (em um de seus últimos trabalhos), não acertam o tom nunca, limitando-se a caretas, frases prontas pronunciadas em tons duvidosos e personagens totalmente deslocados da trama principal. Mesmo Robin Williams e Travolta demonstram ser péssimas escolhas para seus papéis: velhos demais para serem quem são, os atores estão deslocados e fica difícil crer em suas ações, nos lembrando que aquilo tudo é uma grande brincadeira entre amigos e que não deve ser levado a sério nem por quem não aprecia o cinema mais a fundo. O próprio diretor parece concordar que os atores estão lá pelo nome, para chamar gente para o cinema, pois a todo instante piadas com eles sendo chamados de avô acontecem, inúmeras vezes, ao longo da projeção. O roteiro não cria um arco coerente e sua espinha dorsal é fraca demais para ser levado a sério, deixando todas as mensagens completamente soltas pelo ar e sem nenhum embasamento realmente exemplar para seus pais dialogarem com os filhos; ou o filme acha realmente certo mostrar uma criança espernear até conseguir o que quer? O que será que Surpresas em Dobro realmente agrega ao que se propõe? A resposta é simples: nada, pois nem divertir descompromissadamente para nos fazer esquecer dos defeitos consegue. Lotado de clichês, piadas cansadas de tanto serem exploradas e até animais reagindo à coisas que acontecem por perto (um terrível e desgastado recurso cômico), o filme realmente parece perdido ao tentar agradar as crianças de todas as maneiras. Parece aquele tio que quase não vê o sobrinho e, quando o encontra, fica fazendo piadas idiotas e sem graças para tentar se aproximar. Só que as crianças estão mais espertas e as que forem um pouquinho maiores dificilmente engolirão tais coisas. E já que o roteiro não ajuda, o jeito é mesmo apelar para as piadas físicas, segmento que Robin Williams domina como poucos. Sendo o responsável pelas seqüências mais engraçadas que acontecem (em especial toda a passagem pelo acampamento), ele é realmente o grande nome do elenco, o único que tenta, de fato, fazer alguma coisa enquanto todos os outros caminham no piloto automático. Os demais atores, sem seu talento, ficam a mercê do constrangimento quando colocados lado a lado da grandiosidade de Williams. Sendo assim, piadas de pessoas prendendo os dedos no carro são pequenas demais perto de grandes tiradas, como a chave quebrando o vidro ou a estátua sendo decapitada. É um filme totalmente desbalanceado, até porque, mesmo sendo o ator que é, Williams não parece em momento algum ser alguém que realmente precisa aprender o que está aprendendo em sua vida. Travolta, que quando não está expelindo textos sem o menor esforço, se resume a fazer caretas e exagerar, sem nenhum timming cômico. Faz algumas piadas que, se fossem filmadas hoje, não faria, principalmente as relacionadas à morte, devido a tragédia recente com seu filho. Ele simplesmente não consegue se desprender da imagem de paizão após trabalhos como Olha Quem Está Falando, então fica difícil de acreditar que aquela pessoa, de olhar doce e amável, não gosta e não se relaciona bem com crianças – parte culpa do ator, parte da sua reputação formada com o tempo. Como todo o filme do gênero, onde tudo ocorre bem durante a primeira metade, começam os problemas de relacionamento do meio para o final, que devem ser resolvidos e tentam manter o interesse do público na trama. Mas como ocorrem de maneira pouco orgânica, fica difícil dialogar com as crianças as mensagens que o longa contém: como mostrar para elas a relação de pais muito afastados dos filhos se o filme não trata o tema da maneira que realmente devia? Será que as crianças acharão que aquilo é realmente o que acontece com filhos que cresceram separados dos pais? É um caminho perigoso, ainda mais o jeito que é tratado, de maneira simplista, sentimental, por vezes manipulador. Não emociona pelo fato que não cria um link real entre os personagens e o público. ''Surpresa em Dobro'' é bobo, à moda antiga, inocente. Tenta se focar nas crianças, mas não deve alcançar nem a elas, já que existem inúmeros exemplares melhores tanto nas locadoras como em cartaz nos cinemas – inclusive da própria Disney! Williams e Travolta tentaram fazer algo leve, simples, familiar, mas não dá. Provavelmente funcionará apenas com aqueles que nunca viram essa história ser contada antes, e mesmo assim há riscos de até essas inexperientes pessoinhas não serem fisgadas pela fraca e sem graça isca jogada ao mar. Pense duas vezes antes de perder o seu tempo e dinheiro, a menos que esteja realmente disposto de algo bastante bobo." (Rodrigo Cunha)
Comédia estrelada por John Travolta e Robin Williams é uma piada sem graça de 88 minutos.
''Pense em todas as piadas físicas que você já viu nos filmes: bater cabeça com japoneses na hora de cumprimentar, comer coisas estragadas da geladeira alheia, cuspir e devolver ao refrigerador, remédios que causam efeitos colaterais em aparições públicas, correr de animais selvagens, apanhar feio na hora do jogo e, claro, boladas no saco. Tirando as flatulências, ''Surpresa em Dobro'' (Old Dogs, 2009) deve ter usado boa parte do estoque de chistes disponíveis nos vastos arquivos da Disney. Charlie (John Travolta) faz o estilo charmoso e brincalhão, que entretém as pessoas com histórias engraçadas e se dá bem com as mulheres, enquanto Dan (Robin Williams) é a parte séria e responsável que cuida da apresentação, dos números e relatórios. Os dois são melhores amigos e sócios há cerca de 30 anos e estão prestes a fechar um acordo gigantesco com uma empresa japonesa, algo que vai colocá-los entre os maiores nomes do marketing esportivo. Mas - sempre tem um mas - às vésperas da apresentação final, surgem na vida dos dois tiozões duas crianças de 7 anos. Os gêmeos Zach (Conner Rayburn) e Emily (Ella Bleu Travolta) são filhos de Dan, frutos de um casamento relâmpago regado a muito álcool, festa e a vontade de esquecer um divórcio doloroso. A mãe dos dois está indo passar umas "férias forçadas" e não tem onde deixar os dois. Dan, sem ter para onde correr e com o sonho de voltar a ter uma família, aceita o desafio, mesmo não tendo o menor jeito com crianças. Travolta e Williams se esforçam bastante, mas o roteiro não ajuda. A sequência no acampamento é tão sem propósito que deveria ser usada como exemplo nos cursos de cinema quando o assunto da aula fosse: não desperdice dinheiro do estúdio e tempo do espectador com situações sem graça que nada acrescentam à trama. As crianças, coitadas, também não ajudam. Além de ter uma mãe na cadeia e um pai que não as queria, elas também não tem o menor carisma, tornando difícil a missão de simpatizar com os dois e sua carência. Some toda essa série de pontos negativos e você entenderá porque essa comédia estrelada por John Travolta e Robin Williams é uma piada já testada e aprovada, mas que nem por isso consegue escapar da sina de ser apenas sem graça." (Marcelo Forlani)
Walt Disney Pictures Tapestry Films
Diretor: Walt Becker
25.982 users / 1.939 face
Soundtrack Rock = Pete Townshend + Pizzicato Five + Pizzicato Five + Lifehouse + Wilson Pickett + The Clash + The Hives + Frankie Valli & The Four Seasons + Free + Bryan Adams
Check-Ins 75 22 Metacritic
Date 06/11/2012 Poster - ## - DirectorSidney J. FurieStarsChristopher ReeveGene HackmanMargot KidderThe Man of Steel crusades for nuclear disarmament and meets Lex Luthor's latest creation, Nuclear Man.[Mov 02 IMDB 3,6/10 {Video/@} M/22
SUPERMAN IV - EM BUSCA DA PAZ
(Superman IV: The Quest for Peace, 1987)
''Lex Luthor (Gene Hackman) fabrica um homem(Mark Pillow) com a mesma estrutura molecular de Superman (Christopher Reeve), portanto, com os mesmos poderes. A criatura está programada para destruir o Homem de Aço e, quando o duelo tem início, o confronto se torna uma grande ameaça à paz mundial.'' (Filmow)
Cannon Films Warner Bros Golan-Globus Productions London-Cannon Films
Diretor: Sidney J. Furie
28.118 users / 664 face face
Soundtrack Rock = Jerry Lee Lewis
Check-Ins 90
Date 01/11/2012 Poster - #### - DirectorRichard LesterStarsChristopher ReeveRichard PryorMargot KidderSynthetic kryptonite laced with tar splits Superman in two: good Clark Kent and bad Man of Steel.[Mov 02 IMDB 4,9/10 {Video/@} M/42
SUPERMAN III
(Superman III, 1983)
''Depois do épico Superman: o Filme e das estupendas batalhas de Superman II: A Aventura Continua, muitos imaginaram que nada estrelado pelo Homem de Aço poderia superá-los. Em Superman III, o pensamento prova-se contrário. Gus Gorman (Richard Pryor), um programador de computador quase brilhante junta-se à trama. Em suas mãos, um teclado torna-se uma verdadeira arma. Christopher Reeve retorna em seu mais celebrado papel, aprofundando ainda mais seu álter-ego humano, Clark Kent, quando encontra uma paixão do passado (Annette O´Toole), em uma reunião de sua antiga classe do colégio em Smallville. E quando Superman torna-se seu maior inimigo, após exposição intensa à Krptonita, Reeve interpreta dois papéis com convicção surpreendente. Efeitos visuais incríveis permeiam todo o filme, mas, acima de tudo, pode-se ver coração em todas as cenas.'' (Filmow)
"Lester arruinou a série com esse filme meio surtado, mas, mesmo que os fãs batam o pé contra ele, Evil Superman é um achado da comédia. Poucas cenas possuem um timing cômico tão inspirado quanto as da tocha olímpica ou do Superman bêbado no bar." ](Daniel Dalpizzolo)
DreamWorks SKG Universal Pictures Studio Canal Participant Media Krasnoff Foster Productions Working Title Films
Diretor: Richard Lester
38.567 users / 842 face
Soundtrack Rock = The Beatles
Chuck-Ins 92
Date 28/10/2012 Poster - ## - DirectorMartin McDonaghStarsColin FarrellWoody HarrelsonSam RockwellA struggling screenwriter inadvertently becomes entangled in the Los Angeles criminal underworld after his oddball friends kidnap a gangster's beloved Shih Tzu.[Mov 10 Fav IMDB 7,2/10] {Video/@@@@@} M/66
STE PSICOPATAS E UM SHIH TZU
(Seven Psychopaths, 2012)
"As reviravoltas dos personagens são manjadas e o uso do humor negro é apenas mediano. Faltam grandes cenas de fato e o clímax se arrasta completamente." (Alexandre Koball)
"Longo além da conta e perde um pouco do fôlego no clímax, mas ainda é uma hilariante comédia de humor negro." (Rafael W. Oliveira)
Repleto de momentos inspirados e boas ideias, mas prejudicado pela falta de estrutura.
O inglês Martin McDonagh era um completo desconhecido até 2008, quando chamou atenção de público e crítica – principalmente crítica – logo em seu primeiro trabalho, o excelente Na Mira do Chefe (In Bruges, 2008). Acumulando as tarefas de produtor, roteirista e diretor, McDonagh surpreendeu a todos com um filme inteligente e divertido, apoiado em um roteiro bem amarrado, repleto de diálogos afiados, altas doses de violência caricata e nas ótimas presenças de Brendan Gleeson e Colin Farrell. Como não poderia deixar de ser, o sucesso valeu ao cineasta um convite de Hollywood e a chance de trabalhar com um elenco ainda mais estrelado. O problema? Superar a “síndrome do primeiro trabalho”, tendo que mostrar ao mundo não ser artista de um sucesso só. A boa notícia é que Sete Psicopatas e Um Shih Tzu (Seven Psychopaths, 2012), o novo filme de McDonagh, comprova o talento do diretor/roteirista para subverter as expectativas do espectador e, principalmente, criar diálogos deliciosos que saem da boca de personagens, no mínimo, peculiares. A má notícia, porém, é que este seu segundo trabalho possui uma série de problemas que Na Mira do Chefe não possuía, especialmente uma trama desestruturada, que parece não saber para onde ir ou como se encerrar. Seguindo a escola Tarantino/Ritchie de se fazer cinema (guardadas, claro, as devidas proporções entre a grandeza do cinema do primeiro e do segundo), Martin McDonagh também gosta de construir histórias repletas de personagens amorais, com criminosos à margem da sociedade, apostando em diálogos espirituosos, violência extremamente gráfica e toneladas de humor negro. É uma fórmula que muitos cineastas têm tentado copiar, a maioria sem sucesso, e que em Sete Psicopatas e Um Shih Tzu funciona apenas parcialmente. Aliás, a influência de Tarantino e Ritchie pode ser percebida logo na primeira cena do filme: não apenas McDonagh utiliza o recurso de escrever algo na tela, como também faz a primeira das diversas referências ao cinema presentes no filme. E estas, na verdade, são incontáveis. Mais do que apenas citar filmes e gêneros, os personagens de Sete Psicopatas e Um Shih Tzu parecem ter a consciência de estar dentro de um filme, em uma espécie de exercício de metalinguagem razoavelmente divertido, ainda que nada original – o próprio McDonagh já havia utilizado este artifício em Na Mira do Chefe. Assim, quando o protagonista fala que não deseja escrever mais um roteiro com caras com armas nas mãos e que preferiria que seus personagens fossem para o deserto resolver tudo em uma conversa, fica claro que isto é exatamente o que acontecerá filme. O mesmo, por exemplo, vale para o comentário de que, no roteiro escrito pelo personagem Martin, as mulheres não têm qualquer importância; não é difícil perceber que se trata de uma brincadeira de McDonagh em relação ao seu próprio texto. Assim, o que o diretor/roteirista busca fazer é uma espécie de brincadeira com os clichês do gênero, seguindo o caminho de filmes como Pânico (Scream, 1996) ou o recente O Segredo da Cabana (Cabin in the Woods, 2011). No entanto, ao contrário destas produções, o recurso aqui surge apenas requentado e, o que é ainda pior, óbvio – o espectador sabe o caminho que o filme seguirá exatamente por aquilo que os personagens dizem. Por outro lado, se o filme se torna previsível em determinados momentos em função disso, existem diversas outras situações nas quais McDonagh é extremamente bem-sucedido em surpreender, principalmente nas reações dos personagens ou em cenas de violência que surgem completamente inesperadas (e descartar um ator razoavelmente conhecido logo na primeira cena é um exemplo disso). No entanto, é exatamente essa busca constante por subverter as expectativas da plateia que acaba por prejudicar a Sete Psicopatas e Um Shih Tzu. Em uma rápida definição, o filme pensa ser mais inteligente do que realmente é. Enquanto em Na Mira do Chefe as excelentes ideias faziam parte de um roteiro montado de forma inteligentíssima, onde tudo tinha seu lugar, aqui a trama peca pela falta de estrutura, mudando de direção a toda hora. É, em essência, um filme recheado de pequenos bons momentos, mas que funciona melhor em suas partes do que no todo. Um exemplo claro disso são os próprios “sete psicopatas” do título. Não apenas eles são, na verdade, seis, como também um ou dois deles não passam de meras obras de ficção do protagonista – que, aliás, deve ser o pior roteirista do mundo, uma vez que todas as ideias para o seu roteiro parecem vir de outros personagens. Da mesma forma, a falta de uma estrutura melhor pensada fica escancarada no terceiro ato, quando os personagens vão para o deserto e a produção muda completamente o tom que havia sido construído até então. Mais do que isso, McDonagh parece não saber como acabar o seu filme: após o clímax, há uma longa e totalmente gratuita cena envolvendo o psicopata vietnamita (que não faz a menor diferença para a trama), além de uma sequência no meio dos créditos que nada mais é do que apenas bacana. O roteiro de Martin McDonagh ainda comete outro pecado: o de transformar seus personagens em tipos, não em pessoas. Claro que isso faz parte do tom absurdo da trama, mas não deixa de incomodar o fato de que não há qualquer desenvolvimento e os personagens sejam reconhecidos apenas por uma característica: há o escritor alcoólatra, o assassino que carrega coelho, o mafioso psicopata, o homem do cachecol, e por aí vai. Enquanto isso, também chega a ser constrangedor a forma como McDonagh parece se apropriar de ideias de outros e tratá-las como se fossem originais, sendo o caso mais descarado a do serial killer de serial killers – será que o cineasta acreditou que ninguém nunca tinha ouvido falar em um programa chamado Dexter? Mas, ainda assim, Sete Psicopatas e Um Shih Tzu apresenta uma boa parcela de momentos inspirados – mesmo que presos em uma estrutura caótica – o que torna o filme interessante até o fim. Os atores, por exemplo, estão ótimos, todos acertando ao não levar a sério a história, parecendo se divertir no exagero – e Sam Rockwell é o grande destaque no papel de Billy. Da mesma forma, McDonagh consegue trabalhar de forma precisa o humor negro de sua produção, uma aposta sempre arriscada. Há diversas situações capazes de despertar riso através do absurdo e até mesmo da violência, e o cineasta merece aplausos por não se abster de mostrar sangue, mesmo que o utilize para fins de comédia. No entanto, o grande destaque do filme são mesmo os diálogos afiadíssimos, comprovando o fato de que McDonagh realmente possui uma capacidade absurda neste sentido. Assim como ocorria em seu trabalho anterior – e até mesmo no ótimo O Guarda (The Guard, 2011), de seu irmão John Michael McDonagh, em uma mostra de que o talento vem de família –, os personagens disparam falas inspiradas e inteligentes do início ao final de produção, em trocas de palavras admiráveis pela sagacidade. Desde tiradas curtas (“Ela está em um lugar cinzento.”/“Inglaterra?”), passando por reflexões surpreendentes (como aquela que destrói o pensamento de Gandhi) e chegando a conversas ridiculamente absurdas, Sete Psicopatas e Um Shih Tzu é quase uma aula de como construir diálogos perspicazes, capazes de fugir do lugar comum do gênero. É impossível não se admirar ao ver no filme uma conversa dessas entre dois bandidos: - Levante as mãos. - Não. - Como assim? - Não vou levantar as mãos. - Por que não? - Porque eu não quero. - Mas eu estou com uma arma. - E daí? - Mas... Mas... Isso não faz sentido. Assim, é uma pena que os diversos pequenos e ótimos momentos estejam perdidos em uma história confusa, que se complica ainda mais ao misturar realidade com ficção. Em determinada hora, um personagem diz: “Psicopatas ficam cansativos depois de um tempo”. Pelo menos no que diz respeito a Sete Psicopatas e um Shih Tzu, ele está certo." (Silvio Pilau)
{Olho por olho, no final fica todo mundo sem olho} (ESKS)
****
''Uma dose de álcool. Três litros de sangue. Dois copos de violência gráfica. Uma pitada de comédia. Misture tudo e sirva. "Sete Psicopatas e Um Shih Tzu" segue uma fórmula, é como um filme McDonald's, algo que pode ser facilmente consumido por quem está com fome de entretenimento, mas que dificilmente se encaixa na lista do que chamaríamos de delícia. O dramaturgo britânico Martin McDonagh retoma recursos do bem-sucedido Na Mira do Chefe, filme com que estreou na direção em 2008, combinando humor negro e trama policial em torno de uma confusão de papéis. Desta vez, Colin Farrell faz Marty Faranan, um escritor em meio a um bloqueio criativo e que tenta avançar na produção de um roteiro intitulado Sete Psicopatas. Para conceber cada um dos matadores dessa ficção, o escritor acaba se envolvendo com criminosos que tomam de assalto sua imaginação. A progressiva confusão entre os personagens da ficção do filme a que estamos assistindo e os personagens da ficção dentro da ficção que o roteirista escreve dá a chave humorística à trama. A este recurso se acrescenta a paródia de gêneros. O alvo principal da reinterpretação cômica são os filmes sobre assassinos em série e as tramas de gângsteres, como Cães de Aluguel e Os Suspeitos. A ênfase na caricatura, nas características físicas, de falar ou de se vestir, torna explícita a repetição de tipos e situações mil vezes revistos. A escolha de atores como Woody Harrelson e Christopher Walken, a aparição em pequenos papéis de Harry Dean Stanton e Tom Waits ou a eliminação sumária de Michael Pitt transformam a trama num jogo cujo prazer consiste em reconhecer as alusões e projetar uma aura de astúcia e de elaboração. O coquetel de referências, no entanto, nunca alcança a habilidade de um Tarantino, capaz de processar centenas de filmes de A a Z num remix autoral e popular. A opção por tratar a história ao modo de Tarantino impõe comparações que fazem "Sete Psicopatas e Um Shih Tzu" parecer sempre um exercício, o trabalho de iniciante tentando imitar um estilo que considera o máximo. Tal como Marty Faranan, seu duplo ficcional, o roteirista e diretor Martin McDonagh aqui ficou refém da falta de ideias." (Cassi Starling Carlos)
CBS Films Film4 British Film Institute (BFI) Blueprint Pictures
Diretor: Martin McDonagh
160.897 users / 51.357 face
Check-Ins 582 43 Metacritic
Date 17/06/2014 POster - ######## - DirectorNicolas Winding RefnStarsRyan GoslingKristin Scott ThomasVithaya PansringarmJulian, a drug-smuggler thriving in Bangkok's criminal underworld, sees his life get even more complicated when his mother compels him to find and kill whoever is responsible for his brother's recent death.[Mov 08 IMDB 5,7/10] {Video/@@@@} M/37
SÓ DEUS PERDOA
(Only God Forgives, 2013)
"Refn, após uma obra-prima (Drive), parece se tornar displicente, e a partir de uma pontinha de história, cria visuais, simetrias e até diálogos limpos e perfeccionistas, sem emoção, sem movimento e, para ser honesto, sem conteúdo, desta vez." (Alexandre Koball)
"Filme que poderia ser superior ao fraco Drive, dada a natureza menos picareta do projeto, mas que acaba sendo ainda mais insuportável. Uma coleção de planos tão ultra elaborados quanto esquisitos. Chegar até os créditos finais é uma prova de resistência." (Daniel Dalpizzolo)
"A intenção de Refn não foi a de realmente contar uma história, mas propor uma viagem através de suas imagens e cores. O resultado, porém, é entediante e quase insuportável, uma vez que sua estética apurada não traz qualquer significado. Pena." (Silvio Pilau)
"Tem uma concepção visual onírica, típica do Refn (ele não dirigiu apenas Drive, acreditem). Uma violência gritante que parte de personagens esmagados pelo silêncio - o grande mistério. Referências belíssimas a Édipo Rei." (Victor Ramos)
"Como não aplaudir os detratores de Drive, se quando Refn puxa a mesma fórmula (estilo versus substância) para um nível um tanto mais experimental, compondo uma obra de maior plasticidade e menor apelo comercial, os fãs se rebelam contra o dinamarquês?" (Rodrigo Torres de Souza)
A opacidade que esconde o vazio.
***
Alguns dos ingredientes que resultaram no excelente Drive (2011) estão de volta no último longa do dinamarquês Nicolas Winding Refn, mas com uma roupagem quase irreconhecível. Tudo no filme parece solto, sem liga – e, a meu ver, desprovido de interesse. Os 90 minutos parecem uma eternidade. O diretor aposta na força da fotografia monocromática, na potência de metáforas, na tragédia de um obscuro conflito familiar, no exótico cenário da Bangkok contemporânea e na construção de um personagem mitológico, justiceiro com as próprias mãos, lutador invencível que se julga Deus – e que, inexplicavelmente, não é o protagonista. Os ambientes amarelos, vermelhos e azuis, ao invés de construir uma atmosfera particular, de dar forma a estados de espírito, nos sufocam. A fotografia publicitária e os primeiros planos de personagens silenciosos se assemelham a um ensaio de fotografia de moda temático. Os conflitos humanos estão ali em algum lugar, mas a plasticidade da imagem é tão espessa e opaca que não conseguimos alcançá-los. A mudez de Ryan Gosling, mais do que construir um mistério em volta do personagem que se expressa mais pela ação do que pelas palavras, parece uma falta do que dizer. Refn queria fazer um filme que falasse de espiritualidade, ao trazer a história de um personagem perdido, em busca de seus valores e crenças. Queria evocar a tragédia grega ao instaurar um complexo triângulo envolvendo dois irmãos e uma mãe dominadora. E, claro, tudo embalsamado por uma violência pornográfica, que desafia o espectador a não desviar o olhar. O diretor disse também ter tido um processo criativo mais instintivo. Ele tentou não preocupar-se com a razão de suas escolhas. O resultado é um filme sem profundidade, sem substância. A sensação era mais de assistir a um cineasta expurgando seus próprios demônios do que a uma obra com qualidade cinematográfica." (Lygia Santos)
**
''Poucas vezes desde a sanguinolenta peça de Sófocles de 427 a.C. um complexo de Édipo resultou em tanta carnificina quanto em ''Apenas Deus Perdoa'' (Only God Forgives), o segundo filme do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn com o astro de Drive, Ryan Gosling. Porque tem gente que interpreta aquela história de voltar ao ventre de forma bastante literal. Gosling faz Julian, administrador de um ginásio de muay thai em Bangcoc, na Tailândia, ao lado de seu irmão Billy (Tom Burke), um psicopata que termina morto pela polícia local depois de estuprar e matar uma adolescente. Julian é o caçula. Quando a mãe (Kristin Scott Thomas) chega de viagem para recolher o corpo, ela diz que Julian odiava o irmão porque Billy era o preferido dela. O caso é que Julian escolhe não vingar a morte de Billy, decisão que termina multiplicando a matança em ''Apenas Deus Perdoa''. Refn faz aqui uma mistura de Édipo Rei (quem conhece o final da peça já deve imaginar os rumos do filme) com O Grande Dragão Branco como forma de homenagear o cinema de artes marciais: Julian não tem no par de olhos o seu bem mais precioso, como o Édipo original, e sim nas mãos. Os punhos cerrados de Gosling são a imagem que acompanham o filme do começo ao fim, e se ele deixa sua namorada lhe amarrar os braços enquanto ela se masturba talvez seja porque Julian teme, no fundo, que com as mãos livres ele cometa a violência para a qual elas foram feitas. Embora ''Apenas Deus Perdoa'' trabalhe com fetiches de cinefilia muito similares aos do longa anterior com Gosling, essa expectativa constante por explosões de violência é anterior a Drive no cinema do dinamarquês. Bronson, especificamente, é o que mais se aproxima dessa ideia da agressão represada, embora esteticamente ''Apenas Deus Perdoa'' transcorra como uma viagem cromática mais próxima à lisergia de O Guerreiro Silencioso, seu melhor filme. Há temas e formatos que se repetem na obra desse novo autor do cinema mundial, portanto, mas Refn soa cada vez mais refém desse processo, um insistente retorno ao ventre de fato. Como o karaokê que o grande policial vilão do filme sempre frequenta, ''Apenas Deus Perdoa'' se contenta com o cover, com a reprodução. Seu arrojo de cores, do neon aos cantos cheios de sombras, não têm uma justificativa além do próprio exibicionismo. Mesmo Gosling, ator que Refn busca por seu potencial de ícone, de estátua, parece aqui uma imitação de si mesmo. Ironicamente, resulta daí um filme-paralisia: em tese é uma homenagem ao potencial destruidor do cinema de artes marciais, e na prática, desacelerado por tanta pose, ''Apenas Deus Perdoa'' se conforma em ser espectador - conforma-se com a expectativa." (Marcelo Hessel)
2013 Palma de Cannes
Top Dinamarca #43
Space Rocket Nation A Grand Elephant Bold Films Film i Väst Gaumont Wild Bunch Wild Bunch
Diretor: Nicolas Winding Refn
70.549 users / 29.081 face
Check-Ins 581 39 Metacritic
Date 15/06/2014 Poster - ######## - DirectorKrzysztof KieslowskiStarsGrazyna SzapolowskaMaria PakulnisAleksander BardiniThe wife of the recently deceased lawyer tries to cope with grief after his loss and to keep his last case going in court.[Mov 10 Fav IMDB 7,5/10 {Video}
SEM FIM
(Bez konca, 1985)
''O filme está ambientado na Polônia em 1982, no auge da guerra fria. O General Wojciech Jaruzelski, à frente do partido comunista, governa o país com lei marcial. Um jovem advogado, que defendia um grevista, é morto. Sua mulher tenta comunicar-se com ele, por meio de um hipnotizador. Belo e sensível filme de Kieslowski. Um filme altamente politizado, como toda sua obra, com uma carga crítica impressionante sobre o sistema comunista vigente na Polônia naquela época." (Filmow)
P.P. Film Polski
Diretor: Krzysztof Kieslowski
1.812 users / 144 face
Check-Ins 99
Date 09/10/2012 Poster - ########## - DirectorStephen HerekStarsEddie MurphyJeff GoldblumKelly PrestonAn over-the-top television evangelist finds a way to turn television home shopping into a religious experience, and takes America by storm.[Mov 02 IMDB 4,7/10 {Video} M/41
SANTO HOMEM
(Holy Man, 1998)
''Ricky (Jeff Goldblum) e Kate (Kelly Preston) trabalham num canal de vendas de produtos pela televisão deficitário. O chefe lhes dá uma derradeira chance de mudar a situação. Desesperados, eles quase atropelam G (Eddie Murphy), homem que busca revelação religiosa e que é transformado num evangelista do consumo, tornando-se sensação imediata com sua lábia e aumentando os índices de audiência.'' (Filmow)
Caravan Pictures Eddie Murphy Productions Roger Birnbaum Productions Touchstone Pictures
Diretor: Stephen Herek
14.048 users / 206 face
Soundtrack Rock = Underworld
Check-Ins 106
Date 06/02/2013 Poster - # - DirectorRupert WainwrightStarsPatricia ArquetteGabriel ByrneJonathan PryceWhen a young woman becomes afflicted by stigmata, a priest is sent to investigate her case, which may have severe ramifications for his faith and for the Catholic Church itself.[Mov 02 IMDB 6,1/10 {Video/@@} M/28
STIGMATA
(Stigmata, 1999)
''Belo Quinto, uma fictícia cidade no sudeste do Brasil, recebe a visita do padre Andrew Kiernan (Gabriel Byrne), que foi mandado pelo Vaticano para investigar uma igreja que tem a estátua de uma santa que verte lágrimas de sangue. Lágrimas estas que começaram no dia em que o padre Paulo Almeida, o responsável pela igreja, morreu. Enquanto Kiernan fotografava a estátua, que sangrava, um garoto furta um rosário que estava junto do corpo do falecido e vende o terço para uma turista, que por sua vez manda de presente para Frankie Paige (Patricia Arquette), sua filha, que é cabeleireira em Nova York. Em pouco tempo, ela passa a ser vítima de estigmas, chagas idênticas às de Cristo, e é Andrew Kiernan o encarregado de investigar o fenômeno. Inicialmente Kiernan descarta a possibilidade dos "estigmas", pois todos os estigmatas são pessoas bastante religiosas e Paige não acredita em Deus. Mas Kiernan vê o suficiente para quebrar os padrões estabelecidos pelo Vaticano, e acredita que se ele não fizer nada, Frankie pode morrer. Gradativamente, ele pass a suspeitar que seu superior, o cardeal Daniel Houseman (Jonathan Pryce), não quer que toda a verdade venha à tona." (Filmow)
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) FGM Entertainment
Diretor: Rupert Wainwright
48.427 users / 1.847 face
Soundtrack Rock = Natalie Imbruglia + Massive Attack + Sinéad O'Connor + David Bowie + The Crystal Method + Björk + Chumbawamba + Remy Zero
Check-Ins 112
Date 22/02/2013 Poster - # - DirectorFabrice GobertStarsJules PélissierAna GirardotAudrey BastienMarch 1992, in a small town in the suburbs of Paris. During an alcohol fueled party, teenagers discover a body hidden in the bushes of a forest. A body that seems lifeless. Two weeks earlier. Simon, a 16 year-old teenager, has not shown up for class. Blood stains are found in a class-room. Run-away, kidnap, suicide, murder? A few days later, Laetitia, a student from the same class goes missing without her parents knowing where she has gone. A young girl with no dark background or connection to Simon. The next day, Jean-Baptiste, a third student, also disappears. Rumors start to spread. The psychosis begins...[Mov 08 IMDB 6,4/10] {Video}
SIMON WERNER DESAPARECEU
(Simon Werner a disparu..., 2010)
''Simon Werner Desapareceu'' (França, 2010) lança mão de uma estrutura narrativa a la Rashomon (Japão, 1950) para apresentar diferentes pontos de vista sobre uma mesma situação-problema, qual seja o sumiço de adolescentes colegas de classe. Neste passo, o ar cool das primeiras cenas gera consideráveis expectativas no espectador que, por sua vez, não tarda a perceber que a promessa não será devidamente cumprida, uma vez que tanto os personagens quanto suas complicações hormonais/familiares são manipulados pelo diretor Fabrice Gobert de maneira fria, enfadonha, daí o entusiasmo do início voltar a dar as caras somente nos momentos em que a música da banda Sonic Youth entra pelos ouvidos – o que, convenhamos, é muito pouco para um projeto cinematográfico. Porém, eis que, já próximo ao fim, Simon Werner executa com objetividade uma corrida de recuperação voltada a justificar sua razão de ser, qual seja demonstrar a capacidade criativa do homem para a elaboração de boatos e/ou conclusões infundadas/precipitadas que não raro desmoralizam o próximo sem piedade. Uma vez que tal viés do roteiro não é suscitado com maior antecedência, a obra deixa no público uma dúbia sensação: de um lado o pensamento antes tarde do que nunca! e do outro o sentimento de frustração perante o testemunho de algo com potencial suficiente para ser muito mais do que aquilo que é visto na prática." (Dario Façanha)
"O desaparecimento do estudante de ensino médio Simon Werner tem uma sensível influência no microuniverso de um colégio francês. Para os professores, ele é mais um nome na chamada; para os colegas de turma, um sujeito estranho que resolveu assumir a sua homossexualidade ou fugiu para traficar drogas em Marrocos; nem mesmo a sua namorada, Alice, ou a sua amante, Clara, depreendem muitos esforços em sua procura. Seu sumiço é só mais um acontecimento na vida daqueles garotos, uma desculpa para elaborarem teorias, eventualmente envolvendo alguma espécie de serial killer, e se distraírem do dia-a-dia escolar. Nesse sentido, o grande mérito de Fabrice Gobert não é o mistério em si, mas a dinâmica entre aqueles jovens. Estruturada a partir dos pontos de vista de cada um dos alunos, a narrativa amarra as pontas dos acontecimentos à medida em que conhecemos um novo lado da história. Porém, nenhuma visão é realmente relevante para a solução do mistério, auxiliando apenas a pôr os pontos nos "is" no final, pois Gobert decide incluir o ponto de vista do próprio Simon que, apesar de construir alguns paralelos interessantes com os outros alunos, extraí todo o suspense do mistério, cuja solução advém naturalmente. Uma ótima brincadeira narrativa que joga uma luz na adolescência francesa, mas que perde a preciosa chance de ser mais do que a soma das suas partes." (Márcio Sallem)
''Simon Werner a Disparu (''Simon Werner Desapareceu'') é um filme francês de 2010, do diretor e roteirista Fabrice Gobert, com participação no Festival de Cannes e estréia no Brasil, em junho de 2011, no Festival Varilux de Cinema Francês. A obra pode ganhar uma classificação de gênero entre o drama e o suspense. Porém, percebe-se que tende mais a satirizar os gêneros do que ser um drama ou um suspense, propriamente dito. Podemos chegar a essa conclusão pelo fato de que o drama e o suspense da obra são sempre rompidos pelos flashbacks, nos levando a rotina de jovens colegiais. Essa ruptura com os gêneros também ocorre quando nós, acostumados com a narração clássica de Hollywood, passamos o filme todo procurando um desfecho para a obra ligando as causas dos desaparecimentos a apenas uma ocorrência, quando, no entanto, ocorre apenas um verdadeiro desaparecimento, cujo responsável não está presente na diegese até o momento do desfecho da história, desfazendo nossas expectativas de que o culpado seja alguém do grupo. Mais uma sátira na obra é o modelo de suspense adotado em dado momento pela indústria cinematográfica norte americana, em filmes que jovens desaparecem, misteriosamente, e o enredo se baseia em descobrir os motivos do desaparecimento. O responsável é sempre um serial killer que mata as pessoas de um mesmo grupo por determinado motivo que as ligam. A condução do nosso psicológico para que pensemos que o filme francês é mais um suspense desse tipo é perfeita e quando descobrimos a peça que nos é pregada paramos para refletir sobre o que o cinema americano fez com nossas mentes pré-programadas. Passamos o filme todo assistindo os mesmos dias vividos por diferentes pessoas do mesmo grupo. É muito interessante como os mesmos dias, nos mesmos lugares mudam (e se completam) de acordo com a percepção e vivência de cada personagem. É possível dizer que o tempo diegetico da obra passa-se entre os anos 80 e 90, mas também é aceitável dizer que é atual. O figurino é clássico, jaquetas de couro, jeans e bombers. Os cenários também são neutros e as neuroses são típicas de todos que estão ou já passaram pela idade do descobrimento de si mesmo, a adolescência. Podemos dizer que “Simon Werner Desapareceu” é uma obra jovial do Cinema Francês, com um elenco jovem e reflexões mais leves do que costumamos ver nas telas francesas. Ainda temos Sonic Youth na trilha sonora e produtores de Persépolis (2007) na construção da obra. O filme é uma deliciosa brincadeira de detetive onde nossa mente hollywoodiana nos prega uma peça bem bonita." (Aline Vaz)
2010 Palma de Cannes / 2011 César
2.4.7. Films Canal+ CinéCinéma Région Ile-de-France Centre National de la Cinématographie (CNC) Banque Postale Image 3, La Uni Étoile 7 Cinémage 4 Développement Soficinéma 6
Diretor: Fabrice Gobert
805 users / 90 face
Soundtrack Rock = Killing Joke + Tom Waits
Check-Ins 621
Date 02/07/2014 Poster - - DirectorJonathan GlazerStarsScarlett JohanssonJeremy McWilliamsLynsey Taylor MackayA mysterious young woman seduces lonely men in the evening hours in Scotland. However, events lead her to begin a process of self-discovery.[Mov 08 IMDB 6,3/10] {Video/@@@} M/78
SOB A PELE
(Under the Skin, 2013)Sinopse
''Uma mulher misteriosa (Scarlett Johansson) seduz homens solitários na calada da noite, na Escócia, e com isso iniciará um processo de auto-descoberta.''
''Scarlett Johansson fazendo papel de uma alienígena tem lá sua lógica. Sob certos aspectos, ela parece mesmo ser de um outro mundo. A escalação de uma mulher tão deslumbrante é mais do que um capricho em "Sob a Pele"; é uma necessidade. O filme, silencioso e com ritmo lento, é tão centrado na personagem que acaba sendo conduzido por closes longos e estáticos de seu rosto. Lembra longas britânicos de ficção científica dos anos 1970, de diretores como Robert Fuest e Nicolas Roeg. Compartilha com eles a falta de preocupação em dar explicações sobre fenômenos estranhos e atividades de aliens. O importante é contar uma boa história, sem rechear a trama com cientistas prontos a mastigar para o espectador as origens dos extraterrestres, como adoram os americanos. Quem assistir a "Sob a Pele" acreditando em um filme com começo, meio e fim pode se decepcionar. Trata-se de uma experiência visual impactante, construída sobre um fiapo de roteiro. Scarlett interpreta uma garota, Laura, que percorre cidades da Escócia caçando homens. Na sequência inicial do filme, num fundo branco infinito que remete a imagens de vários clássicos de ficção científica, como o 2001 de Kubrick, fica entendido que ela não é humana. Em sua jornada, Laura prefere homens solitários - contar que tem uma família é a salvação de alguns que ela cogita capturar- e seduz as vítimas com uma aproximação carinhosa, nada descaradamente sexual. Leva seu escolhido a um quarto misterioso que mais parece uma grande piscina de líquido preto, na qual vai ser devorado, sabe-se lá como. As cenas nesse cenário bizarro, belas e intrigantes, poderiam ser parte de um videoclipe da cantora Björk. O diretor inglês Jonathan Glazer não tem a mínima pressa. Mostra repetidas caçadas da moça e vai expondo a cada nova sequência um pouco mais de seu ritual de captura e morte. Aos poucos, o "método" da alienígena fica mais claro. Com isso, são várias as cenas em que Scarlett se despe para suas presas. É incomum um filme com uma atriz que tem o prestígio dessa americana de 29 anos exibir tanta nudez de sua protagonista. "Sob a Pele" só vai aumentar a aura de símbolo sexual de Scarlett, com seu corpo bonito e natural que foge dos padrões magérrimos ou sarados das bonitonas atuais. Parece desprezar malhação. Essa beleza estonteante só não pode encobrir o sofisticado e atraente filme de ficção científica que é "Sob a Pele", que reserva alguma violência para seu desfecho." (Thales de Menezes)
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"É ficção científica, mas nada fofinho como Star Wars ou cabeçudo como Prometheus. Eis um filme que parece saído direto da de 1970, quando a cinematografia britânica sabia produzir obras de sci-fi barra-pesada, sombrias. "Sob a Pele" tem uma imensacarga erótica. Apele, no caso, é aatriz norte-americana Scarlett Johansson, presença indiscutível em qualquer lista de musasatuais do cinema. Como se quisesse compensar grandes produções comerciais das quais participa, como Os Vingadores, aceitou nesse pequeno filme o papel de uma alienígena que seduz homens em cinzentos bairros operários na Escócia. Para tal, tira a roupa o tempo todo. O mistério giraem torno dos motivos que levam a criatura a atrair os incautos. O final, um tanto indigesto, é difícil de esquecer." (Thales de Menezes)
''Os 10 primeiros minutos mais instigantes do ano já tem um dono. Depois do esquisito Reencarnação e do espetacular Sexy Beast, o cineasta britânico Jonathan Glazer volta ao mundo do cinema de maneira triunfal para contar ao público uma história filmada de maneira incomum sobre a visão da vida terrestre pelos olhos de uma alienígena. É um filme estranho, sem dúvidas, mas longe de ser algo ruim isso. Esse trabalho, no mínimo interessante, vai gerar muitas discussões ainda dentro das salas de cinema logo que os créditos começarem a subir. A protagonista, caminhando pelas ruas, observa, sente, entende melhor aquelas pessoas e caça. O filme é um road movie de ficção científica que tenta passar uma mensagem sobre nossa própria natureza. Questões existenciais são abordadas a todo instante. Toda a nudez dos personagens vista em cena, não choca, nem é vulgar. Há um grande contexto para o que vemos em todas as sequências. A leitura corporal, entendida pelo elenco, principalmente Scarlett Johandson, é necessária para o contexto da história. É um filme de grande doação dos artistas envolvidos. Não seria um absurdo dizer que ''Sob a Pele'' marca a melhor atuação da linda Scarlett no mundo do cinema. O roteiro é muito profundo quando explora a descoberta do corpo humano gerando na protagonista um desejo primitivo de desejo e de se igualar aos humanos. Se sentir viva na terra. A direção é extremamente competente, com ar kubrickiano. Movimentos de câmera que criam muita tensão a todo instante. Nos sentimos dentro da tela a cada novo segundo. Muita gente vai assistir porque já é conhecido do público que Scarlett Johandson aparece nua em boa parte do filme. Porém, acreditem, o filme é muito mais que uma das mulheres mais desejadas do mundo despida. Os mistérios contidos no filme não são superiores a um dos maiores suspenses do mundo cinematográfico: Como explicar a beleza diferenciada de Scarlett Johandson? Nem Stephen Hawking ou mesmo o Sheldon Cooper conseguiriam explicar. O diretor Jonathan Glazer buscou literalmente uma mulher de outro planeta para ser sua protagonista e acertou em cheio! Bravo!" (Raphael Camacho)
Estranhas relações.
''Um objeto curioso esse Sob a Pele, retorno do realizador Jonathan Glazier nove anos depois de seu longa-metragem anterior. Fadado a dividir opiniões. Diz muito ele ser uma co-produção britânica, refletindo um cinema inglês em permanente crise há pelo menos uns bons trinta anos. Cinematografia essa assombrada por todo um glorioso passado do cinema mais intelectual do restante do continente europeu, e que sempre confundida com a norte-americana por causa da língua inglesa, busca emular o estilo dos seus pares do Velho Mundo. Mas o que é qualidade nos melhores exemplos europeus, irremediavelmente vira no cinema inglês um artifício escancarado revelando as suas escassez de quase sempre. A minimização do enredo, o amparo mais na troca de olhares plácidos do que na construção de diálogos, o uso insistente de uma trilha sonora que se mostra irritante, muita atmosfera na busca de uma sensorialidade pra compensar a falta de aprofundamento, e as repetições incessantes de um filme que mal sai do lugar são percalços que atrapalham o longa de Glazier. E as situações se repetem sem freios em Sob a Pele. O monstro alienígena na identidade de Laura, uma bela mulher vivida por Scarlett Johansson, atrai homens entre atletas e burocratas com uma facilidade natural que é bastante compreensível, mas que reiterada ao longo de mais da metade do filme ressalta os simplismos de roteiro. Algumas elipses fariam com que alcançássemos as suas mesmas intenções, porém torna-se tedioso rever Laura abordando nas ruas escocesas, com mínimas modificações no que é dito e acontece com uma presa e outra, geralmente oferecendo caronas em sua van numa caça predatória para que os indivíduos sirvam de alimento. Levando-os a afundar numa imagem de alegoria óbvia, representada no homem que naufraga em uma paisagem movediça de um líquido escuro quando se deixa enganar pelo sexo oposto, enquanto a mulher sem coração caminha na superfície. É um equivalente à velha metáfora religiosa da mulher como o Diabo arrastando os homens como uma tentação no deserto, e que já foi bastante aproveitada na pintura e literatura. Em Sob a Pele, é o horror dos encontros fortuitos e da entrega ao desconhecido quando se é levado pelos impulsos sexuais. O filme expõe ideias, algumas instigantes, para que sejam discernidas facilmente pelo público, porém as trabalha de forma um tanto rala, sem muito desenvolver, julgando que o obscurantismo do roteiro e de suas ações fomente um mistério no espectador. O que é reforçado por suas imagens embaladas como um papel de parede e cujo verniz de superfície é sustentado por firulas de decupagem e sonorização, resultando em uma abstração da linguagem. Cenas como a da praia com a criança terminando por gritar depois que seus pais se afogam na correnteza, tendo Laura assassinado quem socorreria a criança, são pontos isolados que buscam dar um respiro a um conjunto estético sufocado pelos seus limites. Na sequência de abertura, imagens chapadas remetem a jornada kubrickiana do clímax de 2001: Uma Odisseia no Espaço. Mas o que era uma explosão de genialidade e invenção saídas da mente de Stanley Kubrick e Arthur C. Clark, em ''Sob a Pele'' é puro decalque e diluição, confiando na lembrança imediata e no sorriso de cumplicidade do cinéfilo como recurso fácil. Um genuíno artista cria. O que faz um diletante, um realizador pela metade, quando precisa trabalhar em cima de uma cena em específico? Ele retorna ao que foi feito antes, de preferência ao mais icônico que se tenha em mente, e procura repetir o procedimento com algumas variações. Não que o processo de influência deva ser negado e deslegitimado, mas desde que sirva para se forjar algo verdadeiramente novo. Em Sob a Pele certas referências não apenas demonstram suas limitações, como atrapalham estar ali para que não nos lembremos de outra coisa senão de 2001 (no caso do prólogo). A necessária transição de que o filme precisa para se manter é quando a criatura feminina encontra entre as suas vítimas o rapaz com rosto monstruosamente deformado, numa sequência inegavelmente tensa, que exige que Laura se esforce além do normal para persuadi-lo a uma promessa de sexo. O que provoca um colapso e a desagregação nas certezas da personagem, antes guiada pela exploração sexual em cima de um jogo de interesses, talvez por se reconhecer na feiúra de sua última vítima. O que ainda é pouco convincente, porque colocado a fórceps e mais uma vez sem maiores desenvolvimentos. O problema nem é a falta de explicações, como o apontado na maioria das resenhas a favor e contra o filme, ele apenas foge de desenvolvê-lo melhor (o que se acontecesse poderia acentuar ainda mais o mistério), como se a súbita crise de identidade e tomada de consciência de Laura pudessem ser expressas e medidas em cenas como em que tenta comer pedaços de bolo e não consegue ou quando se observa atentamente no espelho, coisas que dão apenas uma pálida ideia de isolamento ou solidão. Trata-se de insuficiência narrativa, não de síntese. Mesmo a elogiada interpretação de Scarlett Johansson é muito mais um processo de desconstrução de sua imagem do que propriamente de talento (ela já rendeu mais e foi bem melhor dirigida em outros trabalhos). Sob a Pele parece concebido para ser vendido e aceito por rótulos como o de ficção cientifica bizarra, ou mais ainda, ser lembrado como cult − termo genérico criado para designar tanto o melhor quanto o pior em uma forma de arte." (Vlademir Lazo)
"Mistura super atraente de ficção científica e terror, avalia como nosso julgamento e nossa percepção de beleza e identidade são superficiais. Tudo dentro de características cinematográficas técnicas e artísticas lindíssimas. Um dos ótimos filmes do ano." (Alexandre Koball)
"Scarlett que ao mesmo tempo seduz e intimida em uma mistura de ficção e horror que realmente incomoda. Chamou a atenção por ela aparecer totalmente nua, mas o filme é bem mais do que isso, mesmo que espante alguns com seu tom meio experimental." (Rodrigo Cunha)
"Filme de desconfortos, estranhezas, esterilidade, que passa por Antonioni, Kubrick, Roeg, e discute temas inerentes às ficções científicas, como a busca pelo sentido da existência. Interessante no conceito, mas fastidioso na execução." (Heitor Romero)
"O excesso de estilo, o clima de tensão e a falta de respostas, em vez de ajudar, mostram que, no fundo, Glazer não sabe onde quer chegar. Os personagens não existem, a narrativa é repetitiva, e o filme mais irrita que arrebata. Prêmio "E Daí?" de 2014." (Régis Trigo)
"Intrigante e com cenas bastante curiosas, o filme de Glazer desafia e hipnotiza, mantendo-se interessante até o final. O problema é que a falta de respostas, aqui, parece falta de significado, como se o próprio cineasta não soubesse aonde quer chegar." (Silvio Pilau)
"O cinema de Glazer em um nível singular de estranheza, sensorialidade e desconforto, evocando o deslocamento de um E.T. solitário (a escalação de ScarJo é perfeita) em uma missão funesta que revela o óbvio: o maior risco à raça humana está aqui, na Terra (Rodrigo Torres de Souza)
"O filme fica na cabeça atordoando, como se precisasse ser lentamente digerido. E assim deve ser. Cheio de imagens impactantes, transita em uma espécie de devaneio através de uma extraterrestre exuberante. Com isso, fala simplesmente de solidões." (Marcelo Leme)
"A conquista do gênero, a desconstrução da espécie." (Gabriel Papaléo)
"Glazer chega ao ápice com um filme muito particular que mexe com a percepção do que é primordial no cinema, O horror enquanto gênero e enquanto sensação primal de cada ser, humano ou não. Sob qualquer aspecto, a obra-prima de 2014." (Francisco Carbone)
2013 Lion Veneza
Top Suíça #16
Film4 British Film Institute (BFI) Silver Reel Creative Scotland FilmNation Entertainment Nick Wechsler Productions JW Films Canal+ Scottish Screen UK Film Council
Diretor: Jonathan Glazer
68.662 users / 26.434 face
Check-Ins 632 42 Metacritic
Date 13/07/2014 Poster -######## - DirectorAndrei TarkovskyStarsAlisa FreyndlikhAleksandr KaydanovskiyAnatoliy SolonitsynA guide leads two men through an area known as the Zone to find a room that grants wishes.[Mov 06 IMDB 8,1/10 {Video@@@@}
STALKER
(Stalker, 1979)
"É daqueles filmes que a cada revisita a gente capta quando muito vinte ou trinta por cento de sua densidade, mas só essa porcentagem é bem maior do que a que reside na maioria dos filmes dos outros diretores" (Vlademir Lazo)
"Filme de camadas sobrepostas, cada qual revelando um detalhe na mesma medida que oculta outro. É impossível dissecá-lo por completo e talvez seja esse o seu maior mistério, e também o seu maior atributo." (Heitor Romero)
{Que mal fazem as orações? É o orgulho falando. Prefiro a bebedeira solitária e morrer em paz na minha mansão} (ESKS)
''O que há de tão especial em ''Stalker'', muito provavelmente o melhor filme de Tarkovski? Adianto desde já que não se trata do vasto leque de interpretações aberto a partir dele: ao contrário do que se pode pensar, Stalker não é um filme cerebróide, hermético, que segue a linha da "ficção-científica para iniciados" e faz disso seu objetivo. É antes um filme que pode ser visto abstraindo-se toda sua carga de significação mais complexa (que lá está de forma latente) e atendo-se tão-somente aos seus aspectos mais básicos. Melhor ainda: é um filme para se apreciar não pelo que ele sugere, mas pelo que ele mostra: as expressões faciais de Stalker devem ser vistas como movimentos do rosto. Se Tarkovski aqui insiste em filmar seus atores em primeiro plano – muitas vezes um rosto que surge inesperadamente do extra-campo – é porque essa expressão, que não é mais que uma expressão, contém uma substância importantíssima e de que o filme se alimentará a todo segundo. Cada vinco, cada cicatriz facial em Stalker aparece como um traço físico de raríssima força; uma concepção escultural da imagem cinematográfica, menos um acontecimento da luz do que um esgarçamento das trevas (como diria Artur Omar). Tarkovski não precisa construir através de falas (apesar delas existirem, e não em pequeno número) ou situações o que seu filme já expõe através de rostos, deslocamentos e paisagens. O filme gira em torno de uma idéia central perfeitamente bem acabada. Mas qual seria essa idéia? A busca da fé, a reconciliação com um imaginário fundador, a odisséia de cura dos medos e desinquietação das pulsões? (Nas grandes obras de arte, é comum perdermos de vista a idéia central, que, de tão coesa, atua até mesmo invisivelmente.) A atmosfera peculiar de Stalker emerge como resposta do meio-ambiente ao filme. Os corpos, os objetos, as paisagens, o vento, a neve, tudo no filme responde a essa idéia que não sabemos exatamente o que representa, que não mostra sua face definitiva (ainda que o final entregue algumas de suas coordenadas), mas que incrivelmente existe e é o que fornece solo firme para o filme ser o que é: um estudo cuidadoso sobre a movimentação de corpos e a topografia de uma superfície (da imagem, dos rostos, das paredes) para além de qualquer noção prévia de profundidade. Em Stalker, as aparências são o jogo atraente da vastidão de superfície, algo muito distinto da acepção pejorativa – e mais usual – que as toma em oposição a essência. A aparência é o que recobre todas as coisas, é a pele do filme, mas também sua medula (não custa lembrar que a origem embrionária do sistema nervoso central é ectodérmica). E por que ultrapassar a superfície, se quem olha (dentro do filme e para o filme) não acredita na profundidade? Eles não têm fé!, reclama o ''Stalker'', personagem que será descrito mais adiante. Mas o que há em ''Stalker''?, a pergunta permanece. No excelente texto que Serge Daney escreveu na ocasião do lançamento do filme, ele começa com a definição de dicionário da palavra título. "To stalk" é um verbo inglês, que significa caminhar pé ante pé, dar passos longos, marchar titubeando. É o andar característico de quem invade um território desconhecido, e pode significar também caçar um animal ocultando-se atrás de outro. Uma forma bastante peculiar de aproximação e de perseguição – quase uma dança. Com Stalker Tarkovski consagra sua aptidão, já lindamente presente em O Espelho, para filmar deslocamentos e conformações corporais. Cada personagem tem sua marcha própria, sua envergadura física, sua presença orgânica. Tudo é orgânico em ''Stalker'', incluindo a água, a terra, o vento, o fogo, tudo. A recorrência dos quatro elementos na obra de Tarkovski, como bem sabemos, tem muito mais uma função física do que simbólica. A água possui uma aparição constante em ''Stalker'', o filme mais úmido da história, e sua importância está justamente na sua natureza, ou seja, em ser uma matéria primitiva, um dos constituintes fundamentais e preponderantes de tudo que existe no mundo, a começar pelos homens. E não é só a imagem-miríade da água (lago, poça, chuva, goteira), é também seu som em diversas modalidades (ora um barulho de cachoeira, ora um gotejar que ocupa praticamente toda a banda sonora). Embora passe por entre os dedos, a água tem um peso. Embora passem perante nossos olhos e não voltem, as imagens de Tarkovski têm um peso: a densidade não só do tempo que elas materializam, mas também do estranhamento que, mesmo terminado o filme, não se esgota em nenhuma interpretação. As locações são fábricas desativadas, cemitérios de tanques de guerra, ruínas as mais diversas – um fosso no centro de um mundo pós-apocalíptico onde a fabulação tem um papel tão relativizado quanto reprimido. Os personagens principais são três homens – o Escritor, o Professor e o Stalker – que partem para uma jornada ao local proibido, à terra de ninguém, a uma região assombrosa, lama em que borbulham estranhos objetos de fantasia: a Zona. Um misterioso acidente que deixou boa parte do planeta inabitável deu origem à Zona, em cujo centro há uma espécie de caverna que, conforme dizem, preenche os desejos mais recônditos de quem ali penetra (sim, Solaris era apenas um aquecimento para este filme). Talvez por isso, por temerem o potencial dessa realização tão profunda (por temerem o inconsciente?), as autoridades proíbam a entrada de qualquer pessoa, o que justifica aquela cena de ação do início, quando o Stalker conduz de forma até familiar o Escritor e o Professor para dentro da Zona, desviando dos tiros de alguma força militar oficial. O Stalker faz um trabalho de guia turístico conduzindo os outros dois ao longo da Zona. Turismo macabro, sem dúvida. Mas a verdadeira motivação de sua ida constante àquele lugar se explica numa cena das mais bonitas: logo que eles chegam nas imediações da Zona, o Stalker se atira ao chão e chafurda o rosto no capim, como a absorver o vapor da terra, se alimentar do húmus. Nesse momento, vem à mente uma parábola contada no filme seguinte de Andrei Tarkovski, Nostalgia. A parábola consiste num homem que vê outro se afogando num lamaçal e vai a seu resgate. Quando chegam à margem e o herói pergunta ao outro homem se está tudo bem, este último responde injuriado: "Seu tolo, é lá que eu moro". Do mesmo modo, a mulher do Stalker dá um ataque histérico no começo do filme, tentando impedi-lo de ir à Zona, mas o que ela não percebe (na verdade, finge não perceber) é que ele pertence àquele limbo. O Stalker é o tecido de transição entre o Escritor (com sua garrafa de vodka embrulhada numa sacolinha plástica) e o Professor (com sua mochila de suprimentos e artefatos secretos). Não é nenhum absurdo comparar ''Stalker'' a Conta Comigo (Stand by Me), de Rob Reiner. Filmes de tonalidades e objetivos absolutamente diferentes, ambos mostram uma viagem que guarda semelhanças: seguir a linha do trem, fugir da repressão, buscar o desconhecido, flertar com o proibido, deparar-se com um cadáver (cena igualmente marcante nos dois filmes), construir um imaginário que permeia a viagem (o personagem narrador de Conta Comigo é um escritor). Enquanto o filme de Reiner narra a jornada iniciática de um grupo de adolescentes, a perda da inocência, sem abrir mão da mais sincera nostalgia, Stalker apanha um grupo de adultos totalmente desiludidos indo em busca de uma tentativa de redescoberta (da criatividade, do mistério, da paz de espírito, da fé). Um é o reverso do outro: de um lado o processo transformador na sua estrutura mais clássica e romantizada, do outro o passeio misterioso e hesitante; de um lado crianças que discutem e brigam para depois fazer as pazes e reforçar a amizade, do outro homens que discutem e brigam como se fossem bêbados decadentes em fim de noite; de um lado o tempo efêmero da adolescência, do outro a duração dilatada pela angústia adulta. O silêncio da volta em Conta Comigo, quando os quatro meninos estão por demais submersos num misto de plenitude e vazio de pensamento para conseguir conversar entre si, espelha-se na supressão radical do caminho de volta em ''Stalker'', que catapulta seus personagens diretamente ao bar onde se encontraram no início do filme. Apesar da clássica seqüência do campeonato de tortas com o Bola de Sebo não possuir paralelo possível em Tarkovski, ''Stalker'' não abdica de um certo humor diretamente relacionado ao patético e ao inusitado, como na cena, dentro da Zona, em que um telefone antigo inesperadamente toca, mostrando que ainda funciona, e o Professor atende e conversa com a pessoa que ligou – um ingrediente à Buñuel, cineasta que Tarkovski muito admirava. O que dizer então de ''Stalker''? O óbvio: que a beleza de suas imagens é estonteante, que seus atores principais (Anatoli Solonitsin, Nikolai Grimko e Alexander Kaidanovski) estão brilhantes, que a mise-en-scène é um espetáculo tanto do binômio revelação/ocultação (como quando a câmera sai de um personagem apenas para reencontrá-lo mais adiante, após ele se deslocar fora-de-quadro) quanto da prestidigitação (o que é aquele plano-seqüência em que a câmera se distancia dos três, atravessa uma passagem retangular e depois uma enorme poça, estaciona do outro lado, enquadrando-os numa "moldura dentro da moldura", assiste ao início e ao término da chuva, muda a iluminação, enfim, o que é aquilo tudo?). E o que dizer do plano final, quando a filha do Stalker move os copos que estão em cima de uma mesa apenas com o olhar, depois deita o rosto na madeira que estremece ao som do trem que passa tocando a 9a Sinfonia de Beethoven, um dos planos mais bonitos da história do cinema? Não há nada o que dizer, no fundo é tudo uma questão de ver e ouvir, tanto para nós quanto para eles dentro do filme." (Luiz Carlos Oliveira Jr)
''Não são poucos os filmes que tentam explorar os vários aspectos da sociedade, e do ser. É ainda menor o número daqueles que tentam explicar o sentido da vida, seja de forma abstrata ou lógica. E são poucos os que conseguem tal façanha. Tomo a permissão de reduzir esse número a dezenas, se contarmos os que além de bons argumentos, forem verdadeiros deleites audiovisuais. ''Stalker'', de Andrei Tarkovsky, é um dos poucos que conseguem flertar com a percepção do ser e estar. Com um pano de fundo ficcional, Stalker explora os campos metafísicos do ser, da esperança, da humanidade. Por metáforas e belos poemas, o longa constrói consigo uma responsabilidade grande, e com o decorrer da trama, somos brindados com a leveza do ser; com a capacidade humana de fé, ou falta dela.Para se fazerem tais pregações, o longa usa como metáfora a Zona. O estranho e misterioso lugar, que tem a fama de ser a fonte da felicidade. Com isso, um professor e um escritor procuram um Stalker – homem capaz de levar à salvo pessoas à Zona -, para leva-los ao lugar e conseguirem o que buscam. Chegando lá, deparam com uma vegetação mórbida, e pelo caminho até o Quarto – lugar onde a felicidade estaria residida -, os homens enfrentam conflitos exteriores e interiores. Os personagens: professor e escritor representam, respectivamente, nossos lados esquerdos – responsável pela parte lógica – e direito – responsável pela parte emocional. Com esse embate de funções, os dois personagens estão em constantes conflitos. Em um desses conflitos, o sentido da vida é posto em discussão, e é proferida pelo ''Stalker'' a afirmação de que a música era um exemplo de sentido da vida. A música era a capacidade humana de exercitar o lado lógico e o lado emocional, e desse modo, tocar a alma do ser. Os recursos usados por Tarkovsky também são sublimes. A mudança de coloração, dos tons de cinza da cidade para a multicoloração da Zona é uma alusão à falta de esperança no centro urbano, e consequentemente, a abundância dela na natureza crua. Sobre a concepção da Zona, vale ressaltar a cena em que a câmera transpassa pelo solo do lugar, e com isso, nos é mostrado todos os valores da sociedade sobre as águas. Símbolos religiosos, dinheiro, armas, tudo o que o ser humano dá valor, na Zona, está destruído. Com isso, temos a idéia de que a Zona simboliza um lugar de inversão de valores. Certo ponto, um dos personagens cogita a possibilidade de se mudar para o lugar, assim não teria as preocupações dos centros urbanos, devido à calma ali encontrada. Além de tudo, a Zona é seletiva, deixando apenas entrarem os oprimidos, os infelizes, mas permitindo a estadia apenas aqueles que respeitarem as regras por ela impostas. Por fim, o filme trata da busca do ser humano por um lugar de paz, um lugar que dê a paz. E desacreditados, desistem dela por alegarem a falta de lógica. É a descrença humana posta em discussão. Não nos são oferecidas as respostas, mas a busca por elas, assim como a busca dos dois homens pela Zona." (Rodrigo Fisher)
1980 Palma de Cannes
Top 250#212
Top 200#106 Cineplayers (Usuários)
Top Década 1970 #15 Top Ficção Científica #9 Top Suspense #18
Kinostudiya ''Mosfilm''
Diretor: Andrei Tarkovsky
50.677 users / 8.867 face
Check-Ins 211
Date 17/06/2013 Poster - ##### - DirectorNiels Arden OplevStarsColin FarrellNoomi RapaceDominic CooperIn New York City, a crime lord's right-hand man is helped by a woman seeking retribution.[Mov 05 IMDB 6,5/10] {Video/@@} M/39
SEM PERDÃO
(Dead Man Down, 2013)
TAG NIELS ARDEN OPLEV
{esquecível}Sinopse
''Victor (Colin Farrell), um assassino profissional, é seduzido e chantageado por Beatrice (Noomi Rapace), uma vítima de um acidente de carro em busca de vingança. Juntos, realizam um plano macabro contra o poderoso gangster para quem ele trabalha e que, anos atrás, foi responsável pela morte da sua mulher e filha.''
"Filmes sobre infiltrados geralmente têm tensão pois é um trabalho de alto risco e sempre sabemos onde tudo vai dar. E a sueca Noomi Rapace continua galgando degraus em Hollywood, apesar de ainda carecer de um grande papel. No mais, thriller ordinário." (Alexandre Koball)
''Victor (Colin Farrell) e Beatrice (Noomi Rapace) partilham não somente a vista proporcionada pela localização privilegiada de seus apartamentos, um defronte ao outro, mas também o desejo de vingança contra aqueles que arrancaram pedaços importantes de suas vidas: dele, a mulher e filha; dela, a beleza. Certo dia, o caminho deles cruza-se quando Beatrice assiste da varanda a Victor assassinando um membro da gangue do gângster Alphonse (Terrence Howard) e usa isso para chantageá-lo, como forma de fazê-lo matar o motorista que, bêbado, provocou-lhe danos estéticos irreparáveis no rosto. Como se não bastasse estar assoberbado com a complexidade de seu plano, que busca provocar a confrontação entre os albaneses que puxaram o gatilho contra sua família e Alphonse, o mandante, e em manter seguro o colega enxerido Darcy (Dominic Cooper), agora Victor ainda será o justiceiro de sua nova amiga, por quem aos poucos se apaixonará. Dirigido pelo dinamarquês Niels Arden Oplev (da versão original de O homem que não amava as mulheres), o intrincado roteiro de J. H. Wyman é o ponto fraco deste decente suspense que, desenvolvido com paciência e frieza em direção ao sangrento clímax, abstém-se de emitir algum juízo de moralidade relacionado à vingança pessoal, transformando-a em um direito supremo daqueles que a praticam e além de tudo menos reprovável por envolver a escória da sociedade: os bandidos. Este tom seco retratado pelas cores lavadas da fotografia de Paul Cameron beneficia a narrativa, cujos personagens habitam um mundo privado de esperança mas profuso em violência – observe que os únicos personagens inocentes surgem ou nos segundos iniciais (o bebê de Darcy) ou em vídeos gravadas e álbuns de fotografia -, e se torcemos por Victor e Beatrice, igualmente culpados, é somente em função de serem pessoas originalmente boas adulteradas pelo meio em que vivem. Mas as atuações contidas e eficientes de Colin Farrell e Noomi Rapace, e as razoáveis do restante do elenco, não ajudam a engolir o desdobramento atabalhoado do roteiro, que exige dos gangsteres um nível de inteligência inferior ao demonstrado por Victor, que também não é nenhum baluarte da astúcia embora devesse estar próximo disso, visto o banquete de informações existente no seu esconderijo. Assim, vê-lo matar em plena luz do dia e em uma avenida movimentada só não é mais estúpido do que assistir a albaneses saindo de casa portando rifles ou, pior, engolindo um truque que deveria ser ineficaz depois de lhes ter sido revelada a mente por detrás de tudo. Aliás, mesmo Alphonse age de maneira incompreensivelmente tola quando, ciente de que havia um traidor na gangue, opta por anunciar a descoberta do grampo no seu celular a todos ao invés de preparar uma armadilha na surdina. Sem justificar a participação de Isabelle Hupert senão bancar o cupido de Victor e Beatrice, nem a proporcionalidade dos xingamentos de monstro gritados pelas crianças do prédio – convenhamos, você viu cicatrizes mais feias e profundas do que as de Beatrice -, Sem Perdão não chega a ser um desperdício, mas poderia empregar o bom elenco e a sufocante atmosfera urbana em um trama ligeiramente melhor." (Marcio Sallen)
FilmDistrict IM Global WWE Studios Automatik Entertainment Original Film Frequency Films
Diretor: Niels Arden Oplev
21.892 users / 9.511 faceSoundtrack Rock
Zaz / The British Columbians
Check-Ins 665 24 Metacritic 3.027 Down 152
Date 26/08/2014 Poster - ### - DirectorAndrew NiccolStarsNicolas CageEthan HawkeJared LetoAn arms dealer confronts the morality of his work as he is being chased by an INTERPOL Agent.[Mov 03 IMDB 6,4/10] {Video/@} M/37
O ASSASSINO DO ALASKA
SANGUE NO GELO (alternative title)
(The Frozen Ground, 2013)
"Sangue no Gelo tem atmosfera, mas peca ao apresentar um vilão muito fraco - o papel que deram a John Cusack enfraquece o filme. No final, um thriller ordinário." (Alexandre Koball)
"Elenco de canastras em história requentada. Já vimos esse filme antes, várias e várias vezes." (Heitor Romero)
''Uma história real assombrosa: a caçada que Jack, um policial prestes a se aposentar (Nicolas Cage de O Resgate) empreende sob Robert, o suspeito de ser um serial killer (John Cusack de Obsessão), após uma de suas vítimas, a prostituta Cindy (Vanessa Hudgens de Spring Breakers) fugir de um cativeiro. O fato da história se passar no Alaska, numa cidade relativamente pequena, torna a história (real e do filme) ainda mais impressionante. Para maximizar a sensação de clausura agonizante, o diretor de fotografia Patrick Murguia de Atraídos Pelo Crime faz um trabalho excelente com tomadas que contrastam a imensidão do território com a solidão e impotência das vítimas. E pra quem é brasileiro e reclama do nosso sistema judiciário vai se surpreender ao verificar que a grande barreira que Jack enfrenta durante quase todo filme é a burocracia de sua própria instituição. Mas isso não é chato de se mostrar num filme por mais que seja verdade? Pois é. E infelizmente o diretor estreante Scott Walker não faz o menor esforço para tornar a narrativa mais palatável ou menos morosa em seus longos 105 minutos. Tão ruim quanto, é a subtrama envolvendo o passado e agruras de Cindy, a qual – como diz a antiga lambada – não sabe se vai ou se fica, causando tantos transtornos para Jack, quanto para o espectador que tende até a passar a torcer contra ela. Vanessa Hudgens faz de tudo pra apagar aquela imagem de boa moça de High School Musical: além da profissão de sua personagem, fuma que nem chaminé de trem, mas continua chatinha. Nicolas Cage interpreta… Nicolas Cage, enquanto John Cusack vai no piloto automático. “O Assassino do Alaska” termina com a aterrorizante verdade da lista de pessoas mortas por esse psicopata, o que dá um peso dramático muito forte, porém pode desviar o fato de que é muito mal conduzido e perde tempo com tantas sequencias desnecessárias." (Cine Criticas)
''Entre 1980 e 1983, Robert Hansen, mais conhecido na comunidade como Bob, matou entre 17 e 21 mulheres perto de Anchorage no Alasca com requintes de crueldade indescritíveis. Bom caçador, Bob contratava prostitutas e strippers, para mantê-las como escravas sexuais por dias, até levá-las para a floresta gelada onde eram soltas e caçadas como animais (leia mais sobre os casos ao final deste texto). O filme ''O Assassino do Alaska'' traz o policial Jack Halcombe, interpretado por Nicolas Cage, no encalço desse serial killer. Ninguém acredita que Bob, um cidadão acima de qualquer suspeita, pai e marido exemplar, dono de um comércio conhecido, possa ser o monstro que aterroriza as mulheres do Alasca. A única forma de colocá-lo atrás das grades é com a ajuda de Cindy (Vanessa Hudgens), uma prostituta que conseguiu fugir do maníaco e está aterrorizada por ele, já que Bob está em seu encalço para apagá-la e não ser acusado dos crimes que cometeu. Cindy Paulson se tornou prostituta cedo. Era abusada na infância, fugiu de casa e, após o incidente, saiu das ruas e vai virar stripper numa casa noturna. Usuária de drogas, seu testemunho não foi levado a sério pela polícia, já que Bob tinha álibis, deixando o policial Jack na luta por um mandado de busca do assassino serial. A própria Cindy era uma pessoa difícil, fugindo da proteção policial e se envolvendo com cafetões. O filme é um suspense policial do tipo Super Cine, com Nicolas Cage em boa caracterização e um bom desenvolvimento de personagens, em especial o esforçado John Cusack. Quando os dois estão em cena, o filme se enriquece e eleva o nível do roteiro raso: eles seguram as pontas até o final. Há uma série de poréns, a começar pelo roteiro. Ele simplifica os acontecimentos e não deixa o espectador saber nem deduzir nada, entregando tudo de bandeja. O próprio assassino já é conhecido com antecedência, logo no começo, assim como seu modo de ação é ilustrado quase que didaticamente. Ele também releva uma série de fatos importantes sobre o caso no perfil do assassino. Vanessa Hudgens, no papel da prostituta Cindy, é péssima e não convence; Radha Mitchell desfila de acessório de cenário e o espectador tem que aturar 50 Cent ainda incorporando a vontade de ser ator, como o cafetão de Cindy. Vale, contudo, pela presença de Cage, que de vez em quando acerta, de Cusack, que parece estar se especializando em assassinos (depois de Paperboy, com Nicole Kidman) e pela curiosidade a respeito do caso." (Jason)
Grindstone Entertainment Group Emmett/Furla Films Cheetah Vision Emmett/Furla Films Court Five Envision Entertainment Valentina Films K5 International Knightsbridge Entertainment Paradox Entertainment Picture Perfect Corporation
Diretor: Scott Walker
38.607 users / 10.803 face
Soundtrack Rock = Fortune + Loosely Tightly + Reagan Youth
Check-Ins 607 16 Metacritic
Date 25/06/2014 Poster - # - DirectorRichard AyoadeStarsCraig RobertsSally HawkinsPaddy Considine15-year-old Oliver Tate has two objectives: to lose his virginity before his next birthday, and to extinguish the flame between his mother and an ex-lover who has resurfaced in her life.[Mov 07 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@} M/76
SUBMARINE
(Submarine, 2010)
TAG RICHARD AYOADE
{inspirador / poético}Sinopse
''Em sua cabeça, o estudante galês de 15 anos, Oliver Tate (Craig Roberts) é um gênio literário maneiro. Na realidade, ele é socialmente inepto e impopular. Oliver estabeleceu para si duas tarefas para o verão: perder a virgindade antes dos 16 anos e apagar a chama entre sua mãe e uma ex-amante que ressurgiu em sua vida, para salvar o casamento de seus pais.''
"Richard Ayoade cria um efeito interessante de clima retrô/moderno para discutir as desventuras de um típico adolescente com baixo autoestima (e, no caso, baixa inteligência). Divertido e fofinho, mas sem o algo a mais." (Alexandre Koball)
{Imaginem um corpo submerso e que procura uma resposta para tudo aquilo com que se depara ao longo da sua adolescência} (ESKS)
O esfacelamento do papel do jovem no cinema.
''Há quem diga que a juventude é uma invenção do séc. XX. Existem livros, dissertações, teses, pensamentos que tentam comprovar que a adolescência, um perfil e comportamento peculiar entre a infância e a fase adulta, é algo típico das gerações após a 2º Guerra Mundial. Esse novo estágio da vida traria consigo um novo modo de compreensão da vida, uma inédita forma de contestação de valores sociais vigentes. Os horrores do conflito mundial, somandos ao impacto cultural da bomba atômica e a constante iminência do fim do mundo, deram início a uma nova ordem cultural, um pensamento coletivo que visa a necessidade de viver intensamente enquanto se é jovem, uma busca de negação ao passado e aversão a gerações anteriores - jamais confiar em alguém com mais de 30 anos. O reflexo disso está presente em uma infinidade de manifestações culturais e sociais. No caso do cinema especificamente, tem sua parcela de responsabilidade tanto no início do cinema moderno, na forma dos novos cinemas que surgiriam em diversos países, como na questão do jovem como protagonista de narrativas, e a divergência entre ambiente familiar e sociedade hostil, centrado na figura do pária, que o cinema norte-americano simbolizou em personagens jovens e sem rumo, em filmes como O Selvagem (The Wild One, 1953), com Marlon Brando, e Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955), com James Dean. Embora acredite que tudo isso faça sentido, particularmente discordo do pensamento de que o surgimento do conceito de juventude, e de seu descompasso com o mundo, como um fenômeno proeminente somente a partir das gerações pós-2º Guerra Mundial, afinal isso seria muito generalizante. Existem ao menos dois livros que comprovam o contrário e retratam bem essa corrente de pensamento e que, em tese, seriam precisamente a gênese o de um filme com a proposta de ''Submarine'' (Submarine, 2010) – afinal, apesar da distância de um século, são argumentos e enredos que se assemelham em muitos aspectos. São eles O Jovem Törless (1906), do austríaco Robert Musil, e principalmente O Retrato do Artista Quando Jovem (1916), do irlandês James Joyce. São obras do início da carreira de cada escritor, com protagonistas adolescentes, no entanto em narrativas complexas, mas que, já há um século, traziam as questões seminais quanto ao rito de passagem para a vida adulta. De que se trata, então, o filme Submarine? Também um trabalho de estreia, este amorfo drama-comédia é ambientado em um subúrbio inglês, onde somos apresentados a Oliver Tate (Craig Roberts), de 15 anos, pseudo sociólogo mirim, espião e crítico da vida adulta, menino que está em evidente desajuste no ambiente escolar. Todos os seus conflitos e reflexões, sua dificuldade de adaptação ao comportamento social dos colegas nos é trazido por meio de sua narração off. Eis que, em meio a digressões e descobertas, surge com vigor a necessidade da vida sexual como meio de autoafirmação, possibilidade que vê na colega Jordana (Yasmin Paige), que, assim como ele, é também uma pessoa diferente dos outros – o que nele é introspecção, nela é agressividade. Paralelamente existe a vida familiar de Oliver, a fragilidade do pai Lloyd Tate (Noah Taylor), representando justamente a falta de uma referência paterna e declínio da figura masculina, e sua mãe Jill Tate (Sally Hawkins), em crise no casamento e nostalgia com seu passado de jovem. Submarine é apenas mais um que se soma a produção praticamente infinita de filmes com personagens adolescentes, em sua chegada a este mundo de mazelas, na fase das tais descobertas (a sexual, principalmente), em passagem para a vida adulta, onde se pressupõe uma forma de se enxergar o sistema de maneira crítica, deveras diferente dessa entidade nebulosa e maléfica que é o outro. Há o inferno social, num mundo onde tudo é falso, as pessoas são hipócritas e vendidas, a família é um conceito decadente, numa civilização onde o comportamento de manada prevalece, e a sociedade e suas instituições são opressoras e perversas. A verdade está, como diz o filme em seu trecho autoexplicativo, nas pessoas submarinos, que estão em outro patamar, imersos em uma abstrata imensidão azul, captando as altas frequências que os outros humanos ordinários não captam, na almejada sensibilidade artística, retratada aqui sob a ótica de um suposto artista quando jovem - o crítico Roger Ebert teve a pachorra de insinuar que o personagem de Oliver se parece com John Lennon jovem. A autoindulgência surge como força motriz: é a tônica insuportável desse filme. De certa forma, por mais reducionista e grosseira que seja, essa crítica social primária inegavelmente tem seu fundo de verdade, passível de identificação com o espectador – ou ao menos são matéria-prima legítima para serem discutidas no cinema. Evidente que há de se admitir que a ordem social é algo a ser questionado, que o comportamento humano tem sua perversidade, que as instituições achatam o indivíduo, que raízes para o totalitarismo prevalecem, e nada melhor do que apontar esses conceitos trazidos pela ótica de um menino de 15 anos – tal como fizeram com bastante erudição Musil e Joyce na literatura, ou como fez J. D. Salinger com O Apanhador no Campo de Centeio, aí já num caso pós-guerra e tipicamente norte-americano. Adaptar-se a esse mundo não é tarefa fácil, e pode ser um obstáculo para alguém com inteligência e postura diferenciadas. Mas o fato é que toda a trama de Submarine tem o mesmo esqueleto de uma infinidade de outros com o mesmo tema, já feitos há séculos. É uma repetição vazia de outros filmes sem trazer nada de novo, tudo é apenas diluição. Mas se aparentemente a trama está ao menos condizente com o que se espera desse tipo de proposta, o que faz de Submarine um desastre como ficção, um aborrecimento cinematográfico? O grande equivoco está em sua forma. É uma má adaptação literária. Um filme tem de falar por si só, e as evidências de que o diretor não consegue fazer cinema é pela total insegurança de construir uma narrativa como tal – sequer consegue ser um representante do tema para o cinema atual, o que faz de Submarine um festival de cacoetes para construção de sentido. Primeiro, o filme conta com entretítulos irritantes de tela azul como Prólogo, Partes, e Epílogo. Talvez por pensar se tratar de uma adaptação moderna, uma linguagem de dinâmica jovem, cool, de vanguarda? Errado, isso é absoluta incapacidade de tornar o filme uma entidade independente do livro. Funciona como que um alerta, uma justificativa para o fato de ser uma adaptação literária – já que o filme peca miseravelmente como construção cinematográfica, uma vez que é uma trama sem rumo e sem propósito. Algo que só se acentua com cenas alternantes e sem sentido dos personagens em fundo negro confessando seus pensamentos diretamente ao espectador. Mesmo sem ler o livro, dá pra se presumir que boa literatura não é: provavelmente algum pastiche sobre anseios de adolescentes se auto conclamando como obra pop pós-moderna. Outro aspecto nesse sentido é a caricatura, o estilizado, uma suposta linguagem de transposição de uma literatura infanto-juvenil para as telas. Esse tipo de intenção ficcional aqui resulta em personagens apresentados de forma rasteira, absolutamente estereotipados, banais, o que reflete a de falta de densidade da trama e o mais grave: falta de consistência na direção de atores. O que dizer de Noah Taylor, que já fez bons papéis no cinema? Como o pai de Oliver faz uma atuação moribunda, absolutamente vergonhosa. É chocante de tão ruim. As cenas de diálogo e tensão entre a família parecem retiradas de algum teste de elenco. Submarine, como geralmente acontece com más adaptações literárias, é todo centrado na questão narração off, com o protagonista certamente lendo trechos do livro em voz alta, seus pensamentos explicando cenas, tal como acontece em produções para a TV - não por acaso o diretor desse filme é um ator de seriado. Por não ter densidade, todo o filme é recheado de referências colocadas de forma gratuita, a esmo, um trabalho primário de “semiótica”, talhando um tipo de dramaturgia que recorre a citações óbvias o tempo todo. Começando pelo nome do protagonista: Oliver Tate. Não se pode presumir uma menção mais óbvia a Oliver Twist, indo além na infâmia: possivelmente uma mistura de Oliver Twist com Henry Tate, que foi responsável e acabou por batizar com seu nome a galeria de arte moderna em Londres, a Tate Gallery - sim, a alma de artista está em Oliver. Cenas da família reunida, enquadrada pela moldura da porta que os enclausura, na mesa de jantar com um aquário no nível acima; Oliver indo refletir sobre a vida em frente ao mar ao som de baladas chorosas no violão; Oliver presenteando a namorada com uma cópia de O Apanhador no Campo de Centeio. Pior: o que dizer de um jovem protagonista que encerra sua jornada correndo para o mar? Não, Richard Ayoade, ''Submarine'' jamais lamberá as botas de Os Incompreendidos (Les Quatre Cent Coups, 1959) de Fraçois Truffaut, tampouco o seu Oliver Twist é um Antoine Doinel. Não é preciso lá muita bagagem cultural pra ver a imensa colcha de retalhos que é ''Submarine'', um filme que não consegue por mais de 10 minutos falar por si só sem pedir arrego a obras de verdade. Nesse sentido, é um amontoado de referências, que aborda a questão da juventude, da introspecção e das dificuldades da vida de forma leviana, baseando-se constantemente em gracejos na direção, na tentativa de torná-lo um cult na marra. É produto de uma geração de cineastas que cresceu glorificando escrachos como O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain, 2001) e Corra, Lola, Corra (Lola Rennt, 1998), vendidos como filmes europeus de arte, e acham que o cinema será o lugar onde poderão revelar suas afetações artísticas, superar seus recalques, deixar aflorar todo a sua intimidade e introspecção por meio de personagens indies e autoindulgentes, caindo sempre na obviedade no uso de signos e na abordagem rasteira, sempre escancarando de forma literal seus possíveis significados. Até o Brasil até tem sido agraciado (infelizmente) com obras dessa safra, como Os Famosos e os Duendes da Morte (idem, 2009) e À Deriva (idem, 2009), e até Arnaldo Jabor, quem diria, caiu nessa e fez o execrável A Suprema Felicidade (idem, 2010). E, claro, obras desse naipe também marcam presença em festivais independentes e estão nesse exato momento sendo realizadas por um grupo de jovens estudantes de graduação vestindo tênis All Star (serve oficinas de cinema digital também) na escola de cinema mais perto de você. Já Submarine vem justamente da Inglaterra, numa cinematografia de tradição ao abordar esse mesmo tema de forma inteligente, e que já produziu verdadeiras obras-primas falando da questão do jovem em seu rito de passagem para a vida adulta, seu descompasso com o ensino e a sociedade, tais como Se... (If...., 1968) de Lindsay Anderson, ganhador do Grand Prix no Festival de Cannes em 1969, e que revelou Malcom McDowell, que logo em seguida faria Laranja Mecânica (Clockwork Orange, 1971) – Se... era tão representativo que Stanley Kubrick revelou que jamais faria Laranja Mecânica sem McDowell. Ou mesmo o filme símbolo do renascimento do cinema inglês nos anos 60, Tudo Começou no Sábado (Saturday Night and Sunday Morning, 1960), de Karel Reisz. E por meio de enredos alegóricos e forma é que se pode chegar a uma verdadeira reflexão sobre um determinado contexto social ou uma corrente de pensamento. A arte se torna muito mais poderosa, e com muito mais valor, quando transmite sua mensagem por meio da sutileza de sua linguagem. Isso é fazer cinema. Submarine serve apenas de exemplo do contrário, da imaturidade de seu diretor, sua incapacidade em construir uma narrativa de cinema, em dirigir atores, e até de movimentar a câmera, mas sobretudo, é um estandarte de um esvaziamento eminente de valores atribuídos a juventude no século XX. Não há razão para que esses filmes repetitivos existam hoje em dia. É melhor ir ler Robert Musil por nostalgia. Por fim, deve-se comentar a trilha de Alex Turner, vocalista e líder da banda Arctic Monkeys. O filme ganhou certo destaque por isso, e tende a gerar muita curiosidade aos fãs do grupo. Arctic Monkeys surgiu quando se destacou na internet em 2006, mais especificamente no falecido MySpace, e trazia o jovem Alex, com então 19 anos , cantarolando com voz de pato letras que supostamente refletiam o cotidiano da juventude inglesa dos anos ‘00 – uma Malu Magalhães do Reino Unido. Mas o que sempre se viu nesse grupo foi uma rusticidade musical, um ímpeto juvenil que beira o amadorismo, tudo executado de forma garageira, sem muita qualidade ou acabamento. A escolha de Alex para a trilha de Submarine talvez tenha sido acertada, se pensado em termos de afinidade, de que ambos fazem parte de uma mesma proposta, um mesmo clã – até porque Ayoade fez clipes para a banda. O que torna Alex Turner ainda mais odioso aqui é o fato de que sua identidade no Arctic Monkeys tenha ficado pra trás, e aqui ele empunha as canções de voz e violão das mais melosas possíveis, tal como uma versão britânica do messiânico Eddie Vedder em Na Natureza Selvagem (Into the Wild, 2007) (outro filme imaturo e detestável, na mesma linha), que incansavelmente pontuam e fazem intervalos entre as cenas, na ideia de criar um clima de sensibilidade, uma aura de delicadeza. Um sentimentalismo barato, que só reafirma a incapacidade desse diretor em representar o jovem no cinema com algum propósito legítimo, senão uma masturbação cinematográfica." (Juliano Mion)
Warp Films Weinstein Company, The Film4 UK Film Council Wales Creative IP Fund Film Agency for Wales Optimum Releasing Protagonist Pictures Red Hour Films Warp (Submarine)
Diretor: Richard Ayoade
61.485 users / 16.885 face
Check-Ins 677 37 Metacritic 3.334 Down 300
Date 02/09/2014 Poster - ####### - DirectorMichael BayStarsMark WahlbergDwayne JohnsonAnthony MackieA trio of bodybuilders in Florida get caught up in an extortion ring and a kidnapping scheme that goes terribly wrong.[Mov 04 IMDB 6,5/10] {Video/@@@@}M/45
SEM DOR, SEM GANHO
(Pain & Gain, 2013)
TAG MICHAEL BAY
{intenso}Sinopse
''Flórida. Daniel Lugo (Mark Wahlberg) é um fisiculturista que sonha com o chamado "sonho americano", no qual tem dinheiro à vontade para levar a vida como quiser. Para alcançar este objetivo ele conta com a ajuda de um colega, Adrian Doorbal (Anthony Mackie), e do ex-presidiário Paul Doyle (Dwayne Johnson). Juntos eles planejam o sequestro e a extorsão de um conhecido criminoso local, Victor Kershaw (Tony Shalhoub). Só que, ao realizarem o golpe, eles não contavam com as inevitáveis consequências que ele traria.''
