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- DirectorHernán GoldfridStarsRicardo DarínNatalia SantiagoAlberto AmmannRoberto Bermudez, a specialist in criminal law, is convinced that one of his students committed a brutal murder. It leads him to start an investigation that becomes his obsession.[Mov 08 IMDB 6,3/10] {Video/@@@@}
TESSE SOBRE UM HOMICIDIO
(Tesis Sobre un Homicídio, 2013)
''Uma jovem é assassinada e seu corpo abandonado no estacionamento de uma universidade. Um dos primeiros a chegar à cena do crime é Roberto (Ricardo Darín), advogado criminal que leciona no local. Para a polícia, aparentemente, trata-se de um homicídio obra de um psicopata misógino. Roberto, ao examinar o corpo, desconfia que a motivação do crime seja outra: alguém estaria tentando testá-lo, querendo provar um ponto de vista retórico discutido em suas aulas. Pode parecer delírio, e Roberto sabe disso, mas seu instinto e as parcas evidências o levam a pensar que Gonzalo (Alberto Amman), jovem aluno arrogante e desafiador, esteja tentando provar suas controversas conjecturas sobre as lacunas existentes no Código Penal. Falhas que permitem, eventualmente, que assassinos escapem da punição. Para o professor, talvez seu aluno esteja tentando dar a certeza cabal de que está certo, praticando um homicídio brutal apenas para validar sua vaidade intelectual. Darín, o grande ator do cinema argentino de seu tempo, mais uma vez dá profundidade e humanidade a um personagem cheio de nuances e contradições. Confrontado pelo intelecto de seu aluno e ávido por descobrir a verdade, Roberto dá início a uma investigação paralela do crime que o mergulha num espiral perigosa na qual sua bem-sucedida carreira de professor se vê ameaçada aos poucos. O personagem não é tratado pelo bom roteiro como paladino da justiça, mas como homem comum, com dúvidas e ansiedades e que recorre a garrafas de uísque para afogar suas frustrações. Mais do que descobrir a suposta verdade, elucidar o crime e colocar o hipotético criminoso atrás das grades, Roberto luta consigo mesmo para provar suas crenças sobre o sistema judiciário que - ele mesmo reluta a admitir - é falho como defende seu aluno. Nesta busca, Tese Sobre Um Homicídio, inteligentemente, deixa o espectador em suspensão ao longo de toda a projeção, não ficando claro até seu final se a desconfiança do professor é fundamentada ou trata-se apenas de um desatino motivado pela confrontação inesperada com o aluno brilhante. A produção tem técnica impecável, boa fotografia, movimentos de câmera e montagem que evidenciam o clima de thriller policial, mantendo a expectativa e tensão da audiência em alta. A estética e o desenvolvimento da narrativa, em conjunto, mantêm um clima de dúvida constante para o espectador - ambiguidade imprescindível neste estilo de filme. Se há um desnível, este diz respeito a Alberto Amman, o jovem ator, que, a despeito dos esforços nítidos, não consegue desenvolver um antagonista à altura de Darín. A trama também se arrasta um pouco em dado momento, sem necessidade, mas nada que a torne cansativa. A sequência final, que finalmente revela se Roberto estava certo ou não, também sofre de certa falta de criatividade. Nada, no entanto, que desmereça esse intrigante suspense." (Roberto Guerra)
"Em "Tese sobre um Homicídio", filme de Hernán Goldfrid que estreia hoje, estamos bem na tradição argentina (mais literária do que cinematográfica) do mistério policial em que um fator intelectual intervém fortemente. No caso, envolve o professor de direito Roberto Bermudez (Ricardo Darín), que tem seu curso acompanhado pelo aluno Gonzalo (Alberto Ammann). Jovem e atrevido, Gonzalo apresenta logo de cara sua ousada tese: a sociedade só investiga os crimes na medida em que eles sejam nocivos ao poder. E conclui: quantas borboletas são mortas todos os dias sem que ninguém se importe com isso? A ideia parece mais absurda do que é, já que pouco depois uma jovem aparece morta, em frente à sala em que Bermudez dá aulas. É intrigante. E fica bem mais intrigante quando, ao visitar o legista, Bermudez descobre que a moça levava no pescoço um colar com um broche em que se percebe o desenho de uma... borboleta. Desde então Bermudez sabe que o criminoso só pode ser seu aluno. Mas como prová-lo? Estamos diante, talvez, de um crime perfeito. Ou seriam dois crimes? Pois o verdadeiro objetivo de Gonzalo é lançar um desafio ao professor: será ele capaz de investigar esse crime? Será capaz de passar da teoria à prática com a desenvoltura (e a vaidade) com que apregoa seu saber jurídico? Eis o que de fato está em questão: o desafio do discípulo ao mestre. Não estamos longe, como se pode ver, de Hitchcock em Festim Diabólico: em ambos os casos, o assassinato é uma questão de disputa intelectual. Uma diferença, porém, é notável (do ponto de vista da intriga, pois esteticamente não têm nada a ver): Gonzalo estabelece de cara uma vantagem importante sobre o mestre, que não espera ser contestado dessa forma. Bermudez é levado pela obsessão de desmascarar o discípulo atrevido. E a obsessão pode destruí-lo. Na verdade, levamos essa dúvida o tempo todo: conseguirá ele dominar sua obsessão? Mas não só ela. Entra aí a habilidade de Goldfrid em dominar também o espectador. No decorrer do filme, nos perguntamos se Bermudez é conduzido pela obsessão ou pela lógica. Essa questão levará a outras, como: estamos diante de um crime perfeito ou conseguirá o professor desmascarar o criminoso? E ainda: será que o assassino é mesmo Gonzalo ou ele se aproveita da situação para provocar Bermudez?Lançar e sustentar essas dúvidas não são virtudes menores, e Tese se desempenha adequadamente nesse aspecto. Talvez a evolução psicológica dos personagens (Bermudez, em particular) seja menos interessante (ou profunda) do que parece a Goldfrid. O que não impede seu filme de ser um agradável noir moderno." (* Inácio Araujo *)
{A lei estabelece o limite. O sistema judiciário pune quem se excede, mas a justiça permanece alheia esperando uma nova vítima} (ESKS)
"Para os que julgam o cinema argentino inquestionavelmente superior ao brasileiro, este triller judiciário ajuda a abalar tanta certeza. Nem o quase sempre ótimo Ricardo Darín justifica perder tempo com uma trama em que o tema da verdade é posto a enésima prova. Darín faz um célebre advogado que, após cometer um erro, passa a se dedicar apenas a lecionar. Um crime brutal, no entanto, leva-o a suspeitar de um aluno, filho de um grande amigo. A teia composta de evid~encias que se misturam a hipóteses formuladas por uma racionalidade vacilante não servem para grande coisa além de esticar artificialmente o mistério. A direção impessoal de Hemán Goldfrid resume-se a transpor em cenas com roteiro adaptado de um elogiado romance [do argentino Diego Paszkowski]. Prova de que cinema que parte de fórmulas não funciona nem lá, nem aqui, nem em lugar nenhum." (Cassio Starling Carlos)
''Em ''Tese Sobre Um Homicídio'' o que se põe logo em jogo é a velha relação de admiração/rivalidade entre mestre e discípulo. O filme, dirigido por Hernán Goldfrid, baseia-se na atração desse tema universal e, de maneira ainda mais direta, no carisma de Ricardo Darín, “o” ator argentino contemporâneo. Ele mesmo é o mestre, o professor de Direito Criminal Roberto Bermudez, que leciona um curso bastante admirado na Faculdade de Direito de Buenos Aires. O aluno é Gonzalo (Alberto Ammann), filho de um colega de Bermudez, e que se revela discípulo particularmente brilhante. A ponto de apresentar uma tese original nada menos que sobre um crime cometido numa cafeteria em frente à própria faculdade. Esse é o plot inicial, e nem convém adiantar-se muito sobre ele, basta comentar que o caso dá início a uma relação mais próxima – e portanto mais áspera e intrincada – entre professor e aluno. Esse é um daqueles exemplares argentinos que marcam a diferença significativa em relação ao cinema brasileiro. Não se trata de juízo de valor, apenas constatação de que, mesmo num (bom) produto comercial como esse, veem-se presentes elementos dificilmente encontráveis em similares nacionais. Em especial um certo substrato, digamos, intelectual, sob a forma da discussão de temas como livre-arbítrio e culpabilidade. Assuntos da filosofia jurídica, que passam sem sustos para um público-alvo suposto educado e que, aqui, são evitados como peste. No Brasil, tudo que seja referência livresca é tido como veneno de bilheteria, o que não acontece no país vizinho, no qual o índice de leitura, como se sabe, é bem superior ao nosso. Basta uma visita a Buenos Aires para constatar como, apesar das crises seguidas, a cidade tem tantas livrarias como São Paulo tem farmácias. Ou bares. Esse é um dado. O outro, que pode também ser um calcanhar de aquiles das próprias qualidades, é a atenção ao aspecto, digamos, “literário” do fazer cinematográfico. Ou seja, ao roteiro, ao texto que deve se sustentar no plano do verossímil para que o filme que bate na tela se mantenha de pé. No caso de Tese Sobre Um Homicídio, seu roteiro parece um tanto superconstruído, o que produz dois efeitos nem tanto coincidentes: a história parece tão solidamente verdadeira que às vezes soa artificial. A vida, se sabe, não é tão certinha assim. Pelo contrário, mostra-se cheia de incoerências. Num dos romances de James Cain, O Destino Bate à Porta, um advogado ouve a versão meio delirante do seu cliente e comenta algo assim: Bem, o júri pode acreditar nisso, porque esse é o tipo de construção destrambelhada que a verdade costuma ter. Certinho demais, Tese Sobre Um Homicídio revela a tendência um tanto cartesiana do cinema argentino, pelo menos aquele de comunicação mais fácil com o seu público. Diferentes, por exemplo, costumam ser os trabalhos de Lisandro Alonso, Lucrécia Martel ou Pablo Trapero, suas vertentes mais autorais. São artistas mais próximos do inconsciente, de certo desacerto e transbordamento da forma mais racional do mainstream comercial argentino. Dito isso, deve-se reconhecer que Tese Sobre Um Homicídio funciona muito bem em sua proposta de thriller psicológico. Serve-se de uma trama inteligente e, claro, da entrega de Darín que, apesar de trabalhar mais que remador de Ben-Hur, parece nunca ligar o piloto automático. Está sempre de corpo presente na ação e consegue lhe dar seu toque pessoal. No caso de Tese, seus melhores momentos aparecem quando a situação de disputa o leva ao eclipse mental. Essa postura faz o filme subir de patamar e ser, também, comentário sobre a guerra de gerações e suas consequências. Bermudez ocupa o ápice da carreira. Gonzalo ainda não é ninguém, e aspira a chegar lá. Talvez substituir o mestre na veneração que lhe devotam alunos (e alunas). No fundo da admiração mora, num quarto escuro, o sentimento de rivalidade, o que nem sempre se reconhece com facilidade. Mas a inflexão da história revela que Hernán Goldfrid parece consciente desse fato da vida intersubjetiva dos personagens. A relação entre aluno e professor será, então, a de egos em disputa por espaço, como é de hábito entre pessoas brilhantes de gerações diferentes e que, por acaso, se encontram no exercício de uma mesma profissão. Em torno de tudo isso há um crime a ser esclarecido e é sobre esse fundo de investigação que os dois homens se enfrentam. Porque se há crime, existe um culpado e descobri-lo, no fundo, é o fator que move toda a trama. Tudo isso faz de Tese Sobre Um Homicídio programa acima da média, para adultos inteligentes, esse público que hoje dificilmente encontra uma atração no circuito cinematográfico." (Luiz Zanin)
Top Argentina #25
BD Cine Haddock Films Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA) Televisión Federal (Telefe) Tornasol Films
Diretor: Hernán Goldfrid
4.159 users / 980 face
Check-Ins 610
Date 27/06/2014 Poster - ####### - DirectorPaddy ConsidineStarsPeter MullanArchie LalJag SangheraJoseph, a man plagued by violence and a rage that is driving him to self-destruction, earns a chance of redemption that appears in the form of Hannah, a Christian charity shop worker.[Mov 01 IMDB 7,6/10] {Video/@} M/65
TIRANOSSAURO
(Tyrannosaur, 2011)
''Muitas tramas dramáticas são revisitadas frequentemente pelo cinema. O que os diferencia, geralmente, é o impacto que causa durante a jornada de seus personagens e a relação destes criadas com o espectador. É importante também verificar como o melodrama é dosado, sem comprometer o resultado final da película com excessos. Bons dramas são aqueles que se utilizam de um argumento simples para mostrar recortes de vidas atribuladas, sem moralismo. “Tiranossauro”, primeiro longa como diretor de Paddy Considine, tem um texto poderoso e bem interpretado pelo elenco, que dribla os clichês e envolve o público naqueles cotidianos podres e sofredores.O roteiro, também de autoria de Considine, narra a trajetória de Joseph (Peter Mullan), um viúvo desempregado e bêbado, cujo temperamento o transforma em uma pessoa de poucos amigos. Sua vida, aparentemente abalada por perdas e desgostos, muda quando ele conhece Hannah (Olivia Colman), uma cristã que trabalha em uma loja de caridade, aparentemente feliz e disposta a ajudar os outros. Dois universos tão diferentes passam a se completar de maneira esquisita, porém sempre sincera, e descobrimos, ao longo da projeção, que a vida aparente dos personagens esconde mistérios e mudanças. Completa o elenco o sempre competente Eddie Marsan, como o marido agressivo de Hannah. Considine transforma Joseph não apenas em um velho ranzinza, mas em um homem que tenta esconder sua sensibilidade após tanta decepção vivida, tendo raiva de absolutamente tudo e todos. Esse espectro do personagem se abala com a chegada da doce Hannah, que vive um relacionamento sem a perspectiva de se tornar mãe e sem compartilhar prazer com o marido James, que a violenta verbalmente, fisicamente e sexualmente. A entrada de Joseph na vida de Hannah também a transforma, já que ele é descrente de todos os argumentos religiosos e sociais da moça. Essa ruptura em ambos os aproxima e cria uma relação peculiar, que não chega ao romance, mas também não fica apenas na amizade. É uma espécie de cumplicidade e compreensão. Por realizar uma mescla de situações e sensações dos personagens, em que a realidade crua incomoda durante o filme inteiro, desde a relação de Joseph com os vizinhos, até a introspecção raivosa de Hannah acerca de sua situação conjugal, Considine entrega dois personagens gigantes a Peter Mullan e Olivia Colman, que estão impecáveis no longa. Eles não levam o espectador a tomar partido de suas atitudes, nem mesmo a assistir passivamente a tudo que é jogado em tela. Os atores dão espaço ao público para perceber que aquele recorte de suas vidas é uma cruel possibilidade e que cada um possui suas mazelas, tristezas e raivas. Na cadeira de diretor, Considine mostra tato ao lidar com histórias fortes e, principalmente, ao trabalhar com todo o seu elenco, até mesmo com os personagens que pouco aparecem em tela. Para ele, o que importa é a composição real como um todo daquele universo deteriorado e um tanto quanto mórbido. O acompanhamento das belíssimas fotografia e trilha sonora também auxiliam a criar um mundo violento, com personagens que erram, se sabotam e são vulneráveis. O resultado rendeu o prêmio Bafta de Melhor Filme do ano passado, sendo uma verdadeira surpresa sua ausência na lista do último Oscar. Aparentemente, o título “Tiranossauro” remete diretamente a uma metáfora sobre a raiva do ser humano e a luta pela sobrevivência do mais forte. Não deixa de ser uma leitura. Mas em determinado momento da película, Joseph justifica o nome da produção por meio da principal memória que o transformou no homem que é e que, ainda assim, tem a esperança de acuar os conflitos pessoais e sociais para tentar viver sobreviver no mundo. Uma história forte, bem realizada e com atuações soberbas afastam o longa do melodrama exagerado e mostra que cada um tem suas desgraças para carregar na vida." (Diego Benevides)
{Nós crescemos fortes por tudo isso. Nós crescemos fortes ou nós caimos} (ESKS)
"Simples e angustiante, nada pretensioso em sua breve reflexão sobre a dualidade humana, mas se permite a elegância de uma cena grotesca em que, sob fotografia escura, destacam-se apenas os brilhos da aliança do agressor e do crucifixo pingente da vítima." (Rodrigo Torres de Souza)
2011 Sundance
Top Inglaterra #37
Warp X Inflammable Films Film4 UK Film Council Screen Yorkshire EM Media Optimum Releasing
Diretor: Paddy Considine
22.768 users / 8.654 face
Check-Ins 608 18 Metacritic
Date 25/06/2014 Poster - ######## - DirectorAchero MañasStarsJuan Diego BottoJosé Luis GómezAna RisueñoLeo is immediately set adrift by his new found responsibilities as a single parent, a feeling that is made doubly distressing when Dafne, herself understandably confused and heartbroken by her mother's absence, asks for an "artificial" mother to help her fall asleep at night. It is here that Mañas takes the road less traveled, but to write any more about the plot line he introduces would be unfair to both the viewer and filmmaker alike. Suffice it to say that Leo's actions are both surprising and potentially dangerous, as they require Leo to subsume his own identity to the point where he nearly loses it[Mov 07 IMDB 6,6/10] {Video}
Tudo Que Quiseres
(Todo lo que Tú Quieras, 2010)
''Leo e Alicia são casados e moram com a filha Dafne, de quatro anos. Como numa família tradicional, a mãe preocupa-se em cuidar da filha e educá-la, enquanto o pai vive fora de casa, trabalhando. Contudo, a morte repentina de Alicia por um ataque epiléptico abala radicalmente esse equilíbrio familiar. Sentindo uma falta brutal da figura materna, a menina tem grandes dificuldades de superar a perda. Tentando atender como pode as demandas da filha, Leo chega ao ponto de renunciar a si próprio, colocando em jogo sua própria identidade." (Filmow)
{E o passado volta sempre a seu lugar e não pode ser mudado} (ESKS)
Bellatrix Films S.L. Instituto de Crédito Oficial (ICO) Ministerio de Cultura Televisión Española (TVE) Todo lo que tú quieras A.I.E.
Diretor: Achero Mañas
355 users / 148 face
Check-Ins 597
Date 10/08/2014 Poster - #### - DirectorJim AbrahamsDavid ZuckerJerry ZuckerStarsVal KilmerOmar SharifJeremy KempAn American rock and roll singer is invited to a cultural festival in East Germany in order to distract from a plot to destroy NATO submarines, but he accidentally becomes involved in a resistance plot to rescue an imprisoned scientist.[Mov 05 IMDB 7,1/10 {Video/@@@@@}
TOP SECRET! SUPER CONFIDENCIAL
(Top Secret!, 1984)
Um filme que não é tão engraçado quanto os outros de seus criadores, mas ainda assim bacana.
''Adoro o gênero da comédia pastelona, especificamente daquelas que acontecem piadas absurdas, geralmente parodiando diversas situações, algumas até despregadas ao tema central do filme. Depois de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!, o triângulo especialista no assunto, formado por Jim Abrahams (Top Gang!), David Zucker (Corra Que a Polícia Vem Aí) e Jerry Zucker (Tá Todo Mundo Louco) uniu-se novamente para realizar ''Top Secret – Superconfidencial''. Será que eles acertaram novamente? Pegando carona na luta na antiga Alemanha Oriental, conhecemos a história de Nick Rivers (Val Kilmer), um cantor em franca ascensão nos Estados Unidos, que é chamado para cantar em um festival no país, junto de muitos outros artistas do mundo. Só que, na verdade, esse festival nada mais é do que um pano de fundo para que um plano maléfico de bombardeiro a submarinos inimigos aconteça pelos malvados estrategistas alemães. Durante sua viagem, ele acaba se envolvendo com Hillary (Lucy Gutteridge), uma linda jovem da resistência, que o deixará ainda mais inserido em toda essa confusão política. Em meio à essa confusão toda, o filme aproveita a oportunidade para várias tiradas políticas, como por exemplo a crítica clara ao então presidente Ronald Reagan, além de vários outros tiros para todos os lados - até mesmo A Lagoa Azul entra na roda! Característica do cinema dos autores, as piadas constantes, geralmente trabalhando com a contra-expectativa do público e o absurdo, aqui estão em menor número; e, apesar de sempre inteligentes, ficam abaixo da expectativa e até do seu propósito – elas se propõem a serem uma sátira aos filmes de espionagem, onde tudo era levado muito a sério, mas falta piada para isso. Elas são engraçadas, mas a gente sempre fica na expectativa da próxima, algo que acontece em bem menos freqüência do que os demais filmes. O que sobra é um certo momento de tédio entre uma e outra, o que ocasiona um péssimo aspecto ao filme. As pequenas tiradas, que geralmente acontecem no fundo – outra característica marcante no cinema dos autores – aqui são em número muito reduzido, o que causa justamente essa sensação de vazio cômico. Pelo menos, quando acontecem (lembro-me do homem pulando na árvore, visto do trem), são extremamente engraçadas. Ainda assim, há os seus grandes momentos. O que dizer, por exemplo, da inesquecível seqüência que parodia os westerns, só que debaixo d’água? E as partes musicais, que sugam tudo dos filmes de Elvis? E a parte da vaca, o que é aquilo, meu Deus? E as brincadeiras com perspectivas, como o olho do integrante da resistência ou o telefone dos alemães? E a genial tirada com Pac-Man, que naquela época já era tão conhecido? Val Kilmer, novinho e em seu filme de estréia no cinema (havia feito apenas um outro, para a televisão), brinca de um lado para o outro com seu bom jogo de cintura, mas falha justamente naquilo que lhe marcou a carreira inteira: a falta de expressão; fora que ele não tem um tom cômico muito afiado, o que o prejudica consideravelmente nesse papel. Há ainda participações de nomes importantes do cinema, como Omar Sharif (que trabalhou com David Lean em Lawrence da Arábia) e Peter Cushing (que trabalhou em uma série de fitas de horror ao longo de toda a sua carreira). É importante dizer ainda que, para gostar desse tipo de filme, você tem que entender as referências – e, acima de tudo, ter extremo bom humor, principalmente no que se trata de humor negro. Encaixando-se nos pré-requisitos para a diversão, você vai rir para caramba, mesmo que menos do que os demais filmes dos cineastas. Como uma besteira descompromissada e, principalmente, como estudo de um gênero que já não é mais tão inteligente como antes, vale a pena. Agora, se você for esperando algo mais, é melhor procurar outros títulos." (Rodrigo Cunha)
Kingsmere Properties Paramount Pictures
Diretor: Jim Abrahams/David Zucker
38.318 users / 4.879 face
Soundtrack Rock = John Lennon / Paul McCartney
Chrck-Ins 117
Date 26/02/2013 Poster - ######## - DirectorJules DassinStarsMelina MercouriPeter UstinovMaximilian SchellA conman gets mixed up with a group of thieves who plan to rob an Istanbul museum to steal a jewelled dagger.[Mov 05 IMDB 7,1/10 {Video/@@}
TOPKAPI
(Topkapi, 1964)
''Os problemas fervilham nas exóticas torres de Istanbul quando a também exótica Elizabeth Lipp (Melina Mercouri) recruta Walter (Maximilian Schell), seu ex-amante, para fazer parte de um fantástico esquema para roubar de um museu o orgulho da cidade de Topkapi: uma valiosíssima adaga cravejada de jóias. Mas o "serviço" logo toma ares cheios de tensão quando o desajeitado Arthur (Peter Ustinov) e outros amadores são contratados para ajudar na empreitada.'' (Filmow)
37*1965 Oscar / 22*1965 Globo
Filmways Pictures
Diretor: Jules Dassin
5.297 users / 382 face
Check-Ins 118
Date 26/02/2013 Poster - ####### - DirectorRyû MurakamiStarsMiho NikaidoYayoi KusamaSayoko AmanoA submissive hooker goes about her trade, suffering abuse at the hands of Japanese salarymen and Yakuza types. She's unhappy about her work, and is apparently trying to find some sort of appeasement for the fact that her lover has married.[Mov 03 IMDB 6,1/10 {Video/@}
TOKIO EM DECADÊNCIA
(Topâzu, 1992)
''Ai, uma ex-assistente social de 22 anos, resolve ganhar a vida como call girl em Tokyo, vivenciando situações inusitadas no universo da prostituição da cidade, inclusive com membros da Yakuza, a máfia japonesa." (Filmow)
Cinemabrain Japan Video Distribution (JVD) Co. Ltd. Melsat Inc. Ryu Murakami Office
Diretor: Ryû Murakami
1.857 users / 110 face
Chsck-Ins 146
Date 25/03/2013 Poster - ## - DirectorFrank MillerStarsGabriel MachtSamuel L. JacksonScarlett JohanssonRookie cop Denny Colt returns from the beyond as The Spirit, a hero whose mission is to fight against the bad forces in Central City.[Mov 03 IMDB 4,8/10 {Video/@@@} M/30
THE SPIRIT - O FILME
(The Spirit, 2008)
"Frank Miller transforma Spirit em um dos heróis mais sem graça do cinema, em um filme visualmente desastroso." (Alexandre Koball)
"Frank Miller caiu na armadilha da ironia: não deixava ninguém fazer filme sobre suas obras com medo das adaptações, mas foi exatamente onde errou ao se arriscar como realizador, depois da co-direção de Sin City. Uma pena." (Rodrigo Cunha)
"Como era de se esperar, o visual é fascinante - ainda que não seja mais original. Por outro lado, Miller demonstra sua inexperiência como diretor em uma narrativa caótica, que jamais encontra o tom certo entre o lado infantil/lúdico e o adulto/sombrio." (Silvio Pilau)
Tão pálido quanto seu visual sugere.
"Por muitos anos, Frank Miller resistiu bravamente às investidas de Hollywood para adaptar suas obras, com medo que elas perdessem sua essência na transcrição para as telonas. Cedeu depois de ver uma pequena demonstração feita por Robert Rodriguez, nascendo assim sua co-direção no excelente e conciso Sin City – A Cidade do Pecado, de 2005. Na verdade, o trabalho fora praticamente todo dirigido por Rodriguez, que fez questão de inserir o nome de Miller por causa dos enquadramentos do filme, que recriavam quase que fielmente o que era visto nas páginas de origem, além de ganhar uma moral com o talentoso desenhista (quem sabe para futuras adaptações). Porém, ao assistir ''The Spirit – O Filme'', duas coisas ficam claras: a primeira é que Miller, agora assinando sozinho um filme, ainda não tem competência para conduzir uma produção desse naipe, pecando em praticamente todas as áreas do longa; e a segunda é que, ao adaptar a obra de Will Eisner de maneira equivocada (The Spirit, o quadrinho, não é de sua autoria, Miller assina apenas o roteiro), acabou fazendo com o Eisner o que ele tinha mais medo de que fizessem com suas obras: trucidar o material original com uma péssima adaptação. Conta a história de Spirit (Gabriel Macht), um mulherengo herói com um poder forte de regeneração, que vive em conflito com seu arqui-inimigo Octopus (Samuel L. Jackson) - ambos estão sempre brigando, quase que como um passatempo. Quando a sensual Sand Saref (Eva Mendes, estupidamente bonita) e Octopus trocam um tesouro sem querer e decidem desfazer a confusão, Spirit vê uma brecha para acabar de vez por todas com os planos dele, além de passar a limpo um passado mal resolvido com Saref. Para isso, contará com a ajuda da polícia de Central City, a cidade que tanto ama e a quem sempre ajudou. Um dos primeiros erros básicos de Miller é não definir bem as características de cada personagem. Enquanto o protagonista Gabriel exibe uma representação totalmente apática, Samuel L. Jackson exagera demais e Scarlett Johansson (também lindíssima aqui) adota um tom robótico irritante com a ingênua Silken Floss, principal ajudante de Octopus. O agora diretor mostra-se tão perdido que nunca encontra um tom ideal para as coisas que acontecem com seus personagens: há uma piada de extremo mau gosto ao vestir o vilão e sua ajudante de nazistas durante uma cena de experiência humana e tortura com Spirit – algo dispensável, tendo em mente o passado da Guerra em conhecimento (não, a cena não consegue funcionar como humor negro também). O que nos leva ao segundo erro primário de Miller: a história é sobre Spirit, e não a cidade em que ele vive, mas o roteiro toda hora nos empurra algumas coisas que dão a entender que a intenção real do realizador era ter a cidade como protagonista, e não o herói. Em Sin City essa proposta funciona, pois as histórias são homogêneas e orgânicas como um todo, enquanto aqui o foco está óbvio demais em Spirit, deixando a cidade sempre como um background, e não como main. Não adianta o roteiro toda hora insistir e gerar frases do tipo essa é minha cidade, amo-a e irei protegê-la a todo custo se não é isso que vemos na tela, o que sentimos com as atitudes de seus protagonistas. O terceiro erro das opções de Miller ficou por conta da narrativa. Se os quadros são bonitos (afinal, ele tem bons olhos para isso ao narrar em desenho o que quer contar), a parte narrativa como cinematografia se mostra falha por não conseguir manter o interesse do público na história que está sendo contada: faz com que um clássico dos quadrinhos pareça uma bomba em cena. Tudo é entediante, desde a história que origina o personagem até o desfecho da trama principal, sem graça, mal aproveitado e desinteressante (apenas os capangas clones de Octopus é que geram alguma diversão nessa salada toda). O visual adotado é falho, pois não recria bem o preto-e-branco como fez Rodriguez em Sin City: são cores desbotadas, algo entre a obra supracitada e o esquecido Capitão Sky e o Mundo de Amanhã – o que, mais uma vez, não funcionou da maneira esperada, pois deixou o filme mais feio e artificial, evidenciando demais o que é cenário de verdade e o que foi feito pelo computador. Ainda que uma ou outra tela se mostre realmente bela, esse tipo de estética cansa quando não é bem empregada e denuncia que tudo o que estamos vendo é um filme mal feito. Evidenciando totalmente sua desnecessária pressa ao querer conduzir mais uma vez uma obra (Miller não estudou cinema, sua experiência baseia-se no trabalho com Rodriguez), coloca-se na berlinda não uma, mas duas promessas com uma cajadada só: a possível carreira de filmes do diretor e os promissores trabalhos baseados nos quadrinhos de sucesso, que antes só eram conhecidos por uma fatia pequena do público. Gostar de cinema é uma coisa, fazer é outra completamente diferente. Não dá nem para dizer que Miller errou a mão, afinal, ele não sabia nem o que estava fazendo ainda para errar. É preciso calma, orientação e muito, muito estudo para que não vá por água abaixo os filmes desse interessante estilo. A doce ironia da vida, o famoso crime e castigo: o gênio de toda uma classe artística se torna o mártir das mesmas pessoas, só que em uma mídia diferente. Não é insuportável, mas chega perto.'' (Rodrigo Cunha)
Estreia de Frank Miller como diretor tem belo visual, mas é caricata, ilógica e artificial.
''É triste o que vou dizer agora, mas como cineasta Frank Miller foi um dia um ótimo quadrinista. Desde que foi infectado pelo vírus hollywoodiano, ao co-dirigir Sin City com Robert Rodriguez, Miller mudou seu estilo, passou a usar chapéu e está uma caricatura do que foi um dia. Durante a última Comic-Con, eu o acompanhei em alguns painéis, e ele ficava fazendo caretas, fingia que não estava prestando atenção, enfim, criou um personagem com uma postura blasé quase insuportável. Vale notar que essa é a segunda tentativa dele pela terra do cinema. Nos anos 90, ele escreveu os roteiros de Robocop 2 (1990) e 3 (1993), que ele jura de pé junto não têm nada a ver com o que foi filmado. Parecia que agora ia ser diferente. Ele tratou de esquecer o trauma (e a bronca) do passado e aproveitou a onda atual de adaptações dos quadrinhos para se lançar como criativo nessa mídia que não é a que o transformou em astro nos anos 70 e 80. Depois que foi convidado a dirigir o projeto, Miller tentou imaginar como Will Eisner, o criador do Spirit, seu amigo e mestre, adaptaria a obra dos quadrinhos para as telas. Eisner, que foi um dos grandes estudiosos da Nona Arte, buscava sempre saídas inovadoras do ponto de vista artístico e narrativo. ''The Spirit - O Filme'' (2008) tenta ser inovador no seu visual, aproveitando que o cinema digital de hoje em dia permite uma liberdade praticamente absoluta na hora de criar algo. Porém, liberdade sem disciplina é perigoso demais. E o Miller artista ganhou a disputa contra o Miller contador de histórias. Se tem um cenário virtual lindo e uma paleta de cores acinzentada que só realça as cores em momentos chave, toda essa fuga da realidade levou o filme para um lugar que não tem mais lógica e até soa virtual demais. É impossível não notar que há algo errado na cena em que Sand Saref (Eva Mendes mais voluptuosa do que nunca) mergulha em um lugar em que estava com água na altura da canela. E vê-la nadando, o que seria o sonho (molhado, claro) de muito marmanjo, mostra-se muito menos sexy do que poderia porque a cena foi filmada visivelmente fora da água. Nesse momento do filme, o vilão Octopus (Samuel L. Jackson) e Sand disputam dois baús, cada um com um tesouro específico. Octopus está atrás do vaso com o sangue de Héracles. Enquanto a gatuna em roupas coladas quer o tesouro dos Argonautas. Para o filme não ficar com apenas 20 minutos de duração, cada um fica com o baú que o outro queria. Por meio de flashbacks descobrimos que Sand foi namoradinha de Denny Colt, o policial novato que acabou morto e se tornou Spirit (Gabriel Macht), o defensor de Central City. A trama vai se desenvolver até que todos os personagens tenham seus destinos cruzados - como manda a fórmula. Junte à histriônica história momentos desnecessariamente violentos, merchandising mal feito, atuações caricatas e um sem-número de frases de efeito e você terá uma ideia do que é ''The Spirit - O Filme''. Nem as lindas mulheres (Miller caprichou nas femme-fatales, escalando além de Eva Mendes, Scarlett Johansson, Jaime King e Paz Vega), a presença de Dan Lauria (o pai do Kevin Arnold) e o mais-que-exagerado Samuel L. Jackson conseguem salvar o filme de um fracasso anunciado - e cumprido. E digo isso com muito pesar, pois queria muito ter gostado do resultado final. A dúvida agora é: será que Hollywood vai dar a terceira chance ao Frank Miller?" (Marcelo Forlani)
Lionsgate Dark Lot Entertainment Oddlot Entertainment Continental Entertainment Group Media Magik Entertainment
Diretor: Frank Miller
48.813 users / 1.716 face
Check-Ins 154
Date 11/05/2013 Poster - # - DirectorSteven SoderberghStarsRooney MaraChanning TatumJude LawA young woman's world unravels when a drug prescribed by her psychiatrist has unexpected side effects.[Mov 05 IMDB 7,1/10] {Video/@@@} M/75
TERAPIA DE RISCO
(Side Effects, 2013)
TAG STEVEN SODERBERGH
{interessante}Sinopse
''Terapia de Risco'' é um suspense ambientado no mundo da psicofarmacologia - a relação entre alterações de humor e comportamento e o uso de substâncias químicas. A trama acompanha uma mulher, Emily Taylor (Mara), que toma diversos remédios para conter a ansiedade relacionada à saída do seu marido (Channing Tatum) da prisão. Catherine Zeta-Jones e Jude Law interpretam a dupla de médicos que cuida de Emily.''
''Uma das tentações de Steven Soderbergh é o tema de atualidade. E um deles é o dos novos e mirabolantes medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica, com seus por vezes não menos mirabolantes efeitos colaterais. Eis o princípio de "Terapia de Risco", novo filme do diretor. Ali, Jude Law é um médico que topa receitar remédios novos e razoavelmente arriscados para sua paciente Emily (Rooney Mara). Emily é a jovem que projeta uma nova vida ao lado do marido, que deixou a prisão. A readaptação dele à sociedade não é fácil. As dificuldades levam Emily a uma depressão mais que profunda e, daí, ao bem prestigioso consultório de Jonathan Banks, interpretado por Jude Law. Nem tudo sai como o dr. Banks previra. As crises de ausência (ou sonambulismo) de sua paciente são inquietantes. Ainda mais depois que Emily mata o marido durante uma dessas ausências. Como é de presumir, o mundo cai na cabeça do médico. É a melhor parte do filme, porque Soderbergh controla bem a progressiva moagem de Banks: perda de prestígio, problemas éticos crescentes, destruição da família, ameaça de prisão etc. Nessa altura já esquecemos a indústria farmacêutica, seus remédios e efeitos colaterais. Estamos no território do suspense: o que aconteceu, efetivamente, com Emily? E como pode o médico safar-se dos problemas indigestos que o acometem? É quando se tornará decisiva a presença da antiga terapeuta da jovem, a dra. Siebert (Catherine Zeta-Jones). O todo é bem Soderbergh (o Soderbergh sério ou pessoal): após colocar na berlinda a indústria farmacêutica, recua o bastante para que o eixo da questão seja a competência ou a probidade de certos profissionais. O resultado é à altura do oportunismo da proposta: um filme digestivo. Daquilo que anuncia discutir de início, a pertinência de certo conhecimento psiquiátrico e seu eventual elo com a indústria farmacêutica, resta nada. É como se o filme, mais que colocar um tema em questão, trabalhasse para eliminá-lo. Efeito colateral: se a moralidade desse conhecimento se mostra, ao fim, quase inquestionável, o mesmo não ocorre com a moralidade do filme." (* Inácio Araujo *)
''Quando o cineasta Steven Soderbergh decide tocar em um tema sério, é difícil saber se está levantando uma questão ou se pretende soterrá-la de uma vez por todas. Em "Terapia de Risco", Emily (Rooney Mara) sofre com depressão. O que não é bom, piora quando o marido sai da prisão. Como todos os medicamentos falham, o psiquiatra vivido por Jude Law investe num remédio revolucionário. Problema: o efeito colateral que produz não é inocente. A questão é a influência da indústria farmacêutica nas prescrições médicas, a febre de lucros –enfim, os efeitos colaterais da atividade de desenvolvimento, produção e venda de remédios. Ok, entendemos o ponto: a mistura de saúde e lucro pode ser altamente lesiva. Mas isso aparece envolto numa trama tão inutilmente complicada que a questão acaba esterilizada.'' (** Inácio Araujo **)
Tarja transparente.
"A situação é complexa. Emily Taylor (Rooney Mara), depois de tentar o suicídio, começa a se tratar com o psiquiatra Jonathan Banks (Jude Law), e remédio nenhum prescrito por ele parece funcionar para melhorar sua vida conjugal, agora que seu marido, Martin (Channing Tatum), acaba de sair da cadeia. Por recomendação da antiga terapeuta de Emily, a Dra. Victoria Siebert (Catherine Zeta-Jones), e também por insistência da própria paciente, o Dr. Banks decide finalmente receitar um tal de Ablixa, remédio popular que anda literalmente fazendo a cabeça de muitos usuários depressivos, alardeado em propagandas nas tevês e nos outdoors. O resultado é uma faca de dois gumes. Por um lado, Emily melhora consideravelmente e consegue voltar a levar uma vida normal; por outro, há o efeito colateral do sonambulismo. Para compensar esse efeito indesejado, Banks receita outro remédio para Emily, primeiro porque parece funcionar em casos de sonambulismo, e segundo porque está sendo patrocinado pelo laboratório fabricante do tal remédio para recomendá-lo aos seus pacientes. Mas quando Emily, ainda sonâmbula, acaba cometendo um crime bárbaro, resta a dúvida: quem deve ser responsabilizado por isso? A própria paciente que cometeu o delito inconscientemente, o médico que prescreveu dois remédios que mal conhecia, ou o fabricante das medicações, que oculta em suas propagandas alguns efeitos colaterais indesejados de seu produto? É com base nesse entrave ético-finaceiro que Steven Soderbergh volta a cutucar a indústria farmacêutica, como havia feito sutilmente em Contágio (Contagion, 2011), só que com muito mais foco em seu alvo. Podemos dizer que seu cinema irregular sempre seguiu por diversos caminhos, como os filmes experimentais, as brincadeiras com gêneros popularizados pelo cinema americano, os de apelo comercial, os projetos alternativos do circuito independente, e a constante parceria com atores populares. No caso de ''Terapia de Risco'', encontramos um núcleo de denúncia contra duas grandes indústrias, a farmacêutica e a mídia em geral, ao mesmo tempo em que se nota toda uma nova brincadeira com gêneros, como ele tanto gosta. No caso, seria um suspense noir cheio de reviravoltas e intrigas, com direito a personagens dúbios, femmes fatales, protagonista de moral duvidosa e inúmeras camadas (e uma linda sequência de abertura que remete à Psicose [Psycho, 1960], de Alfred Hitchcock, mestre bastante reverenciado ao longo da projeção). Mestre nos artifícios, nos jogos de cenas e nas picaretagens, Soderbergh funde seu núcleo investigativo com moldes de um film noir para construir uma teia cheia de camadas, onde ele consegue se esconder por trás de pistas falsas, personagens enigmáticos e reviravoltas sobrepostas. Se na primeira metade o foco é cutucar esse dilema moral em volta da indústria farmacêutica cada vez mais caça-níquel, que vende medicações fortes, como antidepressivos, como se estivesse vendendo um creme dental (sem tarjas nas embalagens coloridas e atraentes), a segunda se forma a partir do momento em que Banks começa a desconfiar que esteja sendo manipulado, agora que sua reputação foi afetada pelo crime cometido por Emily, quando estava sob o efeito do Ablixa. De repente ele percebe que nada é o que parece ser, que o buraco é muito mais embaixo, e seu sentimento de culpa passa a ser substituído por uma desconfiança corrosiva. Se a princípio Banks, Siebert e os laboratórios são os personagens de moral duvidosa, que mais pensam nos lucros do que no bem-estar de cada paciente, depois as cartas são embaralhadas e ninguém ali parece inocente. Além de bom noir, Terapia de Risco ainda guarda a marca registrada de Soderbergh e seu costume de trabalhar com um elenco popular (Rooney Mara e Jude Law afiadíssimos), jogar com elementos de farsa, ocultando algumas informações enquanto revela outras sorrateiramente, para embaralhar a mente do espectador e, de quebra, maquiar algumas falhas em sua própria direção e roteiro, que sempre se vendem como algo muito mais complexo e intrincando do que realmente é. Interessante notar que, enquanto discute esse tema que tanto o parece incomodar, da parceria nociva da mídia com os remédios de tarja transparente, ele não esquece sua veia de cineasta da irrealidade, da farsa, e volta a brincar com gosto com as mirabolantes possibilidades do cinema, e aproveita isso ao máximo, já que se trata de seu canto de cisne (junto com Behind the Candelabra). E nada melhor do que finalizar sua carreira com este filme, que une tão bem quase todas as vertentes de seus antigos trabalhos, entre denúncias e brincadeiras – pois no fundo, ele sempre gostou de expor verdades, ao mesmo tempo em que se ocultava atrás de sua própria tarja preta." (Heitor Romero)
{Albert Einstein compreendeu a relatividade num sonho. E Paul Macctney compôs músicas inteiras em sonhos} (ESKS)
"Thriller em tom documental mostra que Soderbergh está (continua) afiado, pois aqui proporciona um ritmo incessante e tira de atores caricatos boas interpretações." (Alexandre Koball
"Soderbergh volta a abordar o mesmo tema de "Contágio", felizmente ser o ar blasé que arruinava o filme anterior. Cai bastante na segunda metade, quando o roteiro se mostra muito dependente da trama, mas ainda assim o resultado é satisfatório." (Régis Trigo)
"Soderbergh faz um filme-denúncia pouco pedante: expõe dúvidas sobre os métodos da indústria farmacêutica e da mídia, e as manipulações decorrentes de tais métodos, e desenvolve um thriller realmente envolvente. Tem momentos frágeis, mas funciona." (Emilio Franco Jr.)
"Rooney Mara dá algum alento ao filme e, por ser quase um filme noir, o estilo intelectualizado do diretor casa bem com a narrativa tortuosa, mas Soderbergh, preocupado em ser o mais cool possível, impede que a plateia goste de seus filmes." (Demetrius Caesar)
"Mesmo que algumas "surpresas" soem inverossímeis, ainda são interessantes de acompanhar, exatamente por subverterem as expectativas do público em relação ao filme. Soderbergh se diverte no exercício, em um trabalho elegante. Rooney Mara é ótima." (Silvio Pilau)
"Rooney Maaaaaaara." (Heitor Romero
"Ainda bem que Sorderbergh teve um último passo após esse suspense, que começa muito bem com intrigas farmacêuticas, e rápido embarca em soluções clichês e perde o caráter psicológico. A boa Mara continua construindo uma carreira bacana." (Francisco Carbone)
"As reviravoltas bem articuladas trazem à tona o lado sórdido da indústria farmacêutica, surpreendendo conforme o nível de malícia do espectador. Um Soderbergh mais maduro e outra vez competente." (Patrick Corrêa)
Steven Soderbergh mostra sua versatilidade em suspense feito de inversões de expectativa.
"Emily Hawkins (Rooney Mara) não responde bem ao retorno de seu marido (Channing Tatum) à sociedade, depois que ele termina de cumprir pena por favorecimento ilícito em um negócio na Bolsa de Valores de Nova York. Deprimida, ela consegue com um psiquiatra (Jude Law) uma receita para testar um novo remédio contra ansiedade. Medicada, Emily sofre os tais efeitos colaterais do título original de "Terapia de Risco". No papel e durante a sua primeira metade, o novo filme do diretor Steven Soderbergh parece misturar elementos dos dois anteriores, Contágio e Magic Mike. O monocromatismo (tirando os tubos laranjas dos remédios tudo no filme são variações de cinza), o linguajar técnico e o estilo seco (poucos tempos mortos, muita coisa filmada só com plano geral->médio->close-up) formam um drama de procedimento parecido com o de Contágio. Já o recorte moral da realidade lembra Magic Mike (e um pouco de Traffic), tendo a atual recessão nos EUA como pano de fundo e com personagens vitimizados pelas opressões do sistema e pelo estado das coisas. Então a expectativa que Soderbergh e o roteirista Scott Z. Burns (o mesmo de Contágio) criam é muito específica - particularmente quem viu os dois longas anteriores pode achar que dá pra antever todas as viradas de Terapia de Risco em poucos minutos. Como o cineasta já decretou sua aposentadoria, e seus longas recentes automaticamente se tornam uma contagem regressiva, fica fácil ver nesse corpo de filmes um objeto só. Mas daí vem a segunda metade de Terapia de Risco... As cenas em cartões-postais de uma Nova York moderna - o High Line Park, as portas giratórias do Le Cirque, os janelões do consultório - davam a entender que Emily e seu marido, esse ex-casal-modelo de um sonho americano falido, foram engolidos pelas ilusões das luzes da cidade (a Manhattan vista de longe, do barco, parece maior e mais inacessível). Mas quando vem a virada, fica claro que toda a primeira metade de Terapia de Risco era feita de arenques vermelhos (falácias como recurso literário são conhecidas em inglês como red herrings), pistas falsas que sugeriam que as pressões, na história de Emily, vinham de fora para dentro, quando na verdade operam de dentro para fora. O drama macro, que parecia analítico e distante, dá lugar a um suspense micro, em que os zooms nas janelas (imagens que abrem e encerram o filme) servem de aparadores desse micromundo. Na segunda metade, Soderbergh deixa de filmar tudo sem foco e passa a usar um recurso parecido com o tilt-shift do Instagram: o monocromatismo continua mas objetos e rostos entram em foco em hipercloses, como se passassem a ser reais, palpáveis, dentro da proposta de Terapia de Risco, que não é ser um exercício de observação isento mas sim um filme de plot de fato - mais próximo de um thriller erótico à moda Joe Eszterhas, com seus jogos de poder e inversões do machismo, do que se poderia supor. O prazer ao fim de Terapia de Risco então é ver que Soderbergh, nesse prometido final de carreira, recusa a grandiloquência de um filme-denúncia - um discurso sobre o estado das coisas que a primeira metade sugeria - e encontra um agradável equilíbrio entre o cinema comercial, de gênero, de seus maiores sucessos de bilheteria, e o cinema de autor dos seus filmes-de-festival. Se ele parar mesmo de filmar, Terapia de Risco servirá como fiel testamento dessa versatilidade, pela qual Soderbergh sempre foi conhecido." (Marcelo Hessel)
"O mais recente filme de Steven Soderbergh é um thriller intenso e inteligente, com clara inspiração em Hitchcock e elementos de sua própria obra. Terapia de Risco não é seu melhor trabalho, porém, quando se fala de um dos diretores mais intrigantes da atualidade, já se espera uma produção de qualidade. O longa começa homenageando o clássico Psicose com uma tomada aérea de Nova York até encontrar um apartamento com uma trilha de sangue. Falar demais da trama seria estragar as surpresas, então basta saber que "Terapia de Risco" começa com Emily (Rooney Mara) visitando seu marido Martin (Channing Tatum) na prisão. Ele será liberado no dia seguinte, mas a garota dá sinais profundos de depressão. Com o homem em casa, ela joga seu carro contra uma parede e o Dr. Jonathan Banks (Jude Law) aparece para averiguar a tentativa de suicídio. Assim começa um complexo drama sobre abuso de drogas controladas, depressão e poder das indústrias farmacêuticas. São temas complicados que mostram os perigos potenciais de remédios receitados indiscriminadamente por médicos patrocinados por corporações gigantescas e diante de pacientes facilmente manipuláveis pela mídia. Por esse começo pesado, é difícil não se decepcionar quando a produção dá uma guinada para o suspense noir. Isso não impede Terapia de Risco de funcionar bem também como thriller nos moldes de Hitchcock. Seus personagens são intensos e o clima de opressão construído aos poucos deixa tudo mais interessante. Ainda assim, o roteiro tem falhas e do meio para o final algumas situações são mal exploradas e ficam difíceis de acreditar dentro do contexto realista apresentado até então, sem falar no clímax extremamente explicativo. Mesmo com esses problemas, o filme possui boas surpresas, como a atuação de Rooney Mara. Após seu criticado desempenho na versão americana de Millennium - Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, a atriz prova saber interpretar quando bem comandada. Sua personagem é extremamente perturbada e misteriosa, capaz de instigar a curiosidade do espectador a cada cena. O longa é esteticamente muito atraente. A câmera pinta cenários que parecem terem saído de sonhos, mesmo se mantendo todo o tempo em Nova York. A montagem é ótima e ajuda a construir o clima de opressão. Sem falar na fotografia fria, com fortes contrastes de luz e sombra e efeito dramático. A trilha sonora composta por Thomas Newman aprofunda a depressão e ajuda a compor o cenário. É impossível não ver Terapia de Risco como uma coleção de momentos da carreira de Soderbergh. Temos a tensão interpessoal de Sexo, Mentiras e Videotape, as reviravoltas estilo Onze Homens e um Segredo, a luta de uma única pessoa contra o sistema como vimos em Erin Brockovich, e, finalmente, a loucura, tema recorrente em suas obras, como Kafka. Esses elementos proporcionam um tom de nostalgia ao longa, que poderia ser muito melhor caso seguisse um caminho mais claro desde o início e evitasse surpresas desnecessárias e nem sempre lógicas. Ainda assim, a obra é capaz de divertir e deixar o espectador com a pulga atrás da orelha." (Daniel Reininger)
2013 Urso de Ouro
Endgame Entertainment FilmNation Entertainment Di Bonaventura Pictures
Diretor: Steven Soderbergh
135.032 users / 28.959 faceSoundtrack Rock
Thievery Corporation
Check-Ins 641 39 Metacritic
Date 08/08/2014 Poster - ##### - DirectorBertrand BonelloStarsLaurent LucasClara ChoveauxThiago TelèsTiresia is at the same time woman and man, according to Greek Mythology. Here, Tiresia is a Brazilian transexual living with her brother in the outskirts of Paris. Terranova, an admirer of aesthetics, is a dreamer. His obsession with Tiresia leads him to kidnapping her. However, without her regular dose of hormones, Tiresia gradually starts to change back to a male. Displeased, Terranova blinds Tiresia and abandons her in the countryside. There, Anna takes charge of Tiresia, helping her recover.[Mov 01 IMDB 6,6/10 {Video/@}
TIRÉSIA
(Tiresia, 2003)
Pretensioso e falho nos seus objetivos, só destaca-se, ralamente, em sua parte técnica.