"Dirigido da mesma forma que os blockbusters de Bay, Sem Dor, Sem Ganho tem humor perto do genial e é um dos papéis mais legais do gigantão The Rock." (Alexandre Koball)
"Mostra que Michael Bay deveria largar os enlatados de lado para contar histórias diferentes. Divertido, ousado, politicamente incorreto e com uma mensagem relevante. Tão surreal que beira o inacreditável ser baseado em uma história real." (Rodrigo Cunha)
"Os irritantes excessos de Michael Bay estão todos lá, mas dessa vez se encaixam bem à crítica ao sonho americano e à sátira à mentalidade vazia do país. Sim, é um filme de Michael Bay com algo a dizer, com um humor negro que funciona e diverte." (Silvio Pilau)
A (autos)sátira de Michael Bay ao sonho americano.
''Foi com a melhor das intenções que James Truslow Adams cunhou o termo American Dream, apenas dois anos após a Grande Depressão. Também autor da frase Há obviamente duas educações: uma deveria nos ensinar como ganhar a vida, outra como viver, Adams jamais poderia imaginar que sua otimista projeção de ordem social e igualdade de oportunidades para todos os residentes dos Estados Unidos seria distorcida e transformada numa das principais ferramentas filosóficas do capitalismo, sistema econômico que tão bem subverte a utópica realidade proposta no livro The Epic of America. Pois é a partir dessa percepção que Michael Bay desenvolve ''Sem Dor, Sem Ganho'', um bem-vindo e surpreendente filme na carreira recente do diretor justamente por ser dotado de uma linha crítica bem definida e desenvolvida. Tomemos, por exemplo, sua cena de abertura, em que o personal trainer Daniel Lugo (Mark Wahlberg), em uma assustadora sessão de abdominais pendurado em um paredão de concreto, grita “Eu sou forte! Eu sou grande! Eu sou gostoso!”. Sim, o sujeito é vaidoso, egocêntrico e ambicioso, características que entram em conflito e afloram diante da ostentação do aluno Victor Kershaw (Tony Shalboub, excelente), um judeu de ascendência colombiana, viciado em poder e de natureza extremamente vulgar, cuja riqueza e negócios têm procedência duvidosa. Assim, o que a princípio surge como um libelo da natureza caótica do cinema de Bay, inclinado ao emprego indiscriminado de caricaturas, comprova sua função narrativa à medida em que tudo ali se apresenta como produto da nociva competitividade que a busca pelo sonho americano desperta nas pessoas - e não poderia haver melhor exemplo para o lixo que essa ideia produz do que uma constrangedora palestra motivacional ministrada pelo coreano tresloucado Ken Jeong. O estilo excessivo de Bay também se apresenta quase sempre muito funcional, com closes em slow motion destacando a estrela de Davi no peito de Kershaw e a narração em off enfatizando a hipocrisia em seu protagonista: ao passo que o mesmo se rebela contra os economicamente privilegiados, Lugo despreza aqueles diferentes de si (pessoas que não valorizam o que há de mais valor em cada um, seu corpo, enquanto a câmera passeia por senhoras gordas), o que resume bem o comportamento egoísta da sociedade como um todo. Não à toa, Lugo irá convocar dois bodybuilders para auxiliá-lo no sequestro de Kershaw: o negro Adrian Doorbal (Anthony Mackie) e o ex-presidiário (e ex-viciado! E ex-crente!) Paul Doyle (Dwayne Johnson), opção inteligentíssima em sua polivalência, uma vez que não apenas reitera que os Estados Unidos não é uma terra em que as minorias encontram igualdade de oportunidades, assim como, ao reforçar o estereótipo do bombado idiota, mostra que a interpretação de Lugo para outro conceito (mente sã em corpo são) está equivocada, ou, numa análise mais abstrativa, como costuma ser limitada a perspectiva de quem defende a superioridade de um grupo, uma raça, uma religião ou coisa que valha. No cerne da questão, o da competitividade entre grupos distintos, os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely desenvolvem com muita precisão o único personagem capaz de ser financeiramente bem-sucedido sem ferir sua integridade moral, como previa Adams ao conceber o conceito de American Dream. Este é Ed DuBois III (todos sabemos que a influência, principalmente quando sustentada por um belo nome de família, abre portas no mundo capitalista), interpretado com sobriedade por Ed Harris, um americano típico caucasiano (e, por isso, isento de qualquer discriminação) cuja profissão de família é investigar e prender pessoas que cometem delitos. Ou seja, esse verdadeiro patriota consegue pôr em prática a ideia do sonho americano detendo aqueles que burlam a essência do conceito para acumular riquezas e ostentá-la, que é como o capitalismo estimula o sonho americano no mundo contemporâneo; ou seja, de um jeito ou de outro, ele vive desse sistema, o que é fina ironia. Aliás, quando DuBois começa a investigar os três picaretas e os planos destes começam a dar errado é que o filme fica mais tragicômico e a peculiar grosseria de Michael Bay explode. Enquanto Lugo usa seu dinheiro com certa moderação, mas tem a ideia imbecil de adotar a casa do cara que extorquia como nova moradia, Adrian pagaria bem caro comprando um novo lar, realizando o sonho de casar-se com uma gordinha e arcando com um tratamento para impotência provocada pelo uso excessivo de anabolizantes, enquanto Paul se deixa extorquir por uma loira (supostamente) burra e cheira até o último centavo (momentos em que The Rock brilha). E se a falta de sensibilidade do cineasta atinge o ápice quando o mesmo lembra que aquela trama surreal ainda se trata de uma história baseada em fatos (imagine os familiares das vítimas assistindo à cena do churrasco!), se torna instigante perceber que Bay tanto parodia a parcela mais óbvia de seu público potencial, quanto, conscientemente ou não, satiriza a si mesmo, uma vez que, assim como seu trio protagonista, sua filmografia é um reflexo de seu inequívoco fascínio por máquinas esportivas e mulheres muito belas e pouco inteligentes. Sem Dor, Sem Ganho se assemelha bastante a Selvagens (Savages, 2012) em sua crítica à deturpação de ideais e aos modos escusos de se ganhar a vida nos Estados Unidos, porém se mostra bem mais coeso e honesto por não estabelecer uma confusa dicotomia entre bandido bom e bandido mau. Mais do que isso, é o filme em que Michael Bay melhor consegue utilizar a esquizofrenia de seu cinema (figuraça, ele encontra um jeito de explodir um carro) em prol da narrativa e de uma análise precisa de seu tempo. E o diretor também é eventualmente corajoso em, indiretamente, se assumir como um privilegiado dentro do american way of life - e pensar que o filho grato do sonho americano pode tê-lo assumido de maneira inconsciente, cometendo uma gafe do tamanho de um longa-metragem, torna tudo ainda mais sincero e deliciosamente irônico." (Rodrigo Torres de Souza)
''A primeira meia hora de ''Sem Dor, Sem Ganho'' chega a enganar. Por um momento temos a sensação de que o diretor Michael Bay (Transformers) vai surpreender e provar que aprendeu alguma coisa de direção de tanto errar. A promessa, no entanto, não se cumpre. Em dado momento começa a perder as rédeas do filme e volta a ser o velho e conhecido Michael Bay, cineasta de cujo dicionário não constam palavras como sutileza, harmonia e equilíbrio. Sem Dor, Sem Ganho é a dramatização sensacionalista de uma história verdadeira, ocorrida na década de 90, quando um grupo de marombados resolveu ir atrás do sonho americano cometendo crimes em série. Idiotas musculosos liderados por Daniel Lugo (Michael Wahlberg), personal trainer de uma academia na Flórida com obsessão por forma física e, claro, dinheiro. O humor que permeia o filme, sustentado no bizarro das situações, é perfeitamente adequado tendo em vista o nonsense da história e a patetice do trio de criminosos. O problema é que Michael Bay não é um dos irmãos Coen, capazes de dosar humor e violência em histórias sobre criminosos parvos metendo os pés pelas mãos. Em dado momento, ''Sem Dor, Sem Ganho'' deixa o tom de brincadeira e passa a ser dominado por uma abundância de violência desnecessária e excessiva que entra frontalmente em choque com o que havia sido mostrado até então. Isso mina toda e qualquer boa vontade do público com os protagonistas e, a longo prazo, com o filme. O incompreensível é que Bay parece completamente convencido de que poderia manter o lúdico do filme, mesmo quando entram em cena serras elétricas, amputações, crânios esmagados e Dwayne Johnson fazendo churrasco de mãos humanas enquanto vaga pelo filme alucinado de cocaína e levando a tiracolo o próprio dedo decepado por um tiro. Não tem graça, até porque sabemos que os crimes de fato aconteceram, mas Bay é incapaz de perceber isso. De repente, o que parecia ter potencial para tornar-se o melhor longa da carreira do diretor vira apenas mais um filme irregular e exagerado de Michael Bay. Mesmo que o elenco - que inclui ainda Tony Shalhoub, Ed Harris e Anthony Mackie - renda a contento, algo incomum em seus filmes. Vale ressaltar que nem o roteiro nem os muitos truques de câmera de Bay tentam, em nenhum momento, glamourizar os idiotas, apenas destacar sua visão de mundo equivocada. Mas o fazem de forma tacanha. A trama de ''Sem Dor, Sem Ganho'' dava a chance a Michael Bay de fugir de seu lugar-comum cinematográfico, que são filmes cheios de estilo e pouca substância. A história de um trio de homens musculosos, narcisistas e acéfalos - mas que se consideram gênios do crime – carrega um sem número de possibilidades de abordagem e reflexão sobre a sociedade de consumo, culto ao corpo, hedonismo, etc. Mas, infelizmente, o cineasta da mão pesada a reduziu a uma fita de ação de violência excessiva, estupidez excessiva, histórias excessivas e subtramas irrelevantes. Muita dor e pouco ganho." (Roberto Guerra)
''Desconfiar de reconstituição cinematográfica de uma história real dirigida por Michael Bay tem lá seus fundamentos. Afinal, estamos falando de um cineasta cheio de megalomanias, viciado em exageros, que não hesita em ultrapassar o limite do verossimilhante e que não dá a mínima para seus personagens. Além disso, experiência anterior (chamada Pearl Harbor) confirmou que Bay pode não ser o melhor dos nomes quando estamos falando de adaptações do tipo. Mas contrariando todas as expectativas, “Sem Dor, Sem Ganho” funciona, especialmente no quesito passatempo. Porém, poderia ser bem superior se seu diretor tivesse um ainda pequeno respeito com a realidade por mais absurda que a versão verdadeira dessa história possa ser. Quem a protagoniza é Mark Wahlberg, como Daniel Lugo, um instrutor de fisiculturismo e personal trainer absolutamente alucinado por malhação. Por mais trabalhador e malandro que ele seja, a profissão, porém, não vem dando grandes retornos financeiros. Pelo menos não suficientes para suas ambições. Então, surge a ideia de um golpe: sequestrar um de seus alunos, um rico e tagarela colombiano de nome Victor Kershaw (Tony Shalhoub), e roubar todos os seus bens. Para tanto, ele conta com as ajudas de seu fiel escudeiro Adrian Doorbal (Anthony Mackie) e do ex-presidiário Paul Doyle (Dwayne Johnson). A falta de intelecto do trio (para ser elegante), porém, traz inúmeros imprevistos para o caso. Dando, inicialmente, a impressão de um agradável amadurecimento na escolha de seus projetos, deixando de lado franquias caça níqueis de gosto duvidoso, Michael Bay tenta aqui fazer sua primeira sátira. E consegue, pelo menos no primeiro ato do longa. Tendo como alvo o modo de vida americano, calcado na aparência, o filme utiliza como objeto fisiculturistas bombados, daqueles que não a mínima em adquirir sequer um pouquinho de conhecimento para além de suas áreas, fazendo deles grandes caricaturas desde o primeiro instante que surgem em tela, seja pelo que dizem, pelo que fazem ou pelo que vestem. Graças a um roteiro, escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely, recheado de diálogos rápidos e inteligentes, comprometidos em definir e deixar clara a estupidez de seus personagens, o filme conta com um humor negro eficiente que fica ainda melhor nas frenéticas câmera e edição de Bay. Quase não há respiração entre conversas. Muito menos entre sequências diferentes. Com um ritmo irresistível, “Sem Dor, Sem Ganho” vai conquistando por sua proposta irônica e história deveras surpreendente, que vai tomando proporções inimagináveis para uma adaptação da vida real. Ai então começam a surgir os problemas da película. Se a versão original desta história já deve conter vários absurdos, Michael Bay faz questão de multiplicá-los, como de praxe. Apenas as explosões ficam de fora, porque daí surgem as perseguições, mortes, mutilações, tiros e tudo mais que o excesso de testosterona típico de Bay provoca. Markus e McFeely, roteiristas, também deixam-se de se preocupar com a trama e sua sátira e concentram-se apenas em oportunidades de ressaltar o chocante e de piadas pontuais, os quais certamente fazem-nos rir e arregalar os olhos de espanto, mas que pouco contribuem para crescer o interesse pelo todo da obra. Os estereótipos vão, então, ficando cada vez mais acentuados, fazendo surgir da gostosa sem qualquer cérebro, interpretada por Bar Paly, à gordinha despudorada, papel da sempre engraçada Rebel Wilson. O inverossímil chega a um ponto tão inaceitável que até Michael Bay tenta ressaltar (mesmo que não seja nada convincente), com enormes letreiros, que ainda estamos diante de uma trama baseada em fatos reais. Nem mesmo as fotos dos reais criminosos exibidas pouco antes dos créditos finais trazem alguma credibilidade à trama. Mas o elenco principal faz “Sem Dor, Sem Ganho” valer à pena pela diversão, por sua total falta de seriedade. Como chefe do bando e, por isso, responsável pelas principais ações brutas do trio, Mark Wahlberg é o perfeito “cabeça oca”, daqueles que não tem a mínima noção de quão estúpido é. Anthony Mackie também faz rir como o seguidor da burrice alheia e dono de uma disfunção erétil desagradável. Mas é Dwayne Johnson quem mais nos faz gargalhar como o brutamontes de passado tenebroso que luta entre o vício de cocaína e o amor pela fé cristã. Um pouco mais livre dos efeitos visuais que tanto gosta de ressaltar, Michael Bay entrega um filme também tecnicamente quase irrepreensível para o padrão do gênero, mesmo que sua edição acelerada não repercuta em uma duração mais curta e agradável (são mais de duas horas de filme). Mas o fato é que estamos diante de um Bay menos intragável, por diversas vezes de comicidade eficiente, apesar de ainda precisar melhorar muito para ganhar o respeito de público e crítica.'' (Darlano Didimo)
Paramount Pictures De Line Pictures
Diretor: Michael Bay
154.794 users / 42.816 faceSoundtrack Rock
The Rolling Stones / Bon Jovi / Hysteria / Dyke and the Blazers / Stevie Wonder
Check-Ins 683 42 Metacritic 1.305 Down 241
Date 08/09/2014 Poster - # - DirectorOliver StoneStarsAaron Taylor-JohnsonTaylor KitschBlake LivelyPot growers Ben and Chon face off against the Mexican drug cartel who kidnapped their shared girlfriend.[Mov 07 IMDB 6,5/10 {VIdeo/@@@} M/59
SELVAGENS
(Savages, 2012)
"Stone promove uma experiência visceral, ainda que exagerada." (Alexandre Koball)
"Mesmo voltando a um cinema mais violento e cru como aquele o que o consagrou, Stone se perde aqui em excessos estilísticos e em uma narrativa confusa, sem muita lógica - sem contar o final, que parece uma piada com o espectador (e talvez o seja)."(Silvio Pilau)
''Oliver Stone não é mais aquele diretor que fazia longas polêmicos como JFK ou épicos transgressores como Assassinos por Natureza. A fama de decadente já contamina qualquer filme que faça. Mas às vezes ele acerta, como em "Selvagens". A crítica atacou o filme por ter personagens caricatos e roteiro maniqueísta. Detratores se esquecem que alguns dos melhores policiais e faroestes da história do cinema se encaixam nessa classificação. Os mocinhos do filme são dois amigos (Taylor Hitsch e Aaron Johnson, novatos) que se dão bem plantando maconha na Califórnia. Têm muito dinheiro e compartilham a mesma loira (Blake Lively). Mas traficantes mexicanos (os charmosos Benicio Del Toro e Salma Hayek) querem acabar com a boa vida da dupla. Caras durões, gatas e John Travolta em ponta cínica. Já é suficiente." (Thales de Menezes)
A selvageria utópica do confuso Oliver Stone.
"Selvagens" (Savages, 2012) tem início com momentos de extrema violência gráfica, surgindo para o público que conhece o trabalho de Oliver Stone como uma surpreendente versão atualizada de Assassinos Por Natureza (Natural Born Killers, 1994). A violenta trama envolvendo drogas e corrupção resvala em Traffic (Idem, 2000), até que bizarramente alterna-se com uma história de amor e aventura a três, a la E Sua Mãe Também (Y tu mamá también, 2001). Quando o filme termina, inexplicavel e covardemente como um genérico de Violência Gratuita (Funny Games, 1997), o que se nota é que esse festival de referências aleatórias podem fazer mais sentido que o novo projeto de Stone, confuso em roteiro e direção. Curiosamente, a história baseada no romance homônimo de Don Wislow (que assina o roteiro com Shane Salerno e o próprio Stone) é bem simples: a bela Ophelia (Blake Lively) é sequestrada por um bando liderado pelo capanga Lado (Benicio Del Toro) após seus dois namorados (embora ela adore um trocadilho, não a chamarei de Dona Flor), os traficantes Ben (Aaron Johnson) e Chong (Taylor Kitsch), recusarem-se a comercializar suas drogas de primeira qualidade com a chefe do cartel de drogas local, Elena Reyes (Salma Hayek). Paralelamente, apenas subtramas e personagens dispensáveis – a exceção é o corrupto agente federal Dennis (John Travolta) –, deixando um thriller de ação que poderia ser objetivo com a extensão de um épico, 140 minutos. A perturbação de Oliver Stone se faz presente em diversos outros aspectos, a começar por sua postura diante da selvageria que move a trama. Ele atenua, justifica, até glamuriza os crimes praticados por Ben e Chong, enquanto os vilões Elena e Lado agem baseados em ganância ou pura crueldade, estabelecendo no mundo do crime uma dicotomia entre mocinhos e bandidos. Dualidade ousada, em que o diretor peca por falta de sutileza (o traficante do bem precisa ser um filantropo budista?) mas não por hipocrisia, pois esta é creditada à personagem O, que, em sua posição de narradora da história, apresenta uma visão utópica de suas desventuras amorosas e criminosas. A hipótese ganha legitimidade se pensarmos que a deturpação de ideais pela juventude é um tema recorrente na carreira do cineasta, a exemplo do já citado Assassinos Por Natureza – filme em que tal crítica, representada por um casal de psicopatas que cometem delitos incentivados por repentina fama, foi apresentada de modo mais consistente. Por outro lado, se no longa estrelado por Woody Harrelson e Juliette Lewis a TV funcionava como mídia (irresponsável e) difusora dos crimes dos protagonistas, em Selvagens o realizador brinca com as inúmeras possibilidades que a tecnologia (smartphones, laptops, internet) pode oferecer aos criminosos, examinando com refinamento a capacidade da sociedade de distorcer o conceito de utilidade dessas ferramentas. O problema é que os questionamentos de Oliver Stone só têm validade porque (e quando) fundamentados numa narrativa em 1ª pessoa, perspectiva esta abandonada por insegurança, conveniência, e/ou desleixo do próprio, que age como se pudesse permiti-los. Não faz sentido que a história, contada do ponto de vista de Ophelia, abarque também as visões dos mexicanos Elena e Lado, como ocorre na cena em que os cruéis mafiosos têm um acesso de moralismo e criticam o comportamento selvagem dos americanos, que se permitem triângulos amorosos. Pode também ter sido um deslize calculado, de um diretor que compromete a coerência do roteiro mas não compromete a si mesmo por um posicionamento controverso, artifício ainda mais lamentável. Ou o descuido, por resultar numa das cenas mais divertidas desse filme esquizofrênico, seria um sintoma de que o decadente Oliver Stone resolveu apelar de vez para a galhofa - e isso sim faria muito sentido, pois nenhum realizador que se leve a sério sairia da sala de montagem com um final duplamente bisonho como se mostra o desfecho de Selvagens." (Rodrigo Torres de Souza)
"O novo filme de Oliver Stone não traz nada de novo sobre o mundo do tráfico de drogas. Retrata como o comércio ilegal de entorpecentes é cruel na disputa por um dos mercados mais lucrativos do mundo. Os mocinhos do longa, Chon (Taylor Kitsch) e Ben (Aaron Johnson), descobrem isso quando recebem a proposta de um cartel mexicano interessado na ótima qualidade da maconha cultivada por eles em estufas nos Estados Unidos. A oferta de parceria não é bem uma oferta, mas uma imposição. O Cartel de Baja precisa da droga de Chon e Ben para manter seu poderio. Quando negam a proposta milionária, provocam a ira da chefona do bando, a durona Elena Sanches (Salma Hayek), que sabe bem como convencê-los do contrário: sequestrar O (abreviação de Ophelia, nome que a bela moça interpretada por Blake Lively despreza), a namorada queridinha da dupla e narradora dos acontecimentos retratados no filme. Aqui reside um dos problemas de "Selvagens": a explanação dos fatos por O. Ela é uma menina mimada, rica e fútil cuja vida se resume a transar com Chon e Ben (juntos ou separados), fumar maconha e fazer compras em lojas de grifes. Fica difícil acreditar que alguém tão frívolo consiga ter o entendimento completo e detalhado dos fatos que narra, mesmo que o faça com certo otimismo e um viés pseudofilosófico tolo. Ela só parece ter os pés no chão quando afirma não necesessariamente ter escapado viva, apesar de estar contando a história. Após o sequestro de O, Elena faz nova proposta: ela pode sair livre após um ano se seus namorados aceitarem o acordo original, mas agora com um corte em seus lucros. O problema é que Chon e Ben sabem que a frágil O não aguentaria ficar em cativeiro por tanto tempo. Resolvem então entrar em ação para salvar a namorada de imediato, o que inclui um plano maluco de roubar dinheiro do próprio Cartel de Baja e oferecê-lo como pagamento pela moça. Para isso, Chon, um ex-SEAL, conta com a ajuda de seus ex-companheiros de guerra no Afeganistão. O trio central de protagonistas não é o forte de "Selvagens", mas o roteiro mais do que compensa isso com alguns personagens de apoio interessantes, como Elena, que assumiu o controle após o assassinato de seu marido e de um de seus filhos, e cuja filha (Sandra Echeverría) vive na Califórnia e tem vergonha dela. Há também seu braço direito Lado (Benicio Del Toro), um assassino cruel e um tanto psicótico que mata um ser humano com a mesma facilidade que se livra de uma mosca. Um tipo estranho que tentamos decifrar ao longo do filme, mas não conseguimos, e que nos deixa sempre com a sensação que algo inesperado pode acontecer quando entra em cena. Numa sequência em que invade de casa de Dennis, um agente federal corrupto vivido por John Travolta, notamos que muda de ideia diversas vezes sobre matar ou não o policial, como se o crime em si fosse o que menos importasse. Mesmo não sendo brilhante nem inovador, "Selvagens" é bem filmado e sua trama segura a atenção até a subida dos créditos finais. Seu demérito está nos supérfluos, como, por exemplo, o fato de O ter de dar satisfação de seu paradeiro, mesmo no cativeiro, para sua mãe invisível, e as duas opções de final apresentadas, numa espécie de "o público decide". Ainda assim, vale como diversão despretensiosa." (Roberto Guerra)
Liberdade, igualdade, fraternidade e pupilas dilatadas.
"Cada um faz o filme de recessão que lhe convém. Jason Reitman aplica suas lições em Amor sem Escalas, Sam Raimi exorciza a crise em Arraste-me para o Inferno e Steven Soderbergh tenta fazer o iconoclasta em Magic Mike. Oliver Stone, que nunca foi de medir a dose, mistura os três em Selvagens (Savages, 2012). Se Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme era um registro comportado da crise financeira, neste seu novo filme, que adapta o livro homônimo de Don Winslow, Stone retoma as cores exageradas e a vocação screwball de Reviravolta, sua comédia de ação de 1997, para levar a recessão à terra sem lei da fronteira com o México, e lá desconstruir e defender a imagem liberal dos self-made men que está na base do capitalismo nos EUA. Os empreendedores da vez são dois amigos de Laguna Beach, o sossegado Ben (Aaron Johnson) e o veterano de guerra Chon (Taylor Kitsch), que dividem a mesma namorada, Ophelia (Blake Lively), narradora da história. Ela diz logo de cara que é conhecida apenas como O. (de Ophelia e de orgasmo) e explica com didatismo toda a premissa do filme. Conta que a maconha comercializada por Ben e Chon é a melhor do mundo - e não é plantada no Afeganistão nem no México, mas aqui: California, USA - como se estivesse naquele comercial de Clint Eastwood em defesa da indústria de carros de Detroit. Quando a parte da geração-de-empregos fica bem entendida, o roteiro dedica ainda uns bons minutos para mostrar - na cama, na banheira - que o triângulo amoroso em questão não fica só na conversa (Blake, a californiana por excelência, poderia até ser uma doce Namoradinha da América se não fosse tão gostosa). É importante para Oliver Stone não só estabelecer a indústria semilegalizada da maconha na Califórnia como uma estrutura justa de trabalho, como também associar o sexo desse triângulo amoroso com uma ideia de igualitarismo. Essa é a lição liberal-socialista sobre a recessão que Selvagens tenta passar, goste-se dela ou não. O que vem a seguir é mais catártico, quando os cartéis mexicanos chegam para separar o trio. E aí Stone passa para o exorcismo da crise, via violência, e para a iconoclastia da fronteira, do cenário de Velho Oeste que parece sempre ter uma terra a mais a desbravar. O chefão do tráfico não é um homem, mas uma mãe preocupada. O cenário da guerra lembra o Iraque, mas é o Texas. Ben & Chon se atiram ao duelo como Butch Cassidy & Sundance Kid, mas têm a seu favor a simpatia do cinema americano por histórias de segundas chances. Se há um ruído mais saliente em "Selvagens", é a mania de botar na narração em off todas essas suas pequenas sacadas de desconstrução de imagem que já estão bem marcadas visualmente (a referência a Butch Cassidy, por exemplo, é textual). Como é no discurso, de qualquer forma, que Oliver Stone busca se firmar - e qualquer discurso fica bem na voz de Blake Lively - seu novo filme termina sendo até que bastante coerente, embora transcorra como um tiroteio entre chapados e loucos com as pupilas dilatadas.'' (Marcelo Hessel)
Ixtlan Onda Entertainment Relativity Media
Diretor: Oliver Stone
89.168 users / 27.688 face
Soundtrack Rock = Peter Tosh + Massive Attack + Jeff Lynne + Bob Dylan
Check-Ins 291
Date 20/08/2013 Poster - ### - DirectorAgnès VardaStarsSandrine BonnaireMacha MérilStéphane FreissA young woman's body is found frozen in a ditch. Through flashbacks and interviews, we see the events that led to her inevitable death.[Mov 09 IMDB 7,5/10 {Video}
SEM TETO, NEM LEI
(Sans toit ni loi, 1985)
"Nome menos conhecido da turma ligada a nouvelle vague, Agnes Varda foi a primeira a dar uma chance a Alains Resnais como montador em seu primeiro longa. La Pointe Courte. Como Resnais em Marienbad, ela presta uma homenagem ao nouveau roman em "Sem Teto Sem Lei", filme sem trama ou retrato psicológico, Leão de Ouro em Veneza. Mona (Sandrine Bonnaire) é uma andarilha sem-teto que erra pelas estradas da França, cruzando com todo tipo de gente, pedindio comida e cigarros. A diretora entremeia as andanças da moça com os depoimentos das pessoas que a conheceram, mas mantém intacto o mistério em torno dela. Sua figura rebelde e sem origem fixa-se estranhamente no inconsciente dos outros personagens e do espectador. Na ressaca do feminismo e da era hippie, Varda se indaga sobre o sentido da liberdade da mulher e da utopia dos desapegos material e emocional. Seu filme não traz uma resposta, mas desdobra muitas outras questões." (Thiago Stivaletti)
"Com "Sem Teto Nem Lei", Varda encara o desafio de perguntar o que é ser livre. Curiosamente, para fazer isso cria uma estrutura de absoluto controle em sua mise-en-scène. Não há aqui nenhum sinal de improviso: cada travelling tem seu início e fim marcados. Como acontece com a trajetória da protagonista, o trajeto da câmera também está sempre definido de antemão. Mona está morta. O fim da linha está dado. É deste dado que o filme parte. No fundo do plano há solos áridos, galhos retorcidos, máquinas enferrujadas, portas invariavelmente fechadas e troncos decepados. Todo o caminho de Mona é uma dança da morte. É a morte que vemos agir no rosto, nos trajes, na terra seca e nas mãos calejadas. É sua ação, seu trabalho, que nos é dado a ver nos galhos, nas paredes, nas máquinas e nos corpos. Entretanto, Mona não é a única morta, mas a única viva. É somente ela quem pode renunciar a tudo, inclusive a si mesma, a sua existência. Sua liberdade é essa: não ter identidade, objetivo ou causa. Não ter nada é a única forma de poder ter tudo, de poder ser tudo, de manter vivas as possibilidades. O que o filme busca é tentar apreender algo dessa força sem nome que emana da protagonista, interpretada por Sandrine Bonnaire. E apreender é solidificar, é dar nome. Varda decide pelas impressões, pelo que fica nos personagens pelos quais Mona passa, por suas narrações. A opacidade da personagem funciona como um espelho desses olhares. Assim, acaba revelando uma espécie de inventário de submissões e prisões pelas quais cada um daqueles personagens optou no seu esforço de solidificação, de se tornar estático, de fundar suas raízes num espaço específico, de conformação a alguma forma de status quo. É o oposto do que acontece com a protagonista, cuja morada é somente o movimento, o tempo em toda sua possibilidade. Mona representa o que é inapreensível. Varda nos coloca dentro desde jogo onde, a cada segmento, achamos que Mona se apaixonou, se afeiçoou, escolheu uma causa ou uma casa. Mas ela sempre escapa, seja num sorriso fora de hora, ou numa moeda que não vai para o pão mas para a jukebox. A liberdade da protagonista coloca em questão todos os laços, compromissos e objetivos de quem passa por ela. Mona põe qualquer tentativa de imobilização, de retenção, em xeque – seja ela o trabalho de estudar árvores mortas, ou a decisão do ex-hippie de se fixar e “deixar a estrada”, a aceitação das regras pelo seu amigo tunisiano, ou mesmo a vagabundagem aproveitadora de seus últimos companheiros. Ela nunca se insere por completo, nunca se conforma ou ajusta. Seu compromisso é exatamente não ter nenhum. Nem mesmo com a estrada. Mona é o vazio como potência. O vazio que nós e todos os narradores de Sem Teto Nem Lei preenchemos, a cada novo movimento, com espanto renovado. Não é vítima, vagabunda, hippie ou niilista. Ela representa justamente a falência de todas as narrações que estruturam o filme. Varda coloca estes registros em curto-circuito: seja ele o discurso da lógica, da busca racional pelas causas dos atos de Mona, de começos e fins; todos se deparam com um objeto que impõe seu limite. Mona é seu reverso. Não tem causas, nem objetivos, ela somente está. Presente em cada momento. Seu (não) compromisso é com a possibilidade como forma de existência. A cada cena, é isso que ela exerce, sem ter isso como meta. Trata-se então de uma espécie de falso filme de desencanto. A política, que em toda a obra de Varda ocupa um lugar de destaque, tem aqui um dos seus ápices mais visíveis. Ela cria uma estrutura de conflito entre os personagens narradores e Mona, colocando justamente duas formas políticas em xeque: a da representação, da equivalência e da lógica, e outra absolutamente anárquica, sem causa, porém não niilista. Esta segunda é uma política do presente, da presença, da insubmissão do corpo, da não sujeição absoluta que prega a liberdade dos corpos em relação às identidades ou a qualquer outro tipo de pertencimento. O que é ser livre? Em Mona, a resposta parece começar a partir do momento em que para ela essa pergunta inexiste. É sê-lo indiferentemente, sem ter que optar por isso, para além desta palavra ou ideia." (Juliano Gomes)
“Você escolheu a liberdade total, mas você tem a solidão total. Estas palavras de um dos personagens de Sem Teto Sem Lei podem servir como definição de quem é Mona Bergeron, a protagonista deste filme profundo, forte e um pouco perturbador, da diretora belga Agnès Varda, uma das precursoras da nouvelle vague francesa dos anos sessenta. Sem Teto Sem Lei'' é a história das últimas semanas de vida de uma jovem andarilha. O filme é como se fosse um círculo: começa com o descobrimento do corpo da jovem, morta pelo frio do inverno no sul da França, jogada numa vala, e termina mostrando como ela morreu. Sans Toit ni Loi - ''Sem Teto Sem Lei'' - Mona morrendo de frio. No final da história, o espectador não sabe nada da vida passada de Mona; só seu nome. Não temos nenhum dado pessoal da vida dela até o momento em que ela chegou ao povoado onde morre. Os únicos dados que sabemos são as impressões das pessoas que se relacionaram com ela nessas últimas semanas da sua vida e é com essas impressões que Varda constroi a história de Sem Teto Sem Lei: um filme objetivo, mas sensível. Com certeza há muitas respostas teóricas, filosóficas e críticas; porém, um dos méritos de Sem Teto Sem Lei (leia-se Agnès Varda) é que em momento nenhum ela tenta dar “a resposta” que, de fato, é do filme. O filme acompanha os últimos passos da vida de Mona que se nega a responder quando questionada do por quê ela está na rua. Numa na conversa com uma das pessoas que conhece na estrada, uma mulher acadêmica lhe pergunta: Por que abandonou tudo? - pergunta uma das pessoas que ela conhece na estrada. Porque o champanhe na estrada é melhor” Mona responde ironizando. Mona é um ser anônimo e as suas ações, com suas respectivas consequências, são os elementos com os quais se constroem a história objetiva do filme; a subjetividade é o que pesam os outros personagens, que também não sabem nada dela. Para manter essa objetividade, Agnès Varda dirige seu filme como se fosse um documentário. Ao longo dos 105 minutos misturam-se as imagens dos últimos passos de Mona com os depoimentos de certas pessoas que mantiveram algum tipo de contato com ela. As testemunhas falam para a câmera como se ela fosse um repórter que vai recolhendo a informação dispersa. Desta forma, Varda consegue fazer uma história o mais perto possível da objetividade porque é impossível fazer uma narrativa sem um pouco “da alma” do narrador. E o narrador de ''Sem Teto Sem Lei'' é uma voz feminina em off que apresenta a personagem na segunda tomada geral do filme: Como ninguém reclamou o corpo, ele foi para uma vala comum. Ela teve morte natural. Imagino se quem a conheceu quando criança ainda pensa nela. Mas as pessoas que ela tinha conhecido recentemente se lembravam dela. Essas testemunhas ajudaram-me a contar as últimas semanas de seu último inverno. Ela conseguiu deixar nelas uma marca. Eles falavam dela sem saber que tinha morrido. Não disse nada para eles. Nem que o nome dela era Mona Bergeron. O que sabemos de Mona? Que gosta de música. Tem um fascínio pela música e aonde vai, sempre quer ouvir música, seja em uma lanchonete, no carro quando vai de carona, na casa onde está hospedada. Ela gosta tanto de música que, até mesmo, um dos vagabundos com quem compartilhou uma casa abandonada e uma cama temia que ela roubasse seu rádio. Mona tem um fascínioi pela música. Mas, o que sabemos mesmo é que ela não gosta de falar dela e ela vive um dia de cada vez. Não planeja sua vida. Não tem nenhum vínculo com ninguém e também não quer ter nenhum. Simplesmente está na estrada e anda por onde haja um caminho. Não tem um destino para chegar. Veste suas roupas velhas e sujas; não se incomoda com a forma como que as pessoas a olham. Ela simplesmente caminha de um lugar para outro e qualquer lugar é bom para ela. Convive com todos os tipos de pessoas que aparecem no seu caminho; chega até mesmo trabalhar quando tem necessidade, mas se afasta e afasta as pessoas do seu redor. Porém, o contraditório da personalidade de Mona é que essas pessoas parecem conhecer um pouco dela e ficam impressionadas de uma ou de outra forma. O primeiro depoimento sobre ela é um exemplo. Quando o seu corpo aparece jogado na vala, uma pessoa idosa diz: Ela tinha um olhar vazio, como um mendigo. Da maneira como ela olhou para mim, achei que ela foss ume. (Este depoimento é significativo porque é misturado com imagens de pessoas limpando paredes manchadas de vermelho em algum lugar. É uma cena que desconcerta, mas que no final fará sentido. É mais um elemento da história circular de Mona. O filme começa mostrando o cenário onde está o corpo da jovem andarilha. A primeira imagem é uma tomada geral de um campo. Na distância se vê uma fumaça e os galhos de uma árvore que se mexem. No início, a imagem está parada, mas pouco a pouco a câmera se aproxima, com uma música suave de violino, numa melodia melancólica, até se ver com claridade um trabalhador; em seguida, a câmera mostra o perfil do camponês que encontra o corpo da mulher jogada numa vala. O homem joga as suas coisas e sai correndo para falar do achado. Depois que um dos policias afirma que parece que a mulher morreu de frio, escutamos a voz em off, já reproduzida nas linhas anteriores, e que apresenta o eixo de filme: “Imagino se quem a conheceu quando criança ainda pensa nela. Mas as pessoas que ela tinha conhecido recentemente se lembravam dela”. Desde o começo o espectador já sabe que não conhecerá nada da vida passada da andarilha e, embora não seja a temática do filme, fica no ar uma sensação de abandono e desesperança: Quem a conheceu quando criança ainda pensa nela? À medida que a voz em off termina a sua apresentação, começa a história linear das últimas semanas de Mona, com os intervalos dos depoimentos já mencionados. Conhecemos a Mona quando ela está na praia numa manhã fria de inverno, tomando banho. Depois pede carona para um caminhão e, a partir desse momento, ela passará por diferentes situações de encontros e desencontros com muitos tipos de pessoas que são fundamentais na construção da história; porém, destacamos dois em especial. Mona chega em um sítio onde mora um ex-professor de filosofia com sua esposa e seu filho pequeno. O lugar é pobre, mas o casal é trabalhador. Por onde passa Mona há uma paisagem vazia, de abandono, triste e esta é uma constante no filme. É como se esta paisagem formasse um todo com Mona. O casal permite que Mona fique uma noite, mas depois lhe oferece um pedaço de terra para que cultive o que ela disse que gostaria de cultivar se tivesse uma terra: batatas. Não obstante, o tempo todo a jovem andarilha não faz nada: deixa o tempo passar e o casal pede para ela ir embora. Mas, nos monólogos do professor com Mona, pois só ela o escuta, ele lhe diz: Você escolheu a liberdade total, mas você tem a solidão total. Sua hora irá chegar se continuar assim, irá se destruir. Sua direção é a destruição. Se tiver que viver, tem que parar. Meus amigos que ficaram na estrada estão mortos agora ou então se acabaram: alcoólatras ou dragados. Porque a solidão acabou com eles, no fim de tudo. Você escolheu a liberdade total, mas você tem a solidão total. Este discurso não é moralista e sem a reflexão de um homem que consegue ver o que acontece com Mona, porém, ela não pode ou não quer fazer nada. Ou, talvez, as preocupações dos outros não são as suas preocupações. O ex-professor fala pausadamente; não há amargura nas suas palavras, mas sem frustração. Mona escuta, mas não discute e, no final das contas, vai embora. Ela é livre! Ela é livre? Mona escolheu a liberdade total e vive na solidão total. Este encontro é o anúncio do que o espectador já sabe desde os primeiros minutos do filme: ela está morta. E só ela não sabe ainda que está morta: mas caminha para isso. Sem pressa. Não há como confundir esta fala como um discurso pessimista do filme. Varda deixa simplesmente uma pergunta sem resposta: o que é ser livre? O segundo encontro importante é quando Mona conhece a Sra. Landier, uma acadêmica que um dia lhe oferece carona e ficam vários dias juntas. Como sempre, Mona é de poucas palavras e o discurso todo é feito com as perguntas da Sra. Landier quem, depois, quando Mona já foi embora, quer saber o que aconteceu com ela e pedirá ajuda a um dos seus colaboradores para tentar descobrir o destino da jovem. Deste jeito é construída a odisséia de Mona. Encontro após encontro, dormindo em casas em ruínas, em mansões abandonadas, em sua barraca instalada até mesmo em um cemitério, até o encontro final com um grupo de vagabundos que a leva ao seu destino final. A imagem de ''Sem Teto Sem Lei'' é uma experiência fascinante pela sua qualidade e por ser um elemento narrativo tão importante quanto os depoimentos dos que conheceram Mona. Podemos destacar três tipos de imagens: O uso que Varda faz do travelling (A câmera é montada sobre um carrinho que se move por trilhos enquanto a tomada é realizada. A técnica é empregada para se aproximar ou se afastar da ação) tem um efeito especial em Sem Teto Sem Lei: a câmera é como um olho que está percorrendo a estrada e encontra Mona por casualidade, como poderia encontrar qualquer pessoa, e continua seu caminho. Ou Mona fica para trás ou vai embora que o “olho” (a câmera) segue seu curso natural. Há duas cenas marcantes neste estilo que, além de mostrar a solidão de Mona, é a reafirmação de que ela caminha por onde tiver que ir, sem destino. No minuto 13:59, a câmera mostra um campo e vai se movimentando para esquerda. Ela para quando encontra Mona que está sentada no chão concertando as suas botas. Há um corte e a câmera mostra um trator e muito devagar no começo, caminha para esquerda, mostrando uma parede de pedra, com manchas até chegar a um portão por onde está saindo Mona. A câmera não se detém e Mona se esconde atrás do muro quando um carro da polícia passa por lá. A câmera continua com seu movimento constante, o carro da polícia “ultrapassa” a câmera e esta continua mostrando o muro, até que aparece Mona novamente, caminhando mais rápido que a própria câmera e ela também a ultrapassa. A cena dura quase dos minutos e é acompanhada por uma música forte, triste, com instrumentos de corda. No minuto 56.36, há outra cena com o mesmo recurso. Ela aparece em um terreno baldio. No começo, é uma tomada geral. No fundo, há construções diversas e ela caminha brincando com um cachorro. Enquanto ela caminha, a câmera se movimenta para direita e Mona vai sumindo da cena e a câmera continua seu caminho até ficar parada frente a uma casa onde há vários pedreiros trabalhando. Há um corte e logo aparece Mona sentada frente a uma fogueira. Parece triste. Os pedreiros estão trabalhando atrás dela e a jovem permanece quieta, com seus pensamentos. Há imediatamente um primeiro plano. Parece que Mona está com frio. Segundos depois escutamos o depoimento de um dos pedreiros que viu Mona: “Ela surgiu do nada e sentou perto do fogo. Ela parecia estar com frio. Eu ousaria falar com ela? Eu não sabia se deveria. Meninas que vagueiam é algo raro. Por estar completamente sozinha desse jeito, deveria ter falado com ela". ... deveria ter falado com ela... Os outros dois tipos de imagens constantes do filme são os primeiros planos e algumas tomadas poéticas, líricas, quase como uma pintura. "Sem Teto Sem Lei" é um grande filme que não perde nada em sua qualidade e em sua profundidade com o passar do tempo. É uma olhar triste, mas não pessimista." (Patricio Miguel Trujillo Ortega)
{Se são mortos, são feias, se estão dormindo, são bonitas} (ESKS)
1985 Lion Veneza / 1986 César
Ciné Tamaris Films A2 Ministère de la Culture
Diretor: Agnès Varda
3.497 users / 515 face
Soundtracck Rock = The Doors + Les Rita Mitsouko + Passion Fodder
Check-Ins 296
Date 04/09/2013 Poster - ######## - DirectorDavid MackenzieStarsEwan McGregorEva GreenLauren TempanyA chef and a scientist fall in love as an epidemic begins to rob people of their sensory perceptions.[Mov 05 IMDB 7,1/10 {Video/@@} M/55
SENTIDOS DO AMOR
(Perfect Sense, 2011)
Um ao outro, afinal.
''Sentidos. Conseqüências de suas perdas, necessidade do outro como conforto, reaproximações, uniões, privações, novas adaptações. Em ''Sentidos do Amor'' (Perfect Sense, 2011), um tema bastante inusitado e criativo é proposto. Uma pandemia pouco a pouco tira os sentidos dos seres humanos. Seguiremos uma luta contra o tempo para a resolução desse caótico acontecimento levantando questões sem dispensar hipóteses. Seria o juízo final? Punição divina? Alguma experiência biológica que não deu certo? Sem respostas, fica a busca por soluções nesse infortúnio mundial, enquanto as pessoas não desaparecem completamente. Aparentemente sugerido como um típico filme catástrofe, a história narrada acompanha, mais do que qualquer outra coisa, o dia a dia de um casal, o chef Michael (Ewan McGregor) e a epidemiologista Susan (Eva Green) buscando sobreviver à pandemia. Eles se conheceram casualmente, quando o homem pediu um cigarro à moça que fumava na janela. O ato serve como metáfora à história de Rapunzel que, ao atirar as tranças, é simbolicamente libertada. No caso, Susan traz um histórico de solidão predominante e relacionamentos infelizes, revelados em nuances e conversas nos diálogos intimistas com a irmã. Um romance inicia entre a dupla, com Michael lutando para manter o restaurante que vem perdendo clientes após a dissipação do olfato. Os artifícios trabalhados pelo roteiro são interessantíssimos, como a busca por outro sentido favorecendo o contínuo consumo dos alimentos naquele lugar. De outro lado, as pesquisas de Susan não dão certo, ela se percebe impotente junto ao mundo, incapaz de lidar com a doença, assistindo o caos tomar conta e promover um retorno ao primitivismo humano. Não parece haver nada nos céus e tampouco na ciência que possa mudar tudo, restando apenas humanos sozinhos e frágeis se virando como podem, tendo somente um ao outro para se apoiar. Uma cena em particular é bem arquitetada, a qual os rostos de Green e McGregor fundem-se constituindo um só. David Mackenzie cria um universo abrangendo empecilhos das sensações, ou melhor, da falta delas, sugerindo a todo instante sua importância e o que nos resta sem elas. Esperta, também, é a maneira em que procura esboçar o antes do surto em que um dos sentidos se vai. Fica uma graça romantizada em meio a uma tragédia assolante, cujo recurso é a companhia, desprendendo de toda a construção humana para se apegar ao contato com o outro, o que, ao seu modo, é posto como algo que realmente importa. Narrações em off feitas pela talentosa e bela Eva Green salientam em momentos iluminados – fortalecidos pela boa fotografia – um mundo de idealizações, de pequenas coisas que forma um todo belo e contemplativo. Aquele casal ali, sorrindo: ninguém imaginaria pelo que estariam passando. São concepções que quase beiram a pieguice, mas as construções não caem no lugar comum, com lapsos de expressões filosóficas balanceando o morno roteiro. Há muito o que se refletir dali, das relações, das ações. Dispensando pragmatismos e maniqueísmos, os poucos recursos fílmicos são bem utilizados dentro de suas limitações a favor de contar uma boa história sobre o amor em comunhão. Não passa disso, não é tão ousado, é direto no que propõe sem maiores pretensões a não ser questionar o homem, o que já é uma proposta demasiada fecunda." (Marcelo Leme)
"Uma pandemia de feições apocalípticas faz com que aos poucos os seres humanos percam sentidos como olfato, audição e visão. Em meio a um cenário tão perturbador será possível um sentimento nobre como o amor permanecer vivo diante do individualismo que emerge como nunca em nome da sobrevivência? Ao buscar tal resposta ''Sentidos do Amor'' (Alemanha/Reino Unido, 2011) se revela como um formato diferente e, por isso, original de romance, gênero tão castigado pela repetitividade e pieguice de tantos realizadores. Neste sentido, é por ser, sobretudo, uma história de amor de fim dos tempos que o longa-metragem também há de ser afastado da comparação que a ele é comumente feita com Ensaio Sobre a Cegueira (Brasil/Japão/Canadá, 2008); afinal, inegável é o valor próprio do primeiro, resultado, vale dizer, de objetivos mais modestos e, por conseguinte, mais bem sucedidos do que aqueles vistos na obra de Fernando Meirelles. Com efeito, merece destaque a direção de David Mackenzie seja pela criatividade com que simula o caos a partir de um recurso, a princípio, parco como a colagem de imagens reais e pré-registradas, seja pela eficiência com que mescla a linguagem documental das sequências supracitadas com uma toada poética visualizada tanto na moldura do trabalho de fotografia, quanto no conteúdo representado pela utilização inteligente de narração em voz over, seja, por fim, pela destreza com que conduz o elenco, quesito esse, aliás, no qual brilham as performances de Eva Green e Ewan McGregor. Juntos os atores tornam palpável a intimidade do casal de protagonistas, qualidade, convenhamos, crucial na elaboração de qualquer título do gênero." (Dario Façanha)
''Fui falar de alguns filmes sobre fim de mundo, e vocês me sugeriram dois filmes recentes que eu nem tinha ouvido falar. Obrigada, fui atrás. O primeiro foi Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (veja trailer legendado), sobre um cara chato e caladão (Steve Carrel em papel sem graça) que, no mesmo mês em que um asteróide vai se chocar com a Terra e acabar tudo, se envolve com a vizinha (Keira Knightley), que por coincidência é lindinha e 25 anos mais nova que ele. Os dois se apaixonam e o mundo diz bye bye. The end. Contei algum spoiler? Mas, como eu amo filmes com essa temática (apocalipse, não vizinhos românticos), fiquei pensando no que faria numa situação dessas. Pra começar, é uma vantagem que todo mundo vai morrer na mesma hora e não há nada pra se fazer, só esperar. E ainda por cima com mais de um mês de antecedência pra planejar tudo. Eu gastaria todo o dinheiro que temos guardado (ha ha, certo, minha índole jamais permitiria) e compraria uma geladeira a mais, uma poltrona último modelo pro maridão (é que já estou querendo comprar uma, só que mais simplezinha), e um monte de comida cara. Por isso seria necessário uma segunda geladeira. O problema seria alguém entregar esses itens em casa. Daí eu me trancaria em casa com o maridão e minha mãe (não sei os planos dela para a ocasião), e comeria umas duas barras de chocolate por dia. Mais do que isso eu poderia passar mal. Mas o importante seria não ter mais que sair de casa até o fim, pra não correr risco de vida com pessoas iradas que só querem destruir – e não estou falando dos trolls do blog! Quando não estivesse comendo, ficaria vendo séries e filmes na TV, lendo e fazendo sexo. O maridão achou o plano ótimo, mas duvida que meu estoque de chocolate duraria até o fim dos tempos. O outro filme, ''Sentidos do Amor'' (em inglês, Perfect Sense, algo como Total Sentido), é muito melhor (veja trailer legendado). Passa-se em Glasgow, no início de uma estranha pandemia. Pessoas em todas as partes do mundo têm um ataque incontrolável de choro e, em seguida, perdem totalmente o sentido do cheiro. No meio do caos, uma epidemiologista (Eva Green) conhece um chef (Ewan McGregor). Ambos têm problemas pra se envolver amorosamente. Essas reviravoltas românticas são o prato principal do filme, e quem sabe eu acharia mais fascinante se estivesse vendo um documentário. Sim, porque o jeito que o mundo vai acabar é dos mais terríveis ever. A humanidade vai perdendo os sentidos, um a um. Primeiro o olfato, depois o paladar, e não vou falar mais pra não entregar o filme. Mas a gente já sabe que, assim que perdermos a visão, ferrou. Já vimos em Ensaio sobre a Cegueira que um montão de cara com rei na barriga passaria a se comportar como os dementes da Ala 3. Um dos temas interessantes de Sentidos é que, mesmo diante da tragédia mundial, muita gente faria questão de fingir que continua vivendo normalmente. Por exemplo, com a perda do olfato, depois de um período em que as pessoas deixam de ir a restaurantes, elas se adaptam enchendo a comida de sal e temperos. A comida tem que ficar mais forte, porque a sensação é de estarmos eternamente resfriados. Quando o sentido do gosto se perde, aí a comida para de dar prazer mesmo. É como se comessemos apenas farinha e banha pro resto da vida, diz um dos personagens. Mas as pessoas seguem frequentando restaurantes. Mesmo sem poder sentir a comida, elas sentem o ambiente, as amizades, as celebrações, o tim-tim dos copos brindando. Adoro a cena em que o dono do restaurante lê pra sua equipe uma crítica gastronômica. A crítica não fala mais de cheiro ou gosto, porque isso não existe mais. Porém, fala da consistência da comida, da cor, da aparência. Ou seja, a gente se adapta. E a população se divide em dois grupos: o que destrói, e o que conserta o que os outros destroem. Em qual você estaria? (eu estaria no grupo das trancadas no quarto sozinhas com o Ewan McGregor, pode?).Também tem um subtexto bem legal que poderia ser explorado por outro filme: parece que nossas memórias estão intrinsicamente ligadas a cheiros. Sem lembrar olfatos, perdemos lembranças enormes das nossas histórias de vida. Outra coisa que chama a atenção é que, antes da perda de um dos sentidos, uma reação-padrão é a de raiva suprema (os mascus podem explicar como é). A pessoa passa a xingar e quebrar tudo por alguns minutos. E o incrível é que, quando esse ódio surge, sua manifestação vem em forma de misoginia. Ewan diz pra Eva que, como todas as outras mulheres, ela não passa de uma vagina e um ânus, mais nada, só dois buracos. Tá certo que o personagem de Ewan é ambíguo (ele só não é um escrotossauro porque é interpretado por um simpático pedaço de mau caminho), mas não deixa de ser revelador que sua ira seja expressa através de ideias tradicionalmente machistas. Que é o que sempre acontece, né? A promessa de um fim de mundo não faz alforar nossos mais nobres sentimentos. Ficamos piores, não melhores. No caso de ''Sentidos do Amor'', o cenário é apocalíptico demais pra gente pensar no que faria. O maridão disse que se mataria antes de perder todos os sentidos. Mas eu não. Eu estocaria a casa de comida e água até o limite, trancaria a casa pra ninguém entrar, e ficaria deitada, esperando. Esperando que todos os sentidos voltassem. Eu sou assim, uma otimista incorrigível." (Lola Aronovich)
Top Dinamarca #36
BBC Films Zentropa Entertainments Scottish Screen Det Danske Filminstitut Film i Väst Bord Scannan na hEireann / Irish Film Board Sigma Films Subotica Entertainment
Diretor: David Mackenzie
31.363 users / 13.089 face
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Date 05/09/2013 Poster - ### - DirectorTim BurtonStarsJohnny DeppMichelle PfeifferEva GreenAn imprisoned vampire, Barnabas Collins, is set free and returns to his ancestral home, where his dysfunctional descendants are in need of his protection.[Mov 07 IMDB 6,3/10 {Video/@@@@} M/55
SOMBRAS DA NOITE
(Dark Shadows, 2012)
"Só não é o pior filme de Burton pois Alice existe! Mas é uma redundância de ideias, textos aborrecidos, história sem inspiração e momentos cômicos vagos. A direção de arte, claro, é o melhor, embora siga a linha de sempre do diretor outrora genial." (Alexandre Koball)
"Tim Burton se limitou a ser o diretor de arte do filme. Michelle Pfeiffer está bem e algumas poucas piadas dão um certo alento ao filme, mas é muito pouco." (Demetrius Caesar)
"Melhor filme do Tim Burton desde Sleepy Hollow.'' (Daniel Dalpizzolo)
"Tinha de tudo para trazer o frescor que o cinema de Burton anda precisando: o tom novelesco, uma pegada pop divertida, uma história interessante e Depp livre de afetações. Pena que ele só tenha ligado para o visual e não aproveitou melhor tudo isso." (Heitor Romero)
"O estilo de Burton é sempre uma delícia de assistir e o filme tem seus momentos inspirados, especialmente na primeira metade, mas o roteiro se perde completamente no terceiro ato, terminando uma verdadeira bagunça. Divertido e só." (Silvio Pilau)
"O prólogo é arrebatador, depois é o personagem genial de Depp transitando como um elemento estranho numa época que não é a sua, num choque de séculos - o do horror gótico de 200 anos antes com o da contemporaneidade, numa bem orgânica mistura de gêneros." (Vlademir Lazo)
"Personagens distantes e estagnados impedem que a narrativa flua. A história tem seu charme e goza do estilo característico de seu notável realizador, mas este continua longe dos seus reconhecidos melhores momentos." (Marcelo Leme)
"O estilo de Burton é sempre uma delícia de assistir e o filme tem seus momentos inspirados, especialmente na primeira metade, mas o roteiro se perde completamente no terceiro ato, terminando uma verdadeira bagunça. Divertido e só." (Silvio Pilau)
''Carolyn touches herself. She makes noises like a kitten'. Estranho, irregular, repleto de decisões deliciosamente irresponsáveis, Sombras da Noite é a bem-vinda digressão contra aquele Burton inofensivo que vai de Peixe Grande a Alice." (Luis Henrique Boaventura)
"Burton interessante como há muito não se via, tanto em fundamento quanto em visual." (David Campos)
"Título genérico para um filme genérico, onde um diretor perdido não faz muito além de repetir cacos autorais que, filme após filme, tornaram seu cinema uma experiência cada vez mais repetitiva. " (Bernardo D.I. Brum)
''Passou batido nos cinemas este longa de Tim Burton no qual o diretor retorna à forma com sua fórmula manjada: tipos ao mesmo tempo macabros e engraçados. Mais uma vez, apela a Johnny Depp -a oitava colaboração entre eles. Baseado em uma série de TV dos anos 1960, mostra Barnabas Collins, aristocrata que sai da tumba dois séculos após ter sido transformado em vampiro por uma amante rejeitada. É da bem difícil adaptação de Collins ao mundo moderno que Burton arranca gargalhadas." (Thales de Menezes)
A mais nova colaboração medíocre entre Tim Burton e Johnny Depp.
"O escritor Seth Grahame-Smith foi descoberto pelo grande público norte-americano em 2009, quando, a partir de uma ideia do editor Jason Rekulak, acrescentou zumbis à história clássica de Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice, 2005) e inventou o que já é considerado um novo gênero literário, o mashup. O sucesso literário do autor logo atraiu o interesse de Hollywood, que antes mesmo de levar Orgulho e Preconceito e Zumbis (Pride and Prejudice and Zombies, 2013) e o best-seller subseqüente do autor, Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, 2012), aos cinemas, o contratou para roteirizar "Sombras da Noite"(Dark Shadows, 2012), adaptação à série homônima de TV da década de 60, conferindo a Tim Burton a direção do longa-metragem. A equipe designada pela Warner Bros. para a realização do projeto sempre pareceu muito coesa. A peculiar história de uma família que descende de um vampiro, adaptada pelo escritor que transformou a mesma figura mitológica em caça do 16º presidente dos Estados Unidos, não poderia contar com melhor diretor que o responsável pelos bem-sucedidos Os Fantasmas se Divertem (Beetle Juice, 1988), Edward Mãos de Tesoura (Edward Scissorhands, 1990) e Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas (Big Fish, 2003), onde alia tão bem o sobrenatural e o fantástico a personagens reais e contemporâneos, artista cuja influência gótica serviu organicamente inclusive em Batman (Idem, 1989). No entanto, a ponta de decepção ao término da sessão deflagra a falta que faz um roteirista com experiência na função para realizar um trabalho de fato consistente, que se equiparasse às obras citadas. No argumento escrito pelo mesmo Seth Grahame-Smith ao lado de John August, colaborador frequente de Tim Burton, Barnabás Collins (Johnny Depp) e sua noiva, Josette Dupres (Bella Heathcote), são amaldiçoados pela bruxa Angelique Bouchard (Eva Green), amargurada por seu amor não correspondido pelo jovem herdeiro de Colinwood. Assim, Barnabás vê sua amada morrer e, transformado em vampiro e acusado de crimes que não cometeu, é condenado pela população que tanto o amava ao cárcere dentro de um caixão. Libertado após 200 anos de confinamento, Barnabás se vê na condição de recuperar o prestígio financeiro de sua tradicional família e viver um novo amor com a governanta Victoria Winters (a mesma Heathcote, claro), ambições que provocam a ira de uma rival centenária. O tom afetado de Johnny Depp na composição do protagonista reproduz a seu modo a típica figura vampiresca – no caso, o modelo é a clássica e sinistra cortesia eternizada por Bela Lugosi em Drácula (Dracula, 1931) -, servindo bem à comédia sem, felizmente, voltar a parecer um espectro de Jack Sparrow, como ocorreu nos enfadonhos A Fantástica Fábrica de Chocolate (Charlie and the Chocolate Factory, 2005) e Alice No País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010), duas de oito colaborações do astro com o cineasta californiano. Grahame-Smith e Burton apropriam-se desse trunfo e apresentam o que de melhor tem o filme: a exploração do choque de culturas entre o eloquente vampiro britânico do século XVIII e a sociedade pós-hippie da colorida década de 70. Os mesmos realizadores, porém, também pecam pelo excesso, destinando tanto tempo de projeção a inteiros diálogos e cenas inúteis ao desenvolvimento da trama que esse é severamente prejudicado. A família Collins, privilegiada por figurino e direção de arte que a tornam visualmente fascinante, é tão mal explorada que certa atitude repulsiva de Roger (Jonny Lee Miller) gera tamanha indiferença no espectador que cabe a Burton conferir à cena um componente irônico através de sua inconfundível mise en scène. O diretor também acerta em cheio ao referenciar aquele cenário familiar estereotipado com o gênero Farsesco, elemento que contorna o pouco tempo em tela daquele núcleo, possibilitando apresentá-lo com situações caricatas, e de quebra justifica a óbvia frase de efeito que evidencia a metáfora de vampiros e lobisomens que apenas representam os conflitos de uma família desajustada comum. Problemas no roteiro e referências - a obras do próprio Burton e a de outros cineastas - também marcam a participação de duas atrizes com atuações de destaque: a exótica Bella Heathcote, cujo visual faz de si A Noiva Cadáver (Corpse Bride, 2005) em carne e osso, compõe sua Victoria Winters com notáveis firmeza e personalidade, sendo injustamente preterida quando o foco é todo voltado para Barnabás; e Eva Green como uma bruxa devidamente sensual e ameaçadora, verdadeira femme fatale prejudicada por um desfecho anti-climático, embora se saia muito bem na desafiadora cena que traz à tona a comédia de horror A Morte Lhe Cai Bem (Death Becomes Her, 1992). Em uma avaliação mais objetiva, pode-se dizer que Dark Shadows é um passatempo esquecível, tão irregular que sobrevive por alguns bons momentos proporcionados por Johnny Depp e uma ou outra sacada que tenha sobrevivido aos expositivos vídeos de divulgação, como não foi o caso da hilária presença do andrógino Alice Cooper. De qualquer modo, referências bem colocadas (a trilha sonora de Danny Elfman é intercalada por hits dos anos 70 e o filme ainda conta com a participação especial de um ator familiar ao universo) não podem ser suficientes diante a tanta falta de capricho no material, bruto, como que finalizado às pressas por um estúdio ávido pela imediata arrecadação nas bilheterias, ciente de que o lucro pode se sustentar por ações de marketing e reputação dos envolvidos, não necessariamente pela qualidade do produto que ganha as telas – e é uma pena perceber que alguns trabalhos de Tim Burton contribuem para a consolidação dessa tese." (Rodrigo Torres de Souza)
"Trazer o gótico para o dia a dia e subverter as cores do subúrbio com suas monstruosidades era a especialidade de Tim Burton nos anos 80/90, e com as estreias de Sombras da Noite (Dark Shadows) e Frankenweenie neste ano o cineasta retoma esses temas - particularmente em Frankenweenie, o conto de fadas frankensteiniano, como em Edward Mãos de Tesoura (1990), e no caso de "Sombras da Noite", a comédia de situações familiares, como em Os Fantasmas se Divertem (1988). A trama do filme não foge muito da premissa do seriado de TV Dark Shadows, em que se baseia. Em 1972, presenciamos a empoeirada realidade da família Collins, que dá nome à cidade de Collinsport, no Estado americano do Maine, e não tem mais o mesmo prestígio do passado. Casamentos desfeitos e crianças infelizes hoje ocupam a mansão Collinwood, mas isso muda quando um antepassado, o vampiro Barnabas Collins (Johnny Depp), desperta de um sono de 175 anos. Enquanto se habitua aos alucinados anos 70, Barnabas decide restabelecer o bom nome dos Collins - e quem sabe reencontrar o amor que perdera no passado, Josette (Bella Heathcote). "Sombras da Noite" parece ser, desde o começo, um compêndio dos temas de Tim Burton, porque também absorve (na subtrama do vampiro e sua musa) o romantismo de época que se destaca na produção do cineasta nos anos 2000, em filmes como A Noiva Cadáver e Sweeney Todd. Equilibrar esses dois filmes em um - a crônica da família disfuncional e a história de amor de inspiração vitoriana - é um desafio, e o roteiro de Seth Grahame-Smith, que sofreu com a correria das filmagens e passava por revisões no set, tem dificuldade para aguentar o tranco. Como todo novelão, Dark Shadows conjugava na TV subtramas diversas, mas num longa-metragem muita coisa, uma vez elaborada, acaba ficando mal resolvida: há o garoto que vê fantasmas, a médica com medo de envelhecer, o drama da empresa familiar, a garota abusada em busca de um recomeço. ''Sombras da Noite'' começa muito bem na hora de apresentar os personagens - e o estranhamento inicial de Barnabas com a família Collins sugere que teremos uma dinâmica parecida com a de Beetlejuice com os vivos em Os Fantasmas se Divertem - mas quando as subtramas acumulam o foco se dilui. É por isso que "Sombras da Noite" funciona melhor como um apanhado de boas piadas de situação (ora fazendo graça com a contracultura, ora com a cultura oficial, kitsch, dos anos 70) do que, propriamente, como aquilo que o projeto parecia almejar no papel: ser uma homenagem à série de TV. Eva Green rouba a cena no papel da bruxa Angelique (a personagem é a melhor resolvida no texto, o que acaba ajudando) e Johnny Depp consegue dar a Barnabas uma identidade própria, que não seja só uma variação do mesmo freak sósia de Michael Jackson. Tudo indica que Frankenweenie (versão longa de um curta de 1984 de Burton, não custa lembrar) vai se sair melhor nessa releitura das velhas fixações do cineasta com os monstros românticos de subúrbio. Vamos ver." (Marcelo Hessel)
''O oitavo filme da dupla Tim Burton e Johnny Depp, baseado na série Dark Shadows, exibida pela rede norte americana ABC entre junho de 1966 e abril de 1971, é uma mistura de tudo que o cineasta tem de melhor e pior. O resultado é uma engraçada (admito) sequência de situações embaraçosas e desconexas com potencial também para decepcionar até os maiores defensores do diretor. O longa começa com uma apresentação de cinco minutos da saída da família Collins de Liverpool, no século 18, e sua ascensão como potência da indústria pesqueira em Collinswood, Estados Unidos. Seu filho, Barnabás (Depp), acaba se relacionando com Angelique (Eva Green), uma empregada da família que é também uma bruxa. Quando o jovem se nega a casar com a moça e escolhe Josete (Bella Heathcote) para ser sua noiva, ele é amaldiçoado e aprisionado por dois séculos. Acorda em 1972 e deve enfrentar a decadência de sua família em mundo moderno que não compreende. Embora a premissa seja boa, a produção sofre com dois graves problemas: falta de uma narrativa consistente, o que torna difícil se envolver com a história, e a necessidade de conhecer a temática da série Dark Shadows e um pouco da cultura pop dos anos 1970 para entender os melhores momentos do longa, cujo ápice é o show de Alice Cooper, o roqueiro que o vampiro simplesmente não entende que é um homem. O interessante é que a trama dá muita importância para Victoria Winters (Bella Heathcote novamente) no começo, mas seu sumiço no meio do filme deixa claro que o roteiro de Seth Grahame-Smith, autor do livro Orgulho e Preconceito e Zumbis, que mostraria a visão da moça, foi deixado de lado em algum momento em prol do que Burton queria – Barnabás como estrela. Além disso, os personagens não são cativantes, falta charme e, às vezes, até coerência à produção. São tantos elementos misturados que parece que Burton estava na duvida se fazia um terror gótico, uma comédia infantil, um longa de humor negro, um drama de superação ou simplesmente algo estranho. Pelo menos numa coisa ele acertou: a direção de arte, claro. Sim, o visual é o ponto alto de ''Sombras da Noite''. As cores fortes foram muito bem escolhidas, os figurinos e ambientes de cena tem o estilo Burton e são marcantes, cortesia de Rick Heinrichs, parceiro de longa-data do cineasta e ganhador do Oscar por Sleepy Hollow- A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. Diferente de outras grandes atuações de Depp, como em Swenney Todd, o ator não consegue tanto impacto na hora de dar vida ao bizarro vampiro do século 18. Isso não o impede de se divertir horrores no papel da estranha e burra criatura, que cai uma, duas, três vezes nas armações de Angelique – a única personagem com algum senso de propósito na trama – mesmo que deturpado. ''Sombras da Noite'' é uma coleção de momentos bons e ruins sem muita coerência entre si. Uma produção leve com potencial para se dar bem na Sessão da Tarde daqui a alguns anos." (Daniel Reininger)
Warner Bros. Village Roadshow Pictures Infinitum Nihil GK Films Zanuck Company, The Dan Curtis Productions Tim Burton Productions
Diretor: Tim Burton
158.876 users / 28.138 face
Soundtrack Rock = The Moody Blues + Iggy & The Stooges + Donovan + The Carpenters + Barry White + T-Rex + Alice Cooper + Johnny Depp + The Raspberries + Curtis Mayfield + Deep Purple + Elton John + Black Sabbath + The New Seekers
Check-Ins 305
Date 06/09/2013 Poster - #### - DirectorJames WanStarsPatrick WilsonRose ByrneTy SimpkinsA family looks to prevent evil spirits from trapping their comatose child in a realm called The Further.[Mov 03 IMDB 6,7/10 {Video/@@@} M/52
SOBRENATURAL
(Insidious, 2010)
"A história é aquela de sempre, mas aqui estão os maiores arrepios em muito, muito tempo." (Alexandre Koball)
"Na primeira metade, ao assumir o gênero da casa mal-assombrada, o filme funciona muito bem. Na segunda, o roteiro se explica demais, o terror se torna mais explícito e menos eficiente, e a coisa desanda. No entanto, o saldo geral ainda é positivo." (Regis Trigo)
"Não tão preciso quanto o posterior Invocação do Mal, mas com uma primeira metade em que o sobrenatural se instala na imagem com força e naturalidade raras." (Daniel Dalpizzolo)
"Os sustos são arrepiantes!" (Josiane K)
a atmosfera e sustos que realmente funcionam, apesar dos clichês. Já o ato final deixa de lado a sutileza, mas ainda assim consegue manter o ritmo, fechando um filme bastante divertido." (Silvio Pilau)
Divertido, mas convencional demais.
''A frase que estampa o cartaz de ''Sobrenatural'' (Insidious, 2010) é bem chamativa e, porque não, segura demais: dos criadores de Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007) e Jogos Mortais (Saw, 2004) – sem citar os nomes dos ‘criadores’. Quando o produto se torna mais chamativo que o artista, é um sério motivo para preocupação. Porém, Sobrenatural não é uma mistura de ambos, como alguns desavisados podem cair na armadilha da sugestão: parecendo muito mais o primeiro do que o segundo, o diretor James Wan (do Jogos Mortais original - o melhor da franquia) cria um filme com dois atos muito distintos, que diferem não só na construção e no desenvolvimento, mas também na qualidade. A história é sobre uma família que vê sua tentativa de melhorar a rotina abalada quando um dos filhos do professor Josh (Patrick Wilson) e da pianista Renai Lambert (Rose Byrne) entra em um tipo de coma profundo, vítima de um acidente caseiro. Espíritos passam a assombrar a casa, perseguindo-os mesmo após a mudança de residência, tentando se apossar da mente enfraquecida do garoto. Quando especialistas são chamados ao local para tentar entender o que houve (pessoas perdidas no tempo, como os fantasmas; note as roupas e os cortes de cabelos setentistas), revira-se o passado do casal e se explica (até demais) para o público o que está rolando. Não pense que ''Sobrenatural'' é uma cópia de Atividade Paranormal, porque não é. Deixando de lado o tom documental da coisa, o filme é narrado de maneira tradicional, bem ao estilo dos filmes de horror que lotaram os cinemas americanos da metade da década de 90 para cá, com todos seus excessos e convencionalidades. Além das explicações, há também erros de montagem, principalmente quando o filme sobrepõe planos atuais com alguns vistos anteriormente, apontando a lembrança de origem / destino, julgando o público incapaz de perceber por si só as rimas das imagens mostradas. Isto deixa o filme com um aspecto mais burro, teen em excesso. A semelhança com Atividade Paranormal não está também no baixo orçamento ou atores desconhecidos, já que há bastante grana e Patrick Wilson e Rose Byrne estão em filmes bem mais famosos como Watchmen – O Filme (Watchmen, 2009), Esquadrão Classe A (The A-Team, 2010), Presságio (Knowing, 2009) ou o ainda inédito X-Men: First Class (idem, 2011). A aproximação com o fenômeno de Oren Peli está na sua essência do classic horror, do medo do desconhecido, do sobrenatural em nossa zona de conforto. É o climão da mansão mal-assombrada reutilizado. Nada original, é verdade, mas pelo menos há uma tentativa de dialogar com um assunto atual e ainda não tão explorado pelo cinema. Peca mais pela forma do que pelo conteúdo. Esqueça Jogos Mortais, pois o máximo que você encontrará parecido aqui é um desenho de Jigsaw na lousa do professor Josh Lambert. Nada de mortes, de sangue, de tortura, de sofrimento, de pseudo mensagem. ''Sobrenatural'' é um conglomerado do gênero e de sustos, um atrás do outro, baseados em aparições, assombrações, mortos passeando pela casa, ruídos de passos aqui ou ali e sustos de som alto pontuando quando a platéia deve gritar – ou seja, você certamente já viu isso tudo antes, ainda mais se for fã de horror. Alguns vão realmente ficar incomodados, principalmente os mais impressionáveis e cagões (como eu), mas muitos outros acharão besteira e tudo muito ridículo, levando em conta a troca de narrativa no meio da produção, quando abandona o terror psicológico (mais eficiente) para assumir um tom mais exagerado, onde personagens aparecem do nada para ajudar a família e explicar para os personagens (e, consequentemente, para o público), sem necessidade, o que estava acontecendo. Os efeitos especiais tornam-se mais evidentes e prova a teoria de que o explícito assusta menos do que se deixar a imaginação do ser humano rolar – aí sim, o maior quarto do pânico que pode. Divertido é, mas não esconde a bagunça, os maneirismos e nem seus defeitos." (Rodrigo Cunha)
Novo terror dos idealizadores de Jogos Mortais surpreende e resgata o terror trash oitentista.
''A dupla idealizadora da franquia Jogos Mortais, James Wan e Leigh Whannell, se reúne na direção e roteiro de um novo filme de terror. Completamente distinto da série de torture porn, ''Sobrenatural'' (Insidious, 2010) está mais próximo de outra série de sustos, Atividade Paranormal - e conta, não por acaso, com o diretor do filme de assombração, Oren Peli, na produção. Wan, Whannell e Peli empregam aqui muitas das lições aprendidas em seus projetos anteriores. Primeiro - e mais importante -, usam a sugestão para criar uma atmosfera poderosa. Além disso, estabelecem conexões emocionais fortes antes de começarem a devastar a família que está no centro da trama. Por último, aprenderam que sugestão é algo ótimo, mas efetivamente mostrar alguma coisa é recompensador. O trio também aposta em um bem-vindo humor, especialmente na segunda metade, que faz com que Sobrenatural traga à memória as produções oitentistas do gênero, como A Casa do Espanto (House, 1986), A Hora do Espanto (Fright Night, 1985) e os primeiros filmes de Sam Raimi. O clássico Poltergeist - O Fenômeno (Poltergeist, 1982) também é homenageado mais de uma vez. A mistura de situações e personagens cômicos (o próprio Leigh Whannell tem um papel) com sustos, imagens aterrorizantes e impecável sonoplastia é certeira. ''Sobrenatural'' é também surpreendentemente bem filmado. Há sequências excepcionais, como o plano em que a esposa vivida por Rose Byrne (Presságio) vai tirar o lixo enquanto um espectro dança na sala (e não era ele ali no cantinho da lavanderia, virado para a parede?). Ou a brincadeira com ângulos, com o homem de preto passando na varanda, e a ótima cena em que um demônio grudado no teto é descrito. O filme sai do lugar-comum, busca algo diferente nesse tão desgastado gênero e o faz com efeitos práticos e qualidade cinematográfica (de novo, é nos enquadramentos e sugestões que a primeira metade faz muito bonito e assusta de verdade). As reviravoltas mantêm o interesse e despistam o espectador. É difícil saber o que acontecerá a seguir. O que é mal-assombrado, afinal? A casa, o filho, a família? Todas as anteriores? O flerte com o terror oitentista, porém, desmorona no clímax, quando o personagem de Patrick Wilson (o Coruja de Watchmen) cruza as dimensões em direção ao Além. Entram em cena figurinos ruins, muito (MUITO) gelo seco e sets redecorados de maneira brega ou simplesmente copiada do trabalho de Neil Gaiman e Dave McKean (Sandman e Mr. Punch são referenciados descaradamente na máscara da paranormal e no covil do Homem do Rosto Vermelho). A ideia do que aconteceria no Além, adiantada pela médium Elise (Lin Shaye) era muito mais poderosa do que a realização, digna de mansão mal-assombrada de parque de diversões de praia. Quase toda a tensão obtida na excelente primeira metade do filme se esgota nessa sequência e na sequinte - quando o estroboscópico embate físico entre as forças do mal e a família acontece. O retorno aos anos oitenta é bacana, mas os exageros trash New Wave da época precisam ser empregados com parcimônia. São forças poderosas demais para serem controladas por meros mortais dos realistas anos 2000." (Erico Borgo)
''Muitos filmes nos suscitam várias dúvidas, deixam perguntas no ar, provocam discussões. Em ''Sobrenatural'', a grande questão é: por que este filme foi feito? Por que realizar uma produção de terror exatamente igual a várias outras anteriores, sem criatividade, sem novidade, sem estilo? Por incrível que pareça, a história fala – novamente – de uma família que se muda para uma bela casa e começa a ter problemas com assombrações. E todo o resto você, que gosta de filmes de terror, já conhece. O diretor reproduz todas as velhas armadilhas do gênero, daqueles que ninguém mais cai. São portas batendo, música alta nos momentos cruciais, aparições relâmpago de fantasmas, e por aí vai. Só faltou o gato preto que pula de repente na frente do personagem, mas aí também já seria demais. ''Sobrenatural'' não chega a ser um filme ruim, mal realizado, ou tosco. Não. Ele é simplesmente, digamos, insípido. O diretor malaio James Wan é um dos criadores e também diretor do primeiro Jogos Mortais, além de produtor executivo do restante da franquia. O roteirista Leigh Whannel também está sempre presente nos créditos daquela franquia. Mas aqui todos eles ficaram devendo. Muito." (Celso Sabadin)
Sobrenatural: ele tem um ótimo trailer, mas decepciona no resultado final.