"Poucos filmes foram tão metralhados pela crítica internacional quanto Tiresia, de Bertrand Bonello, que começou sua fracassada carreira internacional no Festival de Cannes. Também quando o filme estreou no Brasil a crítica sentou o malho. Até mesmo a diretora da Mostra Internacional de Cinema, Renata de Almeida, disse que traria o filme para o Brasil apenas para divulgar informação – e olha que o pessoal da Mostra adora filmes bem difíceis de assistir, não se intimida fácil. São longuíssimos e intermináveis 111 minutos de quase tortura. Não que seja de todo ruim. Tem bela fotografia, inspirada nos quadros de Balthus, mas o roteiro pretensioso, os atores, temíveis (tanto o francês quanto os brasileiros), diálogos literários, ritmo falho, terminam num todo nada convincente. Só os enquadramentos, muito bonitos, se salvam, mas são insuficientes para prender a atenção por tanto tempo. Conta a história desse padre (Laurent Lucas) que trancafia um travesti (Clara Choveaux, na forma feminina) em um fazenda distante e, à medida que fica sem os hormônios, vai voltando à forma masculina (Thiago Telès, sem nenhuma correspondência física entre eles, apesar de fazerem o mesmo personagem). Num momento de ira, ele cega o rapaz, que desenvolve poderes mediúnicos e torna-se uma celebridade local. O que leva um padre do interior da França a se apaixonar por um travesti brasileiro ninguém sabe, ninguém entendeu – aquela história de mitologia grega é furada total, de que o cidadão, especialista em literatura clássica, estava em busca do ser ideal, com a união dos dois sexos. É uma questão que muitos se fazem: por que um cara procura um travesti para transar passivo? Quer uma mulher com pênis? Se há uma resposta (é difícil), ela não está no filme. O estranho é que a prostituição de rua hoje está praticamente dominada pelos travecos, o fenômeno se dá no mundo inteiro e ninguém tem uma explicação racional para a coisa, exceto de que a liberdade maior na sociedade em relação aos gays liberou-os do gueto. O filme representa essa encruzilhada, o que talvez seja positivo, mas não aprofunda a questão. Afinal, até o ministro das Relações Exteriores da Comunidade Européia, o chefão do comércio europeu, que ocupou o mesmo cargo na Inglaterra, é hoje casado com um brasileiro que ele conheceu nas ruas de Roma vestido de mulher. Os brasileiros são os travestis mais conhecidos e badalados de Roma, um fenômeno, tanto que o diretor escalou dois atores brasileiros para se revezarem no papel principal. Por que fazemos tanto sucesso com esse novo produto de exportação do Brasil, ainda não descobrimos as razões. Houve até outro filme nacional, igualmente ruim, chamado Princesa, de Henrique Goldman, que conta de maneira quase documental a trajetória de um deles travestis brasileiros que foram para a Itália e termina se tornando amante de um alemão, com final trágico. Tanto esse Tiresia quanto Princesa ficam na superfície e nos estereótipos que tanta graça o público acha. Quem se saiu melhor no tema foi Almodóvar, que tem uma coleção de travestis, a maioria drogados, em seus filmes, inclusive como protagonista, em A Lei do Desejo, provavelmente seu melhor filme. Conta a história de um transexual que trocou de sexo para casar com o próprio pai (exacerbação violenta do complexo de Electra, aquele em que mãe e filha brigam pelo pai). O pai, no entanto, termina abandona-o por uma mulher de 30 anos, legítima, digamos assim. Enfim, ''Tiresia'' falha tanto como filme como na tentativa de discutir a questão dos travestis, esses seres ainda enigmáticos e tão discriminados pela sociedade atual." (Demetrius Caesar)
''Você gosta de filmes complicados, cheios de metáforas, daqueles feitos para que o espectador pense, antes de tudo? Eu também gosto. Só que tudo tem limite. ''Tiresia'', dirigido pelo francês Bertrand Bonello (O Pornógrafo), ultrapassa todos os limites do bom senso e incomoda mais do que deveria. No mal sentido. Na mitologia grega, ''Tiresia'' era um profeta de Tebas descrito como mulher e homem ao mesmo tempo. ''Tiresia'', o filme, não se divide em dois gêneros, mas sim em duas tramas distintas. No primeiro momento, ''Tiresia'' (Clara Choveaux) é um transexual brasileiro que vive clandestinamente com seu irmão e se prostitui em Paris. Quando Terranova (Laurent Lucas), um homem distante e misterioso, a encontra, imediatamente fica obcecado, até que a seqüestra. No cárcere e sem as doses regulares de hormônios que tomava para desenvolver formas femininas, ela/ele volta à sua forma masculina original (Thiago Telès). Decepcionado, Terranova o cega e abandona em uma floresta, onde é resgatado pela jovem Anna (Célia Catalifo), que o leva a uma igreja local. Começa aí a segunda fase de Tiresia: agora, ele se torna uma espécie de vidente, um profeta da comunidade local. Quando exibido no Festival de Cannes (onde concorreu à Palma de Ouro), muitas pessoas abandonaram a sala de cinema durante sua exibição. Não é para menos: Tiresia incomoda, mas não somente por causa de algumas cenas bizarras e chocantes, mas por que é um filme chato, maçante. Tamanha divisão no roteiro faz com que ele seja fragmentado demais. As duas fases do personagem não têm uma liga sustentável o suficiente para que possamos dizer que se trata somente de um filme. Parece que você dormiu no final de um e acordou quando outro já começou, sabe? Agora, se mesmo assim você vai se arriscar a assistir a esta produção, digo que há dois motivos para se chegar ao final da exibição: os atores que interpretam as duas fases de Tiresia são brasileiros e a fotografia é ótima. Esses dois pontos, no entanto, não fazem com que o espectador tenha vontade de continuar até o final. Só se ele for como eu que, por questão de honra e respeito, permaneço na sessão até que os créditos subam. Em alguns casos isso pode ser uma tortura." (Angelica Bito)
''O terceiro e mais polêmico filme do cineasta Bertrand Bonello tem como base um mito grego. Tirésias fora um herói de Tebas, que presenciou a cópula de duas serpentes. Por ter sentido prazer ao vê-las, foi condenado a tornar-se mulher. Ao sê-lo, descobre que o sexo feminino possui o prazer sexual nove vezes maior do que o masculino. Quando volta a ser homem, além de revelar o que descobriu, vê a deusa Atena nua, o que lhe acarreta o castigo de ser cego, porém com poderes divinatórios. Paris, Bois de Boulogne, um bosque em que, infelizmente, são famosas as prostitutas brasileiras. Esta zona é o local de trabalho de Tirésia, um transexual bonito, com um forte sotaque do sul do nosso país. Nas entranhas do bosque, era onde estava Tirésia, sereno, entoando “Teresinha de Jesus”, quando lhe encontrou Terranova. Ele, um homem aparentemente calmo, que possui em casa um jardim sem rosas, em que habita um porquinho-da-índia bastante amistoso. Terranova é, também, um admirador da estética, e vê em Tirésia, a rosa que lhe falta. Ele o leva para casa e o que seria um programa comum, porém, logo afirma que, com ele, não quer sexo. Que vai mantê-lo em sua casa. É realmente o que acontece, mas, com o passar das semanas, por não estar tomando os hormônios devidamente, Tirésia passa a recuperar as feições masculinas, o que é um desastre para ambos. Frustrado com o resultado da experiência, Terranova, em um ato que deixa a platéia violentamente surpresa, fura os olhos de Tirésia e o abandona à margem de um córrego. Anna, uma adolescente religiosa, passa a cuidar de Tirésia, que assume totalmente as feições masculinas e, como no mito, devido à cegueira, passa a ter dons divinatórios, sendo consultado e querido pela população da região. “Tirésia” choca em diversos aspectos, como por tocar no tema da transexualidade; da imensa legião de homens e mulheres, que, ao tentar uma vida melhor em países de primeiro mundo, acabam por trilhar o caminho da prostituição; na questão da dualidade da vida; no discurso clerical sobre a sexualidade; dentre outros tópicos. Podemos também estabelecer um paradoxo entre a primeira e a segunda parte do filme. No início, Tirésia preocupa-se em manter um tipo físico, através de muita química, ao ser seqüestrado por Terranova. Neste momento, o filme é sombrio e extremamente angustiante. Mas para que ele possa comunicar-se com as pessoas e consigo mesmo, é necessário deixar de aparentar e passar a ser. Apesar de um fim trágico, só assim, Tirésia viveu em plenitude. O cineasta parece questionar a imposição natural em nossas escolhas. Há uma falta de diálogo convencional entre Tirésia e Anna. Tirésia, cego, e Anna, muda. Porém, eles agem e seguem vivendo, pois esta é a sina de ambos. O cineasta expressa toda essa penumbra com base na sua formação em música clássica, extremamente explorada na película. Diz ter extraído a idéia de “Tirésia” do sonho que um amigo teve, que coincidiu com o fatídico mito grego. Ambos os atores escolhidos por Bonello para interpretar Tirésia são brasileiros: Clara Choveaux e Thiago Telles. Ela viveu por cinco anos em Paris, já tendo atuado em O Pornógrafo, dirigido por Bonello, e já exibido no Cinema de Arte. “Tirésia” rendeu muitas indicações e prêmios internacionais à Clara, que merecera, pois passou por maus-bocados tendo que usar uma barba postiça e um avantajado pênis de plástico. O debate desta manhã foi rápido, pois houve um contratempo nas bilheterias, atrasando, em meia-hora, o filme. A sala de exibição em que estávamos, seria usada para outro filme, então tivemos de mudar para outra sala (posteriormente, receberíamos o mesmo alerta, o que nos forçou a terminar mais cedo, o debate). O professor de Filosofia, Rosendo Freitas Amorim comentou a necessidade de ''Tirésia'' de ser mulher. No transexual masculino, o pênis é o maior incômodo, é como se aquilo fosse uma maldição, um fardo extremamente não-atraente. Nos disse também, que, como é visto no também francês Minha Vida em Cor-de-Rosa, a criança transexual já emerge esse desejo na infância. Como já foi comentado, também disse que Tirésia foi cego pelo valor que dava ao físico, que somente assim, voltaria para dentro de si, quase que forçada. Para encerrar, a psicanalista Beth Mota trouxe para nós um ensaio sobre o filme, elaborado por ela, intitulado de Tirésia, Teresa, Teresinha de Jesus. O ensaio questionava, basicamente, o brotar de um dom no ser humano. Como alguém deixa de ver e passa a prever. Fala também, da penetração e da castração simbólica, ao Terranova furar os olhos de ''Tirésia''. Outro fato interessante comentado por Beth, foi a primeira definição dada ao transexual, que é a convicção inabalável de querer pertencer ao sexo oposto, uma idealização enlouquecida da feminilidade (no caso de Tirésia)." (Cinema Com Rapadura)
2003 Palma de Cannes
Canal+ Centre National de la Cinématographie (CNC) Haut et Court MJBC Foundation Ministry of Culture and Communications Ministère de la Culture de la Republique Française Procirep Programme MEDIA de la Communauté Européenne Société de Développement des Entreprises Culturelles (SODEC) Téléfilm Canada arte France Cinéma micro_scope
Diretor: Bertrand Bonello
748 users / 131 face
Check-Ins 179
Date 03/06/2013 Poster - # - DirectorDavid R. EllisStarsSara PaxtonDustin MilliganChris CarmackA weekend at a lake house in the Louisiana Gulf turns into a nightmare for seven vacationers as they are subjected to shark attacks.[Mov 03 IMDB 3,9/10 {Video/@} M/22
TERROR NA ÁGUA 3D
(Shark Night 3D, 2011)
''Um fim de semana na casa de lago de Sarah (Sara Paxton) na Louisiana, no Golfo se transforma em um pesadelo para sete turistas quando estão sujeitos a ataques de tubarões de água doce.''
(Filmow)
"Os tubarões são bem assustadores e há um par de bons sustos aqui. Melhor que a encomenda." (Alexandre Koball)
"Um filme de terror que nunca aterroriza feito pela Disney... até o Bruce parece bem mais ameaçador." (Marcelo Leme)
Top 200#62 Cineplayers (Bottom Usuários)
Dimension Films Mark Canton Productions Intellectual Properties Worldwide (I) Neo Art & Logic
Diretor: John Gulager
18.154 users / 8.062 face
Check-Ins 183
Date 04/06/2013 Poster - ## - DirectorMichael WinterbottomStarsShirley HendersonJohn SimmShaun KirkThis film charts the relationship between a man imprisoned for drug smuggling and his wife and is being shot over the course of five years, a few weeks at a time.[Mov 05 IMDB 6,3/10] {Video/@@@} M/55
TODOS OS DIAS
(Everyday, 2012)
TAG MICHAEL WINTERBOTTOm
{inspirador}Sinopse
''Karen (Shirley Henderson) e Ian (John Simms) são pais de quatro crianças pequenas e se amam profundamente. Eles levam uma rotina pacífica nos subúrbios da Inglaterra, apesar das dificuldades financeiras. O relacionamento dos dois é abalado quando Ian é condenado a cinco anos de prisão por razões que Karen desconhece. Durante todos este tempo ela tenta levar a vida sozinha, cuidando das crianças, trabalhando, visitando o marido e sonhando com o dia em que ele finalmente voltará para casa.''
''O tempo passa quando ninguém está olhando, na repetição de pequenas coisas. É sobre esse tempo e o distanciamento imperceptível entre os atos, os anos, de que trata ''Todos os Dias''. O longa dirigido por Michel Winterbottom (A Festa Nunca Termina) se passa num vilarejo escocês e acompanha o dia a dia de uma família na qual o pai foi preso e perde parte importante do crescimento dos quatro filhos. Ao retratá-los de forma natural, filmando o crescimento dos atores mirins - os Kirk, que são irmãos na vida real -, o longa conseguiu transmitir uma sensibilidade impactante. Ao longo de cinco anos, sempre no Natal, o diretor os reunia e retomava as filmagens. As primeiras cenas, por exemplo, são da equipe chegando à casa dos Kirk para acordá-los. E Winterbottom insistiu numa ideia na qual já havia trabalhado anteriormente, a série de TV Up, quando acompanhou a vida das mesmas pessoas pelo período de sete anos para retratar suas mudanças. Nos pequenos detalhes, consegue mostrar o distanciamento criado entre o pai, Ian (John Simm) e os filhos devido a distância: o choro de um, a personalidade difícil de lidar de outro, os pequenos roubos cometidos na escola tomando como exemplo a imagem do patriarca, de quem não se sabe o motivo exato da prisão. Levando uma jornada dupla para manter a família, a mãe Karen (Shirley Henderson) enfrenta a solidão diária e os problemas do caminho para tentar reaproximá-los constantemente, como vemos nas boas cenas filmadas no espaço de visitas de um presídio real. O filme cai no marasmo da rotina, o que se justifica pela própria narrativa. As viagens exaustivas de trem mostram esse cansativo cotidiano. É interessante notar a transição de lugares fechados, quase claustrofóbicos, para os grandes ambientes abertos onde a família passeia no verão. A liberdade brevemente readquirida pelo preso nos dias fora da cela ganha força nos raios de sol e no longo espaço para caminhar. O ponto que estraga Todos os Dias é a trilha sonora insistente e desnecessária, que pontua alguns momentos para criar comoção por parte do público. Consegue apenas um efeito pretensioso e brega. De qualquer forma, ao ter calma para retratar o tempo, o novo longa de Winterbottom sai do lugar comum e da correria da atualidade com estilo e uma bela fotografia." (Cristina Tavelin)
''Todos os Dias'' confirma o esperado após os dez primeiros minutos de projeção; trata-se de um filme sobre o cotidiano que beira o realismo, no caso, uma família que vive no interior da Inglaterra, cujo patriarca (John Simm) está preso enquanto a mãe (Shirley Henderson), vira-se como pode, em trabalhos que mais parecem bicos, e com uma pequena ajuda da avó, para tentar educar os seus quatro filhos. O filme, dirigido por Michael Winterbottom, começa como termina. Não se sabe a fundo sobre a família, o pai Ian recebe visitas constantes de sua esposa e seus filhos, à medida em que eles estudam no colégio e voltam para casa para assistir televisão. A mãe tenta suprir a omissão forçada de Ian da melhor forma, para não deixar a casa vir abaixo. E em pouco menos de 90 minutos acompanha-se a rotina desta família, às vezes confundida com documentário, devido a câmera incisiva e invasiva de Winterboom. Peculiaridade antes vistas em outras produções com viés político, como Bem-vindo à Sarajevo (1997), O Caminho Para Guantánamo (2006) e In This World (2003), que faz um relato da imigração afegã para Inglaterra. Em ''Todos os Dias'', deixa-se o plano macro de lado para fazer um recorte micro, sobre a família em questão. Coerência à parte no trabalho de Winterboom, roteirista do sucesso cult A Festa Nunca Termina (2002), o filme tem pouco a dizer. Não são raros os momentos em que os planos abertos aparecem para mostrar a (bonita) vista da Inglaterra rural, suas criações de ovelha e cabras. No entanto, tais vislumbres são feitos à exaustão, e ainda ritmada por músicas que forçam uma sensibilização junto ao público. Este realismo exercido em Todos os Dias, nu e cru da vida campestre, faz um contraponto desnecessário quando entramos em grandes planos. A vida que a família leva, por si só, já denota angústia e que o cotidiano é duro e sofrido - par os padrões ingleses. A impressão causada no longa é a ausência de um desenvolvimento mais contundente que despertasse o interesse do público." (Tiago Canavarros)
''Como fica uma família com a ausência de um dos principais membros? Qual é a vida que levam aqueles que esperam em liberdade os que estão presos? Michael Winterbottom (9 Canções) propõe-se a discutir as possíveis implicações do assunto em uma linda obra que debate em sua forma sobre os limites entre filmes ficcionais e documentários. O longa acompanha o espaço de tempo de cinco anos, tempo no qual o pai da família Ian (John Simm) permanece encarcerado, cumprindo pena de um crime. Sua mulher Karen (Shirley Henderson) desdobra-se entre trabalhar, educar os quatro filhos pequenos do casal e reunir todos em visitas à penitenciária. À medida que crescem, a percepção de Shaun (Shaun Kirk), Robert (Robert Kirk), Katrina (Katrina Kirk) e Stephanie (Stephanie Kirk) sobre os acontecimentos mudam e Ian também recebe uma nova chance de passar um tempo livre com eles. Sem grandes reviravoltas ou momentos excessivamente dramáticos, são retratados apenas os momentos da vida de cada familiar, dos banais aos mais íntimos. A proposta revela-se, portanto, na concatenação destas cenas e, conforme acompanhamos o dia-a-dia de cada um, entendemos mais sobre eles. Vemos as crianças na escola, a mulher trabalhando em um bar, o momento de dormir, viagens à praia, todos juntos no sofá assistindo televisão, os pequenos escovando os dentes. Neste contexto, pode-se dizer que não há um grande conflito no filme: o marido já está preso no início e os pequenos dramas que ocorrem não são a força motriz da ação, mas sim consequência de uma estrutura familiar prejudicada pela distância de um dos seus membros. Há, obviamente, passagens de maior emoção e cenas que de fato mostram como as crianças são afetadas pela condição a que foram impostas mas, como todo o resto, são momentos que tem o seu tempo de desenrolar para serem então superados. Assim, Winterbottom consegue realizar um longa emocionante pela delicadeza com que aborda o tema. Aparentemente superficial, as grandes doses de realismo incutidas no filme o tornam poderoso e mais denso do que outros dramas similares. Alguns artifícios foram por ele adotados e manipulados para acentuar o teor quase documental da sua obra: uma câmera trêmula que acompanha os personagens em suas ações e o aparecimento do título na tela a fim de reiterar a passagem de tempo são alguns deles. Este último relaciona-se ao ponto crucial do longa e da proposta do diretor. ''Todos os Dias'' foi filmado durante cinco anos em pequenas partes para dar maior veracidade à história, na medida em que incorpora os avanços do tempo nos rostos dos atores que interpretam o casal e, em especial, acompanham o crescimento das crianças (que, por sinal, são irmãos de sangue na vida real e tem os mesmos nomes que os personagens que interpretam). Trata-se de uma escolha interessante tanto pela sua concepção artística quanto pelo impacto do resultado final e, assim, o desafio dos limites entre ficção e documentário. De forma delicada, ''Todos os Dias'' aborda os questionamentos internos e pequenos conflitos de uma família que tem que lidar com a ausência da figura paterna. Bonito e bem elaborado, é extremamente interessante discussão artística que propõe ao incluir aspectos documentais de filmagem e tempo em uma obra ficcional. Definitivamente, vale a pena ver.'' (Luciana Ramos)
Revolution Films Channel 4 Television Corporation
Diretor: Michael Winterbottom
608 users / 158 face
Check-Ins 646 13 Metacritic
Date 12/08/2014 Poster - ##### - DirectorJerzy KawalerowiczStarsLucyna WinnickaLeon NiemczykTeresa SzmigielównaJerzy enters a train set for the Baltic coast. He seems to be on the run from something - as does the strange woman with whom he must share a sleeping compartment.[Mov 08 IMDB 7,7/10 {Video}
TREM NOTURNO
(Pociag, 1959)
''Como o titulo brasileiro indica, este filme do polonês Jerzy Kowalerowicz compreende a viagem noturna de um tremque se dirige ao litoral. Os passageiros formam um painel heterogênio, que inclui desde jovens saem de férias até um grupo de idosos que parte em em romaria. O filme da atenção especial a dois passageiros que dividem a mesma cabine: um homem misterioso e uma mulher melancólica. No meio da madrugada, o trem é parado pela policia, que procura um assassino. Mas a sequência de perseguição ao criminoso dura apenas alguns minutos, compondo parênteses insólitos dentro da narrativa. O filme como um todo tem um quê de insólito: os fiapos de trama não envolvem uma história propiamente dita; o que conta é o clima enigmático criado pelo diretor, a atmosfera de mistério que a câmera e a trilha sonora constroem.Nesse suspense minimalista e abstrato, os personagens não possuem passado nem psicologia. Eles estão apenas partilhando uma viagem de trem, uma fatia do tempo presente; nunca saberão exatamente quem são aquelas outras pessoas que viajam com eles - a opacidade é a regra. A qualidade da mise-en-scene de Kawalerowicz é inegável, mas o filme peca pela monotonia.'' (Luiz Carlos Oliveira Jr)
Zespól Filmowy "Kadr"
Diretor: Jerzy Kawalerowicz
1.062 users / 161 face
Check-Ins 195
Date 08/06/2013 Poster - ##### - DirectorPhilippe LioretStarsVincent LindonMarie GillainAmandine DewasmesMoved by the plight of the mother of her daughter's school friend, a young judge facing an incurable disease teams up with an older colleague in order to fight against financial companies that exploit the poor.[Mov 09 IMDB 6,8/10] {Video/@@@@}
TUDO QUE DESEJAMOS
(Toutes nos envies, 2011)
TAG PHILIPPE LIORET
{intenso}Sinopse
''Claire é uma jovem juiz num tribunal da cidade de Lyon, na França. Ela encontra Stéphane, juiz experiente, e juntos eles partem em sua luta contra as empresas que abusam dos clientes e facilitam o endividamento. Além das afinidades ideológicas, sentimentos nascem entre os dois, apesar de Claire ser vítima de uma doença incurável.''
***
''Depois do sucesso ainda crescente de Intocáveis, outro filme francês entra em cartaz para demonstrar como a produção atual daquele país parece imune à pieguice. É difícil que alguém leia a sinopse de "Tudo o que Desejamos" e fique muito motivado a ir ao cinema para vê-lo. Claire, uma juíza jovem e liberal, casada e mãe de dois filhos pequenos, descobre que tem um tumor no cérebro que não pode ser operado. Sua expectativa de vida não ultrapassa alguns meses. Motivada pelo caso da mãe de uma colega de escola de sua filha, resolve se dedicar a ajudar pessoas sem recursos que têm dívidas enormes cobradas por ações judiciais. Nessa cruzada contra financeiras e seus juros abusivos, se associa a um juiz veterano, Stéphane. Os dois se aproximam, para que ele ocupe um papel fundamental no curto futuro de Claire. Uma história envolvendo doentes terminais e discussões sobre juros e montante de dívidas não empolgaria muita gente, mas aí entra a direção de Philippe Loiret. Em 2009, o cineasta lançou Bem-Vindo, sucesso no circuito de arte no Brasil, no qual retratou com sensibilidade a vida de um adolescente curdo vagando na Europa. Em "Tudo o que Desejamos", mais uma vez o importante não é a história, mas a forma como Loiret a conduz. Sua discussão sobre finitude e injustiça é ancorada na beleza delicada de Marie Gillain. Ela é o fio condutor, personagem densa em interpretação contida. Claire não quer despertar compaixão. A atriz consegue esse intento. Seu drama não é para fazer chorar, é para inspirar reflexão." (Thales de Menezes)
''A julgar por seus dois últimos filmes, pode-se afirmar que a principal preocupação do cinema do francês Philippe Lioret é o fracasso das instituições do capitalismo contemporâneo e as consequências sociais trazidas por isso. Tanto em Bem-Vindo (2009) quanto em Tudo O Que Desejamos – lançado recentemente nos cinemas brasileiros – a solução possível para esse impasse não é coletiva, e sim individual. As pequenas atitudes solidárias, mesmo que impensadas, são a base para um mundo mais humano, parece dizer Lioret. Em Bem-Vindo, o personagem de Vincent Lindon pretendia impressionar a ex-namorada ao fornecer abrigo a um imigrante curdo que deseja ir para a Inglaterra. Só depois de um tempo é que ele se afeiçoa ao rapaz, percebe os absurdos da política anti-imigração do governo Sarkozy, e decide ajudá-lo a buscar seu objetivo. Já em Tudo ''O Que Desejamos'', um ato de solidariedade a uma conhecida, somado a reflexões sobre a finitude da vida, resulta em uma ampla defesa contra pessoas oprimidas. A alegre vida em família da juíza Claire (Marie Gillain) com seu marido e os dois filhos ganha data para terminar quando ela descobre ter uma doença incurável. Paralelamente a isso, ela se compadece pelo sofrimento da mãe da melhor amiga de sua filha, que está sendo processada por não ter cumprido contratos de empréstimo, e acaba tendo o auxílio de um magistrado veterano para lutar contra financeiras que exploram a falta de informação de seus clientes para lucrarem cada vez mais. É essa relação quase paternal que surge entre os dois juízes que impulsiona todo o filme. O juiz, interpretado pelo sempre ótimo Vincent Lindon, vai aos poucos abandonando o ceticismo adquirido durante anos de trabalho e volta a acreditar na Justiça. Já Claire, que escolheu a profissão por influência das loucuras financeiras da mãe, se motiva não apenas pelo pouco tempo de vida que lhe resta, mas também por enxergar nesse processo uma maneira de interferir no destino de seus familiares, uma vez que ela se mostra mais forte emocionalmente do que seu marido. Como a doença da protagonista quase não se reflete fisicamente, o que mais interessa nessa história não é a iminente morte de Claire, mas sim o seu questionamento interno sobre como ficarão as pessoas de que gosta sem ela. Este fato traz uma certa previsibilidade ao roteiro, mas evita a repetição de clichês típicos de filmes com essa temática. Além disso, deve-se ressaltar que as fortes e rápidas amizades surgidas entre alguns dos personagens nunca parecem artificiais, já que cada um deles possui uma motivação específica para se ligar um ao outro. Com um humanismo que lembra aquele visto no recente As Neves do Kilimanjaro (2011), de Robert Guédiguian, ''Tudo O Que Desejamos'', voluntariamente ou não, acaba fazendo uma curiosa releitura de uma das principais teorias de Adam Smith, pai do liberalismo econômico e grande influenciador do capitalismo moderno. Para Smith, os empresários que visavam o próprio lucro acabavam fazendo o bem para todo o mercado, por meio do que ele chamava de uma mão invisível. Já Lioret parece acreditar em uma mão invisível social, através da qual mesmo os desejos mais individualistas, se forem bem intencionados, resultam em algum tipo de bem para a sociedade. Essa é a solução proposta pelo diretor para melhorar um mundo em que contratos fraudulentos são mais importantes que pessoas." (Adriano Garrett)
2012 César
Fin Août Productions Mars Films France 3 Cinéma Rhône-Alpes Cinéma Mac Guff Ligne Nord-Ouest Productions Canal Plus CinéCinéma France Télévision Banque Postale Image 4 Uni Étoile 8 Sofica Manon Soficinéma 7 Centre National de la Cinématographie (CNC)
Diretor: Philippe Lioret
608 users / 78 faceSoundtrack Rock
Rickie Lee Jones
Check-Ins 564
Date 18/08/2014 Poster - - DirectorClaude MillerStarsAudrey TautouGilles LelloucheAnaïs DemoustierAn unhappily married woman struggles to break free from social pressures.[Mov 04 IMDB 6,1/10] {Video/@@@@} M/49
THERESE D
(Thérèse Desqueyroux, 2012)
TAG CLAUDE MILLER
{simpático}Sinopse
''Uma mulher infeliz no casamento se esforça para se libertar das pressões sociais e de sua entediante vida suburbana. Baseado na obra homônima de François Mauriac. Último filme de Claude Miller.''
''A segunda adaptação de Thérèse Desqueyroux, romance de 1927 do Nobel de Literatura de 1952, o francês François Mauriac, ressente-se do problema das críticas aos valores de uma época: ficar datadas. A versão é o último trabalho do prestigiado Claude Miller, morto um mês antes da estreia do filme no encerramento do Festival de Cannes do ano passado. Rebatizado "Therese D.", o filme relata os infortúnios de uma jovem (Audrey Tautou) num ambiente rural e retrógrado no final dos anos 1920. Depois de se casar com um homem de espírito conservador, ela tem de reprimir a vocação libertária e só encontra saída numa decisão extrema. Neste universo de mentalidades restritas, a mulher fica reduzida à transmissão de propriedades pelo casamento e à geração de um herdeiro que, por sua vez, reproduzirá a lógica machista e patriarcal. A primeira adaptação, de Georges Franju, cineasta influente e pouco conhecido, tirava sua força do isolamento da personagem vivida por Emmanuelle Riva (de Amor). A nova versão dispensa os recursos do cinema moderno de Franju e filma a paixão de Therese com um convencionalismo formal que a converte numa heroína sem nada de especial. A sobriedade de Audrey Tautou torna-se, aos poucos, tediosa. Seu lar, Gilles Lellouche, pode ter o físico apropriado para o papel de marido tacanho, mas nunca alcança a gravidade necessária a Bernard Desqueyroux. Logo, o efeito equivale ao da leitura de um volume guardado há muito tempo numa estante. Podemos ler com reverência sem nunca experimentar arrebatamento." (Cassio Carlos Starling)
Último filme de Claude Miller define a indefinição.
''Em 1962, o vencedor do Nobel de literatura François Mauriac colaborou com o diretor Georges Franju para levar ao cinema seu romance Thérèse Desqueyroux. O filme (veja aqui), estrelado por Emmanuelle Riva e Philippe Noiret, segue a mesma estrutura do livro, partindo da absolvição da protagonista da tentativa de envenenar seu marido. No caminho para casa, flashbacks tentam responder o que transformara aquela mulher rica e inteligente em uma assassina – Onde nossas ações realmente começam?. Em seu último filme (o cineasta morreu durante a pós-produção), "Therese D", Claude Miller optou por subverter o enredo não linear, contando a história de Thérèse sequencialmente, sem digressões. A escolha, ao invés de criar uma resposta direta àquela primeira pergunta (deixada em aberto tanto no livro, quanto na primeira adaptação), torna a personagem-título ainda mais ambígua. Thérèse é imprecisa. Tão sábia quanto tola, com um desejo simultâneo por liberdade e repressão. Essa indefinição da personagem torna-se crível pela atuação de Audrey Tautou. Sua Thérèse é sempre distante, como se flutuasse entre as coisas da vida – o amor, o casamento, o desejo, a família, a independência. Só há emoção na adolescência, nas suas brincadeiras com Anne (irmã de Bernard, seu futuro marido) - um amor apenas sentido, mas jamais racionalizado, pelas personagens – e no cuidado com sua tia Clara. A narrativa linear, escrita por Miller e Natalie Carter, torna o filme cansativo. Porém, sua sobreposição à fotografia precisa de Gérard de Battista é o que vai, gradualmente, construindo o mundo da personagem. Entre as grandes propriedades de pinheiros no sudoeste da França, se constitui a indefinição de Thérèse. De um lado vê a enseada, onde um barco de vela vermelha, pilotado por um marinheiro português, corta a paisagem e parece cantar a liberdade. De outro, vastos hectares de preciosa madeira, frios e secos, símbolos das suas obrigações com a família, o dinheiro. Preciso me casar pois tenho muitas ideias, explica Thérèse. Em seu último trabalho, Miller disseca o romance de Mauriac para refletir sobre a vida em si: se nossas atitudes, boas ou más, realmente nos levam a algum lugar. Sua conclusão é hesitante como sua protagonista, o que torna ''Therese D'' ainda mais interessante." (Natalia Bridi)
''Um conjunto de silêncios compõe a vida provinciana de Thérèse Desqueyroux, personagem de Audrey Tautou, do filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" , em "Therese D." , do diretor Claude Miller, que estreou nesta sexta nos cinemas brasileiros. O longa é a segunda adaptação do romance homônimo de François Mauriac, ganhador do prêmio Nobel de Literatura em 1952 pelo "profundo 'insight' espiritual e artístico com que seus romances penetraram o drama da vida humana" . A primeira adaptação é de 1962 e trazia Emmanuelle Riva, indicada ao Oscar de melhor atriz por "Amor" , no papel principal. Passado na década de 20, "Therese D." retrata uma mulher diferente das outras, que tem muitas ideias na cabeça. Após um casamento arranjado, baseado em interesses familiares, Thérèse vive uma vida pacata, morna e infeliz, em que sua principal função é gerar um herdeiro. Embora a personagem não se defina sobre o que quer, ela demonstra o tempo todo o que não quer. A vida se torna cada vez mais pesada e a personagem apática. A infelicidade é visível em seu rosto. A paixão da amiga Anne pelo português sedutor Jean Azevedo traz à tona o que ela está perdendo com sua vida familiar provinciana, a liberdade. Compartilhando dos mesmos ideais, ela passa a trocar cartas com Jean e se descobre já impregnada pela atmosfera entediante da própria vida. Apesar da imprecisão, Thérèse passa a tentar envenenar o marido, talvez para "ver em seus olhos algum tipo de inquietude" , mas é descoberta e vai a julgamento. Suas obrigações familiares são simbolizadas pelos pinheiros, a fortuna da família e seu fardo, que sofrem com queimadas de verão. Por outro lado, a região de Jean é a das águas, que traz alívio à secura e amplia seus horizontes. Explorando a complexidade da personagem, Miller retrata uma mulher inteligente e de boa índole que pode se tornar uma assassina pela opressão do meio em que vive.'' (Roseane Aguirra)
{Talvez algumas pessoas simplesmente tenham nascido no lugar e na época errada. Para alguém envolvido por um ambiente cheio de preconceitos, perceber o certo e errado para si mesmo torna-se um desafio que pode levar a atitudes equivocadas} (ESKS)
''Talvez algumas pessoas simplesmente tenham nascido no lugar e na época errada; e talvez esse seja o caso de ''Therese D'' Para alguém envolvido por um ambiente cheio de preconceitos, perceber o certo e errado para si mesmo torna-se um desafio que pode levar a atitudes equivocadas. Audrey Tautou, a eterna Amélie Poulain, protagoniza o último longa do diretor Claude Miller, morto em 2012. A atriz deve levar muitos fãs para revê-la. E não será fraca a surpresa desse público alternativo ao se deparar com uma personagem extremamente infeliz diante da própria vida. Baseado no romance Thérèse Desqueyroux, de Fraçois Mauriac, o filme segue a trama do livro que nasceu a partir de uma notícia de jornal sobre uma mulher acusada de envenenar o marido. Ao ver seu destino traçado por um casamento de interesse com Bernard, a protagonista entra em um estado catatônico. Quando ele passa a se medicar com gotas de arsênico, ela vê uma chance para se libertar daquela história. Audrey Tautou despeja um desgosto eminente a cada gesto, expondo a infelicidade da personagem de forma expressiva através de seus grandes olhos escuros. A depressão não é colocada em palavras, o que gera uma sensação aflitiva; ela parece sufocada pela falta de compreensão dos outros e pelos próprios pensamentos. Diferente da Thérèse interpretada por Emmanuelle Riva (Amor) na versão cinematográfica de 1962, Audrey dá vida a uma persona extremamente frágil, sem muita convicção. No primeiro filme, o contraste entre a redoma da ignorância confortável e o sofrimento de uma mente pensamente é perceptível; a narrativa em primeira pessoa expõe uma personalidade forte e dá embasamento à trama. Aqui, sequências pouco marcantes tentam explicar os acontecimentos. Nem sempre funciona. Quando a irmã de seu marido e amiga de adolescência apaixona-se pelo jovem idealista Jean Azevedo, Therese inveja a felicidade dos dois. O coadjuvante entra como uma voz libertária na comunidade atrasada, abrindo um novo horizonte. Mas quando vê a possível liberdade pela primeira vez, a protagonista cai novamente no cárcere privado do casamento, sendo obrigada a manter as aparências. Planos amplos de fotografia marcante chamam a atenção, algo comum aos bons filmes de época. O longa começa bem, mas acaba perdendo o ritmo com muitos personagens passando de forma ligeira pela trama. Essa aparente pressa para amarrar a história parece ser o destino de várias adaptações literárias nos dias de hoje, talvez o maior desafio a ser superado pelo gênero. Anna Karenina acabou da mesma forma, assim como Os Miseráveis. Sem dúvida, Audrey Tautou traz uma versão interessante da desiludida senhorita Desqueyroux, baseada em gestos e sutilezas, não em palavras - uma opção audaciosa para a trama tão substancial e filosófica. Porém, se você realmente quer conhecer a dicotomia da personagem no cinema, não deixe de assistir a obra-prima homônima com Emmanuelle Riva para tirar suas conclusões sobre o "crime" de ''Therese D''.'' (Cristina Tavelin)
2012 Palma de Cannes
Les films du 24 France 3 Cinéma TF1 Droits Audiovisuels Canal+ Ciné+ France Télévision Sofica UGC 1 Soficinéma 8 La Banque Postale Images 5 Cofinova 7 Région Aquitaine (support) Centre National de la Cinématographie (CNC) Procirep Cool Industrie LBPI 5
Diretor: Claude Miller
2.604 users / 960 face
Check-Ins 681 15 Metacritic
Date 05/09/2014 Poster - ###### - CreatorDanny BilsonPaul De MeoStarsJohn Wesley ShippAmanda PaysAlex DésertA police forensic scientist, Barry Allen, battles crimes as the super-fast superhero "The Flash."[Mov 03 IMDB 7,1/10 {Video}
THE FLASH
(The Flash, 1990)
''Planeta: Terra; Cidade: Tóquio... ops, começo errado! O planeta é mesmo a Terra, mas a cidade é Central City, nos EUA. O cientista policial Barry Allen foi atingido por um raio e banhado por vários produtos químicos, ganhando supervelocidade e se tornando o Flash. ''The Flash'' (Pet Fly Produtions, 1990) foi uma das melhores adaptações de uma HQ já feita para a TV. Essa história começou quando os donos da Pet Fly, Danny Bilson e Paul DeMeo, aproveitaram seus trabalho recente com super-heróis (tinham acabado de vender a idéia de Rocketeer para a Touchstone) e tentaram vender para a CBS uma serie chamada Unlimited Powers. O projeto teria como estrelas o Arqueiro Verde, Bloko (não me pergunte quem é esse) e Flash, mas foi recusado. Como o aniversário de 50 anos da criação do Flash (personagem criado em 1940) se aproximava, a série acabou virando só ''The Flash''. Aproveitando o orçamento liberado pela CBS e contando com o apoio do pai, Bruce - diretor de Agente 86 e Mulher-Maravilha, entre outros - , Danny Bilson chamou uma equipe de 8 excelentes roteiristas. Liderados por Howard Chaykin (American Flagg), a equipe preparou um episódio-piloto com custo de superprodução: US$ 6 milhões. O ator escolhido para ser o Corredor Escarlate foi o na época desconhecido John Wesley Shipp. Chamaram a atriz Amanda Pays para interpretar a Dra. Tina McGee, praticamente repetindo seu papel de cientista na extinta série Max Headroom. A escolha não podia ser melhor. Além de bom ator, John Wesley Shipp tinha físico pra convencer tanto como o cientista Barry Allen quanto como o herói Flash, e Amanda Pays viveu o auge de sua carreira no papel da Dra. McGee. O episódio-piloto reconta a origem do herói: Barry, filho e irmão de policiais bem sucedidos, sofre o acidente com o raio e se torna o Flash pra vingar o irmão morto por uma gangue (nossa, que original...). O interessante é a desculpa criada pro uniforme dele: o atrito destrói qualquer roupa que ele esteja usando, exceto seu uniforme, um protótipo de traje de mergulho feito pra resistir a pressões altíssimas. O piloto também incluía os já tradicionais alivios cômicos da série: o parceiro de Barry no laboratório, Julio (Alex Desert), e os policiais Bellows (Vito DAmbrosio) e Murphy (Bill Manard) - experts em fazer tudo errado. Apesar desses detalhes, o resultado final foi excelente e teve ótima aceitação. Com o sucesso, a CBS deu carta branca pra Pet Fly continuar produzindo ''The Flash''. Vieram então os primeiros problemas. A equipe de roteiristas teve que ser reduzida de 8 pra 3 (Chaykin, John Francis Moore e Gail Morgan Hickman), o orçamento apertou e a CBS decidiu do nada mudar a política da série: na assinatura do contrato, a rede de TV tinha exigido que The Flash fosse uma série policial, mas mudou de idéia durante a temporada. Por isso, a série não tem muitos supervilões (2 dos quadrinhos; Trickster e o Capitão Frio, e mais Gideon, o Dr. Carl Tanner, Trachmann, o Fantasma, Pollux e Omega em 22 episódios). Apesar de ter episódios memoráveis e de ser uma série de super-heróis acima da média, o lucro não chegava, e a pequena Pet Fly não suportou os prejuízos, interrompendo a série logo na primeira temporada. O protagonista da série, Barry Allen, era na verdade uma mistura de todos os Flashes. Na série, ele era retratado como um filho rejeitado por ser um perito criminal, ao invés de um policial linha dura, como foram seu pai e irmão. John Wesley Shipp, um desconhecido na época, conseguiu agradar ao público, e arrancou elogios com seu papel de Flash/Barry. Depois de um tempo sem papéis de destaque, ele está pagando todos os seus pecados na série Dawsons Creek, no papel do pai de James Van Deer Beek - o Dawson (só queria saber o que um ator bacana como John tem a ver com um mala como James Van Deer Beek. Esse cara é muito chato!!!). A cientista Cristina McGee foi interpretada por Amanda Pays, que tinha acabado de sair de um sucesso razoável em Max Headroom. Apesar de nas HQs a Dra. McGee nem conhecer Barry Allen (ela conhecia o Flash-Wally West), na série ela é o par romantico do herói, que pra variar, fica naquele chove-não-molha irritante que todos conhecemos. Depois do Flash, ela tem se dedicado a filmes péssimos e pilotos de séries que não decolam, ou seja, não tem feito nada que seja digno de nota. O parceiro de Barry Allen, Julio, interpretado por Alex Desert, era na minha opinião um dos mais injustiçados personagens da série. Eu me borrava de rir sempre que ele aparecia. Atualmente, Alex trabalha na série Becker, com Ted Danson, no papel de um dono de banca de jornal cego.'' (Thiago Dinobot)
Pet Fly Productions Warner Bros. Television
Diretor: Robert Iscove
2.764 users / 1.261 face
Check-Ins 293
Date 04/09/2013 Poster - ### - DirectorWally PfisterStarsJohnny DeppRebecca HallMorgan FreemanA scientist's drive for artificial intelligence takes on dangerous implications when his own consciousness is uploaded into one such program.[Mov 02 IMDB 6,3/10] {Video/@} M/42
TRANSCENDENCE - A REVOLUçÃO
(Transcendence, 2014)
TAG WALLY PFISTER
{esquecível}Sinopse
''Na trama, cientistas trabalham para criar o primeiro computador com consciência. Quando um grupo de terroristas antitecnologia assassinam um dos pesquisadores (vivido por Johnny Depp), a esposa (Rebecca Hall) do cientista faz um upload do cérebro do marido para o protótipo do computador. Inicialmente, ela entende que o experimento fracassou, mas logo percebe que a mente dele está viva dentro da máquina.''
"O conceito é atual e até mesmo ousado (ainda que não inédito - bem pelo contrário), porém a execução falha e cai em situações já exploradas por Hollywood, e os personagens acabam sendo aqueles mesmos estereótipos arrogantes e desumanos (no sentido ruim)." (Alexandre Koball)
''Direto ao ponto: "Transcendence - A Revolução" é muito fraquinho. Se fosse lançado há 40 anos, talvez emplacasse. Mas hoje tudo na tela soa óbvio, previsível, sem graça. Nesse novo fracasso de Johnny Depp, ele tem muita gente com quem dividir a culpa. O roteiro não é nada inventivo, a edição das cenas é monótona e as atuações são de nível ginasiano, até mesmo de gente normalmente boa, como Morgan Freeman e Rebecca Hall. Tudo bem que na maior parte do filme Depp só aparece numa tela, mas mesmo no trecho inicial, quando ainda é de carne e osso, ele não dá a mínima consistência a seu personagem. Will Caster deveria ser um cientista arrebatador, um Steve Jobs com mais cérebro e carisma. Depp deixa o personagem sonolento. Quando é envenenado e aguarda a morte certa, continua atuando em tom enfadonho. A ideia de passar a mente de um moribundo para os arquivos de um computador é manjada demais na literatura de ficção científica. Por isso, cenas que deveriam ser dramáticas, como aquela em que a mulher de Caster consegue contato digital com ele após a morte, são óbvias e sem brilho. Assassinado por terroristas contrários ao desenvolvimento de inteligência artificial, Caster, um gênio nessa área, se torna onipresente em tudo que está conectado à internet e a satélites. Daí para que comece a delirar e querer ser Deus é um pulo. Talvez o problema principal da atuação de Depp esteja justamente aí. Querendo provavelmente criar um tipo cool, frio, ele cai em profunda apatia. Suas reações não correspondem ao que se espera de um cérebro que busca conquistar o mundo e reformatá-lo. Morgan Freeman, como um cientista veterano, e Paul Bettany, no papel do melhor amigo de Caster, que resolve combatê-lo para proteger o planeta, são atores tarimbados que não têm o que fazer. Encaram papéis rasos, que não dão recursos para a dupla. Rebecca Hall, uma atriz charmosa e interessante, carrega a pior missão no elenco. O amor por Caster deveria conduzir a moça a uma aceitação inicial dos planos do cientista morto-vivo, para que depois ela percebesse a roubada megalomaníaca na qual acaba se metendo. Mas o roteiro não ajuda em nada a personagem, que tem reações totalmente incoerentes. Enfim, ela está perdida, como seus colegas." (Thales de Menezes)
Por trás da absoluta falta de qualquer mérito, jaz a diversão de chafurdar na lama.
''Era uma vez um diretor de fotografia que trabalhava sempre com o mesmo diretor. Indicado continuamente ao Oscar por suas colaborações, um dia esse fotógrafo finalmente levou o careca dourado pra casa. E aí nossa fábula vira pesadelo, porque, como constantemente acontece, ter talento como padeiro não significa que você vá ter como dono da padaria. E aí temos Wally Pfister, premiado por seu trabalho em A Origem (Inception, 2010), tendo seu primeiro projeto como cineasta apoiado pelo chapa Christopher Nolan. O resultado é ''Transcendence – A Revolução'', o maior desastre do ano até agora. Fracassado nas bilheterias e entre os críticos, o filme é a cara dos projetos que Nolan e Pfister tocaram juntos... só que piorado, sem charme, sem talento e com um roteiro especialmente ruim. O bacana é que o prestígio da galera chamou nomes de peso para queimar no inferno junto com eles, como Morgan Freeman, Paul Bettany, Rebecca Hall e o protagonista Johnny Depp, que atualmente acha que o mundo é um parquinho de praça vagabundo, velho e enferrujado, se dispondo a passar tétano a qualquer que se aproximar dele. A lista de erros crassos na qual já tínhamos Sombras da Noite (Dark Shadows, 2012), O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, 2013), O Turista (The Tourist, 2010), Diário de um Jornalista Bêbado (The Rum Diary, 2011) e o último Piratas do Caribe se junta esse novo, que deve levá-lo mais uma vez a lista dos Framboesas. Por favor, premiem logo! Na trama cheia de rombos que provocam questionamentos lógicos de 2 em 2 minutos (e olha, antes que me acusem de ser preciosista - e que eu teria o direito de ser - apesar de ser uma ficção científica, os erros nada têm a ver com a realidade construída para o filme; é tudo erro de lógica padrão mesmo, furos de narrativa comuns a qualquer filme horrível), conhecemos o cientista tecnológico Will Caster, defensor da evolução da inteligência artificial. Depois de uma palestra, Will sofre um atentado e fica frente a frente com a finitude, precisando recorrer a um imenso computador criado por ele para abrigar sua "mente e memórias" quando ele se for. É aí que o uso da inteligência artificial se fundiria com o melhor do ser humano moderno, mas óbvio que a experiência não será bem sucedida assim que Will parecer sair do controle das suas ideias e literalmente querer bancar um deus. Incrível perceber que ninguém lembrou do igualmente ridículo Assassino Virtual (Virtuosity, 1995), bomba estrelada por Denzel Washington e Russell Crowe há quase 20 anos, de desenvolvimento parecido. A culpa não é tanto do elenco (embora Depp esteja realmente no piloto automático que assumiu estar em recentes entrevistas), mas do péssimo roteiro e da inexistente experiência de Pfister atrás das câmeras para comandar um set. Tudo parece artificial e preguiçoso no longa, com imagens estéreis que lembram trechos de National Geographic aqui e ali para situar a natureza, além dos lugares comuns ligados ao gênero do material, repetido à exaustão aqui em momentos idênticos ao que de pior já vimos. A verdade é que estamos diante daqueles produtos históricos, nível A Reconquista, Striptease, O Mensageiro, Ishtar e tais, aquelas coisas comentadas durante anos, que aparecem de tempos em tempos sujando todos que se aproximaram delas. Ao mesmo tempo, esse tipo de filme onde absolutamente nada dá certo é (felizmente) cada vez mais raro, e talvez por isso a sessão deles seja tão divertida e inesquecível. Confesso que poucas vezes recentemente me diverti tanto e saí mais relaxado de uma sessão, quase agradecido ao universo pela bomba recebida. Creio que meus colegas jornalistas concordaram comigo porque a diversão foi generalizada; espero que o público relaxe com tamanha ruindade e saiba também encarar a montanha russa de esterco que Hollywood nos deu de presente nesse 2014." (Francisco Carbone)
Ficção científica demonstra potencial maior do que o resultado final.
''Transcendence – A Revolução” conta a história de Will Caster (Johnny Depp), um neurocientista especialista em Inteligências Artificiais casado com Evelyn (Rebecca Hall), uma defensora de causas ambientais, além de também neurocientista. Seu amigo Max (Paul Bettany) também tem interesse em tecnologia, porém com mais ressalvas que o casal, já que não gosta da ideia da humanidade deixar tudo nas mãos de uma inteligência artificial. Depois de sofrer um atentado organizado por um grupo radical, Will se torna cobaia de um de seus próprios experimentos e tem sua mente transferida para um megacomputador. No entanto, depois de conseguir se conectar à internet, sua consciência começa a traçar planos mirabolantes para o desenvolvimento da humanidade. O roteiro escrito por Jack Paglen toca em vários pontos relevantes para a nossa sociedade atual: há uma citação a programas sobre destruição de smartphones em liquidificadores, o hábito de pessoas não se comunicarem de outra forma além de mensagens de texto, e mais profundamente, na relação de dependência que a humanidade tem da tecnologia, especialmente a informática. Infelizmente, nem tudo são flores no script do estreante. Alguns aspectos da tecnologia criada por Will são pouco desenvolvidos (e ligeiramente exagerados, especialmente por conta do espaço de tempo com que tal progresso ocorre na trama), assim como o radicalismo das decisões do governo americano a respeito do laboratório gerenciado por Evelyn. No entanto, a maioria das falhas de roteiro é sobrepujada pelo espetáculo visual que é o filme. As rimas e metáforas visuais se espalham por todo o filme, como a relação entre a planta de uma cidade e uma placa de computador, ou a bela composição que exibe um apanhador de sonhos adornado por outra placa. A paleta de cores reforça a melancolia dos personagens, sempre apostando em tons frios e neutros, como azul, cinza, branco e preto. Nem mesmo a aridez do deserto consegue transmitir algum calor ao espectador. Além disso, a direção de arte trabalha em excelente consonância. Os ambientes herméticos do laboratório, assim como o quarto de Evelyn, sombrio e escuro, demonstram o esmero da equipe de produção. O único aspecto visual que merece ressalvas é o trabalho de efeitos visuais. Apesar de presentes em quase todas as cenas, em alguns momentos tais efeitos saltam aos olhos de forma exagerada, chamando a atenção do público além do que deveria. O elenco executa um bom trabalho, mas sem grandes momentos. Johnny Depp, curiosamente, quando aparece na forma humana parece mais robótico do que quando empresta apenas sua voz, o que ocorre por quase todo o tempo de projeção. Paul Bettany tem uma participação competente, conferindo boa carga dramática a seu personagem. Rebecca Hall é quem tem maior destaque por sua atuação. A intensidade com que Evelyn se entrega em cada decisão é quase palpável. E a atriz consegue transmitir cada sentimento de sua personagem de maneira completa, indo desde sua expressão corporal às lágrimas e gritos. Cillian Murphy e Morgan Freeman completam o elenco, igualmente discretos. O diretor estreante Walter Pfister (excelente diretor de fotografia, parceiro habitual de Christopher Nolan) conduz bem o filme, ainda que deixe o ritmo cair vez ou outra (especialmente nas cenas de ação). Dessa forma,” Transcendence – A Revolução” se mostra uma ficção científica regular, com o potencial maior que o resultado final.'' (David Arrais)
''Novo filme estrelado por Johnny Depp, ''Transcendence - A Revolução'' é ousado apenas no título, afinal a produção não consegue fugir dos clichês sobre perigos da tecnologia – tema abordado tantas vezes no cinema. O longa comandado pelo estreante Wally Pfister, diretor de fotografia de A Origem, tem visual inspirado e só. Nem mesmo a história potencialmente interessante consegue entreter. Na trama, Depp é Will Caster, revolucionário cientista prestes a criar a primeira inteligência artificial consciente. Quando um grupo anti-tecnologia faz diversos atentados contra empresas do gênero, Caster é envenenado e tem poucos dias de vida. Sua esposa decide, então, tentar transferir a mente do marido para o computador, com a esperança de manter ao menos uma parte sua viva. O longa está cheio de momentos reflexivos quando, na verdade, não há nada a refletir, bem diferente do que o diretor Spike Jonze fez em Ela. No longa indicado ao Oscar deste ano, a Inteligência Artificial é tratada da forma mais humana possível, como seres que ao invés de destruírem seus criadores querem entendê-los, amá-los e, finalmente, seguir seu próprio caminho. Em Transcendence nada disso importa. O computador interpretado por Johnny Depp não tem a profundidade de Samantha (Scarlett Johansson em Ela) e está lá apenas para servir de ameaça simplória para a humanidade. Isso, a Skynet de O Exterminador Do Futuro faz melhor e olha que a vemos apenas por meio de seus androides caçadores de humanos. Se pelo menos o suspense criado por Pfister fosse o mesmo, as coisas poderiam melhorar, mas esse aspecto é inexistente. Eventualmente, baixa o espírito Michael Bay em Pfister e começam a surgir ciborgues e explosões por todos os lados, mesmo assim o clima de monotonia não é quebrado. James Cameron, por exemplo, sabe como criar conflitos entre homem e máquina de forma convincente em filmes repletos de suspense e ação. Ele faz isso ao mostrar a tecnologia tanto como aliada quanto inimiga. Só que Transcendence já elimina essa possibilidade logo de início, ao mostrar um futuro próximo, no qual a tecnologia foi abandonada. O narrador (Paul Bettany) relata a colisão inevitável entre a humanidade e a tecnologia, e, em seguida, começa a explicar como tudo aconteceu de forma linear, escolha segura e sem criatividade para um longa cujo final já está claro. De forma apressada, o roteiro do estreante Jack Paglen introduz a noção de que, assim como é possível salvar músicas em um disco rígido, podemos fazer o mesmo com a consciência humana. A passagem do tempo não fica clara, o que traz a sensação de uma realidade fragmentada. Coisas que deveriam levar anos parecem acontecer em questão de semanas. As decisões com implicações globais são feitas precipitadamente, sem um plano a longo prazo, e, aparentemente, sem o consentimento dos governos. A solução para o problema é tratada de forma desproporcional e o longa tenta nos convencer da lógica de criar uma catástrofe para impedir outra. Transcendence está cheio de ideias interessantes, mas as falhas são tantas que estragam qualquer chance de apreciarmos melhor essas questões. Não há como negar: o filme é belo e tecnicamente bem feito, porém atuações fracas, personagens simplórios e trama sem sentido atrapalham muito. O próprio Johnny Depp também não é mais o mesmo e parece lhe faltar a vontade de atuar de outrora. Mas ele nem é o maior problema do filme, triste mesmo é ver boas ideias serem mal executadas, mas essa não é uma novidade em Hollywood." (Daniel Reninger)
''Ocorreram problemas temporários na busca de páginas da Web. Repetir busca para Uma das coisas que mais admiro em uma ficção científica é sua capacidade de usar sua premissa como ponto de partida para explorar questões maiores ou, no mínimo, sua habilidade de expandir suas invenções em vez de se contentar em apenas criar um universo curioso. Assim, é frustrante perceber como um filme como Transcendence parece não fazer a menor ideia acerca das ideias que pretende defender, dos conceitos que quer apresentar ou mesmo da natureza de seus próprios personagens. Para piorar, é triste constatar que esta estreia na direção de Wally Pfister, um diretor de fotografia tão competente, não consegue se tornar atraente nem mesmo do ponto de vista visual, o que não deixa de ser uma surpresa. Escrito pelo estreante Jack Paglen, o roteiro tem início em um mundo no qual a Internet foi desativada por algum motivo sombrio e no qual conhecemos o narrador Max (Bettany), que deixará de desempenhar esta função imediatamente e cujo off se apresenta, portanto, como um recurso preguiçoso para criar uma estrutura frágil para a narrativa. A partir daí, voltamos no tempo e testemunhamos o momento no qual o cientista Will Caster (Depp), que busca desenvolver um computador dotado de Inteligência Artificial, sofre um atentado planejado por uma organização que combate a tecnologia e que, embora tenha membros ligados ao fundamentalismo religioso (como indica a pergunta feita pelo personagem de Haas), é basicamente uma associação de luditas. Descobrindo ter pouco tempo de vida, Caster tem suas memórias transferidas para o sistema que vinha desenvolvendo e, assim, uma versão virtual de sua consciência passa a ter acesso a todo o conteúdo da Internet enquanto sua esposa Evelyn (Hall) enfrenta a resistência do governo e dos terroristas para desenvolver toda uma pequena comunidade em torno da presença virtual de seu falecido marido. Mas seria mesmo apenas virtual? A princípio, Transcendence parece interessado em investigar o que seria exatamente aquilo que entendemos como consciência e até mesmo identidade: o que define nossos egos é o conjunto de nossas memórias e de nossas ideias? São estas memórias que formam, em último grau, o que entendemos como nossa identidade presente? Ou a personalidade (ou personalidade) é algo intangível, definido por abstrações a partir de nossas ações? Aliás, que tal irmos além: se um ser com consciência é também onipresente, onisciente e, até certo ponto, onipotente, poderia ser considerado uma deidade? Pois a versão digital de Will Caster certamente atenderia a todos estes pré-requisitos. Como podem ver, Transcende promete questionamentos instigantes – especialmente considerando que, a uma semana de sua estreia, um software passou pela primeira vez pelo rigoroso teste de Turing e enganou mais de um terço dos cientistas que tentavam avaliar se estavam falando com um ser real ou com um computador (e não é à toa que, em certo ponto, a personagem de Rebecca Hall assume o nome Turing ao se hospedar em um hotel). Infelizmente, esta promessa é rapidamente abandonada à medida que percebemos que este é um longa que se concentra não em ideias, mas em uma trama – e que esta não só é fraquíssima, mas mesmo ridícula. Aliás, ao incorporar nanotecnologia à sua premissa, o roteiro passa a se tornar uma mistura de Os Invasores de Corpos e X-Men (caso esta tivesse sido dirigida por um débil mental), relegando o conceito de Inteligência Artificial ao segundo plano e descartando qualquer intenção de levar o espectador a refletir sobre suas implicações morais – especialmente se considerarmos que, assim que Caster se manifesta como entidade virtual, o longa passa a sugerir uma natureza de vilão através de acordes sombrios da trilha sonora. E é então que a coisa se torna realmente confusa: estaria Transcendence sugerindo que os luditas estavam certos desde o princípio em temer a tecnologia? Ora, Caster demonstra capacidade não só de curar doenças graves, como a de regenerar o próprio planeta, mas em troca de controlar o ambiente e a humanidade. Ou não? Mesmo depois que o filme chega ao fim, é difícil entender exatamente qual era a posição da narrativa em relação aos temas que ela mesma desenvolveu e se considerava Caster um vilão ou um herói mal compreendido. Por outro lado, sua visão acerca de tecnologia (e da Internet) parece vir diretamente da década de 90 e ser mais apropriada a uma postura paranoica digna de uma ultrapassada cápsula do tempo como A Rede – isto para não mencionar os furos óbvios, como a súbita percepção de Evelyn acerca da ameaça representada pela aproximação dos terroristas (como ela sabia que eram eles e o que pretendiam fazer?) ou a utilização de uma terminologia pseudocientífica que soa simplesmente ridícula (Você escreveu o código, então pode hackear um ser humano e usá-lo para fazer upload de um vírus ou Faça meu upload para o sistema). Claro que de um ponto de vista puramente técnico é difícil repreender o filme: o design de produção, por exemplo, consegue fazer um contraponto eficiente entre as geladeiras negras que marcam a tecnologia primitiva desenvolvida por Caster e as placas transparentes que representam sua evolução – e, da mesma maneira, os extensos corredores brancos, assépticos, surgem igualmente opressivos e imponentes. Além disso, se os aposentos de Evelyn são aconchegantes, demonstram também a presença incômoda do onipresente Will, o que é interessante. Por outro lado, é bastante tolo que o longa traga o personagem de Morgan Freeman usando figurinos típicos de um guerrilheiro ao perceber que Caster se tornou uma ameaça, ao passo que Johnny Depp falha como ator ao criar exatamente a mesma composição ao retratar o cientista em suas duas fases, jamais ressaltando sua transição – para melhor ou pior. O fato é que, ao final, ''Transcendence – A Revolução'' acaba soando como um Ela pobre e sem ambição: onde a obra de Spike Jonze desafiava, comovia e instigava, este apenas desaponta por apresentar, em último grau, uma Ciência tola, uma Filosofia nula e uma Moral terrivelmente confusa." (Paulo Villaça)
Alcon Entertainment DMG Entertainment Straight Up Films DMG Entertainment Syncopy
Diretor: Wally Pfister
163.793 users / 37.693 face
Check-Ins 687 45 Metacritic 881 Down 107
Date 09/09/2014 Poster - ## - DirectorGus Van SantStarsMatt DamonFrances McDormandJohn KrasinskiA salesman for a natural gas company experiences life-changing events after arriving in a small town, where his corporation wants to tap into the available resources.[Mov 06 IMDB 6,5/10] {Video/@@@} M/55
TERRA PROMETIDA
(Promised Land, 2012)
TAG GUS VAN SANT
{esquecível}Sinopse
''Um vendedor Steve Butler (Damon) chega em uma cidade do interior com o seu parceiro de vendas, Sue Thomason (McDormand). Com a cidade tendo sido duramente atingida pelo declínio econômico dos últimos anos, os dois forasteiros veem os cidadãos como prováveis a aceitar a oferta de sua empresa, os direitos de perfuração para as suas propriedades. O que parece ser uma tarefa fácil para a dupla torna-se complicado por objeção de um professor respeitado (Holbrook), com o apoio de uma campanha popular liderada por um outro homem (Krasinski).''
"Gus Van Sant rege uma história política com habilidade e personagens humanos e palpáveis. Terra Prometida é super contemporâneo e, com a escassez de recursos naturais, parece que será cada vez mais." (Alexandre Koball
"Terra Prometida" não parece um filme de Amos Gitai. Talvez por isso esteja programado, e num horário decente, num canal Telecine (e que não é o Cult). Desta vez, o israelense faz um filme de planos preferencialmente longos e seu assunto não são as relações entre Israel e Palestina, e sim o modo de ação dos mafiosos no recrutamento, transporte e distribuição de moças para prostituição. Sim, é verdade, as garotas serão vendidas no Oriente Médio. Gitai refaz o percurso das moças e da crueldade de que são objeto. Aliás, é a ideia de objetificação das moças que o filme busca encenar. E basta uma cena para resumir essa ideia: o banho coletivo, de mangueira, a que são submetidas. Existem outras sequências notáveis, mas esta já basta para fixar o principal: o estilo muda para acompanhar a trama." (* Inácio Araujo *)
''Lançado no fim do ano passado nos Estados Unidos, ''Terra Prometida'' marca a volta do grande cineasta americano Gus Van Sant (Gênio Indomável, Milk e Elefante). Van Sant esteve no Festival do Rio 2011 com o ótimo drama Inquietos. Agora, o diretor retorna dois anos depois oferecendo essa produção sobre um tema não muito conhecido do grande público: a fraturação hidráulica, conhecida nos EUA como Fracking. O ato envolve a perfuração do solo, e a injeção de fluidos a uma pressão muito elevada, a fim de fraturar rochas de xisto e liberar o gás natural. O procedimento é considerado uma técnica muito arriscada e geralmente é pouco recomendada. Terra Prometida estava programado para ser o primeiro filme como diretor do astro Matt Damon. Por motivo de agenda, e refilmagem de cenas de um projeto no qual o ator estava vinculado, Damon passou a oportunidade e se ateve apenas ao trabalho de ator na produção. Para o comando da obra, o ator chamou seu amigo de longa data, que o comandou em filmes como Gênio Indomável (1997) e no experimental Gerry (2002). ''Terra Prometida'' também marca por outro importante fator, esse é o segundo filme dirigido por Van Sant e estrelado por Damon, no qual o ator foi o roteirista, ao lado de um jovem talento e amigo pessoal. Dessa vez, sai Ben Affleck, parceiro de escrita de Damon em Gênio Indomável, e entra John Krasinski (da série The Office). Como é sabido, Damon é um ator politizado, e consciente ecologicamente. ''Terra Prometida'' é um projeto muito íntimo para o astro, que realmente acredita na obra e a promove com coração. O curioso, no entanto, é que no filme Damon é, inicialmente ao menos, o antagonista. Funcionário de uma grande empresa de gás americana, cuja função é convencer as autoridades, e os moradores de uma pequena cidade a aceitarem o método de extração que têm a oferecer. A tarefa do sujeito mostra-se não tão fácil. Um morador local, papel do veterano Hal Holbrook (Lincoln), de 88 anos, é o primeiro a combatê-lo. Atualmente um professor na cidade, o sujeito tem um passado que o torna mais do que entendido no assunto, sabendo muito bem os riscos de tal operação. E depois, a chegada de um agressivo militante do Green Peace, vivido por Krasinski, começa a tirar o sono do desesperado protagonista. O personagem de Krasinski sabe dos riscos que o procedimento trará aos animais do local, como cavalos e vacas. Muitos animais inclusive morreram nas proximidades de locais que fizeram uso do processo. O emprego do personagem de Damon está em risco, caso ele não faça a venda para a cidadezinha. 3 Para isso, ele conta com a ajuda de uma parceira experiente, vivida por Frances McDormand (Moonrise Kingdom). Fechando o elenco principal temos um nome em ascensão dentro do cinema americano, Rosemarie DeWitt vem de produções independentes como A Irmã da Sua Irmã e O Casamento de Rachel (2008), mas começa a adentrar o cinema mainstream. Ela está escalada para ser a protagonista na refilmagem do terror Poltergeist. No filme, a atriz vive uma das moradoras da cidadezinha, que acaba se metendo num triângulo amoroso inadvertido, com os rivais profissionais. ''Terra Prometida'' tem toda a estrutura de clássicos do cinema de Hollywood. O tema central é a redenção. O protagonista de Damon apenas deseja fazer seu trabalho, e cumprir sua missão. Até começar a perceber, e pensar por si próprio, que talvez não esteja do lado certo do jogo. O filme é aconchegante e sincero o suficiente para agradar a todos. Tem a mente e o coração no lugar certo. E apesar de apresentar uma estrutura relativamente batida, usa como tema um assunto não muito conhecido do grande público, e a ele faz o favor de informar. Terra Prometida é agradável, possui boas performances, e elementos suficientes para ser recomendado." (Pablo Bazarello)
''Terra Prometida'' é um trabalho desinspirado de Van Sant, que se extenua num argumento auto-indulgente incapaz de terminar congruentemente o percurso prometido. Steve Butler (Matt Damon) é consultor de uma multinacional – Global Crosspower Solutions – especializada na extracção de gás natural. Steve é enviado para uma pequena localidade agrícola na Pensilvânia para convencer e aliciar os locais a permitir a extracção de gás nos seus terrenos. O trabalho de Steve parece bem encaminhado, porém encontra um obstáculo num professor, antigo cientista, que exige um voto popular. O problema de Steve aumenta quando um elemento de um grupo ambientalista aparece na localidade para condenar os processos extractivos da Global. O argumento de ''Terra Prometida'', assinado pelos actores Matt Damon e John Krasinski, trabalha a temática da exploração por parte das grandes multinacionais de uma forma inopinada, colocando a narrativa a favor do poder capitalista, reduzindo, e mesmo denegrindo, o papel do indivíduo comum no processo de decisão, transformando-o num mero obstáculo, facilmente removível, facilmente aliciado, envolto em inaptidão mental. Sendo a localidade em foco na história um meio pequeno, isolado, onde todos se conhecem, o argumento não resiste à estereotipagem, que aproveita, aliás, para alcançar precisamente o efeito atrás referido. Os restantes indivíduos – aqueles que têm algum poder para alterar o resultado da decisão sobre a instalação da empresa Global Crosspower Solutions – surgem mais inteligentes, sarcásticos, munidos do dom da palavra. A ideia do filme não é concretamente colocar o capitalismo num pedestal: a consciencialização para os problemas que advém do cego interesse económico ganha peso ao longo da narrativa, mas sempre de forma ineficaz, incapaz de alcançar a desejada acuidade que impele a audiência à reflexão. Falhando nesse aspecto, falha a premissa da sua existência. O percurso de consciencialização segue o percurso evolutivo de Steve Butler, consultor temível, confortável com o seu trabalho, que começa a ponderar as questões ambientais e de saúde pública que sempre rejeitou e refutou. O percurso de Steve e a sua abertura aos problemas provocados pela sua empresa torna-se, no entanto, subordinada à relação afectiva com uma popular, desprovendo o seu carácter e o seu caminho de verdadeiro sentido de mudança. Ao contrário de que certamente desejariam Damon e Krasinski, a mensagem de ''Terra Prometida'' autodestrói-se parcialmente, embora a interessante reviravolta no final, ficando a impressão da dominância inviolável, impossível de desafiar, do interesse económico, particularmente num cenário de crise que afecta especialmente as pequenas populações. Gus Van Sant é um realizador inconstante, capaz de grandes filmes como o tocante Milk e de maus filmes como o desnecessário e pretensioso remake de Psico. ''Terra Prometida'' fica algures no meio, primando no andamento calmo e descontraído e comprometendo na exposição ao supérfluo e desinteressante. Aos actores não é dado muito a provar, pelo que não se desdobram em interpretações brilhantes e memoráveis. Assumem, na verdade, um à-vontade que chega a tornar-se num elemento dissuasor para a mensagem principal. Os seus papéis são unidimensionais e descaracterizados. A localidade agrícola, enquanto meio para o envolvimento narrativo, também não se encontra propriamente retratada, nunca ficando muito clara a união entre o seu povo e o poder que o parecer de um possui para afectar o dos restantes. ''Terra Prometida'' não chega ao ponto prometido pela sua narrativa, deixando pelo percurso uma sobremaneira negativa opinião sobre o gás natural e o seu processo de extracção. Se há alguma intenção secundária, não é claro. Claro, sim, é o insucesso na transmissão e cumprimento da premissa global."(Sobre André Ramalho)
2012 Urso de Ouro
Focus Features Participant Media Imagenation Abu Dhabi FZ Sunday Night Pearl Street Films Media Farm
Diretor: Gus Van Sant
30.160 users / 10.123 faceSinopse
The Vogues / Emmylou Harris / Dolly Parton / Linda Ronstadt / Bruce Springsteen / Hank Williams / Dave Palmer
Check-Ins 709 36 Metacritic 3.540 Up 400
Date 27/04/2014 Poster - #### - DirectorMark Steven JohnsonStarsRobert De NiroJohn TravoltaMilo VentimigliaTwo veterans of the Bosnian War, one American, one Serbian, find their unlikely friendship tested when one of them reveals their true intentions.[Mov 02 IMDB 5,4/10] {Video/@} M/25
TEMPORADA DE CAÇA
(Killing Season, 2013)
TAG MARK STEVEN JOHNSON
{esquecível}Sinopse
''O americano Benjamin Ford é um veterano da Guerra da Bósnia, que decide morar em uma cabana isolada na floresta para esquecer os traumas dos anos de combate. Mas as lembranças vêm persegui-lo na figura de Emil Kovac, um militar bósnio que pretende acertar contas com Ford. Logo começa um longo combate físico e psicológico entre os dois.''
"Filme pequeno e atropelado, o mais interessante é ver Robert De Niro fazendo mais um filme a rodo - um ator insaciável. Tem algum trabalho psicológico, mas é tudo superficial e desgastado." (Alexandre Koball)
''Robert De Niro vs John Travolta… quem é que não quer ver isto? Independentemente da história, sempre que existe um filme onde dois grandes atores estão um contra o outro, apenas isso já é motivo que chegue para me despertar a atenção. Posto isto, “Temporada de Caça” é um filme razóavel, onde a história se desenrola de forma coerente e credivel. As interpretações de Robert De Niro e John Travolta são satisfatórias, longe das grandes performaces que já tiverem, mas a verdade é que estão em fases diferente das suas carreira e por isso não fui ver este filme à espera de interpretações excelentes… no caso de Robert De Niro, verdade seja dita, a idade do actor não tem ajudado em nada nas suas performances. Se em novo ele conseguia ir buscar a sua raiva interior e transmiti-la cá para fora como ninguém, agora parece que o actor perdeu essa qualidade… as diferenças emocionais não são tão acentuadas e parecem forçadas e pouco realistas… isto não apenas com base neste filme, mas em outros filmes recentes como Red Lights e Freelancers. No caso de John Travolta, o sotaque da personagem não me parece muito realista… mas como não sou sérvio, e não estou habitado a ouvi-lo, não me incomodou muito, mas percebo a quem possa incomodar. De qualquer das formas, a sua personagem tem personalidade, gosta-se ou não, neste filme é mais interessante que a personagem interpretada por Robert De Niro. O filme é empulgante por vermos estes dois astros em acção um contra o outro… mas passado um tempo começa a tornar-se um pouco repetitivo o jogo de gato e rato, que é invertido entre eles muitas vezes, o filme as tantas parece que tem 3 horas. As cenas de luta entre os dois são credíveis… mas pouco emocionantes porque verdade seja dita, eles estão velhos… mas pelo menos não tentam inventar demasiado e ariscarem tornar essas cenas em algo ridículo. É pena que o primeiro filme onde Robert De Niro e John Travolta estão juntos não seja um pouco melhor. Não posso recomenda-lo, mas para todos os verdadeiros fans destes actores vale a pena." (André Ramalho)
Millennium Films Corsan Nu Image / Millennium Films Promised Land Productions
Diretor: Mark Steven Johnson
28.577 users / 6.902 faceSoundtrack Rock
Johnny Cash
Check-Ins 713 9 Metacritic 2.960 Up 994
Date 29/09/2014 Poster - # - DirectorSeth MacFarlaneStarsMark WahlbergMila KunisSeth MacFarlaneJohn Bennett, a man whose childhood wish of bringing his teddy bear to life came true, now must decide between keeping the relationship with the bear, Ted or his girlfriend, Lori.[Mov 06 IMDB 7,1/10 {Video/@@@} M/62
TED
(Ted, 2012)
''Toda boa comédia parte de uma ideia simples: um personagem que se encontra em uma situação constrangedora, uma pessoa que precisa se passar por outra etc. Humor da TV ganha versão em pelúcia. O que é Quanto Mais Quente Melhor (1959), de Billy Wilder, senão a história de dois músicos que precisam se fingir de mulheres? O problema não é a ideia, é como ela é usada no filme. "Ted", de Seth MacFarlane, tem uma premissa curiosa: o relacionamento de um menino, John, e seu urso de pelúcia, que ganha vida e vira uma celebridade local. É, no fundo, um conto de fadas moderno, como o E.T (1982), em que um ser do espaço chega à Terra e faz amizade com um menino. Só que a história de "Ted" não para por aí. O filme pula quase 30 anos no tempo e encontra John (Mark Wahlberg) e Ted já trintões. John trabalha num escritório e namora Lori (Mila Kunis). Já Ted virou um vagabundo profissional: passa os dias bebendo, fumando maconha e tramando encontros com prostitutas. A premissa é boa. Ver um bicho de pelúcia fofinho falando palavrões e se comportando como John Belushi (de O Clube dos Cafajestes) é divertido. Por uns 15 minutos. Logo fica evidente que o filme se resume a isso, e o fraco roteiro põe tudo a perder. "Ted" vira, a exemplo de tantas comédias recentes, um desfile tedioso de piadas manjadas, gags politicamente incorretas e brincadeiras com a cultura pop. Eu sei me mexer numa pista de dança, diz John. Pessoas com mal de Parkinson também, responde a namorada. Em outra cena, Ted vai trabalhar num supermercado e assusta os clientes com seus modos grosseiros. "Ted" parece ter sido inspirado no personagem Triumph, um boneco de um cão que aparece de vez em quando na TV americana insultando pessoas e que é, de fato, muito engraçado. Só que as aparições de Triumph são curtas. Aturar um longa inteiro com ele seria um pouco demais. Esse é o problema de "Ted": é um samba de uma nota só." (André Barsinski)
"Seth MacFarlane mostra porque "está" muito mais engraçado do que Matt Groening. Não fossem pelas convencionais correrias e a obrigatória redenção no clímax, Ted seria não menos do que genial. Dessa forma, ainda consegue ser talvez a comédia da década." (Alexandre Koball)
"Ted incentiva uma discussão instigante sobre o que se tem por 'politicamente incorreto' na comédia contemporânea. Foi amplamente difundido sob este prisma, mas debaixo da fantasia publicitária na verdade não passa de uma obra almofadinha." (Daniel Dalpizzolo)
"Poderia ser um perfeito representante da clássica Sessão da Tarde - e é exatamente o tipo de filme que faremos inveja às gerações futuras por termos visto no cinema. Algumas cabeças de Hollywood ainda tem coragem de dar adeus ao politicamente correto..." (Rodrigo Cunha)
"Politicamente incorreto, com diversos momentos hilários e inúmeras referências bacanas à cultura pop, além do próprio Ted, impagável. Ainda assim, muitas piadas não funcionam e o filme sofre com problemas de ritmo. Poderia ser mais, mas é divertido." (Silvio Pilau)
"Animador ver que o humor ácido (eufemismo) do corajoso MacFarlane não sofreu interferência de Hollywood e que a maioria de suas piadas, cheias de digressões, referências e ataques "gratuitos", funcionaram bem nessa mídia, sem comprometer o ritmo do filme." (Rodrigo Torres de Souza)
"Vale pela última piada." (Bernardo D.I. Brum)
Uma deliciosa viagem nonsense.
"Ted" (idem, 2012) é desde o início hilário e, ao contrário do que entenderam alguns desavisados, a mensagem é justamente o oposto à da banalização da vida. Isso fica claro pelo desenrolar da trama e o seu desfecho. Sendo assim, Ted é um filme necessário não só por escancarar características da modernidade, como o prolongamento da adolescência/juventude ao máximo, como também por criticar com humor delicioso tanto a vida regrada tradicional, como a intensa sem limites. O meio termo, acolher os dois lados, é a grande mensagem final do longa-metragem de Seth MacFarlane, criador do seriado Uma Família da Pesada. Com direito a todas as piadas e referências politicamente incorretas possíveis, Ted é um deleite para o público. Com as comédias cada vez mais bestializadas, o ursinho de pelúcia com vida própria surge para rever dogmas sociais, sem se incitar contra eles. Assim, está salva a trama condutora de John Bennett, dono de Ted, e sua namorada Lori Collins. Os percalços que esses enfrentarão - clichês, é verdade - são o de menos. A história preza pela discussão da passagem para a vida adulta como um rompimento com outra fase, esta mais livre. Ao mesmo tempo, por que não escolher esse estilo de vida? Assim, personagens como Flash Gordon surgem para mostrar que: é possível adotar diversos estilos, certas convenções sociais caíram por terra e o american way of life faliu. Entretanto, para Lori, é urgente que seu namorado se torne maduro e deixe para trás o comportamento infantilizado de se proteger de trovoadas com seu ursinho de infância. "Ted", por sinal, é extremamente bem trabalho por meio da técnica de captura de movimentos. Crível, essa fantasia absurda com tons de fábula quando da presença do narrador, torna-se completamente plausível aos olhos do público. E isso, de certa forma, já é louvável. Vindo de um urso de pelúcia, qualquer absurdo maior parece menos relevante. Assim, fumar maconha sempre que possível, encher a cara e sair com prostitutas são comportamentos aceitáveis. E, sem moralismo, seriam aceitáveis de qualquer modo, desde que em uma sociedade mais permissiva. Ted se impõe justamente contra qualquer conservadorismo. Até uma vida a três, o que acontece afinal, é ventilada. Ted acaba sendo a favor da liberdade e contra dogmas. Isso, entretanto, não anula a noção daquilo que é realmente errado, e por isso existem os personagens Donny e seu filho. Apesar de agradável e interessante como um todo, "Ted" tem lá os seus poréns. É preciso admitir que a trama é bastante formuláica, mesmo que venha a servir ao propósito geral. É o velho enredo do relacionamento em crise por causa do comportamento imaturo do namorado, sempre apoiado em uma amizade irresponsável e dona das melhores piadas. Há também o outro homem que se interessa pela moça enquanto ela está abalada e o desfecho no qual os conflitos pessoais são resolvidos após a necessidade de união dos personagens. Soma-se a isso as raríssimas piadas que não funcionam: essas são sempre as escatológicas. Raramente um filme consegue acertar ao mexer nessa seara; geralmente tudo soa falso e sem graça. Mas Ted, com o desenrolar de sua trama – crível justamente pelo tom de fábula –, cada vez mergulha mais no nonsense. No final das contas, é uma viagem doida que embarca na intensidade de seus personagens. É daquelas viagens gostosas, hilárias e de boas recordações, que permite rir muito durante horas – até sem nenhuma droga." (Emilio Franco Jr)
Criador de Uma Família da Pesada estreia no cinema mantendo o nível de sua comédia.
"Embora a TV e o cinema tenham inúmeras características em comum, há muito também de diferente entre eles e a mudança de uma mídia para a outra não é tão fácil quanto parece. Vários atores conseguiram se sair bem, mas tantos outros ficaram pelo caminho. O mesmo vale para roteiristas, diretores, produtores, etc. Seth MacFarlane, o criador de Uma Família da Pesada (Family Guy), estreia agora no cinema com a comédia "Ted" (2012), filme que mostra a amizade entre John, um marmanjo de 35 anos, e Ted, ursinho de pelúcia que ganhou vida após um desses típicos milagres natalinos.Os dois amigos são interpretados por Mark Wahlberg e o próprio MacFarlane, responsável pela voz e movimentos do brinquedo, que são recriados digitalmente utilizando a tecnologia de performance capture - a mesma que deu vida ao Gollum em O Senhor dos Anéis. Fechando o triângulo amoroso que vai fazer a história andar para frente está Mila Kunis (That 70's Show, Cisne Negro) no papel de Lori, a namorada de John. Ao dar ouvido às colegas do escritório, Lori percebe que John é imaturo, irresponsável e não está pronto para seguir em frente no seu relacionamento. E a raiz de todo o mal, na sua opinião, é "Ted", que no final das contas, é só um urso de pelúcia e não tem que aprender sobre responsabilidades. Chega então o momento do ou eu ou ele e a longa cumplicidade entre os dois amigos é rompida. Ou pelo menos é isso o que Lori imagina, afinal, velhos hábitos são difíceis de serem deixados de lado, e John continua cedendo às tentações sugeridas pelo seu grilo falante maconheiro, mulherengo e boca-suja. Além de engraçado, o filme também é bastante nerd. Estão lá referências a Star Wars, Hasbro, twitter e, claro, Flash Gordon, filme que marcou a infância dos dois amigos e rende algumas das melhores cenas. E no melhor estilo Uma Família da Pesada, o roteiro não poupa também as celebridades. Entre os nomes citados estão Adam Sandler, Norah Jones, Chris Brown, Susan Boyle, Katy Perry, Taylor Lautner e até o Alf, aquele alienígena judeu. Apesar da fórmula comédia-romântica do roteiro, "Ted" consegue arrancar do público boas gargalhadas. MacFarlane e seus habituais comparsas de Family Guy, Alec Sulkin e Wellesley Wild, acertam a mão e provam seu ótimo timming cômico em piadas e situações hilárias, surrealistas ou simplesmente nojentas, chegando sempre muito perto do limite do aceitável. Falta ao roteiro, porém, um acabamento que deixaria as situações todas mais orgânicas, mais coerentes. Do jeito que é apresentado fica parecendo uma sitcom, que apenas alinhava tudo isso, sem jamais se preocupar muito com a trama. Um exemplo disso é a namorada de "Ted", Tami-Lynn, que surge e some da trama como um pisca-pisca. É um problema menor perto da coragem de fazer piadas (no plural) com 11 de Setembro e flatulência e se sair bem com elas. É, enfim, o estilo de comédia que fez Uma Família na Pesada se tornar uma das melhores comédias adultas da atualidade. E que comprovadamente funciona também no cinema. Desde que tenha um Seth MacFarlane por trás. (A narração de Patrick Stewart também não atrapalha)." (Marcelo Forlani)
"Brinquedos sempre ganham vida na imaginação de qualquer criança durante a época da inocência. Mas e se um urso de pelúcia pudesse realmente ganhar vida? E mais, se ele prometesse ser um amigo inseparável? É com esse tom de fábula que Seth MacFarlane, responsável pelo sucesso Uma Família da Pesada, estrela, roteiriza e dirige a comédia de humor negro “Ted”. Em uma noite de Natal, o pequeno John (Bretton Manley) deseja que seu ursinho "Ted" pudesse falar, para que eles pudessem ser amigos para sempre. Rejeitado pelos colegas, em uma rápida e cômica situação de bullying, John se surpreende quando o desejo é atendido. O milagre natalino transforma Ted em uma super estrela, que passa a coexistir na sociedade como qualquer ser humano. Agora aos 35 anos, a vida de John (Mark Wahlberg) parece ter mudado pouco. Por mais que trabalhe e tenha responsabilidades, a convivência com Ted, um urso boêmio e desbocado, ainda o infantiliza. Quando sua namorada Lori (Mila Kunis) exige maior compromisso no relacionamento amoroso, John precisa deixar Ted um pouco de lado para tentar amadurecer, mas a tarefa não vai ser muito fácil. É simplesmente impossível não simpatizar com Ted. Seja por sua tara por mulheres gostosas ou pela necessidade de estar sempre chapado, o ursinho tem um carisma natural. A voz forte de MacFarlane transmite sarcasmo e maturidade ao urso durante a fase adulta, sem perder o timing cômico. A relação de John e Ted não parece artificial e nunca fica chata. Não é estranho, a não ser para os pais de John durante a infância, ver um urso andando e falando com naturalidade. O questionamento sobre o tal “milagre” natalino não existe e é um ponto positivo do roteiro, já que poderia encaminhar a trama para o lado errado caso fosse levado a sério demais. Ted apenas ganhou vida e pronto. Os conflitos de John, que namora há quatro anos com Lori, se intensificam quando a boemia de Ted ultrapassa o aceitável. Não é que John queira ficar longe do seu ursinho, mas é preciso regrar o peludão para que sua própria vida seja, no mínimo, mais séria. Mas Ted não dá descanso, nem mesmo quando ganha seu próprio apartamento. O ursinho desvirtua os objetivos de John, o que irrita Lori e a induz a um ultimato. Ou é ela ou Ted. Em paralelo, um vilão ainda aparece para complicar as coisas. Donny (Giovani Ribisi), acompanhado de seu filho, propõe a compra de Ted e não sossegará enquanto não conseguir. As piadas quase sempre pesadas são a força motora do longa. Algumas beiram o constrangimento, mas é essa a intenção de MacFarlane. Não existe suavidade nas situações vividas por Ted, que sempre arrasta John para suas aventuras. O roteiro, entretanto, sofre com algumas pausas nos diálogos cômicos para se ocupar com subtramas pouco interessantes, como a relação de Lori com seu chefe Rex (Joel McHale) ou mesmo o vilanismo de Donny, que aparece canastrão e com motivações fracas. Donny não é engraçado, nem mesmo seu filho. Eles estão ali apenas para causar o já esperado ponto de virada para o terceiro ato, quando Ted precisa estar em perigo para fazer com que John e Lori percebam a importância dele em suas vidas. Aliás, o roteiro também é ingrato com a personagem de Mila Kunis. Lori passa facilmente do julgamento da convivência turbulenta com "Ted" para uma super heroína que deseja salvá-lo. O mesmo acontece com John, mas é mais natural visto sua relação de 27 anos com o ursinho. Lori simplesmente muda suas intenções de uma forma forçada. Ainda assim, tanto Kunis quanto Wahlberg desempenham seus pepéis no tom correto, além do próprio MacFarlane que está em tela por meio da performance capture (saiba mais aqui). Outro escorregão, talvez o mais grave, é fazer um filme para adultos que não adere completamente esse universo. Como diretor, MacFarlane não abandona o estilo infantil de encaminhar sua narrativa, que talvez tivesse mais êxito se assumisse completamente o tom de escracho. Afinal, a censura não permite crianças na sala e o filme não foi feito para elas. A ingenuidade de algumas situações atrapalha parcialmente o resultado do filme, mas não anula a comicidade da história. O longa também está repleto de referências pops e nerds. Piadas com as cantoras Katy Perry e Susan Boyle rendem as melhores risadas e as gags sempre funcionam. Entretanto, a insistência em referenciar Flash Gordon beira o descartável. Participações especiais de Ryan Reynolds e Norah Jones compensam tais desvios de foco. E um fato: bom humor e desprendimento são necessários durante a sessão ou então “Ted” pode se revelar uma experiência traumatizante." (Diego Benevides)
85*2013 Oscar
Universal Pictures Media Rights Capital Fuzzy Door Productions Bluegrass Films Smart Entertainment
Diretor: Seth MacFarlane
282.006 users / 72.046 face
Soundtrack Rock = The Bee Gees + Queen + Scream
Check-Ins 337
Date 30/09/2013 Poster - #### - DirectorAlan TaylorStarsChris HemsworthNatalie PortmanTom HiddlestonWhen the Dark Elves attempt to plunge the universe into darkness, Thor must embark on a perilous and personal journey that will reunite him with doctor Jane Foster.[Mov 03 IMDB 7,1/10] {Video/@@@} M/54
THOR - O MUNDO SOMBRIO
(Thor: The Dark World, 2013)
TAG ANDY TAYLOR
{esquecível}Sinopse
''Na sequência de acontecimentos de Thor e de Os Vingadores – The Avengers da Marvel, Thor luta para restaurar a ordem no cosmo… mas uma antiga raça liderada pelo vingativo Malekith retorna para levar o universo de volta às trevas. Enfrentando um inimigo que nem mesmo Odin e Asgard são capazes de derrotar, Thor precisa embarcar em sua jornada mais perigosa e pessoal, que o reunirá com Jane Foster e o forçará a sacrificar tudo para nos salvar.''
"Uma enjambração tremenda para encaixar tudo coerentemente (o que não conseguem fazer) no universo de Os Vingadores. Ganha pontos por ser o que é de forma bem-sucedida: efeitos especiais bons e divertidas cenas de ação." (Alexandre Koball)
"Normal dos filmes de super-herói de quadrinhos, o vilão Loki, interpretado pelo ótimo Tom Hiddleston, é muito melhor que o brucutu principal. Roteiro é uma desgraça." (Demetrius Caesar)
"Já não se espera muito dos filmes da Marvel, mas aqui é ainda pior: uma bagunça de roteiro, cenas de ação pessimamente dirigidas e, claro, a infinidade de efeitos especiais gratuitos. Loki segue sendo a única coisa que presta no universo de Asgard." (Silvio Pilau)
"É mais do mesmo, genérico e razoavelmente divertido, mais por causa do vilão e dos coadjuvantes do que por conta do próprio herói. " (Heitor Romero)
"Thor: O Mundo Sombrio", de 2013, já começa com muita ação. Thor lidera seus amigos em pancadarias pelos nove reinos de seu pai Odin; sua namorada mortal Jane Foster é logo possuída por uma força capaz de destruir o universo e monstros atacam Asgard. Chris Hemsworth e Natalie Portman seguem bonitos como Thor e Jane, mas é Tom Hiddleston quem rouba o filme no papel do ambíguo vilão Loki - como já havia feito no filme dos Vingadores.'' (Thales de Menezes)
"Se sobressai ao original no quesito entretenimento, mas bem que a Marvel poderia se desapegar da cafonice que rodeia alguns de seus personagens. Tom Hiddleston e seu Loki são o que há de melhor." (Rafael W. Oliveira)
A cilada pós-Vingadores.