"Assim como as comédias românticas, os filmes de terror ou suspense se sustentam em fórmulas desgastadas que, vez por outra, funcionam em sua proposta básica de assustar ou entreter. O diretor James Wan, responsável pelo argumento do então surpreendente Jogos Mortais, volta aos cinemas com “Sobrenatural”. Lançado na mesma época do já elogiado e memorável comeback de Pânico 4, que segue fórmulas simples do gênero, mas ao mesmo tempo nos traz uma nova experiência para a franquia, repleta de referências e metalinguagem, o filme de Wan se perde no excesso de explicações que beiram o absurdo. No enredo, uma família comum se muda para uma casa na tentativa de construir uma nova rotina. Josh (Patrick Wilson) e Renai (Rose Byrn) tentam se adaptar ao novo espaço com os filhos. Porém, a calmaria dura pouco. Certa noite, o pequeno Dalton entra em um coma inexplicável. A medicina não consegue diagnosticar o que aconteceu com o garoto. A partir daí, estranhos acontecimentos sobrenaturais passam a atormentar a família e o corpo de Dalton parece ter alguma conexão com os eventos. O roteiro escrito pelo também ator Leigh Whannell, que foi parceiro de criação de Wan nos três primeiros Jogos Mortais, traz em seu ato inicial um marasmo prejudicial à apresentação da história. Os eventos sobrenaturais são óbvios, sempre envolvendo objetos se mexendo ou saindo do lugar. Nada que não estejamos acostumados. As tentativas de assustar quase sempre são frustradas, mas ainda assim gera no público a expectativa que, a partir do momento em que o mistério começar a ser explicado, as coisas possam melhorar. Não melhoram. É impressionante como duas das mentes que colaboraram no breakthrough que foi os três primeiros filmes da franquia de Jigsaw (os únicos dos sete que realmente valem a pena) não tragam um novo ar ao longa em questão. A partir do momento em que personagens aleatórios explicam o que está acontecendo com a família, é quase vergonhoso a forma como o roteiro força o espectador a acreditar em justificativas infames. E não acaba por aí. O ato final, onde o herói precisa eliminar os demônios que cercam a família, destrói a pouca credibilidade da trama. Os argumentos não são suficientes para tais eventos sobrenaturais. Talvez se apropriar de outros clichês (que tal uma casa mal assombrada por espíritos do passado?) fosse uma melhor escolha. Outro deslize é fazer os personagens ditarem os motivos dos eventos como uma verdade irrefutável. Por essa prepotência, o longa não funciona como deveria. Não há como compreender a participação de Patrick Wilson, que ainda luta pelo reconhecimento, mas que é visivelmente um bom ator. Rose Byrne, na mesma de Wilson, exagera na carga dramática, permitindo até a desconfiança de que ela está louca (que não é pensada pelo roteiro). O elenco infantil pouco colabora com a película, já que Dalton está em coma e as outras crianças são esquecidas da metade para o final da história. O roteirista Whannell ainda faz uma participação na pele de Specs, uma espécie de “caça fantasmas” de Elise, interpretada por Lin Shaye, que possui poderes para se comunicar o além que, diga-se de passagem, também não tem explicação. Ela apenas sabe o que está acontecendo e a resistência dos personagens em acreditar nela não dura mais que dois minutos. Na direção, Wan até tenta criar um clima de tensão com suas tomadas menos convencionais, mas não agrada por sua inconsequência ao utilizar a câmera na mão ou a steadycam sem dar bons resultados. Se há algo de razoável em “Sobrenatural” é a fotografia fria e obscura, que colabora com a direção de arte quase sempre macabra na construção dos cenários. Entretanto, o que parece ser um acerto gera dúvida, já que no terceiro ato percebemos que a falta de qualidade dos efeitos visuais é maquiada por essa fotografia escura, como se apagasse os defeitos da computação gráfica. Os recursos sonoros são estridentes, seguindo a linha das atuais produções do gênero que assustam apenas pelo som. O silêncio que predomina em algumas sequências até colabora com a pouca tensão que o filme gera, mas enfraquece o ritmo do roteiro.Sem surpresas, “Sobrenatural” é apenas mais uma produção que prometia pelo trailer trazer uma pitada a mais para o gênero, mas não sai do lugar comum. Aliás, o longa regride em sua proposta, sendo inconsequente chegar aos cinemas em uma época em que o espectador está cada vez mais esperto não só em termos de história, mas de linguagem cinematográfica." (Diego Benevides)
FilmDistrict Stage 6 Films Alliance Films IM Global Haunted Movies
Diretor: James Wan
137.441 users / 55.787 face
Soundtrack Rock = Paramore + Evanescence
Check-Ins 319
Date 13/09/2013 Poster - ##### - DirectorJames WanStarsPatrick WilsonRose ByrneBarbara HersheyThe Lamberts believe that they have defeated the spirits that have haunted their family, but they soon discover that evil is not beaten so easily.[Mov 03 IMDB 6,6/10] {Video/@@@} M/40
SOBRENATURAL - CAPITULO 2
(Insidious: Chapter 2, 2013)
TAG JAMES WAN
{esquecível}Sinopse
"A família Lambert, formada por Josh (Patrick Wilson), Renai (Rose Byrne) e Dalton (Ty Simpkins), volta a lidar com uma série de problemas sobrenaturais e precisa enfrentar as consequências dos eventos do primeiro filme. Enquanto a polícia investiga a residência do trio, eles são abrigados por Lorraine Lambert (Barbara Hershey), mas até no novo lar Josh apresenta um comportamento irreconhecível e Renai é assombrada por uma estranha figura feminina."
"Falha em recriar os sustos e o clima de tensão e terror do ótimo capítulo "1". Porém, o roteiro é bem amarrado, e tem algumas ótimas cenas. Fica no mesmo nível de Invocação do Mal mas bem aquém de A Entidade em seu respectivo ano (2013)." (Alexandre Koball)
Sequência repete erros e acertos do antecessor.
''Há pouca novidade em ''Sobrenatural: Capítulo 2''. A estética oitentista emulada no primeiro filme está de volta e confirma o talento de James Wan para dirigir cenas de terror. Nos últimos anos, poucos cineastas conseguiram trazer referências de uma maneira tão original quanto o malaio, responsável pelos ótimos Jogos Mortais e Invocação do Mal. Na primeira sequência da carreira, Wan reforça o apreço pela subjetividade nos planos e o traço artesanal de suas criaturas. Todo esse estilo foi mostrado em Sobrenatural e voltam na segunda parte, que também repete os erros de seu antecessor. Além de não manter a tensão construída de início, o terceiro ato da Capítulo 2 abusa das resoluções fáceis, desgastando uma trama que já não apresentava tanta originalidade desde o começo. Os altos e baixos da história passam, principalmente, pela pouca diferenciação que faz dos personagens. Muitas vezes os mais sérios são inclusos no arco de um personagem cômico, dando pouca relevância aos problemas apresentados em seguida. Apesar de funcionarem bem de forma isolada, o terror e a comédia do filme se misturam e atrapalham a construção alguns membros da família Lambert, que flutuam entre os dois gêneros sem o equilíbrio ideal. Boa parte dessa indecisão fica evidente no terceiro ato, quando o filme decide explicar minuciosamente as simplórias investigações que faz ao longo de uma hora. São diálogos expositivos e didáticos para uma história sem a complexidade para tal. Até ali, a direção de James Wan é segura e econômica, pois poupa o espectador de sustos gratuitos - há sempre um clima de tensão construído sem uma trilha pesada ou aparições repentinas. Wan sabe usar a câmera e a maquiagem para apavorar. Não existe computação gráfica, nem arroubos sonoros - a não ser pela ótima e estridente abertura. ''Sobrenatural: Capítulo 2'', portanto, repete os erros e acertos de seu antecedente, além de confirmar as virtudes e defeitos de Wan. Enquanto perde a mão na conclusão das histórias que cria, o cineasta expõe uma abordagem crua, quase caricatural, que faz dele um dos melhores diretores de gênero dessa geração.'' (Thiago Romariz)
''Poucos gêneros foram tão vítimas de repetidas bombas nos últimos anos quanto o terror. Por isso, é natural certa dose de descrédito com produções do tipo. O primeiro “Sobrenatural” apresentou a dose adequada de drama familiar para que nos importássemos com os personagens e os seus destinos. Some-se isso ao competente trabalho de James Wan na direção e ao conceito interessante do “além” ali apresentado, e temos uma fita cujo resultado final estava em um patamar acima da média geral dos seus pares. Com o sucesso comercial, veio esta inevitável continuação, “Sobrenatural – Capítulo 2”. Como o próprio título entrega, trata-se de uma sequência direta, continuando com o calvário da família Lambert, atormentada pela presença de espíritos malignos em seu cotidiano. Ao resgatar do além o espírito do seu filho, Dalton (Ty Simpkins), Josh (Patrick Wilson) trouxe consigo algo perigoso daquela dimensão, que o está perseguindo há anos sem que ele soubesse, colocando a sua esposa Renai (Rose Byrne) e o restante da sua família em risco. O roteiro de James Wan e Leigh Whannell é deveras ligado ao original e, mesmo havendo uma nova introdução a alguns dos personagens – notadamente ao próprio Josh e à médium Elise (Lin Shaye) – o mesmo não acontece com a maioria deles. Alguns acontecimentos dessa sequência reverberam em cenas da primeira fita, acrescentando ainda um conceito de viagem no tempo espiritual bastante engenhoso, interligando cenas das duas películas. Ademais, a relação emocional dos Lamberts e seus arcos pessoais foram trazidos do original, com os realizadores presumindo que já acompanhamos esses personagens anteriormente. Esses elementos dramáticos intensificam os sustos, justamente por criar um temor pelo destino daquelas pessoas. Destarte, não é obrigatório assistir ao primeiro filme, mas não vê-lo torna a experiência cinematográfica em relação a esta continuação mais superficial. Patrick Wilson tem um desafio interessante aqui, com um papel duplo aproveitado adequadamente pelo ator, que alterna entre um pai de família dedicado e algo bem diferente disso. A talentosa Rose Byrne, por outro lado, pouco tem a fazer senão prestar homenagem a Wendy Torrence de O Iluminado. Alguns coadjuvantes, como Elise, o também médium Carl (Steve Coulter) e a mãe de Josh, Lorraine (Barbara Hershey), mesmo com atuações um tanto quanto forçadas, ajudam a trama a avançar, mas os nerds investigadores do oculto, vividos por Angus Sampson e pelo próprio criador da série, Leigh Whannell, acabam “sobrando” na narrativa como distrações desnecessárias, meros alívios cômicos deslocados e desnecessários. Mesmo com ideias novas em meio à produção, Wan e Whannell foram incapazes de resistir ao uso de sustos fáceis e de uma trilha sonora pontualmente estridente – a que acompanha o título da fita, tanto no início quanto no fim da trama, consegue causar dores físicas de tão clichê. A fotografia, salvo a iluminação extremamente artificial do além, contribui muito para o clima sinistro da produção, contando ainda com um trabalho de câmera, em planos muito bem elaborados. Ademais, a maquiagem e a direção de arte são apenas competentes, sem merecer prêmios ou de aplausos demorados (a noiva negra, de alguns ângulos, chega a causar mais risadas que medo). Graças a um elenco principal bem afiado e subversões de conceitos batidos de filmes envolvendo assombrações, “Sobrenatural – Capítulo 2” se sobressai em relação a boa parte de sua concorrência direta, mesmo com seus problemas pontuais e passando longe de ser um novo clássico do terror. A maior dúvida é se o injustificado gancho deixado em seu final para uma terceira parte vai realmente valer a pena." (Thiago Siqueira)
FilmDistrict Stage 6 Films Entertainment One Blumhouse Productions Automatik Entertainment IM Global (uncredited) Room 101
Diretor: James Wan
105.379 users / 35.765 face
Check-Ins 708 30 Metacritic 1.884 Up 18
Date 26/09/2014 Poster - ## - DirectorRobert RedfordStarsRobert RedfordBrit MarlingStanley TucciAfter a journalist discovers his identity, a former Weather Underground activist goes on the run.[Mov 07 IMDB 6,4/10] {Video/@@@@} M/57
SEM PROTEÇÃO
(The Company You Keep, 2012)
TAG ROBERT REDFORD
{simpático}Sinopse
''Jim Grant é um advogado viúvo que leva uma vida pacata em Nova York com sua filha de 11 anos. Nos anos 1970, no entanto, ele era um ativista radical, membro do grupo terrorista Weather Underground. Perseguido por roubo e assassinato, Jim vinha ocultando sua verdadeira identidade desde então. Quando uma antiga integrante do grupo se entrega ao FBI, um jovem e ambicioso repórter acaba descobrindo pistas sobre o passado de Jim. Não há mais local seguro para ele e agora ele terá que buscar uma maneira de limpar o seu nome. Baseado no livro homônimo de Neil Gordon.''
"Filmes sobre infiltrados geralmente têm tensão pois é um trabalho de alto risco e sempre sabemos onde tudo vai dar. E a sueca Noomi Rapace continua galgando degraus em Hollywood, apesar de ainda carecer de um grande papel. No mais, thriller ordinário." (Alexandre Koball)
"Eu já achei um Taken de coroa... O que não seria um problema se se propusesse a algo consistente e se mostrasse interessante. Mas não. Sem suspense, sem trama, sem ritmo, sem graça. Sem necessidade de existir, pois nem revolta causa. Típico filme-nada." (Rodrigo Torres de Souza)
Se como ator, Robert Redford marcou época, através de clássicos como Butch Cassidy e Todos os Homens do Presidente, como diretor pode-se dizer que se esperava mais dele. Depois de ganhar o Oscar da categoria em 1981 por Gente como a Gente, sua obra de estreia na função, Redford lançou apenas mais um filme aplaudido, Quiz Show – A Verdade dos Bastidores. E isso foi em 1994. Desde então, não mais impressionou. Nem o ritmo cadenciado de suas escolhas (realizou apenas 5 filmes em 19 anos) parece contribuir para a qualidade de seus projetos. “Sem Proteção” é mais um desses longas medianos, que se não constituem uma tragédia, mas desperdiçam um potencial enorme. Redford também o protagoniza. Ele interpreta Jim Grant, um bem sucedido advogado de uma pequena cidade dos EUA. A prisão de Sharon Solarz (Susan Sarandon), ex-integrante do grupo revolucionário setentista Weather Urderground, pela morte de um guarda de banco durante um assalto, no entanto, acaba trazendo à tona sua verdadeira identidade. Na verdade, a revelação é fruto das investigações de Ben Shepard, jovem jornalista do Albany Sun-Times. É ele quem diz ao mundo que o real nome de Grant é Nick Sloan, um também ex-integrante do grupo caçado há 30 anos pela polícia. Tem início, então, sua fuga por território americano, em que até sua filha de 12 anos é deixada para cuidados pelo irmão. A trama do filme, porém, é bem mais extensa. Não faltam surpresas, revelações e, principalmente, personagens para incrementá-la. Há também maduros diálogos ideológicos e políticos. No entanto, a opção pelo thriller investigativo faz com que eles fiquem reduzidos a bate-papos pontuais, enquanto a caçada da polícia a Nick Sloan se empreende. A escolha comercial seria bem menos prejudicial ao resultado se os fatos não fossem tão atropelados e o ritmo se mantivesse constante durante as duas horas de projeção. Por isso, fica a enorme sensação de conteúdo existente, mas inexplorado, seja no campo policial, seja no campo das ideias. Adaptado do livro The Company You Keep (nome original do longa), de Neil Gordon, o filme joga todas as suas fichas no roteiro de Lem Dobbs. Mas falta-lhe o dom da concisão, especialmente. A história parece ter medo de retirar coadjuvantes e criar estratégias narrativas espertas que a concedam dinamismo. Logo, não demora muito para nomes e mais nomes surgirem na tela sem deixarem sua devida marca enquanto Ben Shepard vai sustentando suas pesquisas em meras suposições, sem qualquer comprovação, utilizando-se até mesmo do Google, quando o FBI está há mais de três décadas atrás dos mesmos nomes. E o pior: ele pode estar certo. A primeira meia hora de investigação é até bem prazerosa. Mas, a partir de então, ela cai em uma mesmice sem qualquer reviravolta que nos surpreenda e com um desfecho que não poderia revelar melhor o distanciamento que a história possui da mente de seus personagens. A culpa aqui também vai para Robert Redford, que realiza um trabalho frio, nada emotivo, que nem mesmo revolta ou causa a melancolia que deseja, especialmente aquela advinda de ex-revolucionários de ideias ainda existentes, mas reprimidas em prol do seu bem estar. A sensível cena em que seu personagem aprecia a bonita vista de uma significativa casa escondida na fronteira entre EUA e Canadá, relembrando os ditos bons tempos, não é suficiente. O mesmo pode-se dizer das críticas que o filme faz à atuação da polícia, dos políticos e do jornalismo. Sem ser ferrenho, e em algumas vezes dispensando até mesmo o julgamento, o roteiro demonstra certa maturidade ao jamais idealizar os profissionais em atuação na sociedade americana. O jornalista não poderia ser mais inescrupuloso e interesseiro. Quer apenas fazer seu trabalho, mas não possui ideia do mal inconsequente que pode trazer com ele. A Terrence Howard sobra a caricatura,mesmo que convincente, do xerife que quer manter o status da instituição que defende, especialmente quando trata-se de um caso de terrorismo e que envolve a morte de um colega de trabalho. Pena que sobre pouco espaço para abordar os ideais do Weather Underground, ainda assim tratados com o devido respeito. A entrevista de Sharon Solarz a Ben Shepard e conversa entre Nick Sloan e Mimi Lurie (Julie Christie), outra ex-revolucionária, são exemplificativas do potencial de “Sem Proteção”. Mas há personagens demais para administrar, segredos demais para revelar. E assim o filme desperdiça seu conteúdo, assim como seu elenco, que traz ainda Chris Cooper, Nick Nolte, Stanley Tucci, Brendan Gleeson e Richard Jenkins. Robert Redford, enfim, acrescenta mais um trabalho dispensável a sua carreira como diretor." (Darlano Didimo)
"Sem Proteção" não teve um grande impacto quando lançado, há um mês, nos Estados Unidos. Rendeu apenas US$ 4 milhões (R$ 8 milhões) e não recebeu boas críticas. O filme, no entanto, marca o renascimento de Robert Redford, 76, que não aparecia à frente das câmeras desde Leões e Cordeiros, de 2007. A partir desse filme, em que também atua como diretor, Redford começa a retomar seu lugar na cultura pop, como fez a partir do fim dos anos 1960 com Butch Cassidy (1969) e Todos os Homens do Presidente (1976). Não trabalhava como ator porque não me queriam", afirmou à Folha, no último Festival de Veneza, no qual lançou Sem Proteção. No longa, que tem fotografia do brasileiro Adriano Goldman, ele interpreta um ex-militante do grupo radical americano Weather Underground, que queria derrubar com bombas o governo dos EUA, em protesto contra a guerra do Vietnã, em 1968. Procurado por roubo e assassinato, o personagem de Redford some do mapa e só é encontrado anos depois, pai de família e longe de protestos. Quando a polícia descobre a identidade do ex-ativista, ele sai em fuga perseguido pelo FBI e por um repórter investigativo (Shia LaBeouf). O personagem reflete o engajamento político do criador do festival de Sundance (dedicado ao cinema independente), que costuma contribuir para entidades como o Comitê de Ação Política do Sindicato dos Diretores. Eu morei anos na França e isso me fez ter uma visão crítica do meu país. Há muita coisa errada nos Estados Unidos. Oito meses depois dessas palavras, Redford participa do Festival de Cannes, que acaba neste domingo. Ele foi aplaudido de pé por sua performance solitária em All Is Lost, de J.C. Chandor (Margin Call), sobre um velejador lutando contra um naufrágio. Filme diferente, mas mesmo discurso. Algumas coisas se perderam nos EUA. Nossa crença tem sido abatida por escândalos como Watergate. E não terminou. Há uma América que ninguém vê por baixo da propaganda, reclamou. Decidi que isso será o tema de meus filmes. Será interessante notar o mesmo engajamento nos projetos do novo Redford workaholic. No ano que vem, ele faz um espião em Capitão América 2: O Retorno do Primeiro Vingador. Em seguida, uma aventura nos Apalaches com Nick Nolte em A Walk in the Woods.'' (Rodrigo Salem)
****
"Quando Robert Redford faz o papel de diretor, seus filmes mais prometem que cumprem. Apesar de mensagens plenas de boas intenções, eles costumam naufragar ao combinar engajamento e entretenimento. "Sem Proteção" confirma a regra. Redford encarna um tipo de herói que ele fez muito no apogeu de sua beleza, em filmes como Três Dias do Condor, de Sydney Pollack, e Todos os Homens do Presidente, de Alan J. Pakula: o papel de gente como a gente que entra numa enrascada. Aqui ele é Nick Sloan, antigo militante de esquerda acusado de matar um segurança num assalto a banco. Agora integrado à normalidade, vê a paz acabar quando aparece um repórter futriqueiro. Logo tem um time bem mais ou menos do FBI nos seus calcanhares. A trama nunca empolga, assim como o ritmo de Redford correndo aos 76 anos. Só as aparições especiais de velhos amigos dão alento aos fãs de outrora. Além da intacta nobreza do antigo galã, Susan Sarandon, Nick Nolte e Julie Christie ostentam nas faces marcadas um tempo de glórias que não desapareceu junto com a beleza.'' (Cassio Starling Caelos)
Um Jean Valjean dos pobres.
"É inegável a importância de Robert Redford para o amadurecimento do cinema americano que se viu no final dos anos 1960 (e também do cinema independente mais recente, com a criação do Festival de Sundance). Bonitão, bom ator, e bem articulado, uma espécie de George Clooney da sua época, ele fez do cinema (e ainda faz) um instrumento de expressão politica. Em filmes como Nosso Amor de Ontem, Três Dias de Condor e Todos os Homens do Presidente, mesmo que sob a batuta de outros diretores, Redford revelava sua preocupação de tocar nas feridas recentes da história americana, como o macarthismo, a paranoia conspiratória e o escândalo Watergate. Mesmo adormecida na sua carreira como diretor, mais dedicada a dramas familiares, essa veia temática de Redford voltou com força total nos seus últimos filmes, que, independentemente da qualidade do resultado final, formavam um bloco coerente sobre os conflitos políticos e sociais vividos pelos Estados Unidos nos últimos 30 anos. ''Sem Proteção'' é mais uma investida do diretor neste campo minado da política. No primeiro capítulo desta (involuntária?) trilogia, Leões e Cordeiros, o foco de Redford era amplo: entre os assuntos abordados, estavam a Guerra do Afeganistão, a tensa relação entre o Governo e a imprensa, e a ineficiência dos ensinamentos acadêmicos perante a juventude americana. No segundo, Conspiração Americana (The Conspirator, 2010), sua câmera voltou no tempo, até a Guerra Civil Americana, para falar, por via indireta, da administração George Bush, em especial o Ato Patriota. Agora, em Sem Proteção, Redford destaca um episódio pouco conhecido na vida americana: a guerrilha interna praticada por grupos radicais que se opunham à Guerra do Vietnã. Dada a cultura bélica dos EUA, o tema é sempre oportuno. Infelizmente, assim como ocorrera nas tentativas anteriores, as intenções de Redford são maiores e melhores do que sua capacidade como cineasta, e Sem Proteção (incompreensível e injustificável título nacional) fica bem aquém do que sua própria ambição projetava. Para falar daquele período conturbado da sociedade americana, Redford e seu roteirista Lem Dobbs (baseados no romance de Neil Gordon), usam como fio condutor o grupo esquerdista Weather Underground, responsável por diversos ataques a prédios públicos e agências bancárias entre 1967 e 1974. Em um destes atentados, um segurança foi baleado e morto, o que levou o FBI a caçar os revoltosos pelo país afora, em especial Mimi Laurie (Julie Christie), Nicholas Sloan e Sharon Solarz (Susan Sarandon). Mesmo como todo o aparato policial no encalço, os três procurados conseguem escapar, assumir novas identidades e levar suas vidas normalmente. Até que mais de 30 anos após o episódio fatídico, Solarz, ja casada e mãe de dois adolescentes, decide se entregar às autoridades. Essa resolução traz à tona uma série de eventos adormecidos no tempo, que chegam ao conhecimento de Ben Shepard (Shia LaBeouf), jornalista com algo de talentoso e de irresponsável na mesma medida. Uma pergunta aqui e um telefonema ali, o levam ao advogado Jim Grant (Robert Redford). Viúve e pai de uma criança, Grant é obrigado a dar uma pausa na sua pacata vida de bom cidadão, e acertar as contas com o seu passado. ''Sem Proteção'' apresenta os mesmos problemas dos dois filmes anteriores da trilogia. Na ânsia de passar sua mensagem, o diretor sacrifica o desenvolvimento dos seus personagens. Todos eles existem em função das opiniões que defendem ao longo do filme, que permitem a Redford apresentar diferentes pontos de vista sobre o mesmo assunto, e agradar os gregos e os troianos envolvidos no problema. Redford não aprofunda o passado daqueles guerrilheiros, que entram e saem na narrativa sem deixar qualquer marca ou maior impressão. A não ser pelos diálogos entre Sarandon e LaBeouf no início da narrativa, e entre Redford e Julie Christie, no final, em que se assume uma posição, o público sai do cinema sem compreender se aquelas pessoas acreditavam, de fato, em um estado pacifista, ou se não passavam de uns adolescentes baderneiros. Outro tema abordado por Redford, ainda que por via oblíqua, é a própria imprensa americana. Em duas passagens, o roteiro mostra uma posição pessimista em relação a ela, ao revelar que o conteúdo de uma entrevista só será confidencial se o entrevistado expressar seu desejo ao jornalista. Do contrário, tudo o que foi revelado poderá ser publicado na internet em menos de 20 minutos. Além disso, o dilema moral enfrentado por Shepard ao final da narrativa, joga na mesa, ainda que sem muito sucesso, o conflito ético vivido pelo jornalismo nos dias de hoje, mais sedento por furos e exclusivas do que checar todos os aspectos da notícia. Quando o filme foi exibido fora de competição no Festival de Veneza de 2012, Redford afirmou que construiu seu personagem tendo em mente o Jean Valjean de Os Miseráveis. Não chegaria a tanto. Mais que a obra clássica de Victor Hugo, o roteiro de Sem Proteção parece buscar inspiração no velho tema hitchcockiano do falso culpado (o que não deixa ser um clichê). Vem dai outro defeito: Redford não é um diretor talhado para o thriller de suspense e sua carreira está aí para provar. As sequências de ação são a um só tempo mornas e implausíveis. Por melhor que Grant tenha sido no passado, fica difícil acreditar na agilidade de um quase octogenário Robert Redford para escapar do FBI na perseguição dentro de um trem e na caminhada no meio da mata em busca de uma cabana (que abriga, inclusive, uma das sequências mais anticlimáticas do filme). É também duro de engolir a facilidade com que o jornalista consegue localizar as pistas que o FBI não foi competente para fazer em 30 anos. Além disso, há algumas derrapadas meio simplórias, como quando o espectador consegue ouvir o áudio de um vídeo que está sendo assistido por Shepard, mesmo com ele usando fones de ouvido. O elenco de ''Sem Proteção'' é um exemplo que une qualidade e desperdício. De um lado, é raro um filme reunir nomes de peso como Julie Christie, Susan Sarandon, Nick Nolte, Richard Jenkins, Terrence Howard, Brendan Gleeson, Anna Kendrick, Sam Elliott, Stanley Tucci e Chris Cooper. Tanta gente de calibre assim é a prova do prestigio de Redford perante seus colegas. No entanto, a maioria destes atores tem pouca ou quase nenhuma participação em tela que justifique tamanho talento. Em casos assim um elenco de primeiro escalão até joga contra e escancara as falhas do roteiro. Ao final de mais de duas horas de projeção, o sentimento é de decepção. Ficamos sem saber o contexto histórico da época, a motivação daqueles grupos guerrilheiros, os conflitos internos, e as disputas ideológicas. Em resumo, Sem Proteção consegue ser ao mesmo tempo ruim como documento histórico e como cinema. (Régis Trigo)
2012 Lion Veneza
Voltage Pictures Wildwood Enterprises Brightlight Pictures Kingsgate Films TCYK North Productions
Diretor: Robert Redford
26.208 users / 5.950 face
Check-Ins 714 35 Metacritic 3.965 Up 859
Date 03/10/2014 Poster - ### - DirectorDouglas SirkStarsJane WymanRock HudsonAgnes MooreheadA rich playboy whose recklessness inadvertently causes the death of a prominent doctor tries to make amends to his widow, and falls for her in the process.[Mov 07 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@}
SUBLIME OBSESSÃO
(Magnificent Obsession, 1954)
TAG DOUGLAS SIRK
{romântico}Sinopse
''Bob Merrick (Rock Hudson) é um ricaço que tolamente faz seu barco de corrida naufragar. O grupo de salvamento o ressuscita com um equipamento, que não pode então ser usado para ajudar um herói local, Wayne Phillips, um médico, o que resulta na sua morte. Phillips tinha ajudado muitas pessoas e quando Merrick aprende o segredo dele, que é dar abnegadamente e secretamente, tenta isto do seu modo. Entretanto se apaixona pela viúva de Phillips, Helen (Jane Wyman), e sua persistência causa outra tragédia. Tentando refazer sua vida, Bob vai para uma faculdade de medicina, numa tentativa de corrigir sua vida e ganhar o amor de Helen.''
"Douglas Sirk não atenua o tom abertamente melodramático - e até mesmo religioso - da história. Antes disso, o intensifica através do technicolor, do uso da luz e das sombras, e da música rasgada. Esqueça a lógica da trama e embarque no clima. Belo filme!" (Régis Trigo)
"Carregado no melodrama e no folhetinesco mais do que em outros clássicos do período, deve ter inspirado muita novela de TV, mas sempre com a classe e a elegância em se tratando da realização de Sirk." (Vlademir Lazo)
****
''A refilmagem de "Sublime Obsessão" foi ideia de Jane Wyman, então estrela de primeira linha. O produtor Ross Hunter ficou encantado com a ideia de tê-la em um filme seu. Douglas Sirk ficou horrorizado com a história (ele diz que desconhecia a versão de John Stahl) do playboy que decide se redimir depois que, por sua culpa, uma bela viúva fica cega. Mas topou, por fim, fazê-la: tinha Jane Wyman e também Rock Hudson, que começava a se consolidar como galã de primeira linha. Não, o filme não é ridículo. Graças às imagens fortes, ao colorido gritante, aos óculos escuros de Wyman, à direção de Sirk, que evitava o lacrimoso. Mais do que isso, no entanto, fez um sucesso louco. A fama de Sirk como mestre dos melodramas da Universal estava lançada.'' (* Inácio Araujo *)
27*1955 Oscar
Universal International Pictures (UI)
Diretor: Douglas Sirk
4.235 users / 562 face
Check-Ins 724
Date 12/10/2010 Poster - ##### - DirectorTodd PhillipsStarsBradley CooperZach GalifianakisEd HelmsWhen one of their own is kidnapped by an angry gangster, the Wolf Pack must track down Mr. Chow, who has escaped from prison and is on the run.[Mov 03 IMDB 5,9/10] {Video/@@} M/30
SE BEBER, NÃO CASE! PARETE III
(The Hangover Part III, 2013)
TAG TODD PHILLIPS
{esquecível}Sinopse ''Alan está deprimido devido à morte de seu pai. Preocupado com o cunhado, Doug sugere que ele vá até um lugar chamado New Horizons, que pode torná-lo um novo homem. Alan apenas aceita a sugestão após Phil e Stu concordarem em levá-lo. É o início de uma nova viagem do trio, que acaba sendo interrompida bruscamente pelos capangas de um traficante . O malfeitor está atrás de Chow, que lhe aplicou um golpe milionário, e acredita que os três amigos ainda possuam contato com ele. Precisando encontrá-lo a todo custo, eles acabam indo parar no México e, mais uma vez, em Las Vegas.''
"A única coisa realmente positiva a se falar é que, pelo menos, não tenta ser uma cópia do anterior, como o segundo fez em relação ao primeiro. Mas é fraquíssimo e sem quase graça alguma." (Alexandre Koball)
"watch?v=ZpXx5Y9vX90" (Luis Henrique Boaventura)
"Inferior aos demais, mas ainda assim divertido. Todd Phillips erra a mão no tom diversas vezes e muitas piadas passam em branco, porém o filme consegue gerar risadas com alguns momentos inspirados. Sempre é bacana passar um tempo com o bando de lobos." (Silvio Pilau)
A comédia sensação, a refilmagem, o fim trágico.
''Na edição 2012 do Framboesa de Ouro, Se Beber, Não Case! Parte 2 concorreu na categoria pior remake, cópia ou sequência com um curioso adendo: sua indicação valia para pior sequência e remake, tornando a indicação só não tão merecida quanto bem sacada. Afinal, tal qual uma refilmagem transportada para um outro contexto (neste caso, somente espacial), sua única diferença para o divertidíssimo e original Se Beber, Não Case (The Hangover, 2009) se deve ao fato de a situação ter sido levada para Bangcoc, limitando-se a conferir uma roupagem hardcore às principais situações do filme anterior. Um expositivo Eu não acredito que está acontecendo tudo de novo se torna a melhor ilustração para o nível de mediocridade e preguiça atingido por Todd Phillips nessa sequência. Nesse sentido, ''Se Beber, Não Case! Parte III'' não sofre do mesmo mal, tendo seu enredo sensivelmente modificado. Há 6 meses sem tomar remédios, Alan (Galifianakis) continua se metendo em confusão, atormentando a família em níveis inimagináveis, e os amigos Doug (Justin Bartha), Stu (Helms) e Phil (Cooper) são as últimas esperanças de convencê-lo a se internar em uma clínica. Durante a viagem até a instituição, um mafioso (Goodman) intercepta o quarteto e sequestra Doug, que será assassinado em três dias se Phil, Stu e Alan não lhe entregarem de bandeja o imprevisível Mr. Chow (Ken Jeong). Apesar do esforço, Phillips volta a incorrer num mesmo equívoco da desinteressante continuação. No primeiro filme, as transgressões cometidas pelo trio protagonista encontravam-se apenas um passo além da realidade, gerando junto ao público (principalmente masculino) uma identificação real com eventos absurdos, porém passíveis de acontecer após uma noite de intensa bebedeira. A fim de extrapolar tal limite, o diretor eleva tais confusões a um patamar de crescente violência em suas continuações, o que, evidentemente, não significa torná-las necessariamente mais engraçadas. A capacidade que Todd Philips demonstrou de conectar uma gag atrás da outra, transformando-as na trama em si, no filme original, não se vê aqui. Além de esporádicas, as piadas estão todas tão soltas que mais parecem cacos de atuação do que algo pensado previamente, com a finalidade de levá-las a algum lugar. E é ainda mais frustrante perceber que, nesse longa-metragem, absolutamente nada leva a lugar algum. A missão de prazo curtíssimo estipulada na premissa se arrasta de modo incompreensivelmente lento e isenta de urgência. Quando, enfim, a busca do bando de lobos os guia num esperado retorno a Las Vegas, os levando de encontro ao tresloucado Mr. Chow numa explosiva combinação de festa de arromba, prostitutas, garotos de programa (apenas anunciados, nunca vistos) e muita bebida, a sequência é abruptamente interrompida, finalizada como toda cena de ação em comédias genéricas. Tamanha falta de inspiração na constituição de cenas e diálogos se reflete em subaproveitamento de tudo a que se propõe, das referências visuais que utiliza (indiscriminadas, vão de Um Sonho de Liberdade [The Shawshank Redemption, 1994] e o álbum Abbey Road dos Beatles ao pastelão As Branquelas [White Chicks, 2004]) aos ótimos personagens de que dispõe. Pouco resta a Bradley Cooper se Phil não precisa liderar seus amigos para além de uma situação verdadeiramente nonsense. Na maior parte do tempo, Ed Helms está apenas sério como Stu, sem alternar sua personalidade contida e medrosa com os ataques de desespero que o acometem após ser vítima de alguma bizarrice. Alan, definitivamente vertido em protagonista, volta a roubar todas as cenas, mas é sintomático perceber, em dado momento, que Zach Galifianakis se vê na necessidade de apelar para gags físicas. Tão caricato e exótico quanto Alan, Mr. Chow arranca risadas involuntárias sempre que surge, mas o humor fica mais na sugestão do que na materialização de momentos realmente engraçados. E se aos personagens fixos não é dispensada a devida atenção, é triste ver um ator como John Goodman - que, numa das maiores demonstrações de sua veia cômica com os irmãos Coen, deu vida a um aspirante a sociopata igualmente hilariante e intimidador como o Walter Sobchak de O Grande Lebowski - reduzido a um mafioso condescendente, facilmente ludibriado, um verdadeiro bundão! Lastimável, portanto, que Todd Phillips tenha se entregado à demanda mercadológica da indústria e transformado uma sequência promissora em refilmagem, o fim de uma trilogia em comédia genérica desnecessária . Assim, a promessa de uma ópera dividida em três atos se manifesta em mera dependência de ter assistido aos outros dois para entender esse terceiro filme – que, ao terminar com uma colagem de momentos de seus antecessores ou apresentar o resultado devastador de uma nova ressaca na cena pós-créditos, só acentua junto ao espectador a certeza de que o resultado teria sido muito mais divertido se Todd Phillips tivesse se rendido, novamente, à tentação de refilmar Se Beber, Não Case." (Rodrigo Torres de Souza)
''Em 2009, a comédia para adultos Se Beber, Não Case! cativou o público com seus personagens carismáticos e cenas absurdas que partiam de uma ideia de fácil identificação para boa parte dos espectadores: amigos que acordam de ressaca sem lembrar o que aconteceu na noite anterior. O segundo filme da série, de 2011, apesar de tão eficiente quanto o primeiro, gerou críticas por se prender à mesma estrutura do antecessor, mudando apenas o contexto da trama. Reconhecendo o comodismo, os roteiristas Todd Phillips e Craig Mazin tentam fazer desta sequência que fecha a trilogia algo diferente, embora preserve a essência da série. Dessa forma, “Se Beber, Não Case! Parte III” não envolve bebida e nem casamento em sua premissa. A trama parte da necessidade que os familiares e os amigos de Alan (Zack Galifianakis) sentem de interná-lo em uma clínica devido a seu estilo de vida alienado e inadequado, consequência da medicação que ele deixou de tomar. Para esta intervenção, Alan tem a companhia de seus melhores amigos, Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e o sempre apagado Doug (Justin Bartha). Eis que, durante a viagem, os quatro são abordados pelo traficante Marshall (John Goodman) e seus capangas, que procuram Chow (Ken Jeong) por este lhes ter roubado uma gigantesca quantia em barras de ouro. Exigindo que o bando de lobos ache o ladrão asiático devido à aparente relação de coleguismo que possuem com ele, Marshall sequestra Doug como garantia, ameaçando matá-lo caso seus amigos não lhe entreguem Chow em três dias. Phillips, que além de assinar o roteiro também comanda a direção de toda a trilogia, situa bem a trama e os novos personagens, mas a opção por um desenvolvimento menos caótico do enredo em relação aos outros filmes prejudica o teor cômico neste, que em vez de se sustentar durante toda a narrativa, tem apenas bons momentos casuais. Isto também se dá pelo fato de boa parte das gags se basear em referências aos longas anteriores, dependendo necessariamente do conhecimento destes para que sejam compreendidas – e mesmo assim, nem sempre são efetivas. A direção de Philips também falha em estabelecer a gravidade da situação em que o trio de protagonistas se encontra. Mesmo com um de seus melhores amigos correndo sério risco de morte, Phil, Stu e Allan transmitem um nível de preocupação que aparenta saberem que tudo vai dar certo no final, o que é totalmente incoerente na diegese do filme. O bordão “O que está acontecendo?” do desesperado Stu passa quase despercebido e parece ser dito apenas para cumprir tabela. Nos dois primeiros filmes, o desenvolvimento da trama se dava a partir de eventos já ocorridos, com os personagens refazendo seus passos da noite anterior para descobrir o que havia acontecido e como poderiam sair da situação em que se encontravam. Neste, a história é totalmente aberta, com os personagens tendo que lidar com problemas que lhes são apresentados, fazendo-nos pensar que o ritmo fraco da obra seja reflexo da dificuldade dos roteiristas em adequar este tipo de narrativa a esta série específica. Apesar de o roteiro privilegiar cenas com Galifianakis – tentando se aproveitar da competência humorística do ator até quando não há o que tirar de engraçado -, quem mais se destaca é Jeong, roubando a cena na pele de Chow, que ganha maior importância nesta terceira parte, com a trama girando ao seu redor. Infelizmente, o bom elenco não disfarça as falhas de Phillips e Mazin, que embora mostrem criatividade na elaboração de situações interessantes e potencialmente memoráveis, não conseguem desenvolvê-las de modo satisfatório, forçando o público apenas a esperar por momentos mais empolgantes que nunca chegam. Como todo encerramento de trilogia que se preze, “Se Beber, não Case! Parte III” resgata vários elementos do primeiro longa. O problema é que a inserção destes elementos é feita de modo forçado, soando mais como um filme de homenagem à franquia – a exemplo de American Pie: O Reencontro – do que como parte integrante desta. O final épico prometido no pôster decepciona quem espera ver o melhor longa da série ou pelo menos um que faça jus ao sucesso dos anteriores. Em todo caso, não será surpresa se daqui a alguns anos for realizada uma quarta parte da franquia, visto a regra dos produtores de sempre deixar margem para possíveis continuações caso o retorno financeiro as torne viáveis, mesmo quando a proposta é de conclusão." (Cinema com Rapadura)
''Não há meio termo com Se Beber, Não Case!, franquia que chega a seu capítulo final. Muitos gostam do humor politicamente incorreto, nonsense, e divertem-se com os reveses do Bando de Lobos. No outro extremo estão os que não veem a menor graça e acham os filmes uma grande bobagem. Se faz parte deste último time, nem perca seu tempo. Se, no entanto, saiu do cinema de astral renovado após ver os dois primeiros longas, não vai se decepcionar com este. O tal final épico anunciado no cartaz é exagero. Caberia melhor a palavra diferente. Desta vez não há um casamento-chave para o desenrolar da trama nem ressacas homéricas seguidas de amnésia. O filme segue por outro caminho, o que pode causar estranhamento aos fãs a princípio, mas que mostra-se uma decisão acertada do diretor e roteirista Todd Phillips. Na certa, Phillips anteviu o desgaste da fórmula. E isto já havia ficado claro no segundo longa da franquia, ambientado na Tailândia, que parecia mais uma refilmagem do que sequência. ''Se Beber, Não Case! 3'' vai por outro caminho e traz mudanças que agradam e divertem. Desta vez aposta todas suas fichas em Alan (Zach Galifianakis), ainda mais sem noção que nos filmes anteriores. Seu jeito incorrigível é o que leva os comportados Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Doug (Justin Bartha) a se meterem em mais uma enrascada. Os amigos tentam recuperar Alan – como se fosse possível – levando-o a uma clínica de reabilitação no Arizona. No meio do caminho, são sequestrados por Marshall (John Goodman), criminoso que lhes obriga a aceitar a missão de encontrar Leslie Chow (Ken Jeong), que fugiu da prisão em Bancoc. Daí em diante a trupe vai parar em Tijuana, no México, e depois segue para Las Vegas, onde viveram a primeira aventura. O retorno ao passado carrega a produção de muitas autorreferências, com a volta de cenários e rostos conhecidos, como a atriz Heather Graham (a prostituta que se casou com Stu), o bebê Carlos e o hotel Caesars Palace. Em outras palavras, se não viu os outros longas da série nem pense em começar por esse. O primeiro Se Beber, não Case! foi uma boa e divertida surpresa. O segundo, nada mais que uma cópia bem menos engraçada e nada criativa. Este terceiro e último filme – o diretor jura de pé junto que não haverá um quarto – não brilha nem muito menos tem nada de épico, mas vale como agradável revival das aventuras e desventuras passadas do carismático Bando de Lobos." (Roberto Guerra)
Green Hat Films Legendary Entertainment
Diretor: Todd Phillips
253.707 users / 1.123 faceSoundtrack Rock Nine Inch Nails / The Cramps / Black Sabbath / Billy Joel / Danzig / The Coasters
37 Metacritic 2.385 Down 276
Date 27/10/2014 Poster - ### - DirectorRoger VadimStarsBrigitte BardotRobert HosseinMathieu CarrièreA modern-day Don Juan-styled woman, who prides herself in the destruction of men who have fallen for her charms, reveals to a priest the murder she has committed and honestly details her past sexual encounters.{Video}
SE DON JUAN FOSSE MULHER
(Don Juan ou Si Don Juan était une femme..., 1973)
''Jeanne uma piscopata vive em Paris e recebe a visita de seu primo que virou padre. Então ela começa a contar ao primo suas histórias sobre os homens que tem seduzido e ao mesmo tempo destruindo suas vidas. A sedução é fácil, é a destruição que requer planejamento.'' (Filmow)
{A sedução é fácil, é a destruição que requer planejamento} (ESKS)
Date 30/11/2014 - ######## - DirectorRyan LittleStarsRick MacyLincoln HoppeRyan GaleTwo months after the Allied forces land in Normandy during WWII, the 517th Parachute Regimental Combat Team sets out for Provence with the aim to protect the Allied troops en route to Berlin.[Mov 04 IMDB 5,5/10 {Video/@}
SANTOS OU SOLDADOS - MISSÃO BERLIM
(Saints and Soldiers: Airborne Creed, 2012)
''Em 15 de agosto de 1944, o 517º Regimento de paraquedistas, saltou sobre o sul da França. Sua missão era proteger as tropas aliadas que marchavam para Berlim. Eles caíram sob ataque imediato. Em seu esforço para completar a missão e proteger sua unidade, três paraquedistas perdidos se depararam com um grupo da resistência francesa, onde eles decidem ajudar a libertar os guerrilheiros presos. Eles ficaram conhecidos como: AIRBORNE CREED." (Filmow)
Go Films Koan
Diretor: Ryan Little
2.563 users / 946 face
Check-Ins 438
Date 04/01/2013 Poster - # - DirectorFritz LangStarsBarbara StanwyckRobert RyanPaul DouglasMae Doyle comes back to her hometown a cynical woman. Her brother Joe fears that his love, fish cannery worker Peggy, may wind up like Mae. Mae marries Jerry and has a baby; she is happy but restless, drawn to Jerry's friend Earl.[Mov 05 IMDB 7,2/10 {Video/@@}
SÓ A MULHER PECA
(Clash by Night, 1952)
"Começa devagar, em dúvida sobre que caminho irá seguir, mas pouco a pouco se torna uma história intensa sobre identidade, aparências e sentimentos reprimidos. Um filme denso, com personagens complexos, mas que se acovarda em sua conclusão." (Silvio Pilau)
"Apesar da impressão errada que o machista e reducionista título brasileiro possa transparecer, é um grande estudo de personagem de Lang, sufocante em seu trabalho ambíguo de claro/escuro. É quase o lado positivo de Desejo Humano (1954)." (Bernardo D.I. Brum)
"É um estranho encontro: Barbara Stanwick e Marilyn Monroe. Todo gesto de Stanwick é pecaminoso. Ela sempre está envolvida em roubo, adultério, assassinato. É uma mulher dominada pelos próprios impulsos, submetida a eles, cheia de culpas. Mais cedo ou mais tarde, acabaria num filme de Fritz Lang, como "Só a Mulher Peca". Barbara é uma mulher dos anos 40, talvez 30. Marilyn é bem anos 50. Não uma profissional (não ainda), mas uma profissional da sedução. Ela sabe muito bem que suas curvas são o maior patrimônio que tem e não se sente minimamente culpada por isso. Na trama, Barbara volta à sua cidadezinha portuária, casa com Paul Douglas, mas transa com Ryan. Ponto forte do filme: a representação da região portuária, o trabalho dos pescadores. Lang faz com que o clima de tragédia venha do mar. Ele, que em outros tempos não filmava o mar, por medo de sua força. Aqui filma o mar, Barbara e Marilyn: três forças da natureza." (* Inácio Araujo *)
RKO Radio Pictures Wald/Krasna Productions
Diretor: Fritz Lang
3.589 users / 163 face
Check-Ins 463
Date 22/02/2014 Poster - ###### - DirectorJaume Collet-SerraStarsLiam NeesonJulianne MooreScoot McNairyAn air marshal springs into action during a transatlantic flight after receiving a series of text messages demanding $150 million into an off-shore account, or someone will die every 20 minutes.{Video/@@@} M/56
SEM ESCALAS
(Non-Stop, 2014)
''É curiosa a trajetória de Liam Neeson. Grosso modo, atores hollywoodianos trocam (ou tentam) os filmes sem prestígio pelos de prestígio ao longo da carreira. Com ele, deu-se o contrário. Depois de estourar com um papel dramático em A Lista de Schindler (1993), ele foi aos poucos refugiando-se em um nicho de filmes B de aventura e suspense, com produção e ambição modestas. Aos 61 anos, enquanto outros atores estão sonhando com o Oscar, ele se tornou um herói de ação - como mostram os dois Busca Implacável e Desconhecido, filmes genéricos até em seus títulos. Nessa constatação, não há condenação. Até porque em geral os filmes são dignos, e Neeson mostra-se confortável em seu novo papel, com seu tipo corpulento e sua interpretação sem firulas. O suspense "Sem Escalas", seu novo filme nessa seara, segue a toada dos anteriores: roteiro que empacota clichês do gênero com competência, direção segura e básica (do espanhol Jaume Collet-Serra) e, no caso, uma coadjuvante de luxo (Julianne Moore). Neeson é Bill Marks, agente federal que cuida da segurança em aviões. Durante um voo de Nova York a Londres, ele começa a receber uma série de mensagens no celular dizendo que um passageiro será morto a cada 20 minutos caso não haja uma transferência para uma conta bancária. Marks suspeita de cada passageiro e tripulante. Ao mesmo tempo, é suspeito para a tripulação e as autoridades. A partir dessa dupla desconfiança (e do estado de insegurança aérea pós-11 de Setembro), Collet-Serra constrói um suspense eficiente, que prende atenção. Mas a resolução se revela francamente decepcionante, um truque de roteiro mal engendrado. Por conta do final, "Sem Escalas" não consegue se separar dos muitos filmes B com que trombamos na TV a cabo ou que são lançados diretamente em DVD. Mesmo com o bom, sólido e veterano Neeson como diferencial." (Ricardo Calil)
"Roteiro escrito a três mãos cria situação da qual não consegue se desenrolar. Resta ao sempre carismático Liam Neeson salvar essa furada, convertendo "Sem Escalas" em um thriller razoável." (Alexandre Koball)
"Claro que o roteiro força a barra aqui e ali, especialmente no final, mas Collet-Serra utiliza de forma louvável a limitação de espaços e imprime um ritmo alucinante ao filme, que entretém - e muito. O título original não poderia ser mais apropriado." (Silvio Pilau)
''Em teoria, o conceito de Liam Neeson como astro de ação é perfeita: trata-se de um ator fisicamente imponente, rosto expressivo e marcante, voz grave e, de quebra, talentoso. Infelizmente, ainda que tenha se viabilizado no gênero, Neeson não escolheu particularmente bem seus projetos, que surgiam cada vez piores: Esquadrão Classe A, Busca Implacável e Desconhecido tinham seus momentos, mas só. Assim, é um alívio finalmente vê-lo protagonizar um filme eficiente, mesmo que com roteiro irregular. Escrito pelos estreantes John W. Richardson, Christopher Roach e Ryan Engle, Sem Escalas se passa basicamente todo no interior de um voo transatlântico no qual viaja o agente William Marks (Neeson), um dos inúmeros oficiais federais que embarcam anonimamente todos os anos em aviões que saem de solo americano com o objetivo de trazer maior segurança às viagens – especialmente depois dos eventos do 11 de setembro. Desta vez, porém, assim que o voo tem início, Marks recebe um SMS de um dos passageiros com a ameaça de matar uma pessoa a cada 20 minutos até que uma quantia considerável seja transferida para certa conta. A partir daí, o protagonista começa uma pequena corrida contra o cronômetro a fim de evitar uma tragédia a bordo. Usando o velho e eficiente recurso do prazo para pontuar a narrativa (ver Gravidade, Duro de Matar, Matar ou Morrer e dúzias de outros filmes), Sem Escalas emprega as sucessivas contagens regressivas para manter o espectador tenso, misturando esta estrutura narrativa a outras que, em maior ou menor grau, são igualmente clássicas: a do crime-no-aposento-fechado, do homem-falsamente-acusado, do quem-é-o-assassino e por aí afora. Se somarmos a isso o elemento herói-atormentado-por-trauma-do-passado, temos uma colcha de retalhos costurada com clichês multicoloridos, o que não a torna menos aconchegante, já que clichês se tornam clichês por um motivo óbvio: quando bem empregados, funcionam. Neste quesito, o filme se beneficia por contar com um ator capaz de sugerir complexidade onde há apenas estereótipo: William Marks é alcóolatra, instável e encontra-se em luto eterno, mas o rosto triste e endurecido de Liam Neeson sugere um homem cuja perda é mais do que uma ferramenta tola de roteiro, mas uma cicatriz profunda – e quando o vemos observando uma mulher que beija o marido após deixá-lo no aeroporto, sabemos exatamente que o que passa na mente do sujeito é mais do que um simples Preciso despertar a simpatia do espectador. Além disso, o diretor Jaume Collet-Serra consegue, através de um recurso simples, sugerir simultaneamente a experiência de Marks como agente da Lei e sua falta de foco em função do álcool ao trazer planos subjetivos nos quais percebemos como o herói observa todos à sua volta mesmo com um claro embaçamento periférico. Empregando a limitação do ambiente de maneira eficaz para criar um clima claustrofóbico, Collet-Serra estabelece um ritmo ágil que sugere a paranoia do protagonista ao mesmo tempo em que leva o espectador a perceber a dificuldade da situação que este vive. E se a montagem de Jim May consegue disfarçar os tropeços do roteiro ao manter o público sempre tenso, eventualmente a estratégia acaba tendo que ceder à necessidade de oferecer respostas às perguntas levantadas ao longo da projeção – e é aí que Sem Escalas quase desaba, já que as motivações por trás das ações do vilão são não apenas tolas e implausíveis, mas ainda ofensivas por empregarem tragédias reais como desculpa para sequências de ação. Por sorte, só começamos a questionar de fato a estupidez do roteiro quando estamos saindo do cinema – quando já pudemos aproveitar a lógica frágil, mas divertida do filme. Agora torço para ver Liam Neeson, com sua nova persona cinematográfica, protagonizando uma refilmagem de A Lista de Schindler. Os nazistas não vão nem perceber o que os atingiu." (Pablo Villaça)
Date 26/01/2015 Poster - ### - DirectorJohn FordStarsJames CagneyCorinne CalvetDan DaileyThe wartime romantic misadventures of Captain Flagg, commander of a company of US Marines in 1918 France.{Video}
SANGUE POR GLÓRIA
(What Price Glory, 1952)
''França, 1918. As noites de combate estão ficando cada vez mais longas e violentas. Para o capitão Flagg, manter a disciplina entre os fuzileiros americanos é uma prioridade, mesmo sob fogo cerrado. Mas, agora, Flagg tem um problema que não sabe como solucionar: um de seus antigos inimigos pessoais é o novo sargento indicado para sua unidade. Como irão reagir esses dois homens, cujo passado belicoso os une, na frente de combate? A resposta está nesse envolvente trabalho do diretor vencedor do Oscar John Ford e estrelado por James Cagney." (Filmow)
Date 30/01/2015 Poster - ####### - DirectorClint EastwoodStarsBradley CooperSienna MillerKyle GallnerNavy S.E.A.L. sniper Chris Kyle's pinpoint accuracy saves countless lives on the battlefield and turns him into a legend. Back home with his family after four tours of duty, however, Chris finds that it is the war he can't leave behind.{Video/@@@@} M/72
SNIPER AMERICANO
(American Sniper, 2014)
"Embora a abordagem reducionista de Eastwood incomode, o problema do filme é mesmo sua narrativa apressada (difícil se interessar pelos personagens) e o excesso de lugares-comuns. O resultado, não obstante bons momentos esporádicos, é bastante irregular." (Silvio Pilau)
"Profundo estudo sobre a violência enraizada no coração do homem desde seu nascimento, que o isola dentro de um terrível conflito entre dever e culpa. Se antes Eastwood abordou as consequências da violência, aqui ele encara sua origem na sociedade moderna." (Heitor Romero)
''Se "Sniper Americano" ganhar o Oscar de melhor filme neste ano, será essencialmente por duas razões: a) ser um filme a favor da guerra; b) ser um filme contra a guerra. Pois é nessa formidável ambiguidade que o filme de Clint Eastwood joga os eleitores do Oscar e os espectadores em geral ao descrever a trajetória de Chris Kyle, herói americano tão heroico que tem direito até a um dia memorial dedicado apenas a ele. Mas quem é esse herói? Sucintamente: um atirador de elite cuja função é proteger o avanço das tropas em suas incursões urbanas no Iraque. O responsável por matar pouco menos de 200 pessoas na guerra de que participa se sentindo sempre na obrigação de usar seu dom de grande atirador para a proteção dos colegas. Mais ainda: que herói é esse? A dúvida o assola por todos os lados. Por acaso existe heroísmo em matar uma mulher e uma criança (seus primeiros feitos)? Seus colegas dizem que sim. Ele não tem o mesmo entusiasmo. Sua função é defendê-los. Ele a executa, ponto. Com a trajetória do persistente Kyle, Eastwood nos projeta no terrível pantanal em que os norte-americanos se afundam no Oriente Médio, um Vietnã urbano, onde nem ao menos se distingue o amigo do inimigo. Na terrível aridez de "Sniper Americano", aos gritos de "herói, herói" responde a frase do cineasta Samuel Fuller: na guerra, o único heroísmo é sobreviver. No caso, uma guerra tão perturbadora que nem no front interno terminará para Kyle.'' (* Inácio Araujo *)
''Sniper Americano" ocupa-se de Chris Kyle, atirador de elite famoso pelo desempenho na ocupação dos EUA no Iraque: Kyle contabilizou nada menos que 160 mortes. Ou "vidas salvas", conforme o ponto de vista. Ele não foi considerado herói americano por acaso. E é sobre essa ambiguidade que Clint Eastwood construiu seu filme a respeito desse moderno Sargento York. Clint pouco se lixa para a ideia de herói: é o seu vazio que aparece a cada instante. E todo o heroísmo de Kyle, com ou sem aspas, serve a rigor, no filme, para demonstrar a futilidade - letal, porém - da intervenção norte-americana no Oriente Médio. O curioso, imprevisto e trágico final surge como uma espécie de corolário a esse mundo em que a violência produz, essencialmente, mais violência.'' (** Inácio Araujo **)
*****
''É sob o signo da ambiguidade que "Sniper Americano" parece se desenvolver. Por um lado temos um herói americano, o imbatível atirador de elite que vai a guerra no Oriente Médio. Tão mais heróico porque, sendo um personagem real, é assassino ( e no fim inclusivel o filme acompanhou seu funeral - não se preocupe, isso não tem nada, nada mesmo, a ver com a história). Ao mesmo tempo, seu heroísmo: nessa guerra que se desenvolve dentro de uma cidade, quando uma mulher sai a rua com uma criança, como saber se está numa atividade civil ou se está lá para detonar uma bomba? A mira está feita. Atira ou não atira? Será um herói mesmo ou um covarde que mata mulheres e crianças. Que tipo de peso ele levará em sua consciência? Eis o que são as guerras contemporâneas. As dos EUA, em todo caso.'' (*** Inácio Araujo ***)
''Numa época em que tudo o que contraria nossas convicções é sumariamente descartado, "Sniper Americano" nasce sob o preconceito e olhar atravessado daqueles que são contrários à guerra. Mas não é a mensagem belicista que desagrada neste filme de Clint Eastwood. Simplista, com diálogos pobres e roteiro atropelado, o longa só reforça o estereótipo do sulista americano que enxerga os EUA como heróis numa missão contra o terrorismo. É como rezar para convertidos. Tudo acontece de forma explícita, desde a decisão de Kyle de se alistar no Exército até o encontro com sua futura mulher. Otimistas poderiam esperar uma construção mais complexa de um personagem interessante - o atirador de elite Chris Kyle, considerado o mais letal da história do Exército dos EUA. Mas tudo é raso, até mesmo os eventuais contrapontos da história. Enquanto sua crença total na necessidade da guerra é explorada de forma panfletária e exaustiva, a relação turbulenta com a família entre os turnos em que serviu no Iraque e também o desconforto com barulhos do cotidiano, que o jogam de volta para a guerra, são mostrados de raspão, só para constar. Há também muitas cenas de ação, com gente sendo morta aos montes, vilões com cara de mau e explosões, que nos fazem perguntar: Entrei na sessão errada? Estou mesmo assistindo a um filme de Clint Eastwood? Ou é só mais uma baboseira enlatada?. O uso de um efeito especial à la Matrix para seguir a trajetória de uma das balas é daquelas cenas constrangedoras que nos fazem deslizar para baixo da cadeira. A realidade do campo de guerra e o jogo político são muito mais nebulosos do que a versão contada por Kyle. Clint aceitou só um lado da história." (Daigo Oliva)
Mais um pelo caminho.
''Num dos primeiros episódios de The Office, Michael Scott realiza o chamado dia da diversidade. Nesse dia, os funcionários da empresa colam sobre a testa os nomes de diversas raças/nacionalidades, e os funcionários devem agir de acordo com o papel a que foram designados. É daí que surge a maior piada de todos os tempos, onde o funcionário negro da empresa está com um papel escrito “Negro” na testa. Mas também dá surgimento a uma outra, onde Michael diz que não colocou nenhum papel escrito árabe na brincadeira porque as coisas poderiam ficar muito explosivas. Essa anedota de The Office serve pra mostrar como Michael Scott é preconceituoso, mas também pode ser usada pra revelar aspectos de apropriação cultural e identidade pessoal, revelar como esses aspectos são sempre trabalhados de maneira espinhosa por culturas divergentes não-representadas, mesmo que com a melhor das intenções. O filme de Eastwood modela representações norte americanas num contexto norte americano pois é a respeito da própria identidade que um artista pode, com verdadeira consciência, dissertar. Enquadrar uma história em um terreno específico não significa, nem de longe, dar as mãos a um suposto imperialismo. Não significa fazer pouco caso das guerras, mais especificamente a Guerra do Iraque, tampouco significa ignorar questões políticas pertinentes ao conflito. O que muita gente prefere não considerar é que, ao contar uma história, o autor cria uma narrativa, constrói sentidos que se relacionam culturalmente com o autor e suas representações. Uma cartilha do que e como fazer é dispensável ao construir um filme envolvente e interessante. Uma das críticas que li a respeito do filme diz que Eastwood é um cineasta notoriamente preto no branco, que não cede espaços à meios tons; um cineasta que caracteriza vilões e mocinhos sem contrastes. Estamos falando de alguém cujo papel da vida foi o ganancioso e egoísta herói da trilogia dos dólares de Sergio Leone; estamos falando de um diretor que dirigiu O Estranho sem Nome, Os Imperdoáveis, Um Mundo Perfeito, Gran Torino. Esse não me parece o currículo de alguém despreocupado com meios tons. Não me parece, inclusive, o currículo de alguém que se relaciona de forma ingênua e leviana com a violência. Na verdade, o que esses filmes mais têm em comum é que são a respeito da violência, de como suas raízes são capazes de consumir seus portadores de forma despersonalizá-los, transformando-os progressivamente em propagadores da violência que os atormenta, da qual eles não podem fugir. '''Sniper Americano'' segue esse apontamento rigorosamente. Durante os dez primeiros minutos somos apresentados a Chris Kyle, em momentos específicos de sua infância e juventude que ressaltam como, desde os primórdios, sua relação com a violência fora naturalizada e exaltada pela sua criação rigidamente texana, seu pai servindo como oráculo dessa naturalização, ensinando princípios técnicos/práticos (como nunca deixar o rifle na sujeira) e, principalmente, filosóficos, através da parábola do lobo, da ovelha e do pastor alemão. Segundo o pai de Kyle, há três tipos de pessoas no mundo. As ovelhas, que fazem o que lhes é ordenado, os lobos, que matam traiçoeiramente as ovelhas, e os pastores alemães, que matam os lobos. À primeira vista, Kyler certamente seria um pastor alemão. E para aqueles que criticam o filme por um patriotismo exacerbado, o personagem interpretado por Bradley Cooper permanece nessa identidade durante todo o filme. O contrassenso dessa interpretação deturbada é que ela ignora a jornada pela qual Kyle e àqueles que o cercam fazem pelas duas horas de filme, onde a noção de matador justificado é fortemente questionada e a carcaça espessa de pastor alemão do protagonista é desfragmentada, cedendo lugar a um personagem debilitado, transtornado, frágil e obsessivo. Durante o treinamento para ingressar no esquadrão de elite do exército americano, Kyle é inabalável e seguro, um soldado feroz desejando praticar a batalha sob a desculpa de proteger sua nação. Quando os ataques de onze de setembro acontecem, os Estados Unidos entram em batalha contra o Iraque e as habilidades de Kyle são, talvez pela primeira vez em sua vida, verdadeiramente requeridas e efetivamente recompensadas. O soldado não consegue, porém, manter o equilíbrio na sua vida, sendo arrastado para longe de sua família, de seus amigos, de sua nação, em direção a uma batalha que o fere cada vez mais profundamente. Entre as quatro excursões que faz ao campo de batalha, os tempos em que Kyle passa em casa são mais e mais escassos, mais e mais insólitos. Há três contrapontos que surgem através dos arcos narrativos construídos pelo filme: Desenha-se um confronto dramático entre Kyle e o sniper de elite sírio Mustafa. Ambos são extremamente precisos em combate, dotados de certa onipresença. Mustafa e Kyle estão frente a frente em todos os picos narrativos da guerra. Em um desses, o sírio acerta um tiro no rosto de um americano, irrompendo um anseio descontrolado em Kyle para vingar o colega; Triunfante no exército, Kyle não desempenha com tanto sucesso seu papel de marido e pai de família. Seu fracasso na vida pessoal é invariavelmente oposto à sua ascensão no exército. As duas facetas são divergentes ao ponto de colocar em questão qual é, de fato, a persona real do protagonista. Ele pode ser uma lenda como soldado enquanto fracassa colossalmente como ser humano minimamente sociável?; E o terceiro contraponto está na percepção de Kyle acerca de si mesmo. Durante diversos momentos, o soldado diz que seu desconforto é fruto da constatação pessoal de que muitos de seus colegas morreram em combate e que, provavelmente, ele poderia ter evitado mais mortes caso fosse mais competente. Porém, quando ele é interpelado por um soldado pretendendo expressar admiração, Kyle demonstra constrangimento e evita encarar o colega nos olhos, denotando que sua percepção a respeito de seus atos na guerra não são tão lisonjeiras quanto ele faz parecer. Todas essas coisas estão manifestas em ''Sniper Americano'', deixando claro que o interesse de Eastwood na história não é glorificar a violência ou reforçar o mito de herói de seu protagonista. Antes, o diretor reflete acerca da violência e suas reverberações. Ao localizar essa reflexão em terreno americano, o Eastwood expõe que as marcas deixadas pela guerra são profundas e irreparáveis, mesmo para o lado dito vencedor. Kyle é o personagem-veículo dessa exposição. Ele constrói para si mesmo a imagem de um lutador feroz disposto a lutar para a manutenção do que considera ser bom, mas pouco a pouco sua saúde física e mental se fragilizam, dando abertura para (auto)questionamentos que o soldado não ousa entoar, mas que estão presentes como fantasmas horripilantes de uma consciência traumatizada. A obsessão de Kyle em matar o seu contraponto sírio não é apenas um desejo desenfreado de vingança. É uma atitude essencialmente suicida. Matar a lenda para desmistifica-la, humaniza-la. Apenas então ele é capaz de seguir em frente. Mas nos filmes de Eastwood, a violência não é personagem facilmente extinguido. Ela é absurdamente poderosa, imortal. Em Sniper Americano, ela balança o berço de Chris Kyle, segura suas mãos durante os primeiros passos de uma vida programada de forma trágica para exercê-la, fadada a por ela ser consumida. Kyle é o eco do grande herói americano, trapaceado para acreditar que poderia, apenas por sua força, romper os obstáculos do mundo. Ele é o strong silent type, as costas de Jesse James, o peito encravado de balas de Bonnie and Clyde, mais uma ferida auto infligida no coração da mitologia dos Estados Unidos da América." (Guilherme Bakunin)
87*2015 Oscar
Date 07/02/2015 Poster - ##### - DirectorKen HughesHenry HathawayBryan ForbesStarsKim NovakLaurence HarveyRobert MorleyA medical student becomes obsessed with his faithless lover.[Mov 08 IMDB 6,5/10 {Video}
SERVIDÃO HUMANA
(Of Human Bondage, 1964)
''Jovem estudante de medicina com ambições artísticas se apaixona por uma garçonete, que o abandona e acaba casando com outro homem. Quando ela retorna grávida, ele a aceita de volta." (Filmow)
{Nós perdoamos aquele que nos aborrecem, mas nunca os que nós aborrecemos} (ESKS)
1964 Urso de Ouro
Metro-Goldwyn-Mayer British Studios Seven Arts Productions
Director: Kenneth Hughes/Henry Hathaway
594 users / 50 face
Check-Ins 492
Date 11/03/2014 Poster - ####### - DirectorAtom EgoyanStarsColin FirthReese WitherspoonAlessandro NivolaThe savage murders of three young children sparks a controversial trial of three teenagers accused of killing the kids as part of a Satanic ritual.{Video/@@} M/42
SEM EVIDÊNCIAS
(Devil´s Knot, 2013)
''Há algo de errado com um filme dramático em que você passa metade da projeção pensando se o ator britânico Colin Firth está ou não fazendo uma boa imitação de sotaque caipira americano. Esse filme é "Sem Evidências", dirigido pelo canadense Atom Egoyan e baseado em história real ocorrida em uma pequena cidade do Arkansas, sul dos Estados Unidos. Em 1993, três adolescentes foram acusados pelo assassinato brutal de três crianças. Contra os réus, pesava o fato de terem participado de rituais de magia e de gostarem de heavy metal. Eles ficaram conhecidos como os Três de West Memphis. Temendo que eles fossem condenados à pena de morte, um investigador (Colin Firth e seu estranho sotaque) decide ajudar a defesa e começa a encontrar furos na acusação - que a polícia e a Justiça parecem determinadas a ignorar. A mãe de uma das crianças assassinadas (Reese Whiterspoon) é uma das únicas que têm suas convicções abaladas pelas descobertas do investigador e passa a desconfiar do envolvimento de outras pessoas, muito próximas a ela, no crime. A base real para o filme é promissora, porque se trata de uma história em que a sede de justiçamento obscurece o desejo de fazer justiça, e porque é um caso inconcluso, sem culpados claros (e a ambiguidade costuma favorecer o cinema). A narrativa permite ao diretor passear por vários gêneros: do suspense ao drama, do policial ao filme de tribunal. Mas Egoyan (que fez o belo O Doce Amanhã em 1997) desperdiça a riqueza do material com uma direção apenas funcional, sem imaginação - o que é menos do que séries como "CSI" oferecem cotidianamente. Quanto ao sotaque de Colin Firth: ele é passável. Mais difícil é tentar entender o que aconteceu com a carreira de Atom Egoyan." (Ricardo Calil)
"Superficial pra quem viu a série de documentários "Paradise Lost", que trata do mesmo crime; insosso para os que esperavam apenas um bom filme de tribunal. Egoyan viveu dias melhores em "O Doce Amanhã", cuja tema é parecido. Whiterspoon está desperdiçada." (Régis Trigo)
Um thriller que não se nega e não se ilude.
''Navegando por textos e notas da internet é fácil sentir-se desencorajado pelo modus operandi ou sei lá da crítica cinematográfica hoje, pois, na minha de tentar entender porque "Sem Evidências" foi tão rechaçado, eu vi críticos formados e experientes esbarrando em uma questão que, aos meus olhos, é tão básica, que eu jamais colocaria em cheque. A questão é que o novo filme do diretor egípcio Atom Egoyan é baseado em um best-seller de não-ficção a respeito de um crime ocorrido em 1993 nos Estados Unidos. O crime aparentemente repercutiu bastante e aparentemente pelo menos quatro documentários exploram possíveis explicações para essa assustadora narrativa. O crime, em si: três garotos misteriosamente assassinados em alguma pacata cidade do estado de Arkansas. Como é comum em casos similares, a repercussão desses assassinatos gerou uma espécie de frenesi através dos Estados Unidos, cidadãos pedindo vingança e sangue frio, ao invés de justiça. O maior pecado de ''Sem Evidências'', provavelmente, é não relatar algo ainda não explorado por livros e documentários a respeito desse crime. Os americanos aparentemente sentiram-se entediados diante de uma história por eles já conhecida. Mas essa percepção é seriamente problemática. Um filme não precisa justificar-se, muito menos apoiar-se em novos boatos sensacionalistas para fomentar um factoide dum crime de mais de vinte anos atrás. Um filme justifica-se em sua história, suas escolhas, estéticas e narrativas, e deve bastar-se em si mesmo. O crime ocorrido em Sem Evidências não é o crime real, onde três crianças foram assassinadas; é um crime de ficção, narrado sob a ótica consciente de um diretor competente e consagrado. As escolhas estéticas de Egoyan denotam uma perspectiva bastante clara: depois de cinco minutos de metragem, as crianças já estão mortas. Não é, obviamente, o assassinato que interessa. Porém, quando as crianças são encontradas, um dos policiais retira o corpo frígido e empalecido de um dos garotos do lago, a câmera de Egoyan registrando, de maneira chocante, essa cena. A decisão entre mostrar ou não um cadáver, ainda mais um que já esteja em processo de decomposição, sempre me interessou. Lembro-me de Senhor Vingança (Park Chan Wook) e de sua grotesca cena em que o irmão viola o túmulo da irmã, por exemplo. Decisões como essa me parecem raras, especialmente na cultura americana. Ao mostrar o cadáver do garoto, Egoyan personifica o horror, transferindo-o para o que realmente importa: a morte em si. Ao fato de que o garoto simplesmente não existe mais. Algo, me parece, que vai na contra mão da repercussão de crimes desse tipo, onde procura-se focar no sofrimento, nas lágrimas, no jogo de emoções. Apesar do sofrimento brutal, Sem Evidências não joga assim. As emoções são contidas e o drama é pouco carregado. O embate entre a verdade e a ficção interessa muito mais, e o horror em razão da conspiração contrasta melancolicamente com o horror dos próprios assassinatos. Entre o que é verdadeiro e o que o inventado, Pam Hobbs (Reese Whiterspoon) e Ron Lax (Colin Firth), olhos do espectador na história, que assistem (assistimos) com perplexidade a demolição do mito (a mentira), tecido pelos preconceitos, medos, incompreensão, para a construção de uma verdade que permanece, muito tempo depois, à sombra. Apesar disso, é preciso ressaltar: Sem Evidências é um thriller genérico, um drama de tribunal que, além das observações já expressas, não possui muitos pontos dignos de nota. Mas que consegue, diante de tudo isso, deixar a impressão que, em mãos incautas, poderia ser muito pior." (Guilherme Bakunin)
24 Metacritic
Date 06/03/2015 Poster - ##### - DirectorJosh StolbergStarsBen BegleyHerbert RussellRoss NathanA spoof on The Hangover (2009), The Hunger Games (2012) and other movies, TV series etc. 4 men, with hangovers after a bachelor party, find themselves in a future, dystopian, kill or be killed game.[Mov 01 IMDB 3,9/10] {Video/@}
SE BEBER, NÃO ENTRE NO JOGO
(The Hungover Games, 2014)
''Paródia de produções de sucesso recentes, como Jogos Vorazes, Se Beber, Não Case!, Ted, Carrie - A Estranha, Django Livre, Thor: O Mundo Sombrio, O Cavaleiro Solitário e A Fantástica Fábrica de Chocolate. Nesta história, quatro amigos se divertem em uma noite de festa, e no dia seguinte, eles acordam na arena dos Jogos Vorazes.'' (Filmow)
Sense and Sensibility Ventures Silver Nitrate
Diretor: Josh Stolberg
2.893 users / 2.469 face
Check-Ins 552
Date 25/04/2014 Poster - # - DirectorAva DuVernayStarsDavid OyelowoCarmen EjogoOprah WinfreyA chronicle of Dr. Martin Luther King, Jr.'s campaign to secure equal voting rights via an epic march from Selma to Montgomery, Alabama, in 1965.[Mov 05 IMDB 7,6/10] {Video/@@@} M/89
SELMA - UMA LUTA PELA LIBERDADE
(Selma, 2014)
"Atual na mensagem e bem resolvido como cinema (planos clássicos e elegantes), DuVernay vai além do manjado "I have a dream" ao mostrar um MLK falível, pragmático (a marcha precisa da política) e cético quanto ao seu próprio legado. Oyelowo está poderoso." (Régis Trigo)
"Acertando ao focar num momento específico da vida de King, o filme pinta um retrato vulnerável e complexo do líder (Oyelowo está ótimo), enquanto faz da caminhada um momento inspirador - e revoltante. Grande filme, que fica por dias com o espectador." (Silvio Pilau)
A tensão cresce através da política, mas é a dramaturgia que se desenvolve sob a camada de thriller político.
''Nas cenas passadas na Casa Branca, o presidente Lyndon Johnson fala sobre Guerra à Pobreza, personagens reclamam que o dinheiro dos Estados Unidos é gasto com guerras em terras estrangeiras enquanto há americanos necessitados de ajuda no próprio solo nativo. Como Lincoln e outros filmes prestigiados sobre políticos, Selma parte do acontecimento histórico para comentar sobre os problemas estadounidenses do hoje. O que difere o filme da diretora Ava DuVernay das cinebiografias corriqueiras em época de Oscar, porém, é a forma de enxergar a figura e a influência de Martin Luther King no povo e na História, a observação tanto abrangente quanto particular dos dilemas do negro no país, um olhar que absorve as intrigas políticas para mostrar os efeitos na sociopolítica. O princípio desse olhar parte da lógica visual construída por DuVernay para estabelecer alteridade entre os problemas em pequena e grande escala política. A mulher negra que é impedida de votar é capturada com um enquadramento lateral que instala uma claustrofobia sutil e sugere submissão sem autoridade aparente, um preconceito que persiste mesmo tornado ilegal pela constituição. Mais tarde, a diretora filma Luther King na mesma posição, mas em uma conversa com Lyndon Johnson. Manter a escala dos fatos importa tanto a DuVernay muito em função do fato que o preconceito atinge diferentes esferas sociais, o explícito nos desfavorecidos e o sutil no poderoso. As manifestações públicas, sejam de ataque ou defesa dos direitos dos negros, pontuam os debates do campo político - e isolar King como principal orador da causa é uma ótima opção que o roteiro faz para mantê-lo como voz absoluta. Natural que Malcolm X surja na trama para ajudar com a retórica sem que a testemunhemos. A responsabilidade de líder, que se preocupa com os discípulos dos quais demanda ajuda e os consola quando eles sofrem as consequências, é singular. Qualquer manifestação paralela, forte ou não, é suprimida para elevar a figura de King, um exemplo da concisão narrativa do filme - e a montagem eficaz tem papel fundamental nisso. A tensão racial com o presidente, aliás, é precisa na legitimação de Luther King como líder de massas. A luta ideológica pelos direitos é construída com embates, e, além de contra injustiças coletivas, o líder deve se impor diante das personificações desses interesses. O que o torna poderoso é entender que ele próprio também representa suas ideias. Não por acaso, os problemas pessoais do protagonista são resolvidos no particular. Nesse contexto, sua esposa tem um papel importante ao servir de bússola familiar, na época quando as lutas coletivas sobrepunham às relações pessoais de King (e a diretora deixa clara a posição forte da mulher nas decisões do processo). As ótimas interações entre David Oyelowo e Carmen Ejogo revelam tanto o preço pago pelas prioridades políticas (a cena da traição) quanto traços pessoais de King - como na prisão, quando Coretta diz que não é que precise da ajuda de Malcolm X, sugerindo não só o ego existente no homem como a obsessão presente na lógica do discurso, do homem maior que o outro, do ícone maior que o outro. Expor a personalidade de Luther King ajuda a compreensão acerca da performance do líder, mas quando seu imaginário é realçado fora do público, como na ligação com a cantora, se diz mais sobre a dificuldade do pastor em lidar pontualmente com a importância de sua imagem que sobre um exercício grandiloquente de poder. Um dos cuidados que DuVernay toma para manter sobriedade no retrato biográfico é tornar o biografado falível, mas nunca questionando a dignidade de sua influência. A ascensão de homem a ícone gera necessidades grandes, e o roteiro constroi um protagonista ciente disso. Alterar a realidade social demanda planejamento, principalmente em um cenário cujo peso histórico ainda é denso, e em Selma o protagonista triunfa justamente por entender os protestos como encenações, os lugares como palcos. A cena mais forte do longa, que torna literal o confronto racial na frente do parlamento, é pensada pelos revolucionários devido a seu poder simbólico, assim como o próprio local de partida da caminhada. A tensão cresce através dos ideais políticos contrastantes, mas é a dramaturgia que se desenvolve sob a camada de thriller político. Os letreiros de informes do FBI dão a gravidade necessária para a sensação coletiva de que a História é construída imediatamente, vivida por personagens conscientes dessa importância. O povo marcha clamando por um novo mundo no horizonte, mas sofre ataques, como o da ponte, que ecoam a escravidão no país. Essa impotência diante do peso histórico é tanto opressora (os carros cheios, os locais vazios, os habitantes preconceituosos de Selma) quanto motor (mortes do movimento aumentam a angústia e desejo de mudança na população) para King, e é na visão ampla de como conduzir massas em momentos de calamidade que o líder impulsiona a mudança. Na tentativa de vencer o governador do Alabama na argumentação, o presidente Johnson usa as mesmas palavras de King. Não há vitória maior para um homem público que sua performance ser passada adiante, auxiliando ideias através de palavras, seja por indivíduos comuns ou homens da retórica." (Gabriel Papaléo)
"Selma", o novo e audacioso de Ava DuVernay, retrata eventos importantes da história do movimento dos direitos civis nos EUA. Para contar devidamente essa história, um diretor consciencioso traçaria um percurso desde pelo menos em 1619, quando os primeiros africanos escravizados chegaram, até os dias de hoje. Estreitar o escopo - "Selma" abre com o discurso de King ao receber o Nobel da Paz em 1964, e acaba em Montgomery cerca de três meses mais tarde - cria outros desafios. Como capturar o caos, a incerteza e a imensa onda de fatos sem sacrificar a coerência? Como conferir a um episódio histórico relativamente conhecido do passado recente a urgência do tempo presente? As respostas estão todas lá na tela. Mesmo que você imagine que sabe o que vai acontecer, "Selma" cintila com suspense e surpresas. Cheio de incidentes e de personagens fascinantes, o filme é um triunfo da narrativa cinematográfica eficiente e enfática. King, vivido por David Oyelowo com a graça e dignidade requeridas, mas também com traços de humor, cansaço e dúvida, ocupa posição central em "Selma". Mas o filme prefere compreender suas fontes e limitações, restaurar suas dimensões humanas, do que afirmar a grandeza da figura. O retrato feito por Ava DuVernay é espantosamente rico e nuançado. Raramente vi um filme histórico que parecesse tão populoso e cheio de vida, tão alerta aos ramos da narrativa que se espalham para além do quadro. "Selma" não é um manifesto, um grito de guerra ou uma lição de História. É um filme: caloroso, inteligente, generoso e comovente. Causará lágrimas de pesar, raiva, gratidão e esperança. E como manifestantes que acompanharam King, o filme não faz paradas para repouso." (A O Scott)
''A primeira reação foi de surpresa: "Selma" foi indicado ao Oscar de melhor filme e, praticamente, a nada mais (a outra indicação: melhor canção). Vendo-o, isso se explica: é muito mais ao assunto que o prêmio dá importância do que propriamente ao filme de Ava DuVernay. Com efeito, sempre é importante, de certa maneira, um filme que trate da segregação e do racismo. No entanto, "Selma" é pouco mais que um telefilme sobre um momento decisivo da luta dos negros dos EUA pela igualdade. No centro dela, Martin Luther King e sua estratégia pacifista. Do lado contrário, o resistente racismo do Alabama, com sua Ku Klux Klan, seus xerifes ferozes e seu governador George Wallace. Fechando o triângulo político do drama, temos em Washington o presidente Lyndon Johnson, pressionado por todos os lados, e o FBI de Edgar Hoover (também racista). Se no início vemos Luther King recebendo o Nobel da Paz em 1964, pouco depois descobrimos que, no sul dos EUA, esse papo de prêmio não cola: a promessa é de chumbo grosso. O chumbo grosso inclui ameaças, escutas telefônicas e intrigas sobre a vida pessoal de King, que reage percebendo que quanto mais intolerantes forem os brancos, melhor será para a sua causa. Por isso, Selma é uma cidade estratégica para King: ali dá as cartas um xerife tipo cão raivoso. Ele planeja a decisiva marcha de Selma à capital Montgomery, que determina enfim o envio ao congresso, por Lyndon Johnson, da lei que abre nacionalmente o direito de voto à população negra. DuVernay conduz esse drama frouxamente. Ora parece investir na épica implícita na luta dos negros nos anos 1960, ora parece recuar e, acompanhando os fatos, fixa-se na violência policial sulista. Ora focaliza o melodrama familiar, ora destaca a política. É possível que cada um desses aspectos faça sentido. No entanto, essa espécie de indecisão sobre que aspecto colocar em evidência tira ao filme toda a perspectiva que não meramente sentimental. Por isso, podemos todos concordar com a causa referida em "Selma" e, no mesmo movimento, esquecer o filme meia hora depois." (* Inácio Araujo *)
*****
''É até possível entender a pequena comoção que "Selma - Uma Luta Pela Igualdade" provocou nos EUA, ou, ao menos, na seara do Oscar. Trata-se de reconstituir, ali, a batalha liderada por Martin Luther King Jr. pela igualdade de direitos eleitorais nos EUA. A direção de Ava Duvernay tem como principal mérito, à parte os atores centrais (David Oyelowo, que faz King, em particular), a criação de uma atmosfera forte. Os momentos que precedem a marcha a Selma ganham aqui uma aura de perigo permanente, de ameaça pesada por parte das autoridades do Alabama. Nem mesmo o Nobel ganho por Luther King Jr. pouco antes da marcha, que se deu em dezembro de 1964, serviu para amenizar esse perigo. Essa luta, que nos parece obviamente justa, foi um marco na conquista dos direitos civis pelos negros (e, hoje, pelas minorias em geral). Mas o filme é bem quadrado'' (** Inácio Araujo **)
''Ambientado em 1965, ''Selma: Uma Luta pela Igualdade'' narra uma passagem bastante específica da trajetória da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e da vida de Martin Luther King: a marcha que, organizada pelo reverendo, visava expor as ações racistas no estado do Alabama, que insistia em impedir que a população negra se registrasse para votar. Chocante ao retratar o atraso, apenas há 50 anos, daquela nação que se proclama um exemplo de democracia, Selma só não assusta mais por sabermos que, inacreditavelmente, o mundo ainda insiste em caminhar a passos lentos – como comprovam as manifestações ocorridas há poucos meses nos EUA em protesto contra as constantes execuções de jovens negros pela polícia. Enquanto isso, no Brasil (onde “não há racismo!”), embora pouco mais da metade da população seja negra, esta ainda encontra-se econômica e socialmente oprimida: seus salários equivalem a cerca de 57,4% daqueles recebidos pelos brancos; representam 64,09% das vítimas de homicídio; e sua expectativa de vida é seis anos menor. Além disso, basta observar as imagens do Carnaval, nossa maior festa “popular”, para constatar a imensidão branca dentro dos cordões de isolamento que marcam os blocos vips enquanto, do lado de fora, pardos e negros dançam num apartheid da folia. Assim, acompanhar os esforços de King (Oyelowo) para garantir o voto a uma parcela significativa da população que é mantida sem representatividade política apenas por uma questão de concentração de melanina na pele é algo que soa tristemente atual – por mais que o racismo escancarado do desprezível governador George Wallace (Roth) e do xerife Jim Clark (Houston) possa soar inacreditável partindo de uma figura pública nos dias de hoje (que preferem, como Danilo Gentili, disfarçar a intolerância sob o manto do humor duvidoso). Evitando se apresentar como uma hagiografia (o que não seria difícil), o roteiro escrito por Paul Webb traz Martin Luther King como um homem idealista, mas também surpreendentemente pragmático – e sua decisão de ir a ''Selma'' é algo que claramente parte não apenas do desejo de ajudar, mas da constatação de que o extremismo de Jim Clark provavelmente resultaria em atos de violência que serviriam para tornar a luta visível em todo o país, ajudando a despertar a “consciência branca” e aumentando a base de apoio do movimento (o que, por sua vez, tornaria maior a pressão sobre o presidente Lyndon Johnson – vivido aqui com grande empatia por Tom Wilkinson). Em outras palavras: para garantir o sucesso de suas ações, King contava não só com a postura pacífica de seus seguidores, mas dependia também da agressividade de seus oponentes – uma visão que muitos poderiam encarar como cínica, mas que é inegavelmente realista e eficaz. Aliás, igualmente curioso é perceber como Selma lida – mesmo que brevemente – com o controverso Malcolm X (Thatch), cuja filosofia de ação era diametralmente oposta à do pacifista King: notoriamente crítico à postura do reverendo, já que acreditava ser necessário retribuir de forma proporcional à violenta opressão por parte dos brancos, Malcolm X aqui surge não apenas ciente do pavor que inspira nas instituições conservadoras, mas disposto a permitir que o que simboliza seja empregado para facilitar as ações de King, numa lógica inteligente de “por medo de mim, eles o aceitarão”.