''Ao contrário de praticamente toda a massa que foi assistir a Thor, eu curti o filme. O tom Shakesperiano da briga em família, com um personagem que não esconde ser um super-herói provindo de um mundo muito mais fantasioso do que o nosso, indo na contramão dessa tendência atual de deixar tudo o mais realista possível, demonstrou ser rico o suficiente para atrair a atenção para Asgard e toda sua beleza provinda de uma abordagem diferente de Capitães Américas e Homens de Ferro da Vida, mais próxima das HQs em si. Afinal, estávamos falando de um Deus, do único personagem a compor o grupo de Os Vingadores (The Avengers, 2012) a não ser da Terra, o que, por si só, já deixa toda a sua história completamente diferente dos demais integrantes. Não a toa que a ameaça que necessitou reunir todos aqueles heróis não veio desse mundo, e sim do irmão invejoso de Thor, Loki, que queria destruir a Terra. E é exatamente deste ponto que Thor: O Mundo Sombrio (Thor: The Darkest World, 2013) começa. De volta à Asgard, Thor (Chris Hemsworth, novamente tirando suspiros do público alvo) entrega seu irmão Loki (Tom Hiddleston) para o pai, Odin (Hopkins), para que seja julgado pelos crimes cometidos durante os eventos vistos em Os Vingadores. Posteriormente, enquanto Thor luta para trazer a paz novamente para os nove reinos, uma raça ameaçadora antiga liderada por Malekith (Christopher Eccleston) retorna de um longo hiato para tentar devolver o universo às trevas. É óbvio que o roteiro dá um jeito ultra forçado de colocar novamente a cientista Jane Foster (Portman) na história, quando esta, logo ela, do nada e de todas as pessoas do mundo, está no lugar errado e na hora errada para passar a ser o ponto chave que Malekith precisa para alcançar o seu objetivo. Claro, né? Não é exagero algum dizer que esta é a real sequência de Os Vingadores, pois enquanto Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013) voltou a contar uma história intimista de Tony Stark, é em Thor 2 que vemos a sequência dos acontecimentos da história principal que foi contada por lá. A Terra volta a sofrer real perigo, com um inimigo muito mais forte do que foi visto antes e que realmente pode dar fim não apenas a ela, mas a toda uma parte do universo – e aí vem o questionamento óbvio da cilada armada após a reunião, “por onde estariam os outros heróis para ajudar Thor?”. O filme toma um rumo inteligente e conta boa parte de sua história fora da Terra e, quando vem para cá, é em um lugar distante e por pouco tempo, o que deixa claro que simplesmente não daria tempo para que ele recebesse qualquer tipo de ajuda. Mas não adianta, vai ser cada vez mais difícil acreditar que os heróis, em seus filmes individuais, estarão passando por perigos reais depois da ameaça tanto de Thor 1, quanto de Os Vingadores e agora de Thor 2. Não é muito arriscado dizer que nada do que possa vir daqui para frente supere situações tão gigantescas quanto as que acontecem aqui, o que acabou deixando o filme mais divertido, maior e mais ambicioso também. Thor é um personagem relativamente óbvio, mas Odin tem seus momentos e Loki, como esperado, rouba a cena por vir dele justamente as partes mais imprevisíveis. É uma pena que o filme, para manter o maior público possível, não tenha tido a coragem de mostrar sangue perto da violência que propõe. Convenhamos, com inimigos tão brutais e sanguinários, fica difícil aceitar que não é vista uma gota vermelha sequer durante toda sua projeção. No máximo um machucadinho aqui ou ali. Mas ''Thor: O Mundo Sombrio'' é maior e melhor do que o seu anterior. Com cenas de ação mais interessantes, um mundo melhor explorado (vemos várias partes e vários equipamentos diferentes de Asgard) e com a comédia chegando precisa e em grande quantidade, vai ser difícil encontrar dessa vez alguém que goste do gênero e que não se sinta satisfeito com o que o filme tem a oferecer. Por boa parte de sua duração segue um caminho óbvio, mas vale citar também que volta e meia o roteiro dá uma de engraçadinho e contraria as expectativas do público, o que chega a ser surpreendente. Não tem o tom de tragédia do anterior, mas é um filme de ação / aventura competente no que se propõe, também no aspecto técnico, que resgata um pouco o ar de filmes de heróis dos anos 80, com luz, fumaça e cores vibrantes para diferenciar locais diferentes do padrão visual da Terra. Vale o ingresso e talvez uma pipoca." (Rodrigo Cunha)
''Troca de diretor com pouco tempo até o início das gravações, diretor descontente com o roteiro, cortes de cenas que desagradaram à equipe… Muita coisa apontava para que “Thor – O Mundo Sombrio”, nova aventura solo do Poderoso Vingador, fosse a primeira grande derrapada da Marvel Studios. Até mesmo o tom excessivamente solene do personagem nos quadrinhos e a mistura insólita de ficção científica e deuses nórdicos podia soar indigesta junto ao público médio. Mas, quase que por mágica, o filme funciona. O diretor Alan Taylor (conhecido por episódios apoteóticos de séries como Família Soprano, Roma e Game of Thrones) faz com que o humor ajude o público a viajar junto aos personagens entre os Nove Reinos, mas não deixa com que os risos sejam o elemento dominante. Há uma carga dramática muito forte na produção – a maior dentre os filmes da Marvel Studios – o que permite que os talentos de intérpretes como Anthony Hopkins, Rene Russo e, especialmente, Tom Hiddleston, sejam postos em bom uso. Mas uma fita desse porte estaria incompleta sem cenas de ação inteligentes, que utilizam o potencial épico dos envolvidos, algo provido por Taylor e sua equipe – embora certamente não seja esse fator que marcará os fãs no fim da projeção. O roteiro, escrito por Christopher Yost, Christopher Markus e Stephen McFeely (os três já bastante calejados com o Universo Marvel, aliás), mostra Thor (Chris Hemsworth) tendo de lidar com as consequências do primeiro filme e de Os Vingadores. Enquanto o seu irmão adotivo, Loki (Hiddleston), é mantido como prisioneiro nas masmorras de Asgard, o deus do trovão tem a missão de pacificar os Nove Reinos, jogados ao caos sem a proteção dos asgardianos. Preparando-se para suceder o já cansado Odin (Anthony Hopkins) no trono, Thor tem de encarar um novo inimigo que surge na figura de Malekith (Christopher Eccleston), líder dos Elfos Negros, uma raça antiga derrotada pelo avô de Thor que vê na existência da luz e da vida um erro e busca sua arma suprema, o Éter, acidentalmente encontrado pela amada do herói, a humana Jane Foster (Natalie Portman). O texto permite Alan Taylor a mergulhar nos Nove Reinos, chance que Kenneth Branagh não teve na fita original. Além disso, o foco na família real asgardiana – já devidamente introduzida – dá maior liberdade para seus intérpretes. Sai a pompa shakespeariana (que funcionou bem no primeiro filme) e entra uma rede de sentimentos conflitantes, o que torna os personagens mais falíveis e humanos. Essa mudança no tom das relações entre os semi-deuses alienígenas, agora mais naturalista, é acompanhada por uma sutil, mas sensível, alteração no design da própria Asgard. Se, em planos gerais, ela parece a mesma do filme anterior, quando vista de perto, vemos que a arquitetura do Reino Eterno sofreu grandes modificações, tendo como referências a Naboo de Star Wars e Édoras de O Senhor dos Anéis, mesclando muito bem os designs medievais e sci-fi e realmente dando a impressão de que aquele é um local habitado por pessoas de verdade, não uma locação virtual (embora os efeitos ocasionalmente escorreguem, especialmente em 3D). O amadurecimento de Thor, de inconsequente a herói, é mais explorado e finalmente concluído aqui, dando oportunidade para que Chris Hemsworth mostre que não é só músculos e sorrisos, provando o valor de seu personagem de maneira mais séria. A química do ator com o teimoso Odin de Anthony Hopkins engrandece as performances dos dois atores e, ao mesmo tempo, mostra como Thor cresceu desde que nos fora apresentado. O mesmo não pode ser dito do seu romance com Jane Foster, com todo o peso deste vindo apenas do filme anterior, sem grandes evoluções. Natalie Portman tem alguns momentos bonitinhos de “peixe fora d’água”, conhecendo a tecnologia asgardiana e se espantando com os sogros, mas não tem espaço para mostrar seu talento habitual. Ao contrário de Tom Hiddleston, cujo Loki rouba todas as cenas em que aparece. Em sua primeira metade, o filme poupa as aparições de Loki ao máximo, mas quando ele surge ao lado de seu irmão heroico, o deus da trapaça vem e mostra todo o seu potencial. Hiddleston possui um tom de voz que varia do irônico para o enraivecido de maneira bastante sutil e poderosa, e um vocabulário físico digno de Charlie Chaplin. Com ele, a complexidade das motivações e ações de Loki atingem outro patamar, sendo impossível imaginar qualquer outro ator no papel, dificultando até mesmo sentir raiva do príncipe caído, mesmo com todos os seus atos hediondos. Hiddleston eclipsa o eficiente Christopher Eccleston como Malekith, que acaba reduzido a um vilão genérico, embora ameaçador – e louve-se a adaptação para a marca no rosto do vilão. O geralmente intimidante Adewale Akinnuoye-Agbaje tem pouco a fazer como Alduin, especialmente após sua transformação no monstruoso Kurse. Rene Russo, como Frigga, finalmente ganha utilidade dramática na franquia, especialmente em suas cenas ao lado de Tom Hiddleston e Anthony Hopkins. Idris Elba e seu Heimdall é o único dos asgardianos fora da família real a ter destaque, com Sif e os Três Guerreiros subaproveitados para dar mais tela para Kat Dennings e Stellan Skarsgard como Darcy e o Dr. Selvig, que servem quase que apenas como alívios cômicos. Mesmo aqui e ali pesando a mão na comédia, especialmente nas cenas que se passam na Terra, “Thor – O Mundo Sombrio” evolui de maneira dramática os seus personagens, acerta ao focar mais nos personagens fixos que nos vilões da vez e traz alguns dos momentos mais dolorosos do Universo Cinematográfico Marvel com direito a mudanças significativas para este, o que nos faz até relevar os alívios cômicos um tanto equivocados e a trilha sonora sem peso." (Thiago Siqueira)
''O Universo construído pela Marvel no cinema é impressionante. Não só os filmes estão interligados de forma coesa, como seus personagens e tramas estão muito próximos das versões dos quadrinhos. Depois de Os Vingadores, muitas dúvidas surgiram se o estúdio conseguiria manter a qualidade e, embora Homem De Ferro 3 tenha esfriado as expectativas, Thor retorna para provar que eles sabem mesmo o que estão fazendo. O Mundo Sombrio não é superior apenas ao primeiro longa do Deus do Trovão, é também um dos melhores da Marvel. O roteiro funciona, a narrativa tem bom ritmo e alterna ação e humor na medida certa, além de contar com a presença de Tom Hiddleston, que novamente rouba a cena como Loki. Outro ponto positivo é Chris Hemsworth se mostrar seguro como protagonista, agora muito mais centrado e maduro. Depois da batalha de Nova York, em Os Vingadores, as aventuras solo dos personagens passaram a apresentar ameaças cada vez maiores. Foi o caso em Homem de Ferro 3 e não poderia ser diferente nesta sequência. Na trama, não só a Terra está em perigo, como toda a existência, afinal o líder dos elfos negros, Malekith (Christopher Eccleston), acorda de seu sono milenar para encontrar o Éter, arma capaz de trazer de volta a escuridão ao universo. Essa batalha do bem contra o mal pode ser bem clichê, mas estamos falando de um filme de super-heróis, então a premissa é aceitável. Visualmente, o longa impressiona com ótimos efeitos especiais, belos cenários e figurinos. Asgard, a terra natal do herói, lembra muito a versão original dos quadrinhos de Jack Kirby e só isso já é um grande feito para o cinema. A arquitetura nórdica, incrementada com alta tecnologia, se encaixa muito bem com a narrativa, ao ponto de perder parte da graça quando voltamos à Terra. O toque especial do diretor Alan Taylor, conhecido por dirigir diversos episódios da série Game of Thrones, fica claro em diversos momentos, como na cena de um funeral, que está entre as mais belas já feitas pelo estúdio. Entretanto, existem falhas. O vilão Malekith é incapaz de intimidar e possui motivações um tanto quanto rasas. Além disso, seu plano de ação não é dos melhores e mesmo com pouco tempo para agir, já que precisa da convergência de planetas que só acontece a cada mil anos, sua afobação o leva a cometer erros demais. Não há dúvidas de que Eccleston é bom ator, porém a maquiagem pesada e o pouco tempo de tela não permitem desenvolvê-lo como deveria. O problema não está restrito apenas ao antagonista, outros personagens também são mal aproveitados. O próprio Loki fica tempo demais sem aparecer e os quatro guerreiros amigos de Thor estão lá apenas para cumprir contrato. Lady Sif (Jaimie Alexander) até tem algum destaque quando ameaça entrar em um triangulo amoroso com o herói e Jane Foster (Natalie Portman), mas isso logo é descartado. O romance dos protagonistas é exatamente o aspecto menos interessante da narrativa. Portman até faz uma bela donzela em perigo, mas o amor dela pelo deus é grudento e tão descartável quanto o de Padmé e Anakin Skywalker nos filmes mais recentes de Star Wars. Além disso, a assistente da mocinha, Darcy (Kat Dennings), é responsável por alguns momentos bem irritantes. Ao menos, Rene Russo salva o time das mulheres no papel da valente Frigga, esposa de Odin (Anthony Hopkins). É difícil saber se alguma produção da Marvel irá superar Os Vingadores, entretanto ''Thor: O Mundo Sombrio'' chega perto, mesmo com todos os exageros e clichês. Não é o filme espetacular que todos esperavam, porém funciona. Além disso, quem acompanha a franquia precisa assistir as duas cenas pós-créditos: uma prepara o caminho para Guardiões Da Galáxia e a outra termina de forma hilária.'' (Daniel Reininger)
Marvel Studios
Diretor: Andy Taylor
420.417 users / 63.918 face
Check-Ins 725 44 Metacritic 798 Down 325
Date 12/10/2014 Poster - #### - DirectorLouis LeterrierStarsJesse EisenbergCommonMark RuffaloAn FBI agent and an Interpol detective track a team of illusionists who pull off bank heists during their performances, and reward their audiences with the money.[Mov 10 Fav IMDB 7,3/10 {Video/@@@@} M/50
TRUQUE DE MESTRE
(Now You See Me, 2013)
"Uma alta taxa de potencial desperdiçado." (Alexandre Koball)
"Olhe com atenção e você vai identificar furos e certa inconsistência (um personagem some por mágica). Porém, Leterrier e o ótimo elenco vendem a ideia e seus truques com tamanha entrega que nada irá tornar a experiência menos envolvente e divertida." (Rodrigo Torres de Souza)
"Tenta com tanto afinco surpreender que iria se surpreender ao descobrir que de cinema pouco tem." (Rodrigo Cunha)
"Tem elenco bacana e Leterrier conduz tudo com energia e boas sacadas visuais, mas o roteiro é um desastre. O filme se supõe inteligente, mas é de uma estupidez atroz, tanto pelos furos de lógica quanto pela forma como trata os personagens." (Silvio Pilau)
Um grande show de artifícios mirabolantes.
"Como se observássemos um número de mágica, somos induzidos pelo diretor Louis Leterrier a acompanhar admirados todo seu filme que é plasticamente atraente. Funciona incrivelmente bem, até começarmos a prestar atenção demais e levá-lo a sério mais do que deveria. Talvez não devêssemos tanto, no entanto, algumas questões o fazem ser grande, ou melhor, querer ser grande. A começar pelo elenco muito bem escalado, mesclando ícones do cinema com estrelas contemporâneas. A narrativa também interessa, já que desperta curiosidade sem tanto esforço e brinca com isso com competência, especialmente pela forma como é filmado. A câmera não para, dança com a grua sobre os personagens e salta sobre as cenas em que alguma mágica está para ser realizada. Tudo fica bonito e fascinante, e também trivial, quase que fugaz. O clima de obscuridade nos insere no universo de ilusão proposto pelo filme. A apresentação inicial dinâmica de seus personagens é esperta, nos aproxima deles, embora não o compreendamos por falta de cuidado do roteiro. São 4 figuras com diferentes habilidades que se identificarão como os 4 cavalheiros, tornando-se estrelas da noite para o dia após provocarem verdadeiras façanhas envolvendo muito dinheiro. O espetáculo elaborado por Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Henley Reeves (Isla Fisher), Merritt McKinney (Woody Harrelson) e Jack Wilder (Dave Franco) impressiona os olhares atentos dos que lhes assistem entusiasmados. Os atores estão definitivamente convincentes em seus papéis. O curioso é que nos ligamos mais aos atores do que aos personagens. Esses, infelizmente, não têm lá muito tempo em cena juntos para criarem um vínculo mais forte com seus espectadores. A exploração deles é quase nula: conhecemos um pouco um romance passageiro, idolatria de um pelo outro, e megalomania. Nada de tão substancial. Dave Franco é o mais deslocado. Impressionar o mundo através de um plano mirabolante que tem por detrás ambição por vingança e uma razão social. Sugere-se a possibilidade da existência de mágica como explicação de ações inexplicáveis. Isso dura pouco. Convidados a entrar na onda dos ilusionistas com seus truques, nós embarcamos numa teia de mistério convencional, seguindo clichês bem dispostos numa trama que é essencialmente de cães, gatos e ratos em convulsiva perseguição. Los Angeles, Nova Orleans e Nova York são planos de fundo de tudo que se desenrola. Uma cena de perseguição – ao melhor estilo Carga explosiva versão econômica – demonstra a insensatez do espetáculo produzido. É bom recordar que Louis Leterrier é o diretor de Carga Explosiva (The Transporter, 2002), O Incrível Hulk (The Incredible Hulk, 2008) e Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010). Seria inevitável não realizar qualquer cena que honre sua filmografia. Nesta história de mistérios e ilusões, onde a mágica e milagres são respostas para aqueles que economizam sensatez, alguns se sobressaem quando investem em respostas. É o agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) quem fica incumbido de desvendar as artimanhas da astuta quadrilha. Ele conta com a ajuda da inexperiente agente da Interpol, Alma, vivida pela bela francesa Mélanie Laurent do singelo Não se Preocupe, Estou Bem! (Je Vais Bien, ne t'en Fais Pas, 2006) e que apareceu tão bem em Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009). A loira está precisa e cativante, tornando Alma a personagem mais fértil, estranhamente enigmática. Laurent rouba o filme da trupe americana. Com ela surgem algumas piadas que opõe os Estados Unidos e a França e seus distintos métodos investigativos. Prático em quase todos os planos, o que dá errado é a veracidade por trás dos fatos, ou da tela. Entendemos claramente que tudo não passa de um truque de mestre, como sugere o título português, mas a essência da trama não se configura num plano lógico, embora tenha seu início e seu resultado. Há pouco tivemos um filme melhor, o esfíngico Poder Paranormal (Red Lights, 2012). O problema desse "Truque de Mestre" é o meio e a direção desordenada de Louis Leterrier, embora ágil, que se ocupa de um roteiro fantasioso e criativo, porém frívolo que quase se desmancha caso o filme não possuísse um bom ritmo para se segurar. Atores importantes como Morgan Freeman e Michael Caine apenas divertem-se em cena em interpretações convencionais, o que dá indícios de que tudo é uma apresentação lúdica sem grandes pretensões. Não é um exemplar competente de longas com temática semelhante, tal como um O Grande Truque (The Prestige, 2006), mas é bem divertido e, literalmente, ardil." (Marcelo Leme)
''Um bom mágico deve ser a pessoa mais esperta do ambiente. Precisa estar sempre um passo à frente de seu público, precisa manipulá-lo, forçá-lo a olhar para um lado enquanto o truque ocorre de outro. Um bom mágico é, antes de tudo, um bom mentiroso - e poderia, portanto, tornar-se um ótimo golpista. Esta é, pelo menos, a premissa de "Truque de Mestre", filme de Louis Leterrier (O Incrível Hulk) que tenta dar uma roupagem nova à clássica combinação de ação e roubo de banco, adicionando a ela o elemento da magia. O longa abre com a apresentação de quatro mágicos com diferentes habilidades, interpretados por Jesse Eisenberg, Isla Fisher, Woody Harrelson e Dave Franco, irmão mais novo de James Franco. Separado, o quarteto ganhava alguns trocados nas ruas. Unidos por um milionário, contudo, eles formam um grupo capaz de entrar em um dos maiores bancos do mundo e roubar milhões sem deixar vestígios, chamando a atenção do FBI. Habituada às comédias e novata em filmes de ação, Fisher sofreu nas gravações: no terceiro dia de filmagens, a corrente que prendia seus braços e pernas se enganchou no fundo de um tanque em que estava mergulhada para realizar um truque. A equipe, pensando que seu desespero era atuação, não percebeu o ocorrido e ela teve de se soltar sozinha. Por sorte, consegui prender a respiração por cerca de três minutos, diz ela, orgulhosa. A experiência, porém, não a traumatizou. Adorei fazer esse tipo de filme. Não pensei que fosse gostar tanto. É muito divertido. Fisher conta que ficou impressionada com o número de tomadas que o diretor gravava de cada cena, filmando cada movimento de ângulos diferentes e inesperados. A gente começou a pensar que ela era sádico", conta ela. Harrelson faz coro: O maior desafio do filme era o número de tomadas. Eram muitas, afirma. Dez, 20, 30? Mais para esse último número. Como parte da preparação, o elenco - completado por Mark Ruffalo, Mélanie Laurent, Morgan Freeman e Michael Caine - treinou durante semanas com um mágico profissional, que ficava presente no set para supervisionar a execução dos truques. Eisenberg diz ter guardado pouca coisa. Sei as partes menos impressionantes de truques impressionantes. Já Franco, que conta preferir pular muros e trocar socos a fazer cenas de choro em filmes dramáticos, é mais empolgado: em uma cena, ataca um policial atirando cartas sobre ele. Pratiquei muito e fiquei estranhamente bom. Consigo cortar uma banana no meio jogando uma carta de baralho sobre ela. Ouvi dizer que tem gente que consegue cortar uma melancia. É o próximo passo", se diverte." (Fernanda Reis)
"Truque de Mestre" é um híbrido de filme sobre ilusionismo com thriller de ação focado em golpes, cuja referência incontornável é Onze Homens e um Segredo (2001), de Steven Soderbergh, refilmagem do clássico homônimo de 1960 dirigido por Lewis Milestone. Os roubos são praticados por um grupo de mágicos reunido por um misterioso mentor. Os quatro têm talentos diversos. Daniel Atlas (Jesse Eisenberg) é um mestre com as cartas e Merritt McKinney (Woody Harrelson), que se autodenomina mentalista, é um hipnotizador capaz de adivinhar os segredos e os pensamentos de quem topa pelo caminho. Henley Reeves (Isla Fisher) é especializada em números perigosos, como escapar de algemas, e Jack Wilder (Dave Franco) tem o dom de arrebatar carteiras ou relógios, além de abrir fechaduras. Conhecidos como os Quatro Cavaleiros, os ilusionistas protagonizam espetáculos grandiosos - patrocinados por um enigmático homem de negócios (Michael Caine) -, durante os quais roubam somas milionárias que são lançadas à plateia sob a forma de dilúvios de papel-moeda. Os roubos intrigam o FBI, que coloca o agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) no caso, auxiliado por Alma Dray, uma detetive da Interpol (Mélanie Laurent). A dupla pede ajuda a Thaddeus Bradley (Morgan Freeman), um ilusionista aposentado que vive de revelar os segredos dos ex-colegas. O roteiro transborda de surpresas e piruetas que confundem o espectador no que se refere às verdadeiras motivações desse quarteto que age como Robin Hood e à identidade do mentor. Gratuitas, essas reviravoltas são como um truque de mágica, uma manipulação que afasta a atenção do espectador do essencial ao acessório. A abrupta revelação do mentor desconcerta, pois nenhuma pista é dada. O diretor Louis Leterrier é um artesão hábil para contar uma história, à qual tem o mérito de imprimir um ritmo frenético com tomadas panorâmicas, sem fragmentar demasiado os planos, mas abusa das cenas gastas de perseguição. Outro problema está nos próprios números de magia, quase todos assentados em efeitos especiais." (Alexandre Agabiti Fernandez)
O Mister M dos filmes de assalto: pirotécnico e desinteressado.
"Na entrevista que fizemos com o elenco de ''Truque de Mestre'' (Now You See Me), Mark Ruffalo comentou que não deve haver no filme um único plano com câmera fixa. O diretor Louis Leterrier (Fúria de Titãs, O Incrível Hulk) não para de se mover com seus trilhos e suas gruas, para tentar passar ao espectador a experiência de arrebatamento e movimento constante que marca apresentações de ilusionismo num palco. O problema é que só pirotecnia não basta.
Ruffalo vive um agente do FBI que precisa cooperar com uma oficial da Interpol (Mélanie Laurent, de Bastardos Inglórios) para enfrentar um grupo de assaltantes performáticos: quatro ilusionistas que se juntaram graças a um mecenas e que operam sob o nome Quatro Cavaleiros, executando grandes golpes em seus números de mágica, só para jogar o dinheiro para o público no final. Como personagens, os quatro ladrões vividos por Jesse Eisenberg, Isla Fisher, Woody Harrelson e Dave Franco despertam interesse quase nulo; eles são definidos por sua especialidade (escapismo, ler mentes etc.) e, tirando uma ou outra piada sobre relacionamentos no passado, não há nada que os conecte, com exceção dos golpes. São bonecos a serviço de uma narrativa de trucagens, assim como os demais personagens principais, do milionário vivido por Michael Caine ao caçador de charlatões interpretado por Morgan Freeman. Para tentar antever o que acontece de fato na trama, basta prestar atenção em qual personagem tem um mínimo de arco dramático. Não é de hoje que muitos filmes de golpe, além de alguns terrores, só se importam com sua suposta engenhosidade, que sempre se repete: dois atos só com red herrings, pistas falsas, uma resolução aparente, que emenda numa reviravolta (que frequentemente nega tudo o que vimos antes) e num final em flashbacks para mastigar toda a explicação. O fato de ''Truque de Mestre'' tratar de ilusionismo não deixa a coisa mais interessante, na verdade só a torna mais literal: é o truque pelo truque, reconhecidamente. Então é como se o filme de Leterrier fosse um número do Mister M, óbvio e banal na sua impaciência para contar logo seus segredos, depois de asfixiar o espectador em fumaça e gelo seco." (Marcelo Hessel)
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Diretor: Louis Leterrier
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Soundtrack Rock = Phoenix + Galactic
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Date 08/10/2013 Poster - ##### - DirectorFraser C. HestonStarsMax von SydowEd HarrisBonnie BedeliaA mysterious new shop opens in a small town which always seems to stock the deepest desires of each shopper, with a price far heavier than expected.[Mov 04 IMDB 6,1/10 {Video/@@}
TROCAS MACABRAS
(Needful Things, 1993)
''Castle Rock, na Nova Inglaterra, é um lugar tranquilo para se viver. Mas a chegada de Leland Gaunt (Max von Sydow), um ser diabólico literalmente falando, desestabiliza a cidade através do preconceito, ódio, fraqueza e cobiça, provocando mortes e sofrimentos. Gaunt consegue isto através de uma loja de utilidades, que sempre tem algo especial para cada morador da cidade, que para conseguirem o que desejam pagam um preço simbólico e prestam um favor para Leland." (Filmow)
Castle Rock Entertainment New Line Cinema
Diretor: Fraser C. Heston
14.135 users / 682 face
Check-Ins 412
Date12/12/2013 Poster - ##### - DirectorJohn LandisStarsSteve MartinChevy ChaseMartin ShortThree actors accept an invitation to a Mexican village to perform their onscreen bandit fighter roles, unaware that it is the real thing.{Video/@@@@}
TRÊS AMIGOS
(¡Three Amigos!, 1986)
''Steve Martin, Chevy Chase e Martin Short são tres loucos e rebeldes cavaleiros nesta comédia de aventura que é um verdadeiro festival de risadas. Co-estrelando Phil Hartman. Jon Lovitz e Joe Mantegna, Três Amigos! abre o caminho para a redefinição das fronteiras da comédia! Quando uma pequena vila mexicana é aterrorizada por um conhecido fora-da-lei, uma jovem desesperada decide chamar os únicos heróis que ela conhece: os legendários Três Amigos! Conhecidos por todos como intrépidos defensores da liberdade, estes corajosos vaqueiros de fato não passam de atores de cinema. Outrora famosos por seus filmes faroeste, hoje eles estão desempregados. E embora as únicas lutas de que já participaram na vida tenham acontecido apenas nos sets de filmagem, quando os criminosos atacam, os Três Amigos! descobrem que os bandidos e as balas de suas armas são bem reais! Agora, para tornarem-se heróis de verdade e não afundarem sua reputação na lama para sempre, eles terão que salvar o vilarejo dos foras-da-lei. Se, antes, conseguirem salvar suas próprias vidas..." (Filmow)
"Quem não tem preconceito contra o passado pode rir com as situações absurdas que John Landis inventa para o trio de ótimos comediantes em "Os Três Amigos" (Cassio Starling Carlos)
Date 05/12/2014 Poster - ##### - DirectorBille AugustStarsJeremy IronsMélanie LaurentJack HustonSwiss Professor Raimund Gregorius abandons his lectures and buttoned-down life to embark on a thrilling adventure that will take him on a journey to the very heart of himself.{Video/@@@} M/30
TREM NOTURNO PARA LISBOA
(Night Train to Lisbon, 2013)
''Existem os filmes em que a história nasce das imagens e aqueles em que tema e relato são tão nobres que elas se tornam ilustrações de algo maior. A este tipo pertence "Trem Noturno para Lisboa". O filme, dirigido pelo dinamarquês Bille August, carrega o peso das produções europeias de prestígio: é baseado num romance estimado do francês Pascal Mercier, tem no elenco as presenças veneráveis de Jeremy Irons e Charlotte Rampling e narra o episódio histórico da Revolução dos Cravos, em Portugal, em 1974. Irons interpreta um velho e solitário professor que se encanta por um livro raro. Ao buscar os passos perdidos de seu autor, descobre um mundo marcado por heroísmos e traições, em que a paixão amorosa não se distingue do fervor político. Ao acumular os papéis de leitor apaixonado e de narrador, o professor projeta na tela as experiências de descoberta que potencialmente a literatura oferece. A matriz literária de "Trem Noturno para Lisboa", no entanto, é o que mais impede o filme de alçar voo. A devoção dos personagens ao livresco atrapalha sua encarnação na forma palpável das imagens e dos diálogos. E tudo fica aprisionado como numa vetusta biblioteca cujos volumes são tão admiráveis que evitamos tocá-los. O que se vê em cena é fruto mais do trabalho bem cuidado de roteiristas, um material lapidado que nunca deixa de ser somente texto. Mesmo quando o filme busca enfocar o processo histórico do fim da ditadura de Salazar, o efeito é sempre o da leitura aplicada, bem-feita, porém sem brilho e, pior, sem vida.'' (Cassio Starling Carlos)
Falado em inglês, longa situado em Portugal carece de energia.
''O suíço Raimund Gregorius parece tão morto quanto o latim que ensina para desinteressados adolescentes em Berna. Partidas de xadrez solitárias e o trabalho são suas únicas atividades até que ele avista uma mulher de casaco vermelho prestes a pular de uma ponte. Ao salvá-la da morte, Raimund vê a possibilidade de renascer. Baseado no livro de Pascal Mercier, ''Trem Noturno Para Lisboa'' mostra a busca de Raimund por Amadeu, autor de um misterioso e filosófico livro deixado para trás pela mulher de casaco vermelho. Assim que ele chega em Portugal, em seu primeiro ato espontâneo em anos, a paleta de cores esquece o cinza de Berna e assume as cores quentes de Lisboa. A escolha do diretor Bille August serve para deixar evidente a mensagem do filme: é preciso viver para estar vivo. Ainda que se valha do bom trabalho de Jeremy Irons como Raimund, o longa não consegue dar o vigor necessário a Amadeu (Jack Huston). Médico, literato, humanista e revolucionário, o personagem funciona apenas na teoria, sem a consistência necessária para fazer oposição ao enfadonho professor suíço. Essa falta de autenticidade de Amadeu e de outros personagens é, em parte, fruto das escolhas convencionais da adaptação, que se vale de valiosos nomes internacionais - a francesa Mélanie Laurent, os alemães August Diehl e Bruno Ganz e os ingleses Huston e Christopher Lee -, mas pasteuriza diálogos que deveriam acontecer em português em um inglês padrão e sem cadência. Partindo de pontos intrigantes - Quem é a mulher que ameaçava se jogar da ponte? Quem é Amadeu? - ''Trem Noturno Para Lisboa'' perde o seu encanto inicial ao optar por uma narrativa cansativa, que se torna óbvia minutos depois do desembarque em solo português. Ao contrário do protagonista, que arrisca sua tediosa rotina ao seguir na viagem do título, a adaptação de August limita sua expressão à metáfora vista na fotografia, esquecendo de aplicar o mesmo entusiasmo na construção dos seus personagens." (Natalia Bridi)
Top Portugal #17 Top Suíça #27
Date 01/01/2015 Poster - ## - DirectorMalcolm D. LeeDavid ZuckerStarsSimon RexAshley TisdaleCharlie SheenA couple begin to experience some unusual activity after bringing their lost nieces and nephew home. With the help of home-surveillance cameras, they learn they're being stalked by a nefarious demon.[Mov 03 IMDB 3,5/10 {Video/@@} M/11
TODO MUNDO EM PÂNICO 5
(Scary Movie 5, 2013)
"Nessa grande onde de paródias de Atividade Paranormal (sendo que a própria série virou uma paródia de si mesma no quarto capítulo), Todo Mundo em Pânico 5 consegue ser genuinamente engraçado e de produção superior. Guilty pleasure, talvez." (Alexandre Koball)
''Se uma piada repetida não tem graça, que tal a mesma piada repetida quatro vezes? É o que acontece em "Todo Mundo em Pânico 5". Se você assistiu a qualquer um dos outros quatro filmes da série, sabe o que esperar: paródias de filmes de terror recentes, citações à cultura pop e participações especiais de atores em fim de carreira. O auge desse cinema que satiriza gêneros cinematográficos aconteceu nos anos 1970 e 1980, quando gente talentosa como Mel Brooks e o trio Zucker-Abrahams-Zucker lançou ótimas comédias: O Jovem Frankenstein, A História do Mundo Parte 1, Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu e Corra que a Polícia Vem Aí. De lá para cá, a fórmula parece ter se esgotado: é só um filme fazer sucesso de bilheteria que logo aparece alguma sátira oportunista. Em 2000, o comediante Keenen Ivory Wayans inaugurou a série Todo Mundo em Pânico, ironizando sucessos do cinema de horror como Pânico, Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado e até O Sexto Sentido. Tinha lá sua graça, e os quatro primeiros filmes faturaram mais de US$ 800 milhões em todo o mundo. O que mais impressiona em "Todo Mundo em Pânico 5" não são as piadas manjadas, a ruindade do elenco ou a falta de criatividade, mas o fato de ter sido escrito por dois sujeitos -David Zucker e Pat Proft- que já fizeram coisas muito melhores. Zucker e Proft trabalharam juntos em Corra que a Polícia Vem Aí; Proft escreveu comédias clássicas da televisão, como Smothers Brothers e Redd Foxx Comedy Hour, e Zucker codirigiu Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu e Top Secret!, clássicos do cinema besteirol dos anos 1980. Neste quinto filme, o alvo principal é a série Atividade Paranormal: um casal (Simon Rex e Ashley Tisdale) muda para uma casa habitada por espíritos malignos. O filme cita ainda Cisne Negro, numa inesquecível cena de balé protagonizada pela sumida - e grávida - Heather Locklear, tem participações do rapper Snoop Lion (ex-Dogg) e do ex-boxeador Mike Tyson e de dois atores que jogaram as carreiras no lixo: Lindsay Lohan e Charlie Sheen." (Andre Barcinski)
Como adicionar novos erros a uma série recheada deles.
''No início, a tentativa de Kennen, Marlon e Shawn Wayans em satirizar os sucessos comerciais do cinema estadunidense deu certo. Por alguns anos, a combinação baixo orçamento/alta bilheteria fez com que a série Todo Mundo em Pânico se mantivesse, ainda que demonstrasse escassez de qualidade em qualquer um de seus episódios. ''Todo Mundo em Pânico 5'' foge um pouco à regra. O filme, dirigido por Malcolm D. Lee, não conta com o talento dos Wayans e fez a pior bilheteria da história da franquia - algo em torno de US$ 30 milhões. No entanto, para não se distanciar de seus antecessores, desfila uma infinidade de piadas velhas e de mau gosto, destruída pela fugacidade viral da internet atual - Gangnam Style e Mentos e Coca-Cola são alguns deles. Quando tenta fazer graça com os próprios atores - como na abertura com Lindsay Lohan e Charlie Sheen - o longa não consegue superar a mais simples seleção de gifs sobre os causos de ambos. Outro fato que, abaulado pelo imediatismo da web, expõe o humor da série ao ridículo - não há nenhuma linha proclamada pelo elenco que já não tenha sido explorada por algum Tumblr, por exemplo. Os filmes parodiados vão de Mama a Cisne Negro, passando por Atividade Paranormal e Planeta dos Macacos - A Origem. Além de escolher gêneros e épocas diferentes, Todo Mundo em Pânico 5 se inspira na trama de Mama para delinear a própria história. Além de não ter o sucesso e o reconhecimento para uma sátira, a produção de Guillermo Del Toro pouco dá espaço para a comédia - até porquê, crianças enfiando objetos em si não deveria ser uma opção, por mais que esta seja a escolha dos produtores. ''Todo Mundo em Pânico 5'' é o fruto de uma franquia que exauriu seu modelo de humor escatológico e de gosto duvidoso. Se como cinema não será lembrado sequer na lista dos piores de todos os tempos; como produção pode marcar o fim, ao menos momentâneo, de uma série que pouco adicionou à sua mídia." (Thiago Romariz)
“Todo Mundo em Pânico chegou aos cinemas em 2000, com a proposta de ser uma comédia que tentava resgatar o subgênero de paródia ao estilo de Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu, Corra que a Polícia Vem Aí! e dos filmes de Mel Brooks. Apesar da qualidade questionável, o longa alcançou um relativo sucesso de bilheteria, o que lhe rendeu várias sequências. Esta quinta parte da série tem como foco a história de Mama, mas obviamente faz referência a vários outros filmes – independente do gênero – durante a narrativa, como Atividade Paranormal, A Morte do Demônio, Cisne Negro, A Origem e o prelúdio de Planeta dos Macacos. Originalmente, o longa seria uma paródia de Pânico 4, assim como o original foi uma paródia do primeiro longa da franquia de terror. Entretanto, o filme de Wes Craven não alcançou o sucesso comercial esperado, obrigando os produtores da paródia a mudar de ideia. Isto evidencia a fragilidade da proposta, que depende diretamente do conhecimento prévio do público sobre outras obras para ser minimamente compreendida. Após um misterioso incidente envolvendo um casal, interpretado por Charlie Sheen e Lindsay Lohan, suas filhas Kathy (Gracie Whitton) e Lily (Alva Kolker) de algum modo – igualmente misterioso, mas desta vez, por culpa do roteiro – vão parar em uma cabana na floresta, onde são encontradas por uma dupla de drogados estereotipados vividos por Snoop Dog e Mac Miller. Depois de resgatadas, as crianças são adotadas pelo irmão de seu pai, Dan (Simon Rex), e sua esposa Jody (Ashley Tisdale). A partir disso, coisas estranhas começam a acontecer na casa da família. No início da projeção, vemos os chamarizes Sheen e Lohan interpretando eles mesmos como um casal em uma das piores cenas do longa (e, provavelmente, de suas carreiras), onde o nível das atuações e das piadas alertam para a qualidade vergonhosa do que está por vir. As polêmicas em volta dos dois atores na vida real servem de base para boa parte do humor neste prólogo, tornando-o datado, além de tolo e desnecessário. Aliás, as principais gags do filme são totalmente desnecessárias para o andamento da história, demonstrando a falta de criatividade e de desenvoltura dos roteiristas Pat Proft e David Zucker – que, não por acaso, dirigiu Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu e Corra que a Polícia Vem Aí!. Esta incompetência também pode ser observada no teor apelativo de algumas cenas, onde o extremo mal gosto chega a ser ofensivo, principalmente na cena envolvendo Lily e um picolé. Alguns momentos tentam emular o estilo de humor pateta dos filmes mudos, utilizando-se até de stop-motion em uma tentativa desesperada de oferecer algo que o público ainda não viu nos filmes anteriores. Isto ocorre de maneira tão fora de contexto que parecem cenas bônus durante o próprio filme. Quando uma paródia chega ao ponto de parodiar a si mesma – como em determinadas cenas que remetem ao primeiro longa da franquia –, é sinal que chegou ao fundo do poço. Como se não bastasse, somado a tudo isso temos uma montagem fora de ritmo e de continuidade que prejudica mais ainda a efetividade do humor, que já não funciona por si só. “Todo Mundo em Pânico 5” certamente é o pior da série até agora e um dos piores filmes já feitos nos últimos anos. Isso se torna algo bom quando contribui para que não sejam realizadas mais sequências. Não é a toa que esta parte foi a que obteve o menor êxito financeiro de toda a franquia, sendo um dos casos em que a bilheteria traduz fiel e diretamente a qualidade da obra, não merecendo esta ser vista no cinema nem em lugar nenhum." (Thiago César)
Top 200#116 Cineplayers (Bottom Usuários)
Dimension Films (presents) DZE Brad Grey Pictures
Diretor: Malcolm D. Lee
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Date 03/01/2014 Poster - #### - DirectorDavid O. RussellStarsGeorge ClooneyMark WahlbergIce CubeIn the aftermath of the Persian Gulf War, four soldiers set out to steal gold that was stolen from Kuwait, but they discover people who desperately need their help.[Mov 06 IMDB 7,2/10 {Video/@@@} M/82
TRÊS REIS
(Three Kings, 1999)
''Há um filme em cartaz que não está recebendo a merecida atenção. Trata-se de "Três Reis", de David O. Russell, estrelado por George Clooney e Mark Wahlberg (de Boogie Nights). O filme tem sido vendido como mais uma extravagância de ação, cheia de explosões dilacerantes e violência. Talvez o tema -a guerra dos Estados Unidos contra Saddam Hussein, em 1991- tenha levado alguns a prejulgar o filme como mais uma propaganda ufanista da política externa americana, do tipo que Hollywood está cansada de fazer. Mas "Três Reis" é um filme de guerra diferente. Na verdade pertence a um gênero praticamente extinto, a sátira política. O diretor, Russell, especializou-se em comédias urbanas com toques de excentricidade (seu melhor filme, Spanking the Monkey, lida com o complicado tema do incesto). Era óbvio que ele não conseguiria fazer um filme de guerra convencional. E "Três Reis" nada tem de convencional. Chega a ser incrível que um estúdio hollywoodiano tenha financiado um roteiro tão crítico e mordaz. A história começa quando alguns soldados americanos encontram um mapa com a localização de um depósito contendo o ouro roubado do Kuwait por Saddam Hussein. Liderados por um oficial, Archie Gates (George Clooney), o grupo foge do acampamento e sai à procura do tesouro. Acham o ouro, mas acabam sensibilizados quando percebem a truculência com que o exército iraquiano trata seus conterrâneos civis, que, obedecendo a pedidos de George Bush, se rebelaram contra Saddam. O filme dá uma patada certeira na política hipócrita de Bush, que ajudou os kuwaitianos mas deixou os civis iraquianos nas mãos dos assassinos de Saddam. Russell, no entanto, não apela para o panfletarismo fácil, preferindo usar a ironia e o bom humor. Os soldados de "Três Reis" em nada lembram os heróis infalíveis de Spielberg; são gente de carne e osso, loucos para sair daquele inferno, botar a mão num tesouro e voltar aos EUA podres de rico. Também não parecem ter a menor idéia do que estão fazendo no meio do deserto iraquiano. As tropas andam pela paisagem árida à procura, como diz um personagem, "de alguma ação", lutando uma guerra de videogame contra um inimigo que não conhecem, não encontram (o trabalho sujo já havia sido feito pelos mísseis) e, principalmente, não entendem. Quando, finalmente, a tropa de insubordinados encontra uma vila iraquiana e entra em contato com os habitantes, o filme ganha uma dimensão totalmente nova e raríssima em filmes de guerra: a da humanização dos inimigos. Passamos a ver os iraquianos como personagens e não apenas como os pedaços de carne que, desde os filmes de John Wayne, passando por Rambo e outros baluartes da política "braço forte" dos americanos, serviam apenas como alvo. "Três Reis" é, em suma, um bom filme, que periga sair de cartaz sem atingir o público que merece. Não é à toa que ganhou os prêmios de melhor filme e diretor em 99, dados pela Associação de Críticos de Cinema de Boston." (Andre Barcinski)
''Um soldado americano aparece na tela e, vendo ao longe um iraquiano, pergunta: Nós estamos atirando nas pessoas ou não? Sendo este o primeiro plano do filme mostra que, além de suas qualidades intrínsecas, talvez o maior mérito de ''Reis'' tenha sido ficar mais atual hoje do que era na sua própria realização. Com a invasão americana ao Iraque (está moralmente errado chamar de qualquer outra coisa), o filme de David O. Russell ganhou uma pertinência histórica que, com certeza, nem ele mesmo esperava (ou gostaria). Mais do que isso: o filme ganha um caráter especialmente subversivo em pleno momento em que se discute a volta de um macarthismo pouco escondido às artes americanas, cinema e a TV em especial. O fato é: este filme jamais seria realizado hoje. ''Três Reis'' se passa em 1991, logo após o final da primeira Guerra do Golfo, e mostra os soldados americanos esperando pela volta para casa. Três deles (na verdade, quatro, mas a participação de um deles é quase passiva) resolvem então trazer algo a mais de volta com eles, e saem numa missão clandestina para roubar o ouro dos kuwaitianos, que de sua parte havia sido roubado pelas tropas de Saddam na invasão a este país. Certamente o que o filme possui de mais interessante enquanto narrativa é o fato de que Russell não se prende nunca aos limites de um específico gênero cinematográfico: seu filme tem elementos do filme de ação, do clássico filme de guerra, de uma comédia, de um drama, tudo misturado por um humor bastante peculiar e, acima de tudo, a disposição de provocar algumas reflexões sobre a participação americana numa campanha militar que foi muito pouco discutida em termos artísticos. Russell opta por localizar esta discussão no microcosmo de uma série de personagens envolvidos: soldados americanos, soldados iraquianos, desertores e rebeldes do sistema iraquiano. Não há espaço para generais, presidentes, embaixadores: claramente Russell nos diz que a guerra de fato é a que vivem estas pequenas personagens, com seus pequenos dramas. Seu olhar frontalmente crítico da participação americana no Golfo fica claro em inúmeros momentos. Nenhum deles mais pungente que a cena do interrogatório de Mark Wahlberg por um soldado iraquiano, onde a condição de ambos é igualada. Com certeza esta cena possui o único momento visual (seja ele ficcional ou documental) feito até hoje pelo ponto de vista interno de um bombardeio americano ao solo árabe. Só por este plano o filme já seria banido hoje, e tem sua validade comprovada. Mas diálogos também são o forte de Russell (como seus dois filmes anteriores comprovam), e há momentos absolutamente ricos nesta cena, como as citações ao petróleo ou a Michael Jackson. Há inúmeros outros momentos fortes de confrontação com a ordem política-militar americana, o que certamente só foi possível pelo filme ter sido realizado em plena administração Clinton. Logo no início, por exemplo, o personagem de George Clooney diz ao seu superior: Eu nem sei o que foi que nós fizemos aqui. Me diz: o que nós fizemos aqui? Em outro momento, ele afirma para os soldados: Bush disse para o povo se revoltar contra Saddam, que nós os ajudaríamos. Eles se revoltaram e agora estão sendo massacrados, e nós não faremos nada. Mesmo a repórter de TV americana aparece perguntando num certo momento: A guerra acabou e eu nem sei sobre o que foi essa guerra. Sobre o que foi essa guerra? Mas, mais do que estes momentos discursivos de questionamentos sobre uma guerra que foi (ao contrário da campanha atual) bem pouco questionada, considerada de forma geral uma "guerra justa", o segredo do sucesso do filme de Russell está nas outras formas de crítica bem mais sutis que utiliza. Vemos, por exemplo, o completo despreparo de um tropa formada por jovens sem qualquer experiência em combate, jovens que, ao contrário de heróis patrióticos, são apenas proletários tentando conseguir uma grana extra. Jovens destreinados que absolutamente não conhecem as particularidades do local onde estão se envolvendo, e que se comportam de forma abusiva e racista com seus prisioneiros. Além deste retrato pouco alentador das forças armadas, há também diversas insinuações da participação americana no cerne deste conflito. Desde a mais direta de todas, que é a do soldado iraquiano explicando ao colega americano que ele e as tropas de Saddam tiveram seu treinamento militar fornecido por americanos na década de 80, até pequenos detalhes de cenário, de músicas, de diálogos onde vemos ao fundo a colisão civilizatória entre a antiguidade do Oriente Médio com a cultura ocidental que entra, como não poderia deixar de ser, pelo consumismo e os bens materiais. A cena mais interessante nesse sentido certamente é a da invasão a um bunker onde George Clooney dá um encontrão num soldado iraquiano que tenta fugir carregando seus jeans Levi's. Apesar da contundência de alguns destes discursos, o filme de Russell foi criticado por alguns por não ser direto o suficiente, a partir de duas visões principalmente: a questão estética, onde o uso da linguagem transformaria o filme num certo videoclipe; e o fato de que os três personagens principais acabam sim, como seria de se esperar do militar americano, interpretando papéis heróicos. Quanto ao primeiro dado, Russell sempre afirmou que acha que a Guerra do Golfo atende a uma visualidade completamente diferente de todas as outras. E que ele tenta um movimento de, partindo desta visualidade espetacular, encontrar as questões escondidas por ela. Além disso, ele justifica os usos de negativos e processos químicos pouco comuns como formas de representar os momentos "interiores" pelos quais passam os personagens. Bem mais interessante é sua justificativa para a filmagem dos tiroteios, onde ele diz que faz questão de diminuir a velocidade e seguir a trajetória de cada bala para mostrar o momento quase surreal de suspensão de realidade que é um tiroteio e, mais do que isso, mostrar que cada projétil disparado tem um efeito humano direto. Questões estéticas à parte, parece mais importante ver o segundo argumento: desde o início fica claro que estes personagens não são heróis, certamente não no sentido clássico. Aqui, ao contrário do modelo, eles sempre parecem fazer o bem por acaso. A comédia de erros que costuma levar um personagem a cometer equívocos é o que os faz agir de acordo com uma ética, que de fato não existe. Prova maior disso é o fantástico diálogo de Clooney com o chefe desertor, onde ele tenta encenar o discurso oficial (George Bush quer você!) para usar aquelas pessoas para seu fim pessoal, num momento onde aquele personagem já entende bem melhor o que está acontecendo. A frase que termina a cena é essencial: OK, suponho que vamos comprá-los então. Esta idéia da compra é a que move o filme, até no seu desfecho, onde a própria honra e os tão importantes regulamentos do militar americano são comprados. Se há, de fato, um encaminhamento heróico dos personagens, isso pode ser traçado pela sua constante (e involuntária) imersão num universo desconhecido, onde é trazido a eles o conhecimento do que está se passando num território onde atuavam sem qualquer entendimento. Ao final suas opções são apenas as opções de pessoas comuns (portanto, não heróicas em suas motivações) que optam por salvar a vida de outras pessoas, ainda que continuem indo contra as ordens de seu exército e de seu país (e aí está o principal dado). São personagens que fazem sim um trajeto de conscientização, mas ele não é nem um pouco sem dor (no caso mais óbvio, a tortura do personagem de Wahlberg). O filme quase parece perguntar: será que para trazer um mínimo de responsabilidade ao cidadão médio americano (que estes personagens corporificam) seria necessário torturá-lo? Além disso, um fato que também deve ser levado em conta é que Russell é um diretor jovem fazendo seu primeiro filme em Hollywood, com um orçamento de mais de 40 milhões de dólares. Pedir que ele conseguisse mais em subversão do que ele já consegue, seria definitivamente pedir demais. Como exercício de gênero, ele precisa também ter a identificação da platéia, o desfecho, etc. Sendo que nada disso tira a força de seu filme, cuja coragem não deveria ser tanto admirável, e sim o mínimo que se espera de um filme. Mas que, nos dias de hoje, parece cada vez mais alienígena. Além do filme em si, a edição brasileira do DVD traz uma série de extras que é de fato muito significativa tanto no entendimento do filme e suas motivações, mas especialmente do seu processo de realização. Além do mais comum como trailer de cinema (aliás ainda mais provocador do que o filme) e making of (que, como todo o material extra de filmagens, foi feito por Keith Fulton e Louis Pepe, especialistas na arte do making of que acabaram fazendo o longa Lost in La Mancha sobre a filmagem abortada de Terry Gilliam), a edição tenta permitir o máximo de aproximações com a realização do filme através de expedientes menos comuns, como entrevistas (ilustradas com cenas do filme) com o diretor de fotografia (que discute exatamente as questões estéticas e suas opções) e com a diretora de arte. Além disso, tem a particularidade de um "diário de bordo" visual que o próprio Russell filma do início do projeto (com discussões telefônicas com chefes de estúdio, por exemplo), até seu lançamento (a filmagem não aparece neste formato por motivos óbvios: primeiro que já há o making of, e depois que o diretor está um pouco mais ocupado durante a realização desta). São materiais que ajudam muito a entender toda a realização de um grande filme de estúdio como este, e como juntar preocupações estético-temáticas com a verdadeira operação industrial, quase de guerra (sem trocadilhos), que é fazer um longa dentro desse sistema. Nesse sentido, também é especialmente interessante que tenhamos duas trilhas de comentário do filme igualmente complementares: a do diretor (mais comum nos DVDs) e a dos produtores do filme. Para os mais interessados no processo prático, a dos produtores revela-se surpreendentemente rica, além de demonstrar um conceito de produção ainda pouco usual no Brasil: o produtor-parceiro. Nesta trilha eles mostram grande conhecimento histórico do processo produtivo hollywoodiano (conceituando mudanças nos papéis clássicos do produtor, por exemplo), entendimento estético-narrativo do filme que fizeram, discutindo opções do diretor com grande desenvoltura (chegando a discutir a recepção do filme pela crítica), e ainda narram boa parte da prática do trabalho no projeto, desde a pré-produção até a estratégia de lançamento. Material riquíssimo. A trilha do diretor também é muito enriquecedora porque, ao contrário de alguns outros diretores, Russell não se acanha de interpretar seu próprio trabalho, nem de criticá-lo. E, mais do que isso, deixa bem claras suas opções passo a passo do filme, contextualizando e esclarecendo opções de ordem estética, de ordem prática, da logística de filmagem, etc. É bastante interessante saber, por exemplo, que ele morou na Nicarágua nos anos 80 (em plena ação americana), e o quanto de pesquisa de local e costumes está por trás da realização do filme. Finalmente, um outro material sempre rico são as cenas cortadas, e aqui vê-se mais uma vez a coerência do material final que é o filme com as opções do diretor. Se em filmes como ed tv ou 15 Minutos as cenas deletadas mostram que os filmes deixaram de fora seus componentes mais perturbadores, em ''Três Reis'' fica fácil entender narrativamente as opções de exclusão do diretor (ou, pelo menos, as que se optou mostrar), mesmo a da primeira cena do filme, que é a única que parece ser retirada pelo conteúdo perturbador." (Eduardo Valente)
Warner Bros. Village Roadshow Pictures Village-A.M. Partnership Coast Ridge Atlas Entertainment Junger Witt Productions
Diretor: David O. Russell
123.818 users / 2.528 face
Soundtrack Rock = Rare Earth + The Beach Boys + Public Enemy + Chicago + U2
Check-Ins 450
Date 05/03/2014 Poster - ### - DirectorWes AndersonStarsJason SchwartzmanBill MurrayOlivia WilliamsA teenager at Rushmore Academy falls for a much older teacher and befriends a middle-aged industrialist. Later, he finds out that his love interest and his friend are having an affair, which prompts him to begin a vendetta.[Mov 05 IMDB 7,8/10 {Video/@@} M/86
TRÊS É DEMAIS
(Rushmore, 1998)
"Ainda que tenha servido como influência para muito do cinema indie que veio depois dele nesses últimos dez, doze anos (incluindo vários dos artíficios que seriam utilizados tantas vezes posteriormente), Rushmore resiste lindamente com o passar do tempo." (Vlademir Lazo)
Adorado pelos críticos americanos, obra do diretor Wes Anderson definitivamente não é para todos os gostos.