Esta, diga-se de passagem, não é a única cena voltada à tarefa de estabelecer as estratégias dos ativistas: igualmente interessado em compreender as dificuldades políticas enfrentadas por King, Selma recria discussões nas quais este e seus aliados tentam estabelecer as melhores abordagens para que consigam aprovar novas leis e pressionar Johnson – e o resultado é que, em vez de se limitar a retratar King como o orador poderoso que era e como uma figura icônica, o longa nos apresenta a um homem multidimensional e mesmo pontualmente inseguro acerca do caminho a seguir. Assim, quando a diretora Ava DuVernay traz o protagonista no canto do quadro, em um plano escuro, enquanto pede que a cantora Mahalia Jackson o acalme com alguns versos de uma música gospel, compreendemos que a segurança que exibe em público é, até certo ponto, uma fachada que ele sabe ser importante, mas que oculta seu medo extremamente humano. A composição de David Oyelowo, aliás, é brilhante justamente por conseguir humanizar um indivíduo que atingiu status de lenda: ao ser confrontado pela esposa em certo momento, por exemplo, King faz uma longa pausa antes de responder – e percebemos claramente seu esforço para tentar avaliar a situação e oferecer uma resposta que seja não apenas honesta, mas que preserve seu casamento. Da mesma maneira, é interessante notar como o Martin Luther King de Oyelowo jamais parece relaxar ou sorrir mesmo diante de suas vitórias, como se imediatamente constatasse que estas são pequenas diante do objetivo final e que novas batalhas logo se apresentarão. Enquanto isso, Tom Wilkinson retrata Lyndon Johnson como um homem bem intencionado, mas excessivamente cauteloso do ponto de vista político – e é revelador como, em certo instante, ele estende a mão de forma calculada para tocar o ombro de King, tentando estabelecer uma cumplicidade que as circunstâncias tornam impossível. Ainda assim, é um alívio constatar que, mesmo sem retratar Johnson como um adversário, Selma não comete o equívoco de transformá-lo no grande salvador branco – um clichê lamentável do Cinema norte-americano, que constantemente traz figuras como Emma Stone, Sandra Bullock, Reese Whiterspoon ou a campanha Kony 2012 resgatando os negros da opressão por parte dos brancos. Não: aqui, são os ativistas liderados pelo reverendo quem traçam seus próprios destinos e abrem seus próprios caminhos, mesmo que, para isso, precisem forçar a participação dos caucasianos. Dirigido sem qualquer tom melodramático por Ava DuVernay, Selma é inteligente ao empregar letreiros que, mesmo oferecendo informações expositivas, evitam a artificialidade do recurso ao surgirem como registros do FBI, ilustrando, assim, a vigilância constante sob a qual os personagens principais se encontravam. Enquanto isso, a fotografia de Bradford Young investe em interiores mergulhados em sombra que ressaltam a tensão e os jogos de interesse nos bastidores, criando também uma sequência admirável que, retratando o ataque na ponte, emprega a fumaça para transformar as forças do Estado em figuras sem rosto que, saindo da névoa, surgem quase como monstros de um filme de terror (e o fato de usarem chicotes ainda confere um eco histórico importante e trágico ao evento). Para finalizar, a trilha sonora recheada de canções gospel, do soul e do rhythm & blues merece aplausos não só por fugir das escolhas óbvias do período, mas por conferir um tom claramente de época à narrativa ao mesmo tempo em que ressalta a importância da religiosidade nas ações e no pensamento de King. Mas o mais importante é constatar como ''Selma'' reflete com respeito a filosofia de seu protagonista e, mesmo tendo todos os motivos para ser uma obra raivosa, jamais soa desta maneira. Ao contrário: inspira por sua serenidade diante dos abusos indizíveis sofridos por seus personagens e ilustra, assim, como nem mesmo o mais odioso e intolerante dos políticos pode deter a marcha da civilização.
Não que ainda não tenhamos um longo caminho a percorrer." (Pablo Villaça)
87*2015 Oscar / 72*2014 Globo
Cloud Eight Films Celador Films Harpo Films Pathé Plan B Entertainment
Diretor: Ava DuVernay
29.320 users / 15.866 face
Soundtrack Rock = The Impressions
46 Metacritic
Date 31/03/2015 Poster - # - DirectorRaoul WalshStarsTeresa WrightRobert MitchumJudith AndersonA boy haunted by nightmares about the night his entire family was murdered is brought up by a neighboring family in the 1880s. He falls for his lovely adoptive sister but his nasty adoptive brother and mysterious uncle want him dead.[Mov 06 IMDB 7,4/10] {Video}
SUA ÚNICA SAIDA
(Pursued, 1947)
''Jeb Rand(Robert Mitchum) é criado pela Sra. Callum, que oculta seu passado, ainda que pesadelos antigos atormentem a mente do rapaz. Com o passar dos anos, decidido a casar com sua irmã de criação, Jeb lutará contra os parentes da moça que se colocarem no caminho e consequentemente entenderá melhor o que ocorreu de obscuro em sua vida quando criança." (Filmow)
"Sua Única Saída", um dos mais belos trabalhos dirigidos por Raoul Walsh nos anos 1940/50, e também um faroeste tão atípico (o conflito interior predomina) quanto vibrante, bem à moda do diretor, o grande mestre da aventura.'' (* Inácio Arujo *)
''Se é verdade, como queria Jorge Luis Borges, que o faroeste foi o depositário da épica no século 20, então não resta dúvida de que "Sua Única Saída" é, mais do que um dos melhores filmes de Raoul Walsh, mais do que um dos grandes faroestes de todos os tempos, um momento essencial da arte americana. Tudo isso já se sabia, pois o filme de vez em quando passa em TV paga. A visão em DVD traz a vantagem de uma cópia impecável e a desvantagem (habitual nos DVDs brasileiros) da pobreza franciscana no que diz respeito a extras. O filme merecia mais. Isso fica claro já nos primeiros momentos, quando sabemos o destino do menino Jeb, que escapou ao massacre da família Rand, e o vemos em seguida sendo salvo e adotado por uma senhora. Sabemos também que Jeb sobrevive como adulto, na pele de Robert Mitchum, e tem uma grande paixão por Thor (Teresa Wright), filha de sua mãe adotiva. Tudo isso nos chega muito rápido, pois assim circula a informação nos filmes de Walsh: como um jato violento que toca o espectador como uma ventania. Isso não impede que as áreas de sombra se espalhem pelo filme. Jeb não consegue lembrar-se da fatídica noite do massacre e é perseguido por imagens fugidias do acontecimento. A mãe adotiva lhe diz: Olhe para frente, nunca para trás. Jeb olha para trás, incapaz de partir, de fazer qualquer coisa consequente, já que se fixa naquele momento de sua vida. E aquele momento determina tudo o mais: se ama alguém é Thor, a irmã adotiva, se tem uma rivalidade é com Adam, o irmão adotivo. Mais tarde ele saberá que tem inimigos mais terríveis entre os Callum, que julgam necessário terminar o trabalho iniciado na fatídica noite em que foi morto o pai de Jeb. O objetivo é liquidá-lo. Se o filme manifesta sua grandeza desde as primeiras cenas, é a partir dos 50 minutos, mais ou menos, que seu estofo passa a se mostrar por inteiro. Quanto mais Jeb evita a tragédia, mais ela o procura. Quanto mais busca o futuro, mais o passado o cerca. Desde então entramos no território do franco deslumbramento. Para o crítico surge logo a tentação de, à maneira que se fazia na época em que o filme foi feito, dissecar cada um de seus aspectos: a fotografia, o roteiro, a interpretação, a montagem. O conjunto, porém, resiste a essa abordagem, seu produto não consiste na soma das partes. Ele não cessa de evocar Shakespeare ou Freud, a tragédia ou a psicanálise, num andamento de urgência, prestíssimo. Ao contrário do faroeste tradicional, em que um mundo se constrói, em "Sua Única Saída", o essencial é destruir, romper com um passado que amarra os personagens à cena doentia que o gerou." (** Inácio Araujo **)
''Logo que se abre, temos um cavalo que atravessa, veloz, a paisagem. E depois uma mulher que desce e se dirige a uma casa em ruínas. Ali ela encontra um homem que a espera. E a dúvida: ele foge ou vai ao ataque? Ela pode acompanhá-lo ou não? Assim começa "Sua Única Saída". Em um minuto, Raoul Walsh, à sua maneira, já nos leva ao coração da ação, ali onde o filme pulsa. Não que seja sempre assim, mas, sabe-se, Walsh gostava desses heróis tormentosos. E tormenta é o que não falta neste faroeste. Se o homem (Robert Mitchum) está nessa casa em ruínas é porque, no passado, lá na sua infância, algo de muito especial aconteceu. Algo que ele esperou anos e anos para recuperar na memória e, agora, enfrentar. Filme de antologia.'' (*** Inácio Araujo ***)
United States Pictures
Diretor: Raoul Walsh
1.777 users / 92 face
Date 03/04/2015 Poster - ###### - DirectorFrank MillerRobert RodriguezStarsMickey RourkeJessica AlbaJosh BrolinSome of Sin City's most hard-boiled citizens cross paths with a few of its more reviled inhabitants.[Mov 07 IMDB 6,6/10] {Video/@@@} M/46
SIN CITY - A DAMA FATAL
(Sin City: A Dame to Kill For, 2014)
****
"Sin City 2 - A Dama Fatal" não empolga. E a principal razão é aquela sensação de estar vendo mais do mesmo. O filme é uma continuação tão colada no original de 2005 que parece uma reprise. Se chegasse aos cinemas alguns meses depois do primeiro, como as duas partes de Kill Bill, de Quentin Tarantino, talvez os problemas de roteiro e direção da continuação passassem despercebidos. Na verdade, nem o roteiro do primeiro filme era grande coisa. Mas o maior mérito de Sin City no cinema era o mesmo da HQ de Frank Miller: seu impacto visual. Há nove anos, quem entrava no cinema se deliciava com uma adaptação absurdamente fiel ao visual em preto e branco com alto contraste do gibi. E o uso de pequenos detalhes em vermelho cor de sangue era minucioso. Os diálogos, esparsos, carregavam o espírito solene e ao mesmo tempo cínico dos balões dos quadrinhos e se encaixavam bem a atores famosos e canastrões, como Mickey Rourke e Bruce Willis. Falando de Rourke, sua composição como Marv parece uma versão deformada e mais velha do Motorcycle Boy, seu personagem em O Selvagem da Motocicleta, de Francis Ford Coppola. Rourke está bem no novo filme, mas os outros atuam sem brilho, como Willis e Josh Brolin - este como Dwight, melhor interpretado por Clive Owen no primeiro filme. Jessica Alba retorna linda como a cowgirl stripper Nancy, mas quem arrasa é Eva Green como Ava, uma personagem que tem dificuldade para permanecer vestida. Mas Jessica, Eva, Rourke e a fotografia se perdem num ritmo arrastado. Sem a surpresa visual do antecessor, "Sin City 2 - A Dama Fatal" é enfadonho." (Thales de Menezes)
**
''Esta nova compilação de histórias da Cidade do Pecado aposta no impacto visual e na violência estilizada para manter o público interessado, mas, sem o frescor da novidade, o filme se sustenta apenas quando a dama fatal do título dá as caras. Quando Sin City – A Cidade do Pecado foi lançado nos cinemas, em 2005, pegou boa parte dos cinéfilos de surpresa, não só por conta de sua estética inovadora, com planos e cenários digitais impossíveis e quase cartunescos, fotografados em um esquema de três cores em alto contraste, onde cada frame do longa parecia ter sido arrancado dos dinâmicos quadrinhos homônimos de Frank Miller e alguns quadros remetiam a um teatro de sombras, mas também por exacerbar todos os clichês de filmes noir de uma maneira que não ultrapassava a perigosa fronteira da paródia, mantendo uma narrativa séria e, ao mesmo tempo, estilizada e absurda. Nove anos depois, reencontramos os diretores Robert Rodriguez e Frank Miller na corrupta cidade de Basin neste “Sin City – A Dama Fatal”, nova compilação de contos passados no pesadelo urbano imaginado por Miller. Além de adaptar a trama-título para a telona e uma aventura curta estrelada pelo brutamontes Marv (Mickey Rourke), o quadrinista/cineasta trouxe ainda duas histórias inéditas na nona arte para apimentar o roteiro desta nova empreitada, que é, simultaneamente, continuação e prelúdio de seu antecessor. Tanto Miller quanto Rodriguez vinham de projetos que não vingaram. Rodriguez amargou um fracasso de público e crítica com Machete Kills e Miller, longe das câmeras desde o teratológico The Spirit – O Filme, ainda lançou nos quadrinhos a péssima (e incompleta) Grandes Astros – Batman & Robin e a indefensável graphic novel Holy Terror – Terror Sagrado, que não vale o papel no qual fora impresso. Apostar em algo que já havia dado certo parecia o melhor modo dos dois fazerem as pazes com o sucesso. Por isso, não esperem mudanças no ritmo, tom ou visual nesta sequência. E, paradoxalmente, este é o maior problema de “Sin City – A Dama Fatal”. Enquanto o primeiro longa foi um sopro de algo novo, com um pé no mainstream e outro no cinema experimental, ao repetirem a fórmula (considerando que The Spirit – O Filme já a tinha desgastado), esta se torna mais do mesmo, com exceção da trama-título, que se destaca justamente por conta da dama fatal que lhe nomeia. Na primeira história, Marv se vê em meio ao caos e violência que lhe são costumeiros e tenta lembrar as circunstâncias que lhe colocaram no seu mais recente perrengue. Em seguida, Johnny (Joseph Gordon-Levitt), um apostador de sorte, acaba ganhando a partida errada ao humilhar o dono da cidade, o poderoso Senador Roark (Powers Boothe). Já o detetive particular Dwight McCarthy (Josh Brolin) se vê enrascado quando uma ex-amante, a sedutora Ava Lord (Eva Green), lhe procura pedindo um favor. Finalmente, quatro anos após o suicídio de Hartigan (Bruce Willis), a dançarina Nancy, outrora a menininha salva por ele, tenta vingar a morte do detetive indo para cima do Senador Roark. A despeito da montagem fragmentada de uma das histórias, que torna a cronologia da série um quebra-cabeças desnecessário, a melhor maneira de se encarar o filme é como uma antologia de médias -metragens introduzida por um curta, como no seu predecessor, e provavelmente será dado ao espectador a opção de assistir cada um dos contos separadamente quando a produção chegar ao mercado de home-vídeo. Como é comum em antologias, há um desnível entre as tramas e é notável como A Dama Fatal se destaca das demais. Uma prequel para A Grande Matança (presente no volume anterior), é aqui que vemos como Dwight foi obrigado a trocar de rosto, embora Josh Brolin acabe tendo de fazer as duas versões do personagem, pois Clive Owen não pôde retornar para fazer o personagem após sua cirurgia. Por mais que Brolin se saia bem ao viver o detetive particular que tenta restringir o seu lado monstruoso, o show aqui é de Eva Green, como a manipuladora Ava, uma mulher que capaz de escravizar os homens com seu poder de sedução. A atriz encarna a epítome das femme fatales com uma naturalidade assustadora, com seu monstruoso desdenho pela vida alheia se misturando a uma sexualidade arrebatadora, o que torna sua Ava uma verdadeira predadora de homens, que os captura ao adaptar-se aos seus maiores desejos, revelando-se assim uma criatura bem mais perigosa do que o Senador Roark, cuja natureza é óbvia ao primeiro olhar. Quem também surge é a valente Gail, com a sempre carismática (e, aqui, desperdiçada) Rosario Dawson de volta ao papel, com sua química com Brolin, infelizmente, não chegando aos pés daquela que ela exibia com Owen. Destaque ainda para a rápida participação de Christopher Meloni, que vive uma das vítimas de Ava. O segmento estrelado por Joseph Gordon-Levitt, que mostra o embate do seu Johnny com o Senador Roark, serve mais para relembrar ao público quão perverso é o vilão. A história em si é tão clichê que se torna prosaica, chamando mais atenção por algumas pontas interessantes, como Christopher Lloyd no papel de um médico drogado e uma surpreendentemente normal Lady Gaga como uma garçonete. Gordon-Levitt parece querer se portar como um jogador cool, mas se mostra por demais inseguro, o que poderia até ajudar o seu personagem, não fosse o roteiro engessado que jamais mostra mais sobre ele, apesar da narração incessante e inútil em primeira pessoa, marca da série que se mostra particularmente irritante neste plot. Powers Boothe, por sua vez, chega com uma performance caricata, simplista e desprovida de brilho. Já A Última Dança de Nancy conclui o filme e encerra o arco da stripper vivida por Jessica Alba, com Nancy, auxiliada pelo quase onipresente Marv, buscando vingança contra Roarke. Alba tenta desesperadamente mostrar-se quebrada, mas a moça simplesmente não se mostra talhada para personagens mais dramáticas, com uma interpretação relutante e de pouca entrega. Bruce Willis aparece aqui como um eco do falecido Hartigan, em uma participação praticamente sem importância para o desenrolar da trama – se tivesse surgido apenas no clímax, no espelho, teria sido mais impactante. O curta estrelado por Marv, que serve de introdução para a fita, é simples e direto em suas intenções, uma sessão de pancadaria repleta de violência estilizada, temperada com o humor e a insanidade que são marcas registradas do personagem, defendido com unhas e dentes por Mickey Rourke. É uma pena que, passado esse impacto inicial de estar de volta à cidade do pecado, essa energia vá se esvaindo, especialmente após a dama fatal dar o seu longo adeus. Por mais que Rodriguez e Miller tentem, não dá para ancorar uma projeção de 100 minutos apenas em estilo e plasticidade." (Thiago Siqueira)
''O mundo mudou bastante nos últimos anos e ''Sin City: A Dama Fatal'' continuação do filme que alcançou certo sucesso em 2005, não acompanhou essa evolução. Machista, exageradamente violento e sem propósito, o novo filme de Robert Rodriguez (que teve codireção do criador, Frank Miller) oferece uma visão sexista e ultrapassada das mulheres justamente no momento em que a pauta feminista está tão em evidência. Quando Sin City - A Cidade Do Pecado foi lançado, o visual impactante que servia de base para toda a sua narrativa sustentava um roteiro que já apresentava problemas. A Dama Fatal repete essa mesma opção, privilegiando um apego exagerado ao visual e deixando na superfície aquilo que poderia ser seu grande diferencial: uma mensagem, algo a dizer. Essa sensação de falta de propósito é fruto de uma roteiro que nunca decola. Repetindo boa parte dos personagens do primeiro filme, como os interpretados por Bruce Willis, Mickey Rourke e Jessica Alba, o longa aposta em idas e vindas, contando uma série de histórias paralelas que se entrelaçam até se encontrarem no desfecho final. Apoiar-se em frases de efeito, em meia dúzia de cenas bonitas e, por vezes, inteligentes e em um humor ofensivo não esconde a visão preconceituosa daquilo que parece ser o elemento principal do que Frank Miller quis trazer ao protagonismo: a mulher. A tal Dama Fatal é vivida por Eva Green, atriz conhecida por cenas de nudez em filmes como Os Sonhadores e 300: A Ascensão Do Império. O grave aqui é que a construção de seu personagem repete aquele estereótipo duvidoso da mulher sedutora de corpo escultural que usa sua sensualidade para conseguir o que deseja. Para tal retrato, há um apego exagerado à nudez, que parece tornar seios à mostra e lingeries um elemento fundamental da história que é contada. Essa hiperssexualização se une a uma série de diálogos machistas e ao mesmo padrão do filme anterior: personagens que são meros acessórios, atuações monótonas e um certo cinismo irritante. É bem verdade que há também boas surpresas: Jessica Alba e Josh Brolin, por exemplo, estão confortáveis em seus papéis e oferecem os melhores momentos de um filme que precisa muito dessas sequências. Mas é difícil não se sentir desconfortável com as mulheres de A Dama Fatal. Seja quando são sexualizadas demais e por isso têm como esporte destruir o caráter de homens bonzinhos e inocentes (como a Ava de Eva Green), seja quando se tornam máquinas passionais por terem perdido seu grande amor (como a Nancy de Jessica Alba); este retrato simplista e questionável incomoda. Se você conseguir deixar de lado essa objetificação do feminino, talvez se divirta aqui e ali com essa adaptação exagerada e canastrona, exatamente o que se pode esperar de Frank Miller." (Gustavo Assumpção)
As desventuras que as noites em Sin City guardam.
''Outra noite em Basin City. Outra experiência visual atraentíssima apresentada pela dupla Robert Rodriguez e Frank Miller. Nenhum filme se sustenta unicamente por imagens, ainda que essas sejam envolventes. Neste caso elas ainda são conciliadas por um clima noir – vendida enquanto um neo noir – e fortalecida pelo visual e algumas sequencias de cena empolgantes do ponto de vista plástico. O preto e o branco comandam a estética dessa sequência tal como no primeiro filme. Os personagens bem caracterizados contribuem com o fraco roteiro e um banho de sangue vermelho rubro suja os óculos dos espectadores que conferiram o filme em 3D. É de fato outra noite em Basin City, uma extensão da experiência sensorial que conferimos há 9 anos com alguns novos personagens e com a sensualidade habitual proferida em cenas libidinosas com lindas mulheres. Uma série de contos diferentes se unem aqui. A graphic novel de Miller ganha contornos idênticos ao do filme anterior. Assim se revela pouco inventivo, e igualmente ao antecessor, divide opiniões por suas investidas e artísticas escolhas. A beleza dos quadros são definitivamente notórias e dão conta do filme juntamente a tridimensionalidade. As histórias mescladas despontam num mesmo ritmo cadenciado, no entanto, facetadas e sem linearidade, soam apenas como uma opção narrativa desnecessária, bagunçando o roteiro que sofre para ser tão interessante ou empolgante quanto ao apuro do desenho proposto pela produção. Nesse percurso trilhado pelo roteiro escrito pelo próprio Frank Miller, resta aos bons personagens marcarem suas cenas com virilidade e violência embasada nas desventuras que somente Sin City é capaz de oferecer durante suas longas noites ébrias e destrutivas. Três homens se destacam: Marv (Mickey Rourke) acordando sem memória atrás das conjunturas de uma provável noite violenta; Johnny (Joseph Gordon-Levitt), um exímio jogador que senta na mesa de pôquer de um homem poderoso e, após vence-lo, recebe o recado que precisa se retirar da cidade o quanto antes; e Dwight (Josh Brolin / vivido no filme anterior por Clive Owen), capturado pela sedução ambiciosa de uma femme fatale. De atrativo especial estão as lindas garotas da noite. Há quem julgue o filme machista. A acusação é compreensível. O fato é que o investimento estético quando envolve mulheres paira na lascívia de suas personagens fatais, agraciadas por nus e movimentos carnais. Jessica Alba revive Nancy e sua presença no palco, com sua dança hipnotizante, é nostálgica, pois nos lança até 2005 quando admiramos pela primeira vez sua volúpia. Agora Eva Green também se faz presente quase que em tempo integral, legitimando o conceito de fatal em moldes devassos de uma Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue. Green é capturada nua em preto e branco. Obra de arte. Ainda tem Juno Temple (que vem convivendo com bons papeis), Rosario Dawson, Jamie Chung, Jaime King, Lady Gaga e Julia Garner. Foram vários anos até ser terminado. 9 anos, muitos nomes especulados a integrarem o filme passaram longe da produção. Os que estão foram escolhas minuciosas e assertivas do ponto de vista visual: não há quem ofereça grandes atuações, a não ser Rourke com seu cenho, expressivo num protagonismo anti heroico. Não parece que os atores buscam aqui grandes realizações com relação a interpretação, mas diversão. Há quem esteja caricato – intencionalmente ou não, pouco importa. São sentenças que aludem distantemente e quase sem querer a alguns aspectos do expressionismo alemão. Com sombras, armas, traição, adicções, sangue a aparições fantasmagóricas representadas por distintas óticas, ''Sin City 2 - A Dama Fatal'' resplandece como um objeto de pura – e não pueril – diversão cinematográfica que atinge níveis extremos em sua conduta politicamente incorreta; está na margem da indecência com maestria técnica, o que complementa a polêmica de censura, tal como foi durante o lançamento de seu pôster o qual aparecia os mamilos de Eva Green. Uma bobagem conservadora. Serviu para motivar alguns a procurarem o filme. Polêmica é o ensejo do desejo de qualquer publicidade, ainda que não tenha sido o bastante para fazer o filme decolar nas bilheterias." (Marcelo Leme)
"Se a estética continua empolgante - e é um prazer apreciar cada plano -, o roteiro tem dificuldades com os personagens e a estrutura, além de não trazer novidades à mesa. O resultado é apenas uma cópia do original, sem a alma do primeiro filme." (Silvio Pilau)
Residaco Aldamisa Entertainment Demarest Films Miramax Solipsist Film Troublemaker Studios
Diretor: Frank Miller / Robert Rodriguez
80.233 users / 31.421
Soundtrack Rock = Steven Tyler
38 Metacritic
Date 21/04/2015 Poster - ##### - DirectorGeorge LucasStarsEwan McGregorLiam NeesonNatalie PortmanTwo Jedi escape a hostile blockade to find allies and come across a young boy who may bring balance to the Force, but the long dormant Sith resurface to claim their original glory.[Mov 08 IMDB 6,6/10] {Video/@@@} M/51
STARS WARS EPISÓDIO I - A AMEAÇA FANTASMA
(Star Wars Episode I - The Phantom Menace, 1999)
"Tido por todos como o pior filme da saga, A Ameaça Fantasma foi o único que eu assisti quando criança e que ficou na minha memória até hoje. Isso pode não ser sinônimo de qualidade, mas certamente ele tem certo valor pra mim. Um dia ainda revejo todos." (Heitor Romero)
Foram 16 anos de espera e, mesmo se não é uma nova obra-prima, Episódio I é incrivelmente divertido.
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''Quase meia década depois do turbulento lançamento do filme que, sem a menor dúvida, já foi o mais aguardado na face da Terra, cá estou eu para falar sobre ''Star Wars Episódio I – A Ameaça Fantasma''. Por 16 anos, milhões de fãs aguardaram ansiosamente o diretor George Lucas lançar o primeiro episódio de uma trilogia cuja história precederia a série de filmes mais adorada de todos os tempos, Guerra nas Estrelas. O nome em português já está perdido (já há algum tempo, em todos os países do mundo, por requisição do diretor, a série deve ser chamada por seu nome em inglês, Star Wars – é a força de um nome), mas será que a famosa magia encontrada nos filmes originais permanece em Episódio I? Bem, essa pergunta tem, em minha modesta opinião, uma resposta bem simples: a magia está sim presente no filme, porém George Lucas cometeu alguns deslizes graves, e este episódio não se equivale a nenhum dos três lançados anteriormente. Vou ser sincero para com você, leitor: minha opinião sobre A Ameaça Fantasma já mudou três vezes desde que vi o filme nos cinemas, no dia de seu lançamento aqui no Brasil, 24 de junho de 1999. É fácil recordar dessa data, desse dia específico. Claro que eu não participei de todo o clima do lançamento dos filmes originais, afinal quando O Retorno de Jedi foi lançado, eu ainda estava de chupeta na boca. Mas naquele longínquo ano de 1999, eu havia me deixado levar pela enorme expectativa em torno do filme, mesmo que a Internet ainda apenas começava a fazer parte de minha vida (e tenho certeza que muitos de vocês que lerão isso aqui ainda nunca tinham se conectado à rede). Durante dias antes do lançamento, já estava roendo as unhas. As notícias vindas do lançamento norte-americano (que acontecera em maio) eram em geral boas, o filme estava arregaçando nas bilheterias (embora não tivesse mais chances de ultrapassar Titanic, mas ainda assim é a maior bilheteria dos Estados Unidos desde que foi lançado – nem Homem-Aranha, nem Potter e nem O Senhor dos Anéis conseguiram encostar em Episódio I), e as críticas eram em geral positivas (embora hoje o filme seja facilmente reconhecido como o mais fraco da saga, no início parece que a maior parte das pessoas – inclusive eu, como verão a seguir – deixou-se levar pela expectativa e pelo antigo amor à série). Bem, o que posso dizer? Saí da sessão totalmente satisfeito, até mesmo extasiado. Pronto! Estava aí meu novo filme preferido de todos os tempos (leve em consideração que naquela época eu costumava assistir a apenas 1/4 da quantidade de filmes que assisto hoje em dia, ou seja, era bem menos exigente). Tudo, absolutamente tudo me havia despertado alegria durante aquela sessão. Mesmo Jar Jar Binks, um dos personagens mais detestados da história do cinema. Claro que duas cenas – e isso ocorre até hoje – haviam-me encantado mais. Não foi possível não babar com a fantástica corrida de pods e com o majestoso duelo de sabres-de-luz no final do filme. E ainda tinha a batalha de Naboo e a excelente batalha de espaçonaves, também no final do filme. Àquela época, não havia sido lançado nenhum filme que chegasse perto de apresentar cenas tão visualmente impressionantes como aquela (mesmo Matrix, que fora lançado alguns meses antes, não era páreo, pelo menos era assim que eu enxergava as coisas até lá). Pois bem, esta minha fase de adoração absoluta de Episódio I como melhor – e mais divertido – filme de todos os tempos durou um tempão. Meses e meses, talvez mais de um ano. A impressão ainda era a mesma quando o filme foi lançado em VHS (porque o DVD só chegou ao mercado em 2001). Mas, eventualmente, passando a conhecer melhor o cinema, e depois de ver o filme algumas vezes, percebi que Episódio I não era tudo aquilo. As falhas, que certamente os críticos profissionais perceberam logo de cara, tornavam-se muito evidentes para serem desconsideradas. Dessas falhas, falarei em breve. Finalmente, hoje vejo o filme com muito carinho, e tornei a gostar bastante dele. As falhas ainda estão lá, e vão fazer parte do filme para sempre, manchando a trilogia intocável de milhões de fãs (e três anos mais tarde Episódio II voltaria a ser outro filme instável, mas isso é outra história). Porém não posso deixar de dar crédito, e um crédito enorme, diga-se de passagem, à visão de George Lucas, um homem que vem, mesmo em meio à tanto criticismo, levando pra frente um sonho interior de um tamanho que poucos podem imaginar – e aqui não vou falar de ganância, enganação, pois ainda acredito que, mesmo que a nova trilogia seja feita SIM, em parte, para vender produtos, os novos filmes sobretudo são a realização do sonho do diretor, de ver sua grande obra-prima original, a primeira trilogia, poder ser completada com a tecnologia moderna, algo que só foi possível de realizar após Lucas assistir ao filme de seu amigo, Spielberg, O Parque dos Dinossauros. Foi somente vendo a evolução da tecnologia presente naquele filme de 1993 (e, claro, tem-se que dar crédito ao filme O Exterminador do Futuro 2, de 1992, por também apresentar modelos computadorizados incríveis) que Lucas teve seu desejo de fazer a nova trilogia reacendido. A partir dali, o diretor viu que a parte técnica não seria mais um problema, pois o filme poderia ser criado inteiramente conforme sua visão. A partir daí, o trabalho começou lento. Lucas nunca tinha escrito o roteiro dos Episódio I a III, apenas idealizado alguns pontos principais, segundo ele mesmo. Os seis anos que separaram O Parque dos Dinossauros do lançamento de seu filme foram árduos. Como muitos não sabem, Lucas ainda é um cineasta independente, e ele próprio, com a sua empresa Lucas Films, é quem deve financiar seus próprios filmes. A 20th Century Fox apenas os distribui. Sendo assim, todos os gastos devem ser ainda mais controlados, pois Lucas deve sempre se preocupar em ter dinheiro para financiar sua próxima obra. E criar um filme como Episódio I exigiu muito de sua percepção financeira. Com o objetivo de baratear custos de edição, o filme foi fotografado quase que inteiramente com câmeras digitais, encurtando os custos de pós-produção. Episódio II, três anos mais tarde, foi o primeiro filme de grande escala a ser filmado TOTALMENTE com esse novo tipo de equipamento. Embora as câmeras digitais ainda (e destaco o ainda) não apresentem a mesma qualidade das antigas câmeras, o resultado foi satisfatório o bastante. Lucas então conseguiu manter um custo de produção excepcional (115 milhões de dólares), levando-se em conta o tamanho do filme. Os 115 milhões transformaram-se em 920 milhões no mundo todo, garantindo a existência dos Episódio II e III. Ainda hoje, Episódio I é uma das maiores bilheterias de todos os tempos. Não foi só pelo uso de novo equipamento que Episódio I destacou-se tecnicamente. O filme foi o primeiro a apresentar um PERSONAGEM PRINCIPAL inteiramente gerado por computador. É Jar Jar Binks, logicamente. Independente de suas qualidades artísticas, Jar Jar foi a maior revolução técnica de Episódio I, que garantiu uma indicação na categoria de efeitos especiais no Oscar naquele ano. Acabou perdendo para Matrix e seu efeito bullet-time (belíssimo, porém inútil em termos de roteiro), mas em minha opinião a evolução apresentada por Episódio I foi muito mais importante. Os efeitos de Matrix apenas serviram para espalhar uma grande praga de filmes de ação pseudos-bacanas em Hollywood, praga essa que ainda hoje se alastra. Mas Lucas com seu filme mostrou que nenhum diretor precisava mais ter limites criativos: tudo o que a imaginação poder criar, os computadores também podem. Mas claro, finalmente chegamos ao ponto de ter que falar da parte ruim de Episódio I. Creio que o roteiro e sinopse hoje sejam conhecidos demais para necessitarem de citações, então passemos adiante. Em 1983, O Retorno de Jedi, dizem os críticos daquela época, foi logo que lançado, assim como Episódio I em 1999, reconhecido como o pior filme da série. Hoje o filme, embora ainda seja considerado fraco em relação a Uma Nova Esperança e O Império Contra-Ataca, é bem melhor aceito. Creio que isso acontecerá, nem que seja em menor escala, com A Ameaça Fantasma no futuro. Quero dizer, as falhas sempre existirão, mas o nome e a importância do filme, mesmo que apenas em termos de diversão, serão elementos vistos como mais importantes do que as falhas. É pelo menos assim que eu já enxergo o filme neste exato momento. Por mais que as falhas venham à minha cabeça, é a cena da corrida de Pod, e o duelo final – aquelas duas cenas que me encantaram dia 24 de junho de 1999 – que teimam em persistir. E é aí novamente que a magia se sobressai aos problemas.Ora, Episódio I tem alguns diálogos risíveis sim. O ator-mirim Jake Lloyd não atua, apenas parece ler suas falas (desde Episódio I, o moleque ainda não conseguiu mais nenhum papel importante no cinema). O filme, talvez justamente por mostrar a infância de Anakin Skywalker, assume deliberadamente uma postura infantilizada (algo que O Retorno de Jedi já havia feito em menor escala, com os Ewoks), o que, claro, ajudou na imensa bilheteria do filme – fato que o mais obscuro Episódio II não teve três anos depois, o que ajudou sua bilheteria a cair bastante em relação a Episódio I. Outra falha grave é a subutilização de um dos vilões visualmente mais bacanas da saga: Darth Maul. O personagem possui poucas falas durante o filme, e só serve mesmo como diversão visual, no incrível duelo final do filme. Em termos de interpretações, os outros atores, como Liam Neeson, Ewan McGregor e Natalie Portman, estão muito bem, considerando o gênero, obviamente. Mas espere aí... diálogos risíveis? Bem, isso é típico da série desde 1977, não era para ser esperado outra coisa. Ah, claro, em relação às falhas de Episódio I faltou ainda citar Jar Jar Binks, o “ET” mais odiado do cinema, por muitos. Pessoalmente, eu não detesto o personagem, acho apenas bobo demais, feito principalmente (mas não somente) para agradar às crianças, com humor chulo e esquecível para quem tem mais de 12 anos de idade. Coisas assim tornam a história, que poderia ser épica, em pouco mais do que uma aventura bem movimentada e visualmente delirante. Voltando à trilogia original... era realmente muito diferente? Diferente sim... muito não! Para acabar de xingar o filme, a escolha por super-saturar a película de efeitos especiais (algo que o diretor fez ainda mais três anos mais tarde em Episódio II) mostra-se hoje, quase cinco anos depois, uma decisão um tanto ruim. Por mais modernos que fossem os modelos computadorizados naquele ano, eles envelhecem. Se quando eu vi o filme pela primeira vez nos cinemas, fiquei fascinado com o realismo de Jar Jar Binks, hoje ele fica apenas um nível mais alto do que, por exemplo, os modelos dos filmes de animação da Pixar. Até que um modelo em computador seja o equivalente do que seria um modelo real (como o boneco Yoda, que em Episódio I fez sua última aparição como boneco, comandado magistralmente por Frank Oz), ele mostrará os sinais do tempo e desvalorizará, conseqüentemente, o aspecto visual do filme. Obviamente, Jar Jar não poderia ter sido feito de outra forma, mas alguns elementos do filme sim. Outro ponto, mas desta vez a favor do filme, é a volta magistral de John Williams à trilha sonora da série. O músico não conseguiu repetir a performance que teve em 1977, mas ninguém mesmo esperava isso. Episódio I possui músicas originais inspiradíssimas, realmente lindas, de uma qualidade magistral. A ópera cantada sobre o duelo de sabres-de-luz do final é o momento mais emocionante do filme. Neste mesmo momento estou com ela na cabeça. Mesmo assim, quando o texto inicial introduzindo o filme aparece pela primeira vez, com o tema da série, sabe-se logo que esse é O momento especial do filme, em termos sonoros. Pra mim, ainda é a melhor música de toda a série e uma das melhores de todos os tempos no cinema. À parte de pontos positivos ou negativos, o principal da série permanece em grande nível neste episódio: o fator diversão! A Ameaça Fantasma serviu para introduzir a história que terá seu clímax na batalha de Luke contra Darth Vader, láááááá no Episódio VI (segundo Lucas, Star Wars sempre foi sobre Anakin, sobre sua ascensão e queda, e Episódio I é muito bom ao mostrar, mesmo com um ator ruim, o início da vida desse personagem). Eu ainda espero ansioso pela maratona Star Wars que farei em 2005, assistindo em seqüência seis dos filmes mais mágicos de todos os tempos: A Ameaça Fantasma, O Ataque dos Clones, Episódio III (???), Uma Nova Esperança, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Fica difícil se divertir mais com cinema do que com isso..." (Alexandre Koball)
''A segunda trilogia da epopeia espacial de George Lucas começa com o pé esquerdo em um filme sem ritmo, com alívios cômicos completamente deslocados, diálogos sem sentido e muita enrolação. Sem falar em uma conversão 3D inexistente. Em 1999, “Star Wars – Episódio I: A Ameaça Fantasma” marcou o retorno da saga aos cinemas, bem como o início da segunda trilogia da história, aquela que contaria a origem do Império Galáctico e do vilão Darth Vader. Mais de uma década depois, o longa ganha um relançamento na telona, desta vez dotado da tecnologia 3D. O fato doloroso para todos os fãs é que “Episódio I” nunca foi um bom filme. Desprovido do hype que cercou o seu lançamento e visto de maneira isolada, isso se torna ainda mais claro. Durante o (longo) período em que ficou sem dirigir ou escrever, George Lucas se tornou mais produtor do que realizador, algo extremamente nocivo para qualquer cineasta. A fita mostra o mestre Jedi Qui-Gon Jinn (Liam Neeson) e seu aprendiz Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) sendo enviados para negociar o fim de um bloqueio da inescrupulosa Federação do Comércio contra o pacífico planeta de Naboo. Quando a manobra se revela uma tentativa de invasão, os dois acabam incumbidos de proteger a governante local, Rainha Amidala (Natalie Portman). Durante a fuga, o grupo acaba no distante planeta de Tatooine, onde encontra o pequeno escravo Anakin Skywalker (Jake Lloyd), evento que mudará a galáxia para sempre. Durante a projeção, temos um número sem-fim de cenas despropositadas, alívios cômicos deslocados, diálogos medíocres, sequências feitas apenas para exibir efeitos especiais de última geração (em 1999), uma explicação biológica desnecessária para a mítica Força e, é claro, o famigerado Jar Jar Binks – também conhecido como a criatura digital mais odiada de todos os tempos -, resultando em uma película com um ritmo altamente inconstante. Visando apenas o merchandising, Lucas (ou seria Lucra$?) esquece da trama e entope a tela de seres exóticos e momentos desenhados especificamente para vender videogames (vide a corrida de pods). Embora conte com um bom visual, é uma produção vazia. O diretor assassina a tensão de cenas-chave da produção inserindo gags, quase todas protagonizadas pelo infame Jar Jar, um ofensivo estereótipo que mais parece uma mistura de Chris Tucker com um sapo. Imaginem uma batalha épica, no melhor estilo Guerra e Paz. Agora coloquem o primo mais idiota do Pateta no meio. Chega a ser doloroso, não? Em 1999, o mero espetáculo dos efeitos computadorizados até poderia segurar o público. Hoje, com algumas das animações presentes no longa parecendo sem textura, mal renderizadas, não há mais nada que impeça a audiência de enxergar os problemas do texto. Enquanto na trilogia original a magia da Industrial Light & Magic seguia as necessidades da história, aqui ela segue as necessidades financeiras do Impé… opa, do Rancho Skywalker. Quem sofre com isso é o desenvolvimento dos personagens que, dependendo do esforço de seus respectivos intérpretes, não sai do lugar. Há algo de errado quando um dos maiores destaques da produção, Darth Maul (Ray Park), é um vilão visualmente intimidador que mal fala três palavras e não possui nenhuma história de fundo, quase uma tentativa de emplacar um novo Boba Fett. Entre as performances, o destaque é Liam Neeson, que cria o Jedi mais interessante de toda a saga. Dotado de um código de ética e bondade inabaláveis, Qui-Gon Jinn não hesita em desrespeitar os regulamentos da Ordem Jedi para fazer o que é certo, o que criará uma interessante rima com certos acontecimentos dos próximos filmes. Outro que faz um bom trabalho é Ian McDiarmid, cujo Senador Palpatine é um poço de dubiedade e carisma, sendo uma bênção que a participação do ator cresça tanto nos capítulos seguintes. Ewan McGregor encarna seu Obi-Wan com um mau-humor quase insuportável, longe da nobreza e do senso de humor sutil que Sir Alec Guiness deu ao personagem na trilogia original. Jake Lloyd, que faz o pequeno Anakin Skywalker, é um dos piores atores mirins de todos os tempos, soando mais forçado a cada cena, com seus momentos dramáticos só não naufragando por conta do talento da atriz suéca Pernilla August, que interpreta sua mãe, Shmi, uma das personagens mais trágicas da saga. Lloyd simplesmente assassina a batalha espacial que ocorre na órbita de Naboo, parecendo mais um guri jogando videogame. Não foi à toa que, após esse trabalho, o jovem praticamente não apareceu mais na indústria. Sem a mínima química com Natalie Portman, a ligação entre Anakin e Amidala (então disfarçada como a aia Padme) fica comprometida. Portman, por sua vez, empresta alguma dignidade à governante, mas se mostra claramente incomodada nas cenas com efeitos especiais em massa, como as sequências envolvendo o senado. Existem alguns bons momentos no filme. Sua introdução, que mostra os Jedis como forças incontroláveis, ajuda a estabelecer o nível de força dos heróis, colocando-os praticamente como aqueles monstros imparáveis como Jason ou o Exterminador do Futuro. As lutas são bem coreografadas e, em algumas tomadas, Lucas faz homenagens explícitas a grandes cineastas como Akira Kurosawa e John Ford que funcionam muito bem. Sem falar dos temas de John Williams, sempre empolgantes, como a marcante faixa Duel of Fates. A conversão em 3D foi simplesmente patética. As cenas envolvendo animação computadorizada até apresentam certa profundidade, mas quando o foco está nos atores, o público não sentirá nenhuma sensação de imersão. Reclamações de que só a legenda está em 3D não serão poucas e nem despropositadas. Em comparação com a versão originalmente exibida nos cinemas, esta, que tem um corte idêntico àquele presente no blu-ray, conta com algumas modificações, como o Yoda agora completamente digital e uma corrida de pods um pouco mais longa. Se essa cena já era interminável antes, imaginem agora. Pecando por vaidade, despreparo e ganância, George Lucas começa com o pé errado essa segunda trilogia da saga que o tornou bilionário, ao tirar todo o coração de sua criação e deixar apenas um exterior bonito, em um filme chato, sem humor ou tensão. O que consola os fãs é que, daqui em diante, as coisas só melhoram. Até porque, depois de Episódio I, não existia mais espaço para piorar." (Thiago Siqueira)
''Star Wars é, sem dúvidas, uma das franquias cinematográficas que mais fãs conquistou ao redor do mundo. Para os não iniciados, vale um preâmbulo: a saga interplanetária desenhada por George Lucas começou com a trilogia que vai do quarto ao sexto capítulos (Uma Nova Esperança, O Império Contra-Ataca e O Retorno do Jedi). ''Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma'', lançado em 1999, deu início à nova trilogia que tapa o buraco do início. O filme volta às telas embalado pelas famigeradas releituras de grandes sucessos em formato 3D. Em A Ameaça Fantasma, o espectador conhece o vilão Darth Vader antes dele se bandear para o lado negro da força. Ele se chama Anakin Skywalker (Jake Lloyd), um menino que vive como escravo ao lado de sua mãe e será libertado por um mestre jedi chamado Qui-Gon Jinn (Liam Neeson). Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor), sábio Jedi da série original, é um jovem e determinado aprendiz. Junto com Qui-Gon Jinn sua missão é defender o povo de Naboo e sua rainha Amidala (Natalie Portman). Quando lançado em 1999, o filme foi considerado por fãs e crítica o mais fraco da franquia. Não sem razão. De fato, 13 anos após sua estreia, a impressão continua a mesma. O longa começa com uma trama burocrática desnecessária que envolve o bloqueio das rotas comerciais ao planeta Naboo imposto pela Federação Comercial. Lucas perde muito tempo nessa questão e demora a ir ao que interessa: dois cavaleiros Jedi que, na tentativa de salvar a rainha Amidala (Natalie Portman), acabam caindo em um planeta inóspito onde encontram o jovem Anakin Skywalker, que como todos sabem, virá a se tornar o temido Darth Vader. Outro problema bem conhecido do longa é o mala do Jar Jar Binks, inserido na trama como alívio cômico, mas na verdade um fardo chato. Outro problema de A Ameaça Fantasma é que seus personagens animados têm mais profundidade e empatia que os vivos. Os seres humanos aqui são tipos que pouco têm a dizer e não cativam a audiência. Falta à trama um canalha cativante como Han Solo, por exemplo. A graça do filme está mesmo em trazer de volta aos fãs elementos e personagens que fazem parte da mitologia da série, como os cavaleiros Jedi, o todo-poderoso mestre Yoda, os robôs C3-PO e R2-D2 e, claro, as batalhas com sabres de luz. Sobre o alardeado trabalho de transposição para o 3D, não se iludam. Os efeitos se limitam à profundidade de campo e imagens com foco em primeiro e segundo plano, o que até funciona relativamente bem tomadas fechadas e cenas mais estáticas. Nas sequências de ação, porém, nas quais se esperava algum diferencial, nada acontece, nem mesmo na melhores partes do filme, a corrida de pods e os combates de sabres de luz. Uma prova de que filmes não pensados para o formato 3D têm ganho limitado com o processo de transposição. Em todo caso, para aquele fã de Star Wars que bate palma até quando aparece o logotipo da Lucasfilm na tela, vale a ida ao cinema." (Roberto Guerra)
72*2000 Oscar
Lucasfilm
Diretor: George Lucas
432.266 users / 7.345 face
36 Metacritic
Date 23/04/2015 Poster - #### - DirectorGeorge LucasStarsHayden ChristensenNatalie PortmanEwan McGregorTen years after initially meeting, Anakin Skywalker shares a forbidden romance with Padmé Amidala, while Obi-Wan Kenobi discovers a secret clone army crafted for the Jedi.[Mov 08 IMDB 6,7/10] {Video/@@@} M/53
STAR WARS EPISÓDIO II - O ATAQUE DOS CLONES
(Star Wars Episode II - Attack of the Clones, 2002)
Episódio II é um Star Wars bem movimentado e divertido, mas ainda não é uma obra-prima.
''Como pode uma série lançada nos longüínquos anos 70 sobreviver ao mundo de hoje sem perdas? Como pode uma série, marcada por efeitos especiais e cenários que fizeram milhões de crianças, adolescentes e até mesmo adultos, sonharem alto, mas que hoje possui ideais desgastados, conseguir competir com novidades como Matrix, Homem-Aranha e Senhor dos Anéis? Será que é sequer possível? Os críticos, em geral, dizem que não. ''Star Wars - Episódio 2: Ataque dos Clones'' foi o filme da série que menos vendeu ingressos e menos rendeu dividendos desde 1977. É o primeiro filme a encerrar o ano nas bilheterias numa posição que não seja a primeira... Em 2002, Episódio 2 ficou apenas na quarta colocação no mercado mundial; na terceira no mercado norte-americano (o maior disparado da indústria do cinema); e no Brasil, o filme sequer conseguiu ingressar na lista dos 10 mais vistos do ano passado, perdendo para seqüências fracas, como Homens de Preto 2 e - vejam só - Xuxa e os Duendes 2. Razões para isso não faltam, dizem os especialistas: 1) A baixa qualidade, em geral, do capítulo anterior, Episódio 1, na opinião dos críticos e público em geral (não contando as crianças, que adoraram Jar-Jar Binks), tirou o interesse de milhões de pessoas de assistirem ao segundo episódio; 2) O filme é muito mais obscuro, afastando automaticamente o público menor e uma boa parte do público feminino (que não se encantou com o fraco romance entre Anakin e Amidala); 3) Porém, o fato mais óbvio é simples de explicar: Star Wars já não desperta mais interesse no público casual, aquele que vai ao cinema para se divertir apenas, sem exigência de qualidade. Este público migrou para franquias como Harry Potter, Senhor dos Anéis e, no ano passado, para Homem-Aranha. Mas, mesmo com esses pontos negativos, a série ainda é a que possui o maior número de fãs, sem sombra de dúvida. O fato é que esta nova trilogia não está conseguindo, principalmente pelo fator número 3, conquistar NOVOS fãs. Mas deixando tudo o que é extra-filme de lado, será que Episódio 2 merece tanto menosprezo? Certamente que não. É verdade que o filme está recheado de problemas. Alguns deles, graves. Mas o principal fator que fez Star Wars ser uma revolução em 1977 está presente neste novo filme: a diversão. Episódio 2 está bem à frente do último filme, A Ameaça Fantasma, nesse quesito. Antes de tudo, é bom salientar que Star Wars é a visão de um homem: George Lucas. Star Wars é, segundo Lucas, sobre a ascenção e a queda de uma pessoa, ANTES de ser sobre planetas, guerras, república ou império. Essa pessoa é Anakin Skywalker. Em Episódio 2, que ocorre 10 anos depois dos acontecimentos vistos em A Ameação Fantasma, Anakin (Hayden Christensen) é um jovem crescido e já bastante experiente. Durante os últimos anos, participou de inúmeras missões, ao lado de seu mestre Obi-Wan Kenobi, auxiliando a ordem dos jedi na tentativa de acabar com qualquer movimento separatista da grande república. Sua nova missão é cuidar pessoalmente da ex-rainha de Naboo, e agora senadora, Padmé Amidala (Natalie Portman), que está sendo misteriosamente perseguida por um inimigo ainda desconhecido, que quer lhe tirar a vida. Enquanto isso, Obi-Wan Kenobi parte numa investigação paralela para descobrir por que motivo estão querendo matar a senadora. Em Star Wars a história nunca foi o ponto central, mesmo que ela seja alvo de estudos aprofundados por parte de seus fãs. O foco principal de qualquer Star Wars, como já foi dito aqui, é a diversão. Duelos de sabre-de-luz, jedi contra sith, aliens esquisitos, planetas incríveis, alta tecnologia, tudo isso faz parte de Ataque dos Clones. É um espetáculo para os olhos, mesmo que em certos momentos seja em um nível um tanto quanto exagerado. Mas só pelo trabalho que certamente a equipe de arte, tanto na parte de maquetes quanto na parte de modelos computadorizados, deve ter tido, nos faz admirar a paixão com que Lucas está levando - mesmo com tanto criticismo à sua volta - a sua nova trilogia em frente. Como Tolkien quando escreveu a trilogia O Senhor dos Anéis, porém de forma diferente, Lucas cria um mundo totalmente à parte do nosso, um lugar para, durante o tempo de projeção do filme, mergulharmos e nos esquecermos do nosso mundo para contemplar o mundo dele. Mas por que "de forma diferente"? Bem, Tolkien tinha todo o tempo do mundo, centenas de páginas se quisesse, para descrever seu mundo; Lucas tem apenas pouco mais de duas horas de filme para inventá-lo. E ele faz isso, na maior parte do tempo, com maestria. Porém, às vezes, é tanta coisa para se ver na tela, tanta informação visual, que logo nos perguntamos se isso não serve apenas para nos deixar menos atentos à história. Nesse caso, voltamos ao ponto do parágrafo anterior, onde foi falado que, em Star Wars, a história não é o ponto central. Ela tem, claro, seus furos, suas imperfeições que, mesmo não sendo o ponto central do filme, não podem ser deixadas de lado. Muita coisa presente na história de Episódio 2 é desnecessária e muitas outras são mal realizadas. O romance entre Anakin e Padmé, que será fundamental para o futuro nascimento do pequeno Luke, herói da trilogia original, por exemplo, não precisaria ser tão claro, evidente. E também não precisaria ocupar tanto tempo no filme, fazendo o ritmo do filme cair vertiginosamente durante as cenas entre o casal. Aqui nos perguntamos novamente se isso é o que Lucas sempre quis ou se é o que ele acha que é como o seu público (no caso, feminino), gostaria que fosse. Mais um exemplo. A mudança do tipo de humor entre a trilogia antiga e esta nova (até agora) é outra negativa. Em Episódio 1, as cenas engraçadas eram de responsabilidade do alienígina Jar-Jar Binks. Acabou se tornando um dos personagens mais odiados de todos os tempos no cinema, o que é evidentemente um exagero e má vontade para com o personagem. Depois de tanta chinelada por causa de Binks, Lucas faz o foco voltar a estar na dupla R2-D2 e C3-PO, os responsáveis pelas divertidas cenas de humor que existiam nos filmes da trilogia original. O problema é que agora as cenas envolvendo ambos os personagens, embora divertidas, pouco adicionam à história; na trilogia original você sempre sentia que a história ia em frente com suas piadas. Por exemplo, numa das seqüências iniciais de O Retorno de Jedi, onde os robôs foram ao encontro de Jabba... C3PO bate na porta, não é atendido de pronto, e diz que devem desistir. A história avançada nesse ponto. Algo acontecia para ela avançar ao mesmo tempo que a situação divertia. Em Episódio 2, há uma seqüência enorme, a partir da fábrica de dróides, na parte final do filme, que não adiciona absolutamente nada, apenas risadas baratas. Isso pode contradizer a alegação de que a história não é o mais importante da saga, porém desperdiçar bons minutos com humor barato (ainda mais em uma cena que deveria ser bem mais tensa, onde muitos jedi são aniquilados) também não é nada agradável. Falando especificamente dos efeitos especiais, há um grande salto dos já revolucionários efeitos (para os níveis de 1999) de A Ameaça Fantasma. Só que, convenhamos, Lucas exagerou. A grande maioria do filme é composta por cenários artificiais, totalmente gerados no computador. E a interação entre estes cenários com as pessoas de carne e osso ficou devendo um bocado. A diferença na iluminação é às vezes gritante, e chega a incomodar e tirar parte da magia presente naqueles mundos fantásticos. É um problema técnico bem grave. Mas do lado bom, os personagens computadorizados estão ainda mais realistas que em A Ameaça Fantasma. Desta vez Yoda é totalmente feito no computador, pois para as ações que o personagem exerce no filme (como a utópica luta final entre ele e Count Dooku - no Brasil chamado de Dookan para evitar piadinhas de tom sexual), seria impossível utilizando a velha e boa marionete presente nos filmes anteriores. Porém, Frank Oz ainda empresta sua voz ao personagem, e o faz de forma magistral (uma das vozes mais marcantes de toda a série, sem dúvida). A trilha sonora deste episódio continua a cargo de John Williams. Sem o mesmo teor de novidade que existiu em Episódio 1, Williams recicla e reaproveita muito das trilhas dos filmes anteriores, o que de jeito nenhum é uma má coisa (Howard Shore fez isso também, em menor escala, em As Duas Torres). A principal melodia nova é o tema romântico de Anakin e Amidala, chamado de Across the Stars, que é lindíssimo de se ouvir. Há outras melodias bem bacanas, contudo, creio que a trilha presente em Episódio 1 era levemente superior. A diversão! Finalmente chegamos no ponto principal! Episódio 2 tem seqüências de ação incríveis. Estão entre as melhores vistas nos últimos anos. É puro Star Wars. A perseguição noturna na imensa Coruscant é de tirar o fôlego. É uma cena exagerada, mas é tão legal que não dão dá para tirar os olhos. O melhor, contudo, é a parte final do filme, no planeta Geonosis, onde o mistério investigado por Obi-Wan, e onde Anakin e Amidala, agora presos por Dookan, acabam se reencontrando. São as melhores cenas envolvendo Jedis já vistas na série, e o clímax, envolvendo o início da guerra entre clones e dróides (só no final o título do filme faz sentido), é uma bagunça visual extremamente fascinante de ser assistida. Logo se chega à cena mais esperada e comentada do filme (e sem dúvida, em minha opinião, a mais incrível de toda a saga até o momento), onde Yoda prova que ainda é o mestre do sabre-de-luz. A batalha entre ele e Conde Dooku dura poucos segundos, mas deve ter feito alguns bons queixos caírem já. Além de tudo o que já foi mencionado, temos ainda inúmeros momentos marcantes no filme, como o duelo entre Fett e Obi-Wan (outro momento aguardado há décadas por fãs), o reencontro entre Anakin e sua mãe (um momento que era promissor e acabou se mostrando excepcionalmente ruim, em termos de texto e interpretações), o reencontro de Watto e Anakin, o... Bem, já foram exemplos demais. No final, nota-se que há poucas razões para a perseguição que Lucas e sua nova trilogia vem levando dos críticos e parte do público. Um pouco da magia existente nos episódios IV, V e VI já não está mais presente. Mas se levarmos em conta somente a diversão, Star Wars ainda é uma série que está no topo, juntamente com suas atuais concorrentes, como O Senhor dos Anéis e Matrix (não tem motivos para escolher uma apenas, todas elas levam a diversão ao limite). O filme apenas não causa mais tanto deslumbramento como acontecia anteriormente, o que é uma pena, mas não é o fim do mundo." (Alexandre Koball)
''Se a gente pensar bem, vai ver que George Lucas é um azarado. A essa altura da vida, o criador de Guerra nas Estrelas ainda tem que provar algo. A cada filme. O formidável dispositivo tecnológico que colocou em ação no primeiro filme da série, em 1977, desencadeou a revolução dos efeitos especiais e o surgimento do blockbuster. O cinema americano que conhecemos hoje (e o mundial, como decorrência) nasce, em grande parte, da cabeça de George Lucas.No entanto, a cada filme os efeitos especiais evoluem. Lucas, que ficou inativo por anos a fio, retornou com o quarto filme (em ordem de filmagem) da série Star Wars e ouviu poucas e boas. Talvez houvesse certa injustiça. O quarto filme (ou primeiro pela ordem cronológica da história) tinha de introduzir um monte de personagens de maneira pelo menos coerente, um monte de tempo antes. O quinto filme - o segundo pela cronologia da saga - é o que passa hoje: "Star Waers 2 - O Ataque dos Clones". Em princípio, estamos às voltas com a adolescência do futuro Darth Vader. O garoto prodigioso aprende os segredos dos Jedis, enquanto traidores tratam de formar o Império, do qual se sabe que Darth Vader será um pilar. A questão não é essa. E sim que Lucas nos oferece um show de tecnologia, a mais nova, a mais revolucionária, a mais espetacular. E talvez seja o caso de perguntar se a necessidade de estar na ultimíssima geração não diz mais respeito ao mito de Lucas do que às necessidades de "Star Wars". É bom? Star Wars é sempre ok. Mas cada vez mais parece que os artifícios tomam conta. Cada vez mais seus filmes vão ficando parecidos com os de Jean-Jacques Beineix." (* Inácio Araujo *)
''A era digital chegou para ficar. Estréia dia primeiro de julho o quinto filme (mas o segundo episódio) da série Star Wars, um dos maiores ícones de sucesso na história do cinema. Não bastasse o filme ter sido rodado totalmente em câmeras digitais, ele também está sendo apresentado em algumas salas (inclusive no Brasil) no revolucionário processo de projeção digital, que dispensa os enormes rolos de película. Se tudo der certo, em pouco tempo deixará de existir a folclórica figura do projecionista, imortalizada em Cinema Paradiso. A história de ''Star Wars - Episódio II: Ataque dos Clones'' começa dez anos após os acontecimentos de Star Wars - Episódio I: A Ameaça Fantasma. Anakin Skywalker (Hayden Christensen) agora tem 19 anos e é um talentoso aprendiz de Jedi. Seu mestre é ninguém menos que o poderoso Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor). Anakin e Obi-Wan são convocados para proteger Amidala (Natalie Portman), ex-rainha do planeta Naboo e agora senadora da República. Porém, no melhor estilo Romeu e Julieta, Anakin se apaixona por Amidala, o que não seria exatamente um grande problema se os Jedi não fossem proibidos de amar, de acordo com as regras da Ordem dos Cavaleiros. Paralelamente, a República vive um de seus piores momentos políticos. Uma guerra em que os Jedi terão de enfrentar um exército de clones gerados a partir do mercenário Jango Fett (Temeura Morrison). A história não pára por ai. Ainda será necessário eliminar o Conde Dookan (Christopher Lee), um Jedi traidor que coloca em risco toda a estrutura social da galáxia. Parece confuso? E é mesmo. A exemplo do que já havia acontecido em A Ameaça Fantasma, sair para comprar pipocas durante a projeção pode ser fatal para a total compreensão de Ataque dos Clones. São nomes e mais nomes, personagens variados, planetas, situações... e tudo isso enquanto os olhos tentam acompanhar a verdadeira festa de efeitos visuais que preenche a tela em praticamente todos os momentos. Uma overdose. Mas o acúmulo de informações não seria o grande problema do filme, que sofre do mesmo defeito já detectado em A Ameaça Fantasma: o fraco desenvolvimento dos personagens. De certa forma, os incríveis efeitos se sobrepõem à personalidade dos protagonistas. Sem querer ser saudosista, falta o carisma de Harrison Ford. Pessoalmente, sinto saudades do primeiro filme, quando os efeitos especiais eram rudimentares, mas a platéia torcia por Hans Solo e Luke Skywalker com o entusiasmo de uma matinê de mocinhos contra bandidos. Até Chewbacca, escondido por uma montanha de pêlos, demonstrava mais "humanidade" (se é que isso é possível para um alienígena) que muitos Jedis desse novo episódio. Gosto mais do Yoda de plástico e borracha dos primeiros filmes do que este totalmente gerado por computador. Isso sem contar com a óbvia realidade que nenhum vilão conseguiu ser tão vilanesco como Darth Vader em sua respiração profunda. Por outro lado, não vamos querer demais. George Lucas já revolucionou a história do cinema uma vez, em 1977. Não podemos exigir que ele o faça novamente. Ataque dos Clones é, sim, uma boa diversão, ágil, de encher os olhos, aventuresca. Mas sem dúvida muito mais apropriada para os fanáticos de carteirinha da "Força". Mesmo porque só eles conseguirão acompanhar todos os detalhes enredo, todos os nomes esquisitos, todos os personagens estranhos, vendo o filme apenas uma vez." (Celso Sabadin)
''Mesmo não tendo recebido o destaque que merecia “Star Wars: Episódio II - O Ataque dos Clones” conseguiu ser infinitamente superior ao seu filme anterior. Mostrando o mundo de George Lucas de uma forma bem mais sombria e madura, o filme consegue impressionar por sua enorme evolução de um modo geral, proporcionando um verdadeiro show visual. Após a morna recepção de Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma, parecia que o público não via mais a saga Star Wars com os mesmos olhos de encanto de antigamente e a ansiedade que aguardou pela sua volta aos cinemas, já não era mais a mesma. Esta afirmação se refere ao fato que “O Ataque dos Clones” foi o único de toda a série a não terminar o ano em primeiro lugar nas bilheterias, ficando com um humilde quarto lugar no mundo, e aqui no Brasil, sequer entrou para a lista dos 10 mais vistos daquele ano (acreditem se quiser, até Xuxa e Os Duendes 2 ficou na sua frente). O filme é, assim como o primeiro, considerado instável por diversas pessoas que teimam em enxergar defeitos em cada mínimo detalhe de uma produção grandiosa. O que chega ser um fato lamentável, já que neste segundo episódio, George Lucas conseguiu provar que o mundo de Star Wars ainda é capaz de fazer os milhões de fãs espalhados pelo mundo delirarem ao extremo. No quesito diversão, O Ataque dos Clones consegue se sobressair com muito prestígio. "Star Wars: Episódio II – O Ataque dos Clones'' se passa exatamente dez anos depois dos acontecimentos de "A Ameaça Fantasma". Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) é agora um mestre jedi, que treina Anakin Skywalker (Hayden Christensen), que já se encontra em uma fase de treinamento avançado. A agora senadora Padmé Amídala (Natalie Portman), tem sua vida ameaçada por misteriosas facções separatistas da República, que ameaçam desencadear uma guerra civil intergalática. Então, Anakin é designado pra protegê-la, enquanto vive um romance secreto com ela. Enquanto isso, Obi-Wan parte em investigações paralelas para descobrir os motivos das tentativas de assassinato à senadora. Se no primeiro episódio, os antigos fãs se decepcionaram com a trama sobre taxas de comércio e bloqueios interplanetários, os fãs mais recentes, provavelmente, ficaram com um pé (talvez até os dois) atrás com a saga. Ainda mais, o primeiro episódio foi rodado propositalmente com um clima mais infantil, podendo conferir isso claramente através da ênfase dada ao personagem Jar Jar Binks e ao jovem Anakin (interpretado pelo fraquíssimo Jake Lloyd). Neste segundo, a grande maioria dos defeitos do primeiro filme foram corrigidos: o filme possui uma trama interessante, seu visual é infinitamente mais sombrio e maduro (correspondendo bem à fase de transição de personalidade que Anakin sofre), os personagens todos são relevantes e as cenas de ação são fluentes com a estória. Lógico, o filme possui seus defeitos, mas que acabam se tornando apenas detalhes perante o imenso show visual que é proporcionado. O grande triunfo de O Ataque dos Clones, é de não se preocupar em responder a questões levantadas no Episódio I ou esboçadas na trilogia original. Afinal, 99,9% das pessoas que assistem ao filme já sabem como a estória termina. O que importa na verdade, é a forma que tudo acontece até lá. O filme representa para esta nova saga, o que “O Império Contra-Ataca” representou para a trilogia original: sua função é deixar o caminho aberto para os eventos do episódio seguinte, tendo toda liberdade para se aprofundar nas personalidades dos personagens, e ter um caminho aberto para grandes cenas de ação. O roteiro possui algumas falhas e a exemplo do anterior, possui algumas situações forçadas, por exemplo: se a senadora estava sendo vítima de várias tentativas de assassinato, o que poderia desencadear a queda da república, por que quem recebe a importante missão de protegê-la é um aprendiz padawan ao invés de um experiente mestre jedi? Mas, Anakin e Amidala precisam passar um tempo a sós para poderem viver um romance secreto e assim dar origem aos protagonistas da trilogia original. Fazer o que?! Após o eletrizante início em que Obi-wan e Anakin protagonizam uma sensacional perseguição nos céus de Coruscant, o ritmo do longa cai drasticamente ao Anakin partir com Amidala em sua missão e o filme se dividir em dois. A parte crucial da estória, o romance entre Anakin e Amidala, é exatamente a parte mais chata e cansativa. O caso entre os dois não precisava ser tão explícito e a química entre os atores simplesmente não existe. Natalie Portman está ótima como sempre, repetindo todo seu carisma e talento. Mas é em Hayden Christensen onde mora o maior defeito do filme. O ator, escolhido entre diversos atores que pleiteavam o papel, parece seguir o exemplo dado pelo seu intérprete mirim no filme anterior e em nenhum momento, consegue passar um pingo de sentimentos. E isso, sentimentos, é um quesito fundamental para o caminho que seu personagem irá trilhar. O ator, que não consegue mudar sua expressão facial em momento algum, sem dúvidas, fez até o próprio nível do filme em si cair. Mesmo com o baixo desempenho do ator, as cenas entre Anakin e Amidala possuem momentos interessantes, que acabam sendo importantes para a definição da personalidade de Anakin, como em um diálogo com a senadora sobre política, em que ele defende a ditadura como o governo ideal. Outro grande momento é quando Anakin reencontra sua mãe e podemos o ver liberando todo o medo e a fúria que Yoda havia lhe alertado no filme anterior. Desde o início, ao mostrar seu questionamento com seu mestre, fica claro perceber que Anakin não é guiado pela lógica ou ponderação. Ele é uma bomba de emoções esperando pelo momento certo para explodir.
Se o romance entre os dois parece às vezes ser cansativo, por outro lado, a outra parte do filme se mostra muito mais interessante ao mostrar a investigação de Obi-Wan Kenobi para descobrir a origem dos atentados contra a senadora. A investigação o leva a um planeta que não consta em nenhum mapa, onde está sendo desenvolvido um exército de clones – que, ele acaba por descobrir que se destina para a própria república. Eis que esta parte da estória consegue ser muito mais envolvente e sem precisar apelar para situações forçadas. Ewan McGregor, que reprisa seu papel de Obi-Wan, desta vez com muito mais destaque, demonstra extrema competência ao trocar a impetuosidade de seu personagem no episódio anterior pelo semblante de um guerreiro sábio e poderoso, seguindo os mesmos passos que fizeram Alec Guiness imortalizar a imagem do sábio Obi-Wan na trilogia original. Em meio a essas investigações, podemos conferir o tão aguardado duelo ente Obi-Wan e o caçador de recompensas Jango Fett (pai de Bobba Fett, aquele mesmo que pretendia capturar Han Solo para entregá-lo a Jabba na trilogia original, e aqui, aparece ainda menino). O duelo é sem dúvidas, uma das melhores cenas do longa e muito bem elaborada. Quando as duas facções do filme se juntam novamente, é quando se dá início às cenas de ação espetaculares, que atingem aqui, um nível de grandiosidade nunca visto antes em toda a saga. Além das cenas já citadas: a da perseguirão em Coruscant do início (por sinal nesta cena George Lucas mostrou um visual inédito na série, fazendo-nos lembrar o visual totalmente dark de Blade Runner ou do clássico Metróplis) e a batalha entre Obi-Wan e Jango Fett, as demais cenas de ação são espetaculares em todos os sentidos. Dos três anos que se passaram do episódio anterior, a tecnologia evoluiu muito, o que fez com que “O Ataque dos Clones” seja um verdadeiro show de efeitos especiais. O que convenhamos, George Lucas exagerou um pouco no uso dos efeitos, de forma que a grande maioria do filme é composta por cenários totalmente gerados por computador e a interação entre estes cenários com as pessoas de carne e osso muitas vezes fica a dever. Mesmo desfazendo em partes o charme que marcou a trilogia original, não deixa de ser um mérito por podermos observar tamanha evolução que a saga sofreu, de forma a podermos enxergar perfeitamente o mundo exato que Lucas sempre teve em mente. Exagerado? Talvez. Mas esse é o mundo de Star Wars. As cenas de ação decorrentes da chegada de Anakin e Amidala ao planeta Geonosis para ajudar Obi-Wan, são, permitam-me a expressão clichê, de tirar o fôlego. A cena de Anakin e Amidala em uma fábrica de andróides é divertida e chega a se apenas um aquecimento para as verdadeiras batalhas jedi que viriam a seguir. A batalha no campo de Geonosis, onde Obi-Wan, Anakin e Amidala finalmente se reencontram, é o pontapé para o delírio da platéia, que pela primeira vez, pôde conferir uma verdadeira batalha com todos os jedi em ação. São simplesmente as melhores cenas envolvendo Jedi já vistas na série até o momento. Em seguida, chega o momento tão aguardado: o duelo de sabres entre os heróis e o vilão, o Conde Dooku (que aqui no Brasil, teve seu nome alterado para Dookan devido ao possível trocadilho com seu nome verdadeiro). Finalmente, temos a prova que Yoda, aquele baixinho feio, é o mais poderoso de todos os jedi, em um marcante duelo de sabres de luz. A batalha entre Yoda e Conde Dooku dura poucos segundos, mas me lembro perfeitamente quando a assisti pela primeira vez no cinema e simplesmente toda a sala foi à loucura naquele momento. É provavelmente, a cena mais empolgante e surpreendente de toda a saga até então. O clímax, envolvendo o início da guerra entre clones e andróides (só no final o título do filme faz sentido), é uma bagunça visual extremamente fascinante de ser assistida. O Ataque dos Clones é o estopim para as Guerras nas Estrelas do título. É quando os lados do bem e do mal começam a serem definidos, os mistérios começam a serem quebrados e a guerra eclode repentinamente. O episódio sonhado por anos e anos pelos mais antigos fás da série, finalmente é retratado (é bom lembrar que no Episódio IV, o velho Obi-Wan cita para Luke Skywalker as guerras clônicas as quais ele e seu pai participaram). É emocionante para qualquer fã árduo de Star Wars ver pela primeira vez, todos os jedi juntos em combate como é mostrado aqui na batalha de geonosis. Vale lembrar, que aqui, tudo é apenas o começo dos sonhos dos fãs lunáticos, pois assim como O Império Contra-Ataca, as decisões ficam agendadas para o episódio seguinte. Em resumo, O Ataque dos Clones é apenas a prévia do enorme show que está por vir. Como já havia citado antes, grandes erros de A Ameaça Fantasma foram superados. Se no primeiro, vários personagens não foram aproveitados como mereciam (Darth Maul que o diga), aqui, TODOS os personagens possuem sua importância para a estória. Até mesmo Jar Jar Binks, que desta vez aparece pouco (amém), acreditem, sua participação acaba sendo fundamental para o rumo que a saga viria a seguir. Falando em Jar Jar Binks, ela era o responsável pelas cenas de humor do episódio anterior, que acabou não agradando muita gente. Aqui, a querida dupla de robôs C3-PO e R2–D2 está de volta, ficando a cargo deles as cenas de humor proporcionadas, para a alegria do público. Para completar, O Ataque dos Clones possui um vilão bacana que é muito bem aproveitado pela trama. Christopher Lee repete todo seu ar sombrio que o marcou como o Saruman da trilogia “Senhor dos Anéis” ou até seus antigos filmes do “Drácula” na pele do misterioso Conde Dooku, um ex-guerreiro jedi que abandonou a ordem há uma década e lidera os separatistas da República. Por ser um vilão totalmente humano, ele chama atenção pelo mistério que o cerca e não pelo visual, como sempre aconteceu com os vilões anteriores. Se o Episódio I fez a ansiedade que girava em torno de “Star Wars” baixar, o segundo episódio conseguiu fazer com que toda magia da saga viesse à tona novamente, deixando os alucinados fãs contando os segundos para chegada do Episódio III. “Star Wars: Episódio II – O Ataque dos Clones” possui uma premissa simples, mas que é na verdade, a essência de toda a saga: a luta do bem contra o mal, o amor de dois jovens, a ganância de um homem, a nobreza de um guerreiro e os sacrifícios que são (e que serão) feitos em nome da paz. Um filme que está longe de ser perfeito, mas é o perfeito capítulo de “Star Wars” para deixar a platéia mais uma vez empolgada com o universo criado há quase três décadas, habitado na tal galáxia muito, muito distante." (Rapadura Team)
"Depois do infantilizado (porém divertidíssimo) episódio I, G. Lucas segue naturalmente com o tom de maturidade referente ao crescimento de Anakin, resultando em uma aventura mais sóbria, obscura e enigmática, com algumas cenas de tirar o fôlego." (Rafael W. Oliveira)
75*2003 Oscar
Lucasfilm
Diretor: George Lucas
371.077 users / 4.323 face
39 Metacritic
Date 24/04/2015 Poster - #### - DirectorGeorge LucasStarsHayden ChristensenNatalie PortmanEwan McGregorThree years into the Clone Wars, Obi-Wan Kenobi pursues a new threat, while Anakin Skywalker is lured by Chancellor Palpatine into a sinister plot to rule the galaxy.[Mov 08 IMDB 7,7/10] {Video/@@@@} M/68
STAR WARS EPIÓDIO III - A VINGANÇA DE SITH
(Star Wars Episode III - Revenge of the Sith, 2005)
George Lucas finalmente se redime com um filme à altura do nome que carrega.