''A crítica cinematográfica nunca mais será a mesma depois da Internet. Com a profusão de informações existentes da rede, ficou muito mais fácil para o cinéfilo se antecipar aos lançamentos, obtendo desde logo dados sobre a produção, pôsteres, baixar trailers, trocar e-mails com críticos americanos, enfim, uma gama de atividades antigamente impensáveis. Uma das características mais interessantes que vejo atualmente é que as informações sobre determinado filme, disponíveis em seu site oficial, ou em endereços especializados, podem representar um fôlego extra na bilheteria. Veja o caso clássico de A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999), filme que talvez entre para a história do cinema mais pelo modo esperto como foi vendido aos espectadores do que pelos seus méritos. A história do falso documentário apresentada em seu site oficial foi aceita de tal forma pela mente do público – especialmente o americano – que a febre que se formou em torno de seu lançamento, criou o clima adequado para o grande sucesso de bilheteria. A influência da Internet também pode ser sentida neste ''Três é Demais'' (título nacional dos mais infelizes). Em outros tempos, ele certamente seria lançado direto para o mercado de vídeo, e mesmo assim, não despertaria muita atenção. Eu mesmo o teria assumido como mais uma comédia de adolescentes americanos, passada no campus de uma faculdade qualquer, mostrando as aflições do início da vida sexual de um bando de jovens espinhentos. No entanto, as referências com a que a fita chegou ao Brasil, trazidas pelas excelentes resenhas que recebeu dos sites especializados, indicava algo diferente. Não foram poucos os críticos americanos que o elegeram como um dos 10 melhores filmes de 1998. Muitos analistas não pouparam adjetivos à interpretação de Bill Murray, considerada como uma das melhores de sua carreira. O cartão de visitas foi dado pela rede mundial de computadores. A propaganda boca a boca cuidou do resto. Era impossível não dar uma oportunidade para sua exibição em tela grande e a conquista de um público mais amplo.Levado por esse burburinho, lembro que, na época, assisti a fita com grande expectativa. Confesso que foi impossível esconder a decepção. Não que seja um filme ruim, mas não justificava tamanho alvoroço e elogios da crítica especializada. Considerando a baixa qualidade dos trabalhos seguintes do diretor Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaums e A Vida Aquática de Steve Zissou), percebo que a Internet, desta vez, fez um gol contra. A história se passa na Academia Rushmore, e se centra na figura de Max Fischer, interpretado por Jason Schwartzman (filho de Talia Shire, sobrinho de Coppola, e cada vez mais especializado em papéis estranhos – vide o caso Huckabees - A Vida é uma Comédia). Ele vive um rapaz de 15 anos, brilhante por conseguir administrar diversas atividades paralelas ao estudo, como a edição do jornal local, a presidência dos clubes de xadrez, astronomia, de francês e alemão, a direção da associação de cultivo às abelhas, e a criação do grupo de teatro escolar. Ao mesmo tempo, é um péssimo estudante, estando prestes a ser jubilado do instituto em função das constantes notas baixas. Fischer tem uma personalidade complexa: aparentemente, ele tem vergonha de sua família. Chega a esconder das outras pessoas a verdadeira profissão de seu pai (Seymour Cassell). Além disso, é por vezes arrogante, egoísta, impertinente, inconveniente. Por outro lado, é um garoto inteligente e muito mais maduro que seus colegas de classe. Seu sentido da vida se altera quando ele se apaixona pela professora infantil Rosemary Cross (Olivia Williams). Ela tem o dobro de sua idade e se recupera da recente morte de seu marido. Paralelamente, Fischer torna-se amigo de Herman Blume (Bill Murray), um bem sucedido, mas infeliz, empresário de alumínio da cidade. Herman fica impressionado com o lado adulto de Fischer, muito avançado para os garotos da sua idade, incluindo aí seus barulhentos e irritantes filhos. Por este motivo, decide ajudá-lo na conquista de Rosemary. Com o tempo, ele também se apaixona pela professora e transforma aquela relação num complicado e estranho triângulo amoroso. O filme não pretende extrair da platéia grandes gargalhadas. O roteiro, escrito pelo próprio diretor Wes Anderson em parceria com Owen Wilson, preocupa-se em extrair as situações engraçadas do cotidiano das pessoas que habitam a escola, todas elas oriundas das atividades de Fischer. Após instaurado o conflito amoroso, a história sai do ambiente escolar, focando-se mais nos três personagens principais. As piadas surgem em função das tentativas de conquista de Rosemary pelos dois pretendentes (Herman quebrando a bicicleta de Fischer; a tímida e desastrada tentativa de Herman convidar Rosemary para sair; o falso machucado de Max etc.). Antes amigos e admiradores recíprocos, passam a disputar o amor da professora com unhas e dentes, sempre usando de ações baixas para colocar o outro para trás. Mas ainda assim, o filme não tem muita graça, talvez porque os personagens sejam demais desprezíveis para nos importarmos com eles. ''Três é Demais'' me lembrou o movimento britânico free cinema, formado por alguns clássicos como Odeio Esta Mulher (Look Back in Anger, 1958), Almas em Leilão (Room at the Top, 1959), Tudo Começou num Sábado (Saturday Night and Sunday Morning, 1960), Um Gosto de Mel (A Taste of Honey, 1961) e This is Sporting Life (Idem, 1963). Estas obras revelaram ao mundo cineastas como John Schlesinger, Tony Richardson, Karel Reisz, Lindsay Anderson e Jack Clayton. Nem todas elas estão particularmente na minha lista de favoritos, mas sou o primeiro a reconhecer seu valor artístico, cultural e histórico para o cinema de modo geral. Elas representaram uma ruptura do estilo britânico de filmar, fugindo das velhas adaptações teatrais e comédias ligeiras. As câmeras foram levadas para a rua, os cenários passaram a ser naturais, o roteiro tratava dos reais problemas do proletariado e estudantes, os atores buscavam uma interpretação mais voltada à realidade dos personagens, e a estética e a estilização eram deixadas de lado. O free cinema representou para a Inglaterra algo parecido com o neo-realismo na Itália, em meados dos anos 40, e o movimento Dogma na Europa, nos do Século XX. O filme que mais me veio à mente foi Se... (If..., 1968), de Lindsay Anderson, vencedor da Palma de Ouro em Cannes. A rebelião estudantil, a insatisfação com o status quo, o sentimento de liberdade, a necessidade de novas conquistas, tudo isso também está presente, ainda que em menor escala, em Três é Demais. Wes Anderson enxerta ao longo de sua obra diversos jingles britânicos daquela época. O humor é sutil, menos gritado que o americano. São características que o aproxima ainda mais daquele estilo cinematográfico. Mas é evidente que a comparação é meramente ilustrativa e serve apenas para tentar desvendar a intenção do diretor. ''Três é Demais'', infelizmente, não possui a ambição daquelas importantes obras, e limita-se a discutir os problemas do triângulo amoroso instaurado entre os personagens principais. O trio de atores que comanda o filme está bem, mas não excepcional. Destaco o protagonista Jason Schwartzman, que sabendo que tinha um personagem antipático nas mãos, tratou de ressaltar ainda mais seu lado negativo, com olhares arrogantes, jeito intelectual metido à besta, vestimentas e penteados lotados de gel que o tornam ainda mais detestável. Ele atua na medida exata, com ironia quando mente descaradamente para seus colegas sobre sua intensa vida sexual, e insuportável cara de pau nas investidas amorosas que faz sobre Rosemary. É impossível simpatizar-se pelo seu personagem, e isso se deve a seus méritos. Bill Murray faz o papel de um homem de meia idade, infeliz com a sua esposa adúltera, filhos histriônicos e vida de empresário. Na primeira parte do filme, ele passa a noção correta da pessoa enfastiada com o próprio cotidiano. Na segunda, transmite ao seu personagem uma excitação até então inexistente e uma inesperada falta de escrúpulos ao conhecer um novo alento na paixão pela professora. Ainda assim, nada que valesse tantos prêmios ou que pudesse ser considerada sua melhor interpretação (ele foi o melhor coadjuvante na opinião das associações de críticos de cinema de Nova Iorque e Los Angeles, indicado ao Globo de Ouro nesta mesma categoria e esteve cotadíssimo ao Oscar, o que acabou não ocorrendo). Quem completa o triângulo é Olivia Williams, que já tivemos oportunidade de ver no indesculpável O Mensageiro, como par romântico de Kevin Costner, e no já clássico O Sexto Sentido, fazendo a esposa de Bruce Willis. É uma boa atriz, com indisfarçável sotaque britânico (outro elemento de comparação com o cinema daquele país), mas que não justifica tamanha disputa de sexos. ''Três é Demais'' é um filme que fica no meio termo. Definitivamente não é para todos os gostos. Como todos os outros longas de Anderson, este aqui é mais estranho que bom. Por isso mesmo, é bem provável que o espectador se sinta convidado a desistir de acompanhar a história logo nos primeiros 15 minutos, já que os personagens e história teimam em não tomar um rumo definido. É a opção do diretor por uma comédia original e que foge dos padrões do cinemão comercial. Se isto é um defeito ou virtude, cabe a platéia decidir. No meu caso, esperava um filme mais interessante, mais inventivo, mais inteligente. Ou seja, tudo aquilo que os críticos americanos diziam a seu respeito. Não que essas qualidades não estejam presentes, mas com certeza Três é Demais não é o filme que os sites da Internet anunciavam ao final de 1998." (Régis Trigo)
"Rushmore (o título em português é simplesmente genérico demais) foi o primeiro grande sucesso de Wes Anderson. Anteriormente ele havia conduzido "Pura Adrenalina", descente primeiro filme que roteirizou em parceria com Owen Wilson - um de seus maiores sideckicks, que também contribuiu em "Os Excêntricos Tenenbauns", além do próprio Rushmore. Neste últimos 18 anos, Anderson construiu para si uma carreira sólida e impecável. Flertando descaradamente com o cinema arte, o texano sempre embuti em seus trabalhos certa áurea pop inigualável, com uma simetria auspiciosa (verve clássica européia), trilhas sonoras impecáveis, roteiros poéticos, personagens inesquecíveis e atenção meticulosa a produção e aos detalhes de cenografia, sendo este o ponto que se revela um grande diferencial - todos esses elementos fizeram escola entre os diretores indie da atualidade, que beberam da fonte de maneira desmedida. E munido então de tanto talento, obras memoráveis foram apenas uma feliz consequência: como A Vida Marinha de Steve Zissou, Viagem a Darjeeling, O Fantástico Sr. Raposo e o recentemente idolatrado Moonrise Kingdom (além dos já citados acima). Mas tudo começou mesmo com Rushmore. Como é de praxe, seu roteiro amarra uma história inteligente, hilária e completamente imprevisível, que traz personagens estranhos e enigmáticos - para se dizer o mínimo - como o centro das atenções. Max Fischer é aluno da renomada escola Rushmore, o maior orgulho de sua vida. Além de fundar diversos clubes nerds (como a Sociedade de Queimada de Rushmore), ele presidia a maioria deles, produzia e dirigia peças de teatro épicas, era capitão da equipe de esgrima e destaque das líderes de torcida. O cara era uma sensação! Eram tantas atividades extracurriculares que lhe faltava tempo para estudar de verdade... ou isso não passava de uma mera desculpa que camuflava certa mediocridade acadêmica latente. O jovem prodígio vivia rodeado de fiéis escudeiros, como o jovem Dirk (Mason Gamble, que fez Dennis, o Pimentinha em 93), ou mesmo amigos mais velhos, como o instável Herman Blume (Bill Murray, the king) - que depois de um tempo vira seu inimigo mortal, pois acaba se afeiçoando pela professora Rosemary (a bela inglesa Olivia Willians, excelente em cena), por quem Max se apaixonou fervorosamente. É exatamente nesta encruzilhada moral do amor obrigatoriamente platônico (e talvez correspondido) que os dilemas do filme eclodem, e ele acaba, acidentalmente (mentira), fazendo a vida da mulher se transformar em um pequeno inferno. Sempre obstinado, Max trilha cegamente este caminho rumo a improbabilidade do amor, buscando alcançar metas insanas para assim chamar a atenção de Rosemary. Possuindo uma personalidade cativante, certo orgulho infantil cretino e uma habilidade natural para comandar, o garoto de 15 anos vira de ponta cabeça a vida de todos os personagens da trama, tendo tempo ainda de aprender suas valiosas lições morais e finalmente tentar ser um garoto de verdade. O sobrinho de Coppola, Jason Schwartzman, é quem interpreta Max Fisher. Este foi o primeiro papel de sua prolífera carreira como ator - um começo respeitável, pois mesmo muito novo, ele conseguiu segurar a moral do filme, tendo em vista a responsabilidade de dividir cenas com atores experientes como Bill Murray ou Brian Cox. Empregando sempre muito de sua personalidade nos papéis, Schwartzman usa certa esquisitice egocêntrica - mesclada a uma timidez desenvergonhada - para compor o protagonista de voz singular: Max é um revolucionário, dentre tantos que já existiram, ele é único! E ninguém conseguirá provar o contrário. Em Resumo: Rushmore é um filme obrigatório. A visão única de Wes Anderson gerou uma obra complexa. O humor parece estranhamente mórbido, mas é ao mesmo tempo frágil, calmo e sutil. Quando tudo aparenta leveza, algo se distorce e fica pesado, mas ainda é humor. As plásticas cenas dirigidas por Anderson são imensamente prazerosas de se ver, com a mistura ideal das cores, as parafernálias no cenário - sempre abarrotado de quadros bizarros, estatuetas esdrúxulas, papéis de parede gritantes e outros elementos que deveriam poluir, mas que incrivelmente contribuem para o enquadramento perfeito capturado pelas lentes do diretor. E acompanhando tudo isso, de maneira importantíssima para o resultado final, temos a trilha sonora...talvez uma das melhores reunidas até hoje (ou talvez não, mas só por rolar Oh Yoko! já ganha automaticamente um ponto a mais em tudo). Simplesmente assista... hoje se puder!" (Ronaldo D'Arcadia)
56*1999 Globo
American Empirical Pictures Touchstone Pictures
Diretor: Wes Anderson
116.930 users / 4.379 face
Soundtrack Rock = Creation + The Kinks + Cat Stevens + Donovan + The Who + The Rolling Stones + John Lennon + The Faces
Check-Ins 455
Date 05/03/2013 Poster - # - DirectorMiguel GomesStarsTelmo ChurroMiguel GomesHortêncílio AquinaA restless retired woman teams up with her deceased neighbor's maid to seek out a man who has a secret connection to her past life as a farm owner at the foothill of Mount Tabu in Africa.[Mov 01 IMDB 7,5/10 {Video/@@} M/78
TABU
(Tabu, 2012)
"Duas narrativas igualmente interessantes - o presente e o passado - que se complementam e moldam histórias que parecem sair de obras clássicas literárias. Dizem que a narração tira força das obras (o que é uma bobagem), só que aqui ela é deliciosa." (Alexandre Koball)
"Ao cinema sempre coube a tarefa de eternizar memórias, e é da sua relação com a história, seja dos personagens, da civilização ou do próprio cinema, que nascem os interesses de Gomes neste que é um dos mais inventivos e geniais filmes contemporâneos." (Daniel Dalpizzolo)
"Dois filmes em um, com a 2a parte - filmada ao estilo do cinema-mudo - servindo de prequel e dando outro conceito à primeira. Exercício de estilo, jogo de memória ou simplesmente uma trágica história de amor: "Tabu" funciona em todos os níveis. Filmaço!" (Régis Trigo)
"Narrativa brilhante, diálogos hilários, tremenda ironia na narração (feita pelo próprio diretor) nesse inteligente, articulado e riquíssimo filme de Miguel Gomes." (Demetrius Caesar)
"Poesia, lirismo e ousadia narrativa nessa belíssima obra de Miguel Gomes. Se a primeira parte é inconstante, a segunda transforma o filme, inclusive fazendo a anterior adquirir novo significado. Vale pelo exercício de estilo e vale pelo que tem a dizer." (Silvio Pilau)
"Diálogos inspirados reescrevem uma história particular e mudam a visão do espectador sobre Aurora conforme se acessa às memórias de vida dela por meio da narração de um terceiro - personagem que para ela e para o espectador significa tumulto emocional." (Emilio Franco Jr)
"Um objeto exótico, num registro entre o artíficio e o natural, a fábula e a contemporaneidade." (Vlademir Lazo)
"Narrativa sensibilíssima que se põe dependente da memória dos personagens, existindo apenas em função dela. Há um quê de Alain Resnais, mas nada que comprometa sua originalidade. Lindo demais." (Heitor Romero)
"Miguel Gomes não apenas faz a sua viagem particular no tempo como nos coloca como cúmplices daquele amor que esse mesmo tempo roubou." (Rodrigo Cunha)
"Se todas as histórias já foram contadas, narre a sua (homenagem ou não) de modo inventivo - para deleite do público. Também vale ressaltar a coesão entre os trabalhos de direção, fotografia, trilha sonora, design de produção... narração! Perfeito." (Rodrigo Torres de Souza)
"Uma abordagem única no cinema sobre a memória e a construção da mesma - arquitetada com propriedade e fluidez de sonho por Miguel Gomes." (Bernardo D.I. Brum)
Jogos de memória: a superposição do tempo no cinema de Miguel Gomes.
''Em seu prólogo Miguel Gomes assume o tom do seu novo filme, ''Tabu'' (idem, 2012): uma fábula poética. No curto trecho, vemos um explorador que viaja por terras distantes mas não consegue fugir das tormentas do próprio coração. Síntese da história de Aurora, que nesse trecho inicial aparece representada como a moça que vaga como um espírito acompanhada por seu crocodilo melancólico. Gomes divide o restante da sua narrativa em duas partes, na primeira estamos na Lisboa contemporânea, próximos a um fim de ano, que se arrasta nas rotinas solitárias de Aurora (agora já uma senhora), sua empregada cabo-verdiana, Santa, e a vizinha Pilar. Entre sonhos mirabolantes, surtos de paranóia, jogatina compulsiva, Aurora está com o coração intranquilo – como quem pressente o fim, mas se agarra as pequenas migalhas de existência que lhe cabem (nem que seja para implicar com a impertinente Santa). Pilar vê-se cada vez mais enredada pela loucura da amiga e, diante de seu pedido em uma cama de hospital, não hesita em correr atrás de Ventura, que se revelará o grande amor da juventude de Aurora e a quem essa nunca reviu. É pela narração de Ventura que entramos na segunda parte do filme, não mais em Lisboa, mas na África. Não mais nos dias atuais, mas um imenso flashback que se passa na juventude de Aurora e Ventura. E, sobretudo, não mais em uma narrativa direta, mas pela voz off de Ventura, por seu filtro indireto e subjetivo no desenrolar da trama. Nesse ponto, o filme ganha um tom de doce ironia (quase cínica), contra a melancolia irremediável que envolvia a primeira parte da história. É pela voz de seu amante que recompomos o romance adúltero de Aurora aos pés da monte ''Tabu''. Mais do que com registros narrativos diversos: a fábula poética, a encenação direta e o flashback, é com a memória que Miguel Gomes quer lidar. Nesse jogo de memória, é o tempo do filme (e, nesse caso, da vida de Aurora) que sofre uma superposição. Ao final da segunda parte, não é apenas a vida da personagem que se explica, mas o filme ganha uma nova significação – prólogo e a primeira metade do filme dobram de sentido. Assim, temos o presente (a primeira parte do filme) que está em constante atualização no passado (a segunda) – atualização materializada principalmente pela voz de Ventura, que comanda a ação. Comando que não se dá sem conflito, de fabular o trágico com o cinismo de quem sobreviveu a ele. O cinema de Miguel Gomes arma-se, dessa forma, como uma máquina do tempo, na qual não é possível alterar a cadeia de ação e reação dos acontecimentos, mas transformar melancolia arrastada em autofabulação apaixonada." (Kênia Freitas)
Miguel Gomes faz, com uma homenagem aos filmes mudos, a sua obra-prima.
"Antes de perdição é uma especialidade lusitana, mas a referência primeira de Tabu, o novo filme de Miguel Gomes, é uma produção hollywoodiana, o "Tabu" de F.W. Murnau e Robert Flaherty. O roteirista e diretor português aproveita o formato díptico do filme de 1931, sobre um pescador polinésio apaixonado por uma jovem comprometida, para inverter sua lógica: pega um clássico sobre o fim da inocência para repor o véu de inocência dos clássicos. A inversão é literal: se o "Tabu" de 1931 se dividia nos capítulos Paraíso e Paraíso Perdido, o "Tabu" de 2012 começa com a perdição. Presenciamos os últimos dias de uma velha lisboeta falida, Aurora, que vive da ajuda de sua empregada negra e da boa vontade de sua esclarecida vizinha, Pilar. Aurora delira, fala de crocodilos e chama por um homem de nome Ventura. A vizinha descobre que o homem existe e está vivo. Ventura entra em cena para narrar, na segunda parte, Paraíso, a história de amor proibido que viveu com Aurora décadas atrás, numa colônia portuguesa na África. Naquela época, inocência era sinônimo de inculpabilidade. O filme volta a tempos mais simples para falar, melancolicamente, dos reflexos da colonização no espírito dos africanos e dos portugueses, a partir de uma tragédia amorosa que, como todo amor de perdição, não consegue dimensionar a consequência de seus atos. Se em seu longa anterior, Aquele Querido Mês de Agosto, Gomes usou o díptico para confundir documentário e ficção, em Tabu ele volta ao formato dos duplos para entender - numa escala geracional - a relação de causalidade que há entre a memória e a frustração. Ao contrário dos sebastianistas, Gomes não tem ilusões com a história. O seu exercício de mimetização do cinema mudo serve não só como homenagem aos clássicos - "Tabu" tem uma das narrações mais bonitas de todos os tempos -, mas principalmente para reforçar, em oposição à corporeidade daqueles tempos mais simples, a angústia de ver como hoje as imagens nos fogem. É como se tudo ao redor dos personagens fosse uma projeção enviesada de uma expectativa que não se cumpriu. No passado, por exemplo, não precisamos ver ou mesmo ouvir o disparo da espingarda para acreditar que Aurora matou um búfalo na África. Já nos dias de hoje, a velha, que prefere a certeza de um quadro com paisagem a uma pintura modernista, reconta o seu relato no cassino enquanto o fundo não para de girar, como se fosse um fluxo de consciência apenas. Em outro momento, quando Aurora está no hospital, as luzes de Natal na parede atrás da vizinha e da empregada parecem obra de delírio. Num mundo que se sustenta em reminiscências, não chega a espantar que Ventura, para recontar sua aventura na África, precise sentar-se em um jardim. Quando tudo é fugaz e ilusório, não há outro refúgio a não ser confiar no restabelecimento da imagem. A vizinha Pilar - que nas ruas de Lisboa vive em transe, repetindo palavras de ordem e acenando para uma juventude que a evita - decide passar o Ano Novo dentro do cinema. Lá, ela depara com uma fabulação bizarra, a história de um viúvo que, mesmo engolido por um crocodilo, não esquece a mulher amada. Não presenciamos o ato, só ouvimos o homem cair na água, mas em seguida vemos um crocodilo inerte, assombrado por uma morta. Acreditamos na história, por absurda que seja, porque é isso que a imagem nos diz." (Marcelo Hessel)
''Tabu'' é um daqueles filmes que te deixa perturbado por horas e te faz pensar mil vezes antes de escrever qualquer coisa. Você sai da sala de exibição maravilhado com o belo trabalho do português Miguel Gomes. O sucesso não vem de agora. O cineasta conseguiu fama ao redor do mundo em 2008, com o multipremiado Aquele Querido Mês de Agosto, eleito o Melhor Longa-Metragem pela crítica na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo daquele ano. Está claro que talento não falta para o diretor, já que novamente criou um título capaz de agradar ao público e à crítica. Apesar do ritmo lento, o enredo consegue capturar o espectador desacostumado com suas obras e envolver todos os cinéfilos de plantão. O roteiro é uma releitura do clássico homônimo de 1931, assinado por F.W. Murnau e Robert Flaherty, no entanto existe uma inversão clara de valores. Ambos se dividem em dois capítulos: Paraíso e Paraíso Perdido, o original segue esta ordem, enquanto a produção de Miguel Gomes caminha na direção contrária. A primeira parte de ''Tabu'' (2012) é situada na Lisboa contemporânea e apresenta a personagem Pilar, uma mulher de meia idade engajada em diversas causas sociais. De início, acredita-se que ela será o centro da trama, mas logo percebemos que o foco é sua vizinha, uma idosa viciada em jogos, com ideias mirabolantes, beirando a loucura. Esta é Aurora. De rotina solitária, divide o apartamento com sua empregada cabo-verdiana Santa, uma mulher linha dura que segue à risca as orientações da filha de sua patroa. Aliás, o humor não proposital de Santa é o ponto alto do primeiro capítulo. Com respostas secas, ela consegue estabelecer grandes transições entre comédia e drama. Graças a um delírio da idosa conhecemos o seu antigo amante: Ventura. Ele é o responsável por iniciar um grande flashback ao paraíso dos dois, a África Colonial. Nesse segundo momento, o filme deixa a comédia de lado e assume uma postura mais dramática. A narrativa agora é outra, a voz de Ventura convida a todos para descobrir os pecados do casal e os motivos que culminaram em sua expulsão deste local. Destaque para a edição de som primorosa. Existe um rigor técnico e poético absurdo, digno de admiração. Em muitos momentos o áudio dos personagens é retirado da tela, restando apenas o som ambiente e os movimentos dos lábios. O entendimento da história não é prejudicado e, pelo contrário, torna-se até mais claro e vigoroso. A trilha sonora, composta por ritmos africanos e até uma balada dos Ramones, ajuda você a mergulhar no roteiro. O longa foi filmado de maneira pouco usual para os padrões atuais: em janela 4:3, com um granular diferenciado e totalmente em preto em branco, além de partes em 16mm. Todos estes recursos foram usados com perfeição e são justificados a cada movimento de câmera. O que me falta em palavras para descrever a obra, sobra em empolgação. "Tabu" é parada obrigatória para todos que se dizem fãs de cinema. O trabalho de Miguel Gomes é a prova viva de que perfeição técnica e poesia podem caminhar lado a lado sem problemas."(Paulo Cintra)
"Em seu filme anterior, Aquele Querido Mês de Agosto, Miguel Gomes tecia uma história ao mesmo tempo em que realizava um filme: um e outra caminhavam juntos, como a afirmar a cada sequência a incerteza do artista contemporâneo. "Tabu" nos projeta na mesma dimensão, embora de outra maneira. O que primeiro nos chega, antes mesmo de entrar na sala, é um eco: o "Tabu" (1931) de F.W. Murnau. É de certa forma indissociável dessas imagens, que se abrem com o prólogo onde nos é contada a história do explorador que, tendo perdido a mulher, entra num rio para ser devorado por um imenso crocodilo. Daí surge o mito de um crocodilo melancólico ladeado por uma bela mulher num rio perdido na África. Entramos em seguida na primeira parte: O Paraíso Perdido. Talvez haja aqui outro eco: o da expulsão do paraíso no poema de Milton. Estamos agora no Portugal de hoje, onde uma Aurora caduca é vigiada por sua criada negra, a quem toma por uma feiticeira. Pouco antes de morrer, Aurora desenha as letras de um nome: Ventura. A horas tantas, se diz no filme que tudo que estou a dizer não é realidade, é lenda. Sim, ao artista (assim como ao espectador) só resta hoje encontrar-se com incertezas. Entramos então na segunda parte, a juventude de Aurora ou O Paraíso. O paraíso de Murnau, das ilhas do Pacífico? Não propriamente. Em Murnau, o primeiro tabu diz respeito a um tubarão que os caçadores de pérolas não devem desafiar; o segundo trata da virgem escolhida, que não poderá ser tocada por nenhum homem. No novo "Tabu" é um pouco diferente. Estamos na África portuguesa. Ali, a bela Aurora, embora casada, apaixona-se pelo então também jovem italiano Ventura. Ventura troca sua existência, até então despreocupada, pelo amor de Aurora. Mas existe algo mais entre eles além do marido. É um filhote de crocodilo com que o marido presenteia Aurora. Um bebê apenas. Mas ele frequenta o filme, os amores, a imaginação dos amantes. Ele é tão presente quanto o cozinheiro e feiticeiro negro, quanto os criados negros, mudos, figuras espectrais que mais parecem penetras nesse mundo branco de belas paisagens, natureza e casas elegantes, magníficas. O "Tabu" de agora instaura uma estranheza que atravessará tudo, inclusive o amor de Ventura e Aurora. Pois o réptil, com seu quê medonho já desde a infância, parece estar lá para nomear um paraíso infernal: o da ocupação e colonização da África pelos portugueses. A colonização da África acabou e com ela sua realidade. A lenda, seu rescaldo, parece permanecer ainda bem viva e dolorosa - pelo menos é o que sugere, entre tantas incertezas do mundo, este filme de Miguel Gomes, um dos mais seguros talentos jovens do cinema. E, claro, um nome a seguir.'' (* Inácio Araujo *)
''Tabu" é um filme com muitos caminhos. Há, para começar, uma história contemporânea: a da velha senhora que perde tudo num cassino, mas nem por isso se mostra desiludida. Depois sabemos que essa senhora foi, na África colonial portuguesa, uma bela jovem com um belo marido e uma bela propriedade. Essa parte nos remete à história portuguesa, pois esse casal faz de um pequeno crocodilo seu bicho de estimação. Existe algo de muito estranho, de perverso nisso: crocodilos não são os bichos de estimação mais simpáticos. Não chegamos a vê-lo crescido. Mas basta isso para saber que esse notável filme de Miguel Gomes nos remete àquilo que o império português tanto cultivou na África: ócio (para o trabalho havia os negros) e monstros. Mas para saber disso era preciso estar lá e fazer seu jogo." (** Inácio Araujo **)
"Tabu" retrata um amor no passado que vai da sensação de paraíso à tragédia de sua impossibilidade. No filme, o pobre homem sofre infeliz porque seu coração, insolente e caprichoso, manda mais do que o rei e o eterno." (*** Inácio Araujo ***)
2012 Urso de Ouro
Top Década 2010 #39 Top Alemanha #31 Top Brasil #21 Top Portugal #6
O Som e a Fúria Komplizen Film Gullane Filmes Shellac Sud ZDF/Arte Radiotelevisão Portuguesa (RTP)
Diretor: Miguel Gomes
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Date 04/03/2014 Poster - - DirectorBo WiderbergStarsJohan WiderbergMarika LagercrantzTomas von BrömssenStig, a 15-year-old student, is attracted to the beauty of Viola, his 37-year-old teacher, and she, drawn to his youth and innocence, feels that he is a God-sent relief for her drunken and miserable husband.[Mov 08 IMDB 7,1/10 {Video}
TODAS AS COISAS SÃO BELAS
(Lust och fägring stor, 1995)
''Aos 15 anos, um rapaz se envolve com sua professora, de 37 anos, casada com um vendedor de roupas íntimas, que nunca foi um marido fiel. Isto justifica sua traição. Lisbet, filha de um vizinho do rapaz, é apaixonada por ele, mas sente-se frustrada por não ser notada." (Filmow)
{No último estágio do amor, como na vida, nós ainda vivemos para dor, não mais para o prazer} (ESKS)
68*1995 Oscar / 1995 Urso de Ouro
Per Holst Filmproduktion Det Danske Filminstitut Nordisk Film- & TV-Fond Svenska Filminstitutet (SFI) Egmont TV2 Danmark SVT Drama
Diretor: Bo Widerberg
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Date 11/03/2014 Poster - ###### - DirectorCarol ReedStarsBurt LancasterTony CurtisGina LollobrigidaA crippled circus acrobat is torn emotionally between two ambitious young trapeze artists, one a talented young American and a less-gifted but beautiful Italian.[Mov 07 IMDB 6,9/10 {Video/@@@@}
TRAPÉZIO
(Trapeze, 1956)
''Rever clássicos é sempre uma experiência interessante. Vi Trapézio há muito tempo, nem lembro direito as circunstâncias, mas me impressionaram as cenas de circo, principalmente, claro, os vôos no trapézio. Mas, a história é centrada nos bastidores, tirando muito do glamour do picadeiro e mostrando o quanto é difícil o jogo para se manter em cena. O filme já começa impactante. Burt Lancaster é o trapezista Mike Ribble, único capaz de fazer o salto triplo no trapézio. Ele se prepara, salta e cai. Não apenas na rede, mas no chão. Há uma passagem de tempo e o jovem Tino Orsini, vivido por Tony Curtis, aparece no circo a sua procura. Ribble agora é apenas um montador, ficou com um defeito na perna, mas o rapaz quer que ele o treine, pois pretende aprender o salto triplo. O embate dos dois se passa nos bastidores de um teste onde o empresário do circo irá comprar alguns números que serão apresentados no espetáculo. É nesse jogo de articulação para se dar bem que surge Lola, a interesseira vivida por Gina Lollobrigida. Lola quer ser a estrela do circo e não poupa esforços para conseguir seu intento, inclusive jogar seu charme para os dois parceiros de trapézio. O jogo de sedução e troca de interesses é bem amarrado, nos envolvendo na história. As personalidades são bem datadas e marcadas, mas fazem parte da estrutura fílmica da época. Tino é o bobo, deslumbrado e presa fácil. Lola é a femme fatale. Ribble é o esperto e inteligente, mas que acaba enredado pela situação. O que mais impressiona no roteiro de James R. Webb é que apesar de todos os indícios, a história e principalmente o seu final, não é nada clichê. Somos surpreendidos pela forma que o filme nos conduz e ficamos perdidos sem saber como aquilo tudo irá se resolver, a partir das complicações que vão se desenrolando. A direção de Carol Reed é segura e as cenas são tensas. O trapézio é mais um personagem que nos deixa em suspensão a cada movimento. Nem por isso, ele descuida dos secundários. Principalmente Rosa e seu marido com o número do cavalo no arco de fogo. Emoção não falta nesse longametragem de 1956. Bom roteiro, boa direção, boas atuações e cenas fortes tornam Trapézio uma boa opção em qualquer tempo." (Amanda Aouad)
''Trapezio'' conta com as atuações marcantes de Tony Curtis, Gina Lollobrigida, Katy Jurado e do magistral Burt Lancaster, um maiores atores de cinema de todos os tempos. A história gira em torno do triângulo amoroso e porque não dizer, profissional entre Tino (Tony), Lola (Gina) e Mike (Burt) num circo decadente de Paris. Mike era um trapezista solo famoso e confiante, que ao tentar o salto triplo mortal, se despedaça e aos seus sonhos de uma carreira que se vislumbrava brilhante; Anos depois, já relegado a tratador de animais no mesmo circo, recebe a visita de Tino, jovem e promissor, que quer aprender a todo custo o tão temido número. Mesmo relutante, Mike começa a ensinar com todo o coração, toda a técnica que um dia foi só seu; Porém, surge entre eles, uma jovem ambiciosa disposta a tudo para participar da atração principal, custe o que custar. A amizade entre os dois fica estremecida a partir do instante em que percebem o mesmo interesse por Lola. A atuação de Burt Lancaster é marcante e importante frisar, a capacidade fisica para desempenhar as cenas mais perigosas, muitas vezes dispensando dublês, o que era uma constante em sua longa carreira. Já assistí diversas vezes e acho que merecia vários prêmios pela sua elegância e carisma. Um drama sincero." (Numaz News)
1956 Urso de Ouro
Hill-Hecht-Lancaster Productions Joanna Productions Susan Productions
Diretor: Carol Reed
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Date 15/03/2014 Poster - # - DirectorDavid O. RussellStarsChristian BaleAmy AdamsBradley CooperA con man, Irving Rosenfeld, along with his seductive partner Sydney Prosser, is forced to work for a wild F.B.I. Agent, Richie DiMaso, who pushes them into a world of Jersey powerbrokers and the Mafia.[Mov 05 IMDB 7,4/10] {Video/@@@@} M/90
TRAPAÇA
(American Hustle, 2013)
"Estética e atuações enlatadas em uma fábrica chamada Oscar, mas dessa vez com falha no lote. Será que a garantia irá cobrir umas estatuetas?" (Rodrigo Cunha)
"Russell e seu Trapaça foram incrivelmente criticados por conta do "hype" excessivo, mas sua nova obra é intrincada, decentemente atuada (canastrice comendo solta, o que convém às personagens) e divertido ainda que uma experiência vazia." (Alexandre Koball)
"Espécie de versão scorsesiana de "Golpe de Mestre", transposta para os anos 70. Não é a obra-prima que os prêmios indicam, mas é, sim, o melhor filme (talvez porque não se leve tão a sério) de O. Russell na condição de cineasta convencional que se tornou." (Régis Trigo)
"O festival de excessos de O. Russell e do elenco é repleto de erros e acertos, por vezes ultrapassando o tom farsesco e simplesmente adentrando na caricatura. Os personagens são interessantes, mas o enredo é fraco e o ritmo irregular. Uma grande decepção." (Silvio Pilau)
"Então é isso? Uma comédia light que parece não saber para onde ir, como se não intencionasse chegar a lugar algum. E, de fato, não chega. Nada além de desfile de atores propositalmente - e por isso nem sempre eficaz - no limite da caricatura. Coxinha!" (Emilio Franco Jr)
"Acelerado, cool, descolado - tudo em American Hustle não passa de embuste para não ficar tão na cara que se trata de um enlatado de Oscar. Sem o charme de um Ocean's Eleven ou o talento de um Paul Thomas Anderson, por pouco não cai no ridículo." (Heitor Romero)
"Mirabolante e demasiado admirado, ainda que criativo. O. Russell é bom dirigindo atores e tem em mãos um belo elenco. As ironias e os decotes melhoram o filme." (Marcelo Leme)
"Diversão. Não leve a sério o novo filme do 'operário eleito por Hollywood artesão' O. Russell e seja feliz. E de bônus, ganhe shows de Amy Adams e Christian Bale. O resto? Reze pra JLaw engravidar. Com urgência!" (Francisco Carbone)
David O. Russell dilui o cinema de Paul Thomas Anderson e de Martin Scorsese para vencer o Oscar.
"O título original é American Hustle (vigarista, trapaceiro), mas deveria ser Quero Ser Paul Thomas Anderson. Trapaça (American Hustle, 2013) é um heist movie (uma trama policial cheia de reviravoltas) em tom farsesco que se pretende engraçadinha, mas é capaz de poucos risos; traz dois atores principais interpretando excessivamente (overacting) e uma insuportável narração que vem para tudo esclarecer, desanuviar a trama e facilitar a compreensão, além de uma colossal dose de cinismo. Seu jogo de cena, artificial, é elaborado e nada sutil, às vezes funciona, mas o resultado parece mais um sub-Boogie Nights - Prazer Sem Limites (Boogie Nights, 1997), de Paul Thomas Anderson, sem o sexo e sem coragem de mostrar os órgãos sexuais – aliás, o filme de Russell é puritano e tem até cena de coito interrompido. Em suas longas e difíceis 2 horas e 10 minutos, tem-se um início penoso (diretor demora demais a apresentar as personagens), mas depois o filme de certa forma deslancha por conta da feérica parte técnica: direção de arte, figurinos e fotografia são anabolizados e praticamente tomam a cena. Amy Adams, sempre com vestidos de generosíssimos decotes anos 70, tem os seios filmados praticamente a cada cena, enquanto Bradley Cooper faz rolinhos no cabelo e Christian Bale, careca, aparece arrumando a peruca pouco convincente. O primeiro plano do filme é uma volta na enorme barrigona do personagem de Bale (o ator engordou uns 20 quilos para o papel, como foi repetito ad nauseum): o diretor faz piadinhas sardônicas com a vaidade de seu elenco o tempo todo. Segue assim até o final, nunca se cansa de jogar poeira nos olhos do público. Os personagens, falastrões, não dão trégua e despejam diálogos o filme inteiro. Mesmo que alguns sejam espirituosos e razoavelmente inteligentes e engraçados, o excesso mais cansa do que diverte. Cooper, mal ator, na sua verborréia parece ter a mesma restrição mental do filme anterior de Russell, O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, 2012), e Christian Bale contra-ataca com a mesma falação, mas em dose dupla, no voiceover e no personagem principal, numa falação tal que dá saudade dele como Batman, pois usava uma máscara e não falava tanto. Cooper nunca convence como um ambicioso agente do FBI e, uma vez seduzido, sua demonstração de um homem abalado pela femme fatale beira o patético. Bale também jamais acerta o tom do amigos dos mafiosos, a não ser pelas roupas barangas. Se "Trapaça" não se transformou em nenhum desastre de filme foi porque, como mais uma vez acontece no cinema do diretor, as atrizes salvam o filme. Amy Adams como a vagabunda ambiciosa de sotaque fingido está ótima, e Jennifer Lawrence está espetacular, mesmo num papel pequeno de mulher traída. Faz a bela vulgar e tonta que, no entanto, sabe se defender. Tudo funciona quanto ela está em cena, diretor e atriz parecem se divertir e, quando desliza sensual e um tanto desajeitada no seu vestido branco com uma semi-argola no meio dos seios, com seu corpão grande e vistoso, seu cabelo loiro falso, Lawrence conseguiu reviver as grandes estrelas “gente como a gente” de Hollywood, carnal e feminina. Com as atrizes em cena, o filme parece se deslocar do mero decorativo, pois David O. Russell não quis retratar os anos 70 (longe disso), nem recontar a história da máfia misturada com políticos corruptos que deu origem ao filme. Prefere a ornamentação. Detalhe: mesmo que Amy Adams tenha trabalhado com Russell antes, em O Vencedor (The Fighter, 2010), aqui ela está mais próxima, na maneira de interpretar, da esposa do pastor em O Mestre (The Master, 2012) de (olha ele aí de novo) Paul Thomas Anderson. Ela com seus seios puxam o filme de Russell, tendo um caso com ambos os personagens principais, uma ex-striper que parte para o embate com a mulher de um deles - a cena do beijo foi ideia de Adams, e Lawrence topou depois de certa resistência. Talvez seja por conta de Adams que o diretor meio que tenha mandado o roteiro às favas e tenha preferido concentrar-se na sua atriz. Ou talvez a decisão tenha sido do editor, quando o resultado final indicou que Amy Adams em cena justificaria o filme. Mesmo forte em alguns momentos, "Trapaça" parece um filme mal costurado, vazio, meio que perdido num sem fim de referências visuais – parece um filme que o canadense Xavier Dolan teria feito se fosse hétero ou enrustido. Praticamente não há pausas dramáticas, só uma profusão de cenas. Sua câmera não fica estática, sempre à procura de algum detalhe insólito, tudo estranhamente parecido com o Martin Scorsese de Depois de Horas (After Hours, 1985). Daí entra Roberto De Niro com um óculos idêntico ao do diretor americano fazendo o papel de um gângster. Soa forçado, ou apenas mais uma gag nem tão engraçada assim, até porque o filme todo tem a mesma ambientação, exaustiva, de Caminhos Perigosos (Mean Streets, 1973), também de Scorsese. A edição do filme pode até ser rápida, os momentos de camera são ligeiros, mas o filme carece da mesma fluidez, em parte por conta da verborragia dos diálogos. Fica tudo meio parado, preso à enxurrada de palavras, enquanto tudo ao redor dá voltas. Assim, mesmo as sólidas interpretações femininas não conseguem fazer do filme uma grande obra, pois David O. Russell pensa que, por estar lidando com um assunto sério (e real), com atores quentes do momento e com dinheiro e produção de um grande estúdio (Columbia), a parada já estava ganha. Partiu então para a sátira um tanto quanto arrumadinha, ou mesmo presunçosa. Muita gente vai ver inteligência e humor, mas em meio a muita superficialidade e diluição, essa diluição recente do cinema, de um tipo de filme com alguns lances sagazes, mas de fundo conservador que tem um objetivo: ganhar Oscar." (Demetrius Caesar)
''Na escolha de seus temas, o cineasta americano David O. Russell tem construído, passo a passo, uma obra sólida e coerente. Seus três filmes mais recentes trazem protagonistas à margem da sociedade que tentam se reinventar para contrariar a máxima do escritor F. Scott Fitzgerald: Não há segundos atos nas vidas dos americanos. Em O Vencedor (2010), há um boxeador de origem humilde que precisa se afastar da família para ter a chance de se tornar campeão. Em O Lado Bom da Vida (2012), um rapaz bipolar e uma moça com fama de promíscua se unem para ganhar um concurso de dança. Agora, em "Trapaça" , temos um casal de golpistas —Irving (Christian Bale) e Sidney (Amy Adams)— que, após ser detido pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper), aceita participar de uma missão para desmascarar políticos corruptos e mafiosos. Em termos de estilo de direção, Russell ainda não parece ter encontrado um. Cada filme seu parece ter um cineasta diferente atrás das câmeras. No caso de "Trapaça" , ele se chama Martin Scorsese. Há muito de Os Bons Companheiros (1990) na história de um casal de vigaristas em apuros, imprensado entre o FBI e a máfia. Mas o tributo a Scorsese se dá sobretudo nas marcas de estilo, na alternância entre câmera lenta e acelerada, nas pausas narrativas para grande música pop, na mistura de ironia e sanguinolência." (Ricardo Calil)
Rasgando a fantasia.