''A espera finalmente chegou ao fim. Havia muito receio com relação a ''Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith'', afinal, os dois primeiros filmes desta nova trilogia foram recebidos de maneira bastante fria por muita gente. Só que George Lucas consegue resgatar a honra da série com um filme que não funciona apenas por si só, mas também dá uma nova diretriz a todos os episódios anteriores (incluindo a trilogia original) de forma absolutamente satisfatória, ao ligar todos os fios que ficaram soltos com o desenrolar da trilogia. Nada foi esquecido. A história começa à toda, com Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) e Anakin Skywalker (Hayden Christensen) em meio a uma batalha espetacular - uma das melhores da série, por sinal. Os dois estão tentando resgatar o Chanceler Palpatine (Ian McDiarmid), que está em poder do maligno Conde Dooku (Christopher Lee). Com o desenrolar da trama, Anakin mantém total confiança no Chanceler, ao mesmo tempo em que desconfia dos Jedi e é seduzido pelo lado negro da força, com promessas de poderes infinitamente maiores do que ele tem como um 'simples' Jedi - forças que poderiam salvar Amidala (Natalie Portman) de um trágico futuro. Tudo tem início logo após as Guerras Clônicas vistas na animação homônima que passou no Cartoon Network. Só que se você não acompanhou os episódios, não se preocupe. Apesar deles ajudarem a entender melhor as entrelinhas de muitas coisas, não são indispensáveis para o entendimento geral do que está acontecendo. Mais uma vez há muita política, mas que graças a Deus não ocupa mais do que meia hora de filme - a pior parte, por sinal. Se antes tudo era muito complicado, aqui fica fácil de se entender o que está passando, talvez pelo tom conclusivo que as coisas vêm tomando. Quando disse que o Episódio III dá uma nova dimensão aos episódios anteriores, quis dizer que ele aproveita muito bem tudo o que a série já mostrou até hoje. Logicamente isso será um recurso aproveitado apenas por quem entende um pouco mais da saga, como algumas deixas ou presentes para os fãs - que, durante suas quase duas horas e meia, não irão faltar. Se antes Luke era o personagem principal dos filmes, com esta nova trilogia Darth Vader passa a ser a peça principal de tudo. Os filmes se iniciam e terminam com ele. Não que a importância dos demais personagens tenha sido ridicularizada, mas o trabalho em cima do vilão foi tão bem feito que até os outros dois filmes anteriores ganharam uma nova importância se pensados como um todo. A seqüência com Chewbacca é totalmente gratuita, mas os fãs não reclamam nem um tiquinho por isso. É o perfeito exemplo de que o filme vai ser melhor aproveitado por esse público específico, que vai delirar com os elos sendo estabelecidos entre os trabalhos (outro exemplo é o sabre de luz usado por Ewan, idêntico ao que Guiness usara na trilogia original). Assim como diversas outras seqüências, que prefiro não comentar, para não estragar as surpresas para as pessoas que ainda irão assistir ao longa. Ah, como curiosidade, tentem achar o diretor George Lucas em uma das passagens. Uma dica: ele está todo de azul, parado, quando a câmera passa por ele. É fácil reconhecê-lo, apesar da maquiagem. Uma grande característica da série, que havia inexplicavelmente ficado de fora dos dois primeiros filmes desta nova trilogia, está de volta com força total: o humor. Os dois principais personagens nesse sentido são Obi-Wan e um surpreendente R2-D2, tirando o lugar do sempre engraçado C-3PO (antes ele participava de situações onde claramente não se enquadrava). O pequenino robô azul rouba, inclusive, algumas cenas de ação, mostrando que ainda tem cartas na manga mesmo depois de tantos anos nas telas. Os atores que interpretam os personagens, Anthony Daniels (C-3PO) e Kenny Baker (R2-D2), são os únicos que participaram de todos os seis filmes, já que fizeram os mesmos papéis tanto nos antigos quanto nos novos longas. Ewan McGregor se firma como o herói da nova trilogia e dá uma boa base' para o Obi-Wan mais velho do Sir Alec Guiness, aperfeiçoando o modo de se mover e falar do ator. Ewan foi um dos que mais teve problemas ao trabalhar com a totalidade de fundos verdes, chegando, inclusive, a ter problemas com bebidas por causa da falta de ânimo, durante as filmagens de O Ataque dos Clones. Problema superado, temos um Obi-Wan mais divertido e ativo nas cenas de ação, principalmente no tão esperado confronto entre ele e Anakin - aliás, parabéns para os coreógrafos do filme, as batalhas estão espetaculares! Hayden Christensen, mesmo que não seja um espetáculo como ator, está melhor do que o de costume, e é outro que claramente se sentiu incomodado com o 'nada' dos sets. Seus melhores momentos são mesmo quando Anakin está se tornando Darth Vader, pois o conflito interno do personagem está sempre presente, de forma avassaladora. Os piores, mais uma vez, são as mal escritas seqüências de amor entre ele e Amidala, que não convencem nunca - principalmente pela importância que tem na história. Há uma constante sensação entre os dois que está faltando algo. E esse algo é emoção. Porém, o ator teve a honra de vestir a armadura de Darth Vader. Na seqüência em que Vader ganha vida (o momento que antecede não é menos espetacular), com a respiração e tudo mais, é, provavelmente, um dos mais eufóricos momentos de todo o filme - e desde já uma das seqüências mais clássicas de toda a saga. É importante avisar que ele não entra em ação nem nada, apenas marca sua presença. É bom falar isso para que ninguém vá ao cinema pensando uma coisa e se decepcione ao ver outra. Apesar de David Prowse não repetir o papel do vilão como fizera na trilogia original (ele teve desavenças com Lucas), James Earl Jones foi convidado para reprisar a tão marcante e clássica voz do vilão. Sinceramente, foi algo verdadeiramente emocionante. Natalie Portman teve sua participação significativamente reduzida, mas justificada por causa de certos gêmeos que carrega na barriga. Ela não chega nem a ter presença ativa no senado, para se ter uma idéia, mesmo que sua personagem seja peça chave para toda a história. Samuel L. Jackson demonstra ferocidade com o sabre de luz em uma das inúmeras batalhas com a arma que há no filme. Mesmo que ela se conclua rápido demais, a sensação que fica é positiva. Algo que não se repete no combate entre Obi-Wan e o espetacular General Grievous, que apesar de se mostrar um personagem fabuloso, acabou tendo sua participação prejudicada por um combate precoce demais, quando claramente havia potencial para mais. Christopher Lee, depois de dar tanto trabalho aos heróis em O Ataque dos Clones, também aparece de maneira relâmpago em A Vingança dos Sith. Já Yoda, mais uma vez com a voz marcante de Frank Oz, aumenta ainda mais o que fora mostrado no episódio anterior e participa ativamente de diversas partes, tanto com seus diálogos característicos quanto com o seu agora conhecido potencial de luta. Chewbacca ficou por conta de Peter Mayhew, o gigante de dois metros e vinte e um, reprisando o seu papel da trilogia original. Pelo menos dessa vez a roupa do ator continha um avançado sistema de refrigeração... É, sem dúvida, o filme mais sombrio de toda a série. Durante toda a destruição dos Jedis (isso é tão segredo quanto que Anakin irá se tornar Vader), algumas passagens não parecem nem ter vindo de Lucas, principalmente no que se refere ao destino dos jovens Jedis, que ainda estavam em treinamento. Todas as atitudes de Anakin vão se tornando gradativamente piores, cada vez mais cego pelo lado negro da força. Vai ser impossível, por exemplo, não sentir raiva do garoto quando este tomar uma atitude contra Mace Windu, o personagem do respeitoso Samuel L. Jackson. O Imperador aparece de maneira significativa, revelando-se o cruel homem que comandaria o ditador império nos episódios seguintes. Apesar de toda a parte de efeitos especiais ser fantástica (há algumas passagens simplesmente inacreditáveis), tive a mesma sensação de falta de um cenário real em meio a tanta coisa criada por computador. Eu gosto de locações ou estúdios construídos. Tudo no computador, querendo ou não, fica artificial como um todo. A sensação de realismo do primeiro filme, por exemplo, só existe nos cinco minutos finais, quando toda a tecnologia é deixada de lado para dar uma 'sujadinha' nos equipamentos para que a conexão com o Episódio IV fique menos gritante, tecnologicamente falando - aliás, esse retrocesso também é justificado, de forma indireta, então preste atenção no contexto da história. A religião da força volta a funcionar porque o filme é divertido e contém sua mensagem. George Lucas se redime completamente com um longa que mistura bem o estilo antigo com o novo, filme importante e que liga de maneira tão perfeita os fios da meada, que deixa os outros dois trabalhos melhores do que eram antes. Ao final da sessão, a sensação ambígua que fica é normal. Afinal, estamos tristes por ter acabado a saga nos cinemas (ela trilhará os caminhos da televisão agora, apenas com supervisão de Lucas, mas com diversos outros autores), mas bastante felizes por ele ter nos presenteado novamente com um Star Wars digno do nome que carrega. Só nos resta agradecer. Quem sabe, um resultado muito positivo não faça Lucas repensar a idéia de filmar os Episódios 7, 8 e 9? Não custa nada sonhar..." (Rodrigo Cunha)
Um filme melhor que os dois anteriores, ainda com suas falhas, mas que ao menos pode ser considerado um bom trabalho de George Lucas.
''E a saga teve o seu fim. Ou o seu meio exato, se preferir. George Lucas finalmente encerra sua série vencedora, e desta vez, com uma bela cereja sobre o bolo. Não que A Vingança dos Sith chegue aos pés de O Império Contra-Ataca, por exemplo, mas é bem superior aos dois episódios anteriores. A Ameaça Fantasma era infantilóide. "O Ataque dos Clones" melhorou, mas ainda não era grande coisa. Portanto, a expectativa para este novo filme não era lá muito grande, até porque George Lucas é um excepcional produtor, nunca um bom diretor. Mas eis que ele reage e consegue entregar um belo trabalho, que tem seus defeitos, claro, mas que não desaponta os fãs e que encerra com brilho a saga de Anakin Skywalker (Hayden Christensen).O filme começa já no meio da ação, mostrando Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) e Anakin duelando nas Guerras Clônicas (a Industrial Light & Magic, empresa de efeitos especiais do George Lucas, modelou cerca de cinco mil naves diferentes para essa cena) e tentando salvar das garras do terrível Conde Dooku (Christopher Lee) o Chanceler Supremo Palpatine (Ian McDiarmid). Depois, ficamos sabendo que Padmé (Natalie Portman) está grávida de Anakin, e que este está se aproximando do já liberto Palpatine. Só que o ambicioso Palpatine deseja tornar a República em Império e ele mesmo se tornar o Imperador – e que acaba conseguindo com a aclamação do Senado, para desespero de Padmé, que neste momento pronuncia a fala mais genial do filme: a liberdade morre assim, debaixo de clamorosos aplausos. Enquanto isso, Anakin já começa a dar sinais de que poderia vir a trair os Jedi em prol a Palpatine, já que este possui um poder que Anakin tanto deseja. E assim que Palpatine assume o Império, a guerra entre os Jedi e o Império estará declarada, o que culminará na mudança de Anakin em Darth Vader – não esquecendo que este é o maior vilão da história do cinema – e no nascimento dos gêmeos Leia e Luke, filhos de Anakin e Padmé. A primeira metade do filme é a mais irregular, com excesso de efeitos especiais, cenários por computador e diálogos constrangedores – Anakin encontra os Jedi, depois encontra Palpatine, para depois encontrar Padmé, para voltar a falar com os Jedi. Um saco. Mas quando o Imperador declara guerra aos Jedi, o filme ganha um ritmo alucinante, linear, com belíssimas lutas coreografadas – destaque para o duelo entre criador e criatura, Obi-Wan e Anakin, sob um rio de lava. Outra batalha bacana é entre o Mestre Yoda (Frank Oz) e o Palpatine, que deixará muitos fãs de cabelo em pé. O trabalho de atores, desta vez, está bastante acertado, com McGregor, McDiarmid e Portman bastante à vontade nos papéis, no tom certo. Quem destoa (e irrita profundamente) é Hayden Christensen, que não consegue fugir das caretas e quase estraga a esperada transformação de Anakin para Vader. Christensen é talentoso (quem já viu Tempo de Recomeçar sabe do que estou falando), mas sua participação neste último episódio é patética, logo mais contracenando ao lado de um dos melhores atores da atual geração, Ewan McGregor. Curiosamente, o filme tem defeitos técnicos, algo impensável em se tratar de um filme de George Lucas. Por exemplo, quando há movimentação humana sob efeitos especiais, o acabamento digital acaba se tornando falso – e isso ocorre em diversas cenas. Outro pequeno problema é de edição, quando Obi-Wan empunha sua arma contra Anakin e há um pequeno delay na entrada da cena. Um erro altamente primário que poderia ter sido facilmente corrigido. Em contrapartida, a trilha magistral da série está lá, conduzida por John Williams, que insere novos temas, com grande utilização de coro, mas sempre mantendo a base que tanto é apreciada pelo mundo do cinema. E a fotografia de David Tattersall, toda digital, surge encantadoramente bela (foi o único de todos os episódios a usar cenários totalmente virtuais, sem uma única locação sequer). É, a saga acabou. Esta, que revolucionou o mundo do cinema com uma história fantástica (e séria também, cheia de paralelos políticos e metáforas belicistas), que conquistou tantos seguidores como nenhum outro filme jamais fez e que se tornou referência em assunto de cinema, ficará imortal para sempre, nesta galáxia não muito distante." (Andy Malafaya)
"É isso aí, Obi-Wan... Como dizia Voltaire: "Senhor, proteja me dos meus amigos, que dos meus inimigos cuido eu." Ou ainda o Provérbio Sufi: "Colha uma abelha por bondade, e verá as limitações da bondade.'' (Juliano Mion)
"Um dos capítulos mais empolgantes e enérgicos da saga, com suas discussões políticas e morais ainda mais explícitas e bem desenvolvidas do que nos filmes anteriores. O duelo final entre Anakin e Obi-Wan é de arrepiar." (Rafael W. Oliveira)
''Quase 30 anos após Guerra nas Estrelas arrasar as bilheterias de todo o mundo e arrebanhar milhões de fãs, chega às telas nos primeiros minutos desta quinta-feira a última parte da saga criada por George Lucas. "Star Wars: Episódio 3 - A Vingança dos Sith" é o elo que faltava para unir as duas partes da saga intergaláctica de seis episódios. A história da transformação do promissor cavaleiro jedi Anakin Skywalker no malévolo Darth Vader é de longe o melhor dos filmes da trilogia iniciada por A Ameaça Fantasma, tanto pelos efeitos especiais, quanto pelo enredo. Star Wars é um destes blockbusters que mostram o que Hollywood é capaz de fazer com tantos milhões de dólares e tanta tecnologia. Nas tradicionais cenas de batalhas estelares, os efeitos especiais são espetaculares. Para criar os fantásticos planetas da distante galáxia de Lucas, foram utilizados mais de 70 cenários, combinados com as tecnologias da Industrial Light & Magic. A comparação entre as duas trilogias é inevitável. Mas, se os três primeiros filmes - lançados nas décadas de 1970 e 1980 - perdem em recursos técnicos, eles ganham com folga da segunda trilogia no que diz respeito à condução da trama e ao carisma dos personagens. O novo longa de Lucas conserta alguns deslizes dos dois primeiros episódios de Star Wars, acelerando o ritmo e excluindo algumas figuras bem sem graça, como o atrapalhado Jar Jar Binks ou apático vilão Darth Maul. A Vingança dos Sith conta com participações maiores de figuras marcantes da saga. O pequeno mestre Yoda destaca-se nas cenas de combates com seu sabre de luz e sua presença de espírito de sábio jedi. Também a inseparável dupla C3PO e R2D2 aparece bastante e dá o tom certo nas cenas mais engraçadas. Além disso, os fãs também podem ver o wookie Chewbacca, que teve papel importante na primeira trilogia ao lado do mercenário Han Solo, em uma pequena participação. O casal Hayden Christensen (Anakin) e Natalie Portman (Padmé Amidala) tem uma certa química que faz as cenas funcionarem, apesar de suas interpretações individuais serem apenas satisfatórias. Christensen se esforça para deixar exteriorizar toda a vilania que o personagem pede, mas as vezes é difícil enxergar nele a personificação do mal que Darth Vader representa. O terceiro episódio é o mais sombrio e violento de todos. Repleto de ação, A Vingança dos Sith conduz o espectador pela metamorfose do guerreiro Anakin, que se alia ao Lado Negro da Força em busca de mais poder, garantindo 140 minutos de entretenimento." (Guilherme Gorgulho)
''Finalmente a dimensão e a complexidade dos planos de Darth Sidious são claramente reveladas: depois de sermos apresentados ao movimento separatista, aos jogos políticos envolvendo senadores de vários planetas e à criação de um exército de clones, podemos juntar todas as peças e testemunhar o brilhantismo logístico do futuro Imperador. E se há algo que eu, honestamente, jamais imaginei ao assistir aos episódios 1, 2, 4, 5 e 6 da saga Star Wars é que os próprios cavaleiros Jedi ajudariam o vilão a derrubar a República – não por fazerem parte da conspiração, mas por agirem de forma arrogante e inconseqüente (jogando Darth Vader nos braços do Lado Negro da Força) e mesmo por traírem alguns de seus mais valiosos ideais (como comprova a cena-chave protagonizada por Mace Windu). E é fascinante perceber, também, que, diferentemente do que pensávamos, a queda de Vader tem mais a ver com seus bons sentimentos do que com suas ambições e desejos de poder. Sim, apesar da trama previsível (todo mundo sabe como a história acaba), o Episódio III surpreende através dos detalhes, ao preencher as lacunas da trama com nuances inesperadas. Ainda assim, confesso que, durante a primeira meia hora de projeção, julguei estar assistindo ao pior capítulo da saga. A batalha espacial que abre o filme, apesar de tecnicamente impecável, é absolutamente incapaz de despertar qualquer tipo de tensão – e, para piorar, o roteirista-diretor George Lucas se entrega a um humor infantilóide que inclui robôs que dizem Oh-oh! quando percebem que serão destruídos e que chegam a gemer de dor. Aliás, se A Vingança dos Sith derrota os episódios anteriores nos quesitos efeitos visuais e direção de arte (Coruscant, à noite, é uma metrópole belíssima), as batalhas envolvendo sabres-de-luz já não impressionam tanto: burocráticas e pouco imaginativas, jamais evocam a coreografia com sabre duplo de Darth Maul em A Ameaça Fantasma ou mesmo a surpresa do Yoda saltitante de O Ataque dos Clones. (O único instante que quase alcança este efeito é aquele em que o General Grievous revela seus quatro sabres, mas a luta em si é decepcionante.) E se o romance entre Anakin e Amidala era esquemático no Episódio II, espere até testemunhar bobagens como um plano que recebe o nome de `Ordem 66` (por que não assumir o clichê e atacar com o 666 completo?), o `Nãããããããooooooo` gritado por um personagem no terceiro ato e, é claro, a justificativa absurda para o destino da esposa de Vader (`Ela perdeu a vontade de viver`. Hã?) E então, quando tudo parecia perdido, eis que surge a cena em que o Senador Palpatine conversa com Anakin Skywalker em um camarote de ópera e diz: O Bem é apenas um ponto de vista – uma fala interessante que marca o instante preciso no qual A Vingança dos Sith revela uma natureza inesperadamente ambiciosa. A partir dali, o Episódio III abandona o tom imaturo dos dois primeiros capítulos e assume sua condição de irmão mais velho de A Nova Esperança e O Império Contra-Ataca. E se a saga Star Wars é vendida como sendo a história da ascensão-auge-queda de Darth Vader, o fato é que também poderia perfeitamente pertencer ao Senador Palpatine-Darth Sidious, já que, afinal de contas, é ele quem coloca todas as peças em movimento. Interpretado mais uma vez por Ian McDiarmid, Palpatine é uma figura fascinante: sempre exibindo um sorriso bondoso que visa conquistar a confiança de Anakin, o Senador é um mestre da retórica – e sua defesa dos valores Sith é capaz de provocar dúvidas até mesmo no espectador, que já conhece seus propósitos obscuros. Usando o medo de Skywalker de perder sua amada, o futuro Imperador manipula o jovem Jedi com facilidade, permitindo que McDiarmid ofereça uma performance quase impecável (as risadas `diabólicas` enfraquecem a caracterização, o que é uma pena). Da mesma forma, outro Mc que se destaca no elenco é Ewan McGregor, que retrata Obi-Wan Kenobi como o único Jedi que se mostra realmente compreensivo e tolerante: e seu grito de frustração ao perceber a queda do discípulo é comovente (Eu falhei com você, Anakin!). Além disso, através de pequenos toques (como o desconforto ao pilotar sua nave), McGregor consegue ser plenamente convincente como uma versão mais jovem de Alec Guinness, o que, por si só, é uma proeza digna de nota. Em contrapartida, Hayden Christensen jamais consegue incorporar a intensidade necessária para transformar Anakin Skywalker em uma figura de peso: se o levamos a sério é apenas porque conhecemos o Darth Vader da trilogia original e aprendemos a temê-lo e respeitá-lo. Inexpressivo e com uma maneira monocórdica de dizer suas falas, Christensen parece acreditar que, para compor o personagem, precisa apenas fazer carinha de mau e olhar de baixo para cima, o que não é verdade. Já Natalie Portman pouco pode fazer em A Vingança dos Sith, já que Amidala é relegada ao segundo plano, limitando-se a sofrer à distância por seu amado. Enquanto isso, Samuel L. Jackson surge no piloto automático; se alguém leva Mace Windu a sério como Mestre Jedi não é porque o ator nos convence disso, mas sim porque nos lembramos de todos os tipos durões que Jackson interpretou no passado. Por outro lado, o Episódio III pode se dar ao luxo de contar com aquele que é, sem dúvida alguma, o momento dramático mais intenso de toda a saga, superando até mesmo a famosa revelação feita por Darth Vader para Luke em O Império Contra-Ataca: este momento é, obviamente, a queda dos Jedi, que George Lucas retrata de forma tragicamente triste e que é ainda mais impactante graças à trilha excepcional do mestre John Williams (cujo trabalho ao longo da saga é de incrível consistência). Da mesma forma, Lucas é extremamente bem-sucedido ao estabelecer o paralelo entre o nascimento de Luke e Leia e o (re)nascimento de Darth Vader – e o plano, em close, no qual vemos a máscara pela `primeira vez` é de tirar o fôlego. (Aliás, também gostei de ver o sósia jovem de Peter Cushing nos momentos finais, quando vemos a Estrela da Morte ao fundo.) Quando escrevi sobre O Exterminador do Futuro 3, lamentei que o longa prejudicasse, em retrospecto, os dois primeiros filmes, já que modificava elementos importantes para o sucesso de seus antecessores. Pois é justamente o contrário que acontece com A Vingança dos Sith – e é por isto que, apesar das falhas que apontei acima, não hesito em conferir 5 estrelas ao Episódio III e colocá-lo ao lado de O Império Contra-Ataca como o melhor da saga: fechando com brilhantismo a lacuna entre os episódios II e IV, este capítulo nos faz enxergar a trilogia original de forma ainda mais complexa, já que agora conhecemos os detalhes da queda de Anakin, sua relação com Obi-Wan e percebemos que, sem saber, plantou as sementes para o retorno da Ordem Jedi. A Vingança dos Sith, portanto, engrandece toda a saga concebida por George Lucas. Esta é, com o perdão do trocadilho, sua verdadeira Força." (Pablo Villaça)
78*2006 Oscar
Lucasfilm
Diretor: George Lucas
419.912 users / 5.727 face
40 Metacritic
Date 25/04/2015 Poster - #### - DirectorDavid AyerStarsArnold SchwarzeneggerSam WorthingtonTerrence HowardMembers of an elite DEA task force find themselves being taken down one by one after they rob a drug cartel safe house.[Mov 04 IMDB 5,7/10] {Video/@@@} M/41
SABOTAGEM
(Sabotage, 2014)
''Um esquadrão do departamento de combate ao narcotráfico internacional precisa executar uma operação tática no esconderijo de um cartel. Quando o grupo acha que a missão foi cumprida, os dez membros do esquadrão começam a ser assassinados um a um." (Filmow)
''Participar de um thriller de ação genérico como este não parece mais do que uma barca furada para um astro do naipe de Schwarzenegger." (Alexandre Koball)
"Thriller genérico, que nem a abordagem crua e violenta de Ayer, nem a presença de Scwharzeneggerm conseguem salvar. O enredo é tolo, os personagens não têm química e as cenas de ação apostam unicamente no sangue. Para ser esquecido - como já foi." (Silvio Pilau)
"O nome do Ayer torna a coisa curiosa, mas na prática mesmo Sabotagem é como um spin-off sem graça de Os Mercenários. Tirem os personagens carismáticos, a violência juvenil e teremos a escrotice e o gore seco que deveria estar em um filme de horror. Fail." (Victor Ramos)
Open Road Films (II) QED International Crave Films Brentwood Productions DEA Productions Albert S. Ruddy Productions Roth Films
Diretor: David Ayer
38.805 users / 9.629 face
31 Metacritic
Date 28/04/2015 Poster - ## - DirectorScott HicksStarsCatherine Zeta-JonesAaron EckhartAbigail BreslinThe life of a top chef changes when she becomes the guardian of her young niece.[Mov 08 IMDB 6,3/10] {Video/@@@@} M/50
SEM RESERVAS
(No Reservations, 2007)
Apesar de ser uma refilmagem, é uma das comédias mais simpáticas do ano.
''Refilmagem do longa alemão Simplesmente Martha, de 2001, Sem Reservas é a mais nova comédia romântica que invade os cinemas brasileiros. O gênero, devido à grande quantidade de filmes que não conseguem trazer nada de novo, tornou-se repetitivo e bobo, com produções dispensáveis. Entretanto, essa nova produção, assinada por Scott Hicks (Shine – Brilhante) mostra que ainda é possível realizar boas comédias românticas, e que Hollywood, quando quer, sabe como fugir da mediocridade. Kate Armstrong (Catherine Zeta-Jones) é a chef do restaurante 22 Bleecker Street, em Nova York. Ela é uma pessoa séria, que vive para seu trabalho. Controla com rigor sua equipe de cozinheiros. Kate, mesmo depois de uma noite inteira de serviço, acorda cedo para garantir a compra do melhor peixe no mercado. Cheia de regras, ela não aceita diversos comportamentos como, por exemplo, sair com algum morador de seu prédio. Porém, a vida da respeitada chef de cozinha muda com dois acontecimentos: a chegada de sua sobrinha de nove anos, que passa a morar com ela, e quando o subchefe Nick Palmer (Aaron Eckhart) é contratado para auxiliá-la no restaurante. ''Sem Reservas'', em determinados momentos, cai no lugar-comum de alguns filmes de seu gênero. Mas isso acontece poucas vezes. O filme consegue fugir dos clichês básicos das comédias românticas americanas, e torna-se tão agradável que uma ou outra passagem mais fraca, não prejudica o bom andamento da história. Todas as escolhas parecem acertadas: diretor, elenco e equipe técnica. Hicks é competente e soube como deixar o filme mais terno e sensível, sem exagerar na dose. O elenco está ótimo. Catherine Zeta-Jones, vencedora do Oscar pelo musical Chicago, Aaron Eckhart (Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento) e Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine) são um trio de química inegável. Se passei a admirar a pequena e talentosa Breslin em Miss Sunshine, agora sou fã de carteirinha da garota. O grande diferencial da atriz é conseguir ser criança na tela e adulta no trabalho, diferente, por exemplo, de Dakota Fanning, grande atriz, porém sempre adulta demais em seus trabalhos. Isso não vai acontecer, mas não seria injusto Breslin ser, novamente, nomeada ao Oscar de atriz coadjuvante. Ela é ótima. O responsável pela trilha sonora é o competentíssimo Phillip Glass, compositor de trilhas fantásticas, como a de As Horas e Notas Sobre um Escândalo, ambas indicadas ao Oscar da categoria. A trilha de Sem Reservas é leve na maior parte do tempo, e bonita nos momentos de maior carga dramática. Momentos esses que são sempre bem explorados. Enfim, tudo aqui se completa, a trilha completa o longa, e os atores se completam. Uma comédia romântica que acerta nos pontos mais importantes. Kate é uma personagem interessante. O filme, além de ter o tema óbvio do romance, aborda, também, os desafios e mudanças na vida da chef de cozinha. Cheia de regras e apaixonada pelo trabalho, Kate terá que aprender a mudar um pouco seu comportamento. O interessante é a abordagem do filme, que não é nada radical. A moça, apesar de ser metódica e exigente, é admirada pelas pessoas, que gostam dela porque sabem de sua bondade e seu bom caráter. Com Nick, ela enfrentará o desafio de conviver com uma pessoa de personalidade exatamente contrária à dela. Ele é mais amigável no ambiente de trabalho (ouve ópera enquanto cozinha) e leva mais jeito com crianças. Diferentemente de Kate, ele compreende que a menina não tem interesse em comer pratos sofisticados nas refeições cotidianas. Já com Zoe (Breslin), Kate terá de aprender a ser a mãe substituta, e terá de encaixar em sua agitada rotina tarefas como levar e buscar a menina na escola. Se a personagem de Catherine Zeta-Jones aprende a melhorar seus costumes e sua qualidade de vida com os dois personagens que surgem em sua vida, Sem Reservas poderia importar um personagem de outra produção para ensinar uma lição ao cozinheiro Nick. Estou falando do ratinho Remy, de Ratatouille. Em determinada cena, Nick chega da rua com compras e começa a cozinhar sem lavar as mãos. Atitude que, com certeza, seria condenada pelo higiênico Remy. Se a carga dramática e o romance estão presentes em diversas passagens de ''Sem Reservas'', o lado mais cômico está presente, principalmente, nos diálogos e acontecimentos ocorridos na sala do psicólogo de Kate. Um humor tão delicioso quanto as refeições servidas no restaurante da chef. Comédia romântica de personalidade própria, não seria exagero – apesar de parecer improvável -, pelo que apareceu até agora entre filmes do gênero comédia ou musical, se o filme arrancasse uma indicação ao Globo de Ouro da categoria." (Emilio Franco Jr)
Bobagem comercial extremamente charmosa.
''Ver Sem Reservas é atestar a máquina de sonhos de Hollywood funcionando à perfeição. O filme, lançamento de um grande estúdio, a Warner, é remake de um filme alemão feminista, Simplesmente Martha, de 2001. A transposição para os EUA e para o padrão de cinema americano não lhe tirou a graça, como acontece com a maioria dos remakes. Pelo contrário, deixou-o até mais interessante. Afinal, os atores escalados são ótimos: Catherine Zeta-Jones, Aaron Eckhart e Abigail Breslin (a menina de Pequena Miss Sunshine) e a extraordinária Patricia Clarkson. Com um diretor elegante e talentoso (Scott Hicks, de Shine – Brilhante), um roteiro enxuto, sem os excessos feministas do filme alemão e mais eficiente nos diálogos, além de mais ágil, música de Philip Glass, Sem Reservas (No Reservations) é diversão leve de primeira categoria que Hollywood faz com maestria insuperável (apesar do diretor australiano e da atriz escocesa, o que pouco importa). Conta a história de uma chef famosa e perfeccionista, mas solitária e egoísta, que odeia receber críticas de seu trabalho (chega a ofender os clientes que não gostam de seus pratos). Sua irmã morre num acidente de carro e a chef, pouco afeita a crianças, será obrigada a criar a sobrinha. Além dos transtornos dentro de casa, com sua vida privada modificada, tudo piora quando um chef italiano chega para ajudá-la na cozinha. Ela o vê como uma ameaça ao seu emprego e parte para a briga. A equipe seguiu o primeiro filme nos enquadramentos e detalhes mais ou menos até a metade, quando entra o cozinheiro italiano – mantiveram até os pratos, mas o diretor mudou os vinhos, agora australianos, claro, como ele. No filme original, o italiano é italiano mesmo, imigrante ilegal, gordo e bonachão, desbocado e um tanto grosseiro, ou seja, o oposto da alemã gelada e calculista. No filme americano é o loiro Eckhart, americano que estudou gastronomia na Itália. Malhado e gostosão, fica mais fácil acreditar que os dois fatalmente vão se apaixonar, ao contrário do filme alemão, que era praticamente uma impossibilidade. Apesar da obviedade, o filme não fica fácil porque o personagem foi elaborado por uma mulher, ou seja, é galante e conquistador, de forma que eles só vão se acertar no final (mesmo sexo) – o roteiro americano também ficou a cargo de uma mulher, Carol Fuchs, em sua estréia nas telas, e a edição também, com a australiana Pip Karmel. Ambos, o americano e o italiano, conquistam a mulher fisgando primeiro a menina, mostrando que seriam bons pais, pois não só gostam de criança e como ainda cozinham para as duas seja um macarrão especial ou pizzas magníficas (até covardia). Aí começa a sobressair o filme americano, pois Abigail Breslin está excelente como a órfã, tanto quanto em Little Miss Sunshine. No filme original, a menina é tão durona quanto a chef, e mesmo no final do filme ela não dá o braço a torcer, indicando que a relação das duas será conturbada para sempre. No remake Hollywood, óbvio, tudo se ajeita no final. Mas tamanha eficiência do filme vem mesmo do diretor Hicks. Antes mesmo do sucesso internacional de Shine, que venceu um discutível Oscar de melhor ator para Geoffrey Rush, Hicks era documentarista premiado com o Emmy e campeão de audiência do Discovey Channel. Depois de Shine, dirigiu o sensível Neve sobre os Cedros, em que Ethan Hawke era um jornalista americano sem braço que se apaixona por uma japonesa em plena Segunda Guerra Mundial. Tinha extraordinária fotografia do multi-premiado Robert Richardson (Oscar por JFK e recentemente por O Aviador, e outras três indicações), assim como Corações na Atlântida, com Anthony Hopkins, novamente com brilhante trabalho de fotografia do polonês Piotr Sobocinsky, o fotógrafo de Krysztof Kieslowski em A Fraternidade é Vermelha. Hicks é um esteta. Suas cenas são todas muito bem estudadas, cheias de detalhes; os enquadramentos são precisos e belos. Pode parecer um tanto maneirista por vezes (como foi em Hearts in Atlantis), mas nunca vulgar ou gratuito. Assim ele maneja a ótima história e seus excelentes atores (todos muito bons, com um nível de interpretação alto) com a fotografia caprichada e a trilha surpreende de Philip Glass, compositor de partituras consideradas “difíceis e cerebrais”, aqui num registro completamente fora das obras vanguardistas que ele vem fazendo desde a década de 70. Enfim, é esse impressionante acúmulo de talentos que faz essa bobagem comercial parecer tão charmosa, em que o cosmopolitismo dos envolvidos dá um ar irresistível, levemente europeu e refinado, na melhor tradição da comédia romântica como gênero cinematográfico." (Demetrius Caesar)
Inferior ao filme original, no qual se baseou, o maior destaque vai mesmo para Abigail Breslin.
''No início deste ano, Abigail Breslin tornou-se uma das mais jovens indicadas ao prêmio de melhor atriz coadjuvante da história do Oscar: apenas dez anos de idade. O reconhecimento veio por Pequena Miss Sunshine, filme no qual a garota não se intimidou e brilhou ao ofuscar veteranos de talento inegável como Toni Collette, Alan Arkin e Steve Carell. Pois a pequena fez de novo. Menos de um ano depois, Breslin é o que Sem Reservas, nova comédia romântica enlatada de Hollywood, tem a oferecer de melhor. O filme conta a história de Kate, chef de um restaurante e conhecida tanto por seu talento culinário quanto por sua personalidade forte. Praticamente sem vida pessoal, Kate vive para o restaurante. Sua rotina muda quando um imprevisto faz com que Zoe, a sobrinha de dez anos, se mude para seu apartamento. O relacionamento das duas é problemático, até que surge Nick, um novo chef no restaurante. A princípio receosa quanto às intenções dele, Kate acaba, aos poucos, cedendo ao perceber que ele pode ajudar tanto o relacionamento com a sobrinha quanto a si própria. ''Sem Reservas'' é a refilmagem de Simplesmente Martha, uma produção alemã de 2003. Assisti ao filme original na época de seu lançamento e, confesso, tenho poucas lembranças da obra. De certa forma, isto é até bom, pois permite uma análise exclusiva do filme norte-americano, evitando qualquer espécie de comparação entre os dois. Mas, pelo que recordo de Simplesmente Martha, posso afirmar com propriedade: Sem Reservas é um filme muito mais fraco. O que era um agradável romance com toques dramáticos virou uma comédia romântica sem imaginação e ousadia. O diretor Scott Hicks opta por não correr riscos e segue passo a passo o manual do gênero. A estrutura narrativa é absurdamente previsível para qualquer um que já tenha assistido a uma comédia romântica: o espectador sabe exatamente como será a trajetória tanto do relacionamento entre Zoe e Kate quanto daquele entre Kate e Nick. Mas se o esqueleto do roteiro de Carol Fuchs segue a fórmula clichê, ao menos oferece consegue fazer o espectador acreditar na evolução dos sentimentos dos personagens. Em outras palavras, a afeição de Kate por Nick é gradual e a platéia realmente entende porque uma mulher fechada para si mesma poderia se apaixonar pelo expansivo chef. O mesmo ocorre no conflito entre Kate e Zoe, que não dá saltos abruptos, respeitando o desenvolvimento dos personagens. Ao mesmo tempo em que acerta nestes pontos, a o roteiro erra ao inserir subtramas desnecessárias, que em nada acrescentam à história. É o caso, por exemplo, do enredo com o vizinho apaixonado de Kate e com o psiquiatra; apesar do objetivo claro em oferecer algo mais sobre o passado e personalidade da protagonista, estes personagens apenas só servem para alguns minutos a mais de projeção que poderiam muito bem ser cortados. Da mesma forma, Sem Reservas ainda decepciona em seu final, adotando soluções rápidas e fáceis demais para os conflitos, como a reconciliação entre Kate e Nick. Enquanto isso, Catherine Zeta-Jones não chega a brilhar aos olhos dos espectadores, mas convence como a mulher com medo de se relacionar. Já Aaron Eckhart entra em cena com destaque, acrescentando energia ao filme no papel do imprevisível Nick, mas perde sua força à medida que Sem Reservas se desenrola. Como se não bastasse, Zeta-Jones e Eckhart não encontram aquela química capaz de contagiar a platéia e, se é possível compreender os motivos pelos quais estas pessoas deveriam ficar juntas, jamais se chega a torcer para isso. Mas Abigail Breslin funciona maravilhosamente e faz o resto funcionar. A capacidade de tornar um filme mais interessante graças à sua atuação é digna de grandes atores e, enquanto em Pequena Miss Sunshine o material ajudava, em Sem Reservas a pequena garota consegue tornar-se o principal atrativo. Breslin tem a habilidade de conseguir ser adorável e real ao mesmo tempo, mostrando timing cômico e ótima presença nas cenas dramáticas. Com uma das mais convincentes expressões de choro do cinema americano, a atriz torna-se o verdadeiro núcleo do filme, tornando convincente não apenas o relacionamento de Zoe e Kate, mas também o de Kate e Nick. É uma pena, portanto, ver a acomodação de Scott Hicks na narrativa. Um cineasta que conheceu os holofotes com o ótimo Shine – Brilhante poderia ter arriscado mais. Não arriscou e Sem Reservas é uma comédia romântica irregular, com diversas falhas e clichê, mas que ainda mantém alguma qualidade. A maior delas é solidificar a carreira de Abigail Breslin, uma garota que, a cada trabalho, deixa de ser apenas uma gracinha para se firmar como uma verdadeira atriz." (Silvio Pilau)
"Sem Reservas" acompanha a vida de Kate Armstrong (Catherine Zeta-Jones), uma das mais renomadas chefes de cozinha de Manhattan. Bastante disciplinada, a mulher costuma viver da mesma maneira como comanda a sua cozinha, ou seja, de uma forma muito perfeccionista e controladora. Com a sua irmã tendo morrido em um acidente de carro, Kate se vê obrigada a cuidar de sua sobrinha, Zoe (Abigail Breslin), uma menina de apenas nove anos de idade. Vivenciando uma mudança significativa em relação ao que era acostumada, Kate ainda tem que lidar com o novo chefe Nicholas Palmer (Aaron Eckhart), com quem passará a dividir a cozinha do restaurante onde trabalha por algum tempo. Totalmente diferente da mulher, Nick está sempre sorrindo e possui características que evidenciam sua vivacidade e alegria. O que anteriormente era apenas rivalidade, tornou-se romance, e Kate se vê apaixonada, de certa forma, por seu companheiro de trabalho. Com o passar do tempo, a chefe notará que terá que aprender a lidar com o seu jeito controlador se realmente quiser ser feliz ao lado de Zoe e Nick. Confesso que não assisti à Simplesmente Martha, filme no qual “Sem Reservas” é baseado. Esta primeira produção pode até ter sido bem-sucedida em seu gênero, no entanto, a segunda simplesmente não convence como comédia romântica. Notavelmente, o longa-metragem até procura trazer um pouco de diversão para quem está o assistindo, todavia os raros toques engraçados do roteiro não são capazes de dotar o projeto de um mínimo potencial humorístico. As roteiristas Carol Fuchs e Sandra Nettelbeck não demonstraram muita afinidade, dificilmente conduzindo a história da maneira pedida. Prolongando-se demais em situações desnecessárias, a trama torna-se enfadonha e demora para atingir o suposto clímax, fato o qual faz com que o espectador sempre espere por uma mudança que parece nunca chegar. Mesmo sendo repleto de ocasiões previsíveis, o filme poderia usar de sua trama simpática para conquistar os espectadores, todavia o exagero nas nuances dramáticas prejudica este quesito. Ao optar por englobar histórias complicadas, como a morte da mãe de Zoe, o longa-metragem abriu um leque de um possível aprofundamento em alguns quesitos dos personagens. Todavia, por abordar de maneira superficial as histórias, impossibilitou que o público entendesse as motivações dos personagens e não passasse a simpatizar com eles. Priorizando conduzir o longa-metragem de uma maneira séria e não descompromissada, o diretor Scott Hicks não demonstra firmeza para levar a história, optando, certas vezes, por muitas montagens, fato o qual parece ser um pouco confuso. Além disso, o cineasta não mostrou possuir afinidade com o elenco, uma vez que, embora sejam utilizados atores de ótimo nível, estes simplesmente não funcionam em conjunto. A leveza necessária para esse tipo de produção não foi alcançada por Hicks, que não conseguiu realçar de forma satisfatória as ocasiões que beiravam um maior potencial humorístico. Também, a utilização de melodias compostas por Philip Glass fez com que o longa ganhasse ainda mais um tom exagerado e pesado. Ao contrário do que essa minha afirmação possa parecer, acredito que Glass consiga compor ótimas trilhas, a exemplo das mais recentes encontradas nos filmes As Horas e O Ilusionista, todavia a de “Sem Reservas” simplesmente não foi adequada, concedendo maior profundidade a cenas simples. Vale ressaltar que os trabalhos de Glass estão ficando cada vez mais parecidos uns com os outros, sendo difícil aqueles que já ouviram algumas de suas composições não associarem a trilha de “Sem Reservas” ao nome do compositor. Mesmo que tenha disposto de atores renomados, o elenco não foi capaz de convencer os espectadores mais interessados. Contando com uma química quase nula, Catherine Zeta-Jones e Aaron Eckhart não ajudam o andamento do filme, o que possibilita ainda mais que a produção receba um tom enfadonho e parado. Os dois até funcionam de maneira correta ao estarem separados, no entanto, juntos, são uma negação. Catherine consegue compor uma personagem controladora e centrada apenas no trabalho, convencendo o público e fazendo inclusive que este simpatize com ela. Ao tornar-se visivelmente mais bonita com o decorrer do filme, uma aproximação maior do espectador com a personagem é criada, fazendo com que aquele passasse a torcer para um desfecho feliz. Eckhart, por sua vez, faz de Nicholas o homem pelo qual é difícil não se apaixonar. De fato, o ator captou a alma do personagem, sempre sorridente e de bem com a vida. Pena o seu trabalho não ter recebido tanto destaque quanto merecia. Abigail Breslin notavelmente possui talento, no entanto, talvez por Zoe ser a mais reduzida do roteiro, não teve oportunidade de demonstrar o que é capaz. “Sem Reservas” pode decepcionar quem espera assistir à uma comédia romântica. Com situações previsíveis, o filme não se mostra o melhor exemplar do gênero, trazendo mais cenas dramáticas do que necessário. Contando com um casal de protagonistas que não possui química suficiente, o filme não faz com que o espectador crie um certo laço de cumplicidade e simpatia com os personagens, quesito o qual torna-se bastante significativo em produções deste estilo. São evidenciadas mais do que suficiente algumas características, como a pesada trilha sonora, e deixadas de lado outras mais simples. Um potencial mais tranqüilo e descompromissado era necessário para o diretor Scott Hicks, que dotou o filme de um aspecto monótono. Certas vezes, o público em geral até se agrada com clichês, no entanto, os contidos em “Sem Reservas” apenas farão com que os espectadores que foram conferir o filme saiam insatisfeitos." (Andreisa Caminha)
Castle Rock Entertainment Storefront Pictures (uncredited) Village Roadshow Pictures WV Films III Warner Bros.
Diretor: Scott Hicks
54.587 users / 2.215 face
33 Metacritic
Date 05/05/2015 Poster - ##### - DirectorJoseph VilsmaierStarsDominique HorwitzThomas KretschmannJochen NickelThe story follows a group of German soldiers, from their Italian R&R in the summer of 1942 to the frozen steppes of Soviet Russia and ending with the battle for Stalingrad.[Mov 07 IMDB 7,5/10] {Video/@@@@}
STALINGRADO - A BATALHA FINAL
(Stalingrad, 1993)
''Segunda Guerra Mundial, 1942. O filme traz um retrato da Batalha de Stalingrado, uma das mais sangrentas da história. Um pelotão alemão avança em território soviético. A história é centrada em quatro soldados alemães e através deles são mostrados os horrores da guerra, o medo, a esperança e todas as emoções dos combatentes envolvidos." (Filmow)
B.A. Produktion Bavaria Film Perathon Film-und Fernsehproduktions GmbH Royal Film
Diretor: Joseph Vilsmaier
22.297 users / 2.238 face
Date 02/06/2015 Poster - ##### - DirectorAndrei TarkovskyStarsNatalya BondarchukDonatas BanionisJüri JärvetA psychologist is sent to a station orbiting a distant planet in order to discover what has caused the crew to go insane.[Mov 07 IMDB 8,1/10] {Video} M/90
SOLARIS
(Solyaris, 1972)
TAG ANDREI TARKOVSKI
{inteligente / grandioso}Sinopse
''Solaris é um planeta distante, que vem sendo constantemente estudado há décadas, e cujo mistério sobre seu oceano ainda não foi esclarecido, nem seus efeitos. Por falta de interesse e resultados, a solarística está morrendo; aliado a isto, os membros na estação espacial que orbita o planeta estão sendo afetados pelo oceano. Por conta disto, o psicólogo Kelvin - conhecido de um dos doutores da solarística e amigo de um dos tripulantes - é mandado para a estação para averiguar a situação. Lá, ele percebe aos poucos que Solaris é, mais que um planeta, um espelho da alma.''
"Uma boa pedida para quem acha 2001, de Kubrick, uma bobagem no espaço." (Demetrius Caesar)
"Tarkovsky encontra no gênero novas possibilidades para expressar suas metáforas, em viagens internas que questionam as divergências entre o real e o imaginário. É a ficção-cientifica interior e a materialização do pensamento na alma humana." (Vlademir Lazo)
"Tematicamente ambicioso, levanta uma série de reflexões de cunho filosófico, desenvolvendo-as com imagens hipnóticas. No entanto, a longa duração e a limitação de espaço acabam cansando, mesmo para um filme intencionalmente lento e contemplativo." (Silvio Pilau)
"É um filme muito difícil de ser analisado em sua totalidade. Parece que quanto mais é desvendado, mais se torna enigmático. Uma obra que de força descomunal que vai se tornando aos poucos cada vez mais gigante na memória." (Heitor Romero)
''Em diálogo com o diretor russo Andrei Tarkóvski - reproduzido no filme Tempo de Viagem -, o roteirista Tonino Guerra afirma não crer na reprodução de quadros e na tradução de poesia: "a arte é muito ciumenta, exige que se chegue até ela." A arte cinematográfica, que pode e deve ser reproduzida com qualidade, como é o caso nestes dois lançamentos da Versátil, poucas vezes terá exigido tanto (e garantido tão compensadores retornos) de nossa disponibilidade estética e espiritual como nos filmes do cineasta. Não por acaso, Nostalgia inicia-se pelo desejo de ver de perto um belo quadro, pouco acessível em uma antiga igreja perdida num campo italiano. Ver e rever seus filmes pode confrontar a dessacralização e o imediatismo consumista de nossos hábitos cinéfilos. O volume da excelente coleção A Arte de..., que repõe em circulação (em cópias restauradas) quatro filmes de Tarkóvski, destina-se a esses fundos mergulhos e soma-se a iniciativas que têm renovado o interesse e alcance de sua reduzida mas potente filmografia: a retrospectiva de filmes (de e sobre ele), em 2012, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo; o belo livrinho com as suas delicadas polaróides (Tarkóvski - Instantâneos); as edições brasileiras dos seus Diário 1970-1986 e do roteiro de seu último longa, O Sacrifício e, no âmbito acadêmico, os Cadernos de Pesquisa Kinoruss nº 1: Tarkovskianas. Por outro lado, as marcas de seu cinema se fazem sentir em filmes de grandes diretores: das paisagens metafísicas do conterrâneo Sokurov à atmosfera de silêncios que habita os filmes do turco Nuri Bilge Ceylan, passando pela rica seiva poética que alimenta a trama e os ramos da Árvore da Vida do americano Terrence Malick. A caixa traz filmes estrategicamente selecionados, que compõem leitura instigante e pouco óbvia de sua obra: de seu primeiro longa, A Infância de Ivan, marco de sua afirmação autoral, forjada por dentro da moldura de filme "de gênero" de guerra, neste caso, passa-se à caleidoscópica estrutura narrativa de O Espelho, seu longa menos visto e conhecido entre nós e o que contém mais forte visada autobiográfica. Daí, chega-se ao ápice da arte tarkovskiana com Nostalgia e o referido Tempo de Viagem (codirigido com Tonino Guerra), ambos realizados na Itália em 1983, no início de seu exílio (tornado definitivo) da União Soviética: nos livres desvãos ensaísticos do documentário já estão em jogo os elementos que Tarkóvski descobriu em si mesmo em viagem e fez inscrever no tempo fílmico de Nostalgia. Neste, a pura experiência da presença e ação de complexos sentimentos e modos de estar-no-mundo toma o espectador por completo, sem recorrer a desgastados esquemas representacionais e dramatúrgicos. O pacote russo completa-se com a requintada edição limitada de "Solaris'', a primeira das duas desestabilizadoras incursões do cineasta pelo universo da ficção científica, que se consumariam de modo ainda mais radical em "Stalker", de 1979." (Roberto Alves)
Solaris, de Andrei Tarkovsky, é uma boa pedida para quem acha 2001, de Kubrick, uma bobagem no espaço.
*
''Estranho esse cidadão, o Andrei Tarkovsky. Metido com ocultismo, fez apenas seis longas metragens (ao todo, apenas nove projetos em 24 anos de carreira) antes que um câncer de pulmão o matasse aos 64 anos deixando a Rússia sem o seu maior cineasta desde Sergei Eisentein. Dizia que dirigir era esculpir o tempo: para Tarkovski, o espectador vai ao cinema com a intenção de encontrar o tempo perdido, essencial para a construção da personalidade do homem. Quem vê os filmes de Tarkovsky vive uma experiência de ordem temporal, momento íntimo e pessoal com o universo desse artista que foi longe, muito longe na arte cinematográfica. De sua rica e atribulada carreira, coroada de sucessos e prêmios (18 deles listado no IMDB, sendo três deles em Cannes e um em Veneza), talvez o filme menos elogiado dos seus filmes seja este Solaris (1972), mas com razão. O filme anterior, Andrei Rubolev, havia sido banido da Rússia pelas autoridades comunistas e praticamente desapareceu do mapa (o filme foi feito com dinheiro estatal) pelo conteúdo crítico ao regime soviético. Tarkovsky filmou Solaris sob pressão e sofrendo censura, de forma que, dentre seus filmes, é talvez o menor. É, no entanto, seu maior sucesso comercial, o que lhe abriu as portas para platéias vastas em todo o mundo e de financiamento internacional (ou seja, liberdade artística), além de ter vencido o Grande Prêmio do Júri em Cannes. Tarkovsky usou seus longos e impecáveis planos-seqüências, de imagens irretocáveis e belíssimas, para conduzir essa enigma por vezes brilhante, conhecido como a resposta russa a 2001 – Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick (Tarkovsky disse que não havia visto o filme antes da realização de Solaris). A história é magnífica: um psiquiatra é enviado ao espaço para tentar entender o comportamento dos astronautas (um deles havia cometido suicídio) quando se aproximam de um planeta recém-descoberto, Solaris. O estranho mar do corpo celeste teria um certo tipo de inteligência capaz de recriar a memória dos humanos, de forma que o médico tem a chance de rever sua mulher morta anos antes. Solaris, o filme, é baseado no best-seller homônimo de Stanislaw Lem, autor de ficção científica russo. É baixa literatura, mal escrita e sem força – ler o livro é uma grande decepção, apesar do grande achado da estória. Existem mil maneiras de se analisar o filme, tamanha a sua riqueza, e a obra de Tarkovsky foi esmiuçada por intelectuais da academia, que mobilizaram seus livros, pensadores e todo o aparato intelectual disponível para tentar decifrar as enigmáticas imagens. O resultado é que Tarkovsky hoje, em vez de mais acessível, tornou-se ainda mais impenetrável do que já era. Não se intimide, pois, o espectador, ante a esfinge cinematográfica do cineasta russo. Ver seus filmes pode ser sim uma atitude prazeirosa, desde que se aceite o jogo proposto, o que não é fácil. O início do filme é um interminável travelling pela casa de campo à beira do lago onde morava o psiquiatra, visivelmente atormentado pela morte da esposa e engolfado na solidão. As imagens tentam mostrar essa situação angustiante com belas imagens submarinas explodindo em detalhes no enorme cinemascope colorido do diretor. Essa abertura dá todo o tom do filme, lento, angustiante, muito belo, indecifrável. Na ida para a estação espacial, Tarkovsky filma o carro andando pelas ruas e túneis de Moscou. A cena dura vários minutos e é um carro andando em direção ao aeroporto. Tarkovsky mistura imagens preto-e-branco e coloridas de uma forma um tanto gratuita, que chega a incomodar um pouco, inserindo longos vídeos, de gente que sofreu a experiência de Solaris, contando como é ver uma memória reaparecer na sua frente. O filme sem dúvida dá um salto quando, uma vez sob o efeito do mar de Solaris, a mulher do psiquiatra aparece, primeiro de soslaio, depois de viva voz, e o psiquiatra a mata – ele vai matá-la outra duas vezes – e ela volta. Mas ela não voltará para sempre: depois de fazer uma encefalografia, nenhuma memória volta. Ou talvez, pelo fato de ter sido a terceira volta da mulher: após cada morte, o mar vai perdendo sua força, os mortos-memória voltam enfraquecidos, até que desaparecem, para desespero dos tripulantes. Uma das mais belas cenas é quando o psiquiatra mata a esposa depois de uma briga congelando-a com oxigênio líquido, só para vê-la ressuscitar. É quando ficamos sabendo da razão da morte dela, o suicídio. Uma vez de volta, a esposa o acusa de ter sido distante e mesquinho, de ter esfriado a relação dos dois e de competir com ela em tudo. Não se sabe se seria ela falando ou o psiquiatra remoendo seus remorsos. É quando Tarkovsky nos dá a belíssima cena do jantar romântico, com todos os móveis e recordações do psiquiatra (incluindo um cachorro que ele teve na infância) voando sem gravidade pela sala, inclusive ela, que ele carrega nos braços e coloca no lustre. Vestidos de terno e gravata para o jantar, comendo boa comida e bebendo bons vinhos (no espaço sideral!), os astronautas discutem filosofia e os limites da ciência, a fugacidade da vida e principalmente a tristeza de quando suas memórias-vivas, já sem a força do mar de Solaris, se despedem e vão embora. O psiquiatra se despedirá de sua mulher em grande estilo. Steven Soderbergh refilmou Solaris com George Clooney 30 anos depois. Se Tarkovsky fez um filme típico dos anos 70, com alusões política e muita psicanálise, Soderbergh fez um filme típico dos nossos tempos, ou seja, com muita diluição e facilidades. Nada de discussões filosóficas; a metragem original, de duas horas e quarenta, foi reduzida para confortáveis uma e meia; tudo que é enigmático e soturno no filme original transforma-se em claro e objetivo no segundo. Curiosamente funciona. Primeiro que os efeitos visuais, de bom gosto, fizeram o mar de Solaris tornar-se uma bela rede elétrica movida a jazz (da trilha sonora). Segundo, Soderbergh tem estofo intelectual para refilmar um Tarkovsky menor. Seus bons atores e sua direção segura fazem diferença. Se seu diluído ''Solaris'' não é um grande filme, também não é mau filme e não envergonha ninguém. Afinal, as mesquinharias e franquezas humanas não mudam, e o mar de Solaris pode revivê-las de maneira cruel e ambígüa, em qualquer tempo, em qualquer lugar." (Demetrius Caesar)
Filho de Tarkóvski diz que polaroides são "dolorosas".
*****
''O pequeno Andrei costumava ter longas caminhadas com o pai pelas florestas da região de Myasnoye, a 80 quilômetros de Moscou. Subiam o rio Kashirka, sempre parando para olhar a bela paisagem e conversar. Naquele momento, o sobrenome do pai, Tarkóvski, não fazia diferença para o filho. Andrei Tarkóvski, naquele momento, não era o cineasta famoso. Era apenas o pai de Andrei Jr. Seu lado diretor só se revelava ao filho quando apontava a polaroide para alguma cena que o agradava, seja o pequeno Andrei brincando com o pastor alemão da família, Dak, seja Larissa, a matriarca da família, segunda esposa de Tarkóvski, em algum afazer doméstico. Ele tentava passar a maior parte do tempo comigo, mas precisava trabalhar em seus filmes, recorda-se o filho, agora com 42 anos e responsável por cuidar do legado do pai, morto em 1986, vítima de um câncer de pulmão. Entre esse legado, há cerca de 300 fotografias polaroides tiradas entre 1979 e 1984, capturando a intimidade de Tarkóvski com o filho na casa de campo durante seus últimos meses na então União Soviética e o início do exílio na Itália, onde filmaria Nostalgia. Parte delas estará em exposição no Masp a partir da próxima quarta-feira. Essa exposição no Brasil é importante, porque não sabemos por quanto tempo essas fotos aguentarão o passar do tempo. Em alguns anos, elas podem não existir mais. As polaroides, contudo, possuem um significado especial para o menino que ficou em Moscou com a avó, pois só os pais tinha permissão do governo para viajar. Essas imagens são tristes e dolorosas. São os últimos momentos entre pai e filho, conta Tarkóvski. Meu pai previu o próprio destino. Não era bem previsão. Tarkóvski era um homem inteligente. Sabia que não duraria muito tempo sob a Cortina de Ferro comunista. Seus filmes eram censurados, cortados ou simplesmente não eram exibidos em sua terra natal. O financiamento do Goskino, o comitê estatal de cinema, minguava. Mas meu pai nunca fez nenhum projeto que comprometesse sua visão. Ele não buscava fama ou dinheiro. Seus filmes eram buscas espirituais, exalta Andrei. Fora das fronteiras soviéticas, o reconhecimento era vasto. A Infância de Ivan" ganhou o Leão de Ouro em Veneza, em 1962. Depois, Tarkóvski venceu prêmio da crítica e do júri em Cannes por Solaris, Nostalgia e O Sacrifício. O êxito profissional não aplacava a dor de estar longe do filho. Nos quatro anos longe, ele me ligava todos os dias, recorda-se Andrei, que só recebeu permissão para ver o pai no leito de morte, em Paris, em janeiro de 1986. Ninguém me contou, porque eu estava viajando. Não sabia da doença do meu pai, diz o filho. Um dia antes de encontrá-lo, me falaram que ele estava com câncer de pulmão. Foi terrível.Os dois ficaram separados por quatro anos e só tiveram meses para recuperar o tempo perdido. O cineasta russo morreu em dezembro de 1986. Claro que isso ainda me dá raiva. Mas não da Rússia, e sim do sistema, afirma ele. Isso acabou com qualquer ilusão minha em relação aos políticos. Dirigindo o Instituto Internacional Andrei Tarkóvski, em Florença, cidade que recebeu seu pai assim que deixou Moscou, Andrei teve a oportunidade de crescer nos sets de O Espelho e Stalker. O que mais me impressionava era a concentração de todos, lembra. Meu pai ia para as filmagens querendo criar uma obra-prima, mesmo que não falasse tal coisa. E isso contaminava todos os atores e membros da equipe. Andar ao lado de Georgi Rerberg, um dos grandes nomes da direção de fotografia, e do próprio pai, deixou Andrei exigente. O tempo do cinema moderno não é o tempo dos homens. É uma grande distração das verdadeiras questões que temos sobre fé e sobre nossas vidas, filosofa. Andrei Tarkóvski não poupa nem mesmo o remake de "Solaris", dirigido por Steven Soderbergh em 2002. É muito chato e longo. Por que fazer algo que você não entende?, questiona ele. Por isso que foi um fracasso. Eu preferia ver um remake de ''Solaris''', mas baseado diretamente no livro. Acho que faria sucesso nos Estados Unidos." (Rodrigo Salem)
1972 Palma de Cannes
Top Ficção Científica #15
Creative Unit of Writers & Cinema Workers Kinostudiya ''Mosfilm'' Unit Four
Diretor: Andrei Tarkovsky
47.710 users / 5.530 face
8 Metacritic
Date 25/07/2015 Poster - ######## - DirectorLeos CaraxStarsMichel PiccoliJuliette BinocheDenis LavantAs a deadly virus which infects people who have loveless sex sweeps Paris, a lonely pariah attempts to steal a potent antidote, only to fall for the mistress of his partner-in-crime. Is the infectious young love the cure to the bad blood?[Mov 10 Favorito IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@} M/74
SANGUE RUIM
(Mauvais Sang, 1986)
TAG LEOS CARAX
{inesquecível / romântico}Sinopse ''Com toques de cinema noir , esta ficção científica gira em torno de uma estranha epidemia que se espalha pelo país, chamada STBO. A doença é transmitida através do sexo, mas apenas do sexo sem compromisso, sem vínculo afetivo. Um remédio foi desenvolvido, mas é inacessível. Marc (Michel Piccoli), um homem desesperado e cheio de dívidas, é contratado para roubar a fórmula de um prédio do governo. Ele pede ajuda a Alex (Denis Lavant), um adolescente que se sente atraído por duas mulheres: Lise (Julie Delpy), sua namorada, e Anna (Juliette Binoche), amante de Marc.''
''O tardio lançamento comercial de Boy Meets Girl e "Sangue Ruim" valida a crença de que só o tempo justifica ou refuta os entusiasmos de outrora. Quando o nome do cineasta francês Leos Carax apareceu, há três décadas, veio acompanhado de uma consagração imediata. Dois anos depois, seu segundo longa foi saudado, por crítica e público cinéfilo, como a confirmação de que ele seria a versão atualizada do que Godard, Truffaut e os asseclas da nouvelle vague representaram nos anos 1960. O culto, porém, esfacelou-se quando a produção catastrófica de Os Amantes da Ponte Neuf converteu o gênio de primeira hora em artista financeiramente maldito. Sua carreira entrou em parafuso, e ele só se reabilitou em 2012 com o impacto temporão de Holy Motors. Boy Meets Girl manteve seu vigor de estreia, em parte por ser aquele tipo de primeiro trabalho em que o artista brinca com as influências e ao mesmo tempo impõe uma abordagem única. O filme ironiza todas as histórias de amor, como se duvidasse da possibilidade de voltar a um tema tão batido. Em vez da linearidade que culmina no final feliz, Carax encena fragmentos românticos, promessas que ficam incompletas, dores que sempre duram mais que os amores. A fotografia em preto e branco, além de objetos como telefones em carros, fliperamas e discos de vinil projetam o filme num passado intemporal. Esses anacronismos, por fim, reafirmam a representação do amor romântico, um ideal ao mesmo tempo eterno e ultrapassado. Já o efeito contrário torna "Sangue Ruim" um filme bastante datado. A mescla de uma obscura trama policial com o tema do amor impossível sofre com o excesso de preocupação com a imagem. A opção pelo decorativismo fez Carax ser incluído na turma de Luc Besson e Jean-Jacques Beineix, diretores adeptos de um cinema hiperestilizado. Hoje, tal escolha deixa o filme com a aparência de um catálogo de efeitos, algo como uma revista de moda de coleções ultrapassadas." (Cassio Starling Carlos)
{É a lei da composição (cinematográfica) – uma imagem é feita de várias imagens; e é uma lei de subtração – uma imagem é feita do luto de uma outra imagem} (ESKS)
''(Re)visitar os dois longas-metragens de estreia de Leos Carax, Boy Meets Gi e "Sangue Rui", trinta anos após o lançamento do primeiro, e pouco tempo após o lançamento de Holy Motors – a experiência de bricolagem mais sincrética já realizada – depois de conhecermos os rumos tomados por uma linha histórica do cinema em suas aspirações formais, suas proposições artísticas e espirituais, sua sensibilidade, torna-se quase impossível não se pensar em Carax como um avant la lettre, um dos (senão o) principais precursores de temas e motivos plásticos recorrentes no cinema mundial pós-1990, um elo mais interrompido do que perdido (devido às inúmeras dificuldades de realização que encontrou durante sua carreira, apesar de sempre ter tido seus méritos artísticos reconhecidos no meio cinematográfico) entre a geração da Nouvelle Vague e, por exemplo, as imagens radiosas de Kar-wai ou Tarr, ou a construção por lacunas de Denis. Sem o ser (pois não poderia ser, pois já não faria sentido ocupar um lugar que já não pode existir), ou indiretamente o sendo, o cinema de Carax se afirmou como um ponto de referência desta nau, um norte comum a uma geração que assimilou tão bem sua lição ao ponto de saber que já não poderia haver mestres, ou que já havia mestres demais. No ensaio O plano ausente: a poética de Nicholas Ray, Jacques Ranciére comenta o trabalho de sinédoque que Ray realiza em They Live by Night, revelando a personagem feminina por quem Bowie (Farley Granger) se apaixona: É a lei da composição (cinematográfica) – uma imagem é feita de várias imagens; e é uma lei de subtração – uma imagem é feita do luto de uma outra imagem. Criticando a fenomenologia baziniana e defendendo os mecanismos de montagem, o filósofo francês explica como a imagem da perfeição (que Ray associaria à publicidade do american way of life) está ausente – ela é constituída pela soma do todo, e o exemplo cabal disto poderia ser verificado quando Ray introduz Keechie (Cathy O’Donnel) lentamente, sem um grande momento de deslumbre. Boy Meets Girl e Sangue Ruim (principalmente este último) conjuram um pouco do universo de They Live By Night, da trama aos temas narrativos e à iluminação, mas o exato oposto pode ser dito sobre a forma como constrói sua beleza. Quando introduz a personagem de Mireille Perrier em Boy Meets Girl, Carax o faz com uma imagem fixa dela sentada com a expressão moribunda e choramingona. Ela está estática e, durante aproximadamente quinze segundos da tomada, ela não pisca (provavelmente seguindo ordens do diretor). Na longuíssima cena de Sangue Ruim, em um quarto escuro onde surge uma cumplicidade amorosa entre Lavant e Binoche, também há uma imagem dela, deitada à cama, estática, sem ação. Quadros como estes, em que a composição é realçada e se joga sobre nós exigindo que nos atentemos às linhas e cores, são comuns nestes dois filmes (e nos posteriores também, porém aqui de forma mais vívida e chamativa). Os corpos estáticos e a pele esbranquiçada, como que de cera, dos protagonistas remetem às pinturas de Hopper (como Chop Suey ou Escritório à Noite) por conta destas formas “exageradas”, versando sobre a solidão contemporânea, procurando pelo estilo mais do que pela mise en scène, para que, assim, possamos senti-la. Não é que a soma das imagens deficitárias do todo construam a noção de beleza através de mecanismos cinematográficos, mas que absolutamente toda imagem deva conter este germe da perfeição; toda imagem deve deslumbrar e nos causar um sentimento que é acima de tudo plástico; toda imagem é uma tábula rasa para criação, e seus limites estão dentro dos limites do quadro, da superfície e dos efeitos que elas podem nos causar. É um cinema pictórico, na medida em que chama atenção mais ao plano do que a algo que poderia emergir da justaposição de imagens; na medida em que a mise en scène é mais criada pela iluminação e o cenário do que pelas emoções dos atores – que são como estátuas vagando por um mundo soturno. Se, em Ray, a soma das partes gerava o todo, em Carax, o todo é espelhado em cada uma das partes. Mas qual é esta sensibilidade que irradia de cada uma destas “imagens perfeitas” (imperfeitas por natureza, mas que expressam perfeitamente uma sensibilidade)? Alain Bergala a definiu como uma sensibilidade maneirista, implicando aí um espírito semelhante àquele que teria motivado artisticamente os pintores pós-renascentistas: o sentimento de haver chegado tarde demais a uma tradição e a vontade de distorcer o modelo através do excesso (narcisista) para criar o novo. É o que nos faz crer a expressão furiosa de Lavant, suas sobrancelhas arqueadas semelhantes a um autorretrato de Pontormo, sua personalidade demoníaca expressa na célebre cena em que, como um zumbi tendo espasmos, dança e corre ao som da canção de David Bowie. O Lavant de ''Sangue Ruim'' é um excelente atirador (um hábil técnico ou artesão) e por isso é convocado. Mas é um jovem abandonado, cheio de ódio contra o pai, tentando mover-se por amor em um mundo que é hostil a ele o tempo todo. O mesmo acontece a Binoche, depressiva, que agarrou-se a um homem mais velho quase como que em um beco sem saída. Vemos os dois isolados no plano, juntos a um fundo negro, diversas vezes em uma cena que dura mais de meia hora, condenados por nascença e sem referências a seguir, como os jovens de They Live by Night. Mas o amor deles é moderno e também o é o cinema de Carax – portanto, incompleto, nostálgico, reprimido, cheio de som e fúria, capaz de distorcer-se a todo instante, e jamais capaz de realizar-se senão enquanto esforço, tentativa, ímpeto, mas sem gerar pastiche, cópias, citações ou mudanças dramáticas de tom (estes trejeitos considerados tão contemporâneos, mas que fogem em absoluto à sensibilidade daquilo que é contemporâneo em sua unidade, isto é, no que o contemporâneo tem de uno). Bergala tem razão em incluí-lo na lista de cineastas maneiristas, mas talvez já seja a hora de afirmá-lo como o mais diretamente maneirista dos maneiristas, ou seja, aquele que assimilou o estilo de forma mais orgânica." (Pedro Henrique Ferreira)
{Eu vivi minha vida como um rascunho sem direção} (ESKS)
"Na entrevista que deu ao repórter no Rio, quando veio apresentar Holy Motors, Leos Carax comentou a parceria com Denis Lavant. Lembrou que tinha 24 anos quando fizeram o primeiro longa, Boy Meets Girl. E já naquela época ele fez de Lavant o seu alter ego. Fiz com que ele perdesse na ficção a mulher por quem estava apaixonado na vida real, a atriz Mireille Perrier. Leos Carax é um desses autores que escapam a classificações. Virou objeto de culto, mas está longe de ser uma unanimidade. Tem gente que até hoje se pergunta o que ele quis dizer com Holy Motors? Carax poderia fazer suas as palavras de Wim Wenders. Cinema não é para entender, é para sentir. Agradeça à Pandora Filmes, que promove hoje a estreia dos dois primeiros longas de Carax, que ele fez com Lavant, em 1984 e 87. Boy Meets Girl, com Mireille Perrier, e Sangue Ruim, com Juliette Binoche (por quem ele também era apaixonado na época). Os dois foram remasterizados e serão exibidos em cópias digitais que foram supervisionadas pelo próprio diretor. Há 30 anos, quando surgiu Garoto Encontra Garota - o mais velho tema do mundo -, Walter Salles saudou a descoberta de Carax como sendo a de um grande cineasta. Antecipou nele o futuro do cinema. Alex Christophe Dupont é seu nome, mas ele adotou o pseudônimo de Alex Carax e, se lhe interessa saber, Carax é um anagrama de Oscar. Pertencente à geração de Jean Jacques Beineix e Luc Besson, Carax foi integrado com eles num bloco que os críticos chamaram de neorrealista. A pós-modernidade seria o elo comum, mas Carax, com o tempo, revelou-se mais denso, menos palatável. E nunca parou de surpreender. Besson virou diretor e produtor comercial, Beineix teve hiatos tão grandes na carreira que, às vezes, ela parece parada. Só Carax persevera no estranhamento. Com Os Amantes do Pont Neuf, também com Lavant e Juliette Binoche, fechou a trilogia de Alex. Apesar do nome igual, Lavant interpreta personagens diferentes em cada um deles. Vieram depois Pola X, com sua cena de sexo explícito (e uma poderosa atuação de Guillaume Depardieu) e Holy Motors, que desconcertou o público e os críticos. O Carax da trilogia e de Pola X investiga o casal no mundo moderno, o de Holy Motors vai ao limite para expor a insanidade do mundo moderno. E sempre, em todos os seus filmes, o cinema, a linguagem, não é só uma ferramenta. É a própria razão de ser. Boy Meets Girl é sobre um pretendente a cineasta que leva o fora da namorada - que o troca pelo melhor amigo - e, em crise, vaga pela cidade enquanto espera a hora de partir para o Exército. Mauvais Sang, ''Sangue Ruim'', é a história de um casal jovem sobre um fundo de criminalidade. Em 1987, os críticos viam o ''Sangue Ruim'' como metáfora não só da vida criminosa como da aids, que virara o pesadelo daqueles dias. Carax, ex-crítico, paga seu tributo à Nouvelle Vague, o movimento de transformação do cinema francês no fim dos anos 1950. Em especial, o filme é cheio de referências a Jean-Luc Godard, que o jovem Carax considerava seu profeta. Mais tarde, ele descobriu que não queria ser influenciado por ninguém, preferindo seguir uma via original. Talvez, para permitir que o público avalie integralmente o cinema segundo Carax, a Pandora devesse trazer os demais filmes do autor. É um cineasta interessado no casal moderno, no que aproxima e afasta as pessoas. E ele ousa - jogou todo o prestígio que adquirira com os dois primeiros filmes (Boy Meets Girl ganhou o Prêmio da Juventude em Cannes) para conseguir que os produtores bancassem Os Amantes do Pont Neuf. Para narrar a historia do casal sem-teto que vive e se ama nos bancos do Pont Neuf, sobre o Sena, Carax fez construir o maior cenário já montado no cinema francês. Saiu caro e o fracasso do filme - cuja produção se estendeu por mais de ano - sedimentou a reputação de maldito de Carax. A provocação - o sexo explícito - de Pola X e logo o episódio Merda de Tokyo!, filme coletivo, fizeram dele o mais excêntrico dos autores franceses. Existem críticos que acham que ele é louquinho como seus personagens. Mas é bom demais, e intrigante." (Luiz Carlos Merten)
1987 César / 1987 Urso de Ouro
Top Ficção Científica #26
Les Films Plain Chant Soprofilms FR3 Films Production Unité Trois Centre National de la Cinématographie Sofima Georges Reinhart Productions Limbo Film As Sogedis
Diretor: Leos Carax
3.943 users / 489 faceSoundtrack Rock
David Bowie
5 Metacritic
Date 16/10/2015 Poster - ######## - DirectorPatxi AmezcuaStarsRicardo DarínBelén RuedaAbel Dolz DovalA father gets into a desperate search to find his children who disappeared while going down stairs from their apartment in the seventh floor.[Mov 03 IMDB 5,8/10] {Video/@@@}
SÉTIMO
(Séptimo, 2013)
TAG PATXI AMEZCUA
{simpático}Sinopse
''Em uma brincadeira com seus dois filhos, Sebastian propõe uma aposta: ser o primeiro a chegar à rua saindo do sétimo andar do prédio em que vivem. Sebastian usa o elevador, e as crianças, Luna e Luca, descem as escadas. Como sempre, o pai chega em primeiro, mas dessa vez as crianças nunca chegam ao térreo. Elas desapareceram dentro do prédio sem deixar vestígios. A partir daí, Sebastian e sua ex-mulher dão início a uma busca frenética para descobrir o que aconteceu com os dois.''
''Suspense protagonizado pelo onipresente Ricardo Darín, "Sétimo", segundo longa do diretor catalão Patxi Amezcua, é mais uma amostra do artesanato eficiente do cinema comercial argentino. Pouco antes de uma importante audiência, um advogado criminalista em processo de separação vai buscar os filhos - uma menina e um menino pré-adolescentes - no apartamento da ex-mulher para levá-los à escola. Ali, no sétimo andar de um prédio em Buenos Aires, vemos ecos do que os levou à separação. Percebemos que foi dela a iniciativa. Ficamos sabendo que ele defende gente de índole duvidosa e que isso era motivo de conflito. Durante uma brincadeira que pai e filhos realizam com frequência, uma corrida para ver quem chega primeiro ao térreo, os filhos, que desceriam de escada, desaparecem dentro do prédio onde moram sem deixar pistas. Os vizinhos parecem pouco entusiasmados na ajuda, e o porteiro, desde o início, é mostrado como um dos principais suspeitos. Seria cúmplice de algo? O que, de fato, aconteceu? Há uma trama maior por trás desse desaparecimento? As perguntas se sucedem, como é regra nos melhores suspenses. Acompanhamos um personagem completamente perdido numa situação que lhe tira o chão. Trata-se da quebra de acontecimentos corriqueiros. Levar os filhos à escola, uma corrida rumo ao térreo (brincamos mil vezes disso, diz o pai), uma senhora que estaciona sempre no lugar errado na garagem do prédio, um comprimido que se deve tomar, são diversas as situações que se repetem dia a dia. E a repetição de procedimentos, pensamos, proporciona o sequestro dos filhos, da mesma maneira que a solução do mistério acontece pela observação de algo que deve ser repetido, e que convém não adiantar aqui. O filme tem problemas. Um deles é que a resolução da trama se torna previsível com mais ou menos meia hora de projeção. No aspecto formal, o filme adere, por vezes, à preguiçosa tendência contemporânea de não se preocupar muito com a câmera, com as diversas distâncias que envolvem a representação e o espaço filmado. Existe, contudo, Ricardo Darín, que faz com que nos interessemos por cada escolha de seu personagem, cada movimento que possa fazer. De seu carisma depende boa parte do sucesso do cinema argentino recente, e é ele quem faz de "Sétimo" uma obra a que vemos sem enfado." (Sergio Alpendre)
Mais um filme decepcionante com Ricardo Darin.
''No Brasil (assim como na Argentina), Ricardo Darin virou sinônimo de grife. Num jornal de grande circulação, leitores queriam saber porque entre 30 títulos citados para o festival, o único que tinha menção de elenco era Séptimo, e a menção era Darin. Campeão de bilheteria certo no circuito alternativo do país, o ator atrai público para comédia, drama, policial, suspense... não importa o gênero, como deve provar mais uma vez as filas que esse novo filme deve provocar. Uma dica: deixem passar esse Darin. Não sei dizer se Darin está deitado nos louros ou se pegou uma maré virada, mas em sequência chegou por aqui um grupo de filmes que não fazem jus ao seu talento; Sétimo é o pior deles, um suspense banal, quando não ordinário, sobre o desaparecimento de um casal de irmãos do prédio onde moram, provocando o desespero de seus pais recém separados. A trama é simples assim, só isso assim, desinteressante assim. O filme literalmente roda em círculos durante 1 hora, enchendo linguiça com explicações cretinas e diálogos didáticos muito mal escritos, com o intuito aparente de provocar furor nas bilheterias; e nos 20 minutos finais, a revelação de um mistério batido e que não interessa a mais ninguém. Darin e sua parceira de cena, a igualmente talentosa Belen Rueda, têm pouco a fazer a não ser emprestar dignidade a um material que não tem nenhuma.'' (Francisco Carbone)
CEPA Audiovisual El Toro Productions Ikiru Films K&S Films Kramer & Sigman Films Telecinco Cinema Televisión Federal (Telefe)
Diretor: Patxi Amezcua
2.757 users / 446 face
Date 25/10/2015 Poster - ##### - DirectorAlex van WarmerdamStarsTom DewispelaereAlex van WarmerdamMaria KraakmanOn his birthday, a hitman reluctantly takes on the easy task of killing a writer, only to find the job a lot more difficult than expected.[Mov 09 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@}
SCHNEIDER VS BAX (unofficial)
(Schneider vs. Bax, 2015)
TAG ALEX VAN WARMERDAM
{violento}Sinopse
''Schneider vs. Bax gira em torno de dois homens, um assassino contratado e um escritor, lutando entre si pela sobrevivência. Schneider, matador de aluguel e um homem de família dedicado, tem um trabalho urgente na manhã de seu aniversário: liquidar Ramon Bax. Bax é um escritor de 50 anos vivendo em uma cabana isolada à beira do lago. O que parece ser uma tarefa simples torna-se mais do que o esperado.''
***
''O quão difícil pode ser assassinar um idoso escritor sozinho em sua casa de veraneio no meio do nada? O assassino profissional, Schneider (Tom Dewispelaere), acreditava que não custaria muito tempo e prontamente retornaria à sua festa de aniversário antes do anoitecer. Naturalmente, nem tudo ocorre como o planejado e o contrato que aceitara com relutância acaba se tornando uma verdadeira odisseia repleta de contratempos, no mínimo, inesperados. Com essa premissa, Alex van Warmerdam, que também atua no papel de Bax, constrói a narrativa de ''Schneider vs. Bax'', recheada de humor negro e situações inusitadas, que certamente tira risadas involuntárias do espectador. Há uma nítida desmistificação da figura do assassino, imagem que o diretor procura desconstruir desde os momentos iniciais, nos mostrando a família de Schneider e como ele não é nada mais que um homem comum. Ao invés do infalível profissional, temos um homem passível de erros e total escravo de eventualidades que se fazem fortemente presentes na trama. O roteiro, portanto, ocupa seu trecho inicial a fim de apresentar esse personagem central para seu desenvolvimento. O que segue é, portanto, uma mostra da outra parte, o ponto de vista de Bax, que tem de lidar com uma filha depressiva, uma namorada explosiva e um pai tarado. É essa dinâmica entre personagens tão contrastantes que cria o singular humor de Warmerdam que, em geral, se estabelece com inúmeras quebrar de expectativas. As situações impensáveis que assistimos, porém, cumprem muito mais que nos causar risadas - constroem cuidadosamente a personalidade de cada um dos indivíduos presentes em tela. Vez após outra somos surpreendidos com o cuidado do texto em garantir a profundidade de seus personagens centrais - Schneider, Bax e sua filha, Francisca (Maria Kraakman). Esta última é a que mais nos chama a atenção, passando de uma frágil figura para uma mulher forte e independente, cuja personalidade é tão bem formada que torna perfeitamente plausível o inusitado clímax que, digamos de passagem, é genial e deveria ser a última cena da obra. Também através de Francisca é que se torna clara a ênfase do filme na banalidade da morte, em nenhum ponto enxergamos o fim de alguém como algo traumático ou até mesmo dramático e sim com uma espantosa naturalidade que, por mais que se encaixe dentro da proposta, nos faz nos perguntarmos se não estamos diante de completos psicopatas. A estética do longa se apoia nesse foco, nos trazendo imagens em tonalidades frias, com cores apagadas mesmo quando a tela está repleta de árvores. O céu nublado é uma constante e perfeitamente reflete a falta de ânimo de cada um dos personagens. A casa do escritos é o que torna tudo isso mais evidente, sendo quase um monólito branco perdido no meio de um pântano. Dessa forma enxergamos o verdadeiro foco do diretor ao compor esse exótico quadro. Nenhum dos personagens ali presentes gostaria de estar ali, criando, portanto, uma aura constante de cansaço, que, naturalmente, passa para o espectador. Assim como os indivíduos que enxergamos em tela, nos sentimos exaustos com todos os acontecimentos do texto, ao ponto que não sabemos para quem torcer, apenas para que a situação em questão seja resolvida. Esse fator apenas prova o bom trabalho de cada um dos atores, que trazem características únicas para seus personagens, tornando cada um deles cativante. Minha única ressalva em relação a ''Schneider vs. Bax'' é justamente a forma como seu desfecho é conduzido, especialmente quando poderia ter sido deixado em um delicioso e provocativo final aberto, escolha que apenas solidificaria nossa percepção de Maria Kraakman como a verdadeira estrela da obra. Mesmo com esse deslize, porém, trata-se de um criativo filme que foge dos padrões que temos em mente quando nos deparamos com uma obra centrada em assassino(s).'' (Guilherme Coral)
Graniet Film BV CZAR Mollywood (in co-production with) Verenigde Arbeiders Radio Amateurs (VARA)
Diretor: Alex van Warmerdam
747 users / 223 face
Date 25/11/2015 Poster - ####### - DirectorTom McCarthyStarsMark RuffaloMichael KeatonRachel McAdamsThe true story of how the Boston Globe uncovered the massive scandal of child molestation and cover-up within the local Catholic Archdiocese, shaking the entire Catholic Church to its core.[Mov 06 IMDB 8,3/10] {Video/@@@@} M/93
SPOTLIGHT - SEGREDOS REVELADOS
(Spotlight, 2015)
TAG TOM MACCARTHY
{inteligente}Sinopse
''Spotlight - Segredos Revelados" conta a verdadeira e fascinante história da investigação ganhadora do Prêmio Pulitzer feita pelo jornal Boston Globe, que viria a abalar a cidade e causar uma crise em uma das instituições mais antigas e confiáveis do mundo. Quando o time de repórteres da tenaz equipe Spotlight mergulha nas alegações de abuso na Igreja Católica, a investigação de um ano desvenda décadas de encobrimento nos mais altos níveis dos estabelecimentos legais, religiosos e governamentais de Boston, desencadeando uma onda de revelações ao redor do mundo.''