''Fazia três décadas, desde Reds (1981), que um filme não conseguia indicações para as quatro categorias de atuação no Oscar, e o diretor David O. Russell não só quebrou o tabu como o fez dois anos seguidos, com O Lado Bom da Vida em 2013 e agora com Trapaça - que tem indicações para Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, além de outras seis, incluindo melhor filme, na cerimônia de 2014. Não foi por agrupar talentos fora do comum que Russell conseguiu a proeza, e sim pela forma como ele dirige atores e atrizes para extrair interpretações que chamam atenção para si. Os filmes do diretor operam numa espécie de realidade aumentada, onde tudo fica um tom acima - o humor, as tragédias, as neuroses, os enfrentamentos. É uma releitura do tipo de atuação que Martin Scorsese, uma das principais influências da geração de Russell, procura em alguns de seus filmes sobre a América e a história italo-americana, resquício da formação de Scorsese determinada pelos melodramas do Neorrealismo italiano. Em ''Trapaça'', o roteiro de Eric Warren ficcionaliza a história real da Abscam, uma operação montada pelo FBI em 1978 para flagrar más condutas de congressistas dos EUA. Naquele ano, o FBI forjou a Abdul Enterprises e inventou um xeque fictício, Kraim Abdul Rahman, para filmá-lo oferecendo dinheiro a políticos dos EUA em troca de favores políticos. O peão da operação era Melvin Weinberg (vivido por Christian Bale no filme), um malandro condenado pela Justiça que foi contratado pelo FBI unicamente para liderar a operação. Estamos ainda na ressaca do Watergate, e a renúncia do presidente Richard Nixon em 1974, depois de assumir ter espionado rivais políticos, abalou a confiança dos americanos não apenas nas suas instituições (como a presidência em específico e os políticos em geral) mas também, em larga medida, naquilo que entendemos como o real. Trapaça começa, portanto, feito de pessoas que enganam e se autoenganam para forjar uma realidade melhor: o malandro careca que finge ter cabelo, a caipira que finge ser britânica, o filhinho da mamãe que acredita ser um superagente secreto. Nas excessivas duas horas e tanto do filme, feitas de golpes e reviravoltas como num típico filme-de-assalto, o tema que nunca deixa de se impor sobre os personagens é o dessa desconfiança diante das imagens que fabricamos, diante do mundo. Não por acaso, em uma das cenas mais inspiradas do filme, Amy Adams e Bradley Cooper escolhem como válvula de escape o Studio 54 - paradoxalmente, a famosa discoteca onde drogas que anestesiam os sentidos eram liberadas - e chegam ao orgasmo sob promessas de que serão reais um ao outro. Nos EUA pós-Nixon de ''Trapaça'', a realidade é um espécie de utopia. Então faz sentido aqui - mais do que em filmes como O Lado Bom da Vida, por exemplo - que David O. Russell escolha filmar tudo com seu viés de realidade aumentada. Assim como era possível encontrar uma autenticidade nos estereótipos de tragédia americana de seu filme O Vencedor (que tinha menos indicações ao Oscar mas é bem melhor que Trapaça), Melvin e companhia carregam consigo - em seus figurinos decotados, seus penteados exuberantes, seus comportamentos excêntricos - uma melancolia verdadeira de quem veste camadas e mais camadas de Sonho Americano. Nesse aspecto, ''Trapaça'' tem muito a ver com O Lobo de Wall Street, o filme que coloca Russell em confronto direto com Scorsese na premiação. Ambos os filmes trabalham com realidades que são forjadas por projeções (de sucesso, de felicidade) e alimentadas pelo dinheiro (que não parece nunca se esgotar, embora o agente do FBI interpretado hilariamente por Louis C.K. proteste o tempo todo contra o desperdício). Comparar os dois filmes ajuda a entender também as limitações de Russell, porque enquanto o fôlego de Trapaça parece se esgotar bem antes do final, O Lobo de Wall Street poderia durar por horas, enquanto se dispusesse a testar os limites do bom senso, da consciência, do corpo, da física..." (Marcelo Hessel)
''Essa vinheta baseado em fatos reais é sempre chancela de autenticidade, importante quando a tradição de certo cinema é basicamente realista. O cinema como transcrição ou recriação do real. No caso de Trapaça, é apenas em parte inspirado numa operação do FBI do final dos anos 70, começo dos 80. Um caso de fraude, no qual os vigaristas são "convidados" a colaborar com a polícia para atenuar suas penas. Um tema recorrente, do insider que entrega os companheiros para obter vantagem. "Trapaça",de David O. Russell, poderia ser pura invenção e não perderia um grama do seu encanto - se é que o charme cinematográfico pode ser pesado. Este, no entanto, é bem palpável, com Christian Bale fazendo par com Amy Adams nos papéis de Irving Rosenfeld e Sydney Prosser, dois golpistas assediados pelo agente Richie DiMaso (Bradley Cooper). Acontece, para complicar a vida, que Irving é casado com Rosalyn, interpretada pela garota da hora de Hollywood, Jennifer Lawrence, de Jogos Vorazes. Robert De Niro faz uma ponta, impagável, como um capo mafioso. Tem know-how. "Trapaça" é uma dessas comédias negras que brincam com o mundo de corrupção e venalidade do qual as pessoas de bem sequer imaginam a existência. Ou se intuem que as coisas se passam de modo menos nítido, nada conhecem do seu real funcionamento. Na verdade, com sua aparente despretensão, Trapaça mostra muito do modus operandi de um pessoal que vive à margem da sociedade e conhece perfeitamente o modo de abordar o capitalismo de modo a fazê-lo trabalhar a seu favor. Mesmo ao arrepio da lei. A fronteira entre o que é legal e ilegal, aliás, se revela bastante estreita. Torna-se cada vez menor. Nesse meio, o que importa é ser pago e não ser pego. E, se for, mesmo assim tentar tirar o melhor proveito possível da situação. Fazer do limão uma limonada, como dizemos nós. E é o que tenta Irving-Sydney uma vez que estão irremediavelmente embrulhados com o FBI. O filme tem ação rápida e pontuada por bons diálogos. Os figurinos em si, com aquele exagero pop da moda dos anos 70, já são uma atração à parte. E, além do par central, Jennifer Lawrence dá um show como a esposa meio tonta e boquirrota, que pode fazer todo um esquema desabar porque não consegue se conter. A mocinha tem talento, não há como negar. Já provou isso em vários trabalhos, do drama à comédia. O fato de estar num caça-níqueis como Jogos Vorazes não deve diminuí-la. Indicado em dez categorias para o Oscar, "Trapaça" mostra que, diferentemente do que às vezes se queixam os cômicos, ninguém tem preconceitos quando a comédia é boa. Trapaça é um filme engraçado sem deixar de ser crítico. Aliás, não existe qualquer incompatibilidade entre a comédia e a crítica, e isso desde os antigos gregos e romanos. O riso corrige os costumes (Ridendo castigat mores), dizia o poeta romano Horácio. O riso corrige. O riso libera. O riso é bom. Aristófanes, Shakespeare, Molière, Billy Wilder, Howard Hawks e Carlos Manga fizeram comédias brilhantes. O chato é a comédia burra. Essa atrai preconceitos." (Luiz Zanin Oricchio)
86*2014 Oscar / 76*2014 Globo
Columbia Pictures Annapurna Picture Atlas Entertainment
Diretor: David O. Russell
293.790 users / 60.701 face
Sountrack Rock = America + Steely Dan + Chicago + Todd Rundgren + Jeff Lynne + Donna Summer + Harold Melvin & The Blue Notes + Tom Jones + Booker T. Jones + Electric Light Orchestra + Elton John + The Temptations + Santana + The Bee Gees + Paul McCartney & Wings + Led Zeppelin
Check-Ins 521 47 Metacritic
Date 27/04/2014 Poster - ##### - DirectorGyörgy PálfiStarsCsaba CzeneIstván GyuriczaGina MorenoThree generations of men, including a pervert that constantly seeks for new kinds of satisfaction, an obese speed eater and a passionate embalmer.[Mov 04 IMDB 7,1/10] {Video/@@} M/83
TAXIDERMIA
(Taxidermia, 2006)
''Segundo longa do mesmo diretor de Hukkle, mostrado anteriormente no Festival Zona Livre e resenhado por este blogue, “Taxidermia” é um ensaio estilístico sobre uma iconografia de horror carnal, — com imagens de dilaceração, evisceração, dissecação e mutilação do corpo humano e de animais. Um filme sem dó nem piedade na exposição minuciosa dos processos biológicos. Em meio a personagens hiperbólicos grotescos, há seqüências documentalmente escatológicas e de árdua digestão: sexo explícito com carcaça de porco e corpulentas fellinianas, campeonato de comilança entremeado por sessões de vômito, galo bicando a glande peniniana, auto-cirurgia com extração de órgãos internos e amputações, um pênis flamejante — e muito mais sexo, sangue, sujeira e comida… Tudo isso narrado num naturalismo radical, que remete à literatura do Marquês de Sade, na riqueza de detalhes sobre o corpo. Em “Taxidermia“, a câmera penetra fundo e se encharca de seus fluidos, assaltando os bons costumes visuais do espectador. O pano de fundo se desdobra em três gerações consangüíneas, ambientadas em três momentos precisos da história húngara: a Primeira Guerra, o regime socialista dominado pela URSS, o capitalismo contemporâneo. Cada coordenada temporal é pontuada por um trabalho primoroso de fotografia, figurino e direção de arte. Enquanto a primeira guerra delineie-se pelos uniformes surrados e atmosfera de confinamento e ameaça, o período socialista é desenvolvido por ícones típicos da opresiva URSS e do realismo soviético, e por último, o mundo contemporâneo se manifesta com o supermercado e pela profusão de embalagens. A montagem, assim como em Hukkle, segue a escola eisensteiniana, na sua despreocupação com planos-seqüências e com o realismo dramático, à Bazin. Embora em “Taxidermia“, isto não se reflita num enredo em forma de quebra-cabeças, como no primeiro longa, onde a montagem exerce o papel principal da narração. Na seqüência final, a obra é mordaz contra a espiritualização da arte. Enquanto, em sua jornada indigesta pela matéria orgânica, o filme apele para um materialismo brutal, a ponto de nausear alguns, na última parte aparece um museu anódino e modernoso, onde freqüentadores aburguesados e descolados, vestidos de branco , contemplam o corpo imortalizado do taxidermista. Isto é, um corpo cadavérico, estático, limpo e esbranquiçado, como o mármore do David (1504) de Michelângelo, — aliás em referência direta. Narra-se assim a trajetória da carne disforme em direção ao objeto domesticado de uma arte carneira, confinada às galerias e aos museus tradicionais. Há quem recomende ao espectador não fazer refeições imediatamente antes ou depois de “Taxidermia“, mas eu pelo menos fiquei com fome de mais." (Quadrado dos Loucos)
{Não é o mundo que faz a boceta girar, mas a boceta que faz o mundo girar} (ESKS)
Bizarro e grotesto, o filme cativa pela sua feiúra sensual. Não é para estômagos fracos.
''O cinema da Romênia hoje ganha prêmios internacionais e é presença constante nos festivais de cinema da Europa, assumindo uma posição que já foi da Polônia de Andrej Wajda, Roman Polanski e Krzystof Kieslowski. Mas há bom cinema também sendo feito na vizinha Hungria. ''Taxidermia'', de György Palfi, fez relativo sucesso nas mostras do Brasil em 2006, mas não logrou êxito em chegar ao circuito comercial. Explica-se: não é um filme agradável de se ver, pois tem cenas escatológicas e de difícil aceitação, como um pênis ser bicado por uma galinha – bem longe do cinema político de A Leste de Bucareste e do aborto clandestino de 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, os romenos da vez. Prepare-se: as cenas são fortes. A história da Hungria e da Europa Central é apresentada por meio da vida de três gerações (avô, pai e filho). O avô é soldado do exército comunista na Primeira Guerra Mundial que passa os dias se masturbando num vilarejo minúsculo e entediante. Esconde-se no banheiro coletivo local para ver as mulheres urinarem e, com a imagem da nudez em mente, alivia-se antes de dormir. O diretor não economiza nos barulhos nojentos e cenas repugnantes, como o soldado fazendo sexo com uma leitoa abatida, do pênis sair um jato de fogo e por fim a galinha dando-lhe uma bicada no membro. Ele termina morto pelo comandante e seu filho nasce com um rabo de porco. Na segunda parte do filme, o filho, já sem o rabo, torna-se um obeso mórbido depois de participar, desde criança, de concursos em que o campeão era o que ingeria a maior quantidade de comida. Apaixona-se por uma mulher bem gorda, também competidora na modalidade, e com ela terá uma lua de mel bastante igual a de tantos outros casais – os quilos a mais não impedem o clima romântico, regado a Samba da Bênção, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, na interpretação de Bebel Gilberto. Dessa relação nasce o representante da terceira geração, o raquítico taxidermista do título, que passa a terceira parte do filme empalhando animais e a si mesmo, guardando seu próprio corpo para a eternidade. O roteiro parte de contos escritos por Lajos Parti Nagy; a trilha sonora, muito bela, é assinada por Amon Tobin, compositor que nasceu no Rio de Janeiro e faz parte da vanguarda chique européia – suas músicas não saem das trilhas das coreografias de Pina Bausch. Enfim, há uma certa sofisticação nos temas, na crítica ao regime comunista, na maneira como a sociedade atual discrimina os obesos, na intricada elaboração dos planos-seqüência e no inteligente uso da câmera digital. Mesmo a reconstituição de época e nos cenários estilizados percebe-se que o diretor teve educação tanto cinéfila quanto humanística. Sua verborragia não é nem acidental muito menos gratuita. Palfi, o diretor, chega a recriar os contos dos irmãos Andersen dentro de um exemplar de A Menina dos Fósforos, um dos contos dos escritores, além conseguir, com um giro de 360 graus numa mesma banheira (plano impressionante), perpassar toda a história e resumir as intenções do filme. Enfim, é o que Peter Grenaway fazia quando ainda estava com gás. Bizarro e grotesco, ''Taxidermia'' é cativante. Sua narrativa vertiginosa é perfeita para seu universo massacrante do regime soviético e da sociedade atual. Sua feiúra é sensual, barroca, tocante, enquanto a beleza é fria, cerebral, anódina. Não é um filme para estômagos fracos, talvez por isso não ter passado no Brasil." (Demetrius Caesar)
Amour Fou Filmproduktion Eurofilm Stúdió Katapult Film La Cinéfacture Memento Films Production
Diretor: György Pálfi
11.538 users / 4.787 face
Check-ins 542 9 Metacritic
Date 19/04/2014 Poster - ##### - DirectorCarterStarsJames FrancoCatherine KeenerFallon GoodsonA talented and successful actor retires at a young age due to a perceived mental illness. Now living in a small town with his deranged sister and his best friend, we watch as their Maladies intertwine.[Mov 02 IMDB 5,3/10] {Video/@@} M/28
TRANSTORNOS
(Maladies, 2012)
''O jovem ator de telenovelas James (James Franco) decide se aposentar por causa de uma doença mental incurável. Ele pretende, antes de morrer, escrever uma longa biografia contando toda a sua carreira em detalhes. Enquanto não consegue concluir a obra, James vive em uma mesma casa com sua irmã Patricia (Fallon Goodson), também vítima de problemas mentais, e com o travesti Catherine (Catherine Keener)." (Filmow)
Tribeca Film RabbitBandini Productions Stardust Pictures Dot Dot Dot Productions Most / Rice Films Most Films
Diretor: Carter
271 users/ 139 face
13 Metacritic
Date 06/04/2015 Poster - ## - DirectorJason BankerStarsJames DavidsonSara Anne JonesWhitleigh HigueraA portrait of contemporary youth culture, where the lines between reality and fiction are blurred with often frightening results.[Mov 07 IMDB 5,1/10] {Video/@@@} M/54
TOAD ROAD - A ESTRADA PARA O INFERNO (unofficial ESKS)
(Toad Road, 2012)
''Um retrato da cultura jovem contemporânea, onde as fronteiras entre realidade e ficção são borradas, com resultados muitas vezes assustadores." (Filmow)
{Há sete portas que levam para o inferno. Quando você passar pelo sétimo portão do inferno, você perceberá que está rodeado pelo nada absoluto} (ESKS)
***
''Toad Road é um filme estranho, inusitado e que causa muito desconforto. Em todo lugar o consideram como um filme de horror, porém eu não usaria essa classificação, sinceramente não sei classificá-lo e isto é o que o torna melhor. A história é praticamente irrelevante e não posso falar muito para não estragar a surpresa, o que posso dizer é que, antes de mais nada, o filme é sobre um grupo de jovens desocupados que saem testando todas as drogas possíveis, com ênfase nos cogumelos e LSD. O problema é o uso que fazem dos alteradores de consciência, mas enfim, cada um que tire suas conclusões. Aldous Huxley já havia escrito um livro chamado Céu e Inferno para retratar a experiência psicodélica e Timothy Leary escreveu um manual comparando-a com o Livro dos Mortos Tibetano, aqui a comparação é com os setes portões do inferno. E achei-a muito precisa. Quanto aos atributos técnicos, assim como a maioria dos filmes que estou apresentando aqui, este também faz uso de câmeras digitais, baixo orçamento, atores amadores, em resumo, faz parte do novo cinema independente/experimental. Porém, gostei muito da fotografia deste aqui. A maior parte do filme se passa em lugares fechados, mal iluminados ou de noite, entretanto quando as cenas ocorrem durante o dia, no campo ou na floresta, a fotografia é belíssima – sem desmerecer as cenas escuras. Grande parte da crítica não apreciou o filme e eu entendo: ''Toad Road'' é hermético em muitos aspectos e faz pouco ou nenhum sentido para quem nunca teve uma experiência psicodélica. Entretanto para quem já passeou pelos portões do inferno é inacreditável a angústia que se pode sentir. A proposta do filme é um retrato da juventude contemporânea, um fragmento específico desta juventude, e esta proposta foi cumprida a contento. Por último, é importante notar que apesar de ser um filme sobre drogas e juventude, ''Toad Road'' é bem mais que isso, poderia chamá-lo de um filme existencialista (e não é que achei uma classificação). Talvez o que mova o filme e o que desperte angústia no espectador seja antes o absurdo ou uma busca por algo que não se sabe bem o que seja. No fim das contas, todos os personagens são extremamente solitários. Lembra-me muito O Estrangeiro de Camus." (logos/kinema)
Random Bench Productions SpectreVision
Diretor: Jason Banker
645 users / 220 face
6 Metacritic
Dte 14/04/2015 Poster - ###### - DirectorJennifer KentStarsEssie DavisNoah WisemanDaniel HenshallA single mother and her child fall into a deep well of paranoia when an eerie children's book titled "Mister Babadook" manifests in their home.[Mov 07 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@} M/86
THE BABADOOK - AS PÁGINAS DO TERROR (unofficial ESKS)
(The Babadook, 2014)
"Kent acerta enquanto aposta mais na sugestão e na paranoia do que no lado explícito. Pena que a conclusão deixe a desejar, mas é um filme interessante, mais sobre monstros humanos do que sobrenaturais, com cenas bastante intensas e muitas referências." (Silvio Pilau)
"Se por um lado tem a boa ideia de se inspirar na estética sombria do expressionismo alemão para a construção de uma atmosfera dúbia e intimidadora, por outro se apoia numa sucessão chatíssima de clichês à lá O Amigo Oculto que sabotam a boa premissa." (Heitor Romero)
"Jennifer Kent sabe como construir a tensão através de belíssimos planos que acentuam a fotografia soturna e opressora. Há momentos de arrepiar a espinha, mas fora isso, está bem longe de ser o filme aterrador que dizem ser por aí." (Rafael W. Oliveira)
Ao vacilar entre materializar o monstro ou não, Babadook gera medo como poucos filmes conseguiram nos últimos anos.
***
''Desde Invocação do Mal, no ano passado, não se falava tanto a respeito de um filme de terror. Isso acontece por dois principais motivos. Os planos desconcertantes e entrecortados ditam o fluxo do filme, pagando tributo pesado ao expressionismo alemão por servir de influência primária na composição estética de Babadook, filme de estreia da atriz e agora roteirista/diretora Jennifer Kurt. Mas também, e aqui as opiniões costumam diferir, existe uma desmaterialização da criatura que, acredito eu, contribui e muito para que o filme seja bem avaliado pela crítica e pela audiência, tanto num plano mais básico de apreciação, através dos sustos e do medo que o filme causa, quanto também num plano mais amplo, de realmente observar as características gerais do filme. Explico. Nos últimos anos tenho observado com frequência cada vez maior que grande parte dos filmes de suspense e terror recentes têm dificuldades para manter a tensão, especialmente na medida em que o filme avança e a criatura é, com mais forma, revelada. Provavelmente isso ocorra porque a partir do momento em que a criatura toma forma, ela já transgrediu para o plano real do filme, sendo necessário que aconteça imediatamente o confronto, a batalha final, momento em que o herói pode se rebelar contra o medo e enfrentar de frente a criatura, ou entregar-se a ela. "The Babadook" esquiva em revelar-se, no entanto, e isso contribui bastante para o filme consiga suportar o avançar da história sem abrir mão da tensão. O monstro é presença invisível, transformando-se periodicamente em pessoas, sendo um e todos ao mesmo tempo. A essência mitológica por trás do bicho-papão é bem sumarizada no terceiro filme da série Harry Potter, onde cada aluno de Hogwarts abre um guarda-roupas, e a magia do bicho-papão toma forma de seus mais sinceros e profundos medos. Há três cenas que tornam explícita essa ideia: a) quando Amelia se masturba e ouve os ruídos característicos do monstro se aproximando, mas na verdade é o seu filho; b) quando Amelia se olha no espelho que há dentro do guarda-roupas e vê o seu próprio reflexo; e c) quando o monstro se manifesta como Oskar. ''The Babadook'' tem forma e rosto, é verdade, e é assustador. Mas a maneira como o filme escolhe articular a presença do monstro é seu grande diferencial, pois, ao manifestá-lo em vários personagens em diferentes momentos da história, forma-se uma teia instável onde pessoas estão contra pessoas e o terror, dessa forma, se torna ilimitado. A sombra que o Babadook projeta ao abrir seus braços e levantar sua capa é grande suficiente para encobrir vidas inteiras, desnorteando os julgamentos e embaraçando os próprios reflexos. Descortina-se, assim, o grande conflito do filme, que é corpóreo e visceral à Cronenberg, onde mãe e filho, cartas postas à mesa, embatem-se, à procura de expurgar seus traumas ou então apagar a si mesmos. Os corpos de mãe e filho personificam perfeitamente a atmosfera do filme. No início, vacilantes, cheios de tiques, porém dotados de certa estabilidade; no meio, sombrios e instáveis, porém ainda humanos; ao final, entregues aos gritos, aos vômitos, ao sangue, viscerais ao ponto da deformidade. Cada etapa representando sua missão de incomodar, assustar e finalmente explodir com a ação, desencadeando o clímax e as resoluções. ''The Babadook'' é um filme angustiante e assustador, como há muito não se via, atinge esses sentimentos através de artifícios cinematográficos autênticos que engrandecem a apreciação posterior, ao invés de diminuí-la. O Iluminado mais uma vez procriou, engajando-se em um ato carnal perturbador com A Invocação do Mal para gerar um filme que desconcerta e amedronta enquanto faz brilhar os olhos, e o cinema de gênero terror respira aliviado, mais uma vez, para ser continuamente mal tratado durante meses ou quem sabe anos, mas apanhará de pé, com a certeza que as joias, ainda que raras, são potentes o bastante para o manter vivo para sempre." (Guilherme Bakunin)
{O passado não pode ser esquecido} (ESKS)
''The Babadook'' é um suspense dramático que se arrasta por debaixo da pele da audiência. A produção australiana conta a história de Amelia e Samuel, mãe e filho que se veem perseguidos por uma presença sinistra, autodenominada Babadook. Vivendo como reclusos, os dois enfrentam seus maiores medos juntos, muitas vezes como aliados, outras como inimigos. O filme é feito com esmero, e a diretora e roteirista Jennifer Kent consegue oferecer uma diferenciada experiência para o gênero. Na maior parte do tempo, a tensão criada pela trama é incômoda, pois a relação da mãe e do filho é tão desgastante que chega a ser perturbadora, e este é o reflexo perfeito do estado psicológico de ambos. No entanto, existe por trás dessas atitudes desesperadas, uma dramática história envolvendo o pai da família. Este evento trágico que moldou a personalidade dos dois, e que por ironia do destino possui data de celebração, é o catalisador do surgimento do temível Babadook. E diante da centralização dos personagens, o filme nada seria sem o trabalho inspirado dos atores. O jovem talento Noah Wiseman, que interpreta o filho Samuel, é de uma espontaneidade incrível, e sua habilidade com cenas intensas é surpreendente. Já a experiente atriz Essie Davis encarna o literal sentido da palavra depressão. Sua Amelia aparece exausta e apática desde a primeira cena. Ela se arrasta pelo dia tentando, de maneira autêntica, manter-se sã, mas falha miseravelmente. Davis consegue nos fazer sentir pena de Amelia, mesmo quando a personagem empunha sua faca contra o filho. Um trabalho visceral. Por fim, ''The Babadook'' é uma proposta de suspense completamente diferente, e por isso talvez não agrade o público mais acostumado com filmes populares do gênero. O mais interessante desta história é todo o clima lúdico criado em torno da caricata entidade do mal conjurada, que no final é apenas uma inteligente representação da fraqueza humana, que se bifurca por muitos caminhos, como o medo e a depressão. Após o bizarro e excelente desfecho, a mensagem que fica é: o passado não pode ser esquecido, acontecimentos traumáticos sempre farão parte de você. Porém, eles não precisam dominar sua vida. É possível conviver com o passado sem ser afetado por ele. Recomendado.'' (Ronaldo D'Arcadia)
Causeway Films Smoking Gun Productions
Diretor: Jennifer Kent
56.687 users / 29.860 face
34 Metacritic
Date 15/04/2015 Poster - ######## - DirectorMichael BayStarsMark WahlbergNicola Peltz BeckhamJack ReynorWhen humanity allies with a bounty hunter in pursuit of Optimus Prime, the Autobots turn to a mechanic and his family for help.[Mov 04 IMDB 5,8/10] {Video/@@@@} M/32
TRANSFORMERS - A ERA DA EXTINÇÃO
(Transformers: Age of Extinction, 2014)
"Transformers - A Era da Extinção" tem méritos. Uma franquia que chega ao quarto filme e ainda é capaz de prover diversão por quase três horas merece respeito. O responsável é o produtor e diretor Michael Bay, à frente de todos os longas. Na infância, ele deve ter sido um menino que adorava segurar um boneco em cada mão e bater um contra o outro, narrando lutas épicas. Bay faz isso até hoje. Só que gasta algumas dezenas de milhões de dólares quando resolve brincar um pouco. Transformers é o brinquedo mais caro do mundo. Mudou o protagonista: sai Shia LaBeouf e entra Mark Wahlberg. São dois perfis distintos de canastrões, mas funcionam. Ninguém precisa ter passado pelo Actors Studio para contracenar com robôs de dez metros de altura. Embora só interesse a adultos com alma de moleque de 10 anos, eis a trama: anos depois de uma batalha devastadora, os Autobots (os robôs bonzinhos que vieram do espaço) estão escondidos pela Terra, em sua forma de veículos eles se transformam em carros, caminhões etc. Um caçador alienígena os persegue, com apoio do governo americano. O plano é desmontá-los e utilizar sua tecnologia para fazer robôs controlados pelos humanos. O prêmio para o caçador é ficar com Optimus Prime, líder dos Autobots (e herói de toda a saga). Em forma de caminhão, está adormecido em um ferro-velho. O mecânico, pretenso cientista e empresário falido Cade Yeager (Wahlberg) compra a sucata. Quando Optimus desperta, soldados aparecem para pegá-lo. Ele foge para reunir os Autobots remanescentes e enfrentar os humanos, o caçador alienígena e os novos Transformers do mal. A Era da Extinção poderia ser mais curto e ter um roteiro mais caprichado. Mesmo assim, meninos adultos agradecem." (Thales de Menezes)
''Quando Transformers: A Era da Extinção'' estreou, o diretor Michael Bay respondeu àqueles que o odeiam e criticam seus filmes: Eu não ligo. Deixe-os odiar. Eles vão continuar vendo meu filme. Acho que é bom ter esta tensão. Muito bom! Eu costumava ficar chateado, mas acho que é bom ter este diálogo. Ele me faz pensar e mantém meus pés no chão, então, tudo bem, disse à MTV. E é difícil pensar que Bay está errado em pensar assim. Ele continua fazendo os filmes que gosta de fazer e as pessoas realmente continuam indo ao cinema para vê-los. Nos seus primeiros 30 dias em cartaz ao redor do mundo, o quarto filme da franquia dos robôs gigantes ultrapassou a marca dos 200 milhões de dólares nas bilheterias dos Estados Unidos e já é o filme mais visto da história da China, onde arrecadou 225 milhões de dólares em apenas 12 dias. Não é à toa que o cineasta anunciou A Era da Extinção como o primeiro filme de uma nova trilogia. Ele realmente só não volta para mais dois filmes da série se não quiser, pois a Paramount e a Hasbro certamente estão é rindo à toa com o tanto de dinheiro que entra bienalmente em seus cofres. Nesta nova fase, o chorão do Sam Witwicky interpretado por Shia LaBeouf sumiu do mapa. Seu nome sequer é lembrado. O que não é esquecida, porém, é toda a destruição causada na batalha de Chicago do terceiro filme, desculpa ideal para fazer o governo dos Estados Unidos agora caçar os Autobots e destruí-los. Poucos robôs continuam vivos, um deles é o líder Optimus Prime, que estava em uma espécie de coma/curto-circuito e é encontrado disfarçado no interior do Texas por um cientista incompreendido vivido por Mark Walhberg. Com o governo - e uma nova ordem de robôs alienígenas caçadores de recompensa - na sua cola, só resta a Cade Yeager (Wahlberg), sua filha adolescente (Nicola Peltz) e o namorado dela (Jack Reynor) se juntarem aos Autobots em uma batalha pela sobrevivência que os fará voltar a Chicago e depois partir até a Ásia, onde passam por Pequim e Hong Kong novamente causando muita destruição. Esta é a linha do enredo e, tirando algumas conspirações que não precisam ser mencionadas aqui, tudo o que você precisa saber sobre a trama. Afinal, é um filme onde a lógica e o realismo passam longe. Para Michael Bay, o que vale é o espetáculo visual. Quanto maiores as explosões e menores os shortinhos das atrizes, melhor. E Bay ainda pesa a mão em outras coisas. Ele, que gosta de ficar pessoalmente pilotando as câmeras, abusa do contra-luz no pôr-do-sol, busca enquadramentos diferentes e filma Mark Wahlberg na hora mágica, buscando uma poesia cinematográfica que se perde nos infindáveis 165 minutos de filme. O grande problema de Michael Bay é que ele se diverte muito e parece não saber a hora de parar. Se o filme tivesse uns 40 minutos a menos as reclamações seriam muito menores. A busca constante por uma batalha maior que a anterior é cansativa demais. Por tudo isso, a única forma de sair do cinema tranquilamente após tanta coisa voando na sua direção é reclinar o banco e tentar não pensar muito. Na verdade, isso deveria ser pré-requisito, afinal, se você sai de casa para ver um filme de robôs gigantes que viram carro (e agora dinossauros também) e que Mark Wahlberg é um cientista de talento ímpar, a última coisa que se deveria cobrar é coerência.'' (Marcelo Forlani)
A megalomania ostensiva de Michael Bay.
''Não há muito o que acrescentar sobre o novo filme da franquia Transformers que já não tenha sido discutido anteriormente em foruns, críticas ou rodas de conversa durante o lançamento dos três primeiros. É o maniqueísmo barato que poderia ter sido resolvido pelo lado mal em um dos atos iniciais. Não há nada de novo, a não ser os protagonistas humanos. E ter esses novos protagonistas não significa que a história tomará um novo rumo. Pelo contrário, segue numa mesma direção com o talento único de Michael Bay em conceber asneiras cinematográficas atulhadas de pomposos efeitos que representam nada mais que uma limitação criativa, algo que seja engolido com maior facilidade por um público sedento de ação. É injusto chamar o filme de descerebrado ou qualquer coisa do tipo, pois tem dois ou três bons momentos. Além disso, os efeitos visuais e sonoros são esplêndidos, porém insuficientes, perdendo força logo em seus primeiros 90 minutos com sua dinâmica masturbatória. No fim, são apenas grandes robôs – há quem se ofenda com esse termo – brigando. Este quarto filme baseado nos famosos brinquedos da Hasbro reafirma a maior intenção da franquia: divertir. Faz isso bem. Seria melhor se fosse num tempo menor, pois quase 3h de ação ininterrupta esgota o público, apesar das várias gags e momentos cômicos. Surpreende notar a forma como o roteiro se livra de um alívio cômico que mais soou como um interjetivo aborrecido. A verdade é que falta em Transformers uma boa história que amarre sua ambição, mas com Michael Bay isso parece ser inviável. Não há desculpas, há blockbusters interessantíssimos que não abrem mão de uma boa história. A leviandade das conclusões desse Transformers: A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction, 2014) corrobora a perspectiva de que o entretenimento do cinema Hollywoodiano está em declínio. Sem Megan Fox e Shia LaBeouf (ator cuja credibilidade foi minada), restou a Bay garantir a presença de um veterano para incendiar um novo plot. Mark Wahlberg foi escalado para protagonizar a fita. Ele está inserido num núcleo familiar que garante um drama de cerca de 5 minutos, algo que nem pastelões adolescentes têm coragem de colocar no roteiro. O que dizer da máxima sua mãe ficaria orgulhosa? Ele é um pai protetor que, em nome da honra de sua mulher falecida, quer que a filha só assuma um compromisso após se formar. Há piadas referentes a leis em alguns estados do país sobre relacionamentos com menores, especialmente vinculadas ao Texas. Seu personagem engessado também é um inventor sem sucesso. O roteiro constrange com essa decisão de fazer dele um inventor. O pôster de Einstein colado na parede só acresce o embaraçamento. Sua fé em criar algo que pague as contas da família o mantém na ativa até o dia que compra a sucata de um Transformer e sua vida muda. Descompromissadamente a obra garante recreação. Só não era esperado uma cena cuja metalinguagem surgisse como ironia à própria produção: a cena em que a sucata de um caminhão é encontrada acontece num cinema antigo. Lá, um personagem saudosista reflete sobre a baixa qualidade dos filmes atuais. Também há uma brincadeira de lógica quando um outro personagem, imediatamente após atravessar de um continente a outro, brinca com a falta de sensibilidade em relação ao fuso horário. É uma autêntica gozação. Se dispensarmos o senso crítico e encararmos ''Transformers: A Era da Extinção'' como um desenho animado ou vídeo game onde tudo é possível, dá pra aproveitar. Se isso é possível, é outra história. Há algumas sequências que nos obrigam a notar mais do que deveríamos uma série de erros de continuidade e de lógica. Por exemplo, o colarinho impecavelmente branco de Joshua (Stanley Tucci, o John Turturro dessa versão) dá a impressão que o empresário teve tempo de trocar de camisa o filme inteiro, mas não teve qualquer condição de lavar o rosto coberto por sujeira. O mesmo se aplica aos outros personagens, em especial Tessa Yeager (Nicola Peltz) que se mantém imaculada como um próprio Transformer com silhueta libidinosa, sem feridas e maquiada, mesmo após sobreviver à queda de escombros colossais, explosões e tombos em rodovias. Está certo, isso não importa para o filme. Bom para os interessados apenas na graça feminina dessa jovem atriz cuja beleza é priorizada em quadros: a fotografia de uma cena capta caprichosamente suas coxas enquanto busca outros personagens à frente. Um regozijo. Continuações virão com o provável mais do mesmo, sendo que ainda não tornou-se insuportável. Há um público cativo se deleitando propenso a algolagnia. Essa quarta parte chegou a um nível de mediocridade superior garantido pela censura, pois, diante tudo o que rola em cena, os Transformers agora surram humanos. Não dá pra ignorar o fato de milhares que certamente morreram devido as ambições estritamente humanas traduzidas por intrigas de Autobots e Decepticons. É pancadaria do início ao fim, ação enérgica, efeitos primorosos, tomadas em câmera lenta para vermos de fato a criação megalomaníaca de Bay e um som potente, embora ensurdecedor. Não é algo que contemple a coragem de seu realizador, um diretor limitado aparentemente incapaz de dirigir atores e cenas. Aqui ele investe doses a mais de vigor como alternativa para deslumbrar. Hollywood insiste em dizer que o planeta precisa de salvação. O personagem de Tucci é um CEO que visa uma revolução para salvar o mundo. Seu nome, Joshua, não parece ter sido escolhido aleatoriamente. É o grande filme das férias capaz de levar milhares ao cinema com o mesmo potencial de ser ignorado na manhã seguinte. (Marcelo Leme)
"Bay sem controle do que já não tinha controle. Aleatoriedade de personagens, acontecimentos, sentido, etc." (Alexandre Koball)
Paramount Pictures Hasbro (in association with) Di Bonaventura Pictures Tom DeSanto/Don Murphy Production Ian Bryce Productions Amblin Entertainment Platinum Dunes
Diretor: Michael Bay
202.228 users / 55.186 face
38 Metacritic
Date 10/06/2015 Poster - ##### - DirectorJames CoxStarsRyan PhillippeAnna PaquinLuke WilsonPressured by his deceased mother's ghost to return home to the family he abandoned, a former addict grabs a bag of pills and a sack of marijuana and hits the road to Louisiana.[Mov 10 Favorito IMDB 5,6/10] {Video/@@@@}
TUDO EM FAMILIA
(Straight A's, 2013)
''Scott passou bastante tempo em uma clínica de reabilitação para conseguir superar seus problemas com álcool e drogas, o que parece não ter dado certo. A pedidos do fantasma de sua mãe, ele volta à sua cidade natal, onde deve enfrentar os sentimentos que tem pela esposa de seu irmão." (Filmow)
{Se você não diz em voz alta, então não é verdade} (ESKS)
Group Films, The Millennium Films Nu Image Films
Diretor: James Cox
3.201 users / 1.071 face
Date 22/06/2015 Poster - ####### - DirectorXavier DolanStarsXavier DolanPierre-Yves CardinalLise RoyA grieving man meets his lover's family, who were not aware of their son's sexual orientation.[Mov 01 IMDB 7,1/10] {Video/@@@} M/71
TOM NA FAZENDA (unofficial)
(Tom à la ferme, 2013)
{cansativo / esquecível}Sinopse
''Tom, um jovem redator publicitário, viaja ao interior para o funeral de seu namorado, Guillaume. Lá, fica chocado ao descobrir que ninguém sabe quem ele é, nem sabe sua relação com o falecido. Francis, irmão de Guillaume e monstruoso representante do machismo rural, logo o confronta e determina as regras de um jogo doentio. Com o nome da família em jogo, Tom logo se dá conta de que ele não deixará a fazenda.''
"Pior filme de Xavier Dolan, nessa frágil versão do Ripley de Patricia Highsmith. Diálogos bobos impedem a construção de um clima satisfatório, e Dolan como ator também não é nenhum Alain Delon." (Demetrius Caesar)
Novos ares para Dolan.
*
''Longe da histeria e da etiqueta que seu nome carregou nos últimos anos em festivais, onde havia passado em branco até então, Xavier Dolan, enfim, fez cinema. ''Tom na Fazenda'' se configura como um mergulho simples e dinâmico na narrativa e no gênero, sem grandes afetações estéticas e muito mais concentrado nos eixos da obra - ao contrário de seus outros filmes, norteados pela construção de ícones e elementos extracampo. No thriller baseado na peça homônima de Michel Marc Bouchard – algo que explica a rédea vista em ''Tom na Fazenda'' - as referências são menos argilosas e funcionais. Hitchcock é constantemente lembrado e Gosto de Sangue (Blood Simple, 1984) de Joel e Ethan Coen é um dos títulos que vêm à mente pela maneira com que Dolan coloca o lado trágico da trama e pelo jogo de sombras. O filme é composto por extremidades e se torna hipnótico pela forma como Dolan insere os planos, sempre exageradamente abertos ou fechados. Eles acentuam a intenção do filme e mostram que a simplicidade no cinema é mesmo arrebatadora. O filme narra os dias angustiantes de Tom (Xavier Dolan) vividos na fazenda onde a família de Guillaume, seu ex-namorado recentemente falecido, mora. Decidido a esconder da mãe a opção sexual do irmão, Francis (Pierre Yves-Cardinal) costura um jogo de gato e rato com Tom. À primeira vista, o discurso de Dolan parece redundante a respeito da identidade sexual e do preconceito latente. Porém, com o desenvolver do filme, vemos que a ideia é mais complexa. Em outro plano, a iminência se torna a maior armadilha para o filme, sem grandes opções de desenvolvimento ou de surpresas. Curiosamente, quando Dolan sai da zona de conforto - ou de um fashionismo inexplicável -, ele foi premiado pelos críticos no Festival de Veneza. E não há como discordar da formalidade que o jovem canadense apresenta personagens cínicos e perigosos; Tom na Fazenda significa um novo tempo em sua carreira, enquanto revisita os bons tempos de um gênero e brinca com a ilusão de uma obra orgânica, que muda até mesmo a sua janela de exibição e declara abertamente sua artificialidade." (Pedro Tavares)
2014 Lion Veneza
MK2 Productions Sons of Manual Arte France Cinéma Canal+ France Ciné +
Diretor: Xavier Dolan
5.937 users / 1.284 face
7 Metacritic
Date 06/07/2015 Poster - ######## - DirectorArnaud DesplechinStarsBenicio Del ToroMathieu AmalricGina McKeeA troubled Native American veteran forms an extraordinary friendship with his maverick French psychoanalyst as they try to find a cure to his suffering.[Mov 07 IMDB 6,1/10] {Video/@@@} M/58
TERAPIA INTENSIVA
(Jimmy P. (Psychotherapy of a Plains Indian, 2013)
{simpático}Sinopse
''Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Jimmy Picard, um nativo-americano que lutou na França, é enviado a um hospital militar no Kansas, onde é diagnosticado com esquizofrenia. O hospital entretanto decide buscar uma segunda opinião, de Georges Devereux, um antropólogo francês, psicanalista e especialista em cultura indígena americana.''
{Coloca-se a alma no coração. O coração na mente e a mente no corpo e o corpo na pessoa} (ESKS)
Why Not Productions Worldview Entertainment Orange Studio France 2 Cinéma Hérodiade Le Pacte Canal + Ciné+ France Télévisions Smuggler Films
Diretor: Arnaud Desplechin
1.639 users / 702 face
16 Metacritic
Date 07/07/2015 Poster - ### - DirectorBrad PeytonStarsDwayne JohnsonCarla GuginoAlexandra DaddarioIn the aftermath of a massive earthquake in California, a rescue-chopper pilot makes a dangerous journey with his ex-wife across the state in order to rescue his daughter.[Mov 06 IMDB 6,2/10] {Video/@@@@} M/43
TERREMOTO - A FALHA DE SAN ANDREAS
(San Andreas, 2015)
TAG BRAD PAYTON
{grandioso}Sinopse
''No meio de um grande terremoto na Califórnia, um piloto de helicóptero de resgate faz uma perigosa viagem em todo o estado, a fim de resgatar sua filha.''
****
''Se depender do impacto causado pelas imagens de "Terremoto "" A Falha de San Andreas", de Brad Peyton, o cinema catástrofe voltará com tudo nas próximas temporadas. Tudo culpa da tremenda evolução dos efeitos especiais. Frágil em diversos aspectos, o filme impressiona pelo realismo das cenas trágicas. Carros e até navios são jogados contra pontes, prédios tombam em efeito dominó, ondas gigantescas arrastam o que tem pela frente. Tudo é construído fielmente pela tecnologia. Parece que vemos um noticiário de TV. Mas se a tragédia é mostrada de maneira impressionante, sobretudo porque é grande a possibilidade de acontecer mesmo um grande terremoto na Califórnia (o tal do "Big One"), o drama é pueril, e a sucessão de acontecimentos responde à lógica do quanto mais previsível melhor. Ray (Dwayne Johnson) é um bombeiro separado da mulher, Emma (Carla Gugino, cada vez mais bela), a quem ele ainda ama (o que é compreensível), e de sua filha, Blake (Alexandra Daddario). Emma está prestes a se juntar com um arquiteto milionário e inescrupuloso, Daniel Riddick (Ioan Gruffudd), para a tristeza de Blake, que torce pela reconciliação dos pais. Em paralelo, Lawrence (Paul Giamatti, uma escolha igualmente previsível), um cientista especialista em abalos sísmicos, prevê o tamanho da catástrofe e faz de tudo para alertar a população. O drama dos personagens torna-se mais frágil porque, diante de toda a catástrofe, Ray e Emma, em Los Angeles, conversam serenamente, dão risadas e encontram tempo para pensar na relação enquanto a filha espera pela ajuda deles em San Francisco. É necessário vencer um terremoto de proporções inéditas para que as relações (e as cidades) possam ser reconstruídas. Sempre com a bandeira americana a incentivá-los. Não estrago aqui a experiência de ver o filme. O espectador adivinha tudo o que irá acontecer com pouco mais de meia hora de projeção. Resta a ele se divertir com os efeitos especiais, o que é pouco, mas dada a qualidade desses efeitos, convém não subestimar seus poderes." (Sergio Alpendre)
****
"Nos anos 70, surgiram os filmes-catástrofe, como Terremoto e Inferno na Torre. Nos anos 80, foi a vez dos heróis fortões que salvavam o mundo na base da porrada, como Rambo e Braddock. Décadas depois, é incrível um filme que contemple esses dois filões ainda dar certo, mas "Terremoto - A Falha de San Andreas" funciona e diverte. Wayne Johnson, ex-astro de luta livre The Rock, piloto de helicóptro tentando resgatar a filha enquanto a California inteira vai para o buraco." (Thales de Menezes)
"De forma geral, Hollywood tinha dado um tempo nesses besteiróis ultra-americanizados. Mesmo que não seja para ser levado à sério, não faz bonito próximo de pérolas como Sharknado. Aliás, é uma versão desse tipo de filme que queima muito dinheiro, e só." (Alexandre Koball)
"Assim como tantos outros, é como um filme catástrofe deve ser: mentiroso, de personagens carismáticos, óbvio, mas ao mesmo tempo impressionante. Sua vantagem sobre os outros é que a tecnologia o ajuda, deixando, por exemplo, a câmera se aproximar da ação." (Rodrigo Cunha)
Remake de Impacto Profundo entrega bons efeit... Ops, não era um remake?
''O 'cinema catástrofe' nunca morreu desde o surgimento, nos anos 70. De vez em quando rola um espasmo (geralmente liderado por Roland Emmerich) e um novo hit surge nas telas, mesmo que só lá há 40 anos atrás eles tenham sido valorizados de verdade, com indicações ao Oscar nas categorias principais para títulos como Inferno na Torre e Aeroporto. Entre o público, é muito difícil encontrar quem quer que seja que consiga fugir das tentações de assistir a essas produções ainda que cada vez mais elas sejam pouco memoráveis; ou seja, o fim do mundo é praticamente um guilty pleasure coletivo, aquele tipo de produção que amamos odiar ou vice-versa. Os últimos desastres naturais no mundo até demoraram a inspirar os realizadores do gênero, mas eis que surge no horizonte (mais precisamente hoje) Terremoto, dirigido por Brad Deyton. Quem? Ah sim, Brad dirigiu o remake de Viagem ao Centro da Terra e sua continuação, ambas estreladas por The Rock (que nunca será Dwayne Johnson pra mim; acho The Rock tão divertido de ser o nome de alguém...), o que provavelmente justifica seu protagonismo aqui. E seguindo a cartilha do gênero, os efeitos especiais são caprichados e o lugar a ser destruído da vez é São Francisco, que vira pó na telona.A trama é um festival de clichês (mas alguém achou que seria diferente?): um renomado piloto de helicópteros de resgate se vê em meio ao caos durante um coletivo de terremotos que se seguem em Los Angeles, tendo que resgatar a ex-esposa, a filha e uma dupla de irmãos britânicos que salvou a menina, enquanto um importante cientista se encarrega de prever novos abalos que vão destruindo a cidade, prédio a prédio, criando um cenário de destruição e tragédia a cada nova cena. Independente dos clichês que já eram esperados, um maior problema desse Terremoto é a rapidez. O filme parece engatar na franquia do protagonista e passa veloz e furioso por praticamente tudo. Não há qualquer clima, preparação ou suspense para personagens ou situações. Pois bem, se alguém avisa que sente que algo de ruim vai acontecer, a cena seguinte isso acontece da forma mais rápida possível; se alguém anuncia a queda de uma represa, cai a represa sem cerimônia em 30 segundos; se alguém pressente o perig... já era, acabou a cena. Não há como torcer, ficar tenso ou se empolgar com um filme que não somente é repleto de lugares comuns, como também impede o espectador de ter as tais emoções baratas que qualquer exemplar do gênero possui. Não há química de casal jovem, eficientes efeitos especiais (que qualquer superprodução tem dinheiro pra conseguir), carisma de The Rock ou talento de Paul Giamatti (sim!!!; porque você faz isso consigo, Paul?) que compense esse remake de Impacto Profundo de ir além da simpatia. Sim, eu falei em remake... Se isso não foi assumido, ao menos então devia rolar um processo quando um casal se abraçar antes da super onda os alcançar, uma criança é salva na hora H (ok, no "original" era um cachorro) ou quando The Rock repete o mesmo discurso final de Morgan Freeman, palavra por palavra. Quer mais? Tudo é dito enquanto do nada aparece uma bandeira americana tremulando ao vento acima de uma afundada ponte de São Francisco. God bless the blockbusters!" (Francisco Carbone)
''O subgênero chamado de filmes-catástrofes sempre foi algo bastante explorado na sétima arte, principalmente em grandes produções. É um filão que, em Hollywood, nunca saiu dos holofotes, já que os desastres empreendidos são inúmeros. Eventos que vão desde flagelos ambientais e rupturas espaciais – Twister, O Impossível, O Dia depois de Amanhã e Impacto Profundo – a incidentes terrenos e invasões alienígenas ou mesmo contaminações virais – Titanic, Inferno na Torre, Independence Day e Guerra Mundial Z. O sucesso está relativo ao medo e curiosidade das pessoas sobre como foi ou será se tais casos ocorressem eminentemente. Imagine voltar no tempo e registrar o naufrágio de uma enorme embarcação, ou presenciar o terror de um acidente aéreo. Mais ainda, ter acesso aos últimos momentos do nosso planeta, devastado por uma inundação. Com a tecnologia que temos o limite é quase nenhum. No entanto, mesmo que os fatos sejam bem representados por incríveis efeitos práticos e digitais, é fundamental que o drama humano seja o ponto central da trama. Não é à toa que lembramos mais da aflição dos personagens e torcemos pelo resgate. De certa maneira, esta é a lógica seguida pelo blockbuster da semana, “Terremoto – A Falha de San Andreas”, uma superprodução estrelada pelo astro Dwayne Johnson, que interpreta o piloto de salvamento Ray, um sujeito que sofre e se culpa pela morte da filha, o distanciamento da família e com o dia do divórcio, que se aproxima. O mundo parece desabar ao seu redor, o que literalmente acontece, quando um gigantesco terremoto atinge a Califórnia e, segundo dados pseudocientíficos, causará uma enorme destruição em massa, afetando boa parte do território americano. Na trama também é destacada a filha de Ray, a jovem e resolvida Blake, vivida pela lindíssima Alexandra Daddario, que acaba sendo o único elo entre o piloto e sua esposa, Emma (Carla Gugino). Não vemos aqui um herói salvando pessoas – aliás, o auxílio à população mal é comentado –, mas um homem aflito indo ao resgate da família. O que devia ter sido uma interessante decisão por parte do cineasta Brad Peyton (Como Cães e Gatos 2: A Vingança de Kitty Galore), o lance de focarem na luta pela sobrevivência do grupo – mesmo porque, o outro núcleo da história, liderado pelo geógrafo Lawrence (Paul Giamatti), serve apenas como critério informativo da trepidação. Disse que devia, pois a maioria dos personagens não é identificável com o público. Justamente pelo fato de serem simples arquétipos, figuras unidimensionais que servem a um propósito, sabotando completamente a ideia proposta inicialmente. Não bastasse o arco dramático não funcionar, o filme é recheado de clichês mal utilizados e cenas requentadas de títulos já citados aqui. Se não nos preocupamos com os protagonistas, imagine então os figurantes que são inseridos apenas parte do cenário. Um andamento representa bem isso, quando na tentativa de vilanizar ainda mais o atual marido de Emma, o empresário Daniel Riddick (Ioan Gruffudd), depois de já ter abandonado sua enteada e parecer um monstro louco pelo poder, o vemos jogar um dos figurantes na berlinda, no intuito de se salvar. Algo completamente maniqueísta. Esse é o menor dos incômodos, uma vez que as muletas usadas para que o frágil roteiro ande são intragáveis. Texto que é assinado por Carlton Cuse (Lost). A suspensão de descrença tem que ser elevada ao mais alto nível de estupidez. Em situações mais difíceis, objetos simplesmente surgem, encontros inesperados acontecem e poderes sobre-humanos aparecem. Vemos pessoas com ferros transfixados no corpo ignorarem os ferimentos, outros passarem longos minutos sem respirar submersos por água, ou sobreviverem a incríveis acidentes tendo só alguns arranhões. Ou seja, em nenhum momento tememos pelas consequências. Nem os efeitos visuais impressionam como em outrora. Os muitos prédios, construções e represas destruídas soam absolutamente artificiais. Principalmente quando há ações em meio a todo falso cenário, onde o uso do chroma key é notado claramente. O elenco, ainda que não comprometa, também está aquém do que podia. Talvez a Daddario ganhe destaque por participar de mais cenas e, no fim das contas, aparecer como a verdadeira protagonista do conto. Sobre The Rock, novamente é beneficiado pelo carisma latente, mas que quando é exigido em cenas mais dramáticas, o resultado é tão ruim que quase beira o ridículo. No frigir dos ovos, mesmo que tenha ido inicialmente por um caminho inteligente, “Terremoto – A Falha de San Andreas” acaba sendo um dos exemplos mais negativos do estilo. Não funciona como drama familiar, menos ainda como um filme-catástrofe. É genérico por essência e não traz nenhuma novidade. Deverá ser esquecido em breve, por ser extremamente inócuo a qualquer tipo de proposta. Não consegue causar tensão ou mesmo emocionar, ainda que aborde um fenômeno tão devastador e recorrente. Uma obra que não diz bem a que veio.'' (Wilker Medeiros)
Village Roadshow Pictures New Line Cinema RatPac-Dune Entertainment Flynn Picture Company
Diretor: Brad Peyton
95.478 users / 44.289 faceSoundtrack Rock
Taylor Swift / Robert Plant
43 Metacritic
Date 29/10/2015 Poster - ##### - DirectorJay RoachStarsBryan CranstonDiane LaneHelen MirrenIn 1947, Dalton Trumbo was Hollywood's top screenwriter, until he and other artists were jailed and blacklisted for their political beliefs.[Mov 08 IMDB 7,5/10] {Video/@@@@} M/60
TRUMBO - NA LISTA NEGRA
(Trumbo, 2015)
TAG JAY ROACH
{inteligente}Sinopse
''O filme contará a história do roteirista Dalton Trumbo, renomado escritor norte-americano que pertencia ao grupo Hollywood Ten, formado por profissionais de Hollywood que se recusaram a responder perguntas do governo dos EUA. Em 1940, os EUA instauraram comissões para descobrir se comunistas estavam infiltrados no país - uma das áreas suspeitas era a indústria cinematográfica, da qual Trumbo era expoente. Pela recusa, o escritor foi preso.''
"O tema sempre interessante e o elenco em boa forma conseguem compensar os problemas da abordagem esquemática e sem inspiração do roteiro, que sofre com o caráter episódico da narrativa e os personagens caricatos. Até entretém, mas deveria ter sido mais." (Silvio Pilau)
"Um elenco concentrado, coeso e no topo da forma compensa o esquematismo? O jogo termina empatado nessa biografia que joga luz num período controverso mas que emperra na burocracia do roteiro. " (Francisco Carbone)
{O radical pode lutar com a pureza de Jesus. Mas o rico vence com a engenhosidade de Satã} (ESKS)
''Dalton Trumbo pode ter sido vencedor de dois Oscar e criador de uma penca de roteiros brilhantes, alguns transformados em filmes, como Mortalmente Perigosa e Spartacus, que quem vê não esquece. A cinebiografia ''Trumbo - Lista Negra" vem chamando a atenção como o filme pelo qual o protagonista da série Breaking Bad, Bryan Cranston, concorre ao Oscar de melhor ator. Mas é mais que isso. O reconhecimento episódico da Academia a Cranston vale mais por outros serviços prestados, pois seu desempenho em "Trumbo" tem a prudência de não se tornar maior do que o papel pede. Como habilidoso criador da dramaturgia hollywoodiana, Trumbo costumava reagir como uma de suas criaturas, dando ênfase dramática quando o momento pede. É este personagem cabotino que Cranston interpreta. Dessa forma, o filme pode transitar da tragédia à farsa sem perder tempo demais no martírio, como é comum ocorrer em cinebiografias. O roteiro extrai o essencial dos fatos da ótima biografia publicada em 1977 pelo crítico e jornalista americano Bruce Cook e centra-se no período em que Trumbo e dezenas de colegas tornaram-se alvo da chamada caça às bruxas, um dos episódios mais estridentes da Guerra Fria. A face docudrama do filme apresenta de modo didático todo o processo de perseguição a artistas e intelectuais considerados simpatizantes do comunismo, as arbitrariedades e, por fim, a prisão e o banimento de nove roteiristas, entre os quais Trumbo, e de um diretor do primeiro time, Edward Dmytryk. A outra face, muito mais vibrante, trata de como Trumbo reinventou um modo para continuar a fazer o que sabia melhor: escrever filmes. Ao longo dos anos 1950, após ter sido impedido de trabalhar para os estúdios, ele ainda conquistou a premiação máxima de Hollywood por trabalhos assinados por outros ou sob pseudônimo. Aqui, Trumbo deixa de ser a cinebiografia quadradinha de sempre para se tornar um retrato ardiloso de como funciona a indústria do entretenimento, um sistema cínico e interessado demais nas plateias para ser dominado por um só credo político. O filme não perde muito tempo erigindo uma estátua de Trumbo como herói idealista ou vítima do sistema. Em sua lúcida e mais envolvente segunda metade, "Trumbo" faz de seu personagem um pragmático, um artista a serviço de uma indústria, o que está longe de ser uma contradição." (Cassio Starling Carlos)
''O cinema americano sempre teve uma relação antagônica com o comunismo. São inúmeras as produções em que os Estados Unidos aparecem como uma nação soberana que derrota o vilão comunista, personificado em um russo ou chinês. Mas se a paranoia anticomunista dos EUA é motivo de piada ou sinônimo de clichê, para quem viveu naquela época ousar ter uma posição política voltada à esquerda era algo sério. É nisso que se apoia ''Trumbo - Lista Negra'', novo filme de Jay Roach baseado na biografia do roteirista, escrita por Bruce Cook. Após a criação do comitê de Atividades Antiamericanas do congresso, criado em 1938, muitos diretores e roteiristas de cinema - bem como outros profissionais ligados à mídia - tiveram seus movimentos cuidadosamente vigiados pelo governo a fim de identificar qualquer atividade capaz de ameaçar a democracia soberana dos Estados Unidos. Uma dessas pessoas foi o roteirista Dalton Trumbo (Bryan Cranston). Abertamente comunista e defensor da liberdade de expressão, ele se recusou a cooperar com as investigações do comitê e acabou preso e proibido de exercer sua profissão. Trumbo não foi o único, junto com uma série de roteiristas, ele fez parte dos Dez de Hollywood, uma espécie de lista negra que boicotava aqueles que teriam uma ligação com o comunismo. Com isso, o governo pretendia fazer uma verdadeira "limpeza" no conteúdo vendido ao público estadunidense e, ao mesmo tempo, castigar os escritores por sua desobediência. Entretanto Trumbo conseguiu uma forma de burlar esse sistema. Para pagar as dívidas pessoais e sustentar a família, ele resolveu escrever roteiros para produções de baixo custo, usando pseudônimos como forma de proteção. Com a grande demanda, alguns de seus companheiros da lista negra também assumiram alguns roteiros. Aos poucos, todos eles já estavam na ativa novamente sem que o comitê tomasse conhecimento. Sob essa estratégia, o roteirista escreveu grandes sucessos como A Princesa E O Plebeu, que acabou sendo vencedor do Oscar, mas por conta das circunstâncias, Trumbo acabou não recebendo as estatuetas. Logo, o restante do comitê descobriu o esquema criado por Trumbo, mas era tarde demais para pará-lo e a lista negra acabou perdendo a credibilidade, principalmente depois do apoio do ator Kirk Douglas (Dean O'Gorman) e do diretor Otto Preminger (Christian Berkel), os primeiros darem os créditos ao roteirista. Apesar de político, o filme foge de maniqueismos. Em nenhum momento o protagonista é mostrado como um herói sem defeitos, já que algumas sequências mostram que o excesso de trabalho e comprometimento com a causa o fizeram entrar em conflito com a família e até com outros roteiristas de seu grupo. Essa imparcialidade é importante - e até rara - se tratando de uma cinebiografia. A atuação de Bryan Cranston se mantém firme em seu propósito. O ator, que conseguiu se desvencilhar completamente de qualquer maneirismo do carismático e inescrupuloso Walter White, da série Breaking Bad, consegue interpretar um personagem interessante e com um humor sarcástico afiado, méritdo também do roteiro que não apela para frases de efeito. Apesar de tudo, ''Trumbo - Lista Negra'' é um filme otimista, mas nos faz questionar se, em tempos de crescimento do conservadorismo, podemos ver essa realidade nos amedrontar novamente." (Iara Vasconcelos)
E o Oscar vai para...
''Com a temporada de premiações chegando perto, os melhores filmes do ano coincidentemente (ou não) chegam às telas americanas nestes últimos dias de 2015, sendo Trumbo um deles. Ganhador de dois Oscar durante a perseguição comunista em Hollywood enquanto seu nome estava na lista negra, Dalton Trombo ganha vida pela impecável performance de Bryan Cranston, que assim como seu personagem, pode também acabar levando uma estatueta dourada para casa. Filmes sobre Hollywood sempre são uma diversão a parte para os amantes da sétima arte e não houve nenhum filme significativo sobre o mundo das estrelas desde o ganhador do Oscar O Artista. Perdoem-me se estou falando muito sobre a Academia, mas ela não é só parte do tema do filme, mas como o mundo que ela premia em si. Em Trumbo, Hollywood é retratada num período obscuro, onde a greve dos roteiristas que aconteceu em meados dos anos 40 traz revolta e levanta questões sobre membros que estão se juntando ao partido comunista, resultando no que hoje em dia é conhecido como A Lista Negra de Hollywood ou Os Dez de Hollywood. Dalton Trombo foi um dos milhares de artistas que entrou para a lista e que acabou ficando sem emprego - o que não foi o suficiente para que ele parasse de escrever e vendesse suas obras sob pseudônimos, sendo uma delas os ganhadores de Oscar A Princesa e o Pebleu e Arenas Sangrentas. Apesar de tudo, a genialidade de Dalton Trombo não é o tema principal desse filme dirigido por Jay Roach, mas sim, a audácia e persistência desse homem que de fato existiu e passou por difíceis circunstâncias ao lutar a favor de seus princípios com a ferramenta mais forte e preciosa que tinha, sua arte, que acabou custando não só a relação com sua família e amigos, mas como vidas de pessoas queridas. Com isso dito, John McNamara adapta um roteiro biográfico que não navega em territórios tradicionais e usa um período importante da vida de Trumbo para construir uma obra que toca em assuntos controversos ainda hoje, como a intolerância, o preconceito e a hipocrisia. Ainda que tais temas são explorados praticamente todos os anos e premiados anualmente na Academia, o filme funciona por literalmente falar sobre Hollywood em si e colocar grandes nomes como infames - o próprio John Wayne aparece aqui sendo extremamente conservador e imbecil por trás das câmeras. A indústria cinematográfica americana é retratada como um cão que corre atrás do próprio rabo e os filmes se tornam instrumentos de guerra numa batalha onde os soldados são roteiristas. Pelo menos Trumbo é um dos poucos que tem a garra de continuar fazendo o que ama, independente do que falem dele. Com isso, o roteiro de Trumbo é ironicamente a característica mais forte do filme - um fator desnecessário se Jay Roach tivesse se preocupado em dar mais personalidade a sua direção um tanto tímida e conservadora, que se esconde por trás do figurino e dos grandes nomes que o elenco acarreta. Quando se coloca pessoas como Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren e John Goodman num filme só, não há muito o que fazer além de simplesmente assistir a eles fazerem suas próprias mágicas. Falando nisso, Bryan Cranston dá vida a Trumbo com uma das melhores performances de sua carreira, se não a melhor! Sem ele e grande parte do elenco, Trumbo não teria a mesma força que tem. Ainda sim, o roteiro também tem suas falhas, com cenas fracas que só servem para incrementar temas que já são discutidos em tramas mais fortes, onde muitas delas acabam tendo desenvolvimento e desfechos fracos. Como a participação de Otto Preminger, que aparece para dar uma certa graça, mas sua parceria com Trumbo ao realizar o filme Exodus é quase desnecessária. Ainda sim, o personagem é interpretado por Christian Berkel com graça e elegância. Ou até mesmo a relação de Trumbo com Arlen Hird, interpretado por Louis C.K, que parece ser mais forte e importante do que o roteiro mostra, mas acaba deixando a dinâmica entre os dois um tanto confusa. Num ano onde nomes como Jurassic Park, Mad Max e Star Wars voltam a ser os lançamentos na tela grande, 2015 parece não ter alcançado a expectativa em termos de qualidade. Seria falta de roteiro? O que teria feito Dalton Trumbo se tais projetos caíssem em suas mãos? Nunca iremos saber, mas seu legado definitivamente continuará e Trumbo é parte deste processo - e vamos admitir, um filme um tanto melhor do que tais lançamentos mencionados.'' (Guilherme Spada)
88*2016 Oscar / 73*2016 Globo
Groundswell Productions ShivHans Pictures
Diretor: Jay Roach
13.852 users / 12.782 faceSoundtrack Rock
Billie Holiday / John Lee Hooker
Metacritic 48 Up 61
Date 10/02/2016 Poster - ###### - DirectorDavid MichôdStarsGuy PearceRobert PattinsonScoot McNairy10 years after a global economic collapse, a hardened loner pursues the men who stole his only possession, his car. Along the way, he captures one of the thieves' brother, and the duo form an uneasy bond during the dangerous journey.[Mov 10 Favorito IMDB 6,4/10] {Video/@@@@} M/64
THE ROVER - A CAÇADA
(The Rover, 2014)
TAG DAVID MICHÔD
{violento / intenso}Sinopse
"Dez anos após o colapso do sistema econômico ocidental, os recursos minerais da Austrália atraem multidões desesperadas e perigosas para a região costeira do país. Com a sociedade em declínio, o estado de direito se desintegrou e a vida não vale nada. Eric (Guy Pierce) é um homem frio e nervoso que deixou tudo e todos para trás. Quando seu carro - seu último bem - é roubado por uma gangue de bandidos no deserto, Eric embarca em uma missão implacável para encontrá-los. Ao longo do caminho, ele é obrigado a encarar uma relação improvável com Rey (Robert Pattinson), o irmão mais novo ingênuo e ferido de Henry (Scoot McNairy), um membro da gangue que deixou Rey para trás, depois do último sangrento assalto da quadrilha."
"Umas das histórias de amizade canina mais bonitas em muitos anos de Cinema." (Alexandre Koball)
"Tinha tudo pra virar mais uma variação de "Mad Max", mas felizmente Michôd opta por extrair o que o material tem de melhor: a desumanidade e a desesperança das pessoas num mundo em ruínas. Pearce toma conta do pedaço e Pattinson supreende. Bola dentro." (Régis Trigo)
"Um filme de decisões tomadas com profundo caráter moral, no cano ainda quente da pistola, onde a crueldade acontece por mais omissão física do que através de uma problematização racional do tema." (Gabriel Papaléo)
''Cineastas australianos adoram o deserto, não? E quem não gostaria, com aquela abundância de cenários espetaculares? De "Mad Max" a Wolf Creek, de Walkabout a Gallipoli (passado na Turquia, mas filmado na Austrália), o cinema australiano sempre usou as paisagens áridas como palco de grandes histórias. E "A Caçada" ("The Rover"), de David Michôd, é mais um filmaço no deserto. A história se passa dez anos depois do colapso econômico global. Guy Pearce (Los Angeles, Cidade Proibida, Homem de Ferro 3) faz Eric, um homem misterioso que anda de carro pelo deserto australiano. Quando ele para num posto de gasolina, seu carro é roubado por um grupo de bandidos fugindo de um assalto. A gangue leva o carro, mas deixa para trás um ferido, Rey (Robert Pattinson, de Crepúsculo). Eric o sequestra e o obriga a levá-lo ao esconderijo dos meliantes. Michôd, que estreou no cinema em 2010 com o ótimo policial Animal Kingdom (Reino Animal), fez um filme barato e minimalista, um autêntico B movie. Não há efeitos especiais, os cenários são todos naturais e o elenco, incluindo figurantes, é de 25 pessoas. Mas a tensão que o diretor consegue criar com tão pouco é notável. Um close no rosto de Guy Pearce ou uma cena de conversa entre ele e Rey conseguem transmitir uma angustiante sensação de desesperança. Não é à toa que Quentin Tarantino escolheu o filme como um de seus prediletos de 2014: O melhor filme pós-apocalíptico desde o primeiro Mad Max. E que surpreendente a atuação de Robert Pattinson: o ator vem mostrando, com filmes como esse e em colaborações com David Cronenberg (Cosmópolis e o inacreditável Mapas para as Estrelas, que estreia daqui a algumas semanas), que é muito mais que o galãzinho de Crepúsculo." (Andre Barsinski)
O peso de uma narrativa mínima.
''Dez anos depois do colapso, faz questão de nos localizar uma cartela ''The Rover – A Caçada'' logo que o filme começa. Não é uma informação que diz muita coisa. A palavra colapso, embora evidente no cenário social do filme, nunca é realmente discutida e compreendida pelos personagens. Isso supondo, é claro, que por colapso ele se refira ao da Austrália apocalíptica que encontramos. Mas essa não é a única interpretação possível para a palavra. Desde a sua espetacular sequência inicial, The Rover rejeita clareza à trama. Tudo o que temos para começar é um lobo solitário, Eric (Guy Pearce, mal-escalado), que teve seu carro roubado por alguns homens em fuga no deserto australiano. Estes deixam para trás Rey (um ótimo Robert Pattinson), irmão de um dos ladrões (Scoot McNairy), que servirá como guia e refém ao protagonista. Há na formação dessa dupla características que lembram a do seriado Breaking Bad. O contraste de caracterização entre os dois personagens, o paralelo de seus traumas - desespero e abandono - e a relação de mestre e pupilo que se estabelece se aliam à imensidão do deserto filmado numa inocente associação com um dos programas de televisão mais elogiados da história do meio. Não acredito que a relação entre as obras seja proposital nem completamente por acaso, pois tanto The Rover quanto Breaking Bad surgem da necessidade de releitura do gênero faroeste para a contemporaneidade histórica e estética. Ou seja, a dicotomia simples entre o bem e o mal não funciona mais tão bem para o audiovisual de hoje. São exigidas nuances talvez tão ininteligíveis quanto as motivações de Eric neste filme. O minimalismo do enredo não seria um problema caso este não pretendesse ápices tão evidentes. A crise dos personagens, que vem aparentemente de lugar nenhum, pretende chegar a algum lugar. Sem um antes, todo o peso do depois fica para o caminho. O resultado é um road movie clássico, episódico, em que cada novo momento parece mais ansioso pelo clímax, mas também mais repentino e desmotivado, que o anterior. Os encontros no outback australiano variam entre o curioso e o perdido. Um circo esquecido constitui, muito graças a seu aspecto um tanto surrealista, o mais interessante dos cenários; uma médica protetora dos animais abandonados já não o é tanto. Nesta cena, contempla-se a inocência do animal perante a crueldade do homem em desespero. Quando a colocamos junto do desenvolvimento da trama de The Rover e de seu desfecho, ela parece estabelecer prioridades questionáveis. Como boa parte das narrativas de violência, The Rover é nostálgico por um momento em que coisas como as que acontecem no filme ou eram consideradas erradas ou, o que seria uma afirmação bem mais perigosa, não eram necessárias. Apesar da descrença no ser humano e de toda a matança provocada pela busca do anti-herói, não acho que The Rover chegue a sequer sugerir a segunda hipótese. Mas, se insistirmos em estabelecer entre a cartela e tudo o que a segue uma relação e realmente entender o saudosimo por diretrizes morais, e acho que deveríamos, deve estar claro que momento pré - Colapso ele busca. Pode se referir à Austrália deserta ou ao completamente desumanizado Eric - ele que sofreu seu próprio colapso pessoal há 10 anos e agora vaga pelo país como um homem que perdeu qualquer senso de empatia. O filme confronta, através da humanidade de alguns dos outros personagens, a não humanidade de seu justiceiro. O grande questionamento para as atitudes do protagonista anda torto ao lado dele. Construir a trajetória de Rey pela perspectiva moral de Eric apenas para quebrá-la no clímax é o que o filme faz de melhor. Robert Pattinson e Scoot McNairy não desperdiçam o melhor momento do roteiro e entregam uma cena curta, mas arrasadora, daquelas que, se você se descuidar, tornam-se o filme inteiro na lembrança. Pattinson, inclusive, estrelando um Michôd, um David Cronenberg e um Werner Herzog no mesmo ano, merece ser louvado não só pela coragem de se afastar do lucrativo lugar que Hollywood significa para ele como também por, fora desse lugar, virar as costas com igual desinteresse para projetos fáceis que poderiam colocá-lo (considerando seu talento cada vez mais visível) facilmente na tentadora temporada de prêmios. The Rover não é tão mínimo quanto procura ser. Mas é um bom filme, uma espécie de Sergio Leone visceral - e a comparação pretende o melhor dos elogios. Michôd está no caminho para se tornar um dos diretores mais interessantes do cinema contemporâneo. Passada a fase do road movie australiano - uma espécie de gênero base no cinema de lá -, estou curioso para saber o que virá a seguir." (Cesar Castanha)
''A opressão do deserto é elemento crucial no estabelecimento do imaginário de dois gêneros bem distintos: o faroeste e o cinema de pós-apocalipse. As terras australianas, bem variadas entre a natureza selvagem e a cidade desenvolvida, contam com um deserto propício a este uso. Os veículos potentes e o cenário distópico são palco para a violência dos homens em Mad Max, ainda que em chave estilizada. A Proposta, o primeiro filme do diretor John Hillcoat, de 2005, usou os contraluzes do outback australiano para contar uma historia de vingança e família em que as decisões morais eram tomadas a partir da forma pela qual o herói manejava sua presença em meio à batalha. Neste novo filme de David Michôd, ''The Rover – A Caçada'', encontramos uma curiosa fusão dos dois espectros, criando o dilema moral do faroeste em meio à desesperança da terra de ninguém no futuro. O homem sem nome da vez é vivido por Guy Pearce, com pano de fundo dramático mais representado pelas roupas deploráveis e cabelos desgrenhados do que por exposição textual. A presença de cena do ator toma o escopo do diretor Michôd aos poucos, ameaçando através de um olhar que contém o impulso de recorrer à violência para devolver sentido aos acontecimentos. A cobrança gradual por julgamento moral é sentida na tensão irradiada pelo ator a cada troca de palavras, no embarque consciente ao inferno que o personagem atravessa para buscar seu carro roubado por arruaceiros. Contextualizar o universo com economia de detalhes geográficos ou políticos torna-se fundamental para estabelecer a atemporalidade do que se passa. A informação vale bastante, enquanto o dinheiro continua a gerar conflitos, mesmo sem valor completo. São tempos sem lei, sem estado, em que a vontade do mais forte prevalece diante de um ambiente que nada faz além de desgastar. O carro do protagonista se aproxima do ladrão logo no início com uma visão duelista de faroeste, câmera em plano americano na lanterna do veículo, como se a vontade de um frente ao outro fosse a ordem natural das coisas. A violência surge desavisada porque mesmo no pós-apocalipse há um acordo velado entre a espécie, seja movido pelos estágios sociais do passado, seja pela tensão e autopreservação do presente. Não por acaso, a morte do traficante de armas soa tão chocante e tão compreensível: é abominável recorrer àquele meio, mas as circunstâncias fazem parecer plausível pensar na opção. Acontecimentos como o das cruzes no deserto e a ausência de Deus nos furiosos diálogos destinados a Guy Pearce são características fundamentais para o mundo ao redor servir mais como palco para os dilemas e menos como fator principal da trama. The Rover (título original) soa tão atmosférico e implacável para com a jornada dos personagens justamente por usar conceitos consagrados do fim do mundo para contextualizar o conflito de quem ali habita. Pequenos arcos dramáticos surgem para o protagonista como se fossem contato e teste moral diante do mundo despedaçado. A autoridade da mãe numa casa abandonada danifica a liberdade dos diversos que com ela vivem, mas não desperta nada além de ódio contido do personagem. Da mesma forma, a doutora é usada apenas para as necessidades da jornada, e largada para lidar sozinha com os efeitos do caos; porque é assim que foi e que nada veio ou virá para mudar. Quando entra em contato com a figura mais alheia ao arco dramático, o irmão do ladrão – personagem vivido por um cada vez mais intenso e multifacetado Robert Pattinson –, o protagonista sente-se como porta-voz não-oficial das regras daquele lugar para Rey, o personagem de Pattinson. Abandonado para morrer em circunstâncias não muito claras, Rey é praticamente um novato ali, tentando assimilar o sentido dos fatos sem que isto o impeça de prosseguir no caminho; quase um primeiro contato com tais valores, a ser desbravado junto ao protagonista. Sendo assim, o personagem passa pela opressão metafórica da autoridade (no ótimo tiroteio no hotel, onde é atacado por um militar) sem que abandone a inocência de recordar um passado mais terno (como na cena da cantoria). Os ecos do dilema de irmãos do brilhante A Proposta retornam no contato literal que o protagonista e Rey terão com o confronto, com a concretização do faroeste duelista. São decisões tomadas com profundo caráter moral (o protagonista hesita claramente antes de partir para o clímax), no cano ainda quente da pistola, onde a crueldade acontece por mais omissão física do que através de uma problematização racional do tema. Como no filme de 2005, Pearce deixa claro: a única coisa que importa é que eu estou aqui. Talvez a empatia gerada por um anti-herói tão desprezível como este advenha do olhar estressado tudo-ou-nada de Pearce, sendo o sinal necessário para a identificação com a insanidade que a violência gerou através dos séculos. O arrependimento é contínuo, mas oprimido pelo selvagem – como o deserto oprime o Homem. É para expulsar demônios e enterrar o passado que o carro (ou a ideia de confronto?) continua sendo perseguido. O Homem é condenado então a aguentar o peso da historia, o peso das decisões tomadas quando a sociedade não era caótica. A violência se repete como um lastro de contato com o mundo, e o castigo do homem sem nome é agir (e presenciar) no ciclo de uma responsabilidade com a selvageria que impossibilita qualquer tipo de consequência pelos atos – mesmo que as consequências sejam cobradas por ele mesmo." (Gabriel Papaléo)
Top Austrália #27
Porchlight Films Lava Bear Films Blue-Tongue Film Screen Australia
Diretor: David Michôd
32.587 users / 7.776 faceSoundtrack Rock
Tortoise
38 Metacritic 3.071 Down 183
Date 29/02/2016 Poster - ### - DirectorAbderrahmane SissakoStarsIbrahim AhmedAbel JafriToulou KikiA cattle herder and his family who reside in the dunes of Timbuktu find their quiet lives -- which are typically free of the Jihadists determined to control their faith -- abruptly disturbed.[Mov 01 IMDB 7,2/10] {Video/@@} M/92
TIMBUKTU
(Timbuktu, 2014)
TAG ABDERRAHMANE SISSAKO
{esquecível}Sinopse
''Julho de 2012, em uma pequena cidade no norte de Mali, controlada por extremistas religiosos. Uma família tem sua rotina alterada quando um pescador mata uma de suas vacas. Ao tirar satisfação sobre o ocorrido, Kidane (Ibrahim Ahmed dit Pino) acaba matando o tal pescador. Tal situação o coloca no alvo da facção religiosa, já que cometera um crime imperdoável.''
"Com uma fotografia arenosa e uma temática extremamente opressora, Timbuktu é surpreendentemente tragável, muito provavelmente pela aproximação neorrealista que Sissako realiza." (Guilherme Bakunin)
"O caos da intolerância religiosa em um tratamento cru, mas também poético, regado por uma fotografia cuja beleza contrasta com o sentimento de opressão sufocante. Só não é melhor devido ao seu ritmo cambaleante." (Rafael W. Oliveira)
''Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, ''Timbuktu'' chega aos cinemas justamente no momento em que a fé islâmica está sob fogo cerrado. O impacto do ataque ao jornal francês Charlie Hebdo no começo de janeiro parece ter condicionado, mais uma vez, a opinião pública ao ódio aos grupos extremistas. Mas, como defendê-los diante de tamanha barbárie? É um pouco desse espírito que está no filme do mauritano Abderrahmane Sissako. Coprodução entre França e Mauritânia e vencedor do Prêmio do Júri Ecumênico no último Festival de Cannes, o longa começou a ser desenvolvido após o apedrejamento público de um casal de namorados em Mali, no ano de 2012. Apesar de ter nascido na Mauritânia, Sissako foi criado em Mali, país em que o fundamentalismo radical de seguidores de uma vertente do islã tem se intensificado. O filme constrói sua narrativa retratando a vida cotidiana de vários habitantes de uma cidade no interior do país. O personagem principal é Kidane (Ibrahim Ahmed dit Pino), pastor que vive tranquilo ao lado da família. Após um confronto com um pescador motivado pela morte de uma vaca - em uma cena tão bela quanto chocante - Kidane mata seu opositor, ficando à mercê do julgamento dos extremistas. Afinal, qual será sua punição por cometer um crime tão imperdoável? Há beleza no retrato de Sissako, que, por vezes, se vale dos cenários áridos e hostis para construir sua mensagem. Sua câmera alterna detalhes e planos abertos para mostrar o cotidiano dessas pessoas, além de sua fraqueza diante da repressão e da violência, sempre retratada de forma chocante, brutal e repentina. Há um retrato contundente da jihad e sua moral duvidosa, de suas regras impraticáveis e das obrigações que impõe às mulheres. Mas o filme parece pouco disposto a entender a complexidade do movimento jihadista. Sua visão rasa do extremismo parece condicioná-lo para exercer um papel propagandista. "Timbuktu" desperta um grande conflito em quem o assiste: seu tom documental parece disposto a mostrá-lo como verdade absoluta. Mas, será que o não entendimento das ideias radicais está relacionado ao nosso modo ocidental de compreender o outro? Talvez seja possível entender o mundo sob outra lógica, mas a repressão gratuita e a barbárie serão para sempre incompreensíveis. Na construção da não naturalização da violência todo panfleto tem seu valor." (Gustavo Assumpção)
*****
''Timbuktu" é o filme mais corajoso dos últimos anos. E também, provavelmente, o melhor. O encantamento que extraímos dali devemos a Abderrahmane Sissako. O nome é complicado. Mais vale ficar com o sobrenome do cineasta da Mauritânia, que tem acento tônico na última sílaba. Não falemos do tema, por ora: são as cores, as imagens do deserto, as figuras que se insinuam, tensas, num universo belo, delicado e incerto. Ali, um modo de vida dedicado a sobrevivência no deserto, será invadido com violência por guerrilheiros tipo Exército Islâmico, onde se misturam o dogmatismo religioso, o gosto bélico e, sobretudo, o gosto da dominação. Não são tão diferentes de outros tantos, apenas mais boçais e mais brutais. Dar conta disso não é fácil: a fé, a má-fé, a boa-fé são coisas que convivem e não raro se confundem. Sissako se sai dessa como mestre.'' (* Inácio Araujo *)
***
''Ninguém estranhe se alguém disse que "Timbuktu" é o melhor filme de 2014. Talvez a prova disso seja que não ganhou o Oscar de filme estrangeiro. Mas até concorreu, o que é estranho, e perdeu para outro filme decente, o polonês "Ida" (onde há histórias de Holocausto: com esse assunto nunca se perde Oscar, seja o filme bom, ruim, o que for). "Timbuktu" tem por defeito ser africano (Abderrahmane Sissako, da Mauritânia é o autor). E por virtude exterior tratar de um fenômeno muito atual: as tiranias religioso-militares, tipo Exército Islâmico, bem mais tirânicas (e criminosas) que qualquer outra coisa, como mostra o filme. Mais interessam, no entanto, as virtudes interiores: a beleza dos enquadramentos, a combinação de cores espantosa, o controle dos tempos, a inserção dos personagens nesse tempo e no espaço. Enfim, uma obra-prima e, quase certo, o melhor de 2014.'' (** Inácio Araujo **)
***
''Não se vê com frequência um filme como "Timbuktu". Na verdade, vimos algo semelhante há oito anos: Bamako, o longa anterior de Abderrahmane Sissako. Diretor de apenas quatro longas, Sissako, nascido na Mauritânia, tem uma das carreiras mais sólidas do cinema contemporâneo. É um artista que tem o que dizer, que possui o desejo de investigar seu papel no mundo, seus sentimentos. Um cineasta de verdade, em suma. "Timbuktu" mostra uma tragédia. Uma família afetada pelo radicalismo de rebeldes islâmicos que tomaram o poder da cidade histórica do Mali (país vizinho da Mauritânia), tornada Patrimônio Mundial pela Unesco. Grupos fundamentalistas islâmicos se apoderaram da cidade por oito meses, proibindo, entre outras coisas, qualquer tipo de música, além de terem destruído monumentos e instaurado o medo nos habitantes. Eles tomaram conta do local impondo leis extremistas. Sua presença provocou fugas, intolerância e apreensão. E foi esse o momento retratado por Sissako em seu filme. "Timbuktu" tem cenas antológicas. Sissako filma muito bem, entre o rigor de Béla Tarr e a fluidez de Raymond Depardon, com um trabalho fotográfico que destaca a cor desértica do local. Podemos destacar o assédio de um dos líderes rebeldes a Satima, esposa de Kidane, um pacato dono de oito vacas; o momento em que o líder religioso conversa com outro dos líderes rebeldes; o pequeno sarau musical, temperado com lágrimas; a fuga após o assassinato acidental de um pescador, entre muitos outros. O diretor tem um domínio raro do tempo. Os cortes são precisos, as cenas duram o que devem durar, as emoções surgem naturalmente, sem a habitual chantagem dos filmes que tocam em temas políticos. O espectador terá a oportunidade rara de ver em ação um dos poucos autores a terem se formado nos últimos 20 anos. Mais: um autor que não se rende a modismos. "Timbuktu" está entre os indicados para o Oscar de melhor filme estrangeiro. É quase impossível que vença, mas o que importa?" (Sergio Alpendre)
87*2015 Oscar / 2014 Palma de Cannes / 2014 César
Les Films du Worso Dune Vision Arches Films Arte France Cinéma Orange Studo Canal+ Ciné+ Le Pacte TV5 Monde Centre National du Cinéma et de L'image Animée (CNC) Indéfilms 2
Diretor: Abderrahmane Sissako
9.512 users / 5.929 face
31 Metacritic 3.816 Down 214
Date 06/03/2016 Poster - ### - DirectorBrad BirdStarsGeorge ClooneyBritt RobertsonHugh LaurieBound by a shared destiny, a teen bursting with scientific curiosity and a former boy-genius inventor embark on a mission to unearth the secrets of a place somewhere in time and space that exists in their collective memory.[Mov 07 IMDB 6,5/10] {Video/@@} M/60
TOMORROWLAND - UM LUGAR ONDE NADA É IMPOSSÍVEL
(Tomorrowland, 2015)
TAG BRAD BIRD
{divertido}Sinopse
''Ligados por um destino, Casey (Britt Robertson), uma adolescente otimista e vibrante com curiosidade científica, e Frank (George Clooney), um gênio desiludido, embarcam em uma missão repleta de perigos para desvendar os segredos de um local enigmático em algum lugar no tempo e no espaço conhecido como Tomorrowland. O que eles devem fazer lá muda o mundo - e eles - para sempre.''
"Fiquei em um grande conflito com o filme por ter amado algumas coisas (apresentação, personagens, ambientação) e detestado outras (narrativa, caminhos escolhidos, mal concluído). No final, as qualidades se sobrepõem, por pouco, aos defeitos." (Rodrigo Cunha)
"Por 2/3, é uma aventura eficiente, intrigante e com visual arrebatador (o plano sequência na chegada à cidade é espetacular). Mas se perde de modo absurdo no terceiro ato, quando as explicações revelam um roteiro absurdamente caótico (é Lindelof, afinal)." (Silvio Pilau)
O amanhã já passou.
''No ano em que o primeiro parque construído sob supervisão do próprio Walt Disney em pessoa completa sessenta anos, o estúdio não poderia deixar passar em branco a data e aproveita a premissa de ''Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível'' para homenagear o gênio e toda sua ambição. Como todos sabem, Walt Disney era fissurado pelo futuro, pelo avanço da tecnologia, pelas possibilidades espaciais e pelo poder da imaginação. Sua ambição não tinha limites, e hoje seus parques temáticos não só atraem milhares de turistas de todas as partes do mundo como também influenciam toda a arquitetura de outros parques e mesmo de cidades inteiras. Em outras palavras, ele foi um visionário. Mas ser um visionário na primeira metade do século XX envolve, claro, todo o contexto histórico, político, social e cultural pertencente à época, e só de pensar nisso é fácil lembrar-se do conceito que as ficções mantinham do futuro. Pessoas trajando macacões prateados, automóveis voadores, teletransporte e construções que desafiam as leis da física formavam a visão utópica de um futuro repleto de possibilidades (basta pensarmos na megalomania arquitetônica de Metrópolis [idem, 1927], de Fritz Lang), enquanto a ala distópica imaginava robôs com visão a laser destruindo a terra, separações de castas na sociedade, ou naves espaciais se deparando com vida alienígena inteligente e hostil. Tomorrowland, dentro de um paradoxo, acerta no mesmo ponto em que escorrega. Ao se manter fiel à visão de Walt Disney – afinal, é um filme em homenagem clara a ele – e recriar um universo aos moldes, digamos, antigos das utopias do século passado, o filme acaba por se espatifar no anacronismo de um futuro que já não está na perspectiva de mais ninguém. Querendo ou não, é um filme voltado para o público jovem e isso deveria ser levado em conta, mas tudo desanda quando a Tomorrowland do título se mostra uma variação bizarra do universo dos Jetsons mista em um conceito meio Matrix (The Matrix, 1999). Ora, como conciliar uma aventura juvenil ambientada num universo infantilóide com uma proposta dita modernosa de realidade virtual e viagens através de dimensões? E, pior, como dar um jeito de entuchar nesse meio um discurso maçante e didático sobre a preservação do planeta? Brad Bird era o nome ideal para salvar essa receita fadada ao fracasso, visto ter experiência com o universo infantil (vindo de animações excelentes como Os Incríveis [The Incredibles, 2004] e Ratatouille [idem, 2007]) e ter provado talento no live-action para adultos com Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible - Ghost Protocol, 2011), mas seu talento não é capaz de salvar um roteiro manjado e escrito sob os padrões de moral e discursos ecochatos da Disney. Mesmo para o público infanto-juvenil o filme se mostra uma armadilha, visto que demora demais para situar o espectador dentro da trama. Só depois da metade da projeção que finalmente alguém decide explicar o que diabos está acontecendo, já que a narrativa é corrida, entrecortada, lotada de explicações espatafúrdias, atolada de idas e vindas no tempo que se vendem muito complexas, quando na verdade não passam de puro blábláblá. O excesso de CGI e a falta de imaginação, ao invés de homenagearem Walt Disney, provavelmente o farão se revirar no caixão. Nada mais triste do que ver um gênio desses ganhando uma lembrança tão mambembe, justo um dos maiores visionários e criativos artistas de todos os tempos. O futuro, aos olhos dele, podia se resumir a uma única palavra: possibilidades. Aqui em Tomorrowland, o amanhã é anacrônico, ultrapassado e nem um pouco atraente." (Heitor Romero)
''Baseado na atração homônima dos parques da Disney, "Tomorrowland" tenta conciliar marketing, diversão e uma mensagem otimista sobre o futuro da humanidade dirigida a adolescentes. A figura central é Casey Newton (Britt Robertson), garota rebelde e curiosa que recebe um misterioso broche que lhe permite ter acesso a uma cidade futurista em um universo paralelo. Depois de idas e vindas no espaço e no tempo, Casey se alia a Frank Walker (George Clooney), um inventor genial e desiludido que foi expulso dessa terra prometida para tentar entender o que está acontecendo e, de passagem, mudar os destinos da Terra. Dirigida por Brad Bird, responsável pelo roteiro e direção de animações como "Os Incríveis" (2004) e "Ratatouille" (2007), esta fábula oscila entre o relato de aventuras, o filme de ação, a ficção científica e a fantasia cara ao universo Disney. Tudo com pitadas de humor e melodrama nem sempre muito felizes. Apesar de o roteiro não elucidar detalhes, a primeira metade consegue manter a curiosidade do espectador em torno dos mistérios dessa cidade futurista, governada por David Nix (Hugh Laurie, o dr. House da série de televisão), um vilão sem carisma. Mas esse frágil arranjo desanda na segunda metade, que mostra uma terra prometida cinzenta e triste. O conflito entre Nix e Frank é feito mais de palavras do que de ação – o ritmo decai. Paralelamente, o relato passa a dar mais espaço à dupla de personagens principais e à robô Athena (Raffey Cassidy), que reforçam a moral da história: intrépida e aguerrida, a juventude pode salvar o gênero humano. Pouca coisa fica na memória, como a cena do lançamento de um anacrônico foguete do meio da Torre Eiffell, em Paris, onde fica um museu que reúne visionários como Gustave Eiffel, Thomas Edison, Júlio Verne e Nikola Tesla, fundadores da Plus Ultra, sociedade secreta científica relacionada à Tomorrowland do filme." (Alexandre Agabiti Fernandez)
Walt Disney Pictures A113 Babieka
Diretor: Brad Bird
118.692 users / 36.821 faceSoundtrack Rock
The Black Keys
47 Metacritic 150 Up 62
Date 09/04/2016 Poster - ##### - DirectorCesc GayStarsRicardo DarínJavier CámaraDolores FonziJulián receives an unexpected visit from his friend Tomás, who lives in Canada. The two men, accompanied by Julián's faithful dog, Truman, will share emotional and surprising moments prompted by Julián's complicated situation.[Mov 07 IMDB 7.2/10] {Video/@@@@}
TRUMAN
(Truman, 2015)
TAG CESC GAY
{simpático}Sinopse
''Dois amigos de infância, separados por um oceano, se encontram depois de muitos anos. Eles passam uns dias juntos, lembrando os velhos tempos e grande amizade que se manteve com os anos, tornando-os inesquecíveis, devido o seu reencontro ser também o último adeus.''