"Somente a sutilidade e a profundidade da indagação final (aqui sem spoilers, mas serve para nós mesmos) já fazem valer Spotlight, um filme de diálogos fortes e ágeis, montagem precisa e atuações refinadas (seja lá o que isso signifique exatamente)." (Alexandre Koball)
"Mesmo sem ter qualquer vínculo emocional com seus personagens (a própria fita parece evitar isso), 'Spotlight' usa a linguagem jornalística de maneira inteligente, precisa e perfeitamente acessível para prender a atenção. Só não vai além disso." (Rafael W. Oliveira)
"As escolhas de McCarthy são acertadas, como não mostrar o lado pessoal dos protagonistas para focar no lado investigativo. O resultado é um filme ágil, que nunca para - e não se acovarda ao criticar a Igreja. Uma bela homenagem ao jornalismo de verdade." (Silvio Pilau)
"Ainda que falte uma grande sequência no local que nomeia o filme, Spotlight é um grande trabalho investigativo e jornalístico, de tema ousado e boas interpretações. Se falta cinema como um todo, sobra relevância e inspiração." (Rodrigo Cunha)
"Trabalho correto, redondinho, cumpre bem o papel de filme-denúncia, mas jamais sai (ou sequer tenta) dos lugares-comuns desse tipo de produção. Os atores estão em boa sintonia e o retrato da dinâmica de um jornal é envolvente e real." (Heitor Romero)
"Um filme-denúncia de qualidade, direção competente e atuações corretas. Justa homenagem ao jornalismo investigativo e sua respectiva importância. Toca na ferida de um tema extremante sensível e pertinente, sem se valer de sensacionalismo." (Léo Félix)
*****
''Raramente um filme é tão simpático ao jornalismo quanto "Spotlight - Segredos Revelados". Por um lado, trata de reconstituir um trabalho relevante, o do Boston Globe, que revelou imperdoáveis safadezas de padres e prelados de Massachusetts. O filme é um pouco estranho em relação aos jornalistas, tratados como seres alimentados por incrível idealismo. Seria mais justo mostrar a equipe de repórteres investigativos pelo viés da ambição do que pelo do idealismo. Mais justo seria, aliás, que quisessem ganhar o Pulitzer (o que de fato aconteceu em 2003). Tratados assim, os (não raro bons) atores do filme não pareceriam bonecos angelicais, mas seres humanos. '' (* Inácio Araujo *)
''A investigação jornalística retratada no filme "Spotlight - Segredos Revelados" foi o que deu visibilidade ao pesadelo subterrâneo dos abusos sexuais contra crianças praticados por sacerdotes católicos. Antes havia denúncias esparsas, sempre refutadas pela igreja. As primeiras reportagens da série publicada em 2002 pelo jornal The Boston Globe implicavam 70 padres na cidade, que abriga uma das maiores comunidades católicas dos Estados Unidos. Essa cifra logo se multiplicou, conforme casos semelhantes passaram a irromper em toda parte. Em 2014, o Vaticano alegava haver aplicado sanções contra cerca de 3.500 religiosos nos últimos dez anos (quase 1%, num universo de 400 mil); os papas anterior e atual amontoaram pedidos de desculpas. O assunto é dramático para a instituição porque os crimes não se restringiam aos abusos cometidos, em geral por padres que cativavam meninos em situação familiar vulnerável. Como atestaram as reportagens da equipe investigativa do jornal (chamada spotlight, holofote), um meticuloso esquema de acobertamento dos delitos e proteção dos infratores era mobilizado por superiores hierárquicos, no caso de Boston por seu infame arcebispo, o cardeal Bernard Law, que renunciou em dezembro de 2002. Parece óbvio que uma parcela de sacerdotes mantém alguma vida sexual, o que deve favorecer certo "silêncio obsequioso" na corporação. Além disso, embora as estatísticas não sejam conclusivas ao comparar a prática de crimes sexuais por adultos leigos e religiosos, é de se imaginar que uma profissão que recruta celibatários e lhes confere poderes supostamente mágicos corre o risco de atrair indivíduos propensos a distúrbios como a pedofilia. O filme que o diretor Tom McCarthy fez da persistente apuração levada a cabo pelo Globe é sóbrio, cinzento como uma tarde bostoniana (dispensável o piano um tanto pernóstico da trilha). Em meio às inevitáveis cenas de jornalismo explícito (anotações frenéticas, portas batidas na cara de repórteres etc.), uma aura de suave heroísmo banha a equipe do jornal. O adversário aqui não é uma ditadura sanguinária, mas a melíflua e sufocante influência que a igreja irradia sobre Boston e que se faz sentir dentro mesmo de seu principal periódico, onde muitos editores provêm de tradicionais famílias católicas. Foi devido à obsessão de três forasteiros – um editor-executivo judeu, um repórter de origem portuguesa e um advogado armênio– que se rompeu o circuito da inércia acomodatícia, quando o jornal, depois de tatear às cegas, decide enfim aprofundar a investigação dos indícios de abuso. Esse aspecto do filme dissolve o maniqueísmo latente. Denúncias contra padres e bispos haviam sido recebidas antes pelo Globe e registradas em notas despercebidas, quando não sumiram no buraco negro que existe em toda Redação, feito de falta de tempo, recursos, paciência e incentivo para quebrar o hábito. Demorou para a notícia ser percebida, mas sua repercussão ainda ecoa." (Otavio Frias Filho)
''O jornalismo é uma profissão romanceada à exaustão em filmes e outras narrativas. Apesar dos percalços desse campo de trabalho, de tempos em tempos surge uma história real que reacende a chama. Esse é o caso de ''Spotlight - Segredos Revelados''. O título faz menção a uma equipe especial dentro do Boston Globe. Os três repórteres capitaneados pelo editor Walter Robinson (Michael Keaton, de Birdman) dedicam-se por meses para investigar um assunto incessantemente e de forma confidencial. Só depois desse árduo trabalho é que publicam uma matéria completa e profunda. Em 2001, o jornal recebe um novo chefe de redação (Liev Schreiber, de Amante A Domicílio), que pede para o time de Robinson se aprofundar na questão dos abusos sexuais infantis praticados por padres nas paróquias de Boston. Os repórteres logo percebem que a Igreja Católica sabia dos delitos e orquestrava um complexo sistema para abafar os ocorridos. Essa rotina foi estabelecida nos anos 1970 e continuava até a virada para o terceiro milênio. Além do peso dos temas abordados, o que impressiona em igual escala em Spotlight é o nível do elenco. Atores de renome empregam seu talento com a mesma dedicação dos jornalistas reais que interpretam. As semelhanças nos maneirismos e entonações vocais impressionaram os próprios retratados. Na equipe de Robinson estão os repórteres Mike Rezendes (Mark Ruffalo, de Vingadores: Era De Ultron), Sacha Pfeiffer (Rachel Mcadams, de Nocaute) e Matt Carroll (Brian d'Arcy James, de O Encontro). Eles têm de equilibrar suas vidas pessoais com as demandas profissionais, mas essa não é a única disputa que enfrentam. Spotlight mostra uma série de obstáculos na concretização da matéria. Para começar, há as negociações internas do jornal, seja com o editor-chefe (John Slattery, de Homem-Formiga) ou com outros colegas. Em uma cidade com domínio católico tão evidente, lidar com a Igreja é outro enorme desafio. Eles o fazem na Justiça para ter acesso a documentos confidenciais e entre os apoiadores do jornal que são ligados à Santa Sé de alguma forma. Se o roteiro faz milagres para unir todos os conflitos em um espetáculo de malabares, o mesmo não pode ser dito da trilha musical. Howard Shore (O Hobbit: A Batalha Dos Cinco Exércitos) compôs peças cafonas antiquadas, que têm a capacidade de desligar o espectador das cenas, tamanho incômodo que ocasionam. Apesar do deslize musical, o saldo final é mais do que positivo. O triste está fora da tela, ao percebemos que esse tipo de enredo real tende a se tornar cada vez mais raro. Com as demandas imediatistas das redações atuais, é impensável confiar tanta energia em apenas uma matéria, por mais relevante que o resultado final seja. Por isso, a esperança do jornalismo, essa profissão com ares românticos e em brava crise, reside nos veículos menores e independentes." (Edu Fernamdez)
''Em certo momento de Os Infiltrados (filme de Martin Scorsese lançado em 2006), Frank Costello, personagem de Jack Nicholson, adverte alguns padres que não quer mais saber do envolvimento deles com garotos. Apesar de se tratar da fala de um psicopata, depois de assistir a “Spotlight – Segredos Revelados” – novo filme de Tom McCarthy – aquela advertência ganha contornos ainda mais assustadores. E não por conta de quem proferiu tal ameaça. O longa conta a história de como o jornal de The Boston Globe conduziu uma das investigações mais poderosas contra a Igreja Católica nos Estados Unidos. Depois de perceber uma frequência exagerada em denúncias de pedofilia contra sacerdotes, Marty Baron (Liev Schreiber), o recém chegado editor, designa sua equipe especial de reportagens investigativas, a Spotlight, a cavar o máximo possível daquelas denúncias. O intuito era descobrir até onde ia o envolvimento e negligência do alto clero quanto aquela situação. Porém, depois que os jornalistas Mike Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carol (Brian d’Arcy James), liderados por Walter Robby Robinson (Michael Keaton), foram ainda mais fundo, e descobriram um verdadeiro esquema de acobertamento de casos dessa natureza que chegava até o Vaticano. A estrutura da trama é bastante similar a várias outras obras que abordam jornalismo investigativo, como Todos os Homens do Presidente ou O Informante. Há o período de coletas de dados, entrevistas com testemunhas-chave, vítimas, advogados e tantos outros envolvidos. Entretanto, o que torna “Spotlight – Segredos Revelados” especial é a onipresença do tema, uma vez que esse tipo de ocorrência acompanha a instituição por quase todos os lugares onde ela está presente. Além disso, o desempenho do elenco, com imenso carisma e desenvoltura, e o ritmo da condução da história tornam a busca ainda mais envolvente. O fato de utilizar atores relativamente desconhecidos para interpretar as testemunhas acrescenta mais uma camada de realismo, gerando uma empatia ainda mais profunda no espectador. A cada passo que a investigação avança, o público é impactado por alguma informação mais chocante, como padres que abusaram de crianças em várias paróquias ao longo de vários anos, ou vítimas desses abusos, que carregaram sequelas desses mau tratos até a fase adulta. Outros personagens marcantes são aqueles envolvidos por força de sua profissão, como os advogados de defesa da Igreja envolvidos com as primeiras denúncias e cujas ações tiveram desdobramentos pelos anos seguintes. Como dito acima, além do roteiro envolvente, a grande força do longa é a química perfeita entre um elenco escolhido com precisão. Rachel McAdams constrói Sacha como uma máquina coletora de dados. Alguém capaz de obter os depoimentos mais íntimos e secretos das vítimas, bem como arrancar informações preciosas mesmo de indivíduos mais reclusos. Brian d’Arcy James é o mais pragmático possível, sempre tratando o caso com o maior afastamento possível, até descobrir que está bem mais próximo do que poderia imaginar. Já Mark Ruffallo é o seu exato oposto. Extremamente passional e emotivo, ele enche seu personagem de trejeitos marcantes, que fazem com que sua expressão corporal transmita com transparência tudo aquilo que ele está sentindo. Em seu grande momento, já perto do fechamento do caso, é de arrancar as lágrimas mesmo de quem nunca viu grande coisa no ator (caso do humilde autor desse texto). Michael Keaton volta a emocionar em um papel dramático com já havia feito ano passo em Birdman, ainda que em um papel menor. Seu posicionamento ao desenterrar alguns esqueletos de seu passado, ao passo que enfrenta poderosos membros da sociedade de Boston é de uma sensibilidade notável. O roteiro oferece a cada um deles passagens marcantes, repletas de diálogos inspirados, como aquele em que Mitchell Garabedian, advogado de um grupo de vítimas (numa ótima participação de Stanley Tucci), explica como a Igreja utiliza todos os seus tentáculos para abafar os casos e impedir que a Justiça tome as providências cabíveis. Outro momento que demonstra a qualidade do texto é quando Robby usa toda seu poder de argumentação para conseguir de um antigo conhecido um depoimento crucial para sua jornada. Tom McCarthy faz uso de várias ferramentas para nos inserir na história, como câmera fixa em ambientes fechados ou seguindo de perto os repórteres durante suas empreitadas em busca de fatos para encorpar sua matéria. Além disso, cada confronto a cerca do assunto, seja ético, profissional ou mercadológico possui cortes que conferem bastante dinâmica a esses embates. “Spotlight – Segredos Revelados” é, além de um excelente retrato de como deve ser feito jornalismo de qualidade, um ótimo relato de como um valoroso grupo de profissionais teve a coragem de expor uma das piores feridas de uma das instituições mais antigas e poderosas do mundo." (David Arrais)
Indignação corporativa.
''A award season, esse período de premiações no cinema que vai geralmente de dezembro a janeiro, é uma parte curiosa do processo industrial do cinema. A mensagem para os estúdios é clara: façam filme para ganhar prestígio, lancem-no atentamente em novembro, depois de uma estreia em Toronto ou no Festival de Nova York, e conquiste o status que seus outros filmes geralmente não são capazes de alcançar. É divertido ver os estúdios se atropelando para lançar temas relevantes e abrindo espaço para personagens que tragam estatuetas de melhor atuação. E todo esse cronograma faz parecer que esses filmes existem exclusivamente para esse propósito. Evidentemente, algumas vezes se investe mais talento do que em outras. Os diretores mais habilidosos conseguem até mesmo desenvolver uma filmografia dentro dessa lógica. Mas é sempre parte do trabalho de uma indústria. ''Spotlight – Segredos Revelados" é uma das pérolas que às vezes surgem dessa linha de produção. O filme segue uma estrutura narrativa de thriller muito parecida com a do clássico Todos os Homens do Presidente, com todo o texto se desenvolvendo a partir de entrevistas e cenas de escritório e com um elenco protagonista e de apoio em química perfeita (se alguém se destaca nesse conjunto de grandes e humildes performances, diria que é Michael Keaton). Spotlight tem tudo para exaltar mais uma vez o jornalismo, mas se recusa a fazê-lo. O que o filme traz é uma história amarga sobre as condições de uma indústria, que só apresenta suas problematizações morais quando é conveniente a ela. O trabalho de pesquisa dos roteiristas Josh Singer e Tom McCarthy (também diretor) é relevante como o bom jornalismo investigativo. O jornalismo representado em Spotlight, no entanto, não é o que conhecemos nas aulas de Ética na universidade. Ele é duro. Só está interessado em uma pauta humanitária se o concorrente não pôr as mãos nela antes. Você percebe que alguns personagens, notavelmente o de Mark Ruffalo, está influenciado ainda pelo romantismo e o mito do jornalista aventureiro e solitário de Todos os Homens ou Zodíaco, mas essa é uma característica confiada ao personagem dele muito conscientemente, como se o roteiro quisesse decepcioná-lo como um caminho para a nossa própria decepção. Aqui, os jornalistas do Boston Globe investigam a possibilidade de um cardeal estar ciente e ter se omitido sobre o abuso infantil cometido por um padre católico de Boston. O trabalho leva os repórteres a descobrir uma incômoda repetição de casos de abuso infantil na cidade, sempre resolvidos discretamente em um acordo entre autoridades católicas, advogados, promotores e mediadores. Quando o cinema fala de abuso sexual infantil ou de pedofilia, como em Polissia, há uma tendência geral para se construir a cena tendo como objetivo a repulsa e a indignação de quem assiste os filmes. Normalmente, a direção pesa a mão na imagem de uma inocência corrompida, é o caminho óbvio para o tema. E Spotlight tem sua cota de cenas em que personagens descobrem a própria indignação ao olhar para um parquinho na frente de uma Igreja ou para crianças passeando de skate pela rua de um padre afastado por estupro. A diferença é que o filme está o tempo todo reiterando o quanto essa indignação é seletiva. É tão fácil pedir para sua família manter distância de um centro de reabilitação para padres pedófilos quanto ignorar quando um sobrevivente de um dos casos de abuso pede ajuda da imprensa para denunciar a constante omissão da Igreja. Quando Phil Saviano (Neal Huff) insiste que mandou um dossiê sobre a questão para o mesmo jornal 5 anos antes deles decidirem investigar o caso (Vocês têm este material há cinco anos!, exclama o personagem exaltado), ele confirma não só uma situação de cumplicidade silenciosa em Boston, como uma indignação motivada por interesse corporativo. É louvável que McCarthy tenha ido tão longe quanto a sugerir essa falta de altruísmo na matéria do Boston Globe e no jornalismo de forma geral. Acidentalmente ou não, a sugestão cabe também ao próprio filme." (Cesar Castanha)
73*2016 Globo / 2015 Lion Veneza
Top 250#160
Top Biografia #33 Top Histórico #31
Anonymous Content First Look Media Participant Media Rocklin / Faust
Diretor: Tom McCarthy
39.326 users / 30.498 face
45 Metacritic 18 Down 2
Date 19/01/2016 Poster - ####### - DirectorDenis VilleneuveStarsEmily BluntJosh BrolinBenicio Del ToroAn idealistic FBI agent is enlisted by a government task force to aid in the escalating war against drugs at the border area between the U.S. and Mexico.[Mov 10 Favorito IMDB 7,7/10] {Video/@@@@@} M/81
SICARIO - TERRA DE NINGUÉM
(Sicario, 2015)
TAG DENIS VILLENEUVE
{violento / intenso}Sinopse
''Na crescente fronteira sem lei entre os Estados Unidos e o México, uma agente do FBI (Emily Blunt) é exposta ao mundo brutal do tráfico internacional de drogas por membros de uma força-tarefa do governo (Josh Brolin, Benicio Del Toro) que a escalam em seu plano para derrotar o chefe de um cartel mexicano.''
"A falta de originalidade do tema (a série "The Bridge" aborda o mesmo assunto), a passividade da protagonista, e a sensação de que filme se acha mais profundo do que realmente é, tornam o saldo final morno. Mantém o interesse, mas não cola no espectador." (Régis Trigo)
"Villeneuve dá uma aula de como construir tensão no cinema, com cenas que merecem ser estudadas e analisadas em detalhes (a preparação da investida no México é sensacional). Bons personagens, roteiro econômico e ótimas atuações completam um grande filme." (Silvio Pilau)
"Fora nossa protagonista, todos os personagens são ambíguos, o que traz força à narrativa. Além das cenas bem orquestradas (particularmente a da rodovia) e exageros típicos (particularmente na mansão do dono do cartel), Sicario é uma obra de força própria." (Alexandre Koball)
{O termo sicario vem de Zelotes de Jerusalém, matadores que caçavam romanos que invadiam sua cidade-natal} (ESKS)
''O canadense Denis Villeneuve vem construindo uma carreira que parece ter como objetivo afirmar seu nome como competente realizador de filmes de prestígio no interior da máquina hollywoodiana. "Sicario: Terra de Ninguém" é mais um passo nessa direção. Assim como Incêndios, o longa indicado ao Oscar que colocou Villeneuve no radar da indústria, e o celebrado thriller "Os Suspeitos" (2013), "Sicario" se alterna entre o suspense e o melodrama (disfarçado de tragédia), dirigindo-se enfaticamente a um desfecho-surpresa, de alto impacto. A primeira sequência já pretende tirar o fôlego. Emily Blunt vive uma agente da divisão antissequestro do FBI que participa de uma operação no Arizona. Em uma casa aparentemente abandonada, onde eles esperavam resgatar reféns, encontram dezenas de cadáveres emparedados. O cenário de horror se repetirá algumas vezes. A personagem de Emily é convocada a uma operação para chegar ao poderoso chefão do cartel de drogas mexicano Manuel Diaz. A própria operação tem contornos misteriosos e sombrios, principalmente por conta da participação de um homem de passado desconhecido, interpretado por Benicio Del Toro. Mas Sicario é como um frágil castelo de cartas, que depende fortemente de elementos como a fotografia e a música para não se desmantelar. Tanto o roteiro de Taylor Sheridan quanto a direção de Villeneuve não se sustentam com autonomia, e o uso exagerado da música se torna um dos elementos que chamam a atenção para a fragilidade do filme e seu imenso esforço em construir uma expectativa que não se cumpre. A questão mais problemática, no entanto, está no caráter fortemente apelativo da trama, que observa com ar escandaloso e uma suposta isenção política os horrores do cartel do tráfico mexicano –transformando-o em uma encarnação do mal sobre a Terra que só poderia ser enfrentado por um mal de proporção semelhante." (Pedro Butcher)
O terror das fronteiras.
''A guerra na fronteira entre o México e os Estados Unidos é um tema pouco explorado no cinema e muito menos comentado em noticias internacionais. Acabou virando um problema comum, que ninguém se interessa mais em abordar e questionar. Quando ouvi que os americanos haviam feito um filme sobre o tema, só pude esperar outro Hollywood cheio de estrelas com armas e um roteiro racista e patriota. Felizmente, estava errado. Muito errado. O fato desta guerra ser um problema que ninguém mais quer saber é justamente pelos fatores complicados e corruptos que os Estados Unidos não está disposto a mostrar. Pelo menos até agora, em "Sicario: Terra de Ninguém", dirigido pelo canadense Denis Villenueve, que não poderia ser a melhor escolha após Incêndios, Os Suspeitos e O Homem Duplo (Enemy, 2013). Falo isso porque "Sicario" é um filme pesado, violento, realístico e inteligente. Não tenta esconder nada e não rotula ninguém como bom ou mal. E o que poderia facilmente ser apenas um filme bom, acabou sendo brilhante por apresentar a história com um ângulo diferente graças ao roteiro de Taylor Sheridan, que construiu a ficção com a ajuda de um agente do FBI. Acrescentando isso com a direção de Millenueve, a linda fotografia de Roger Deakins (Skyfall e Onde os Fracos Não Tem Vez) e a arrepiante trilha sonora de Johann Johannsson (A Teoria de Tudo e Foxcatcher), "Sicario" chega a ser um dos melhores filmes do ano. Após perder alguns agentes do FBI numa explosão proposital causada na cena de um crime em Phoenix, a agente Kate Macy (Emily Blunt) é convidada pela CIA a participar de uma missão em El Paso que pode leva-la ao chefe do cartel Mexicano, também responsável pela explosão que matou seus colegas. Ao aceitar a missão, Kate é na verdade levada a Juárez no México, para captar um informante que pode saber onde o chefe do Cartel está. Esta missão é chefiada por Matt (Josh Brolin) e Alejandro (Benicio Del Toro), que não passam informações nenhuma do que está acontecendo á Kate - como o fato de a levarem ao México em vez de El Paso. Se isso já não fosse razões o suficientes para deixar Kate confusa e irritada, Matt e Alejandro mostram um comportamento que "não está nos livros", uma etiqueta que a agente federal não está acostumada e acha um tanto abusiva da CIA. Ao visitar o México e encontrar uma cidade onde pessoas nus decapitadas são penduradas debaixo de pontes e carros armados os perseguem para tentar matá-los, Kate volta a sua sede para perguntar que tipo de mundo é aquele e porque ninguém está fazendo nada em relação a fronteira. Porém, quanto mais ela faz perguntas, mais dificuldade ela encontra nas respostas, realizando o absurdo de como a lei faz com que a policia não possa fazer nada. Com isso, Kate passa a ser um personagem secundário no filme, onde ela não possui nenhum poder sobre o que acontece ao seu redor, fazendo com que ela pergunte a si mesma a todo instante o que de fato ela está fazendo lá e como sua presença na operação vai fazer com que ela ajude a CIA achar o chefe do Cartel. Uma característica que poderia ser negativa no filme mas é abraçada pelo roteirista, criando cenas repentinas onde o espectador também não entende o que está acontecendo, assim como a personagem de Kate. Viramos, assim como a personagem, um espectador cúmplice, e analisamos a situação mais para entender do que julgar, que é exatamente o propósito do filme. Os verdadeiros protagonistas de “Sicário” na verdade são Matt e Alejandro, que com o passar do filme revelam suas verdadeiras intenções e como as operações na fronteira realmente funcionam. Isso não é óbvio no início pois Kate é o personagem que estamos sempre seguindo, porém, é através de seu olhar inocente e suas “olhares americanas” como Alejandro diz, que Kate entenderá a realidade da fronteira entre os Estados Unidos e o México, um lugar que ninguém é mal ou bom, mas sim, todos estão tentando fazer o possível para sobreviverem até o final do dia. Gostaria de falar mais sobre o filme sem dar spoilers, já que a força do filme está em suas surpresas, seus desdobramentos inusitados e como o roteiro é construído para chegar até o seu final, que assim como fomos ditos, nos deixa também com as mãos atadas atrás da cadeira, sem poder fazer nada. Essas características fazem nos lembrar de filmes como Tropas de Elite, com a elegância de Onde os Fracos Não Tem Vez. e algumas características de A Hora Mais Escura. Sem dúvida, é um filme necessário, que além de mostrar as complicações de uma realidade que não entendemos direito, é apresentada com elegância e inteligência. A penúltima cena do filme entre Emily Blunt e Benicio Del Toro é simplesmente linda, e uma das melhores que eu vi num filme nos últimos tempos. Que Cannes não seja o último lugar onde este filme foi prestigiado, pois “Sicário” merece que seja falado."c (Guilherme Spada)
Estilizar é poder.
''Vencedor três vezes do prêmio de melhor diretor no Genie Awards, o grande prêmio de cinema do Canadá, por seus filmes Incêndios, Politécnica e Maëlstrom, Denis Villeneuve constrói, independente do resultado que se possa preferir, um cinema em ascensão. A segurança na condução e construção narrativa é uma das primeiras coisas percebidas em Sicario, que em sua primeira cena, uma simples pavimentação e apresentação àquele universo, dá logo o tom do que vem por aí: o suspense pesado e lento, a extrema violência gráfica pontual dentro do quadro, a montagem oferecendo ângulos e travellings sem nenhuma sutileza durante uma invasão do FBI a um refúgio de traficantes de drogas que tem por função apresentar a personagem ponto de vista, a experiente agente Kate Macy. Escolhida para acompanhar uma força-tarefa que pretende atravessar a fronteira para desmantelar um cartel de drogas, é por seus olhos que vemos a temática de descida ao inferno ser explorada por sequências que trabalham o universo expectativas com a set-piece que abre o filme: basicamente, o fio condutor do filme costura enormes sequências de suspense onde Villeneuve pode explorar durações de planos, intensidades sonoras, silêncio, pontos de vista, relações entre locações externas e internas, presença ou ausência de violência. Sicario é extremamente diverso: há longas sequências sem diálogo algum, e longos diálogos que nos localizam dentro de uma trama que dá espaço para um novo protagonista o tempo todo, quando os policiais Matt e Alejandro passam a ganhar mais destaque na trama com seus joguetes sem explicação inicial aparente. Há sequências que intentam um realismo cru - os corpos decapitados filmados em plano geral, e de maneira distante em elevados como se saudassem aqueles que acabaram de entrar no inferno - e outras que valorizam o mais puro efeito cinematográfico em si - o posicionamento na câmera na primeira vez que Alejandro tortura um traficante, que esconde muito mais do que revela, apenas dando indícios sonoros de violência extrema, ou quando invadem um cartel de drogas pelo subterrâneo e assistimos a câmeras ponto-de-vista de soldados usando equipamentos de visão noturna e termovisão, em uma composição visual aproximada a mídias como videogame e simuladores. Um recorte de realidade que também se pretende simulação e ampliação da mesma, com a câmera subjetiva “com efeitos” tornando possível que o espectador encarne avatares por um curto período de tempo. O clima geral de brutalidade é a nova roupa que o velho policial americano veste - temos os personagens anacrônicos, que vivem uma vida praticamente paralela à vida tradicional que se espera; homens e mulheres misteriosos, melancólicos, explosivos e brutais, viciados e imersos em uma rotina violenta da qual não conseguem desligar. Não é uma lógica dicotômica: Sicario dá conta de crimes que acontecem não muito longe de onde os protagonistas vivem, que mostra as garras com a simples aproximação, que não faz questão de lembrar para seus personagens que existe algo além do mote de perseguição eterna de uma guerra que já nasce perdida, dada o tamanho e extensão do poder dos narcotraficantes e seus cartéis. Percebe-se isso nas sequências em que Kate vai ao bar para conhecer alguém e vai para casa com um policial: a lógica próxima e íntima logo vai ser pervertida, mais uma vez, em violência, e os planos próximos e pessoais logo incorporam um ar de claustrofobia quando ela descobre através de pequenos indícios ser um policial corrupto. Essa compreensão do campo de batalha, de forças opostas em rota de colisão, de ameaça atmosférica que sangra através da obra, ora se concretizando através de símbolos, ora sugerida através de índices, mostra a compreensão que Villeneuve tem para significar desejos e pulsões de seus personagens, em um filme onde a missão de caráter transformador possui também um caráter descortinador, onde reviravoltas estão guardadas até o último minuto do filme. Mas essa multiplicidade ampla é uma corda bamba: é tanto uma vantagem para o diretor explorar possibilidades estilísticas quanto também uma armadilha, como também faz o filme, que trata de uma única missão, perder certa objetividade, com uma demora pela decisão de protagonismo (personagens que levavam a história para a frente no início irão para o pano de fundo, e os pontuais irão ganhando destaque), o que toma tempo considerável de narrativa. Ainda que felizmente não se deixe limitar pelo gênero onde está trabalhando, há também uma certa dificuldade de foco, de onde a reviravolta está nos levando, a utilização de todos os dispositivos estilísticos e narrativos que o diretor lança mão. Com isso, compreende-se para o diretor que enquadrar, movimentar, utilizar efeitos, é uma forma de poder. A organização narrativa de dubiedade e mistério é a crença na construção de um efeito. E Sicario, com isso, é o fruto de uma obra contemporânea: erigida com um punhado de referências e horizontes em sua base, com dezenas de opções de estilo concebidas e familiares em sua estrutura, Sicario é um filme antes de mais nada sólido e consciente. Talvez até um pouco demais para seu próprio bem, que de tão redondo não parece permitir a si mesmo uma certa transcendência, um espírito de desobediência que pusesse mais a história servindo a imagem do que o contrário. Mas o que temos já é o suficiente para chamar a atenção para os novos temas e para as novas estéticas - sem arriscar, mas sem comprometer." (Bernardo D.I. Brum)
88*2016 Oscar / 2015 Palma de Cannes
Black Label Media Lionsgate Thunder Road Pictures
Diretor: Denis Villeneuve
136.195 users / 48.848 face
41 Metacritic 28 Down 5)
Date 27/01/2016 Poster - ####### - DirectorJake KasdanStarsJason SegelCameron DiazRob CorddryA married couple wake up to discover that the sex tape they made the evening before has gone missing, leading to a frantic search for its whereabouts.[Mov 01 IMDB 5,1/10] {Video/@} M/36
SEX TAPE - PERDIDO NA NUVEM
(Sex Tape, 2014)
TAG JACK KASDAN
{esquecível}Sinopse
''Jay (Jason Segel) e Annie (Cameron Diaz) são um casal ainda muito apaixonado, mas dez anos de casamento e dois filhos esfriaram a paixão. E eles decidem recuperá-la - por que não? - fazendo um vídeo caseiro, no qual experimentam todas as posições do livro, A Alegria do Sexo, numa maratona de três horas de duração. Parece uma ótima ideia, até que eles descobrem que seu vídeo mais íntimo veio a público. Em pânico, eles vivem uma noite muito louca de aventuras - rastreando ligações, enganando o chefe de Annie com a ajuda de amigos - tudo para recuperar seu vídeo, sua reputação, sua sanidade e, mais importante, o seu casamento.''
"A credibilidade de Diaz e Segel como um casal real é zero; as piadas são bobocas (quando tanto); e o excesso de merchandising atrapalha, tanto que o filme parece ter sido feito ao redor dos produtos em determinadas situações." (Alexandre Koball)
"Mesmo que boa parte das piadas sejam recicladas e que não chegue perto de ser tão politicamente incorreto quanto imagina, o filme traz Segel e Diaz inspirados e é capaz de gerar algumas risadas. Só isso já é mais do que se encontra por aí hoje em dia." (Silvio Pilau)
"A milionária arrecadação obtida pela comédia Professora sem Classe levou os mandachuvas de Hollywood a requentarem a receita, reunindo novamente os atores Cameron Diaz e Jason Segel com o diretor Jake Kasdan, em mais uma farsa medíocre e grosseira. Depois de um rápido e tórrido namoro, os priápicos Annie (Diaz) e Jay (Segel) se casam. Anos mais tarde, com dois filhos e uma vida estressante, a trepidante vida sexual é apenas uma distante lembrança. Para reavivar a chama, os dois tentam algumas estratégias - sem sucesso -, até que decidem fazer um vídeo caseiro de três horas reproduzindo todas as posições sexuais de um livro. Por acidente, o filme é armazenado na nuvem e fica disponível a todos os tablets conectados à rede de Jay. A segunda metade do filme mostra as peripécias do casal, demasiado rocambolescas para serem verossímeis e minimamente engraçadas, para sair da enrascada e encontrar os tablets de amigos, parentes e colegas de trabalho. O merchandising da Apple é onipresente. As peripécias são tantas que muitas vezes nem nos lembramos mais do que provocou tudo aquilo. A longuíssima cena em que um pastor alemão persegue Jay em uma mansão o demonstra à perfeição. O filme se enreda em um labirinto e se perde completamente: o espectador fica alheio àquela balbúrdia. Com seu humor tosco e incidentes em cascata, o filme não vai a lugar algum. A dupla de atores não consegue sair do registro exagerado, enquanto o artificialismo também dá a tônica da direção de Kasdan, que não prima pela sutileza." (Alexandre Agabiti Fernandez)
Toda nudez será castigada.
''Nos terrenos moralistas de Hollywood, as comédias contemporâneas tendem a obedecer à moral e aos bons costumes da família média norte-americana. É um mercado cada vez mais comportado. Não pelo domínio do politicamente correto, pois o termo traz consigo inúmeras complicações a serem destrinchadas, mas por uma tremenda falta de ousadia, qualquer que seja o tema. Nesse cenário, os Irmãos Farelly, Judd Apatow e Sacha Baron Cohen aparecem como legítimas exceções comerciais, produzindo um cinema sem medo da escatologia ou do sexo para efeito cômico. Abordando um tema bastante atual, algo cruel para muitos (sobretudo para as mulheres), "Sex Tape - Perdidos na Nuvem" sugere um abraço a esse estilo de comédia ao contar a história de um casal (Cameron Diaz e Jason Segel) com filhos e inúmeras responsabilidades, cujo sexo, tão ativo em seus tempos áureos, torna-se escasso dentro do padrão de vida familiar por eles adotado. Para apimentar a relação, decidem, por puro fetichismo, gravar um vídeo com ambos transando, o qual acaba caindo, por vacilo do marido, na nuvem de todos os iPads dados de presente para pessoas próximas ao casal. Conforme uma estrutura narrativa básica, os dois saem em busca de todos os aparelhos para apagarem o vídeo. Evidentemente, encontram incontáveis obstáculos absurdos pelo caminho. Na imagem reside o poder de catarse, ou seja, o vídeo não apenas motiva as ações dos personagens, mas serve enquanto fuga momentânea de suas vidas banais. A imagem restaura-lhes o vigor há muito perdido, o mesmo acontecendo com outro casal que assiste à gravação. Diferentemente da defesa que Bazin fazia da fotografia e do próprio cinema enquanto meio (quase) religioso de captura e eternização da existência, o vídeo em Sex Tape consiste muito mais no sintoma de uma sociedade em constante auto representação. Por outro lado, é intrínseca à obra a discussão sobre os perigos de tais gravações em um mundo onde o privado se confunde facilmente com o público, sobretudo para a mulher, que sofre mais radicalmente as consequências do vazamento de materiais dessa espécie. Estruturando-se em um humor semelhante ao do supracitado Sacha Baron Coen ou do famoso grupo Monty Python, onde as piadas são dilatadas ao máximo, Jake Kasdan excede qualquer limite, saturando alguns bons momentos. Sobretudo pelas sacadinhas, referências sempre metidas a espertas no desejo incessante de ser cool. Lembrei-me de um episódio da série Seinfeld em que Jerry dá a dica ao seu amigo George Constanza: o bom comediante sai no momento exato, sem extrapolar na piada. Sex Tape, afinal, é uma gag estendida, embora haja momentos genuinamente engraçados, mais exceções do que regras. E Jake Kadsdan o humorista novato que se empolga quando riem dalguma graça e não sabe bem quando parar. Mesmo as piadas de teor sexual mais forte são, de certa maneira, recatadas. Não há nudez completa, note-se. É o purismo hollywoodiano censurando o corpo. Os personagens são exibidos apenas de lingerie ou pagando bundinha. Assim, o discurso moralista engole o politicamente incorreto – não emprego, aqui, o termo em seu sentido deturpado. No final, tudo se resolve e prevalece a ideia da família enquanto ponto de salvação, introduzido explicitamente pelo personagem de Jack Black e adotado enquanto postura ideológica pelo filme. Nesse sentido, nada há de ousado em Sex Tape. Ao contrário: insere-se sem restrições em uma típica comédia familiar norte-americana, somente se diferenciando pela classificação indicativa. Faço um mea culpa ao admitir o tom pessimista do meu texto, quase apocalíptico. Entendam: sou um fã convicto do gênero. E fico realmente frustrado quando um projeto com grande potencial e uma meia dúzia de piadas realmente boas abre as pernas sem nenhuma cerimônia para o pudismo da indústria cinematográfica norte-americana. Aliás, minto: abrir as pernas seria radical demais para um filme como Sex Tape." (Júlio Pereira)
Escape Artists LStar Capital Media Rights Capital Sony Pictures Entertainment (SPE)
Diretor: Jack Kasdan
79.698 users / 8.986 faceSoundtrack Rock
Green Day / Slayer / The Bird and the Bee / Empire of the Sun / The Moments / The Isley Brothers / DMX
36 Metacritic 899 Up 41)
Date 07/02/2016 Poster - # - DirectorTim BurtonStarsJohnny DeppHelena Bonham CarterAlan RickmanThe legendary tale of a barber who returns from wrongful imprisonment to 1840s London, bent on revenge for the rape and death of his wife, and resumes his trade while forming a sinister partnership with his fellow tenant, Mrs. Lovett.[Mov 05 IMDB 7,4/10] {Video/@@@@} M/83
SWEENEY TODD - O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET
(Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, 2007)
TAG TIM BURTON
{divertido}Sinopse
''Benjamin Barker (Johnny Depp) passou 15 anos afastado de Londres, após ser obrigado a deixar sua esposa e sua filha. Ele retorna à cidade ávido por vingança, agora usando a alcunha de Sweeney Todd. Logo ele decide ir à sua antiga barbearia, agora transformada em uma loja de fachada para vender as tortas feitas pela sra. Lovett (Helena Bonham Carter). Com o apoio dela Todd volta a trabalhar como barbeiro, numa sala acima da loja. Porém o grande objetivo de Todd é se vingar do juiz Turpin (Alan Rickman), que o enviou para a Austrália sob falsas acusações para que pudesse roubar sua mulher Lucy (Laura Michelle Kelly) e sua filha.''
"O oba-oba em torno de Tim Burton sempre foi um mistério para mim. Ele é diretor de mão pesada, seus filmes são barulhentos, e a cenografia é sempre excessiva. Tudo isso se repete em 'Sweeney Todd'. Pra piorar, a trilha sonora é particularmente fraca." (Regis Trigo)
"Exagero visual desvia a atençao da narrativa e se torna mais importante que o filme em si. Stephen Sondheim e seus musicais obscuros ainda nao conheceram sucesso no cinema que tiveram na Broadway." (Demtrius Caesar)
"O filme certamente tem o seu interesse, mas é um dos espetáculos mais desequilibrados de Burton, com elementos que nem sempre funcionam,e uma participação discutível de Depp." (Vlademir Lazo)
"Visualmente é um Burton dos anos 90, no texto é um Burton dos anos 2000 e na música é um Burton ainda inédito que, para o bem de todos, não deveria se arriscar mais em musicais." (Heitor Romero)
''Burton com as pilhas um pouco fracas." (David Campos)
"Selvagem, sangüinário e poético. Tim Burton finalmente se livrou do manto da Disney que insistia em cobrir seus filmes. "Sweeney Todd", o melhor trabalho do diretor, é puro Mario Bava. Antes tarde do que nunca!" (Carlos Vinícius)
*****
''Existe uma saga interessante, que é a dos personagens que não suportam a imbecilidade. O canibal Hannibal, de O Silêncio dos Inocentes, é um deles. De tempos em tempos, Tim Burton também investe nesse filão. Mas "Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet" é de natureza um pouco diversa. A injustiça será o foco: aqui estamos na Inglaterra vitoriana, onde um barbeiro vive com sua bela mulher. Belíssima, ela atrai a atenção de um juiz poderoso, que trata de tirar o barbeiro do caminho e se apossar da mulher. Boa ideia, sim, mas não a longo prazo, pois um belo dia o barbeiro volta a Londres, com o nome de Sweeney Todd. Daí por diante, ai de quem entrar na barbearia e tiver contas a acertar com ele. A crueldade será grande, mas nem por isso Tim Burton (com a ajuda de Johnny Depp) perderá o humor.'' (* Inácio Araujo *)
Espetáculo para os olhos, mas não tanto para os ouvidos.
''Sweeney Todd é um musical, e, portanto altamente recomendado apenas para os fãs do gênero. Ou talvez para aqueles que o suportem. Pois é musical mesmo, daqueles em que o cara canta uma música inteira só para pedir uma cerveja. Ok, se você é fã de musicais sabe bem o que é isso – e, não, no filme, ele não canta uma música para pedir uma cerveja, foi só um exemplo. Mas ele canta muito. Ela canta, eles cantam. Toda a conjugação do verbo cantar está presente. Até uma criança canta. Sei que isso pode parecer preconceito, sei que pode até ser preconceito. Mas a pergunta que deixo no ar é: seria realmente necessário que Sweeney Todd fosse um musical? A história contada no filme é bastante simples: um barbeiro, que havia sido afastado de sua mulher e filha e mandado à prisão injustamente por um juiz inescrupuloso, volta para buscar vingança implacável. Para isso, ele se associa a uma estranha fazedora de tortas e conta com a ajuda (ou não) de um marinheiro interessado na filha (que já cresceu, depois de ter sido criada pelo juiz). Na primeira parte, a produção se mostra um musical, cheio de músicas – agradáveis, mas meio parecidas, o que dá a sensação de falta de movimento. Se o espectador conseguir superar esse momento de dificuldade, vai encontrar muita coisa boa. Afinal, quando a história passa a andar, e a personalidade do barbeiro começa a ser revelada, tudo fica muito interessante. Claro que ainda há músicas aqui e ali, mas mais sutis e mais relevantes à trama, que se revela agradável e consegue prender a atenção Merecem destaque as atuações da maior parte do elenco. O par central (Johnny Depp e Helena Bonham Carter), sempre com as feições pálidas e olhar fantasmagórico, brilha e oferece veracidade aos seus personagens. Outro nome que surge bem na tela é de Sacha Baron Cohen, que surpreende ao se mostrar livre do rótulo de Borat e apresenta naturalidade em um papel, ainda que pequeno, instigante. Tudo isso se deve à mão de Tim Burton, experiente na direção de atores; mas a mais marcante característica do diretor é outra, que se torna destaque em Sweeney Todd. O grande mérito do filme é a composição visual. A direção de arte é primorosa, e serve como peça fundamental para que o espectador entre na história, ou melhor, entre no clima da história. Em contrapartida a tudo que há de escuro e preto e cinza, surge um vermelho vivo cada vez que jorra sangue. O efeito visual que isso causa é ótimo, e quebra uma eventual obviedade que pudesse tomar conta – além disso, alia-se ao fato de, num musical aparentemente ingênuo (como costumam ser, muitas vezes, os musicais), haver um barbeiro cruel, um anti-herói que se revela aos poucos. Esse vermelho vivo que salta aos olhos causa a mesma sensação de deslocamento que causa o personagem principal, e isso, sem dúvida, enriquece a produção. No fim, a experiência de assistir a Sweeney Todd é ótima. Mas aquela pergunta volta a aparecer: e se não fosse um musical? E se adaptassem a boa história do musical da Broadway... para um filme sem músicas, contado através de diálogos normais? Se fossem mantidos o excelente cuidado visual e as boas atuações, é possível que resultasse um filme ainda melhor – quem sabe, mais visceral ainda? Não foi, no entanto, a decisão escolhida, e o Sweeney Todd que podemos ver é esse espetáculo delicioso para os olhos – e nem tanto para os ouvidos." (Rodrigo Rosp)
''A canção The Ballad of Sweeney Todd, apenas em versão instrumental no filme “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”, introduz um dos personagens mais macabros da história. Descrevendo-o como um homem sombrio e estranho, mas impecavelmente limpo e hábil em sua forma de matar, a música, escrita por Stephen Sondheim, é uma excelente prévia do que está por vir. Sweeney Todd é, na verdade, Benjamin Barker, um homem preso injustamente e afastado de sua esposa e filha. Após 16 anos de exílio, Barker retorna a Londres, sedento por vingança e determinado a matar os dois responsáveis por sua vida miserável nos últimos anos: Juiz Turpin e Beadle Bamford. Em sua antiga residência, Barker, que assume o pseudônimo Sweeney Todd, encontra Nellie Lovett, uma quituteira apaixonada e determinada a conquistar o coração do homem que observou à distância durante tanto tempo. Ela reconhece Barker, lhe devolve as navalhas, objetos que guardou como um pequeno pedaço de seu amado, e o convida a construir uma nova vida ali, logo acima de sua loja de tortas. Com o tempo, Sweeney decide que não é apenas um ou dois homens que merecem sua revolta, mas toda a cidade de Londres, que nada fez para impedir as injustiças cometidas por Turpin e seu comparsa. As navalhas se tornam armas ainda mais ágeis e sua cadeira de barbeiro um instrumento para assassinatos mais elaborados e constantes. Ainda desesperada por atenção e determinada a levantar o negócio praticamente falido de tortas, Sra. Lovett o incentiva a usar os corpos de seus clientes mortos como recheio para suas receitas. A dupla assassina está formada. Para amenizar a história macabra de Sweeney e Sra. Lovett, dois personagens realizam os momentos mais românticos da produção. Johanna, filha de Todd, agora uma mulher presa nas mãos de Turpin, é a visão mais bela que o marinheiro Anthony já viu. Apaixonado por Johanna, o jovem decide que irá resgatá-la. Juntos, Jayne Wisener e Jamie Campbell Bower cantam as mais belas canções de amor e suavizam o sangue jorrado pelas mãos de Depp no longa. A Sra. Lovett e Sweeney Todd formam o núcleo sombrio do filme dirigido por Tim Burton. É Johnny Depp quem assume o papel de Todd, um homem que deve carregar no olhar toda a maldade de quem tem o desejo incontrolável de matar, mas também a sensibilidade de quem amou uma mulher com toda a sua alma e foi traído pela própria inocência e ingenuidade. A parceria entre Depp e Burton é longa. Sweeney Todd marca o sexto trabalho dos dois juntos e é também o mais desafiador. Depp foi convidado a participar da produção antes mesmo de ter a certeza que podia cantar. Por se tratar de um musical, o talento escondido do ator era extremamente importante para a qualidade do filme, sua voz é suave e seu trabalho consistente, mas ainda falta para atingir a força e a dramaticidade necessária para representar o personagem. Johnny Depp realiza um trabalho ótimo, como a grande maioria de suas criações ao longo da carreira, mas fica evidente que sua participação surgiu como mais um atrativo para a produção, uma isca para conquistar o público adolescente ou aqueles que passariam longe de um musical. Helena Bonham Carter como Sra. Lovett pontua outra parceria de longa data. Carter, que mantém uma relação com Tim Burton desde 2001, já participou de quatro filmes do diretor e é praticamente figura garantida em seus futuros projetos. A Sra. Lovett era uma personagem que a atriz sempre quis interpretar, mas, infelizmente, não tem nem talento vocal nem veia cômica para realizar o papel com o respeito que merece. Tim Burton realmente fez um trabalho ótimo quanto à cenografia, fotografia e direção musical, mas falhou na escola de seu elenco e no foco do enredo. As escolhas, tanto para o personagem de Todd, quanto para o da Sra. Lovett, foram equivocadas. Johnny Depp, apesar de ser extremamente talentoso e de realizar seu papel com competência, parece ter sido convocado apenas para conquistar o público e nada mais. Helena Bonham Carter desafina e perde o tom do humor em cenas cruciais. Ela é, definitivamente, o que faz de “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” um filme menos interessante do que poderia ser. Anthony e Johanna, interpretados por atores principiantes, mas possuidores de uma sensibilidade ímpar, têm suas cenas reduzidas a explicações banais e momentos rápidos. Cerca de 60% das canções que mapeavam o comportamento do casal foram cortadas, o que dá maior destaque a Johnny Depp e seu Sweeney Todd. Se “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” é um bom filme, isso se deve ao trabalho de Stephen Sondheim, ao adaptar a história de um personagem clássico aos palcos da Broadway, e ao talento de Tim Burton ao explorar cores e cenários na construção de uma história. O fato é que a história do barbeiro assassino e seu canibalismo é interessante sem qualquer recurso. As músicas de Sondheim unidas às cores (ou ausência de) de Tim Burton provocam uma harmonia maravilhosa que só é quebrada pela voz de Helena Bonham Carter e algumas valorizações que prejudicam cenas mais interessantes." (Lais Cattassini)
''Além de ter seu trabalho marcado pela estética gótica, o cineasta Tim Burton também costuma flertar com a música. Em Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco Da Rua Fleet, ele constrói um longa-metragem do gênero musical completamente sombrio e gótico, tendo como base a obra escrita por Stephen Sondheim e Hugh Wheeler para um musical da Broadway. A história começa com a volta de Benjamin Barker (Johnny Depp) a uma Londres completamente sombria. É assim que ele vê a cidade inglesa, com sua visão nebulosa por conta do desejo de vingança após ter sido extraditado do país e separado de sua família, a esposa Lucy (a estreante em cinema Laura Michelle Kelly) e sua filha ainda bebê Johanna. Isso há 15 anos. Na volta, ele descobre que sua esposa cometera suicídio e a filha fora adotada pelo mesmo homem responsável por seu período de ostracismo, o juiz Turpin (Alan Rickman), que condenou Barker por um crime que ele não cometera para afastá-lo da esposa, desejada pelo vilão. Em Londres, Barker passa a responder por outro nome para prosseguir com seu plano de vingança. Sob a alcunha de Sweeney Todd, ele reencontra a sra. Lovett (Helena Bonham Carter). Proprietária de uma falida loja de tortas, é transformada em cúmplice do barbeiro assassino, que atua no andar de cima de seu estabelecimento. Os corpos que saem da cadeira de Todd vão direto para as tortas da sra. Lovett, que repentinamente passam a ser reconhecida em toda a cidade. Para dar uma certa leveza à história de assassinatos e vingança, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco Da Rua Fleet ainda mostra a história de amor proibido entre o marinheiro Anthony Hope (o promissor Jamie Campbell Bower) e Johanna (Jayne Wisener). Ele é o homem que achou Sweeney no mar e o conduziu até Londres; ela é a filha de Sweeney e novo objeto de desejo de Turpin. A Londres idealizada por Burton em seu filme é completamente cinza, suja e desprezível, mostrada na tela da mesma forma que seu protagonista a vê. Os únicos momentos nos quais as cores passam por seus olhos estão no passado e no sangue que jorra e escorre de suas belas navalhas. Em meio a esta complicada trama, muito bem trabalhada e resolvida pelo roteiro de John Logan (O Aviador), temos músicas. Muitas músicas. O que é evidente, pois estamos lidando com uma produção musical. Outro elemento é a presença de Johnny Depp como o protagonista do filme. A parceria entre o ator e Burton é repetida pela sexta vez em Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco Da Rua Fleet e o público agradece. Reconhecidamente talentoso, Depp constrói um personagem denso e sombrio da forma como deve ser. Ao mesmo tempo, Helena Bohan Carter - esposa de Burton na vida real - torna-se um par perfeito na função de contar esta fábula sanguinária (que muitos dizem ter realmente acontecido). Ao mesmo tempo, o diretor escalou atores estreantes e desconhecidos para desempenhar outros importantes papéis na trama, que também cumprem suas funções com competência. Portanto, se você é o tipo de espectador que não simpatiza com o gênero musical, recomendo que passe longe de Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco Da Rua Fleet. Mesmo porque os arranjos das canções são um tanto quanto repetitivas, apesar de bem conduzidas vocalmente pelos atores. Mas, se a admiração pelo trabalho de Tim Burton for grande - lembrando que ele já flertou com o gênero em longas anteriores, como A Noiva Cadáver, A Fantástica Fábrica de Chocolate -, vale a pena dar uma chance a este longa. Afinal, ele traz elementos que consagraram a fama de Burton como admirável diretor, principalmente ao conseguir transformar elementos góticos em cinema de forma magistral." (Angélica Bito)
80*2008 Oscar / 65*2008 Globo
Warner Bros DreamWorks Pictures Parkes+MacDonald Image Nation Zanuck Company, The Tim Burton Productions
Diretor: Tim Burton
275.030 users / 12.582 face
39 Metacritic 707 Up 43
Date 24/03/2016 Poster - ####### - DirectorDanny BoyleStarsMichael FassbenderKate WinsletSeth RogenSteve Jobs takes us behind the scenes of the digital revolution, to paint a portrait of the man at its epicenter. The story unfolds backstage at three iconic product launches, ending in 1998 with the unveiling of the iMac.[Mov 08 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@} M/82
STEVE JOBS
(Steve Jobs, 2015)
TAG DANNY BOYLE
{inteligente}Sinopse
''Focado nos bastidores de três lançamentos icônicos (o Mac em 1984, o NeXT em 1990 e o iPod em 2001) e terminando no ano de 1998, com o lançamento do iMac, "Steve Jobs" nos leva aos bastidores da revolução digital e apresenta um retrato intimo de um homem brilhante em seu epicentro. Michael Fassbender interpreta Steve Jobs, fundador e pioneiro da Apple;.Ao lado da vencedora do Oscar Kate Winslet, como Joanna Hoffman, que na época era chefe de marketing da Macintosh. Steve Wozniak, cofundador da Apple, é interpretado por Seth Rogen e Jeff Daniels atua como o até então CEO, John Sculley. O filme também traz Katherine Waterston como Chrisann Brennan, como a ex-namorada de Jobs, e Michael Stuhlbarg como Andy Hertzfeld, um dos membros do time de desenvolvimento do Macintosh, da Apple.''
"Apesar de ser melhor interpretado do que o "outro Jobs", ainda não justifica a "genialidade" que diziam que Jobs teve. Ou talvez ele seja uma personalidade arrogante e ordinária mesmo, como retratada nos filmes..." (Alexandre Koball)
"A estrutura encontrada por Sorkin é espetacular, e Boyle contém seus excessos estilísticos para deixar o texto e os atores brilharem. Uma biografia original, que constrói um retrato complexo de Jobs sem jamais glorificá-lo ao extremo. Filmaço." (Silvio Pilau)
"Chega de filmes do Steve Jobs! Os dois recentes que foram feitos só ficam na redundância e aqui em particular há várias concessões babacas e soluções convenientes do roteiro. Piratas do Vale do Silício continua como o mais completo filme sobre o homem." (Heitor Romero)
"É válida a estrutura pouco convencional para cinebiografias, mas no final tudo parece mera desculpa para que Sorkin rediga um roteiro onde os diálogos sirvam apenas para a exibição dos atores. Boyle mais parece um mero contratado no meio disso tudo." (Rafael W. Oliveira)
**
"Danny Boyle dirige Michael Fassbinder, como Jobs, e Kate Winslet no papel de uma fiel assistente. Mas há alguma coisa esquisita aqui. Talvez o roteiro, que evita uma narrativa detalhada da vida do empreemdor. O filme foca apenas as horas que antecedem os laçamentos de produtos criados por Jobs. Na tensão dos bastidores antes de cada anúncio a impresnsa, ele passa a limpo sua vida. Uma aposta ousada com um resultado irregular, apesar do sempre bom Fassbender." (Thales de Menezes)
O homem por trás do gênio.
''Steve Jobs foi um dos grandes gênios e inovadores da computação gráfica e do design. Sua reputação não é nenhum pouco desconhecida, principalmente por seu duro caráter e difícil personalidade. Após o primeiro filme de ficção estrelando Ashton Kutcher em jOBS e o documentário Steve Jobs: The Man in the Machine, a vez agora é de Danny Boyle passar para tela o roteiro de Aaron Sorkin com Michael Fassbender interpretado o gênio em Steve Jobs - um filme que vamos admitir, totalmente desnecessário depois das duas primeiras obras se não fossem pelos três grandes nomes que o fazem. E falando em nomes, o filme também tem Kate Winslet, Seth Rogen e Jeff Daniels. Ao contrário de jOBS, a obra de Danny Boyle foca mais nos problemas pessoais da vida de Steve do que sua ascensão, queda e volta na grande companhia Apple. Sorkin sabe o que o nome de Steve Jobs representa e não se preocupa em explicar como ele chegou onde está e porque seu nome é tão importante. Ao invés disso, Sorkin aborda três temas importantes que se resumem na relação de Steve com as pessoas mais importantes de sua vida: seus sócios, sua família e ele mesmo. Dividido no que pode ser classificado como três atos, o filme se passa momentos antes de três importantes lançamentos: o Macintosh em 1984, o NeXT Computer em 1988 e o iMac em 1998. Em 1984, Steve já é o Steve que conhecemos e passamos bons vinte minutos ouvindo ele e sua executiva de marketing (Winslet) tagarelar sobre os impossíveis pedidos de Steve; como o fato dele querer que o computador diga "olá" ao ser ligado vinte minutos antes do lançamento e o fato de querer as luzes da saída de emergência apagadas quando começar o show. Ao mesmo tempo, aprendemos sobre um artigo que saiu na revista Times falando sobre a relação de sua ex-mulher e a filha que ele nega ter, fazendo com que a ex vá visitá-lo para tirar satisfação. Minutos antes do show, Steve também tem uma breve conversa com o sócio e co-fundador da Apple, Steve Wozniak (Rogen) e o CEO John Scully (Daniels). No que se apresenta em um forte, inteligênte e dinâmico primeiro ato, Sorkin repete sua fórmula nas duas últimas partes com um fraco desenvolvimento de personagens para elipses de tempo tão grandes. Afinal, ao abordar sua relação com seus sócios e família é preciso explicar um pouco do que está acontecendo no presente de cada ano, e ao tentar acompanhar uma diferença de quase dez anos minutos antes do novo lançamento de um computador, Boyle acaba sendo sufocado pelo roteiro de Sorkin, que além de vomitar palavras pelos personagens ainda acrescenta flashbacks curtos e rápidos que deixam o filme numa dinâmica desnecessariamente difícil de acompanhar e pouco espaço para Boyle dirigir. O pouco que ele consegue acrescentar no filme, além de dirigir seus atores, é acrescentar algumas imagens sobrepostas nas paredes e no chão. Apesar de tudo, o filme tem diversas características positivas e interessantes. Ao contrário de outras obras, Sorkin não glamoriza Steve Jobs em nenhum momento e sempre justifica suas ações como racionais, mesmo que muitas delas não tenham sentimento. Afinal, o segundo ato inteiro não passa de uma grande jogada de Steve para conseguir voltar à Apple e ele mesmo diz que seu produto é melhor que sua personalidade. Ao ser questionado porque ele faz com que as pessoas não gostem dele, ele responde que simplesmente não se importa se ele as agrada ou não. Infelizmente, muito do que poderia ser experimentado aqui é desvalorizado pela história do relacionamento com sua filha, que acaba ganhando destaque demais ao final do filme. Steve Jobs é também um filme de atores. Michael Fassbender interpreta o gênio de maneira belíssima, principalmente se você pensar que ele é de origem alemã com um sotaque irlandês. Se jOBS acertou na aparência com Kutcher, Fassbender entrega uma atuação mais digna com Boyle, mesmo que eles não se pareçam muito. Não duvido que ele ganhe uma indicação ao Oscar - isso se ele não receber uma por Macbeth. Kate Winslet também pode receber uma, já que está incrível e praticamente carrega Fassbender na coleira ao tentar controlar seu personagem. A dinâmica dos dois é algo que não se cansa de ver na tela. Sem contar Katherine Waterston, que interpreta a ex-mulher de Jobs, sempre à beira dos nervos em todas suas cenas. ''Steve Jobs'' é um filme competente com uma baita de uma personalidade graças ao roteiro de Sorkin, que resumiu grandes pontos da vida de Steve em um drama de duas horas. Ainda que ele tenha tentado colocar muita informação num roteiro cujo formato não se sustenta direito e é voltado para o elo dramático mais fraco da história, as atuações valem o preço do ingresso." (Guilherme Spada)
''Steve Jobs" é um filme deliberadamente esquemático. Para dar conta do personagem, o roteirista Aaron Sorkin dividiu a narrativa em três capítulos sobre os bastidores do lançamento de três produtos que Jobs criou: o Mac, o Next e o iMac. Em cada capítulo, Jobs (Michael Fassbender) é visitado pelos mesmos personagens: a filha Lisa e a mãe desta; Steve Wozniak (Seth Rogen), cofundador da Apple, e John Sculley (Jeff Daniels), CEO que entrou para a história por demiti-lo. E, em todos lançamentos, ele é acompanhado de perto por sua assistente pessoal, Joanna Hoffman (Kate Winslet), que funciona como uma espécie de superego para o id de Jobs. A princípio, o esquematismo parece ser o ponto fraco do filme, mas acaba se revelando uma de suas forças. Foi a forma que Sorkin achou para fugir da biografia convencional e transformar a vida de Jobs em tragédia grega, com atos que mostram ascensão, queda e renascimento do herói. "Steve Jobs" é uma tragédia sobre a orfandade. Jobs sofre porque foi rejeitado pelos pais biológicos. Lisa sofre porque Jobs não a assume como filha. Steve Wozniak sofre porque Jobs não o reconhece como pai do sucesso da Apple. E Sculley sofre porque se vê obrigado a trair Jobs, que o via como uma figura paterna no mundo corporativo. "Steve Jobs" é também uma tragédia sobre destino e controle. Como Jobs não consegue controlar o destino (a recusa dos pais, o nascimento da filha, a demissão da empresa que criou), ele precisará controlar obsessivamente os produtos que cria. Como um homem que quer ser um deus, Jobs conceberá cada um de seus produtos como um universo autônomo, fechado, hermético, sem comunicação com outros mundos. E, como em toda tragédia grega, "Steve Jobs" oferece amplas possibilidades de leituras psicológicas. Não é preciso ler a obra de Freud para ver o personagem como um pequeno gênio que nunca superou a fase anal, com sua personalidade obsessivo-compulsiva, rígida, dominadora. Como se vê, outra das virtudes do filme é não se transformar na biografia de um santo. Ao contrário, o criador criou uma narrativa à semelhança da criatura: fria, compartimentada, complexa. E, nesse caso, o criador é antes o roteirista (Sorkin) do que o diretor (Danny Boyle). O filme depende muito mais da estrutura narrativa e de sua sofisticada esgrima verbal do que do estilo visual do cineasta. "Steve Jobs" está muito mais próximo de A Rede Social, escrito por Sorkin, do que de Quem Quer Ser um Milionário, dirigido por Boyle. Mas é preciso dar crédito ao diretor pelas ótimas performances de Fassbender, Winslet e Daniels. Por fim, um detalhe importante: "Steve Jobs" beneficia-se muito do fato de ter sido lançado dois anos depois do horrendo "Jobs", protagonizado por Ashton Kutcher. Na comparação, as virtudes do novo filme parecem ainda maiores. Nunca um filme esquemático de Hollywood foi tão bom." (Ricardo Calil)
{A classe econômica aterrissa exatamente na mesma hora que a primeira classe} (ESKS)
{Deus mandou seu único filho numa missão suicida, mas gostamos dele assim mesmo porque ele fez as árvores} (ESKS)
''A primeira pergunta que você pode se fazer é: Precisava de outro filme sobre Steve Jobs? Vamos combinar, já rolaram tantos documentários sobre o fundador da Apple, com muitas promessas de mostrar o outro lado do gênio. E, claro, como não se esquecer (embora muita gente quisesse) do filme Jobs, de 2013, com as caretas e carões de Ashton Kutcher? Steven Paul Jobs, morto em 2011, merecia um filme com elenco afiado, direção de um ganhador do Oscar e trama menos superficial. Desta vez, o foco é em três momentos cruciais na carreira de Jobs: os lançamentos de um computador Macintosh (1984); outro da NeXT, então nova empresa de Jobs (1988); e a chegada do iMac G3 (1998). Quem quer ser um bilionário? O longa do diretor Danny Boyle levou os Globos de Ouro de atriz coadjuvante e roteiro. São, de fato, dois dos pontos fortes do filme. Quase toda a trama, baseada no livro do jornalista Walter Isaacson, foca os bastidores dos eventos e um lado mais canalha de Jobs. A relação conturbada com a filha Lisa (que ele disse não ser pai, no começo) e a mãe da garota ganha bastante espaço, assim como o jeito rude com o qual o empresário trata seus colegas. É até mencionado um prêmio que os funcionários da Apple davam para quem melhor lidava com os pitis de Jobs. Kate Winslet, como a fiel escudeira de Jobs, chega a dar uma ofuscadinha em Michael Fassbender. Ela é Joanna Hoffman, diretora de marketing da Apple e duas vezes vencedora do prêmio "aguentei Jobs", dando contraponto ao seu chefe. Nos primeiros minutos, é difícil entender quem é a atriz que está ali na tela. Não só pela caracterização. Falam muito. O entrosamento dos personagens de Winslet e Fassbender, em um morde e assopra constante, potencializa o roteiro cheio de falação. Não dá para esperar outra coisa de Aaron Sorkin. Ele é perito em enfileirar o maior número de tiradinhas e frases de efeito por minuto de filme. O estilo que o deu uma indicação (Moneyball) e uma estatueta no Oscar ("Rede social") sempre prevalece. O filme dá uma forçada ao retratar encontros de Jobs sempre com as mesmas seis pessoas, nos três momentos diferentes. O roteiro é tão simétrico, tão redondinho, que poderia até ser um produto da Apple. Jobs, obviamente, veria um monte de defeitos nele, é claro." (Braulio Lorentz)
88*2016 Oscar / 73*2016 Globo
Universal Pictures Legendary Pictures Scott Rudin Productions Mark Gordon Company, The Management 360 Decibel Films Cloud Eight Films Digital Image Associates
Diretor: Danny Boyle
79.721 users / 22.423 faceSoundtrack Rock
Bob Dylan / Joni Mitchell / The Libertines / The Maccabees
45 Metacritic 329 Down 82
Date 10/04/2016 Poster - ####### - DirectorSidney J. FurieStarsMarlon BrandoAnjanette ComerJohn SaxonMan tries to recover a horse stolen from him by a Mexican bandit.[Mov 05 IMDB 6,3/10] {Video}
SANGUE EM SONORA
(The Appaloosa, 1966)
TAG SIDNEY J. FURIE
{intenso}Sinopse
''Ojo Prieto, uma cidade americana na fronteira com o México, 1870. Matt Fletcher (Marlon Brando) é um forasteiro que chega no lugarejo e só pensa em se encontrar com uma família amiga, que mora nos arredores da cidade, comprar um rancho e ter uma vida tranqüila. Entretanto ele acaba se desentendo com Chuy Medina (John Saxon), o líder de um bando mexicano. Medina se sentiu diminuído pois Matt o encarou, assim mais tarde, quanto Matt tinha bebido um pouco demais com seus amigos, Medina aparece e lhe rouba seu cavalo apalusa, que indiretamente foi o início da desavença, e deixa Matt pendurado em uma árvore. Matt decide ir até o México recuperar seu cavalo, mesmo sabendo que suas chances são muito poucas, pois Medina sempre está protegido por vários membros do seu bando.''
''Sangue em Sonora é um filme concluído pelo realizador Sidney J. Furie, de berço no Canadá. Apesar dos nomes semelhantes, tal fita não possui qualquer relação com Appaloosa – Uma Cidade Sem Lei (Ed Harris, 2008), e ambos os títulos provém da raça de um cavalo, sendo de um semblante bastante importante no desenrolar do roteiro do longa de 66. A trama, aproximando-se de seu ponto ideal, o faz assim que Matt Fletcher (Marlon Brando) volta para uma cidade na fronteira do México, no intuito de montar um rancho com sua família-amiga; contudo, seu belo e caro cavalo appaloosa é roubado por um temido bandido mexicano, Chuy Medina (John Saxon). Matt decide recuperá-lo, não apenas pelo sentimento de tê-lo de volta, em mãos, mas também para retribuir o carinho de seu pai adotivo – este que sempre tentou transformar o filho em uma pessoa melhor – ganhando dinheiro ou então construindo um rancho com o irmão caçula, Paco (Rafael Campos). Pois aconteceu que, após se enfiar em muitos problemas na cidade de Cocatlán, Matt confronta-se com Chuy, já no final, em um duelo estratégico. A dupla de atores, Brando e Saxon, que fazem os papéis principais de Matt e Chuy, respectivamente, é um ponto fortíssimo e de muita influência no filme. O primeiro deles, o eterno Padrinho, passa por uma transformação logo na primeira metade da projeção: no início, seu personagem está sujo como um porco e de barba grande, mas, sem demoras, reverte o quadro irregular. No caso de Saxon, seu vilão está muito bem construído como um típico malvado mexicano, tendo sido até indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante. Como a principal peça que encabeça os créditos, está Sidney J. Furie: o diretor faz um filme regular, com algumas referências religiosas que se manifestam por meio da enganação (a mulher de Chuy, por exemplo, que, dentro da própria igreja, tenta iludir Matt); sem contar, também, com o poderoso machismo da época, descarregado nas lentes pelas formas de como as mulheres eram tratadas, sem direito algum à liberdade." (Thierry Vasques)
73*2016 Globo
Universal Pictures
Diretor: Sidney J. Furie
2.013 users / 132 face
Date 12/04/2016 Poster - ### - DirectorJ.J. AbramsStarsDaisy RidleyJohn BoyegaOscar IsaacAs a new threat to the galaxy rises, Rey, a desert scavenger, and Finn, an ex-stormtrooper, must join Han Solo and Chewbacca to search for the one hope of restoring peace.[Mov 07 IMDB 8,3/10] {Video/@@@} M/81
STAR WARS - O DESPERTAR DA FORÇA
(Star Wars: Episode VII - The Force Awakens, 2015)
TAG J. J. ABRAMS
{nostálgico}Sinopse
''Décadas após a queda de Darth Vader e do Império, surge uma nova ameaça: a Primeira Ordem, uma organização sombria que busca minar o poder da República e que tem Kylo Ren (Adam Driver), o General Hux (Domhnall Gleeson) e o Líder Supremo Snoke (Andy Serkis) como principais expoentes. Eles conseguem capturar Poe Dameron (Oscar Isaac), um dos principais pilotos da Resistência, que antes de ser preso envia através do pequeno robô BB-8 o mapa de onde vive o mitológico Luke Skywalker (Mark Hamill). Ao fugir pelo deserto, BB-8 encontra a jovem Rey (Daisy Ridley), que vive sozinha catando destroços de naves antigas. Paralelamente, Poe recebe a ajuda de Finn (John Boyega), um stormtrooper que decide abandonar o posto repentinamente. Juntos, eles escapam do domínio da Primeira Ordem.''
"O fator nostalgia tem grande peso aqui, mas há ação e renovação, embora o argumento seja no máximo medíocre, a saber se sustentará uma nova trilogia completa." (Alexandre Koball)
"Abrams, melhor diretor que Lucas, evita o blá-blá-blá político e o tom solene dos diálogos, pega leve no digital, reverencia a trilogia original e abre espaço pra novos personagens. A trama não é lá muito original, mas quem se importa? SW7 é legal pacas!" (Régis Trigo)
"O acerto de Abrams foi encontrar o equilíbrio entre a reverência aos originais e suas novas ideias, construindo uma aventura empolgante que revigora a série (embora muito do enredo seja familiar). Ridley é uma ótima personagem. Um dos melhores da saga." (Silvio Pilau)
"JJ Abrams consegue de novo! Transformando sua infância na infância de todos, empolga e diverte com competência e classe, sendo reverente e ousado ao mesmo tempo." (Francisco Carbone)
"Um tanto frágil enquanto tenta dar continuidade ao universo criado por Lucas, com excesso de apego a nostalgia e certas quebras de lógica. Mas Abrams,com seu olho periférico para a ação, entrega um entretenimento deveras honesto, embora seja preciso mais." (Rafael W. Oliveira)
''Indo direto ao que interessa: "Star Wars: Episódio 7 - O Despertar da Força" conseguiu. É bacana, equilibrado entre nostalgia e novidade, não se perde em efeitos visuais estéreis e segue fiel ao, digamos, viés filosófico da saga. Diverte e dá vontade de ver os próximos filmes. Não é pouco. Difícil imaginar a divisão de responsabilidade por esses méritos, mas dá para afirmar que J.J. Abrams, homem por trás de "Lost" e dos recentes Star Trek, soube tocar o barco sem desfigurar o universo que George Lucas lançou em 1977. O Despertar da Força, que inicia a terceira trilogia da saga, tem uma vantagem básica e inegável sobre Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma, que abriu a segunda trilogia, em 1999. Ali, a história retornava ao passado, antes dos acontecimentos da hoje chamada trilogia original, que mostrou os episódios 4, 5 e 6 entre 1977 e 1983. A Ameaça Fantasma precisou exibir novos personagens, notoriamente menos charmosos. E, pior, se perdeu numa orgia de efeitos visuais. O Despertar da Força se passa 35 anos depois dos acontecimentos do sexto episódio, O Retorno de Jedi e traz Luke Sywalker, Princesa Leia, Han Solo e Chewbacca. Se teve fã que chorou quando Harrison Ford apareceu como Han Solo envelhecido num breve instante dos primeiros trailers do filme na internet, imagine a emoção agora, acompanhando um nova aventura por duas horas. Mas Abrams sabia que não poderia depender de uma sequência exclusivamente geriátrica. Então, adicionou um trio de personagens jovens para serem os protagonistas dessa terceira trilogia. Rey (Daisy Ridley), Kylo Ren (Adam Driver) e Finn (John Boyega) carregam, respectivamente, heroísmo, vilania e humor. Ray é uma catadora de sucata espacial que acaba se unindo a Finn, um desertor das forças do mal, e, sem querer, se envolve na busca por Luke Skywalker, cujo desaparecimento é o ponto de partida da nova trama. Kylo Ren é do Lado Negro, mas logo o espectador vai perceber que não se trata de um vilão comum. É o personagem mais complexo deste episódio e provavelmente é em volta de sua trajetória que a história deve prosseguir. É assim que a saga retomou seu rumo, com velhos ídolos e bons rostos novos, principalmente a inglesa Daisy Ridley, a volta das lutas dos sabres de luz e um final impactante para entrar nas antologias –e põe impactante nisso!" (Thales de Menezes)
''A essa altura do campeonato, tudo o que poderia ter sido dito sobre Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força (Star Wars: Episode VII - The Force Awakens, 2015) já foi feito por Rodrigo Cunha e Bernardo Brum em seus textos anteriores para o Cineplayers. As referências, reverências, mitologias, arquétipos, remanejamentos, atualizações, nostalgia, personagens, história, repercussão mundo afora, perpetuação na cultura pop, avanços narrativo e visual, expectativas para os filmes futuros – tudo meus colegas já dissecaram muito bem, tanto para o leitor que ainda não viu o filme quanto para os que já assistiram. O propósito desse texto é uma análise sobre a colocação do novo Star Wars no contexto moderno do mundo, o que vai além da utilização da tecnologia mais avançada ou da busca pelo equilíbrio entre o novo e o velho. Como todo o filme, os episódios da saga de George Lucas refletem características de seu próprio tempo, sejam elas sociais, políticas ou culturais. Além do esforço dos muitos envolvidos em estar sempre buscando esse link com a realidade identificada pelo espectador, a perspectiva histórica de uma saga que começou na década de 1970 e é retomada hoje oferece involuntariamente uma visão de como o mundo mudou de lá para cá e de como essas mudanças influenciaram o universo de Star Wars. Numa análise mais superficial, podemos dizer que sempre se tratou de uma única história, a mais tradicional possível no cerne das ficções: o embate entre o Bem e o Mal. Se antes essa eterna luta da Aliança Rebelde contra o Império refletia uma ideologia de revolução proletária contra a opressão governamental (que muitos veem até hoje como uma pueril apologia comunista) e preservação da democracia, hoje o embate ganha um novo contorno. Nas duas primeiras trilogias, George Lucas afirmava que muito de sua saga se embasava na História da humanidade, como a ascensão de líderes populares, que sacrificaram a democracia por meio de golpes ditatoriais (como Palpatine), e diretas referências a presidentes como Abraham Lincoln. A manipulação de fatos e eventos, como a incitação de guerras, nada mais eram do que joguetes para permanecer no poder. Não à toa que a trilogia original evoque tanto a ditadura nazista e as misérias da Segunda Guerra Mundial provocadas por Hitler. A República, regime parlamentar que a princípio conseguia manter certa regência de ordem e paz na galáxia, logo foi enfraquecida por movimentos separatistas que fomentaram um golpe (os Sith) e então os lados foram tomados, sendo o lado luminoso da Força representado e dominado pela Ordem Jedi, uma espécie de entidade teológica nesse universo cheio de simbologias de Lucas. Sendo assim, enquanto a primeira trilogia trazia um reflexo do rastro de sangue e repressão deixado por governos fascistas ao longo das eras, assim como a luta para se recuperar a liberdade (dando voz aos que combatiam regimes ditatoriais à época, como o do General Pinochet), a segunda trilogia remonta o percurso de ascensão e derrocada da democracia, em um jogo de poder sujo e manipulador. Por ser um trabalho não exclusivamente focado em discutir posições políticas, cabe a cada espectador aplicar nessas projeções suas próprias convicções e interpretações. Da mesma forma, cabia a Abrams dar uma nova roupagem à eterna luta do bem contra o mal, agora em um contexto assimilado pela realidade do século XXI. No mundo ocidental pós 11 de setembro, traumatizado por ações terroristas, paranoico diante de uma ameaça cada vez mais real e próxima, os novos vilões eleitos pelo cinema comercial americano têm nome e endereço certo. Saíram de cena os generais comunistas de viés soviético e entraram os líderes militares fanáticos do Oriente Médio, por isso não é surpresa ver que a nova heroína Rey venha de um planeta desértico, assolado por corrupção, esquecido e desprezado na galáxia, onde não há leis para proteger a população diante de um Império que dita as regras de acordo com o que bem entende. Enquanto isso, Finn se revela um stormtrooper desertor que foi raptado ainda pequeno e treinado para matar, remontando o drama das crianças sequestradas por facções terroristas para recrutamento, passando por uma lavagem cerebral até perderem qualquer resquício de sensibilidade humana. Por último e mais interessante, o misterioso Kylo Ren é aposta dos roteiristas de um vilão à altura de Darth Vader, e para conferir esse peso ao personagem foi criada uma ligação familiar com Han Solo e Leia. Filho de dois defensores da liberdade e autênticos guerrilheiros da Aliança Rebelde, Kylo recebeu de seu tio Luke o treinamento Jedi desde cedo, mas sucumbiu ao lado negro da força, assim como seu avô. Mesmo pertencendo a uma família estruturada e bem esclarecida, ele demonstrou um interesse inexplicável pelo mal (diferentemente de Darth Vader, que tinha lá seus motivos e traumas), como ocorre tanto hoje em dia quando noticiam casos de simpatizantes de organizações como o Estado Islâmico pelo mundo, que abrem mão da liberdade para se oferecerem voluntariamente como defensores das causas fanáticas de grupos terroristas. Sob essa perspectiva, a maldade de Ren tem uma origem interior, sem aparentes motivos ou justificativas, apenas o mal em seu estado mais puro e inexplicável. Não há nele, pelo menos por enquanto, o fator humano latente que encontrávamos em Darth Vader, apenas uma manifestação muito poderosa e sombria do lado negro da força. A luta do bem contra o mal sempre foi muito categórica na saga Star Wars, sem a complexidade moral que de fato existe hoje em nossa realidade, em que conceitos de “bem” e “mal” podem ser considerados como interpretativos e variáveis. Também nunca foi intenção de Lucas se aprofundar muito nisso, sendo sua saga, antes de tudo, uma deslumbrante e criativa fantasia, além de blockbuster de grande apelo comercial. Sabendo disso, suas sacadas políticas soterradas por tantas outras características mais evidentes podem até parecer pueris, e de fato nem devem surgir em primeiro plano. Mas, como dito no início do texto, formam um retrato de seu tempo presente: os males, medos, costumes, lutas, ideais, perspectivas e novas esperanças."(Heitor Romero)
''Escrever sobre Star Wars nunca é uma tarefa fácil, pois envolve tantas variáveis que fica difícil controlá-las. Aqui, no Cineplayers, teremos pelo menos duas análises sobre ''Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força''; uma minha, totalmente sem spoilers, e outra de Bernardo Brum, comentando mais a fundo o tanto de coisa que merece ser comentada desse episódio. Começar uma nova trilogia parecia desnecessário, afinal, a Disney havia acabado de comprar a LucasFilm e o quase imediato anúncio de três novos filmes soava prematuro demais para significar algo além de lucro fácil. Ela havia acabado de adquirir os direitos de Star Wars e já estava anunciando uma nova saga? Bom, pensando melhor, a Disney tinha créditos e sabíamos disso. Os filmes da Marvel só decolaram depois que a empresa foi adquirida por ela. Toy Story 3, anunciado com a mesma desconfiança depois da Disney comprar a Pixar, é o melhor da trilogia. E os anúncios subsequentes à compra da LucasFilm pareceram cada vez mais animadores: o anúncio de J. J. Abrams empolgou e é fácil saber o porquê; salvou a franquia Missão Impossível de entrar no limbo, realizou uma bela homenagem aos filmes dos anos 80 com Super 8 e apresentou toda a franquia Star Trek a uma nova geração. O diretor fez alguns vlogs mostrando a produção de Star Wars, como estava tratando tudo como nos anos 80, fazendo mais efeitos visuais e menos digitais sempre que possível; parecia realmente conhecer onde estava metido e respeitar os fãs e princípios jedis, até o primeiro trailer sair e parar a internet. Sim, Star Wars estava em boas mãos. Com o lançamento do filme, muito se confirmou. O universo foi expandido. Agora podemos ver rastros de batalhas espalhados pelos planetas, algo que a tecnologia dos anos 70 não permitia. A viagem clássica da série agora também pode ser vista por dentro da nave e em diversas novas perspectivas. As batalhas ficaram maiores, mais espetaculares e muito mais movimentadas. Não são apenas as naves que explodem, mas tudo o que está em volta sente o peso do conflito também. Aproveitando-se dessa expansão, diversos momentos ajudarão a construir o clima Star Wars de ser, nos auxiliando a entrar naquele universo, retomando o que havia sido perdido com a frágil trilogia política comandada por Lucas nos anos 2000 (99 já é quase 2000, vai, dá um desconto). Abrams tem bom gosto e é um excelente compositor de imagens, então espere por momentos de tirar o fôlego, mesmo que nada significante esteja acontecendo em tela. É o cinema beleza de contemplação. Além de tudo, ele quase parece entender melhor o que Star Wars se tornou com o tempo do que seu próprio criador, o que é uma ironia incrível. O filme é empolgante, épico, lotado de reviravoltas e perguntas ainda não respondidas, mas não perfeito. Algumas decisões são questionáveis: o uso do sabre de luz beira o ridículo, o final é um pouco corrido e talvez a maior reclamação de todas, o filme parece muito com Uma Nova Esperança, quase que como uma refilmagem para a nova geração do que um filme totalmente novo. Fica difícil enxergar a linha que separa a homenagem do medo de inspiração. Não diria que respeita demais a trilogia clássica, mas que recria demais suas referências. Agora, há também muitos acertos. Star Wars sempre foi sobre a família, os conflitos e tudo o que pode unir e separar seus membros. O Despertar da Força usa muito bem esse mote ao contar sua nova história, apresentar os novos personagens – todos, sem exceção, são excelentes – e dar um pontapé inicial a toda uma nova geração disposta a venerar Star Wars além dos velhões que irão levar os filhos e chorar junto com eles. Prepara-se para aplaudir momentos épicos, aparições clássicas e muito mais. Star Wars não é só um filme, é o ápice da cultura pop que podemos ter em uma sala de cinema, é um evento que merece ser curtido em massa, com quem também gosta daquilo. Finn é um personagem sensacional e Adams acerta em cheio ao introduzi-lo à história de maneira sutil e, com poucas cenas, passar muita informação sobre ele. A marca de sangue na máscara é um recurso genial, sutil, poético e eficiente. Já Poe, o melhor piloto da Resistência, tem uma função realmente importante na história e funciona em todos os momentos, humanizando aqueles pilotos de laranja tão famosos da série que só serviam antes como números nas batalhas grandes. E Rey, mulher forte e de atitude, não é apenas uma das melhores personagens da série como tem papel fundamental no desenvolvimento de toda essa nova trilogia. O que todos têm em comum? Cinematograficamente falando, funcionam dentro da proposta, são bem apresentados e combinam com o que está em tela, o que é ótimo para o filme. Socialmente, representam minorias que estão conquistando espaço no nosso mundo real: um negro, um latino e uma mulher. Isso é lindo de se ver. É engraçado também notar como a parte mecânica de Star Wars também acaba sendo um personagem a parte. BB-8, o novo robôzinho carismático da turma, é extremamente divertido, convence por ser uma bola e andar muito mais rápido do que seus semelhantes setentistas, além de ter momentos icônicos tanto engraçados quanto emocionantes. É, de fato, um dos maiores nomes do novo filme. Isso é expandido para as naves, que de tão clássicas, arrancam aplausos quando aparecem, modernas, rápidas e perigosas. E aí temos o novo vilão, Kylo Ren... Vale dizer que ele não se limita a imitar Vader, como os trailers sugeriam. Para ser sincero, mesmo que não tenha a mesma presença e poder, é muito mais profundo do que Vader. Seus ataques de fúria são sensacionais, seu desenvolvimento é fantástico e a profundidade que o personagem ganha ao descobrirmos mais sobre ele deixa tudo mais interessante e aberto a discussões. É alguém que já é marcante para a franquia, vilão imprevisível e que busca algo realmente. De ruim, seu tema é muito fraco e nem de perto será lembrado como a Marcha Imperial é. Gostaria de comentar mais a fundo o personagem, o porquê de ter gostado tanto dele, mas prometi uma crítica sem spoilers. :) ''O que é, então, Star Wars O Despertar da Força''? Um filme muito divertido – a comédia, assim como está na moda, pontua todo o filme e ajuda a aliviar a tensão -, que abre muito mais portas do que as fecha, que apresenta bem a galáxia a uma nova geração e que, principalmente, resgata a quase religião Star Wars de ser que o próprio Lucas deu margem para questionarem. Transita, ali, entre os melhores episódios da franquia, mas, principalmente, deixa muito espaço para que coisas boas venham em um futuro não tão distante assim." (Rodrigo Cunha)
''JJ Abrams. Uma rápida pesquisa revela nomes como as cultuadas séries Alias e Lost, a continuação Missão: Impossível III, os reboots da franquia Star Trek, os projetos originais para o cinema como Cloverfield - Monstro e Super 8. Quem acompanha cinema e televisão nos últimos quinze anos deve conhecer ao menos uma das produções citadas acima. Seja como produtor, roteirista, diretor, showrunner ou produtor executivo, Abrams deixou suas digitais em alguns dos principais marcos dessa geração, tal como Spielberg e Lucas faziam na década de oitenta - e a sétima parte de Star Wars: O Despertar da Força, não só estreita a relação entre duas gerações como cria um diálogo entre realizadores fascinados por mitologias populares e que tomam por suas missões construir suas próprias visões a partir de tais referências. A escrita do roteiro do primeiro filme da nova trilogia em parceria com Lawrence Kasdan - co-roteirista de O Império Contra-Ataca, O Retorno de Jedi e Os Caçadores da Arca Perdida - reforça a intenção de criar novos ícones na longa galeria de heróis cinematográficos cultuados há quase quatro décadas. Fruto de uma geração que em larga escala se baseia nas referências a outros filmes, O Despertar da Força é um filme reverente ao cânone de George Lucas. Mas a referência e reverência não são exatamente novidade em Star Wars. Pesquisar a criação de Star Wars é encontrar a inspiração nas aventuras escapistas do início do século vinte, quando encontramos as raízes da space opera com nomes como Bucky Rogers e Flash Gordon; créditos estilizados, cidades de visual fantástico e com riqueza de detalhes, especulação de tecnologia avançada, ênfase em dramas pessoais resolvidos por meio de ação física, entre outros temas que, ao mesmo tempo que influenciados pelas novas sensações da época (a ficção científica de Júlio Verne, Edgar Rice Burroughs, entre outros) também era uma nova fase do swashbuckling, o romance capa e espada, com vilões caricaturalmente malignos, donzelas em perigo e heróis destemidos. Também nos leva aos filmes de culto entre os cineastas-cinéfilos, como o cinema oriental e filmes como A Fortaleza Escondida, de Akira Kurosawa, forte inspiração para Lucas buscar a inspiração na composição de um épico nos mecanismos narrativos, com a história se desenrolando pelos olhos de tipos cômicos que testemunham o crepúsculo e o nascimento de novas lendas em um ambiente hostil. Os nomes pouco ocidentais, os figurinos, as tradições e a filosofia dos espadachins Jedi reforçam a inspiração conceitual do criador em criar um universo à parte, com suas próprias lendas. Com isso contextualizado, fica evidente a percepção que George Lucas, Larry Karsdan e JJ Abrams têm do caráter das histórias que contam: são mitos contemporâneos. Narrativas carregadas de simbolismos que visam comunicar valores e modelos através da constante reafirmação - arquétipos antigos, como desafiadores de deuses, estarão sempre experimentando castigos terríveis. Arquétipos da cultura popular recente também seguem sua própria cartilha - o gângster dos filmes policiais, por exemplo, repete em inúmeras figuras ao longo das décadas a figura que ascende para em seguida decair. O Despertar da Força é também arquetípico ao compôr essa tapeçaria de heroísmo popular ao elencar Rey, mulher que sai de sua rotina normal de caçar sucata para vender para salvar o mundo das garras de forças malignas; Finn, o stormtrooper renegado, figura de origem traumática, que enfrentando uma crise de consciência, aos poucos se torna uma figura indispensável e Poe Dameron, a figura da resistência que estabelece a missão e introduz o tipo cômico - o pequeno e adorável dróide BB-8, que ao conhecer Rey e Finn em Jakku e aliar-se a eles os elege como os protagonistas da trama e encarregados de encontrar o lendário Jedi Luke Skywalker. E há também Kylo Ren, o antagonista da vez, um dos corrompidos líderes da Primeira Ordem, que assim como o Império alude ao fascismo a todo momento, com os trajes negros, a disciplina militarista, o condicionamento da juventude e seu discurso de apelo à força. Filho de Han Solo e Leia Organa e seduzido pelo lado negro pelo enigmático Lorde Snoke, ainda é um vilão em formação com a lealdade balançada, propenso a ataques de fúria e determinado a negar a própria individualidade em nome da causa que serve, usando a máscara como meio de renegar o próprio passado. Todos eles arquétipos já familiares para aqueles íntimos com a saga. Aqueles que assumiam tais arquétipos conhecidos retornam ao filme, exercendo diferentes funções. Assim como para o público da época, os termos e nomes famosos para nós tornaram-se igualmente lendários no atual presente de Star Wars. De uma forma ou de outra, todos eles costuram a trama de O Despertar da Força, ganhando novos significados e enfrentando novas provações. Nos eventos entre os filmes, Darth Vader torna-se um símbolo para Kylo Ren que promete continuar o legado do famigerado Sith; Luke Skywalker torna-se uma figura mitológica após um culpado auto-exílio motivado por um massacre perpetrado pelo sobrinho contra uma nova geração de Jedi que ele treinava; e Han e Leia lidaram cada um de forma diferente com a tragédia - ela dedicou-se a continuar comandando a Aliança Rebelde, e ele voltou à antiga vida de contrabandista com o wookie Chewbacca. Na nova configuração de J.J. Abrams, os eventos se alteram e se repetem; Han Solo abandona grande parte da sua persona anti-heroica e atua como o mentor de Rey e Finn, tentando fazer as pazes com os demônios do passado, sendo a voz da experiência, amplificando o mundo dos protagonistas com o seu conhecimento e por fim em última instância tendo que lidar as questões ainda pendentes. A relação mentor-discípulo da cinesérie ganha uma nota ainda mais melancólica e íntima quando a questão envolve pai e filho. Família sempre foi uma questão constante e uma grande ferramenta narrativa durante todos os filmes da saga - do primeiro ao sétimo episódio é constante a figura do órfão que não sabe de onde veio, que enfrenta uma missão que não compreende em sua totalidade e que adota figuras ao longo da jornada que possibilitam em seu crescimento - e que terão que dizer adeus quando precisarem seguir o próprio caminho. O grande plot twist de O Despertar da Força, a morte de Han Solo para seu filho Kylo Ren, era uma das únicas maneiras possíveis de causar um impacto tão grande para a audiência quanto a morte de Obi-Wan Kenobi em Uma Nova Esperança e também a única forma de a história seguir com os atuais protagonistas. Quando Darth Vader mata Obi-Wan e quando Kylo Ren mata Han, a história se altera radicalmente para voltar ao mesmo ponto. Rey e Finn encontram uma figura de oposição e confrontação. Kylo Ren tem seu senso de propósito reafirmado, cortando um dos últimos laços com sua identidade pregressa. Mudando a história de forma irreversível, a perda obriga Rey, Finn e a própria história a desempenharem o próprio caminho e criarem o próprio cânone, criando um clímax que, com pendências resolvidas com a história anterior, já se aventura a funcionar sozinho, com Rey protagonizando a premissa do título - manifestando os poderes mais conhecidos da Força, recebendo visões do propósito que a história irá lhe designar e surgindo como a adversária que irá fazer frente a Kylo Ren. Finn, enfrentando uma jornada de dúvida e culpa em paralelo à da protagonista, é a terceira via da história, tendo participação ativa no confronto final, onde ajudando a parceria Rey na luta contra seu ex-comandante sintetiza em duas horas a jornada de autoconhecimento provida pela ação física, principal pilar do cinema de aventura. Recontar a história, revisitar o universo, explorar antigos e novos conceitos, ver as mesmas personas encarando diferentes arquétipos. O happening de Star Wars reafirma o fascínio pelas histórias constantes de heroísmo, martírio, corrupção e redenção no pano de fundo criado por George Lucas, pois o rito confirma o mito - ou ainda, se preferir, a prática confirma a ideia, confere concretude ao arquétipo. Repetindo-se a música, a estilização gráfica, o uso de técnicas e transições, a space opera se torna um modelo prático de cinema. E é para isso que Abrams lança mão desse dicionário temático e visual para escrever seus próprios novos versos dessa saga, utilizando dessas rimas para definir os novos caminhos da coleção de temas fechados em seu propósito. Carrega o filme de ambiciosas composições fotográficas, desconstrói constantemente as histórias cristalizadas por décadas e as insere em novos contextos, dá continuidade aos cinemas que o antecederam - inserindo a câmera dentro da ação, evidenciando a individualização dentro da ação em larga escala, incorporando e admitindo a criação de atmosfera dentro da montagem. O Despertar da Força, novo capítulo de tal mito moderno, se reafirma de forma nem um pouco anacrônica nos dias de hoje; antes, em seu tratamento respeitoso até certo ponto com o passado, também abre as portas para o novo, admitindo as novas facetas da eterna luta, confrontando os mesmos valores com as novas questões. Abrams garante que a franquia ainda está viva, ainda capaz de oferecer novidades e significar de forma representativa um marco para a nova geração. A solidez que uma marca mainstream pode oferecer, um elogio à uma tradição pop, um conceito ainda capaz de oferecer fôlego, complexidade de temas e ideias andando lado a lado com a acessibilidade e empatia imediata - Star Wars ainda é um fenômeno cultural quase quatro décadas depois. Esta é a verdadeira Força." (Bernardo D.I. Brum)
88*2016 Oscar
Top 250#127
Top Ficção Científica #36
Lucasfilm Bad Robot Truenorth Productions
Diretor: J. J. Abrams
520.491 users / 259.872 face
52 Metacritic 10 Down 3
Date 26/04/2016 Poster - #### - DirectorShawn LevyStarsJason BatemanTina FeyJane FondaAfter their father passes away, four grown siblings are forced to return to their childhood home and live under the same roof for a week, along with their over-sharing mother and an assortment of spouses, exes, and might-have-beens.[Mov 06 IMDB 6,6/10] {Video/@@} M/44
SETE DIAS SEM FIM
(This is Where I Leave You, 2014)
TAG SHAWN LEVY
{esquecível}Sinopse
''Os membros de uma família judia nunca realmente seguiram as tradições religiosas, mas quando o pai morre, os quatro filhos, que não se encontravam há décadas, aceitam fazer a cerimônia do Shivah juntos, passando uma semana inteira dentro da mesma casa e trazendo à tona os problemas familiares.''
"As boas intenções até que contam a favor, mas o filme é extremamente mal balanceado em sua mistura de drama familiar e comédia escrachada (as tiradas escatológicas são particularmente nojentas e destoadas). Volte para as aventuras infantis, Shawn Levy." (Rafael W. Oliveira)
{Amor causa câncer, como tudo, mas continua sendo amor} (ESKS)
''A tradição encerrada na entidade familiar comumente produz relações distantes, e o tempo se encarrega de engrossar ainda mais seus pontos diferenciais. Manter amizades já é um esforço demasiado, estreitar laços com pessoas as quais não se escolheu ter relação torna-se ainda mais difícil. É sob uma ótica de vidas cuja razão se perdeu através do desprezo humano geral que ''Sete Dias Sem Fim'' é narrado, primeiro mostrando a derrocada de Judd Altman (Jason Bateman), de dedicado marido a divorciado deprimido, para logo depois mostrar de forma agridoce o falecimento de seu pai, o que o obrigaria a sair de sua caverna pessoal para prestar condolências aos seus outros entes queridos. Nos momentos iniciais, apesar das gags cômicas, a sensação que predomina é a melancolia, assinalada pela trilha sonora, levada pelo piano clássico. No enterro, reencontros ocorrem, a maioria bastante atabalhoados, o primeiro deles com Wendy (Tina Fey), a irmã desbocada que cuidava do patriarca. O segundo ocorre após a chegada de Philp (Adam Driver), em seu carro de luxo, cujo som alto, tocando rap ostentativo quebra o clima de luto. Com poucos minutos de exibição nota-se a maioria dos problemas existentes na interação de todo o clã, o quanto cada um deles tem dificuldade em viver em comunidade e conviver consigo mesmo. O constrangedor silêncio é finalmente quebrado pela matriarca Hillary (Jane Fonda), que clama para que a família converse entre si, especialmente para incluir as conversas disfuncionais dos presentes em seu próximo best-seller, mostrando que a exploração do grotesco vai além dos ângulos escolhidos por Shawn Levy. Logo as garras são expostas numa intensa briga por um dos patrimônios do pai, e no qual Paul (Corey Stoll) tem sua única fonte de renda, enquanto Philip quer fazer parte das decisões financeiras, mesmo sem ter qualquer jeito para isto. Após o embate físico, os familiares são obrigados a conversar sobre as memórias do falecido, numa tentativa de unir quem não quer ficar perto, quem não quer ter unidade. Lá, as mentiras e indiscrições ficam mais evidentes, como feridas que pedem para serem estancadas. Os bate-bocas e intrigas evoluem e tornam-se cada vez mais verborrágicos, exibindo uma violência reprimida por anos e que somente piorou com o acúmulo de hostilidade e guardadas em virtude do afastamento entre os entes. O roteiro se encarrega de mostrar que, apesar do claro incômodo presente na intimidade entre eles, ainda há espaço para a solidariedade e companheirismo, especialmente nos momentos de crise, quando a miséria da alma de Judd consegue se aprofundar ainda mais. Apesar de cada um dos personagens viver o seu pequeno inferno pessoal, o modo como a película conduz é leve, numa alegoria a um estilo de vida em que pouco se preocupa com as questões de resolução difícil e as as trata de modo amistoso, uma vez que são inevitáveis no padecimento de existir. Quanto mais os filhos tentam se afastar da casa matriarcal, mais e mais segredos são trazidos à luz, com fatos assustadores para a mente dos herdeiros. Encarar a realidade e a complexidade de ter de conviver com o luto e seguir em frente não são tarefas fáceis para nenhum dos personagens. O otimista “ensinamento” presente no roteiro é de que os esqueletos guardados dentro do armário podem até fazer a vida parecer pesada, mas não devem impedir o prosseguimento da existência, tampouco permitir que a tristeza tome conta do espírito, de assalto. A moral presente em Sete Dias Sem Fim mira o alto, fugindo da obviedade, tratando de modo leve as questões pesadas da vida."(Filipe Pereira)
21 Laps Entertainment Spring Creek Productions Warner Bros.
Diretor: Shawn Levy
53.302 users / 13.101 faceSoundtrack Rock
The Psychedelic Furs / Coldplay / Cyndi Lauper / INXS / Pearl Jam / DMX
39 Metacritic 1.390 Down 74
Date 09/06/2016 Poster -#### - DirectorLeigh WhannellStarsDermot MulroneyStefanie ScottAngus SampsonA prequel set before the haunting of the Lambert family that reveals how gifted psychic Elise Rainier reluctantly agrees to use her ability to contact the dead in order to help a teenage girl who has been targeted by a dangerous supernatural entity.[Mov 02 IMDB 6,1/10] {Video/@} M/52
SOBRENATURAL - A ORIGEM
(Insidious: Chapter 3, 2015)
TAG LEiGH WHANNELL
{eaquecível}Sinopse
''Em eventos anteriores aos apresentados em Sobrenatural, Sean Brenner (Dermot Mulroney) e a filha, Quinn (Stefanie Scott) são aterrorizados por entidades misteriosas. A especialista em fenômenos paranormais Elise Rainier (Lin Shaye) se envolve no caso e busca uma forma de livrar a família do demônio.''
"Considerando o quão bom foram os filmes anteriores (sobretudo o primeiro), é uma pena constatar que sugaram tanto a franquia que ela caiu, inexoravelmente, na vala-comum do cinema de terror contemporâneo. Uma pena, o clima é fraco e os calafrios raros." (Alexandre Koball)
"Sobrenatural: A Origem" parece dois filmes distintos –ambos equivocados. Em seus dois primeiros terços, tenta ser um horror, mas resulta em comédia involuntária. No terço final, passa a ser uma comédia deliberada, mas o resultado é um horror. A mudança de tom é tão primária que o filme parece ter sido dirigido por um ginasiano. Mas Leigh Wannell está longe de ser novato "" embora seja um estreante na direção. O australiano foi criador, roteirista e ator na série Jogos Mortais e nos dois primeiros capítulos de Sobrenatural – dirigidos por seu parceiro James Wan. "Sobrenatural: A Origem" é uma prequel e, portanto, mostra eventos ocorridos antes dos episódios já lançados. Na trama, a adolescente Quinn Brenner (Stefanie Scott) sente que sua mãe morta está tentando contatá-la e pede a ajuda da médium Elise (Lyn Shaye, uma boa atriz aqui desperdiçada). Mas, por conta de uma tragédia passada, Elise se recusa a continuar sua atividade paranormal. Quando a vida de Quinn passa a ser seriamente ameaçada por um espírito maligno, seu pai, Sean (Dermott Mulroney, ex-galã em trajetória descendente na carreira), procura novamente Elise. E, dessa vez, a médium decide encarar os fantasmas. Para ajudá-la na missão, surgem os desastrados parapsicólogos amadores Tucker (Angus Sampson) e Specs (o diretor Leigh Whannell). Até a entrada em cena da dupla, "Sobrenatural: A Origem" é um filme de terror banal, baseado em sustos com aparições repentinas de espíritos, acompanhadas de barulhos igualmente repentinos. Uma espécie de Trem Fantasma de parquinho de diversões em forma de cinema. Depois que Tucker e Specs aparecem, o filme se torna um Caça-Fantasmas sem graça e sem propósito. A única explicação possível para essa mudança brusca de tom é fazer o link para os filmes anteriores da série, já que Elise, Tucker e Specs estão neles. No Brasil, filmes mediúnicos têm sempre chance de sucesso, dada a tradição espírita do país. Mas é preciso avisar que aos interessados que "Sobrenatural: A Origem" não acrescenta nada ao tema além de um punhado de sustos." (Ricardo Calil)
Gramercy Pictures (I) Stage 6 Films Entertainment One Blumhouse Productions Automatik Entertainment Sony Pictures International
Diretor: Leigh Whannell
52.982 users / 29.115 face
26 Metacritic 769 Down 65
Date 10/07/2016 Poster - ## - DirectorMauricio ChernovetzkyMark DevendorfStarsStephen ReaEleanor TomlinsonJulia PietruchaDepicts the intense and fractured relationship between a lonely teenager and a beautiful stranger.[Mov 05 IMDB 6,8/10] {Video/@@}
STYRIA
(Styria, 2014)
TAG MAURICIO CHERNOVETZKY / MARK DEVENDORFF
{cansativo / esquecível}Sinopse
''Em 1986, Lara, uma alienada menina de 16 anos, ajuda Carmilla a escapar de um acidente de carro e as duas começam um relacionamento inebriante. Quando Carmilla desaparece, o trauma emocional de Lara ocasiona em um pesadelo vivo que consome uma cidade inteira.''
Like Fire Productions MCMD Films Pioneer Pictures
Diretor: Mauricio Chernovetzky / Mark Devendorf
4.034 users / 292 faceSoundtrack Rock
The Jesus & Mary Chain / Joy Division / The Pink Pearl Dragon / Austra
Date 08/08/2016 Poster - # - DirectorÁlvaro BrechnerStarsHéctor NogueraNéstor GuzziniRolf BeckerHD. A grumpy old man sees opportunity when he learns of a mysterious German man he suspects is a Nazi in hiding.[Mov 07 IMDB 6,5/10] {Video/@@@@}
SR. KAPLAN
(Mr. Kaplan, 2014)
TAG ALVARO BRECHNER
{simpático}Sinopse ''Conta a história de um homem que vive uma vida normal, onde nada o diferencia dos seus outros amigos judeus que fugiram da Europa para a América do Sul por causa da Segunda Guerra Mundial. Completar 70 anos faz com que ele mude: ele simplesmente recusa-se a aceitar que está velho. Mal humorado, farto do novo rabino, da comunidade e até da família, ele decide embarcar em um projeto inusitado e quixotesca: capturar um dono de um restaurante, pois está convencido de que ele é um nazista fugitivo.''
****
''Há muitos filmes sobre a tentativa de captura de criminosos de guerra nazistas. O uruguaio "Sr. Kaplan" não se parece com nenhum deles. A diferença do filme é a figura de seu caçador de nazistas: um frágil e entediado senhor judeu de 76 anos, Jacob Kaplan (Héctor Noguera). Tendo fugido da Europa durante os horrores da Segunda Guerra e construído uma vida pacata ao lado da mulher, dois filhos e uma neta, o senhor Kaplan chega à velhice se perguntando qual foi o sentido de sua vida. A resposta surge quando o protagonista ouve dizer que um ex-oficial nazista vive isolado em uma praia perto de onde ele mora. Sequestrar o alemão misterioso e levá-lo a um julgamento em Israel passa a ser seu maior objetivo. Para ajudá-lo, o senhor Kaplan convoca Wilson Contreras (o excelente Néstor Guzzini, de Tanta Água), ex-policial obeso e desastrado. O diretor Álvaro Brechner sabe tirar humor da disparidade entre a importância da tarefa e a inadequação dos que se dispõem a executá-la. É como se O Gordo e o Magro, em uma versão uruguaia, brincassem de Simon Wiesenthal, o célebre caçador de nazistas, e tentassem prender sozinhos Josef Mengele. Em uma chave menor, Brechner faz o mesmo que Quentin Tarantino em Bastardos Inglórios: dessacralizar a abordagem do nazismo no cinema; entender que o riso também pode ser uma arma contra o horror. Mas a levada de "Sr. Kaplan" tem menos a ver com o inspirado histrionismo de Tarantino do que com Alexander Payne (Sideways - Entre Umas e Outras), uma comédia ligeira sobre temas dramáticos que tenta expor o absurdo da vida, mesmo que para isso precise recorrer a um ou outro momento de pastelão. As coisas se complicam, no filme e para o filme, quando chega o momento da gravidade, do embate entre o nazista e seu caçador, da memória do Holocausto. A resolução para o mistério do alemão é um tanto abrupta e bastante frouxa - naturalmente, sem a graça do restante do filme, mas também sem o peso exigido pelo tipo de revelação feita. Aí fica claro que Brechner tem uma mão melhor para a comédia do que para o drama. Mas o final do filme não estraga o prazer que ele ofereceu antes, nas cenas dos detetives selvagens interpretados por Noguera e Guzzini em perfeita química." (Ricardo Calil)
Baobab Films Expresso Films Razor Film Produktion GmbH Salado Media ZDF/Arte
Diretor: Alvaro Brechner
635 users / 120 face
Date 12/02/2017 Poster - ***** - DirectorAntoine FuquaStarsDenzel WashingtonChris PrattEthan HawkeSeven gunmen from a variety of backgrounds are brought together by a vengeful young widow to protect her town from the private army of a destructive industrialist.[Mov 01 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@} M/54
STE HOMENS E UM DESTINO
(The Magnificent Seven 2016)
TAG ANTOINE FUQUA
{esquecível}Sinopse ''O cruel Bartholomew Bogue assola a vila de Rose Creek intimidando os moradores a deixarem suas terras, para que ele possa explorar a mina da região como bem entender. Mas os locais começam a reagir e saem a procura de pistoleiros que possam lhe defender. Sam Chisolm, o primeiro que encontram, é um caçador de recompensas implacável, que se encarrega de encontrar homens corajosos dispostos a arriscarem tudo, afinal as chances de saírem vivos são bem pequenas.''
"Mesmo sendo muito bem produzido e conter algumas cenas bem montadas e a linda fotografia natural, no final das contas é só mais uma refilmagem desnecessária, claramente inferior ao original, recheado de gracinhas e estereótipos que diminuem a obra." (Alexandre Koball)
"Se não chega a oferecer algo original para justificar a refilmagem, e não encontre tempo para desenvolver os personagens, ao menos Fuqua realiza um faroeste competente, que entretém por duas horas com tiroteios muito bem orquestrados. Bacana e nada mais." (Silvio Pilau)
"O poder de ação do western está na composição fragmentada das cenas, e neste quesito Fuqua domina a tensão com maestria. O único problema que tenho é com os personagens insossos e a aparente tentativa de jogar com todos os tipos raciais possíveis." (Felipe Leal)
''Refilmagens existem desde que o cinema nasceu. Desde que Louis Lumière, ainda no século 19, realizou duas versões para o curta O Regador Aguado. Se refilmagens podem indicar uma crise criativa, é necessário separar as boas daquelas que são meros caça-níqueis. A versão de 2016 para "Sete Homens e um Destino" não é comparável com a de 1960, de John Sturges, muito menos com o original Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa. Mas promove uma interessante atualização da trama. Por atualização, entenda-se a necessidade de pensar na representatividade. Os sete magníficos vão proteger uma colônia de fazendeiros dos latifundiários inescrupulosos chefiados pelo cruel Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard). Estão lá o índio Red Harvest (Martin Sensmeier), o chinês Billy Rocks (vivido pelo coreano Lee Byung-hun), o mexicano Vasquez (Manuel Garcia-Rulfo), o pastor Jack Horne (Vincent d'Onofrio), o francês Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke), o judeu Josh Faraday (Chris Pratt). Todos são nobres a seu modo, liderados pelo caçador de recompensas negro Chisolm (Denzel Washington), um homem igualmente nobre. Eles aceitam arriscar a vida por uma ninharia, movidos por um sentimento de revolta contra a injustiça e a exploração dos oprimidos. Representam uma ideia muito clara, presente em boa parte do cinema americano contemporâneo: os Estados Unidos como terra para onde convergem pessoas do mundo todo, em busca de oportunidade ou de uma segunda chance. O diretor, Antoine Fuqua, demonstra uma clara evolução em relação aos filmes que realizou na década passada. Evolução que já era sensível em O Protetor, e mais ainda em Nocaute. Curiosamente, Fuqua representa para a estética cinematográfica de hoje o mesmo que Sturges, diretor da versão de 1960, representava para a de sua época. Ambos são artesãos, diretores que costumam submeter o estilo pessoal às necessidades da narrativa." (Sergio Alpendre)
''O diretor Antoine Fuqua, 50, sabia o tamanho da encrenca em que estava se metendo quando disse sim para a refilmagem de "Sete Homens e Um Destino", clássico de 1960 que ocidentaliza Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa. A chance de fazer esse filme da maneira certa hoje em dia era muito boa para recusar", diz o cineasta à Folha. "Ainda mais com esse elenco. Fuqua se refere à missão de gerar impacto ante ao dream team do original de 56 anos atrás, liderado por Yul Brynner, Steve McQueen e Charles Bronson. Para compor os novos sete, reuniu dois dos seus atores preferidos, Denzel Washington e Ethan Hawke, dupla de Dia de Treinamento ( 2001). Também conseguiu Chris Pratt, egresso do sucesso mundial Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros. Para a seleção, o estúdio chamou uma reunião e apresentou uma lista de atores diferente para os papéis principais. Falei para os executivos que, se queriam um evento, deveriam ter atores que surpreendessem o público. Foi assim que Fuqua lançou o nome de Denzel Washington para o papel do líder dos bandoleiros que precisam proteger uma cidadezinha das mãos de um magnata da mineração (Peter Sarsgaard). Ele nunca havia feito faroeste. Queria ver Denzel montado num cavalo e atirando nos bandidos. Mas quase que esse tiro saiu pela culatra. Denzel Washington não escondeu o mau humor nos quatro meses de filmagens no calor de 43ºC de Baton Rouge, Louisiana. Até eu não tinha humor para conversar com ninguém, brinca Fuqua. Além do calor infernal, a cidade cenográfica construída especialmente para o longa sofreu com tornados, tempestades de raios, mosquitos e ataques de estrelismo. Foi tudo difícil, cada pessoa é uma personalidade diferente, diz o cineasta. A cidade foi construída sobre um pasto de vacas com um pequeno lago, que foi expandido para o filme. Um dia, o vento levou a igreja. Depois, lá se foi o hotel. Precisei parar de filmar num dia lindo porque havia uma tempestade de raios. Assistindo ao longa pronto na tela, não consigo deixar de me perguntar como fiz tudo isso. Passados os obstáculos, "Sete Homens e Um Destino" ganhou a prestigiada noite de abertura do Festival de Cinema de Toronto, uma das principais plataformas de lançamentos para o Oscar. Apesar de o roteiro ter sido escrito por Nic Pizzolatto, criador de "True Detective", e lapidado por John Lee Hancock Um Sonho Posssível e Richard Wenk O Protetor, o filme foi recebido com frieza pelos críticos, que esperavam mais discussões sobre diversidade no longa, que tem um homem negro como protagonista contra uma grande corporação liderada por um branco. Quando li o roteiro, não pensei nessas coisas, afirma Fuqua. Gosto de histórias sobre pessoas protegendo aqueles que não têm condições de lutar. Acho que é uma importante mensagem hoje, em um mundo com terrorismo. Precisamos de um grupo de diversas raças e nacionalidades juntas para combater o terror. Acho que o filme é mais relevante hoje em dia que na década de 1960. Para comprovar essa teoria, "Sete Homens e Um Destino" precisará vencer a rejeição atual do público americano por refilmagens. Ben Hur, Caça-Fantasmas, Meu Amigo, o Dragão e A Lenda de Tarzan fracassaram ao se aproveitarem da nostalgia dos espectadores e terminaram rendendo abaixo do esperado. Os analistas, no entanto, esperam que o longa fature entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões (R$ 97 e R$ 129 milhões) garantindo o topo das bilheterias nos EUA no fim de semana."(Rodrigo Salem)
O faroeste da diversidade.
''É difícil encarar algumas refilmagens, mas é bom ver westerns no cinema. É tão raro, especialmente longe dos grandes centros. Esse Sete Homens e Um Destino não é bem uma refilmagem, mas uma obra baseada no filme homônimo de 1960, que por sua vez fora baseado em Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa. O clássico japonês se passa durante o Japão feudal do século XVI e trazia um samurai convencido a defender uma aldeia constantemente saqueada por bandidos. A versão de 1960 se apropriou da ideia e a contextualizou na fronteira entre o México e o Texas, em uma pequena cidade oprimida por um implacável pistoleiro. Nessa nova versão, um rico criminoso latifundiário, Bartholomew Bogue (vivido por um Peter Sarsgaard pouco ameaçador), assola uma cidadezinha do velho Oeste, fazendo seus moradores abandonarem suas casas, deixando rastros de violência e a ira nos olhos de uma mulher. O competente diretor Antoine Fuqua, de Dia de Treinamento e do recente Nocaute, tem aqui nova parceria com Denzel Washington, ator que carrega um prestígio de bom-moço no imaginário americano, de maneira similar e bem menos heroica e emblemática que John Wayne, à época, carregava. Aliás, perceba que a presença de seu personagem, o inclemente tenente Sam Chisolm, remonta a presença de Wayne sobre um cavalo, com seu figurino alinhado e feição letal quando vê um alvo sob a mira. Sam Chisolm, que só veste preto num possível luto simbólico, carrega motivações enigmáticas e se responsabiliza pela convocação do grupo de magníficos que rumarão juntos até um destino em comum. Juntam-se homens renegados seduzidos por alguma bonificação e têm-se uma premissa para a concepção de um roteiro. Já a história, ligeiramente comentada anteriormente, abarca uma linha bastante curiosa, dedicada à diversidade étnica de seus personagens. É um interessante ponto até o momento que soa exagerado nesta reprodução da globalização no meio western. São sete homens, entre eles um negro, um asiático, um mexicano e um índio. O humor pouco requintado – na maior parte do tempo sob responsabilidade de Chris Pratt – funciona ora ou outra. Entre duelos e piadas, acompanhamos a origem de cada um juntamente às justificativas de suas existências ali no meio. Boa parte do filme é introdutória e cozinha as relações entre subtramas particulares para finalmente chegar ao que interessa, aos seus 40 minutos finais: o aguardado embate. Fuqua privilegia a subjetividade de cada um de seus sete homens, envolvendo-os num recinto de particularidades, como sete heróis que precisam vencer a sujeição de suas existências. Somam-se aos quatro mencionados três caucasianos: o velho gordo, o apostador mulherengo piadista e o supersticioso que teme fazer o que faz de melhor. E há uma oitava presença, a mulher vingativa. São elementos que contribuem com a construção de toda a história, alçando as individualidades a fim de proporcionar identificações que se naturalizarão pelo leque de arquétipos sugeridos. A ação incrementa tudo fazendo com que o filme se desenrole leve, dosado e abarrotado de tiradas – em certo instante até parece uma versão de Os Jovens Pistoleiros. É uma obra para todos e não somente para fãs do gênero. Antoine Fuqua está tratando de tempos contemporâneos em seu faroeste da diversidade, sendo o vilão o capital. Nesta versão, fãs do gênero irão encontrar citações ou referências perdidas, especialmente nos instantes em que a câmera procura reprisar planos visando aliança com obras-primas do passado. Entre eles, o plano aberto que demarca fronteiras enquanto o sol brilha sobre campos descoloridos; o insistente e indispensável close up nas armas em punho prestes a ação; a expectativa frente às ameaças em torno de muitos, estando oponentes frente a frente esperando para sacar suas armas, entre olhares duvidosos e inseguros, típicos de Leone; e também a condução narrativa que implica em locais comuns do western, como o saloon e o silêncio após um estranho entrar e caminhar para o bar a fim de pedir uma bebida forte, ocupando território. São demarcações do faroeste que ambientam Sete Homens e um Destino tematicamente. Pouquíssimo acrescenta ao antigo. Traz elaborações distintas e visa outras finalidades narrativas, além de ser um entretenimento funcional até mesmo para o público que torce o nariz para os filmes do velho oeste. E ainda tem uma interessante personagem que vive as amarguras que considerável parte das personagens femininas dos faroestes vivem: a dor da perda e o desejo por vingança. Haley Bennett com sua Emma Cullen, apesar do pouco tempo em cena e sendo salva pelos homens, tem créditos e se desenvolve em tempos de protagonismo feminino em filmes os quais geralmente são meras coadjuvantes. Sua mira é precisa e ela é um dos mais consideráveis acertos da produção." (Marcelo Leme)
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Columbia Pictures LStar Capital Village Roadshow Pictures Pin High Productions Escape Artists Fuqua Films United Artists
Diretor: Antoine Fuqua
139.638 users / 39.110 face
50 Metacritic 138 Down 29
Date 05/04/2017 Poster - # - DirectorJustin LinStarsChris PineZachary QuintoKarl UrbanThe crew of the USS Enterprise explores the furthest reaches of uncharted space, where they encounter a new ruthless enemy, who puts them, and everything the Federation stands for, to the test.[Mov 05 IMDB 7,1/10] {Video/@@} M/68
STAR TRECK - SEM FRONTEIRAS
(Star Trek Beyond, 2016)
JUSTIN LIN
{esquecível}Sinopse ''A tripulação da USS Enterprise está no meio de sua missão de cinco anos pelo espaço quando é atacada por uma poderosa espécie alienígena desconhecida, forçando o abandono da nave. A tripulação sobrevivente fica presa em um planeta também desconhecido sem nenhum meio aparente de resgate, entrando em conflito com um inimigo que nutre um imenso ódio contra tudo o que a Federação Unida dos Planetas defende e representa.''
"Sem Fronteiras" é o filme mais leve da nova fase de Star Trek, sem complicações temporais e/ou espaciais, apenas uma aventura à moda antiga, cheia de luzes e efeitos e piadas tolas. A pequena homenagem a Leonard Nimoy, falecido em 2015, é de bom gosto." (Alexandre Koball)
"É o mais fraco dos novos exemplares, deixando de lado o roteiro para entregar nada além de uma aventura movimentada e ocasionalmente divertida. Lin cria algumas cenas de ação confusas, mas no geral o filme entretém até mesmo por não ter grandes ambições." (Silvio Pilau)
Blockbuster apaixonado.
''J.J. Abrams mudou tudo para os trekkers quando revitalizou a clássica série de Gene Rodenberry, Jornada nas Estrelas, em um reboot que não era exatamente um reboot, nem uma refimagem, nem uma sequência direta dos dez (dez!) filmes anteriores originados do seriado, mas sim uma aventura ocorrida em uma nova linha temporal, que demonstrava uma notável devoção a tudo o que Kirk e a tripulação da USS Enterprise já haviam enfrentado no espaço até então. O filme de Abrams, e também sua continuação, foram não apenas uma atualização necessária aos novos moldes dos blockbusters atuais, como também um presente aos fãs ao enriquecer aquele universo e expandi-lo para além do que já fora visto. E é curioso notar como, apesar da nova proposta, Star Trek hoje mais parece um universo antiquado, deslocado do tempo atual, e que mesmo reunindo exatamente todos os elementos que configuram um filme-pipoca, não carrega nem metade do apelo que a franquia Star Wars, por exemplo, detém para si. Algo em Star Trek o fez envelhecer para o público atual, e o toque nostálgico parece quase que unicamente reservado aos que carregam seu amor pela USS Enterprise há tantos anos. Dentro desse fator nostálgico (não que os três filmes dessa nova linha temporal se resumam a isso), o mais delicioso e comovente é notar a extrema devoção dos realizadores pelo que a série e os filmes representaram/representam para seus aficionados. "Star Trek: Sem Fronteiras", por exemplo, situa-se no terceiro ano da famosa missão interestelar da nave que duraria cinco, onde vemos um capitão Kirk (Chris Pine, sempre enérgico) num estado desânimo ao se encontrar perto de seu aniversário e, em meio a isto, questionar sua própria funcionalidade como capitão da nave. Mas tais devaneios de Kirk são interrompidos quando a tripulação recebe um pedido de socorro que, logo se descobre, trata-se de uma emboscada armada pelo vilão Krall (Idris Elba), que deseja tomar para si um objeto de posse de um dos personagens. Salta aos olhos, primeiramente, o caráter episódico e a nova proposta de interação do roteiro de Simon Pegg (intérprete do hilário Montgomery Scott) e Doug Jung, sobre o qual teremos um pequeno comentário mais adiante. Como grande parte do filme se passa em terreno sólido após a Enterprise ter sido destruída numa sequência emocionante e em pleno espaço, os personagens se dividem em núcleos que não apenas agilizam e conferem um dinamismo inédito para a série, como concedem a permissão para que cada rosto tenha seu brilho próprio em algum momento. Kirk acaba sendo acompanhado por Chekov, numa opção que, involuntária ou não, serve para carregar uma nova importância ao ator falecido em Junho ao colocá-lo para andar lado a lado com o protagonista da franquia. Spock (Zachary Quinto) e Magro (Karl Urban) ganham uma bem-vinda e divertida interação que trabalha de maneira eficaz o intelecto absurdamente lógico e racional do vulcano com o espírito impaciente e sarcástico do doutor. Um dos momentos mais humanos da fita está justamente num diálogo entre os dois. Scott acaba coincidindo ao encontro de Jaylah (Sofia Boutella), numa jogada que só pode ter vindo exclusivamente da presença de Pegg no roteiro, já que ambos carregam uma dicotomia tomada pelo humor. Talvez o duo menos privilegiado tenha sido o de Hikaru Sulu (John Cho) e Uhura (Zoe Saldana), já que os dois possuem poucas particularidades entre si para serem trabalhadas. Dessa forma, Sem Fronteiras se firma como um novo capítulo menos dependente da mitologia histórica da série, criando para si um argumento próprio e percorrendo novas fronteiras para explorar aquele universo e os rostos pelos quais o acompanhamos. E não apenas isso, Sem Fronteiras vai adiante no que se refere a sua própria defesa social, já que os tripulantes da Enterprise sempre foram marcados por uma notável diversidade, algo já iniciado por Abrams ao estabelecer o envolvimento romântico entre Uhura e Spock. Aqui, um novo passado é dado com a revelação da sexualidade de Sulu, algo que nos é dito numa cena simples (o já mencionado roteirista Doug Jung faz a ponta como seu marido), sem qualquer diálogo e apenas observada de longe, mas que consegue dizer muito mais do que se fosse simplesmente estendida para um momento panfletário. Vale ressaltar que esta é uma homenagem ao ator George Takei, intérprete original do personagem, gay assumido e um conhecido ativista da causa, mas que por motivos absolutamente estranhos, se pôs contra a sexualidade da nova versão de seu personagem. Vai entender... Temerosos desde que Abrams anunciou que assumiria apenas a função de produtor e entregaria a batuta da direção para um (para o público) desconfiado Justin Lin, cujo principal peso no currículo vinha do comando de alguns Velozes e Furiosos, a ação é bem mais consciente e controlada do que anunciavam os péssimos trailers. Algumas cenas mais movimentadas são pouco privilegiadas pela fotografia escura de Stephen Windon, prejudicadas ainda mais pela desnecessária inserção do 3D. Mas é surpreendente como Justin Lin possui total conhecimento do que cada ação e reação representa para os personagens, algo que pode ser sentido na cena da queda da Enterprise, uma sequência emotiva e que respeita o poder simbólico da nave enquanto a casa de uma família de tripulantes. A direção de arte de Thomas E. Sanders transmite com exatidão o aspecto exótico e desgastado do planeta desconhecido onde os personagens se encontram, os figurinos de Sanja Milkovic Hays segue uma deliciosa linha retrô junto com o trabalho de maquiagem, apenas Michael Giacchino pouco inova em sua trilha sonora que evoca um quê de patriotismo grandioso, com seu trabalho sendo engolido pela inovadora “sequência musical” no clímax da obra. Sem ter muito o que falar sobre o vilão da vez (o roteiro lhe dá poucas chances de alcançar alguma nuance além do óbvio) e com um número de referências que denotam a paixão do projeto por suas raízes (dois momentos, em especial, arrancaram lágrimas deste que vos escreve), ''Star Trek: Sem Fronteiras'' se firma como mais um capítulo extremamente funcional da série, que apesar do pouco apelo junto ao público em relação a outros títulos, consegue deixar claro o quanto aqueles rostos já estão firmados na franquia e até que ponto podemos nos importar com eles. É quase um episódio estendido voltado para a nova geração, sem esquecer daquela que cresceu e conviveu com os primeiros intérpretes da Enterprise. É, no fim das contas, um blockbuster com alma e sentimentos." (Rafael W. Oliveira)
''Quem diria que os carros turbinados de "Velozes e Furiosos" seriam capazes de bater de frente com a Enterprise e tirar do rumo a gigantesca nave do Capitão Kirk? É a impressão que fica após a sessão de "Star Trek - Sem Fronteiras". Justin Lin, diretor de quatro exemplares da franquia dos carrões, fez um filme de sci-fi veloz e furioso, mas sem nada de Star Trek. Se a ideia era trazer o universo criado por Gene Roddenbery nos anos 1960 para a novíssima geração, o resultado acerta no formato, mas esquece o conteúdo. A ação é contínua, com explosões, perseguições, lutas, na trama em que a tripulação da Entreprise precisa se virar em um planeta desconhecido onde ameaças não faltam. Tudo é raso, simplório, uma aventura juvenil que despreza as características que construíram o culto a Star Trek e, a suprema das heresias, transforma personagens amados por gerações em garotos sem personalidade. A ciência como motor de uma jornada em busca de conhecimento, o questionamento da condição humana mesmo nos confins do universo e a relação entre os carismáticos Kirk, Spock e Dr. McCoy formam o tripé que sustenta a série clássica de TV. "Star Trek - Sem Fronteiras" é um videogame sem alma, emendando situações de perigo, sem um único instante de reflexão. O filme é tão frustrante que pode até levar a uma revisão crítica dos três longas da retomada que J.J. Abrams imprimiu à franquia. Hoje, Star Trek talvez não pareça tão bom. A brincadeira de rejuvenescer os personagens funcionou, principalmente por causa do jovem Spock na pele de de Zachary Quinto. O filme seguinte, "Além da Escuridão" (2013), é fraco, com exceção do sempre bom Benedict Cumberbatch como o vilão Khan. Em "Star Trek - Sem Fronteiras", Kirk, Spock e McCoy aparecem tão descaracterizados que poderiam ser trocados por novos personagens, sem qualquer prejuízo adicional ao filme –que já está prejudicado o bastante. Aventura rasteira para cinema de shopping, este filme é uma nulidade na cronologia de eventos Star Trek." (Thales de Menezes)
''O terceiro filme da chamada Linha Temporal Kelvin de Star Trek é o primeiro a realmente caminhar com seus próprios passos, criando mitologia desconectada de todo o material que veio antes na longeva série, ainda que as importantes piscadelas deferenciais ao passado estejam presentes para manter os fãs ardorosos felizes. E tudo isso em um filme improvavelmente dirigido por Justin Lin, escolha assustadora da Paramount, considerando que, de relevante em seu currículo, ele só tinha mesmo quatro longas da franquia Velozes e Furiosos, que não poderia ser mais diferente da estrutura normalmente mais cerebral que a criação cinquentenária de Gene Roddenberry costuma abraçar. E o resultado surpreende. Iniciando a fita já no terceiro ano da missão em espaço profundo da Enterprise sob o comando de James T. Kirk (Chris Pine), logo vemos a introdução de um MacGuffin que servirá de propósito à progressão narrativa e à duvida por que passa o capitão. Ele já está estabelecido em seu posto, mas está incerto sobre quem ele realmente é. O roteiro, desta feita escrito por Simon Pegg e Doug Jung (respectivamente o engenheiro Scotty e Ben, o marido de Sulu que, no filme, é revelado como gay), não carrega muito na dúvida existencial, ainda que, tematicamente, essa questão permaneça constante até os últimos minutos de projeção demonstrando o cuidado na criação de um roteiro circular e lógico. Sem perder muito tempo, então, Kirk e sua tripulação, depois de chegar em Yorktown, uma enorme base da Federação dos Planetas Unidos (imaginem uma Estrela da Morte transparente e benigna), logo partem em uma missão de resgate que os colocam em confronto direto com um novo inimigo, Krall, vivido por um irreconhecível Idris Elba. A história funciona muito bem ao fugir do didatismo e apresentar não só um vilão carismático que tem sua história abordada organicamente ao longo da fita, como também ao criar a guerreira alienígena Jaylah (Sofia Boutella, a Gazelle de Kingsman), que se torna aliada da Frota Estelar depois que esbarra em Scotty no planeta Altamid. Além disso e ainda mais importante, os roteiristas se despem do exagero referencial que Roberto Orci, Alex Kurtzman e Damon Lindelof trouxeram para Além da Escuridão: Star Trek e que acabou freando o potencial do segundo filme, mas sem se esquecerem do passado (o velho Spock do saudoso Leonard Nimoy é presença “ausente” constante) e, claro, do humor. Neste último quesito aliás, Pegg e Jung acertam ao separar a tripulação em núcleos, conseguindo, com isso, que a narrativa ganhe em agilidade e na boa distribuição de tempo dos personagens em tela, talvez com Uhura (Zoe Saldana) perdendo um pouco o espaço que mereceria ter. Mas a interação antitética de Magro (Karl Urban) com Spock (Zachary Quinto) é sempre uma diversão e, aqui, ganha tempo para desenvolver-se muito adequadamente. Mas Justin Lin é Justin Lin e, com isso, era inevitável que seus maneirismos apoteóticos sangrassem para Star Trek: Sem Fronteiras. Ainda que seus movimentos frenéticos de câmera funcionem nas tomadas espaciais, onde não há gravidade e, portanto, há sentido orgânico nas piruetas e reviravoltas que a objetiva dá incessantemente, Lin e seu diretor de fotografia Stephen F. Windon (que também trabalhou em quatro Velozes e Furiosos, três deles com Lin na direção) continuam com a agressão sensorial também durante as diversas sequências em Altamid, sejam elas movimentadas ou calmas. É aquela velha história: tudo em excesso é ruim e a desorientação causada pela brusquidão e invencionice do trabalho de câmera aqui não é uma exceção para a regra. É bem verdade, porém, que a montagem tenta compensar os arroubos de Lin e quase alcançam um equilíbrio. Quase. O esforço é hercúleo, notadamente no clímax no planeta Altamid e durante as batalhas espaciais, dada a necessidade de se abordar diversos personagens ou duplas de personagens em frenética sucessão e a natureza peculiar da frota de Krall. Mais uma vez, como não poderia deixar de ser, temos uma produção carregada de efeitos em computação gráfica e, ainda que as criaturas 100% CGI não assombrem (reparem nos alienígenas borrachudos do prelúdio) e seja possível ver muita artificialidade nas sequências mais complexas, o trabalho, em seu conjunto, é digno do “selo Star Trek” e muito disso se deve ao design de produção arrojado de Thomas E. Sanders que cria cenários de se tirar o fôlego e que os geninhos da computação gráfica das diversas casas de efeitos especiais contratadas para a produção trazem à vida maravilhosamente bem. O mesmo se pode dizer das espetaculares batalhas espaciais, com especial destaque para a primeira delas, que é carregada de frescor e originalidade e, pelo menos dentro da franquia, é a melhor já feita considerando-se todos os 13 filmes até agora. Mesmo com o CGI prevalente, são muito bem vindas as sequências com efeitos práticos também, além do uso extenso de maquiagem real fundida com digital, algo que fica claro em Krall e também na alienígena Syl (Melissa Roxburgh). É bom ver um pouco da pegada old school em um filme tão dependente de bits e bytes. A grande verdade, porém, é que ''Star Trek: Sem Fronteiras'' não seria o que é não fosse o elenco absolutamente cativante, com a equipe fixa capturando à exatidão suas contrapartidas clássicas, mas emprestando sua próprias personalidades e com Sofia Boutella e Idris Elba criando personagens novos de se tirar o chapéu. Aliás, vale comentar que Elba, mesmo debaixo de pesada maquiagem, faz excepcional trabalho de voz, carregando em um sotaque africano que muitos poderiam ver como estereotipado, mas que faz sentido narrativo. No mesmo ano em que ele emprestou sua voz ao Chefe Bogo de Zootopia e a Fluke, de Procurando Dory, o ator arrasa mais uma vez com sua imponência vocal, o que torna obrigatório conferir Sem Fronteiras em sua versão original. Justin Lin faz o improvável e traz às telas um grande exemplar da nova versão de Star Trek. Energético até demais, mas sem esquecer do lado filosófico que sempre marcou a franquia, Sem Fronteiras provavelmente agradará igualmente fãs antigos e novos. Vida longa e prosperidade à série! Obs: O 3D do filme não é particularmente especial, mas também não atrapalha muito (nunca fui apreciador desse artifício caça-níquel) e Justin Lin não faz uso de todo seu potencial ao trabalhar com profundidade de campo muitas vezes reduzida em sequências não espaciais, o que retira o propósito da tecnologia e até mesmo gera razoavelmente desagradáveis efeitos de bloqueio de visão no primeiro plano de algumas sequências. No entanto, àqueles que puderem, recomendo assistir ao filme na maior tela possível – de preferência IMAX – já que Lin faz bom uso das tomadas em plano geral e a luminosidade do projetor da telona especial compensa a escuridão que projetores normalmente mal regulados de cinemas comuns trazem para o 3D. Mas, claro, considerando o frenesi da câmera do diretor, prepare-se para ficar duplamente desnorteado!" (Ritter Fan )
89*2017 Oscar
Paramount Pictures Skydance Media Alibaba Pictures Group Huahua Media Bad Robot Sneaky Shark Perfect Storm Entertainment
Diretor: Justin Lin
186.815 users / 43.235 faceSoundtrack Rock Public Enemy / Beastie Boys
50 Metacritic 268 Up 15
Date 07/07/2017 Poster - ## - DirectorMartin ScorseseStarsAndrew GarfieldAdam DriverLiam NeesonIn the 17th century, two Portuguese Jesuit priests travel to Japan in an attempt to locate their mentor, who is rumored to have committed apostasy, and to propagate Catholicism.[Mov 04 IMDB 7,2/10] {Video/@@@} M/79
SILÊNCIO
(Silence, 2016)
TAG MARTIN SCORSESE
{cansativo}Sinopse ''Ambientada no Japão no século XVI, a história trata de missionários portugueses que viajam ao país oriental para confortar convertidos locais e impedir que senhores feudais torturem padres cristãos - maneira local encontrada para tentar expulsar do Japão os catequistas europeus. Baseado no romance de Shusaku Endo.''
"Engraçado que um flop comercial é mais belo e autêntico do que os últimos filmes do Scorsese. Mas o mercado é assim mesmo - Silêncio é poesia pura, e deve ser descoberto por um público interessado no decorrer dos anos." (Alexandre Koball)
"Scorsese entrega um filme exigente, mas de muita força, sobre dúvida e fé, que faz a plateia sentir as angústias do protagonista. Há belíssimos momentos, embora a narrativa (especialmente na primeira metade) seja um pouco repetitiva, arrastando o ritmo." (Silvio Pilau)
"Scorsese inspirado em suas imagens analisa a fé sobre duas perspectivas - o seu lado nobre e o seu lado nocivo, o seu resultado edificante e o seu resultado devastador, seu limite entre o racional e o emocional.Talvez seu maior filme desde Cassino." (Heitor Romero)
"Esbarrando em um primeiro ato redundante ao extremo e em vilões no limite do unidimensional, Scorsese filma uma obra reverente sobre o pilar mais elementar do cristianismo, o martírio. Quase uma expiação após o bacanal que foi O Lobo de Wall Street." (Bernardo D.I. Brum)
"Sem tendencionismos, Scorsese fala sobre a fé (a sua e a nossa) e dá espaço para a dubiedade em um rígido exercício de imagens e explanação, claramente feito por um apaixonado e sua paixão em um dos trabalhos mais dominantes deste ano." (Rafael W. Oliveira)
"O retorno de Scorsese a um filme que faça jus a sua cinefilia é um alívio. A composição dos quadros, a presença do sagrado, a narrativa em forma de via crucis: tudo se torna vivo demais num filme que, ainda que um tanto longo, tem peso dramático tocante." (Felipe Leal)
"Scorsese entrega um poético épico histórico sobre a interessante e pouco retratada perseguição aos cristãos no Japão feudal. Tecnicamente impecável, porém, peca no ritmo (poderia ser mais conciso). Um belo drama sobre Fé e abjuração. Garfield está ótimo!" (Léo Félix)
*****
''Até a metade do filme, todo mundo pode se perguntar por que diabos Martin Scorsese resolveu fazer este "Silêncio". Que atualidade ou interesse tão grande pode ter a história de jesuítas que, no século 17, tentam introduzir o cristianismo no Japão? Afinal, se é para falar de intolerância, convém lembrar que, naquele mesmo momento, a Inquisição corria solta na Europa. E não se tratava de introduzir um elemento estranho à cultura local. Se é para falar de intolerância, por que não remeter aos judeus, perseguidos por séculos a fio pelos cristãos, em especial os católicos? Aos poucos, no entanto, descobrimos que, apesar dos impropérios lançados pelos padres (ou ex-padres) contra o Japão, eles não espelham o pensamento do filme. Martin Scorsese pode ser católico, mas não se chama Mel Gibson. Lá estão dois jovens jesuítas, dispostos a enfrentar todos os perigos de uma repressão feroz para resgatar do Japão o seu mentor, há anos desaparecido. O "Silêncio" a que o filme se refere é, infere-se a partir de certo momento, o de Deus. Lá estão, nas profundezas do Japão – às voltas com uma cultura que não os compreende, assim como eles não a compreendem –, seus mais fiéis seguidores, aqueles que saíram pelo mundo dispostos a propagar a fé verdadeira. No entanto Deus não os escuta. Suas preces são como que jogadas no vazio. Já havíamos visto esse tipo de dor em "A Última Tentação de Cristo". Aquela vez era o próprio Cristo, o filho de Deus, que precisava escutar sua voz. O silêncio de Deus doía infinitamente mais do que a cruz ou os espinhos da coroa. Então, sim, nos damos conta de que "Silêncio" é um filme da crise da fé. Ou, se se prefere, que nos remete mais à fé trágica dos jansenistas do que aos jesuítas. Sem discutir a questão que está por trás disso, o ponto de vista é bem interessante, e já alimentou, por sinal, grandes cineastas. A questão que emperra "Silêncio" é de outra natureza. É mais uma questão de Scorsese não conseguir se desfazer de seu hollywoodianismo quando isso se impõe. Filmar jesuítas portugueses no Japão, que chegam ao país sem falar japonês, propõe ao filme uma questão linguística interessante, que logo se desfaz porque todo mundo se entende na língua dos padres muito bem. O português, em princípio. O inglês no filme. O cinema pode tomar certas liberdades nessa questão. Mas, quando a questão central é de natureza linguística, convém ir com cuidado. Depois de um início em que insinua se aprofundar nas dificuldades do contato, Scorsese acaba entregando a questão a Deus. E Deus, como o filme bem constata, mantém-se em silêncio, o bastante para, no fim das contas, o espectador se lembrar de outro filme do mesmo diretor que nos fazia pensar tão intensamente no que o havia levado a fazê-lo: o esquecível Kundun.'' (* Inácio Araujo *)
''Não é comum ver Martin Scorsese longe de seu universo favorito, uma Nova York de mafiosos, golpistas e gente rude. Mas desta vez ele foi mesmo longe, até o Japão do século 17. Os jovens jesuítas Sebastião Rodrigues ( Andrew Garfield, ex-Home, Aranha ) e Frascisco Garupe (Adam Driver, o novo vilão de Star Wars) partem atrás de seu mentor (papel de Liam Neeson), desaparecido por aquelas bandas. Bonito nas imagens, mas meio esquisito em algumas viradas na trama e no ritmo em que ela é contada, o filme parece uma mistura de Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, e A Missão, de Ronald Joffé. Mas, ainda que fora da curva, é um legítimo Scorsese, em uma dissertação sobre fé religiosa e punição física. (Thales de Menezes)
Fé e apostasia.
''Um dado concreto a ser observado: "Silêncio" é o filme de Martin Scorsese que parte de material literário mais relevante desde, pelo menos, A Última Tentação de Cristo, do qual esse trabalho mais recente é uma espécie de continuação não-oficial dentro da filmografia do diretor. Sabemos que qualidade em cinema e literatura nem sempre coincidem, e que um grande livro pode ter uma adaptação frustrante. Baseado em romance de Shusaku Endo (o qual Masahiro Shinoda também filmou no começo dos anos setenta), a história parece à prova de fogo, e grandiosa o suficiente por si mesma, o que faz com que Scorsese'' não precise inflar o seu estilo de direção, como têm ocorrido nos seus últimos projetos cinematográficos. Não há grandiloquência tampouco fetichismo estético, mas uma notável sobriedade, além de beleza, fé, força e violência em ritmo lento mas não entediante, com um tanto do talento que o cineasta demonstrou em diversas outras ocasiões. "Silêncio carrega consigo uma extensão política: todo império precisa expandir os limites de sua abrangência para impedir o próprio desaparecimento. É o que ocorre com o império cristão, como no tempo dos jesuítas que saíam pelo mundo catequizar ou converter em novos católicos os habitantes de regiões longínquas fora da Europa. Em Portugal do século XVII, a Companhia dos Jesuítas recebe a noticia de que no Japão feudal o missionário Ferreira (Liam Neeson) praticou a apostasia, e dois de seus seguidores mais devotos, os padres Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garrpe (Adam Driver), partem com o desejo de confirmar a veracidade da informação. Um filme sobre homens dispostos ao sacrifício pessoal ou levados à renúncia de uma causa ou de um grupo, necessitando reorganizar as circunstâncias justamente em prol da causa ou do grupo. Mas também o choque de civilizações, o abismo nas diferenças culturais, linguísticas e religiosas, ao vermos padres e missionários católicos pregando no Oriente de tradições milenares. Um pouco de uma viagem conradiana no coração das trevas, ou no caso, em meio ao excesso de nevoeiro, em território hostil dominado pelo budismo, a população totalmente controlada, e o cristianismo ou qualquer influência advinda do Ocidente proibidos de circular no Japão. Uma guerra espiritual que resulta em destroços físicos defronte a impassibilidade da natureza, com perseguições, decapitações, fogueiras, crucificados, etc. Toda uma sorte de horrores como uma presença constante, na tentativa de evitar o tráfico de ideias e de influências e disseminação católica. A inquisição japonesa invade residências, buscando qualquer objeto com imagens cristãs escondidas, em meio ao contrabando de objetos religiosos (cruz, santos ou rosários). Num mundo em que parece que Deus ainda não se estabeleceu ou que se omite, e no qual se obtém como resposta apenas a morte, ou o silêncio, Rodrigues vai descobrir que ser um apóstata, mais do que salvar a própria pele ou a de seus iguais, servirá para manter e prolongar a cristandade em território tão beligerante. A forma de lutar contra o caos e a incompreensão que governa entre os homens. Uma semente para árvores que possam consentir colher frutos na posteridade. Permanecer vivo é também um modo de martírio e de resistência para que o ideal e a causa subsistam. A apostasia, aqui, é como a última tentação no filme de 1988, ambas podem desagradar ou enfurecer católicos, mas nesses longas de Scorsese elas existem para reafirmar uma crença. Voltando aos atributos e senões com adaptações literárias, detratores de Onde os Fracos Não Têm Vez, para que sirva como um exemplo dentre tantos outros, podem com razão afirmar que os seus méritos são todos decorrentes do romance de Cormac McCarthy. Com os Coens fazendo apenas uma ilustração do livro, recaindo na caricatura e no decorativismo, que implode num esvaziamento que reforça a sua fadiga estética. Não é o que acontece em Silêncio, que possui direção segura e corresponde plenamente à potência de suas possibilidades. Scorsese faz o seu melhor filme em duas décadas." (Vlademir Lazo)
89*2017 Oscar
Top Taiwan #9 Top Histórico #39
Cappa Defina Productions CatchPlay Emmett/Furla/Oasis Films Fábrica de Cine IM Global SharpSword Films Sikelia Productions Verdi Productions (in association with) Waypoint Entertainment
Diretor: Martin Scorsese
66.978 users / 27.322 face
48 Metacritic 87 Down 10
Date 11/09/2017 Poster - ## - DirectorOliver StoneStarsJoseph Gordon-LevittShailene WoodleyMelissa LeoThe NSA's illegal surveillance techniques are leaked to the public by one of the agency's employees, Edward Snowden, in the form of thousands of classified documents distributed to the press.[Mov 07 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@} M/58
SNOWDEN - HERÓI OU TRAIDOR
(Snowden, 2016)
TAG OLIVER STONE
{inteligente}Sinopse ''Filme de Oliver Stone sobre Edward Snowden, ex-funcionário da CIA que divulgou para a imprensa uma série de documentos sigilosos da Agência de Segurança Nacional dos EUA que comprovaram atos de espionagem do governo norte-americano.''
"Se Stone exagera um pouco no tom hagiográfico, ao menos contém seus excessos na narrativa, entregando um filme relevante e bem construído sobre uma das figuras mais importantes da atualidade - concorde ou não com ele. Gordon-Levitt está impecável." (Silvio Pilau)
''Snowden (desnecessariamente adaptado para Snowden: Herói ou Traidor) conta a história do analista de sistemas que revelou ao mundo um esquema de espionagem do governo americano. Com ajuda da CIA e da Agência de Segurança Nacional, os Estados Unidos monitoraram todos os celulares, computadores e mídias sociais do planeta, incluindo os aparelhos e perfis de todos os líderes mundiais, a fim de controlar a economia e a política global. Edward Snowden, então, vazou estas informações e fez a história encontrar a luz do dia. No longa de Oliver Stone, cineasta com grande bagagem política (Wall Street, Nixon, JFK), acompanhamos a vida de Ed desde sua entrada na CIA, em 2004, até o vazamento dos arquivos confidenciais do governo, em 2013. O primeiro arco do filme foca em apresentar Snowden, seu relacionamento com a fotógrafa Lindsay (Shailene Woodley) e seus primeiros passos no trabalho para o governo, após deixar o exército por problemas físicos. Mesmo não entrando na discussão política de democratas contra republicanos, Stone é extremamente competente em desconstruir a visão de Snowden, que quando jovem era conservador e também em apresentar gradualmente essa desconstrução para o espectador. O diretor faz dessa subtrama política um dos pontos mais interessantes do arco do protagonista, mostrando como na época do vazamento, o analista, que já foi conservador e liberal, se viu totalmente alheio ao corrupto e invasivo sistema americano, independente da posição política. O diretor também tem mérito na construção da obsessão de Snowden, que quando passa a se posicionar contra o governo, constantemente é retratado em planos mais distantes, sugerindo que esteja sendo observado, estando inquieto, neurótico e com medo de qualquer barulho ou câmera que aponte em sua direção. As câmeras, aliás, são um belo e sutil método que Stone encontrou para mostrar o vazio deixado por Lindsay na vida do personagem quando este se viu obrigado a se distanciar a companheira. O momento onde Snowden se incomoda com a presença de uma lente e expressa solidão é posteriormente intensificado com uma cena da namorada fotografando o protagonista. A obra também é muito competente ao mostrar, com a mesma sutileza, a deterioração dos relacionamentos do protagonista e de sua sanidade mental. Além da fantástica atuação de Joseph Gordon-Levitt (digna de indicação ao Oscar, diga-se de passagem), a direção, ao longo do filme, não só posiciona o analista mais isolado no quadro, como em posição de inferioridade ante seus superiores (como na fantástica cena onde ele conversa com seu chefe, Corbin, por vídeo, e o mesmo ocupa a parede inteira, com sua cabeça sendo maior que o corpo inteiro de Snowden). Além de construir um assustadoramente verossímil protagonista, principalmente graças ao timbre de voz emulado com perfeição, Gordon-Levitt também é inteligente ao mostrar a perda de auto-confiança de Snowden quando o personagem passa a ter diálogos com postura mais encolhida, em alguns momentos com sua cabeça baixa, revelando seu incômodo com a situação e sua fraqueza diante de um governo autoritário. A trilha sonora do filme tem seus tropeços, como quando não consegue acompanhar o drama de um diálogo importante e passa um tom diferente do roteiro e da direção, mas acerta em todo o resto da projeção, principalmente quando tenta dar intensidade às transições entre cenas e criar uma ambientação ameaçadora (muito favorecida pela fotografia escura de alguns momentos). A falta de intensidade da narrativa, que poderia vir a ser um problema, é contornada com a ágil montagem, que torna o longa muito dinâmico, mesmo com o excesso de diálogos e falta de momentos de mais ação e drama. O único defeito que pode vir a incomodar é a manutenção de um tom muito constante durante a segunda metade dos 134 minutos de projeção da obra. Mesmo prolongando sua conclusão por mais tempo do que o necessário e falhando em criar um encerramento emotivo, como parece ter sido idealizado por Oliver Stone, Snowden: Herói ou Traidor é uma obra com muito valor de entretenimento e importante ao retratar o maior caso de invasão de privacidade da história da humanidade, sem nenhum medo de culpar o governo americano. Capaz também de defender e atacar, quando necessário, tanto o partido republicano quanto o democrata, se posicionando totalmente à parte do atual sistema e mostrando que ambos, no fim das contas, não são tão diferentes quanto os eleitores pensam." (Matheus Fiore )
''Reinterpretar momentos-chave da história americana contemporânea vem sendo a ambição imodesta de Oliver Stone desde que ele passou à direção nos anos 1980. "Snowden - Herói ou Traidor" junta os dois temas fortes que sustentam e dão coerência ao cinema de Stone, ou seja, refletir sobre o alcance da ação individual frente à política e delatar a conspiração como uma forma de poder que aniquila qualquer resistência. O impacto de seu novo filme vem do fato de Stone não aplicar seu revisionismo à história no passado, mas de focalizar as consequências no presente das denúncias feita por Edward Snowden dos programas criados pelas agências de inteligência, que permitem controles bem além dos já impostos pela razão do Estado de segurança. O argumento oficial para concordarmos com a perda de privacidade baseia-se na noção de que ter acesso pleno a e-mails e a mensagens particulares pode, em tese, impedir uma ação terrorista. O mesmo princípio, porém, acarreta o fim de toda liberdade individual, pois autoriza a vigilância ou a manipulação de informações pessoais por interesses que extrapolam muito o que se pode considerar bem comum. A estreia do filme no dia seguinte à vitória de Donald Trump e seu ideário de América soberana torna ainda mais urgentes as questões que Snowden levanta. O roteiro de Stone e Kieran Fitzgerald foi feito a partir de versões do caso publicadas em livros escritos por Anatoly Kucherena, advogado russo de Snowden, e pelo jornalista britânico Luke Harding, ambos preocupados em ressaltá-lo como personagem positivo. O ângulo de Stone replica essa perspectiva, mas não insiste na representação de um herói puro e ironiza a ingenuidade dele, por exemplo, quando recebe o apelido de Snow White (Branca de Neve). A estrutura em flashbacks permite elucidar quem é Snowden e por que ele tomou a decisão de denunciar. Mais que isso, o filme se apoia no princípio, elementar, de que cada um tem o direito de pensar e de fazer escolhas e que essas podem ou não concordar com o que quer a maioria. Stone expõe essa noção tão básica por meio do relacionamento entre Edward e Lindsay, quando a namorada do programador questiona as angústias dele em relação ao trabalho, nas suspeitas enciumadas de que ela o trai e nas reações dele às imagens que ela publica num blog. Isso não serve apenas como distração romântica. É por meio desses detalhes da intimidade que "Snowden" torna concreto o que soa muito abstrato quando pensamos em espiões da CIA vasculhando as bobagens que escrevemos no WhatsApp. Com essas astúcias narrativas e emocionais, "Snowden" deixa de se confundir com a ficção, de parecer um equivalente frágil de James Bond ou de Jason Bourne, e se mostra como um personagem que, de fato, é cada um de nós." (Cassio Starling Carlos)
Endgame Entertainment Vendian Entertainment KrautPack Entertainment
Diretor: Oliver Stone
97.592 users / 35498 faceSoundtrack Rock Ratatat / Down and Outlaws
1.080 Down 148
Date 24/09/2017 Poster - ######## - DirectorClint EastwoodStarsTom HanksAaron EckhartLaura LinneyWhen pilot Chesley "Sully" Sullenberger lands his damaged plane on the Hudson River in order to save the flight's passengers and crew, some consider him a hero while others think he was reckless.[Mov 06 IMDB 7,5/10] {Video/@@@} M/74
SULLY - O HERÓI DO RIO HUDSON
(Sully, 2016)
TAG CLINT EASTWOOD
{inspirador}Sinopse ''Em 2009 o mundo entrou em estado de choque e admiração por causa de um fato inesperado e impossível: no dia 15 de janeiro daquele ano, o Capitão Chesley "Sully" Sullenberger (Tom Hanks) conseguiu pousar um avião em pane no Rio Hudson. Esse ato quase impossível salvou a vida dos 150 passageiros e alçou Sully à categoria de herói nacional. No entanto, nem mesmo a aclamação pública foi capaz de impedir uma investigação rigorosa sobre sua reputação e carreira.''
"Apesar do acontecimento real ter tido um "quê" de espetacular, preenche bem no máximo parte de um noticiário de TV. Clint tira leite de pedra, mostra, examina e reexamina o fato de diversos ângulos, só para chegar ao óbvio. Tudo bem orquestrado, claro." (Alexandre Koball)
"Uma ação central que é vista, revista, investigada e reproduzida, ganhando novos contornos em flashbacks, simulações, sonhos, delírios. Em seu centro, o homem a realizar seu trabalho - o mais simples dos herois, essencialmente hawskiano. ˜We did our job" "(Daniel Dalpizzolo)
"Seria muito fácil se render aos maniqueísmos do dramalhão perante à situação dramática por si só, mas estamos falando de Eastwood, diretor clássico, sábio e, principalmente, muito preciso. Deixa o acidente para estudar o homem - causas e consequências." (Rodrigo Cunha)
"Clint fiel ao seu tema-chave: a desmitificação do herói americano, só que sem a mesma classe habitual. As cenas do acidente são eficientes, mas os flashbacks pouco agregam ao protagonista, a sequência do julgamento é fraca, e o final, frouxo. Cabia mais." (Régis Trigo)
"É um filme com problemas em sua estrutura, especialmente nos flashbacks que se repetem desnecessariamente, mas a elegância narrativa de Clint é sempre um atrativo à parte, discutindo mais uma vez o conceito de herói. Trabalho digno, embora não memorável." (Silvio Pilau)
"Novamente Eastwood se volta para o lado humano por trás de uma figura pública e disso explora o fator humano que, geralmente associado ao erro e ao descuido, foi o essencial para um final feliz." (Heitor Romero)
"Eastwood acerta a mão ao optar por um enredo conciso, num tom didático-jornalístico-investigativo com foco no lado humano de um episódio fantástico na história da aviação civil. " (Léo Félix)
"Em Sully, há novamente uma certa desconstrução do herói americano, um choque entre mídia e realidade e o classicismo sempre eficiente de Clint. Uma obra com a assinatura do mestre e flertando diretamente com American Sniper. Fácil um dos melhores de 2016." (Francisco Bandeira)
"No dia 15 de janeiro de 2009, o comandante Chesley Sully Sullenberger consegue uma proesa de pousar um avião com motores avariados no rio Hudson. Todos os 155 passageiros sa bordo sobreviveram. Tratado como hérói pelo púbblico, nos dias seguintes ele enfrentou pressões tremendas no processo de investigação ocorrido. A companhia aérea queriam provas que os motores estavam funcionando e que Scully na verdade tinha colocado a vida de todos em risco. Esse limite borrado entre herói e vilão deu a Cilnt Eastwood combustível para eletrizante filme de tribunal. E Tom Hanks está ótimo no papel de Sully, mas uma vez mostrando o que faz de melhor: interpreta um sujeito normal passando por uma situação limite.'' (Thales de Menezes)
''Às vezes é difícil para a ficção contar uma história real, ainda mais uma que pareça tão direta e simples. É um cenário onde facilmente o contador de histórias pode cair na velha armadilha da enrolação, de inventar elementos demais para preencher as lacunas e esticar a trama além do necessário, já que há também um serviço com a veracidade dos eventos. Com Sully: O Herói do Rio Hudson, o cineasta Clint Eastwood claramente tem problemas para manter o feito heróico do protagonista envolvente por seu curto tempo de duração, mas o resultado acaba pendendo mais para o positivo. A trama dramatiza os eventos de Janeiro de 2009, quando o piloto Chesley ‘Sully’ Sullenberger (Tom Hanks) foi forçado a realizar um pouso de emergência no rio Hudson, logo após algumas aves danificarem as turbinas de seu avião. Carregando mais de 150 passageiros, o ato de Sully conseguiu deixar todos saírem com vida, em algo sem precedentes na história da aviação americana. Porém, a vida de Sully vira um tumulto com a pressão da mídia e da seguradora da companhia aérea, que acredita que o capitão poderia ter retornado ao aeroporto sem ter destruído a aeronave. Eu sei o que você está pensando. Piloto de avião que faz uma manobra arriscada e sortuda para salvar um grupo de passageiros e depois ter sua atitude heróica questionada pela mídia e grandes corporações? Exato, é a mesmíssima premissa de O Voo, filme de Robert Zemeckis com Denzel Washington que foi claramente inspirado nos eventos do Milagre no Hudson. E ainda que tivesse seus problemas, o filme de 2013 é consideravelmente mais interessante do que Sully, já que ao menos beneficiava-se de um protagonista nada confiável e que no fundo sabíamos ser um canalha, enquanto Sully é inegavelmente uma boa pessoa, e vê-lo atravessar essa dor de cabeça de audiências e questionamentos da imprensa é um exercício de paciência, já que temos plena consciência de que todos ao redor estão errado. É aí que o roteiro de Todd Komarnicki deixa a desejar, já que parece direto demais e sem muitoa criatividade na forma de elaborar a situação. Não temos muito diálogos memoráveis ou grandes insights sobre os personagens, ainda que o discurso final de Sully durante sua audiência com a empresa aérea seja de fato inspirada (assim como a bem-vinda piadinha do personagem de Aaron Eckhart). Porém, o fato de termos cenas de Sully aprendendo a voar quando criança, pousando um caça pela primeira vez ou todo o drama que o personagem passa pelo telefone com sua mulher – sem falar nas filhas que nunca vemos em cena – acrescentam em muito pouco. O que torna a experiência interessante é o talento de Clint Eastwood, que mantém um bom controle da narrativa durante boa parte de sua duração de 90 minutos. O diretor acerta ao manter Sully isolado durante os momentos intimistas, apostando em planos abertos que diminuem o personagem em relação ao mundo, ou closes que tentam fazer o espectador literalmente entrar na cabeça do piloto. Porém, é mesmo a tal cena da queda do avião que deve interessar à maioria, e Eastwood faz um trabalho excelente ao manter a tensão e o perigo em uma escala crescente, algo que deve-se muito ao ótimo trabalho de mixagem de som do filme, cujos efeitos sonoros antecipam a queda da aeronave com realismo e imersão. Créditos também para o fato de que vemos essa sequência da queda durante três momentos diferentes, e Eastwood as dirige como se fossem diferentes, graças à troca de pontos de vista (em uma vemos os passageiros, na outra nunca deixamos a cabine do piloto, na terceira vemos a Marinha) e sua ótima condução. O outro grande responsável por nos manter entretidos é o grande Tom Hanks. Com um visual marcante que inclui um bigode branco classudo, Hanks é eficiente ao trazer a calma e sabedoria de Sully até mesmo durante seus momentos mais tensos, jamais levando sua performance para algo grandiloquente ou dramático demais. Mesmo sofrendo tanta pressão e ciente de sua razão, Hanks mantém o nível de voz baixo quando a maioria das pessoas já estaria explodindo e quebrando paredes, rendendo esta que é uma de suas atuações mais sutis. Vale apontar também as ótimas cenas em que Hanks contracena com o subestimado Aaron Eckhart, onde podemos ver ali uma relação de camaradagem forte e divertida. Prejudicado pela simplicidade da história e a dificuldade em torná-la atraente em níveis temáticos, ''Sully: O Herói do Rio'' Hudson torna-se competente graças ao ótimo trabalho em conjunto da performance de Tom Hanks e da direção de Clint Eastwood. Uma boa homenagem ao feito histórico do Capitão Sully, mas confesso que uma carreira de cocaína com Denzel Washington deixou a história bem mais interessante…" (Lucas Nascimento)
''Clint Eastwood entende de heróis. Já dirigiu e interpretou muitos, com seu rosto impassível que parece esculpido na pedra. Agora, seu herói tem nome, sobrenome e apelido. É Chesley Sullenberger, o Sully, um piloto que entrou para a história em 2009 por ter salvo 155 pessoas a bordo de um Airbus A320 que perdeu os dois motores logo após decolar do aeroporto La Guardia, em Nova York, aterrissando na água.Mas ser eternizado como herói foi tão difícil para Sully quanto pousar um avião daquele tamanho no rio Hudson sem que ele se partisse ao meio. Poucas horas após o feito, com todos os passageiros a salvo, Sully recebeu a admiração da América. Mas, nos dias seguintes, os especialistas encarregados de investigar o acidente tentaram de todas as formas provar que o pouso de alto risco na água poderia ter sido evitado. Para eles, o piloto errou em seu julgamento e deveria ter voltado ao aeroporto. "Sully - O Herói do Rio Hudson" tem quase duas horas bem tensas construídas em cima das investigações dessa história real. Tom Hanks, mais uma vez, demonstra que interpreta como poucos um homem prisioneiro de seus pensamentos. A imagem de seu rosto envelhecido pela maquiagem transborda na tela em closes, enquanto o piloto vai remoendo todas as lembranças dos minutos torturantes na cabine antes do pouso forçado. O filme deveria ter estreado nos cinemas brasileiros em 1º/12, apenas 48 horas depois do acidente com o avião que levava o time da Chapecoense. O adiamento é compreensível. Mesmo agora, duas semanas depois da tragédia, a ida de espectadores ao cinema pode ser comprometida. É pena, porque Sully merece ser visto. Eastwood, 86, chega a seu 35º título como diretor em ótima forma. Todo mundo sabe que o piloto realmente se transformou em um autêntico herói americano. Mas o filme consegue extrair das estressantes reuniões de investigação uma trama eletrizante, para culminar em uma audiência pública na qual o piloto é pressionado de modo insano. De novo, um herói de Clint Eastwood tem que lutar muito." (Thales de Menezes)
A razão prática.
''Sully – O Herói do Rio Hudson começa onde terminam os disasters movies: depois que aconteceu toda a catástrofe (ou o perigo dela). Interessa a um cineasta do naipe de Clint Eastwood explorar não um imprevisto em todas as nuances que poderiam ser aproveitadas de maneira melodramática no formato cheio de clichês dos filmes-catástrofes, mas as suas consequências. Como lidar com as circunstâncias, o julgamento moral da opinião pública, a cobertura dos repórteres? E a desconfiança dos superiores do comandante-piloto Chesley Sullenberger (Tom Hanks), em optar por um pouso forçado nas águas do rio Hudson, ao perceber a perda motora dupla pelos múltiplos choques com aves, e na impossibilidade de retornar à plataforma de embarque. O que é visto como uma sorte quase milagrosa, e um equívoco por colocar em risco a vida da tripulação e passageiros a bordo, embora todos tenham sobrevivido, enquanto que a América num primeiro momento o celebra como um herói. "Sully" é sobre homens comuns cheios de consciência de suas responsabilidades na prática do trabalho, confiando na própria experiência. A investigação dos tecnocratas, juntando vários indícios sobre como um avião foi parar dentro de um rio, leva a diagnósticos diferentes do que os pilotos, espontaneamente, chegaram a partir dos fatos como eles se apresentaram. Com o que oferecera a experiência, na percepção de uma realidade com os dados fornecidos numa situação concreta. O que para os tecnocratas é relegado ao plano da intuição, do subjetivo. Engenheiros aeronáuticos do NTSB (departamento nacional de segurança no transporte) teorizam que os pilotos tinham combustível para chegar até uma pista. Simulações contradizem os testemunhos dos pilotos. E as condições psicológicas e físicas do comandante colocadas em dúvida. Sully é sobre uma civilização que depende de computadores gerando algoritmos hipotéticos na posterior avaliação do desempenho humano com supostos exatos parâmetros - mas que naturalmente jamais vão reproduzir uma situação inteira. A suposta economia com que Clint trabalha (e que leva admiradores a invocarem a discutível denominação de um remanescente do cinema clássico) é muito mais a recusa em utilizar na tela qualquer dispêndio da tecnologia somente para entorpecer plateias com um olhar viciado. Uma economia que faz com que Clint utilize somente o essencial, incluindo os efeitos no flashback muito bom que recria o voo interrompido prematuramente. E permite que outros valores morais e humanos se sobreponham. O classicismo como uma questão de temperamento, e em Sully um temperamento próximo de um Otto Preminger. Um autor que em mais de uma ocasião se detivera em temas recentes para sua época, como o ataque a Pearl Harbor, concentrando-se igualmente nas consequências (A Primeira Vitória [In Harm's Way, 1965]) ou na sua antecipação (A Corte Marcial de Billy Mitchell [The Court-Martial of Billy Mitchell, 1955]). O Sullenberger do filme de Clint Eastwood é como Billy Mitchell, o militar que vinte anos antes prevê a invasão japonesa a Pearl Harbor e defende aviões como armas bélicas de grande importância. Enquanto inquisidores e burocratas donos do poder ainda apostam na infantaria como o fator predominante em guerra futura, e acreditam que veículos aéreos em breve não existiriam mais. Um e outro personagem (e situações) verídico, confundidos como detentores de uma aspiração individual por uma glória particular. E nenhum deles especialmente contra uma instituição, que os questiona ou francamente os ataca, mas sobretudo homens dispostos até o sacrifício para cumprir com o próprio dever. O genuíno espírito clássico." (Vlademir Lazo)
89*2017 Oscar
Flashlight Films Kennedy/Marshall Company, The Malpaso Productions RatPac-Dune Entertainment Village Roadshow Pictures Warner Bros.
Diretor: Clint Eastwood
166.104 users / 56.279 face
46 Metacritic 779 Down 72
Date 23/09/2017 Poster - ###### - DirectorBill CondonStarsIan McKellenLaura LinneyHiroyuki SanadaAn aged, retired Sherlock Holmes deals with dementia, as he tries to remember his final case, and a mysterious woman, whose memory haunts him. He also befriends a fan, the young son of his housekeeper, who wants him to work again.[Mov 09 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@@} M/67
SR SHERLOCK HOLMES
(Mr. Holmes, 2015)
TAG BILL CONDON
{inteligente}Sinopse ''1947. O famoso detetive Sherlock Holmes (Ian McKellen) está com 93 anos, aposentado, vivendo em uma casa remota no litoral com sua governanta Mrs. Munro (Laura Linney) e o filho dela, o pequeno Roger (Milo Parker). Lidando com a deterioração da sua mente por causa da idade, ele continua obcecado com um caso que nunca conseguiu decifrar. Sem a companhia do seu fiel escudeiro Dr. Watson, Sherlock tentar desvendar este último mistério.''
****
''A maior criação de Conan Doyle novamente ganhou o coração do público com suas mais recentes adaptações tanto para cinema quanto para a televisão. Tivemos a sensacional série da BBC, Sherlock, a não tão boa, americana, Elementary e o filme, no mínimo duvidoso – ainda que sucesso de audiência – Sherlock Holmes, estrelado por Robert Downey Jr. O cinema ganhou, então, neste ano de 2015, uma das mais potentes obras baseadas nos livros e contos de Doyle, Sr. Holmes, que tem como o detetive ninguém menos que Ian McKellen. O filme, porém, não chega a ser uma adaptação de um dos escritos do autor do século XIX, é, ao invés disso, tirada de uma história mais moderna, o livro A Slight Trick of Mind, de Mitch Cullin, que nos apresenta um Holmes já idoso e aposentado, que vive em uma casa no interior e cuida de abelhas como seu principal hobby. Lá ele conta com a ajuda da governanta Mrs. Munro (Laura Linney) e de seu filho Roger (Milo Parker), um admirador de Sherlock, que se prontamente se torna uma espécie de aprendiz do já famoso investigador particular. A grande problemática da obra é o Alzheimer de Holmes, que o impede de lembrar o motivo por trás de sua aposentadoria, algo que ele busca no interior de sua mente com veemência. Há um notável ar de melancolia por trás de Sr. Holmes – os famosos personagens que conhecemos e amamos, Watson, Mycroft, dentre outros, estão já todos falecidos, deixando para trás apenas Sherlock. As marcas disso podem ser vistas claramente na expressão de McKellen, que nos traz uma atuação de se aplaudir de pé, encarnando, a principio, um velho rabugento, que se demonstra ser uma figura verdadeiramente amável em sua relação com Roger, que, interpretado por Milo Parker, também entrega tudo de si, transformando essa convivência entre os dois a maior atração do longa, que por si só já garante nossa imersão. O roteiro de Jeffrey Hatcher, porém, não deixa nada para o acaso e garante nossa atenção ao intercalar o passado – as graduais lembranças do detetive – com o seu presente, ao passo que somos pegos de forma certeira pela ansiedade em descobrir o que de fato ocorreu. A angústia de Sherlock, em virtude de sua doença, passa a ser a nossa e mesmo sabendo ser impossível desejamos a cada instante que ele se recupere. A degeneração, contudo, é evidente e a senilidade, como ele próprio se refere em brincadeira, é perfeitamente retratada pelo ótimo trabalho de maquiagem e figurino, que muito distanciam a figura de Holmes antes e depois de sua aposentadoria. Assegurando ainda mais a pluralidade do filme, o roteiro insere algumas brincadeiras com essa figura pública, mostrando o investigador assistindo adaptações cinematográficas dos livros de Watson e rindo de sua retratação, em especial o famoso chapéu que ele diz nunca ter utilizado. Uma dessas cenas em específico nos mostra um filme fictício no qual o detetive é interpretado por Nicholas Rowe, que, de fato, fizera o papel de Holmes em O Enigma da Pirâmide. Essa deliciosa intertextualidade funciona principalmente como uma grande homenagem aos fãs da criação de Conan Doyle. "Sr. Holmes" é, portanto, antes de mais nada, um filme sobre o próprio personagem e não sobre um de seus famosos casos. Uma obra verdadeiramente intimista, que traz uma das melhores encarnações do detetive, com Ian McKellen se entregando totalmente ao papel, provando que a BBC, de fato, conseguiu acertar mais uma vez com Sherlock Holmes." (Guilherme Coral)
''Existe uma ótima história escondida dentro de ''Sr. Holmes'', definida pelo seu período histórico. Nela, 30 anos depois de ter se aposentado e levado uma vida inteira dedicada à lógica e acreditando que ficção é inútil, Sherlock Holmes se vê diante da Segunda Guerra Mundial e de horrores que superam as piores maldades do seu tempo - e então percebe como a ficção pode ser uma forma de os homens preservarem a esperança. Essa história percorre de forma tímida mas incisiva o longa que reúne o diretor Bill Condon e o ator Ian McKellen, 17 anos depois de Deuses e Monstros, longa que mantém com Sr. Holmes algumas similaridades. A principal delas é justamente a narrativa de leito de morte que serve para expurgar traumas do passado. Seja em menções discretas (o marido da governanta morto em combate, o menino nas noites de blitz dos bombardeios nazistas) ou em momentos de relativo impacto (a visita a Hiroshima), em Sr. Holmes esses traumas invariavelmente levam a pesadelos da guerra. Não deixa de ser um momento importante no filme a cena em que Holmes diz que já faz 30 anos desde a Grande Guerra. Se, na sua memória, o ano de 1947 permanece marcado pela Primeira Guerra Mundial, ao invés de ser definido pelas cicatrizes recentes do Holocausto e das bombas atômicas, então Condon já encontra aí um fio para trabalhar esse arco de revisão da figura de Sherlock Holmes no século 20. Que importância teria o maior detetive de todos os tempos numa era de horrores inexplicáveis? Acontece que ''Sr. Holmes'' não realiza de forma plena essa proposta de ser um filme de revisão. Ela termina diluída - assim como o cinismo característico das releituras mais soturnas do personagem - num projeto de boas intenções e sacadinhas metalinguísticas, com McKellen exercitando seu charme inegável numa trama de mentor e pupilo (quando o detetive, aos 93 anos, conta suas histórias para o filho pequeno da governanta) e, paralelamente, na resolução de um caso mal resolvido que levou à aposentadoria de Sherlock. Enquanto o caso é mais pensado no filme para que haja um mistério e o detetive possa demonstrar seus dons fenomenais de dedução (e sem os quais, afinal, este não seria um filme de Sherlock Holmes), a relação de mentor e pupilo é que toma o centro da ação e termina definindo o tom do filme, com o primeiro bronco mas bonachão (não demoram duas cenas para Sherlock baixar a guarda para o menino) e o segundo curioso mas insolente. O que temos aqui, no fim, apesar algumas cores mais escuras, é um longa no geral bastante solar, um Sherlock Holmes que sua avó assistiria." (Marcelo Hessel)
Miramax Roadside Attractions BBC Films (presents) FilmNation Entertainment Archer Gray See-Saw Films Twenty First City
Diretor: Bill Condon
52.670 users / 30.102 face
35 Metacritic 4.140 Up 206
Date 06/12/2017 Poster - ##### - DirectorLuchino ViscontiStarsFarley GrangerAlida ValliMassimo GirottiAn Italian Countess is allied with Nationalists during the Italian-Austrian war of unification. However, she risks betraying their cause when she falls in love with an Austrian lieutenant.[Mov 08 IMDB 7,7/10] {Video/@@@@@}
SEDUÇÃO DA CARNE
(Senso, 1954)
TAG LUCHINO VISCONTI
{inesquecível}Sinopse ''Durante a primavera de 1866, a Itália está ocupada pela Áustria e prepara seu principal movimento de libertação. Em meio ao caos de Veneza, a Condessa Serpieri (Alida Valli), que participa da resistência, começa a nutrir um amor proibido: o tenente autríaco Franz Mahler (Farley Granger).''
*****
''Para a série francesa Face a Face parece que as rivalidades movem o mundo: Sartre vs. Camus, Bill Gates vs. Steve Jobs, Chanel vs. Schiaparelli. É como se o mundo fosse uma imensa luta de boxe. O que não a impede de ter momentos de interesse e mesmo reveladores, como no caso da dupla Fellini/Visconti. Além de representarem com brilho a época de ouro do cinema italiano, Luchino Visconti e Federico Fellini trazem inscritas em suas obras as marcas das diferentes origens sociais. Visconti cresceu como aristocrata refinado. Um dos palácios da família ficava ao lado do Scala de Milão, onde não raro grandes artistas eram recebidos pelo pai as récitas. Fellini vinha de uma família pobre e tinha como pai um caixeiro viajante. Como bem se nota na série: a realidade de um era a ópera, a do outro, o circo. Embora Visconti fosse bem mais velho, destacam-se com grandes sucessos no início dos anos 1950. Nesse tempo, diga-se, Rossellini já não era Rossellini, e Antonioni ainda não era Antonioni. A coincidência de realizarem dois grandes filmes ao mesmo tempo (Visconti, "Sedução da Carne", Fellini, A Estrada da Vida), ambos com êxito de público e crítica, ajudou a colocar as respectivas cortes em ação. A imprensa se encarregaria do resto: transformar a disputa entre os dois filmes numa rixa pessoal. O temperamento, o ego imenso e as diferenças entre o riminiano (Fellini) e o milanês (Visconti) completaram o serviço. No meio, a divisão entre técnicos. O primeiro trouxe para si a música de Nino Rota, da qual seu cinema tornou-se indissociável. E o segundo foi buscá-lo para O Leopardo. Em compensação, foi Visconti quem descobriu a arte do diretor de fotografia Giuseppe Rotunno (um grande mérito do episódio é comentar e ilustrar a última sequência de "Sedução da Carne'', confiada a Rotunno, um dos grandes cinegrafistas da história do cinema), frequente nos sets fellinianos desde Satyricon, já no final dos anos 1960. Na mesma época, Visconti voltava-se a outro fotógrafo da mitologia cinematográfica: Pasqualino de Santis. É uma pena que o episódio não se detenha no que tais técnicos trouxeram ao cinema desses dois cineastas. Em troca, existem informações muito interessantes sobre o espírito no set desses dois senhores cineastas. Visconti levava para lá um espírito de ordem, mas também de autoridade: era um nobre falando a seus vassalos. No estúdio de Fellini vigorava a anarquia. É bem forte a experiência que uma estrela, Claudia Cardinale, tem ao ser compartilhada, ao mesmo tempo, pelos dois diretores. Ao mesmo tempo em que Visconti rodava O Leopardo, Fellini fazia 8 ½. Momentos centrais na obra dos dois artistas, porém que indicam, igualmente, a radical distância entre eles: o pendor viscontiano obsessivamente realista, por um lado, e a proximidade felliniana entre o cinema e o sonho. Face a Face patina no terreno da fofoca, mas faz dele um belo ponto de partida para esclarecer a distância entre os trabalhos de ambos. É o que faz desse documentário francês (com cara às vezes tão americana) uma experiência bem interessante de introdução a uma época, a uma cinematografia, a um país e, por fim, claro, a duas obras fundamentais do cinema.'' (* Inácio Araujo *)
*****
''Com "Sedução da Carne", o diretor italiano Luchino Vsconti entrou em sua fase operística, deixando o neorrealismo em segundo plano até sua retomada extemporânea em Rocco e Seus Irmãos (1960). Já não importavam mais as angústias da gente humilde. Aqui, eles dão lugar as fraquezas e traições da nobreza que o diretor conhecia tão bem. Durante os conflitos da unificação italiana, pano de fundo também do sublime O Leopardo (1963), a condessa Lívia Serpieri se apaixona por tenente austríaco, caindo na infidelidade conjugal e na desgraça moral. Poucos filmes de Visconti foram tão cruéis com sua heroína, neste caso vítima de um amor desmedido e das convenções morais do século 19. Alida Valli interpreta tal personagem com uma delicadeza impressionante, e a suntuosidade visual é muito bem equilibrada com conflitos internos pelos quais ela passa. Não é o melhor Visconti, mas é estupendo. (Sergio Alpendre)
''Adaptação do conto homônimo de abertura do livro Nuore Storille, escrito pelo arquiteto e escritor italiano Camilo Boito em 1883, Senso é um melodrama épico de beleza plástica monumental, em que a especial atenção dada por Visconti nos quesitos direção de arte/ figurino em filmes posteriores é amplamente iniciada. A partir de um pano de fundo histórico não tão pano de fundo assim, nos é narrada a trama protagonizada por dois componentes de lados opostos de uma guerra. De um lado temos a condessa veneziana Lívia Serpieri e do outro o oficial austríaco Franz Mahler (primeira referencia feita por Visconti ao compositor pós-romântico austríaco Gustav Mahler). A guerra em questão são os embates bélicos que fizeram parte do processo de unificação italiana. Se em O Leopardo a ação se desenrola entre os anos 1860-1862, na Sicília, durante a derrubada da monarquia dos Bourbon pelas forças de Garibaldi, aqui o recorte da unificação se centra no norte que em 1866 se inicia na luta contra a dominação austríaca. A abertura do filme no La Fenice, durante a encenação de Il Trovatore de Verdi, nos fornece o esboço do clima de euforia e agitação política que sobrevoava a região do Veneto naquela primavera de 1866. Ao contrário da mulher do conto de Boito, a condessa Serpieri de Visconti não é uma aristocrata fútil e narcisista e sim uma nobre portadora de consciência política e de sentimentos nacionalistas. Julgando-se ser "uma mulher verdadeiramente italiana", ela se opõe ao marido, um notório colaborador dos austríacos, e admira o caráter do primo Roberto Ussoni, um dos líderes da resistência. É justamente esse ímpeto nacionalista e o seu senso de justiça que a levará ao encontro de seu futuro amante. Ele, porém, diferentemente dela, se mostrará logo nos primeiros diálogos um homem apolítico e perdido no meio do conflito. A característica que os une é o extremo individualismo que possuem. Lívia, apesar do engajamento demonstrado no inicio colocará sempre em primeiro lugar seus valores individuais em detrimento de seu posicionamento ideológico, chegando ao extremo de aplicar o dinheiro da resistência na compra do atestado médico de Mahler. Provavelmente leitora das novelas que enalteciam os ideais românticos, Lívia é uma típica mulher de sua época, que influenciada por um pensamento dominante que exacerba o individualismo e coloca o amor idealizado como bem maior, age segundo esses preceitos elegendo o seu amante como o representante número um da sua lista de prioridades vitais. Mahler, por sua vez, não compartilhando esses ideais românticos, é um hedonista de carteirinha que direciona o seu individualismo para a concretização de seus desejos carnais. Pensando somente em seus prazeres, ele desconhece sentimentos nacionalistas e ímpetos ideológicos. Despreza a guerra mais por não compreendê-la do que pela evidência de seu horror. Assim Visconti desenvolve psicologicamente esses dois personagens ambíguos que, assim como os lados que representam (os subjugados italianos e os dominadores austríacos), não são bons nem maus e sim humanamente e terrivelmente fracos. A fraqueza e a irracionalidade do excesso de sentimentalismo (Lívia) e a fraqueza de ser escravo do desejo e do instinto (Mahler). A História apresenta um notável papel estratégico, tendo sempre que ter um número razoável de anos ou séculos para enfim se transformar em História com H maiúsculo. Quando ela acontece diante de nossos olhos, quando a ela somos contemporâneos, irremediavelmente e sem dó nem piedade a História nos engole. É exatamente assim que ela aparece em Senso: imensamente maior que os seus personagens. Boito escreveu seu conto cerca de 20 anos após os acontecimentos, não tendo o distanciamento de Visconti ao realizar Senso. E o sentimento de horror à guerra expresso no filme, principalmente através das falas de Mahler e de algumas cenas de batalha, obviamente se dá devido à proximidade do ano da filmagem em relação ao fim da Segunda Guerra Mundial. Em seu discurso final, na seqüência em que humilha a condessa Serpieri, Franz Mahler além de decretar o seu repúdio ao conflito amplia toda a sua dimensão trágica sugerida anteriormente. Assim como o príncipe de Salina em O Leopardo, ele é o representante de um mundo que está preste a se transformar em um amontoado de escombros. O império austríaco está em inevitável decadência e, ao enxergar o seu próximo fim, ele também vê a sua substituição por um novo mundo do qual o primo revolucionário de Lívia é o seu anunciador. A troca de um mundo/geração/ideais por outro é um tema muitas vezes revisitado por Visconti. Ao falar para a sua ex-amante não sou seu herói romântico, o homem culpado e diminuído por se considerar um covarde desertor está acenando mais uma vez para a morte de uma concepção de mundo. E minutos depois, na seqüência de seu fuzilamento em um plano geral em que não conseguimos ver o seu rosto, apenas o vulto de seu corpo no escuro ao som de tambores fúnebres, constatamos que sua profecia enfim se realizou." (Estevão Garcia)
1954 Lion Venesa
Lux Film
Diretor: Luchino Visconti
4.880 users / 329 face
Date 18/03/2018 Poster - ###### - DirectorBenoît DelépineGustave KervernStarsGérard DepardieuBenoît PoelvoordeVincent LacosteChaos ensues when a father and son travel to a farm festival via the Wine Trail in a Parisian taxi.[Mov 09 IMDB 6,1/10] {Video/@@@@@}
SAINT AMOUR - NA ROTA DO VINHO
(Saint Amour, 2016)
TAG BENOIT DELÉPINE / GUSTAVE KARVEM
{etilista}Sinopse ''Odiado pelo filho Bruno (Benoît Poelvoorde) e triste por vê-lo entregue ao alcoolismo e desânimo, Jean (Gérard Depardieu) aproveita o tempo livre durante uma feira de negócios agrícolas em Paris para fazer com o herdeiro uma turnê pela região vinícola da França. Usando o taxista Mike (Vincent Lacoste) como motorista, os dois vivem uma intensa jornada que rende perrengues, revelações, desventuras amorosas e a sonhada aproximação.''
''Um desses acasos da exibição colocou sucessivamente em cartaz três filmes em que os personagens põem o pé na estrada e perambulam França adentro. Depois da viagem turística de Paris Pode Esperar e do pacote político de Tour de France, "Saint Amour - Na Rota do Vinho" percorre um pouco o país que a gente não encontra no guia Michelin. Um ponto de vista ranzinza, de crítico hipnotizado pelo horizonte perdido, diagnosticaria esse acúmulo como prova da falta de imaginação dos roteiristas e cineastas de hoje. A aproximação pela fórmula também permite ver como o mesmo tipo de trama revela os temperamentos e projetos distintos de cada realizador, evidencia o que se busca e se vale ou não embarcar nessas viagens. Quem se sentir atraído pela promessa de passeio ameno e degustativo pela rota do vinho é melhor procurar um programa desse tipo na TV, pois "Saint Amour" só mostra vinhedos ao longe e o filme tende ao porre quando seus personagens bebem. Também não se trata de uma versão francesa da viagem etílica e erótica de Sideways - Entre Umas e Outras, mas de um recurso narrativo para aproximar um trio de personagens forçados a conviver, registrar os ruídos que eles fazem, despertar simpatias e incômodos. A dupla de diretores e roteiristas Benoît Delépine e Gustave Kervern (a mesma de Mamute, 2010) tem o gosto por tipos extravagantes e situações inesperadas, à beira do surrealismo. Aqui, essa combinação se reafirma no encontro de um criador de bois de raça, seu filho, um adulto criança sem eira nem beira, e um motorista que descobre e abandona a paixão de sua vida a cada esquina. Jean, o pai, é interpretado por Gérard Depardieu com seu atual físico bovino. Bruno, o filho, ganha o reforço de Benoît Poelvoorde, ator belga capaz de dar corpo com a mesma naturalidade a um assassino cruel, a Deus entediado ou a um executivo apaixonado. Vincent Lacoste, que empresta fragilidade e sedução ao papel mais ingrato do motorista Mike, intromete-se como um peso pena entre dois pesos pesados. Quem só aprecia coesão e progressão narrativa pode achar que o filme vai do nada ao lugar nenhum. O cinema de Delépine e Kervern também pode incomodar os que buscam arte, essa especialidade tão francesa. Seus filmes são mais circenses, mambembes, mais interessados no improviso e, por isso, nas fagulhas de autenticidade. "Saint Amour" explora isso na forma dos encontros com personagens femininas, representadas em imagens que nossa atual moral condenará sumariamente. Delépine e Kervern, também roteiristas, no entanto, não filmam se preocupando com julgamentos. Preferem embarcar sem saber aonde ir, dar risadas da seriedade, fazer cinema mais por diversão do que para dar lições." (Cassio Starling Carlos)
"O road movie tem se mostrado o formato predileto dos franceses Benoît Delépine e Gustave Kervern, sendo adotado desde sua estreia na direção, Aaltra (2004), até seus longas mais recentes, como Mamute e A Grande Noite. Em Saint Amour: Na Rota do Vinho, os dois voltam a trabalhar esse subgênero que se apresenta como ideal para narrar jornadas de autodescoberta e de conexão entre personagens, como a do criador de gado Jean (Gérard Depardieu) e seu filho Bruno (Benoît Poelvoorde). Buscando se reaproximar do problemático rebento, após este, novamente, se envolver em uma vergonhosa confusão causada por seu comportamento alterado pelo álcool, Jean decide colocar em prática o sonho de Bruno, realizando uma viagem de degustação pela região vinícola da França. Com um mapa em mãos, eles embarcam no táxi do jovem parisiense Mike (Vincent Lacoste), que também passará por transformações pessoais ao longo do trajeto. Assim como a estrutura narrativa, todas as outras características já estabelecidas do cinema da dupla se repetem, a começar pela presença de Depardieu e Poelvoorde, além do próprio Kervern, ator de formação, então rostos familiares ao universo peculiar visto na tela. Universo marcado pelo apreço às figuras marginalizadas, das classes baixas, e pela sucessão de acontecimentos bizarros, muitas vezes beirando o grotesco, responsáveis por imprimir uma aura quase surrealista que contrasta diretamente com seu registro cru e direto. O estilo de câmera na mão e proximidade constante de rostos e corpos serve à criação de uma sensação de desconforto, bem como ao humor de constrangimento típico dos cineastas, algo que se torna mais evidente em sequências de tom quase documental, como as passadas na feira de agropecuária, onde Bruno dá seu vexame em meio aos visitantes reais do local. Tal tipo de comédia dialoga muito bem com a persona de Poelvoorde, acostumado a viver personagens desagradáveis, inconvenientes, mas ainda assim capazes de revelar uma faceta simpática. Da mesma forma, Depardieu, ator afeito ao despudor, às experimentações e provocações desde o princípio de sua carreira, se mostra confortável frente à proposta de Delépine e Kervern. Ao lado dos dois, a imagem aparentemente normal de Lacoste como Mike gera certo choque, ao menos em princípio, já que, aos poucos, ele também deixa transparecer suas excentricidades. O principal conflito entre o motorista e a dupla principal adentra o contexto sociocultural que envolve o pensamento recorrente dos diretores sobre a luta de classes e as consequências do capitalismo. Algo que aqui aparece de modo menos incisivo do que em A Grande Noite, por exemplo, que expunha abertamente a crise econômica europeia e o desemprego crescente na França, mas que não se perde por completo. Os comentários políticos são inseridos em menor número, como quando a personagem da garçonete (Solène Rigot) explica a Jean sua preocupação com os juros da dívida externa do país, servindo como complemento ao discurso de Delépine e Kervern sobre a valorização do homem do campo – profissão hoje ridicularizada, com Jean e Bruno sendo chamados de caipiras, com a noiva na despedida de solteira envergonhada pelo futuro marido ser agricultor – e da importância do trabalho manual, fonte primordial do sustento humano. Essas ideias se misturam aos momentos de revelações pessoais e de estreitamento de laços entre pai e filho – em A Grande Noite a ligação era fraternal – que funcionam graças à boa dinâmica de Depardieu e Poelvoorde, dividindo sequências sensíveis, à sua maneira bruta, como aquela em que Jean revela deixar mensagens na caixa postal da falecida esposa para ouvir sua voz. Confirmando, particularmente, que Depardieu ainda é um intérprete grandioso quando necessário. A química do duo protagonista também potencializa a comicidade regada a vinho das situações propostas pelo roteiro, gerando piadas genuinamente engraçadas, como a sequência em que Bruno descreve os dez estágios da embriaguez. A trama episódica, formada por encontros fortuitos, contudo, se mostra irregular, uma fragilidade frequente dentro da obra dos cineastas. Se cenas carregadas de absurdo, como a da corretora de imóveis que transa com Bruno para causar ciúmes em sua parceira, ou o momento de intimidade de Jean com uma hóspede num hotel, são divertidamente inesperados, a peregrinação de Mike pelas casas das ex-namoradas parece deslocada, apostando numa incorreção humorística bastante discutível, especialmente no que diz respeito à representação das figuras femininas, que tende ao mero mau gosto. Porém, diferentemente dos trabalhos anteriores da dupla (que pareciam esgotar sua fórmula antes do término da projeção), Saint Amour: Na Rota do Vinho cresce justamente em seu ato final, quando é introduzida Venus, personagem da ótima Céline Sallette. Praticamente uma encarnação da deusa do amor e da beleza, com seus longos cabelos vermelhos, é ela quem sintetiza a carga sexual do longa e, extraindo o melhor de cada dos três homens – Jean, Bruno e Mike – lhes oferece um propósito para suas existências. Com um olhar esperançoso, que reforça o enaltecimento da simplicidade e da natureza – vide o belo plano de Venus cavalgando em meio ao trânsito – através da vida que se inicia – o bezerro que nasce, o bebê em gestação – os cineastas demonstram crer na possibilidade da redenção, do recomeço. Seja para seus personagens ou, de um modo mais amplo, para a sociedade atual." (Leonardo Ribeiro)
JPG Films No Money Productions Nexus Factory Umedia uFund DD Productions Canal+ Ciné+ Le Pacte France 2 Cinéma Cinéventure La Banque Postale Image 9 Sofica Manon 6 Région Poitou-Charentes Département de la Charente Département de la Vienne Centre National de la Cinématographie (CNC) France Télévisions Le Tax Shelter du Gouvernement Fédéral de Belgique Pôle Image Magelis
Diretor:Benoît Delépine / Gustave Kervern
879 users / 90 face
Date 30/03/2018 Poster - ########## - DirectorRian JohnsonStarsDaisy RidleyJohn BoyegaMark HamillRey develops her abilities with the help of Luke Skywalker, as the Resistance prepares for battle against the First Order.[Mov 04 IMDB 7,4/10] {Video/@@@} M/85
STAR WARS VIII - OS ÚLTIMOS JEDI
(Star Wars: The Last Jedi, 2017)
TAG RIAM JOHNSON
{esquecível}Sinopse ''Após encontrar o mítico e recluso Luke Skywalker (Mark Hammil) em uma ilha isolada, a jovem Rey (Daisy Ridley) busca entender o balanço da Força a partir dos ensinamentos do mestre jedi. Paralelamente, o Primeiro Império de Kylo Ren (Adam Driver) se reorganiza para enfrentar a Aliança Rebelde.''
"A série é empurrada com a barriga - não há nada de muito relevante acontecendo aqui - e o pouco que prometeu interesse no episódio VII resultou em um vazio fenomenal. Os tempos áureos da série morreram com os últimos Jedis (de verdade, não esses novos)." (Alexandre Koball)
"Falta conexão entre os núcleos narrativos, mas é delicioso ver um episódio de mais de 2h da maior franquia do mundo praticamente abnegar seu legado e os compromissos pragmáticos das "grandes sequências" pelo simples deleite da encenação." (Daniel Dalpizzolo)
"Não gostei dos rumos que deram pro Luke - tanto com relação ao sobrinho quanto ao seu encerramento - e muito menos daquela parte da perseguição aos Rebeldes - chaaaaaaaaata. Porém todo o resto é sensacional e funciona como cinema e como Star Wars." (Rodrigo Cunha)
"Johnson mantém o nível de espetáculo em alta, evita o faltório político, e, mais que isso, agrega à saga uma rara densidade psicológica, com heróis e vilões sem saber qual o lado certo da força. Difícil resistir à essa galáxia muito, muito distante... " (Régis Trigo)
"Depois do bom início de Abrams à nova trilogia, Johnson expande o universo, aprofundando-se nos temas, nos personagens e em seus conflitos. De quebra, constrói alguns dos melhores e mais belos momentos de toda a saga. Star Wars ainda tem muito a oferecer." (Silvio Pilau)
"Todo o novo filme do Star Wars é sempre o mesmo que os anteriores, com a mesma estrutura e clímax, e isso não vem a ser um problema para quem ama aquele universo, mas este novo abusa dessas rimas até o limite e não acrescenta nada de muito substancial." (Heitor Romero)
"Gosto de como busca trabalhar seus personagens dando-lhes surpreendentes camadas comportamentais. É o que há de melhor aqui: essa profundidade das relações e as consequências das escolhas. Todavia, prolonga-se demais e entedia." (Marcelo Leme)
"Pequenos lapsos estruturais no roteiro e alguns personagens dispensáveis não diminuem a força empolgante do filme de Rian Johnson, um blockbuster com B maiusculo divertidíssimo, saudosista (sem esquecer as novas ideias) e criativo. Baita filme pipoca!" (Rafael W. Oliveira)
"Incomoda o caráter episódio e esquemático, todos os vícios do blockbuster que sempre dividirão plateias estão lá, mas uma coisa não se pode negar: (só) o dinheiro gera as experiências mais inconcebivelmente potentes e impossivelmente férteis do cinema." (Felipe Leal)
''Quarenta anos depois de George Lucas ter, com o primeiro "Guerra nas Estrelas", "reinventado" um molde de filmes de que Hollywood depende cada vez mais para dominar o mundo, a saga "Star Wars" precisa enfrentar uma questão: como se manter à frente dessa concorrência tão pesada? "Os Últimos Jedi" busca solucionar o desafio com um arsenal de recursos que acompanha a saga desde as origens, que a define e a torna inconfundível para milhões de fãs. A reciclagem de temas, tipos, valores, referências e ações é uma das chaves de seu culto, junto, claro, da eficiência de marketing da Lucasfilm na manutenção do fenômeno. Tal como O Despertar da Força, o longa que chega às salas nesta quinta se baseia numa lógica de relaunch, de reinicialização da própria mitologia para brilhar com luz própria na galáxia blockbuster, ocupada por objetos muito parecidos. Não era difícil reconhecer no filme de 2015 linhas narrativas, uma protagonista que emulava o do original de 1977 e combates, duelos e manobras espetaculares que recuperavam o espírito da primeira trilogia, depois da retomada morna sob a condução de George Lucas nos episódios 1, 2 e 3. Agora, a reciclagem se expande a outras camadas, de modo a nunca se confundir com repetição. O confronto entre os dois lados da Força, por exemplo, é reinventado, deixando de lado a mera oposição entre o bem e o mal. Afinal, mocinhos e bandidos são palavras inventadas, como DJ (Benicio Del Toro) deixa claro pouco antes da sequência mais monumental do filme. É como se a saga olhasse no espelho para identificar o que nela se preservou e o que é preciso recuperar. Luke Skywalker, o velho herói, e Kylo Ren, o novo vilão, carregam em suas faces essa dupla natureza. A feição sobrecarregada de Mark Hamill mostra que até os mocinhos perdem o viço. A cicatriz no rosto de Adam Driver acentua mais que o lado mau do personagem, indica também um trauma original, uma ferida que abre dúvidas, lança sombras sobre a narrativa. Em vez de uma nova esperança agora o sentimento predominante é negativo, de derrota e de esgotamento das forças. Outro recurso que o novo longa reutiliza é o princípio de continuidade tão comum na ficção seriada contemporânea. O "gancho" da reaparição de Luke Skywalker na cena final do filme anterior funciona aqui como a primeira isca, e boa parte da trama se concentra nos desdobramentos do encontro de Rey e Luke. Enquanto O Despertar da Força tinha de se concentrar na apresentação de novos personagens e na reintrodução dos antigos, "O Último Jedi" ganha espaço para o desenvolvimento daqueles, que permanecem como ecos, como desdobramentos das figuras arcaicas que surgiram a partir do filme de 1977.Numa cena fundamental, Rey encontra-se face a espelhos que se replicam ao infinito, uma imagem que representa tanto a duplicidade que ela enfrenta como a estrutura da própria saga, com seus laços rompidos entre pais e filhos e os dois lados, opostos, mas complementares, da Força. Sem deixar de lado a alta voltagem das cenas de ação, "Os Últimos Jedi" é, ao lado de O Império Contra-Ataca, o filme mais ambicioso da saga, uma demonstração de que o máximo de ilusão e de entretenimento de um blockbuster não existe apenas para aniquilar neurônios." (Cassio Starling Carlos)
''Com a estreia do oitavo filme da saga Star Wars, aquelas figuras conhecidas como nerds, geeks ou simplesmente fanáticos vão ter assunto para conversa de bar e discursos inflamados. Desde 1977, Star Wars cativa fãs que adotam um vocabulário próprio e muitas ideias e interpretações, convergentes ou não, sobre os significados de tudo que aparece na tela das três trilogias. Quem ficou imune até agora e não cedeu à pressão de ver algum dos oito filmes deve se sentir quase constrangido no meio de amigos que começam a debater com entusiasmo futebolístico as idas e vindas de humanos, monstros e robôs por uma galáxia muito, muito distante. Se alguém quiser fingir que conhece e acompanha a série, mesmo sem saber se a pronúncia correta é "jedái" ou "jédi", esta página traz algumas frases que podem servir como comentários na hora de enganar alguém e se passar por um adepto do mundo de George Lucas. São opiniões inseridas numa unanimidade dos seguidores de Star Wars. Qualquer um deles vai concordar com elas, ninguém vai contestar o que o mentiroso está dizendo nem pedir que ele justifique essas afirmações. É como dizer que Chewbacca é o personagem mais legal de toda a série. Não precisa ver os filmes, apenas reparar nas fotos. Ele é um pequinês antropomórfico de mais de dois metros de altura! Como não sentir vontade de abraçar um bichão desses? Quem pretender posar numa aura mais analítica pode disparar que a inclusão da heroína Rey atraiu um legião de meninas para os fãs da saga. Ela é interpretada pela atriz inglesa Daisy Ridley, é a bonitinha no pôster do último filme. Ela é destemida e enfrenta de igual para igual o vilão Kylo Ren em duelos de sabres de luuz. Epa! Chega, isso é muita informação. Vale a pena tomar cuidado para não confundir os robôs. Aquele dourado que parece uma estatueta do Oscar que se mexe é o C3PO. O baixinho que está sempre perto dele e parece uma pequena caixa de correio é o R2D2. Esses estão na saga desde o filme original, 1977. Nos último filme, da chamada terceira trilogia, o robô em forma de bolinha é o BB8. Outro dica: são dois vilões de máscara e capa pretas: Darth Vader, que já morreu, e Kylo Ren, que tomou seu lugar nesses últimos filmes; Falando de gente que morreu, é bom não confundir: o personagem Han Solo morreu no sétimo filme, mas o ator Harrison Ford continua vivo. Já a atriz Carrie Fisher morreu no ano passado, mas seu personagem, Princesa Leia, está no novo filme. O importante para o fingidor é manter a pose por uns dois ou três meses, quando as notícias do novo filme dos Vingadores colocarem para escanteio as discussões sobre Star Wars: Os Últimos Jedi. Depois disso, só em 2019. Ah, importante: a pronúncia correta é jedái. Não vá se trair justamente numa coisa tão básica. E, sim, é uma palavra sem plural: um jedi, dois jedi, três jedi..." (Thales de Menezes)
O mito partido.
''Em O Despertar da Força, Star Wars já encarava a si mesmo deixando a condição de franquia cinematográfica de sucesso e abraçando o posto de mito do Século XX encontrando uma nova história do Século XXI. É verdade que o roteiro de J. J. Abrams e Lawrence Kasdan, em grande parte, contava a mesma história de Uma Nova Esperança: a pessoa que vive em uma rotina guardando anseios secretos sendo arrancada de seu mundo ordinário por uma força externa e sendo obrigada a lutar contra a vontade. Não faltaram nem elementos como o nêmesis que personifica o pólo negativo de tudo que o protagonista representa ou a morte da figura do mentor que obriga o protagonista a amadurecer. Já Os Últimos Jedi é Star Wars dando um passo para fora do mito. Ao contrário de um narrador mitológico como J. J. Abrams, o diretor Rian Johnson parece em grande parte interessado em ver as pequenas rachaduras e falhas dos arquétipos. É ele quem dirigiu Ozymandias, o episódio da série Breaking Bad onde a figura do gângster encarnada por Walter White encontrava sua derrocada tristemente humana. Por que mencionar a série de TV da AMC em uma crítica de Star Wars? Porque continuamos a tratar aqui de um diretor que em grande parte busca expressar através da ação física e das decisões de personagem uma certa negação ao sagrado. Antes de ser sobre Jedi, Sith, Stormtroopers, Resistência e Primeira Ordem, Johnson dirigiu um filme sobre indivíduos. Por conta disso, a dificuldade de Rey convencer um amargurado Luke Skywalker a treiná-la por conta de seu passado traumático de mestre Jedi, e o espírito fraturado de Kylo Ren, passam a ser os grandes pontos-chave de Os Últimos Jedi. Todas as outras tramas partem de uma única ameaça: a Primeira Ordem perseguindo a fragilizada Resistência. Para o piloto Poe Dameron, Finn, a novata Rose e a General Leia Organa, este é um filme de sobrevivência a qualquer custo e de lutar até o último momento. O roteiro, porém, não faz pouco caso disso, explorando as ideias individuais que cada um tem de como a Galáxia deve ser salva das mãos da Primeira Ordem. Então, é interessante ver como Poe Dameron amadurece ao longo das duas horas de projeção, desacatando as figuras de autoridade, encontrando uma antagonista na figura da Vice-Almirante Holdo, para pouco a pouco aprender com a própria adversária como ser líder é difícil e exige grandes sacrifícios. O personagem de Oscar Isaac marca muito mais aqui a trilha da voz da experiência, e tem uma participação bem mais interessante. Outro personagem com ideias próprias é DJ, o exótico hacker interpretado por Benicio del Toro, que faz Finn e Rose terem suas convicções balançadas ao entregar o lado bem menos ideológico das guerras em toda a grande sequência da fuga do cassino. O ''Star Wars de Os Últimos Jedi'' definitivamente é um filme diferente da franquia, menos encantado. Alguns poderiam achar que, por O Despertar da Força utilizar-se de estrutura narrativa muito semelhante a Uma Nova Esperança, o caso aqui seria a mesma estrutura narrativa de O Império Contra-Ataca. Mas a mão do diretor faz a diferença. Pode-se apontar certos fatos que se repetem: o treino do mentor, a revelação sobre o passado. Mas é igualmente delicioso ver a subversão sobre os dois fatos. A partir deste ponto a crítica revela alguns detalhes sobre a trama. Com o perdão da referência a Star Trek, Rian Johnson leva Star Wars a um lugar onde nunca havia ido antes. Finn, Rose e Poe envolvem-se em uma trama que ocupa boa parte da metragem para apenas falhar. Rey passa por dois filmes procurando quem eram seus pais para decepcionar-se em descobrir sua origem ordinária. Finn tenta embarcar em um sacrifício heróico para ser impedido no último minuto. Os Últimos Jedi é cheio de frustração de expectativas - e isso é ressaltado como um aspecto positivo. Existe a inserção de alguns detalhes para agradar os fãs, mas não é a história muito especulada, teorizada e aguardada. E há, claro, Kylo Ren, o novo grande antagonista de Star Wars. E frente à resolução de Rey de parar a Primeira Ordem lutando com Snoke, o filho de Han Solo e Leia Organa exibe muito mais conflitos internos e, surpresa das surpresas, executando seu mestre Sith, o Lorde Snoke, no segundo filme, em um ponto onde seria esperado que as trevas instiladas pelo vilão dominassem completamente a visão de Kylo. Não é o caso, porém. Não conseguindo executar um segundo parente, não vendo propósito em obedecer as ordens como um soldado cego, torna-se um dos primeiros protagonistas de Star Wars a propôr a dissolução de divisões tão óbvias e polarizadas entre lados - discurso que ecoa em outros personagens em menor escala durante o filme todo. Destacado pela franquia, Adam Driver desagradou certa parcela dos fãs com seu vilão sempre estressado, choroso, aos gritos - talvez não seja difícil entender o tipo de método de atuação diferente do ator ao ver outros projetos seus como Silêncio (2016) de Scorsese ou Paterson (2016) de Jim Jarmusch. Como acontece com Benicio del Toro, sua atuação em um blockbuster pode parecer detalhista e multitonal demais no espectro de emoções pelo qual passeia. Mas com mais espaço de desenvolvimento, Driver pode injetar o máximo de seu potencial para Ren: não como um vilão histérico, mas como um antagonista com suas próprias questões, que já foi tanto algoz como vítima e que surge no ato final do filme como um vilão de peso dramático imenso, concentrando em si toda a diferença entre vitória ou condenação. A jornada de seus tons emocionais são palpáveis, e aqueles que esperavam um Kylo Ren plenamente formado irão receber até mais do que haviam pedido. Abrir o espaço para ter empatia por Kylo Ren e acompanhar sua formação como vilão também é outra forma de Rian Johnson abordar sua dessacralização daquele que é, de fato, o primeiro e mais clássico herói da franquia: Luke Skywalker. Antes de termos o passado de Vader como Anakin, antes de Rey, o personagem de Mark Hamill foi o personagem que começava comum e ordinário e acompanhamos pelos seus olhos o caminho das pedras de derrubar Impérios e resistir à escuridão da alma. Mas, para Rian Johnson, o mito deveria ter seu lado falho explorado; de fato, é difícil não sair da projeção empolgado mas também com sérias dúvidas se algum personagem além deve ser completamente exaltado ou condenado. Hamill agora é um Luke com arrependimentos, com manchas na alma, com dúvidas e hesitações. O jovem que tinha todo potencial do mundo para a luz e para as trevas agora é um homem não só experiente mas traumatizado. Ainda dá vários lampejos de seu velho humor galhofeiro, mas também é possível perceber o impacto que seus mestres - Yoda, Obi-Wan, Anakin - e alunos - como Kylo Ren - tiveram em seu caráter. Por isso, o personagem parece surgir até agora como o mestre mais falho e contrariado da franquia - justamente por caminhar para fora do mito, como Rian Johnson queria. Com o seu caminho tão subvertido, Luke não poderia ter uma conclusão mais Star Wars, enfrentando não o seu inimigo, mas as próprias escolhas feitas e a vida que levou até ali. Johnson, ao lado de Irvin Keshner, diretor de O Império Contra-Ataca, é disparado o grande diretor da franquia de Star Wars. Com algumas devidas homenagens, como a tradicional panorâmica para baixo que enfoca naves após a leitura dos créditos e as transições de página virando que evocam o clássico espírito pulp de Star Wars, é curioso notar como o diretor tem uma sensibilidade micro e macroscópica de ação, como a câmera viajando entre as mesas na sequência do cassino ou o indício de tremor no close da xícara tremendo ao abrir o quadro. Momentos que, ao lado do diretor de fotografia Steve Yedlin, que já trabalhou com o diretor em Looper - Assassinos do Futuro, Johnson demonstra um uso sábio de câmera para compôr atmosfera. A simetria de movimentos em diferentes locações, como quando Rey e Ren estabelecem uma conexão telepática, combina o ritmo da montagem com a composição em um nível de ambição estética que não se vê sempre na série. O filme não é perfeito. De certa forma, tem os pontos fracos que a sétima parte não tem. O filme de Abrams e Kasdan repetia de forma quase marcada o capítulo IV ao ponto de ser previsível, mas explorou perspectivas inexploradas na série na figura da deserção de Finn, onde finalmente vimos a individualização de um Stormtrooper, além de expôr um vilão falho, que às vezes nem parece um vilão, tamanha a sua instabilidade, longe da postura sempre sisuda e nunca abalada de um Darth Vader, por exemplo. Mas sua estrutura era marcada por um propósito, o que dava uma certa sensação de ritmo, de estrutura bem fechada e amarrada. Não à toa, a grande especialidade de Abrams, seguramente o maior criador e desenvolvedor de grandes produtos da nova geração. Johnson é um diretor diferente de Abrams. Não há nele a mentalidade de um “timing específico” para um grande público consumir. Isso o leva a estender muitas cenas, principalmente as sequências onde a Resistência foge da Primeira Ordem em uma de suas últimas grandes naves ou o combate o canhão-aríete, tão repletas de inserções e montagens paralelas que por vezes parecem perder o propósito. Pode às vezes até mesmo ser deslumbrado com a plasticidade de suas cenas, como quando a Princesa Leia é vítima de uma explosão: momento de grande peso dramático. Mas outros momentos, como o embate físico e mental entre Rey, Kylo e Snoke ou como a descida de Rey ao lado negro da ilha habitada, concentram muito do ouro da narrativa visual do filme. O segundo, inclusive, ao mostrar uma Rey fragmentada que tem de unir-se para então ajudar os outros, mostra como Johnson consegue ser evocativo e por vezes até delirante. Se O Despertar da Força nos transmitia a mensagem do mito moderno, Os Últimos Jedi é o mito desconstruído, as figuras mitológicas experimentando a glória e a desgraça de saberem-se humanos, capazes de serem patéticos e heróicos, corrompidos e nobres. O mais humano do Star Wars ainda é um blockbuster com todas as letras, com os pingos de piadas, explosões, lutas, alta velocidade que tanto marcaram a série; mas por outro lado, em sua frustração, reversão e subversão, também é seguro dizer que nunca houve um Star Wars como Os Últimos Jedi. Um momento único da saga." (Bernardo D.I. Brum)
90*2018 Oscar
Walt Disney Pictures Lucasfilm Ram Bergman Productions
Diretor: Rian Johnson
359.525 users / 75.525 face
56 Metacritic 12 Up 3
Date 06/04/2018 Poster - #### - DirectorGreg MottolaStarsMichael CeraJonah HillChristopher Mintz-PlasseTwo co-dependent high school seniors are forced to deal with separation anxiety after their plan to stage a booze-soaked party goes awry.[Mov 08 IMDB 5,3/10] {Video/@@@@@} M/71
{inesquecível / hilário}Sinopse ''Ter uma carteirinha com o nome McLovin foi moda nos EUA, uns anos atrás. O trocadilho é claro: make love, em inglês, é fazer amor E veio de um personagem de "Superbad - É Hoje. Um menor de idade usa esse nome para forjar uma identidade e poder comprar bebidas alcoólicas. A popularidade do filme vem do talento do diretor Greg Mottola, que faz um desses inteligentes exercícios de humor a americana, sem pudores em passear pelo besteirol para, no fim, apresentar belas ideias em grande cinema - a passagem adolescência a vida adulta.'' (Paulo Santos Lima)
Diretor:Soundtrack Rock Van Halen / The Coup / Curtis Mayfield / KC & The Sunshine Band / The Guess Who / Ted Nugent / Motörhead / Lightnin Hopkins / The Friggs / The Isley Brothers / The Notorious B.I.G. / The Four Tops / The Bar-Kays / Jean Knight
Poster - - DirectorStephen FrearsStarsJudi DenchBob HoskinsChristopher GuestLaura Henderson (Dame Judi Dench) buys an old London theater and opens it up as the Windmill, a performance hall which goes down in history for, amongst other things, its all-nude revues.[Mov 08 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@} M/71
SR. HENDERSON APRESENTA
(Mrs. Henderson Presents, 2005)
TAG STEPHEN FREAS
{nostálgico}Sinopse ''Laura Henderson foi uma das mais proeminentes e excêntricas personalidades da sociedade londrina no período que antecedeu a 2ª Guerra Mundial. Determinada a recuperar o teatro musical para um público fascinado pelos filmes "falados", ela se aproveita de uma brecha nas leis, em que a nudez no palco era permitida desde que os modelos nus "não movessem um músculo". Ajudada pelo empresário teatral Vivian Van Damm, a Sra. Henderson atinge um sucesso extraordinário com os espetáculos deste "teatro de revista com nudez". Este sucesso garantiria o lugar na história do Windmill Theatre, casa de espetáculos fundada por ela.''
*****
''A senhora de "Sra. Henderson Apresenta" é quase uma velha dama indigna. Mas talvez seja melhor chamá-la de uma mulher de negócios. Pois, viúva e disposta a se divertir, abre em Londres, nos anos 1930, seu teatro de variedades, o Windmill. Após um começo promissor, as circunstâncias levam-na a imaginar uma saída para seu negócio: a introdução de números de nu. O sucesso a seguir importa (para ela e especialmente para seu empresário), mas não tanto. O que o filme de Stephen Frears põe em relevo é a futilidade do moralismo. Com o início da guerra, Londres vê-se sob bombardeio pesado, e o Windmill vai se tornar um símbolo da resistência e nem por um dia suspenderá os espetáculos. O nu tem sua dignidade." (* Inácio Araujo *)
''Toda história tem uma moral, e toda moral tem uma história. Com sua fé inabalável nessa crença, o diretor britânico Stephen Frears soube traduzi-la para o cinema, produzindo tantos filmes ótimos e alguns menos bons. Minha Adorável Lavanderia, Ligações Perigosas e Os Imorais, por exemplo, são hoje clássicos que se enquadram na primeira categoria. "Senhora Henderson Apresenta" pertence ao segundo time. Sobre um pano de fundo de depressão econômica e do impacto dos bombardeios noturnos de Hitler a Londres, Frears narra uma história de confrontos de valores projetada nos cenários de um teatro de variedades. Recém-viúva, a esnobe senhora Henderson (Judi Dench), em vez de se entregar aos passatempos domésticos, decide comprar um teatro. É quando atravessa seu caminho o idiossincrático diretor Vivian van Damm (Bob Hoskins).
A dupla, do tipo dois-que-se-odeiam-e-se-amam, além de se enfrentar, encara a falta de recursos e as ameaças da censura, os bombardeios e as perdas humanas para manter o negócio de pé. E Frears elabora seu filme como um afresco dessa dinâmica. Enquanto interessado em mergulhar no universo do teatro, com sua balbúrdia nos bastidores, as rigorosas audições, a criatividade em tempos de penúria e a própria cena, feita de deliciosos (e kitsch) números musicais, Frears faz bem o papel de bom aluno. Mesmo um tanto fora de seu habitat, resolve tudo com elegância e reverência, permitindo ao espectador identificar ali um tributo ao mestre inglês Michael Powell. Essa homenagem aparece, sobretudo, na presença da fantasia como defesa contra a destruição, do teatro como lugar seguro durante os bombardeios, uma das belas idéias postas em cena aqui. Mas é quando precisa se deslocar do geral e enfocar o particular que o filme decepciona. A impressão é que o fato de poder contar com dois atores tão exuberantes (e juntos Dench e Hoskins dão um show) deslocou o esforço de Frears daquilo que é sua especialidade: a crítica dos valores e a demonstração de que os bons costumes estão sempre condenados a caducar. Ela existe e até sustenta algumas das tantas reviravoltas do roteiro, mas aparece de modo apenas ilustrativo. Por exemplo, no confronto com a censura, quando a senhora Henderson rompe o pudor de exibir a nudez no palco. Ao se concentrar demasiado em uma personagem, por mais rica, simpática e desafiadora que ela seja, o filme acaba se aparentando demais ao espetáculo de atriz, cujo show particular, com todo direito, enche os olhos, mas seu interesse termina aí. É como se "Ligações Perigosas" fosse mais um filme de Glenn Close e não que esta estivesse ali a serviço da marquesa de Merteuil. "Senhora Henderson Apresenta" não chateia, não cansa e até diverte. Mas quem conhece as ousadias do diretor vai sentir falta de uma assinatura mais vigorosa. E sair do cinema com a impressão de ter visto um filme imaginado por Stephen Frears e dirigido por James Ivory." (Cassio Starling Carlos)
{Pensar que o fim não é o fim, o tempo que volta, elas mesmas mortas, mas outro alguém vindo. Se na morte estou morto na vida também vou morrendo, morrendo...} (ESKS)
Conheça o melhor trabalho da carreira de Judi Dench, que o fará rir do início ao fim! Pena que a direção escorregue...
''Nunca fui admirador do trabalho da Sra. Judi Dench. Que ela é uma atriz competentíssima, isso é inegável, mas seus papéis e sua postura austera (até mesmo em personagens mais sensíveis, como Iris Murdoch) me levavam a crer que lhe faltava versatilidade (digo isso me baseando no trabalho que ela realizou a partir da metade da década passada, que é o que basicamente conheço). Dito isso, fui surpreendido com a Sra. Dench quando assisti a ''Sra. Henderson Apresenta'', novo filme de Stephen Frears, baseado em uma história real. Nesse seu papel indicado ao Oscar, ela desconstrói sua persona cinematográfica ao entregar um trabalho simplesmente delicioso. E como é gostoso gargalhar com ela! Com uma energia contagiante e com um timing cômico perfeito, Dench entrega provavelmente o melhor trabalho de sua carreira, e só por ela já valeria a pena ver o filme. Em 1937, Sra. Laura Henderson (Dench) acabou de se tornar viúva aos 69 anos de idade. Rica senhora da sociedade londrina, acaba por ver sua vida se tornar enfadonha. Com a ajuda de sua melhor amiga, Lady Conway (a famosa atriz britânica de teatro e televisão Thelma Barlow, que finalmente estréia nos cinemas com mais de cinqüenta anos de carreira!), ela tenta encontrar um hobby: fazer rendas, caridades... mas sua personalidade esfuziante procura algo a mais. Quando ela encontra um antigo cinema abandonado, tem uma idéia genial: reformar o lugar para transformá-lo teatro. Mas ela não tem a menor idéia de como administrar uma casa deste tipo, e acaba por contratar Vivian Van Damm (Bob Hoskins, também produtor executivo do longa, no melhor desempenho de um ator coadjuvante no ano passado), um profissional da área que está desempregado. A idéia inicial de Van Damm, em apresentar no lugar um inédito espetáculo de vaudeville ininterrupto é um sucesso, mas logo é copiado e a casa começa a ficar no vermelho. Sra. Henderson então tem uma idéia genial, inspirada no Moulin Rouge parisiense: colocar garotas despidas no palco. O empecilho maior era o censor oficial londrino, o notoriamente pudico Lorde Cromer (Christopher Guest), que autoriza os espetáculos com uma condição: as meninas nuas no palco deveriam estar imóveis, como estátuas vivas. As apresentações viram um sucesso estrondoso, mas logo eclode a Segunda Guerra Mundial. Mas Sra. Henderson e Van Damm fazem de tudo para manter aquele lugar como um último refúgio de alegria. O que há de melhor em Sra. Henderson Apresenta, além de seus notáveis atores, são os ágeis diálogos entre a velha senhora e seu administrador. Dench e Hoskins batalham verbalmente durante grande parte do filme, e as frases proferidas são de rolar de rir. Como não perder o fôlego ao ver a reação de Sra. Henderson ao flagrar Van Damm totalmente pelado (sim, Hoskins faz uma breve cena de nu frontal!)? Outro chamariz pro filme são, claro, as famosas rosas inglesas nuas no palco, com destaque para a bela Kelly Reilly (que está no elenco de Orgulho e Preconceito). Curiosamente, o filme também foi indicado ao Oscar de figurinos, em um filme que se trata basicamente da falta deles! Há de se lamentar somente a direção do talentosíssimo Stephen Frears, que não foge do esquematismo e que deixa o fôlego do filme cair no ato final, quando entra a guerra na história. O patriotismo entra em cena – com a famigerada cena de discurso – e também o final choroso. O mau aproveitamento de alguns personagens secundários também incomoda – por que não nos presentear com mais uns minutinhos em cena de Thelma Barlow? As cenas dos espetáculos também não chamam muito a atenção. Mas nenhum desses probleminhas ofusca o brilho do filme, muito menos o de Judi Dench! Que possamos ver essa grande atriz em atividade ainda por muitos e muitos anos. E, se possível, em mais papéis cômicos como esse!" (Andy Malafaya)
78*2006 Oscar/ 63*2006 Globo
Pathé Pictures BBC Films Future Films Micro Fusion The Weinstein Company UK Film Council Heyman-Hoskins Productions Mrs. Henderson Productions Ltd. Pathé Pictures International
Diretor: Stephen Frears
14.341 users / 1.423 face
36 Metacritic
Date 10/07/2018 Poster - ###### - DirectorDavid LoweryStarsCasey AffleckRooney MaraMcColm Cephas Jr.In this singular exploration of legacy, love, loss, and the enormity of existence, a recently deceased, white-sheeted ghost returns to his suburban home to try to reconnect with his bereft wife.[Mov 10 Favorito IMDB 6,8/10] {Video/@@@@@} M/84
SOMBRAS DA VIDA
(A Ghost Story, 2017)
TAG DAVID LOWERI
{Melancolia}Sinopse ''Um homem recém-falecido (Casey Affleck) retorna como fantasma para sua casa no subúrbio com a intenção de consolar sua esposa (Rooney Mara). Em sua nova forma espectral, invisível para os mortais, ele percebe que não é afetado pelo tempo, sendo condenado a ser um mero espectador da vida que antes lhe pertencia, ao lado da mulher que amava. O fantasma inicia uma jornada pelas memórias e histórias, enfrentando perguntas eternas sobre a vida e a existência.''
''É definitivamente original (a caracterização do fantasma é ótima) e tem uma linguagem bem definida, mas a ambição parece exceder sua capacidade, o que resulta em um filme cansativo e que, no fim, tem pouco a dizer. Mas é, no mínimo, curioso." (Silvio Pilau)
''O quão ruim seria viver numa eternidade na qual você é mero espectador das outras vidas? Dois fantasmas conversam pelas janelas de suas próprias casas, sua comunicação, o silêncio. Um deles está esperando alguém, ele não lembra quem, já faz muito tempo. Mas seu objetivo na Terra é encontrar a tal pessoa. A passagem de tempo é cruel. Essa é uma cena de ''Sombras da Vida'' que expressa bem sobre o que o filme retrata: a prisão pela vida terrena após a morte. C. (Casey Affleck) e M. (Rooney Mara) são um casal que está passando por desentendimentos. Tudo porque M. quer se mudar do subúrbio para a cidade e C. não. Após um acidente inesperado, C. acaba morto e inicia uma trajetória após a morte com uma forma espectral. Sem mais nada a perder, ele se agarra pelo o que deixou em vida. Seu novo caminho o permite observar os vivos conduzindo-se pelo tempo, memórias e questionamentos sobre o que é a existência. Porém, ao ver tudo o que conquistou na vida indo embora, ele se torna cada vez mais melancólico. Nos primeiros instantes podemos sentir a ambiência de um filme de terror, claro que desde já percebemos que sugere um terror não tão convencional quanto os que se espalham pelas grandes salas de cinema, mas o diretor e roteirista, David Lowery, não demora muito para quebrar essa expectativa nos guiando em um tom lento e contemplativo dentro da climatização do gênero. Casey em uma atuação predominantemente invisível, passa a maior parte do filme como um fantasma vestido com um lençol branco. Nós que estamos acostumados a nos deparar com efeitos especiais em tais representações fantasmagóricas, vemos o visual inusitado para o nosso tempo, porém muito bem trabalhado na composição da mise-en-scène. Essa estética nos desprende de quem é o fantasma, pois ele poderia ser qualquer um de nós e isso não nos atrapalha de sentir empatia pelo mesmo. Quanto a Rooney, que comparece brilhante em sua personalidade contida, faz uma das cenas mais memoráveis onde aparece devorando uma torta de chocolate sentada no chão da cozinha. O diretor soube conduzir imageticamente como uma personagem reagiria em seu primeiro momento de solidão sem usar de clichê ou exagero. Acima disso, Lowery busca provocar uma maior imersão do espectador em suas cenas. O diretor de fotografia Andrew Droz Palermo trabalha sobre a estética em formato de tela 4/3 e com vários enquadramentos estruturados em molduras inseridas no próprio cenário (portas e janelas). É como olhar uma moldura dentro de outra moldura, um ciclo infinito. O uso dessa linguagem nos concede planos incríveis e ajuda a narrativa ao mostrar que o personagem está preso dentro de uma caixa, e essa caixa é o tempo. O tempo como o termo que constrói a trajetória eterna de C., mostra-se frio, por isso a paleta de cores cinza pairando em quase todos os momentos. A passagem de tempo no filme é concreta através do uso de planos longos e monótonos, mostrando os acontecimentos em tempo real. A montagem, feita pelo próprio Lowery, brinca com cortes invisíveis, interligando uma cena à outra costurando momentos totalmente diferentes com genialidade. É o que dá dinamismo á história, pois o personagem em sua vida após a morte, torna-se escravo desse ciclo tão complexo que em um momento o dá solidão e questionamentos torturadores, e em outro, o presenteia com oportunidades. ''Sombras da Vida'' é um filme para se assistir sozinho e se permitir imergir, os que não estão preparados para isso provavelmente acharão o filme desinteressante ou até mesmo pretensioso. Mas de fato, não é. David Lowery criou uma história que te fará refletir sobre a vida, pensar na importância das coisas terrenas e questionar sobre qual o seu lugar no mundo com um filme simples e de estética bela. Um dos melhores filmes de 2017." (Falar de Cinema)
O “filme sobre...”.
''Não é mais difícil discerni-la de qualquer outra variante estética – seu nome composto surgirá em breve –; aliás, seu apelo, se antes todo o conjunto emanava de uma dificuldade primordialmente econômica, e assim logo a encaixaram na garganta flexível de um consumidor já formado e específico, sedento por uma estetização que se adentrasse no lado marginal da corrente industrial – este apelo se transformou rapidamente numa marca, numa pegada que, tão logo nasceu, e já o fez exausta, não demorou a se alicerçar no fenômeno da hiper-estetização cotidiana. Ela passou a ser mais uma emanação, ou talvez a grande febre, devido à ampliação nas telas do cinema, juntamente com o esqueleto narrativo, convenhamos, pouco importante, mas sempre muitíssimo bem bolado, dessa vontade de tudo tornar artifício. E não se deve se enganar e confundi-la com uma primazia da forma em detrimento do conteúdo, como num retorno tolo e impensado a qualquer era notadamente radical de experimentação e a partir da qual estaríamos vivendo, como ela deixa bem claro, a supremacia dos estetas. O negrume circular do fundo do poço é mais longínquo. Ela se vê simples como é, como está, ainda que carregada, quase sufocada de adereços, e seu principal prolongamento e vivificação exterior é a Grande Ideia. Demonstra-se, pomposa, neste esfumaçado num canto de quadro, impregnada de um pôr/nascer-do-sol que vai rasgando as nuvens pesadas para entrever uma brechinha de luz alaranjada e “divina”; rodopia ao som de um piano melodioso e melodramático, enquanto a câmera gira e avança, recua e corta ao bel prazer, os personagens adentrando e escapando às bordas, porque já não importa quem são, mas antes o quanto podem sustentar o efeito da Ideia; e esta, de fato, sempre parecerá grandiosa, sempre tomará ares para além daquilo que é visto, porque as conexões que constrói entre as partes de seu todo se constituem no circuito ardiloso do pega-ou-não-pega: ou se aperta os olhos até que eles fiquem miúdos e alguma mensagem seja enviada ao cérebro que promova a compreensão, que sobrevêm como um susto (silenciosamente, nos emaranhados mentais: como não pude pensar nisso antes?!!), ou a sensação é mesmo uma de estar aquém, de que aquele fluxo transmissivo é demasiado rápido, ou talvez até lento demais, mas denso em seus blocos. "A Ghost Story" é seu exemplar primoroso: excetuando-se, aqui, para que o argumento depois não volte contra mim, a citação ornamental prévia ao início da obra e toda a trilha-sonora emoldurante dessa melancolia indescritível e impalpável que é apenas mais um de seus traços estilísticos, o filme decerto se propaga com certa identidade: importado das mais lúdicas lembranças do horror infantil, o fantasma de pano com dois furos vagueia pelos espaços sem que ninguém o note. O sobrenatural invade o real sem permissividades didáticas. Sua conexão com o semelhante da casa ao lado quase traz certa mitologia (ele não é único, há provavelmente uma constelação de fantasmas “esperando por algo”); se pensamos bem, a criatura é semelhante a nós: observadora mas não impassível, agente de uma “ação passiva” que é o ver, posto que tanto ela quanto quem assiste a tudo ficam reservados à não-interferência, só se pode ver o luto, a passagem dos dias, o processo doloroso que é a continuidade da vida – e o fazemos com certo prazer. Há algo de Warhol-iano e voyeurístico na escolha por fazer os planos iniciais durarem bastante. Mas eis que, assim como a casa-afeto é demolida impiedosamente, a economia dos gestos, da narrativa, da centralidade, do foco, de basicamente tudo não consegue sustentar os próprios pilares. A construção privilegia a emanação de sentido nos elementos constitutivos do bojo teórico e sensitivo de que o filme trata, e como água escorre aquilo que deveria ter sido privilegiado desde o princípio, antes que escapasse para o terreno aéreo do Grande Significado: é no visível, puramente do visível e ali arranjado e articulado que se encontram as essências. Não algo que evapora da imagem, dela evanesce para perfumar o intelecto, mas que está nela, pode-se ler nela, e não na fragmentação esquizofrênica que cada núcleo dispersivo e aleatório quer construir para si enquanto parte que revitaliza o todo e o injeta com uma dramaturgia particular, como se a obra fosse uma grande centopeia cujos segmentos viessem representar um afresco particular e independente daquele Sentido. Que elementos constitutivos são estes?, pode-se perguntar, mas não bastam ao espectador os fantasmas, o céu, a família, os destroços, a viagem no tempo, as lágrimas, para que se saiba estar diante de um estudo sobre algo? Seria este o Ela que deu certo? Pois que já fica respondida a pergunta feita lá acima: é essa afetação indie que contamina quase toda obra com um esforço de ser sobre ___ e que embaraça as possibilidades de qualquer fruição que não perpasse ora o hiper-sensitivo (“É tudo tão intenso e bonito... não sei o que dizer”), ora o hiper-intelectual. É um filme sobre... o quê? A impermanência? A necessidade de prosseguir? A destrutividade do Homem e da Natureza? A permanência dos fantasmas e lembranças? A melancolia de viver todos os espaços, não importa quão afetados de memória, enquanto passíveis de apagamento? Ora, pode ser todos ao mesmo tempo, não importa. Importa que é minimamente canhestra a tentativa de unir um pequeno gesto e torná-lo pontapé ou catapulta para um filme que quer abraçar mais que o mundo. Quando a personagem de Rooney Mara diz deixar um bilhetinho dobrado em cada lugar especial por que passou, seja contendo uma poesia, uma frase ou uma palavra, e, minutos depois (diegeticamente, há um salto risível de séculos), uma garotinha, aparentemente ainda à época das colonizações, faz o mesmo ao riscar algo em papel e esconder debaixo de uma pedra, ação que o fantasma (agora viajante do Tempo) acompanha ainda impassível, todo o verniz já trêmulo do negócio “obra singela, Grande Ideia” salpica, e a tentativa de estrutura se mostra como é, transparente em malandragem: diante dessa categoria de obra fílmica que anseia por esticar fios de sentido e compreensão intelectual de suas cenas ao espectador, não importa lá muito se este cochile ou vá ao banheiro, porque, encontrando-se já de volta ao fluxo das imagens grandiosas, não há muito na passagem perdida que possa significar todo o resto ou que nos culpabilize por ter espontaneamente criado um rombo. O filme é tão vasto, seu alcance é tão maior que o da própria cúpula celeste, que o resultado é ainda pior que o de um Malick em decrépito estado: para além das tentativas de encobrir os mistérios do universo a partir da minúscula vida humana, Lowery ultrapassa seu conterrâneo e cria um filme em que não só aquilo que importa é meramente o comunicado, como os fios do mestre-de-marionetes estão mais que visíveis – uma pena que na condição de nó metafísico." (Felipe Leal)
2017 Sundance
Sailor Bear Zero Trans Fat Productions Ideaman Studios
Diretor: David Lowery
49.651 users / 41.244 faceSoundtrack Rock Dark Rooms
46 Metacritic 2.224 Down 387
Date 21/10/2018 Poster - ########## - DirectorReshef LeviStarsSasson GabayMoni MoshonovPatrick StewartIn Jerusalem, a bullied teen befriends his grandfather and long lost uncle and soon they decide to solve their financial problems by robbing a bank.[Mov 10 Favoritos IMDB 5,3/10] {Video/@@@@@} M/49
SUSPEITOS INCOMUNS
(Hunting Elephants, 2013)
TAG RESHEF LEVI
{hilário}Sinopse ''Em Jerusalém, um adolescente cansado de sofrer bullying faz amizade com seu avô e seu tio. Eles decidem resolver os seus problemas financeiros roubando um banco.''
''Eles dizem que um elefante nunca esquece, mas a reputação dos idosos flui na direção oposta. A memória é uma coisa engraçada. Os três antigos cartões em "Suspeitos Incomuns," que abre de 11 Instituto de Cinema canadense º Festival de Cinema de Israel anual sobre 08 junho th, têm mais rugas do que a maioria elefantes fazer, mas eles não se esqueceram de como colocar em um bom show. Esta divertida comédia de crime leve é uma alcaparra geriátrica na veia do RED, mas, como a metralhadora que carrega a foto de Helen Mirren, a vê alguns grifters de cabelos grisalhos com alguns truques escondidos em seus baús, então isso consistentemente ''Suspeitos Incomuns''. Um filme delicioso deve agradar aos espectadores jovens e idosos. Na verdade, há uma variedade de idades na equipe de assaltantes de bancos improváveis em ''Suspeitos Incomuns'. O cérebro por trás do plano é Jonathan (Gil Blank), de 13 anos, que planeja se vingar do banco depois que seu pai falece no trabalho e os traficantes se recusam a pagar seu seguro de vida e pensão. Jonathan traça o plano com seu avô Eliyahu (Sasson Gagai) e o parceiro de crime de seu avô Nick (Moni Moshonov), ex-integrantes do underground, e um assalto a banco parece a fuga perfeita da velha e chata aposentadoria. casa. A quarta roda da equipe - e sem dúvida o seu talento dramático - é o tio de Jonathan, Michael (Patrick Stewart), um ator que vive em Londres que foge de sua produção irregular de um Hamlet com tema de Guerra nas Estrelas quando a notícia de uma morte na família o traz. cheirando por herança. Stewart teria entrado em cena quando John Cleese se tornou indisponível, e seu rigor teatral provavelmente serve a Michael melhor do que a tolice mais ampla de Cleese poderia ter. Michael, um dândi, prefere usar o nome completo e o título de Lord Michael Simpson, e Stewart fornece um ar de ponce para entrar em choque com a mistura da loucura da velha escola e da vibe suja de Eliyahu e Nick, respectivamente . O diretor / co-roteirista Reshef Levi mantém a ação leve e animada, mas também intercala o filme com elementos de mockumentary para manter o público adivinhando. Entrevistas com vários personagens secundários são intercaladas ao longo do filme, nas quais as testemunhas do assalto a banco dão suas próprias versões dos eventos que se desenrolam na narrativa principal. As coisas nem sempre coincidem nas perspectivas e a presunção afeta tanto a senilidade potencial dos três elefantes quanto suas memórias indescritíveis, bem como a legitimidade das narrativas registradas versus aquelas capturadas apenas com experiência. O corte ocasional de uma entrevista atual reformula a alcaparra como uma ação no passado, então Hunting Elephantsjoga com as expectativas dos telespectadores de que a revisitação dos eventos significa que o assalto a banco resultou em um sucesso estrondoso ou em um colossal fracasso. Qualquer resultado parece viável, dados os pontos fracos que se seguem durante os preparativos da alegre banda. Quanto mais os elefantes caçadores colocam a platéia em suspense, mais retratam os assaltantes como um bando de amáveis perdedores que se quer ver roubando dos ricos. A camaradagem jovial dos quatro atores garante que o Hunting Elephants seja um escapismo acelerado. Este é um prazer divertido para a multidão, com certeza, mas também é um conto inteligente e envolvente sobre peixes fora d'água, sobre como aproveitar a vida ao máximo em face do envelhecimento. Enquanto Jonathan planeja a maioria das especificações técnicas da operação, os três veteranos contribuem com sua própria experiência e experiência de vida para preencher seu pai falecido. O conselho de ir para a garota e isso dá a toda a equipe um impulso de confiança, pois a timidez de Michael em torno das meninas se encaixa bem com os cães de caça do lar de idosos que se alinham para um show sempre que a enfermeira sexy residente, Sigi (Rotem Zussman ), dá aos pacientes em coma um banho de esponja. As piadas sobre Viagra são, portanto, inevitáveis, mas a caça aos elefantes passa muito mais tempo se divertindo com os veteranos do que fazendo piadas às suas custas. O ''Suspeitos Incomuns''também vive com o humor depreciativo que permite que os atores veteranos se divirtam em seus papéis apropriados para a idade. Eliayhu, Nick e Lord Michael Simpson zombam de suas deficiências geriátricas, e Gagai, Moshonov e Stewart estão claramente se divertindo com os três homens pela última vez. O humor de Hunting Elephants é uma mistura de envelhecimento gracioso e uma mistura de desafio. O equilíbrio é sempre atraente e coloca a idade antes da beleza nesta brincadeira divertida.'' (Pat Mullen)
Bleiberg Entertainment Hunting Elephants Film Production United King Films
Diretor: Reshef Levi
958 users / 758 face
5 Metacritic
Date 15/12/2019 Poster -####### - DirectorSylvain WhiteStarsJoey KingJulia Goldani TellesJaz SinclairIn a small town in Massachusetts, a group of friends, fascinated by the internet lore of the Slender Man, attempt to prove that he doesn't actually exist - until one of them mysteriously goes missing.[Mov 02 IMDB 3,2/10] {Video/@} M/30
Slender Man - Pesadelo Sem Rosto
(Slender Man, 2018)
TAG
{esquecível}Sinopse ''Numa pequena cidade em Massachusetts, quatro adolescentes realizam um ritual para desmascarar a lenda do Slenderman. Quando uma delas desaparece, as outras começam a desconfiar que ela era, de fato, a mais recente vítima da entidade.''
"Lendas urbanas estão espalhadas por aí, ganhando muito mais força quando têm um componente assustador. Os exemplos vão da loira do banheiro, comentada há quase 50 anos no Brasil, ao surto recente de palhaços assassinos em cidades americanas. Mas é difícil encontrar um desses casos com origem conhecida e comprovada. É o que acontece com o Slender Man - Pesadelo Sem Rosto'', nome que pode ser traduzido em português para homem muito magro. A trajetória dessa criatura como lenda urbana é bem mais interessante do que o filme de mesmo nome que estreia nos cinemas. Em 2009, o americano Victor Knudsen criou o personagem para um concurso de usuários de Photoshop. Inventou um monstro que é basicamente um homem de altura anormal, algo entre dois e três metros, que não tem rosto e possui o dom de esticar braços e pernas para agarrar crianças e jovens incautos. O ''Slender Man - Pesadelo Sem Rosto" ganhou o mundo virtual. Sua imagem passou a ser inserida da forma mais realista possível em fotos que circulam pelas redes sociais. Daí a alcançar ares de algo possivelmente verdadeiro não demorou muito. Uma busca na internet por essas imagens é passatempo bem mais divertido do que uma sessão de “Slender Man - Pesadelo Sem Rosto”, do diretor Sylvain White, que não mostra mérito algum para ter largado as séries de TV medianas em que já trabalhou. Pelo contrário. “Slender Man - Pesadelo Sem Rosto” não é um filme de terror, é um horror de filme. Com tantas referências espalhadas pela internet, a história poderia se transformar numa versão 2018 para o fenômeno Bruxa de Blair, primeiro eficiente cruzamento do cinema de horror com o potencial de alcance do mundo virtual. Mas para isso era preciso um filme melhor. “Slender Man - Pesadelo Sem Rosto” quer mostrar como um grupo de garotas se dá mal ao cruzar com a criatura misteriosa, mas faz isso com um roteiro sem rumo, diálogos constrangedores e jovens atrizes que deveriam pensar duas vezes antes de assinar contrato para produções desse nível. E o filme ainda comete o pecado mais imperdoável para os fãs do gênero: é incapaz de dar um mísero susto no espectador. Falha também ao tentar criar um clima de angústia e medo. Algumas montagens fotográficas na internet, principalmente as que inserem o Slender Man meio escondido em lugares públicos lotados de crianças, são bem mais assustadoras. Como a afluência de público adolescente nos filmes de terror exibidos nos cinemas americanos não dá mostras de enfraquecimento, “Slender Man” deve ir bem de bilheteria. Uma franquia não está fora de cogitação. Esse provável sucesso diz muito sobre o momento sofrível dos filmes supostamente destinados a amedrontar as plateias." (Thales de Menezes)
Terror com validade vencida.
''Que o cinema de gênero vive uma era de ouro, é algo já explicitado em diversos textos e análises críticas, tanto do ponto de vista do mercado quanto da recepção pública; o site já conta com diversos críticos de grandes filmes de terror e suspense somente nessa década a impressionar positivamente e encontrar lugares de destaque dentro do pensamento cinematográfico recente. Nada disso criou uma blindagem no gênero, que continua propenso a esbarrar em equívocos como qualquer outro grupo de filmes. Isso nos leva a esse longa dirigido por Sylvain White, francês de nascimento mas praticamente um funcionário padrão da TV americana há quase 10 anos. White dirigiu episódios para mais de 15 séries diferentes desde o retumbante fracasso de Os Perdedores, a adaptação de uma HQ que ninguém viu. Embora esse novo longa seja de orçamento considerado baixo para os padrões americanos (10 milhões), era um produto de encomenda feito para explorar a imagem dessa lenda urbana nascida e disseminada na internet. O tal 'slender man' seria uma figura longilínea e sem rosto, que captura adolescentes para a sua espécie de dimensão. Nada muito aprofundado é explorado sobre ele no filme; sobre ele ou sobre qualquer outra coisa, sendo esse o principal dos inúmeros problemas da produção. Não há possibilidade de torcer por nenhum personagem ou se importar com seus problemas, sejam eles existenciais ou sobrenaturais, porque o roteiro não explora absolutamente nenhuma camada sobre qualquer um deles. O vazio que ocupa a realidade de uma das protagonistas é reverberado no próprio filme, que carece de interesse. Há uma situação antiquada e nada problematizada no filme que é a situação do feminino no cinema de gênero. Os códigos que um longa como Corrente do Mal debateu e difundiu entre as produções é empobrecido aqui, reutilizando a imagem feminina para questões antiquadas, como a depreciação da liberdade e da rebeldia, o extermínio dos que obtém a informação enquanto a ignorância é beneficiada, e situar a mulher como propagadora do infortúnio, com o único homem 'infectado' tendo o sido por influência feminina. O filme por si só já apresenta todas essas questões de profundo mau gosto, que o coloca num degrau negativo sem que o filme em nenhum momento satirize ou metaforize isso; são apenas valores vencidos e trazidos de volta a tona sem contextualização, apenas para entreter. E nem isso o filme consegue fazer. De realização burocrática, o filme aposta na ausência de iluminação para fazer valer seu clima. Refém de 'jump scares', nem esse artifício pobre é utilizado da maneira correta, provocando pouca ou nenhuma tensão; um exemplar da escola típica do terror que vem sendo feito indiscriminadamente desde os anos 70 se propor a não ir além de qualquer escapismo e não conseguir nem o mais básico de acerto, é no mínimo preocupante. Em determinado momento, conseguimos ver com o desleixo da parte técnica que a intenção era apenas conseguir uns trocados na bilheteria, e até nessa forma mais primal da diversão o filme falha, provocando profundo enfado, repetindo sequências e situações não por padrões narrativos e sim por cansaço puro e simples, e essa sensação atinge o espectador em cheio. Pra encerrar, outro ponto nevrálgico não é alcançado. Ainda que nenhum gênero precise ser referendado por referências do extra campo, o terror e o suspense foram filmes que sempre cresceram diante do olhar externo. Toda vez que analisados sob a luz das discussões prementes, um filme se sobressai, de A Noite dos Mortos Vivos e O Cabinete do Dr. Caligari a Abismo do Medo e It. O grande problema de Slender Man não é não ter referências que ecoem na sociedade, mas não saber fazer, ou fazer pela metade, ou seus roteiristas e diretores tratarem isso de maneira porca. O filme ensaia discussões sobre o poder da internet, sobre a depressão adolescente, tenta mascarar essas causas no poder atrativo de um homem mascarado/figura demoníaca, mas se o roteiro de David Birke (qual a verdadeira personalidade desse roteirista, essa ou a de 'Elle'?; não é possível que a mesma pessoa escreveu as duas obras) não consegue ao menos desenhar suas protagonistas, dando dados a umas e negando a outras, ele não conseguiria dar uniformidade a questões maiores. E tudo fica na tentativa, infelizmente... o material enquanto premissa nem era ruim, mas o mínimo desenvolvido não leva a lugar algum." (Francisco Carbone)
Top 44#250 (Bottom)
Mythology Entertainment Madhouse Entertainment It Is No Dream Entertainment
Diretor: Sylvain White
22.627 users / 18.582 faceSoundtrack Rock Funkadelic
25 Metacritic 2.872 Up 394
Date 06/12/2018 Poster - # - DirectorMichael O'HerlihyStarsGlenn FordNancy OlsonDean JaggerAn Indian boy flees when he is accused of murder.[Mov 06 IMDB 6,1/10] {Video/}
SMITH!
(Smith!, 1969)
TAG MICHAEL O'HERHYLI
{simpático}Sinopse ''Quando o índio Jimmyboy é acusado de assassinato de um homem branco, ele foge para o rancho de Smith, conhecido por sua tolerância pelos índios, desde que foi criado pelo velho índio Antoine. Smith ajuda Jimmyboy contra o xerife médio e promete falar por ele no tribunal, persuadindo-o a se render à polícia.''
''Em seu único empreendimento no Magic Kingdom, Glenn Ford protagoniza o papel-título como Smith, um fazendeiro com uma indulgência pela população indiana local. Os índios se agacham ao seu alcance, ocasionalmente se servem de um ou dois bois para comer, e Ford aguenta e isso irrita a esposa Nancy Olson. Mas quando o jovem Frank Ramirez se refugia em sua terra, sendo procurado por uma acusação de assassinato, isso está esticando um pouco as coisas. Suas simpatias estão com Ramirez, especialmente depois de ver o odioso xerife Keenan Wynn em sua busca. No final, Ramirez tem que ser julgado no tribunal de Dean Jagger e é bastante uma cena com o chefe Dan George como testemunha principal de Ramirez. Estou surpreso que Glenn Ford não tenha feito mais filmes para os estúdios da Disney; sua imagem geralmente plácida parece funcionar bem como protagonista do tipo Disney, assim como o de Fred MacMurray. Smith que, como Columbo, nunca aprendemos o primeiro nome, é um papel que se encaixa perfeitamente na Ford. Ele também tem uma cena agradável na sala de audiências como intérprete, a primeira desde Julgamento, nos anos cinquenta. Os estúdios da Disney não deram muita atenção a este, são indiferentemente fotografados e editados e eu lembro que ele entrou e saiu dos cinemas em 1969 muito rápido. É uma pena, porque este western moderno de fácil convívio com um pouco mais de cuidado poderia ter sido um clássico para o Magic Kingdom.'' (bkoganbing)
Walt Disney Productions
Diretor: Michael O'Herlihy
168 users / 5 face
Date 05/01/2020 Poster -######[/green - DirectorDouglas SirkStarsJune AllysonRossano BrazziMarianne KochA young American woman travels to Munich and falls in love with a famous German conductor, only to learn he has a mentally ill wife.Mov 09 IMDB 6,2/10] {Video/@@@@@
SINFONIA INTERROMPIDA
(Interlude, 1957)
TAG DOUGLAS SIRK
{nostálgico}
Sinopse ''A história de uma jovem, Helen Banning, que viaja para Munique em busca de uma experiência de vida e romance. Enquanto trabalhava para a America House, ela conhece um famoso maestro sinfônico, Tonio Fischer, e começa um relacionamento com ele. Ela logo descobre que há muito mais neste homem do que sua música, incluindo uma esposa Reni Fisher, mas definitivamente há mais nessa história, que ela logo descobre. Enquanto lida com as experiências que a vida jogou em seu caminho, ela também está sendo cortejada por Morley Dwyer, um médico de sua cidade natal, que atualmente pratica medicina em um hospital de Munique. Quem ela vai escolher?'' Leo Urbina''
''Douglas Sirk é um diretor que sempre me intrigou: reconheço seu talento, mas há algo em seu cinema que me parece extremamente cafona e ultrapassado, em especial as atuações afetadas e a direção de arte excessiva. 'Sinfonia Interrompida' não é exceção.'' (Régis Trigo )
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''A relação do cinema de Douglas Sirk com os longas de John M. Stahl já havia sido marcada de forma notável em 1954, com Sublime Obsessão (versão da obra dirigida por Stahl em e contaria com mais duas investidas, uma neste Sinfonia Interrompida, remake de Noite de Pecado e outra em Imitação da Vida, refilmagem do filme de mesmo título lançado por Stahl em 1934. ''Sinfonia Interrompida'' é um dos melodramas menos intensos de Douglas Sirk em sua fase áurea, um filme onde se percebe um pouco menos a mão do diretor na trama – talvez porque o roteiro, baseado na obra de James M. Cain, seja pouco atrativo – mas onde se pode, como nunca, desfrutar a excelente trilha sonora de Frank Skinner, que não só nos recebe com uma bela canção (com letra de Paul Francis Webster e interpretado pelas The McGuire Sisters), mas também nos leva para um belíssimo passeio musical baseado em nuances mozarteanas e explosões dramáticas que ganham um excelente papel na fita. ''Sinfonia Interrompida'' teve um significado todo especial para Sirk, que novamente voltou a trabalhar na Europa, tendo como locações algumas cidades da Alemanha e da Áustria. Sob a fotografia de William H. Daniels, o filme ganhou tons esmaecidos e algumas vezes cheios de sombras, um padrão completamente diferente de outros melodramas em cores de Sirk fotografados por Russell Metty, como Sublime Obsessão (1954), Tudo o que o Céu Permite (1955) e Palavras ao Vento (1957). É claro que podemos facilmente identificar as características centrais da filmografia do mestre do melodrama, como as belas tomadas de carros em movimento (destaque para os planos dianteiros), a elegante movimentação dos atores no set e o uso meticuloso de espelhos e escadas como parte do processo de identificação das personalidades. Aqui, destacamos a excelente apresentação de Reni (Marianne Koch), primeiramente mostrada como um reflexo no piano e só muito tempo depois colocada como alguém real em cena, muito embora o diretor ainda investisse em uma interrogação sobre ela “ser alguém de verdade ou não”, talvez uma forma diferente de demonstrar o desequilíbrio mental da personagem através de nosso próprio ponto de vista. À parte os bons pontos técnicos recorrentes na filmografia de Sirk e a sempre presente relação narrativa entre fortes emoções embaladas pela música (elemento de destaque aqui), Sinfonia Interrompida possui um encadeamento raso, com um final que não chega a ser totalmente clichê, mas é mal orquestrado pelo diretor e, principalmente, mal exposto pelo roteiro. A obra tem uma beleza estética que se destaca sem esforços (principalmente a direção de arte), mas possui repetições de planos ou motivos cênicos que nos chateiam, cenário que não melhora quando o encerramento chega e nos faz esperar por mais, como se ainda tivesse algo muito importante a ser dito, algo a ser mais bem desenvolvido ou um maior significado para o drama encenado. Nada disso nos vem e ficamos com a impressão de que o bom e belo filme que vimos poderia (e deveria) ser muito melhor, especialmente na conclusão dada para o triângulo amoroso. Fugir da simplicidade trágica, alienadora e quase totalmente espetacular que encerra o longa poderia, talvez, dar ao todo um pouco mais de substância. Não estamos falando de um filme ruim, mas para o padrão irônico e crítico de Sirk, este Sinfonia Interrompida acaba sendo apenas uma interessante novela.'' (Luzia Santiago)
Universal International Pictures (UI)
Diretor: Doulas Sirk
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Check-Ins 21 Movies {O/2} Date 04/07/2012 Poster -#######