''Duas espécies de filmes se tornaram muito banalizadas com o passar dos anos: os filmes de cachorro e as histórias sobre câncer. Geralmente vítimas de uma novelização extrema ou de uma forçação dramática barata que consiste em arrancar lágrimas do público nem que pra isso a trilha sonora precise ser sentida no último volume, tais temas começaram a afastar e causar certo receio diante do desgaste formulação básica que tais temas ganharam ao longo dos anos. Para citar exemplos, temos o abusivo Sempre ao Seu Lado e o pedante (sim, ele mesmo), A Culpa é das Estrelas, ou Um Amor para Recordar, se você preferir. Obviamente que exceções existiram (os bonitos Marley & Eu e o recente Já Estou Com Saudades), mas é fato que a fama de tais filmes que abordam essa temática ganhou certa negatividade já há um bom tempo. É aí que o cinema argentino, atualmente em sua fase mais importante e segura em meio ao mercado cinematográfico, resolve unir os dois temas de uma única vez e tem como principal nome do elenco Ricardo Darín, astro do cinema argentino atualmente. O resultado é Truman, o grande vencedor do Goya do ano passado (é o equivalente ao Oscar da Argentina, tendo levado cinco estatuetas) e que embarca aqui no Brasil sem grandes holofotes, talvez por seu trailer passar uma percepção errada do que é a obra em si, uma experiência que reaproveita a grande maioria dos clichês de uma história de redenção motivada por alguma doença, mas que confere a essa estrutura inicialmente previsível uma aura de melancolia e iminência realmente verdadeira e honesta, duas características em ausência nos filmes atuais sobre tal. Darín interpreta Julían, que recebe sem mais nem menos a visita do amigo Tomás (Javier Cámara) quando este recebe a notícia de que Julían decidiu interromper sua luta diária contra seu câncer, restando-lhe alguns meses de vida somente. Tendo essa decisão em mente, Julían se vê na necessidade de encontrar um lar adequando para seu cachorro Truman, e em meio a isto tudo, os dois amigos irão viver diversos momentos ora alegres, ora tristes, ora redentores. A jornada de Julían e Tomás não é de grandes surpresas ou contornos imprevisíveis. De fato, o roteiro de Truman (escrito pelo diretor da obra, Cesc Gay, ao lado de Tomàs Aragay) é absolutamente redondo, de elementos básicos como o melhor amigo que, há anos distante, agora retorna como apoio emocional do personagem doente, os problemas familiares de Julían, a viagem em algum momento para resolver tais conflitos, etc. O filme abraça estes clichês para contar sua história através de um viés simplista e isento de riscos, e isso poderia ter sido seu grande problema se Gay não tivesse um olhar tão terno, verdadeiro e isento de qualquer tentativa de vitimismo em cima dos dois personagens. Truman pode acabar sendo confundido com um filme cru ou distante, já que não há grandes embelezamentos técnicos ou visuais (apesar de várias locações encantadoras), mas sim uma câmera que acompanha os rostos na tela conforme estes vão caminhando, interagindo e amadurecendo, conferindo a ''Truman'' uma autenticidade que este ganha por si só. Vamos nos envolvendo aos poucos com Julían e Tomás, nos importamos com seus destinos, com sua inegável amizade, e nos perguntamos como será quando a decisão de Julían finalmente atingir esta amizade com seu desfecho. Truman é verossímil em contar sua história, o que torna difícil que nossos olhos não se encham de lágrimas em, ao menos, um momento da projeção. Sobre o personagem-título, o cachorro Truman, é curioso que o foco passe bem longe de ser a relação entre o animal e seu dono, mas que o cachorro ganhe uma representatividade simbólica na vida de Julían e das pessoas ao seu redor. Afastado de família e amigos, Julían vê em Truman a junção de tudo aquilo que perdeu ao longo de sua reclusão. Julían enxerga em Truman seus amigos, sua família, a continuidade de sua vida que poderá ainda existir no futuro do cachorro, que levará consigo o amor e as lembranças com Julían. Ao deixar tais pensamentos nas entrelinhas, Truman também valoriza a inteligência do público ao permitir que tais sentimentos tão pessoais fluam da tela através de diálogos cotidianos, quase banais até, mas que exemplificam a importância do cachorro-título, mesmo que haja diversos outros focos. Com atuações seguras e uma sintonia contagiante entre Darín e Cámara em cena, o que certamente contribui muito para que Truman alcance seus objetivos, o filme certamente, e infelizmente, deverá passar em branco pelas telas daqui, apesar do sucesso em sua terra natal. Não há grandes arroubos ou originalidade em meio a tudo, mas Truman é um filme que tem sentimento, o que por si só, já lhe faz valer a conferida." (Rafael W. Oliveira)
****
''O melhor amigo do homem, como muitos concordam, é o cachorro. O ator Julian (Ricardo Darín), tem esse amigo, Truman, que considera o seu segundo filho. Julian está perto da morte. Tem um câncer disseminado por vários órgãos e o médico o informa de que sua vida já não pode ser salva. O seu primeiro problema é, justamente, o que fazer com Truman. Julian gostaria de que alguém o adotasse. Mas quem toparia adotar um cão já idoso? Julian tem outro amigo, o espanhol Tomás (Javier Cámara), que tem uma fidelidade canina, com a vantagem de financiar boa parte dos gastos de Julian. E esses gastos dizem respeito, com frequência, à minuciosa preparação da morte a que se dedica o argentino: visitar o veterinário, passar no serviço funerário para encomendar o próprio enterro etc. Tomás nunca se irrita com Julian, protege-o de si mesmo e de sua excessiva coragem diante da morte, do hábito de encará-la como um sereno derrotado. Eis aí o problema central de "Truman": fazer um filme sobre um personagem de todo consciente de sua morte próxima é um desafio. Um morto em vida. Aqui existe apenas Julian e seu egoísmo um tanto monótono. Por sorte ele tem Tomás, que nunca o abandona e evita que o filme se torne um monólogo interminável. Embora o filme tenha momentos interessantes, em geral aqueles em que irrompe a emoção contida por Julian, e ainda que por ali passeie uma personagem feminina promissora e quase inexplorada, Paula, pode-se dizer que o espanhol Cesc Gay não deu conta do tremendo desafio a que se propôs. Como Julian, o diretor é, possivelmente, uma vítima da excessiva dignidade.'' (* Inácio Araujo *)
''Apesar do rosto de Ricardo Darín em destaque no pôster de Truman (2015), não é o ator argentino que empresta o nome de seu personagem ao longa do espanhol Cesc Gay. Truman é, na verdade, o nome de seu cachorro, elemento central que servirá de fio condutor à trama - o McGuffin tão caro ao Hitchcock. Desde o momento em que Tomás (Javier Cámara) viaja do Canadá para a Espanha para visitar seu amigo Julian (Darin), o que se vê na tela é um filme que segue a cartilha dos projetos independentes de comédia dramática com pitadas de bromance (a relação heteroafetiva entre dois amigos). Durante os quatro dias que passam juntos na Europa, os dois levam o tal cão para conhecer pessoas dispostas a adotá-lo. A cada casa, a cada bar, a cada parada, os dois vão revivendo e revitalizando sua amizade, que está com os dias contados e, mesmo assim, cada vez mais forte. Trata-se de um filme carregado de emoções, mas sem pesar a mão para a dramalhão. Com a mesma facilidade que arranca risos do público, o cineasta catalão também faz escorrer lágrimas pelo rosto do mais duro espectador, algo que só é possível porque tem em mãos dois ótimos atores, cuja química é inegável. Um belo ensaio sobre solidão, amor, amizade e despedidas, Truman é um belíssimo filme. Suas falas são precisas e seus silêncios, de apertar o coração." (Marcelo Forlani)
BD Cine Impossible Films Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA) Instituto de la Cinematografía y de las Artes Audiovisuales (ICAA) Kramer & Sigman Films Televisión Española (TVE) Televisión Federal (Telefe)
Diretor: Cesc Gay
3.314 users / 1.668 face
2.423 Up 469
Date 20/04/2016 Poster - ######## - DirectorBill PohladStarsJohn CusackPaul DanoElizabeth BanksIn the 60s, Beach Boys leader Brian Wilson struggles with emerging psychosis as he attempts to craft his avant-garde pop masterpiece. In the 80s, he's a broken, confused man under the 24-hour watch of shady therapist, Dr. Eugene Landy.[Mov 08 IMDB 7,4/10] {Video/@@@@} M/80
THE BEACH BOYS - UMA HISTÒRIA DE SUCESSO
(Love & Mercy, 2014)
TAG BILL POHLAD
{poético}Sinopse
''Brian Wilson fundou os Beach Boys, uma das bandas mais populares do Estados Unidos nos anos 1960. A trama foca a degeneração mental de Wilson e os problemas que seus diversos tratamentos trouxeram ao grupo, resultando em sua saída da banda. O filme também mostrará a relação de Wilson com sua esposa Melinda e como o astro foi manipulado pelo Dr. Eugene Landy.''
''The Beach Boys: Uma História de Sucesso'' são dois filmes em um. Ao contar a história do líder dos Beach Boys Brian Wilson, o diretor Bill Pohlad resolveu criar duas linhas do tempo. Em uma, abarcando o período dos anos de 1960, acompanhamos o músico, interpretado por Paul Dano, em sua época mais criativa, quando concebe o belíssimo disco Pet Sounds, e quando começa a apresentar sintomas de uma doença mental que o deixará extremamente vulnerável. Em outra, nos anos de 1980, vemos Wilson (John Cusack) se apaixonar pela vendedora de carros Melinda (Elizabeth Banks), enquanto sucumbe a um estado quase infantil ao ser manipulado pelo doutor Eugene Landy (Paul Giamatti). O roteiro de Michael Alan Lerner e Oren Moverman tenta abraçar os pontos mais importantes destas duas passagens, conseguindo atingir notas altas. Existe uma real preocupação em mostrar o desenvolvimento do estado psicológico de Brian Wilson – sendo esta a ligação entre as duas partes estanques da história. O problema do filme reside em algumas escolhas questionáveis, como o próprio casting de John Cusack como Brian Wilson. O ator consegue emular o padrão de fala do cantor e seu jeito um tanto desconfiado ao se portar. O que incomoda e acaba distraindo o espectador é o fato da caracterização do personagem não ter sido levada em conta. O que parece é que John Cusack chegou ao set de filmagens e foi direto atuar, sem ter passado por figurinistas, maquiadores ou qualquer outra preparação pregressa. Estamos vendo ele ali. Não Brian Wilson. E isso em uma biografia é um tiro no pé sem tamanho.
A história de vida de Wilson neste momento, quando interpretado por Cusack, é um dos mais fortes por mostrar como um artista talentoso pode cair nas mãos de alguém inescrupuloso quando vulnerável. Giamatti está assustador como o doutor Eugene Levy. Não se sabe o quanto ele exagera nas tintas, visto que aquele homem surge como um monstro em toda a história. Mesmo quando tenta ser simpático, suas expressões sempre denunciam intenções nefastas. Cabe à personagem de Elizabeth Banks ajudar seu namorado, em uma interpretação calorosa da atriz. Para os fãs da música dos Beach Boys, o período mais interessante é, lógico, o dos anos de 1960, quando Wilson trabalha no disco Pet Sounds. Uma bem concebida montagem inicial recria momentos marcantes da carreira da banda até aquele ponto, com os atores revivendo clipes e passagens memoráveis, com direito a canções como Surfin’ USA, I Get Around e Fun Fun Fun. Somos apresentados ao processo de gravação do Pet Sounds e é impossível não se emocionar ao ouvir os instrumentos emulando os sons característicos de músicas belíssimas como God Only Knows, Sloop John B, Caroline No e Wouldn’t it be Nice. Para quem não conhece a história dos Beach Boys, algumas passagens podem surpreender, como o fato de Brian Wilson ter produzido todo o álbum sem a presença de seus companheiros de banda, que entraram só ao final, para gravar os vocais – outro belo momento do filme. Para quem sabe da cronologia dos fatos, encontrará anacronismos e inconsistências, como o fato de Good Vibrations ter sido criada depois do Pet Sounds no longa-metragem, enquanto ela havia sido gravada meses antes do disco na realidade. Diferentemente de John Cusack, Paul Dano tenta recriar não só os maneirismos, mas também se transforma fisicamente em Brian Wilson. Nenhum dos atores é parecido com o retratado, mas Dano parece se esforçar mais em alcançar esta aproximação. Neste seguimento, o drama de Wilson não é apenas artístico, mas também se dá na relação com o pai, Murry (Bill Camp), que abusava da violência e dos jogos de poder para manter seus filhos na linha. Ele guarda rancor por ter sido demitido como empresário do grupo e tenta minar a confiança do filho sempre que pode. Quem espera observar a relação dos Beach Boys como um grupo pode se frustrar, visto que apenas Mike Love (Jake Abel) ganha algum destaque, sendo a voz de discordância quando percebe que Pet Sounds é um disco de Brian Wilson, não da banda que havia criado sucessos como Fun Fun Fun. Apesar dos problemas, The Beach Boys: Uma História de Sucesso se mostra um filme interessante – muito por conta da força do retratado. Talvez se os realizadores tivessem buscado apenas uma linha do tempo para se debruçar na história, o resultado seria mais profundo. Ao tentar abraçar muito com pouco tempo, algumas passagens acabam perdendo a força. De qualquer forma, não deixa de ser um tributo cheio de bons momentos para o genial Brian Wilson." (Rodrigo de Oliveira)
{Eu não posso escrever sobre verão e diversão e verão e verão e diversão e carros. Eu tenho coisas dentro de mim que preciso liberar} (ESKS)
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"É uma dessas frases memoráveis que Brian Wilson, na pele de Paul Dano, solta e resume muita coisa sobre o compositor (Algo como Eu não posso escrever sobre verão e diversão e verão e verão e diversão e carros. Eu tenho coisas dentro de mim que preciso liberar). É com interpretação marcantes, roteiro fluido e narrativa instigante que "The Beach Boys: Uma História de Sucesso", adaptação ao cinema da vida de Brian Wilson, um dos maiores gênios da música e lider dos The Beach Boys, parece entrar pra lista de melhores adaptações biográficas ao cinema sobre música. O longa serve para mostrar pra muita muita gente a história pouco conhecida sobre a vida problemática do artista que, por trás de discos clássicos como Pet Sounds, sofria de depressão, alucinações e esquizofrenia. A narrativa do longa dirigido por Bill Pohlad reveza entre passado e futuro, entre Paul Dano interpretando o artista em sua juventude junto aos The Beach Boys, e John Cusack fazendo um Brian mais velho e com seus problemas neurológicos mais avançados. Na parte do futuro vemos também Melissa, uma vendedora de automóveis que conhece Brian e com ele passa a se relacionar. Ah, claro, também não poderia faltar Engine Landy, o grande vilão da história, o psicólogo, produtor e responsável pela guarda de Brian e por explorar o compositor ao máximo, o afastando da família e exagerando em seus medicamentos. Para os fãs de música fica difícil não se sentir admirado pelo filme, cheio de sequências musicais excelentes (destaque para Good Vibrations) e contando todo o processo criativo de Wilson pra criar marcos como Pet Sounds e Smile. É com lentes retrôs que vez ou outra o diretor nos deixa imersos na atmosfera da década de 60, sempre ao som dos The Beach Boys. Love & Mercy é sobre o processo criativo de um artista, suas perfeições e ambições. É sobre o velho questionamento entre fazer música para vender, ou pra realmente exaltá-la como arte. Vocês já ouviram o novo álbum dos The Beatles? não podemos eles passarem na nossa frente!, Brian afirma. Assim ele vai atrás de fazer o melhor álbum de todos os tempos, como ele mesmo diz, e o que encontra são barreiras na gravadora, discussões com menbros da própria banda e problemas de relacionamento com seu severo pai. Cada fator adicionado pelo ótimo roteiro de Oren Moverman, assim como o sábio uso de alternância entre tempos diferentes da história, vai nos mostrando como Brian foi deixando seus problemas neurológicos cada vez piores até se tornar o que vemos no papel de John Cusack. ''The Beach Boys: Uma História de Sucesso'' se mostra uma das obrigações de um filme pra qualquer amante da música. Interpretações marcantes, roteiro cativante e fantásticas sequências musicais. Uma jornada pertubadora e comovente pela mente de uma figuras da música pop." (Herdeson Hornelas)
73*2015 Globo
River Road Entertainment Battle Mountain Films
Diretor: Bill Pohlad
21.086 users / 20.465 faceSoundtrack Rock
The Beach Boys / Dusty Springfield / The Yardbirds / The Moody Blues / Martha & The Vandellas / Heart
40 Metacritic 1.290 Up 543
Date 12/05/2016 Poster - ######## - DirectorMario CameriniStarsKäthe von NagyMaurizio D'AncoraDaniele CrespiA young honeymooning couple are lured away to a seaside resort by a high-society sleazeball, who has plans to seduce the girl, while at the same time her hubby in desperation stakes all his money on the roulette wheels.[Mov 07 IMDB 7,1/10] {Video}
TRILHOS (unofficial)
(Rotaie, 1929)
TAG MARIO CAMERINI
{nostágico / inovador}Sinopse
''Ao achar uma carteira cheia de dinheiro na estação de trem, um casal decide mudar os rumos de sua vida para melhor: começam a apostar a grana. Com o tempo, porém, percebem que esse estilo de vida burguês pode ser traiçoeiro.''
****
''Camerine usou atores inexperientes, acreditando que eles dariam autenticidade ao drama. O legado de “Trilhos” é melhor percebido nos filmes neorrealistas do pós-guerra, que não apenas usaram atores não profissionais nos filmes, mas também abraçaram os temas dos primeiros trabalhos de Camerini. Vittorio De Sica citou a influência de Camerini em seus filmes, dizendo que ele o ensinou a ser verdadeiro e sincero em suas filmagens. Nos anos de 1920, uma década de turbulência social e política na Itália, a maioria dos filmes italianos consistia em dramas históricos espetaculares, comédias leves, épicos cheios de ação, muitos deles feitos pelo próprio Camerini. “Trilhos” aparece como uma exceção notável. “Trilhos” fez de Camerini um dos poucos diretores da época disposto a reconhecer que a Itália, apesar do que Mussolini afirmava, estava longe de se tornar um glorioso segundo Império Romano." (Benjamin Schrom)
S.A.C.I.A.
Diretor: Mario Camerini
62 users / 1 face
Date 15/06/2016 Poster - - DirectorPaul HaggisStarsLiam NeesonMila KunisAdrien BrodyThree interlocking love stories involving three couples in three cities: Rome, Paris, and New York.[Mov 06 IMDB 6,4/10] {Video/@@@} M/38
TERCEIRA PESSOA
(Third Person, 2013)
TAG PAUL HAGGIS
{intrigante}Sinopse
''A trama segue três casais lidando com dilemas de relacionamento em Roma, Paris e Nova York. Um dos personagens é um escritor (Liam Neeson), o que dá ao título sua “terceira pessoa”. Ele e Olivia Wilde estão na subtrama parisiense; ela faz uma repórter que cobre festas na cidade e ele vive seu amante, um autor tentando escrever seu novo romance.''
"Um drama menor que poucas pessoas parecem ter assistido, mas é bem sensível, divertido e tem um final bastante interessante, que pede uma revisitação. Tem histórias melhores e piores (lógico), nem todas são ótimas, mas no final tudo se justifica." (Alexandre Koball)
***
''Após fazer história no Oscar 2006 com Crash - No Limite e vencer a estatueta de "Melhor Filme" ao derrotar o favorito O Segredo De Brokeback Mountain - Paul Haggis volta ao universo dos roteiros não-lineares e tramas entrelaçadas para narrar três distintas e conturbadas histórias de amor. Em Terceira Pessoa, somos apresentados primeiro a um escritor de sucesso (Liam Neeson) em plena crise criativa. Além de lidar com a pressão para emplacar outro best seller, ele se divide entre o carinho pela ex-esposa e seu relacionamento atual com a amante (Olivia Wilde). Do outro lado da trama conhecemos um vendedor de objetos de luxo falsificados que se envolve amorosamente com uma cigana e precisa ajudá-la a resgatar a filha, sequestrada por mafiosos italianos; E a última – e talvez mais nebulosa – história da ex-atriz (Mila Kunis) que perde a guarda de seu filho pequeno após um acidente doméstico que quase custou a vida do menino. Se em Crash, o mote era o preconceito racial enraizado na sociedade americana e a importância de se questionar o status quo, em Terceira Pessoa, Haggis busca explorar os limites morais e éticos que regem nossa sociedade. Você deixaria, por exemplo, uma mãe que quase ceifou a vida do filho continuar a vê-lo, mesmo ela alegando que tudo foi um acidente? Você ajudaria financeiramente uma pessoa que nunca viu na vida? Esses são alguns pontos levantados pela narrativa que buscam levar o espectador à reflexão. Apesar de histórias tão próximas do nosso cotidiano, os personagens de Terceira Pessoa pouco apelam à nossa empatia. Não porque falte veracidade no enredo – muito pelo contrário, os personagens têm suas personalidades bastante definidas e antenadas com o mundo real- o grande problema é o desenvolvimento superficial de cada panorama. A narrativa alternada não é desculpa para que as tramas sejam exploradas de forma tão desleixada. É como se, durante todo o filme, ficássemos na ânsia de entender melhor aqueles indivíduos, criar laços com seus dramas, mas somos vetados de viver nossa catarse por um corte cinematográfico mal feito. Com ares de um eterno clímax que nunca tem conclusão, Terceira Pessoa falha em envolver o público em seu universo. A amarração final das tramas parece ter sido uma solução às pressas para concluir o filme. Claro que não há dúvidas sobre o talento de Paul Haggis como diretor e roteirista - mesmo que o estilo tenha lá seus odiadores -, mas dessa vez ele perde a mão, mesmo na segurança de seu território conhecido.'' (Iara Vasconcelos)
****
"Crash, longa de histórias paralelas cujos personagens acabam se cruzando, foi o filme vencedor do Oscar em 2006. Seu diretor e roteirista, Paul Haggis, volta à formula e consegue resultado melhor.
"Terceira Pessoa", com roteiro também de Haggis, tem deslizes, mas exibe algo digno de mérito: o cruzamento das histórias não depende de casualidades. Tudo é bem costurado e nada é entregue facilmente ao espectador. Por isso, talvez os últimos minutos desapontem uma parte da plateia. Mas o final, a princípio uma solução preguiçosa de roteiro, cumpre a função de permitir várias interpretações para o filme. Como em Crash, o elenco ajuda bastante nos intrincados caminhos da trama. Liam Neeson é Michael, escritor americano ganhador do Pulitzer que passa um tempo em Paris, lutando contra um bloqueio para criar a próxima obra e fugindo da mulher, que ficou nos Estados Unidos. Há uma crise séria no casamento. Demora um pouco para que a plateia entenda o que aconteceu, mas desde o início do filme fica clara a gravidade do episódio. Um remédio para o mau momento do escritor é sua amante, Anna (Olivia Wilde, a médica 13 da série House). Autora iniciante, ela busca em Michael uma opinião sobre seu livro e sexo sem compromisso. Mas também carrega um segredo nada agradável. Enquanto isso, na Itália, Adrien Brody é Scott, um malandrão que copia modelos de grifes famosas para reproduzir as coleções em sua confecção nos Estados Unidos. Ele conhece uma prostituta romena (a bela atriz israelense Moran Atias) que precisa de dinheiro para resgatar sua filha de uma cafetão e, ao ajudá-la, se envolve com tipos violentos. Parece a versão italiana de After Hours, filme de Martin Scorsese em que o protagonista vive uma madrugada infernal em Nova York. E é em Manhattan que se passa a outro história do filme. Mila Kunis é uma atriz de TV em desgraça que perde a custódia da filha para seu ex, um artista moderninho interpretado por James Franco. Quando Haggis resolve conectar as tramas paralelas, estabelece um atraente jogo de verdadeiro ou falso. Liam Neeson empresta bem a cara de pedra para esconder os sentimentos de Michael. Olivia Wilde é uma presença luminosa na tela, sensual e divertida. Os dois têm ótima química como o casal que um adora pregar peças safadas um no outro. Adrien Brody dá o tom apalermado perfeito para o americano que se considerava esperto e se perde entre bandidos nas ruelas italianas. O ponto fraco do filme é colocar Mila Kunis e James Franco como o casal que disputa a guarda da filha. Nessa que é a parte menos inspirada do roteiro de Haggis, os dois são sofríveis atuando. Mas eles não chegam a comprometer um ótimo filme para público adulto. Uma opção para escapar dos dramas juvenis que dominam agora os cinemas." (Thales de Menezes)
Corsan Hwy61 Lailaps Pictures Purple Papaya Films Volten
Diretor: Paul Haggis
19.830 users / 5.530 faceSoundtrack Rock
Moby
33 Metacritic 2.369 Up 31
Date 16/06/2016 Poster - ##### - DirectorSeth MacFarlaneStarsMark WahlbergSeth MacFarlaneAmanda SeyfriedNewlywed couple Ted and Tami-Lynn want to have a baby, but in order to qualify to be a parent, Ted will have to prove he's a person in a court of law.[Mov 08 IMDB 6,4/10] {Video/@@@} M/48
TED 2
(Ted 2, 2015)
TAG SETH MACFARLANE
{esquecível}Sinopse
''Completamente apaixonado, Ted (voz de Seth MacFarlane) decide se casar com Tami-Lynn (Jessica Barth). Entretanto, não demora muito para que o casal entre em crise. Querendo evitar um possível divórcio, Ted resolve ter um filho. Tami-Lynn logo fica empolgada com a ideia, o que faz com que o casal inicie uma busca sobre quem poderia ser o doador de esperma ideal para o bebê. Seu grande amigo John (Mark Wahlberg) o ajuda na tarefa, mas logo Ted descobre que não pode ter um filho porque, legalmente, ele não é uma pessoa, e sim uma propriedade. Começa então uma batalha judicial em que o urso de pelúcia tenta provar que merece ser considerado um cidadão como qualquer outro ser humano.''
"O delicioso - e cada vez mais raro - mundo do politicamente incorreto. Ted 2 tem alguns pontos g-e-n-i-a-i-s revestidos por um argumento enfadonho. Surpreende que, mesmo sendo um filme que não precisava existir, conseguiram manter o pique do original." (Alexandre Koball)
***
''Seth MacFarlane, um dos criadores das séries de animação Family Guy e American Dad!, estreou como diretor de cinema com Ted, longa sobre um ursinho de pelúcia que fala, toma drogas e é politicamente incorreto de uma forma divertida. Após o medíocre Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola, mais uma confirmação da dificuldade de se misturar comédia com faroeste (uma exceção: Banzé no Oeste, de Mel Brooks), ele resolve ir no certo e fazer este "Ted 2". Aqui, o ursinho de voz grave (de MacFarlane) se casa com Tami-Lynn (Jessica Barth), colega de trabalho. Após algum tempo, eles começam a brigar. As contas não fecham e um joga para o outro a responsabilidade. A solução, pensam, é ter um filho. Precisam de um doador de esperma. Ted recorre ao melhor amigo, John (Mark Wahlberg). O problema é que Tami-Lynn, de tanto se drogar, comprometeu seu sistema reprodutor e não pode mais ter filhos. O jeito é adotar uma criança. Aí surge outro problema: aos olhos da lei, Ted passa a não ser mais considerado humano. Sua vida não tem mais sentido. É apenas uma propriedade de John. Mas eles não desistem. Com a ajuda da jovem advogada Samantha (Amanda Seyfried), vão tentar provar que Ted é humano, sim. Prato cheio para a veia cômica de MacFarlane, que finalmente volta a funcionar. Vale destacar as presenças de Morgan Freeman, como um poderoso advogado, e Liam Neeson, em uma pequena e hilária participação." (Sergio Alpendre)
''Ted 2'', a volta do ursinho pervertido e drogado – criado por Seth MacFarlane (das séries Uma Familia da Pesada e American Dad!) – estrelada por Mark Wahlberg (Os Infiltrados) traz junto um roteiro fraco, mas que cumpre a sua meta como um entretenimento típico de qualquer comédia americana como American Pie e Se Beber Não Case.O roteiro do filme peca justamente nas piadas que se baseiam em trocadilhos sexuais, maconha e tentativas forçadas de citações de cultura pop. Igual ao primeiro filme da franquia, ''Ted 2'' passa a impressão de ser divido em um esquema de sketch como se fosse um longo episódio de Uma Família da Pesada, mas nem as piadas nem as cenas movem a história, o que faz o filme cair em um padrão americano de fazer comedia onde tudo está completamente nos diálogos como se fosse um show de stand-up; o problema é que no caso do filme as piadas são fracas e o stand-up que eles nos oferecem é medíocre. O que realmente empurra a história do filme são momentos expositivos em diálogos que te introduzem a próxima sketch. A direção do filme não tem segredo algum, ela segue crua do início ao fim, e são muito usadso elementos vindos junto da experiência com animações de Seth, como diálogos em voz off que seguem em cima da imagem da fachada da casa dos protagonistas. Destaque para a abertura do filme que acompanha uma dança gigantesca com o urso Ted no centro da ação, essa cena da dança é muito bem dirigida, orquestrada e coreografada, sendo uma ótima primeira impressão para o filme, mas ao desenrolar dos pseudos acontecimentos vemos que é tudo sem sal nenhum. Outro ponto falho do filme é justamente no vilão da história, o personagem Donny, interpretado por Giovanni Ribisi, mesmo vilão do primeiro filme que agora volta querendo sequestrar Ted, descobrir seu funcionamento e fabricar milhares de novos ursinhos com vida, virando assim milionário. Corajosa é a participação ativa da empresa Hasbro, a criadora do boneco Ted na história, que não tem medo de ser colocada como uma das vilãs do filme. Para não fechar com apenas críticas negativas ao filme, a atuação de Seth MacFarlane como Ted ainda é muito boa e as habilidades dele como dublador são inquestionáveis, e é a única atuação de destaque no filme, pois tanto o personagem de Mark Wahlberg como a introdução da atriz Amanda Seyfried (Enquanto Somos Jovens) na série são totalmente apagadas e parece que só estão lá para justificar personagens humanos. A única coisa que te faz querer ver até o final é justamente a dublagem de Ted e seu imenso carisma." (Blog)
Universal Pictures Media Rights Capital Fuzzy Door Productions Bluegrass Films Smart Entertainment
Diretor: Seth MacFarlane
112.530 users / 30.370 faceSoundtrack Rock
Earth Wind & Fire / Kool & The Gang
38 Metacritic 54 Up 309
Date 19/06/2016 Poster - ## - DirectorEdgar WrightStarsSimon PeggNick FrostKate AshfieldThe uneventful, aimless lives of a London electronics salesman and his layabout roommate are disrupted by the zombie apocalypse.[Mov 08 IMDB 8,1/10] {Video/@@@@@} M/76
TODO MUNDO QUASE MORTO
(Shaun of the Dead, 2004)
TAG EDGAR WRIGHT
{divertido / hiário}Sinopse
''Winchester. Shaun (Simon Pegg) trabalha como vendedor e divide uma casa com Ed (Nick Frost), seu melhor amigo, e Pete (Peter Serafinowicz). Ele costuma ir sempre ao pub local, mas Liz (Kate Ashfield), sua namorada, está cansada de lá. Além disto ela sempre reclama que ele não se separa de Ed, apesar de suas piadas bobas e seu desinteresse em fazer algo útil. Para resolver a questão Shaun aceita marcar um encontro com Liz em outro restaurante, mas se esquece de fazer a reserva. Irritada, ela decide terminar com ele. Shaun, arrasado, se embebeda no seu pub predileto ao lado de Ed, sem notar que as pessoas à sua volta estão se tornando zumbis, devido a um estranho fenômeno.''
"Primeiro trabalho de Edgar Wright na direção é uma prova de sua habilidade no uso satírico e ao mesmo tempo homenageante da linguagem narrativa que escolhe adotar, resultando em um filme muito engraçado e jamais desrespeitoso ou idiota." (Heitor Romero)
"Homenagem a George Romero que representa uma das comédias mais criativas da década passada." (Rodrigo Torres de Souza)
''O nome em português é lamentável: “Todo Mundo Quase Morto”. O título original é Shaun of the Dead, uma pequena brincadeira com o nome Dawn of the Dead, em português “Madrugada dos Mortos”, clássico de George A. Romero que na época havia sido readaptado – como se precisasse – pelas mãos de Zack Snyder. Aliás, a maldição de títulos ruins nacionais parece seguir estes ingleses, principalmente Simon Pegg que depois estrelou Maratona do Amor, e talvez a pior adaptação de um título Um Maluco Apaixonado. Bem, concluindo esta questão, podemos deduzir que obviamente muitos passaram longe do DVD devido a essa falha enorme na hora da escolha do nome, e se você é um desses, reconsidere pois não irá se arrepender. Muitos dizem que a obra é uma paródia do já citado “Madrugada dos Mortos” do Snyder, mostrando mais uma vez como o filme foi mal compreendido, principalmente no Brasil, pois as similaridades só existem nos títulos originais e nada mais. O roteiro é pura criatividade e nos apresenta Shaun, um cara que pode ser considerado por alguns como um grande perdedor, na verdade ele realmente é. Tem quase trinta anos, trabalha em uma loja vendendo TVs com um bando de jovens que não o respeita e que estão ali só esperando a hora de conseguir algo melhor, por assim dizer. Shaun tem seu inseparável amigo Ed, um vagabundo clássico, que passa o dia dormindo ou jogando videogame e que não trabalha, a não ser quando vende drogas. Ed é praticamente um encosto que Shaun adora carregar, o que mostra a falta de noção do cara, pois nos encontros com sua namorada Liz, o amigo primata está sempre presente, perturbando a vida do casal. Shaun é um perdedor e Liz o dá um pé na bunda, mas nada melhor para um homem mostrar seu valor do que… uma invasão repentina de zumbis vorazes e famintos por carne crua. Alguns nascem para jogar futebol, outros para atuar, Shaun se deu muito bem como um sobrevivente. Ele tem um plano para escapar das hordas de zumbis e só precisa resgatar seus amigos para que tudo de certo. Claramente, não dá! A obra intercala nuances de drama, ação e humor com uma maestria única. Edgar Wright acerta tanto na direção que o filme não perde o pique em momento algum. Ele consegue criar aquele lugar que fica marcado em nosso inconsciente, e quando lembramos, sentimos saudades, mesmo ele estando repleto de zumbis. Uma das grandes qualidades do filme, como sempre, é sua edição. Sendo um bom exemplar de filme inglês atual, o corte final traz todos os lances cools do momento, que são takes rápidos e secos, passagens friamente calculadas, ótimos efeitos especiais (foram poucos, mas excelentes). No geral, o que reina é a dinâmica, a rapidez, mas com muita propriedade, nada fica solto nas mãos do editor artesão Chris Dickens. Apesar de claramente inspirada nas obras de diretores como Guy Ritchie ou Darren Aronofsky, a edição merece lugar de honra para o sucesso maciço do filme, juntamente com a maquiagem – que deixa muito Resident Evil no chinelo – e a trilha sonora, composta e escolhida de forma auspiciosa por Daniel Mudford e Pete Woodhead. O que facilitou a vida dos realizadores foi o time de atores. Começando pelo sensacional Simon Pegg, um completo desconhecido, que tinha feito papéis pequenos em séries, se mostrou um ator tão completo e flexível que realmente impressiona. Nick Frost pode até ficar um pouco ofuscado com seu Ed, mas é também um excelente ator de comédia, ótimo timing e usa de seu porte desleixado para humor, como antigamente. No time de coadjuvantes está ninguém menos do que o impagável Bill Nighy como Philip, padrasto de Shaun. A excelente Penelope Wilton entrega dramaticidade na medida certa para a mãe Barbara. Dylan Moran e Lucy Davis são o excêntrico casal David e Dianne, dois personagens muito bem construídos, com personalidades inusitadas e incrivelmente engraçadas. Kate Ashfield interpreta Liz, a ex-namorada que começa a enxergar aquele Zé Mané de antigamente com outros olhos após vê-lo esmagando alguns crânios pela rua, e por fim o insuportável colega de casa Pete, interpretado por Peter Serafinowicz com muitíssima qualidade. Nenhum personagem é esquecido no filme. Todos têm seu peso e sua importância. Além dos personagens principais, existem outros complementos que enriquecem o filme de tal forma, que na segunda vez que você assiste, percebe um detalhe que havia escapado. É tudo muito bem amarrado. Cenas marcantes como a abertura com os créditos, a ida ao mercadinho em meio ao Armageddon onde Shaun passa sem perceber nada, as mortes terrivelmente realistas e grotescas, a descoberta da mulher “bêbada” no jardim com os olhos estranhos ou mesmo a seleção de disco para arma letal são memoráveis. O DVD não chamou atenção no Brasil quando foi lançado, mas hoje muitos conhecem a obra devido a repercussão que o filme teve na vida de todos os seus envolvidos. Simon Pegg virou ator do alto escalão de Hollywood e fez filmes como Star Trek e Missão Impossivel III (foi o melhor do filme, aliás). Ele e seu amigo inseparável Nick Frost viveram os irmão gêmeos Dupont e Dupond, repetindo pela terceira vez a parceria, sendo a segunda, o também excelente Chumbo Grosso (título também fraco) que foi dirigido novamente por Edgar Wright. Só para medir a importância da obra no mundo dos mortos vivos, o próprio George A. Romero, após assistir o filme, chamou os criadores Pegg e Wright para fazer uma ponta como zumbis em seu novo filme (na época) Terra dos Mortos. “Todo Mundo Quase Morto” trouxe vida nova aos zumbis, pois pela primeira vez eles funcionaram de forma eficaz dentro do humor. O filme inspirou esse gênero “Comédia Zumbi”, dando ideias até para seu criador George A. Romero. Então fica aqui a dica, um filme imperdível." (Ronaldo D`Arcadia)
Universal Pictures StudioCanal Working Title Films WT2 Productions Big Talk Productions Inside Track 2 FilmFour De Wolfe Music
Diretor: Edgar Wright
398.563 users / 19.223 faceSoundtrack Rock
The Specials / Chicago / The Smiths / Ash / Queen / L7 / Goblin / I Monster
34 Metacritic 1.026 Down 7
Date 12/09/2016 Poster - ######## - DirectorJafar PanahiStarsJafar PanahiNasrin SotoudehBanned from making movies by the Iranian government, Jafar Panahi poses as a taxi driver and makes a movie about social challenges in Iran.[Mov 09 IMDB 5,3/10] {Video/@@@@} M/91
TAXI TEERÃ
(Taxi, 2015)
TAG JAFAR PANAHI
{inteligente}Sinopse
''Documentário retrata Teerã, capital do Irã, cujo principal cenário é um táxi dirigido pelo diretor, que leva passageiros importantes nos âmbitos social e político do país.''
''Antes de ser um mordaz filme político de um diretor perseguido pelo governo de seu país, o iraniano "Táxi", vencedor do Urso de Ouro em Berlim, é um belo filme, ponto. A distinção se impõe para colocar às claras a dúvida: teria o júri premiado Jafar Panahi mais pela sua biografia (ele foi condenado em 2010 por propaganda antirregime) do que pelos méritos da obra? A resposta é não. Em seu terceiro trabalho clandestino (o diretor foi proibido de filmar no Irã ou de deixar o país por 20 anos), Panahi escapa ao tom panfletário e se esquiva da vitimização de si mesmo. Prefere o comentário social sutil, muitas vezes cômico. "Táxi" se constrói como uma sucessão de esquetes em que os relatos e as agruras dos passageiros do carro do título, captados por uma microcâmera acoplada ao para-brisa, formam um caleidoscópio da sociedade iraniana, sob os olhares de um motorista afável, porém lacônico - o próprio cineasta. No estúdio móvel, que acolhe passageiros com destinos diferentes, há lugar para o embate entre uma professora e um batedor de carteira sobre o valor pedagógico de penas capitais, para a lábia de um vendedor de DVDs piratas (antídoto à censura oficial que beneficia Panahi) e para a mulher que irrompe pela porta aos prantos com o marido ensanguentado nos braços. Esse último quadro ilustra o trabalho de ourives do diretor. O desassossego dá lugar ao humor negro quando o acidentado insiste para que o camelô registre no celular um testamento audiovisual em que ele deixa os bens para a mulher (contrariando a lei local). Mais tarde, desde o hospital, essa mulher importuna o chofer por telefone para ter acesso ao arquivo. Crítica de costumes, sim, mas engenhosa e, ao fim, engraçadíssima. Em outra instância de metacinema, a sobrinha pré-adolescente de Panahi pega carona no táxi para rodar um trabalho escolar, mas se atrapalha com a cartilha da professora. Não se pode mencionar política ou economia; filmar cenas de realismo sórdido está igualmente banido. Entende-se que a perplexidade diante das privações e arbitrariedades é de Panahi mas também da mulher que corre o risco de perder tudo com a morte do marido, da advogada impedida de atender presos políticos, do amigo que hesita em registrar B.O por medo de ajudar a mandar assaltantes à forca... É essa recusa do diretor ao ensimesmamento que faz a grandeza desse "Táxi", SUV insolente em que sempre cabe mais um passageiro da agonia." (Lucas Neves)
''São admiráveis os esforços do cineasta iraniano Jafar Panahi para driblar a proibição de fazer filmes imposta pelo governo de seu país. Já os longas realizados após a proibição vêm se tornando cada vez menos admiráveis. Isto Não É um Filme, o primeiro deles, tinha a força da novidade e do realismo. Como fica claro desde o título, ali Panahi encarava a proibição, registrando seu cotidiano e seus pensamentos de cineasta interditado. Cortinas Fechadas, o seguinte, tinha uma proposta interessante, porém prejudicada pelo simbolismo raso e pelo excesso de autorreferências. E agora, Táxi Teerã leva esses problemas do anterior ao paroxismo e ao esgotamento. No novo filme, uma ficção que emula um documentário, Panahi dirige um táxi pelas ruas de Teerã, recebe diversos passageiros, entabula conversas com eles. O resultado é menos um panorama da sociedade iraniana e mais um painel das obsessões do diretor. Por mais justas que sejam, elas se tornam cansativas ao longo do filme. Cada personagem, cada diálogo, cada situação do longa tem um paralelo evidente na trajetória do cineasta (o problema, aqui, não é o paralelo, mas o evidente). A sobrinha de Panahi, por exemplo, carrega uma câmera e diz que precisa fazer um filme escolar exibível – ou seja, aprovado pelas autoridades – para participar de um concurso (os filmes do cineasta não são considerados exibíveis). Um vendedor de DVDs piratas diz que faz uma atividade cultural, porque faz circular filmes proi- bidos no Irã (Panahi foi preso anos atrás por sua coleção obscena de clássicos estrangeiros). Duas senhoras carregam um aquário com dois peixinhos dourados – o animal que a menina de O Balão Branco,primeiro sucesso internacional do diretor, buscava. Outros personagens citam nominalmente O Espelho e Fora de Jogo. A cada metáfora, a cada autocitação, o táxi de Panahi verga sob o peso da bagagem simbólica. E a combinação de ficção e documentário, que sempre marcou sua obra, torna-se menos delicada. Mas nem por isso (ou talvez por isso mesmo) o filme deixou de ser apreciado: ganhou o Urso de Ouro no último Festival de Berlim e foi classificado como obra-prima por muitos críticos. Isso leva a uma pergunta hipotética, sem resposta e, portanto, inútil: seria assim se Panahi não fosse um cineasta proibido? Há quem diga que a obra de um artista melhora sob certas restrições, políticas inclusive. A tese havia ganho força com "Isto Não É um Filme", mas perdeu com Cortinas Fechadas e "Táxi Teerã". As citações a O Balão Branco e O Espelho têm o efeito de nos fazerem recordar que a melhor parte da obra de Panahi foi feita sob liberdade. Por esse e por todos os outros motivos, esperamos que ela retorne logo." (Ricardo Calil)
2015 Urso de Ouro
Top Irã #12
Jafar Panahi Film Productions
Diretor: Jafar Panahi
7.948 users / 2.759 face
25 Metacritic
Date 21/09/2016 Posster #### - DirectorWim WendersStarsJames FrancoPeter MillerGilbert WahiakeronOne day, driving aimlessly around the outskirts of town after a trivial domestic quarrel, a writer named Tomas accidentally hits and kills a child. Will he be able to move on?[Mov 09 IMDB 5,5/10] {Video/@@@@@} M/32
TUDO VAI FICAR BEM
(Every Thing Will Be Fine, 2015)
TAG WIM WENDRES
{inesquecível}Sinopse ''Certo dia o escritor Tomas (James Franco) briga com a sua namorada e decide dirigir sem rumo. Nervoso, perde o controle do carro, atropela e mata uma criança. Afetado pelo trágico acidente, ele não consegue mais ter uma vida tranquila.''
''O que terá acontecido a Wim Wenders? A pergunta é inevitável aos que veem os títulos das primeiras fases do diretor alemão, de Alice nas Cidades a Asas do Desejo, que permanecem intactos. Com "Tudo Vai Ficar Bem" Wenders volta à ficção após sete anos dedicados a documentários. Depois de experimentar o 3D com resultados instigantes em Pina, o diretor retoma o processo. Mas não será possível avaliar se a tecnologia agrega profundidade à dramaturgia, pois a distribuidora decidiu só lançar cópias sem relevo. O que sobra dessa experiência de linguagem são composições estilizadas em que Wenders retoma a influência da pintura de Edward Hopper. O vazio melancólico que cerca as figuras isoladas na arquitetura nos quadros de Hopper é uma forma em que o cineasta se inspira para expressar as crises que imobilizam seus personagens. A incapacidade geral de amar, o foco no poder de uma criança restaurar afetos, o devaneio como ato de resistência do indivíduo são questões que Wenders recupera, mas que reaparecem reduzidas a ossificado recurso autoral. O que em seus melhores filmes era parte ressentimento, parte mutismo produzia uma intensidade melancólica certa. Depois, a inação passou a exigir motivações, explicações psicológicas, como determinam os manuais de roteiro. "Tudo Vai Ficar Bem" também sofre com a escolha de atores como James Franco e Charlotte Gainsbourg, mais personalidades do que intérpretes de personagens. A entrada tardia de um ator ainda bruto, como Robert Naylor, que interpreta, tempos depois, o menino visto nas primeira cenas injeta vitalidade. É insuficiente para evitar que o filme seja só uma cópia apagada do que Wenders já fez melhor." (Cassio Starling Carlos)
''Após mergulhar no mundo dos documentários por alguns anos, Wim Wenders volta ao drama com o filme Tudo Vai Ficar Bem (Every Thing Will Be Fine, no original). O longa-metragem gira em torno de Tomas Eldan, interpretado por James Franco. Escritor atormentado por um bloqueio criativo e um relacionamento que anda mal das pernas, ele sai para espairecer e acaba se envolvendo em um acidente. Para o bem ou para o mal, o longa de Wenders entrega neste primeiro ato o momento mais marcante dos 118 minutos da película. É muito interessante como a direção trabalha a visão do personagem de James Franco. Passamos do alívio ao desespero junto com ele, ao descobrirmos a tragédia que mudará para sempre as vidas dele e de Kate (Charlotte Gainsbourg, de Ninfomaníaca). Filmado em Montreal, no Canadá, a obra explora as belas paisagens congeladas, que traduzem a frieza do protagonista. Essa, talvez, a sua grande característica. Agora, imerso na depressão causada pela culpa, Tomas acaba se isolando ainda mais de sua namorada Sara (Rachel McAdams, de Sherlock Holmes). Depois de chegar ao fundo do poço em um ato extremo, a tragédia parece retirar a trava criativa de Tomas, que consegue terminar seu terceiro livro e emplaca no caminho da fama. Em saltos temporais, somos apresentados a acontecimentos e personagens que o cercam e ajudam a apresentar as mudanças no caráter do romancista. O belga Benoît Debie (Love) assina a direção de fotografia. Sempre bem focada, a câmera apresenta os cenários com uma movimentação suave. Os tons de amarelo e azul se destacam nos quadros, pintando a evolução da melancolia a cada fase. Para os olhos, cada cena é um verdadeiro espetáculo bem construído, seja naturalmente ou pelas hábeis mãos dos diretores de arte Emmanuel Frechette e Sebastian Soukup. O público acostumado com o vai e vem de cortes pode estranhar a calma da edição. A montagem de Toni Froschhammer dá tempo ao espectador para devorar os detalhes apresentados. Uma curiosidade interessante é que, de acordo com o IMDB, a trilha foi executada pela Orquestra Sinfônica de Gotemburgo (Suécia), apenas uma semana antes da estreia do longa no festival de Berlim, na Alemanha. A música é boa e combina com a proposta, mas não chega a emocionar ou destacar-se dentro do conjunto. A obra é um espetáculo visual, mas não se faz cinema apenas com lindas imagens. Infelizmente, o roteiro de Bjorn Olaf Johannessen, assim como o protagonista, não evolui tanto quanto poderia e deveria. Os personagens de apoio também não ganham profundidade. Os pequenos acontecimentos que serviriam de alicerce para a mudança em Tomas são fracos ou mal explorados quando apresentados. No fim, a transformação do personagem parece fácil demais."(OBC)]
Neue Road Movies Montauk Productions Göta Film Götafilm Film i Väst
Diretor: Wim Wenders
4.279 users / 1.640 face
13 Metacritic 4.746 Down 371
Date 01/01/2017 Poster - ####### - DirectorMaren AdeStarsSandra HüllerPeter SimonischekMichael WittenbornA practical joking father tries to reconnect with his hard working daughter by creating an outrageous alter ego and posing as her CEO's life coach.[Mov 10 Favorito IMDB 7,7/10] {Video/@@@@@} M/93
TONI ERDMANN
(Toni Erdmann, 2016)
TAG MAREN ADE
{hilário / divertido}Sinopse ''Winfried (Peter Simonischek) é um senhor que gosta de levar a vida com bom humor, fazendo brincadeiras que proporcionem o riso nas pessoas. Seu jeito extrovertido fez com que se afastasse de sua filha, Ines (Sandra Hüller), sempre sisuda e extremamente dedicada ao trabalho. Percebendo o afastameto, Winfried decide visitar a filha na cidade em que ela mora, Bucareste. A iniciativa não dá certo, resultando em vários enfrentamentos entre pai e filha, o que faz com que ele volte para casa. Tempos depois, Winfried ressurge na vida de Ines sob o alter-ego de Toni Erdmann, especialista em contar mentiras bem-intencionadas a todos que ela conhece.''
"Foi me conquistando no mesmo ritmo em que o performer/pai seduz a filha para entrar em seu jogo de encenação. A fluidez com que os esquetes se articulam e a noção de fluxo de cena da Ade são bem impressionantes. Um tour pela própria essência do humor." (Daniel Dalpizzolo)
"Muito engraçado, mas também reflexivo e relevante." (Rodrigo Cunha)
"Mesmo sendo um filme que se faz aos poucos, há certa autoindulgência na longa duração, que acaba gerando cenas desnecessárias. Mas o filme constrói bem a relação entre pai e filha, sem apelar para melodrama, e o personagem de Winfried/Toni é um achado." (Silvio Pilau)
"Um filme que se forma bem aos poucos, se aventura por estruturas que, juntas, constroem o humor e o drama como parte de uma mesma ideia, e no fim acaba por contar uma simples história de um pai que deseja se reaproximar de uma filha." (Heitor Romero)
''A ideia de que os cinco concorrentes a filme estrangeiro representam a diversidade da produção mundial é tão falsa quanto a crença de que os indicados nas demais categorias são, de fato, os melhores. A comédia alemã vem acumulando admiração e prêmios desde sua estreia no Festival de Cannes do ano passado. Por meio do conflito de gerações entre pai e filha, a diretora Maren Ade aborda, com fina ironia, alguns motivos recorrentes de queixas no mundo contemporâneo, como a transformação de todos em autômatos, a vulgaridade ou o esvaziamento das relações. A simplicidade com que o filme encadeia as situações, a ausência de maniqueísmo e o trabalho despojado dos atores podem enganar quem só enxerga complexidade nas tramas complicadas. Não é improvável que "Toni Ermann" perca a disputa para filmes mais óbvios, mas quem gosta de ótimo cinema não deve perder a oportunidade de assisti-lo.'' (Cassio Starling Carlos)
*****
''O ano começa com um filme luminoso. Em mais de um sentido. "Toni Erdmann", indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é um filme da luz intensa, da claridade. Mas é também um filme que, como nas célebres últimas palavras de Goethe, pede e lança mais luz sobre um mundo razoavelmente sombrio. Essa luz vem, felizmente, com humor (ao contrário dos místicos sorumbáticos da Europa ex-comunista). Pois Toni não é mais que o duplo de Winfried, um inquieto professor de música, lá com seus 60 anos. Toni não é um hippie tardio ou coisa assim. Ele é uma máscara num mundo de máscaras. Não um disfarce, mas uma espécie de máscara que existe para desmascarar. Ninguém se engane: Toni não quer mudar o mundo. Contenta-se em corrigir suas relações com a filha, Ines. Ela é uma poderosa executiva de uma firma poderosa, no momento em Bucareste, a serviço da mais próspera das indústrias da atualidade, a de demissões e terceirizações. Ines não é nem arrivista nem inescrupulosa. Não mais do que exige a atividade, em todo caso. Ela é, antes de tudo, atarefada. Segue bem no mundo que lhe foi dado viver: com o celular em punho e o indefectível terninho, trabalha mais ou menos 24 horas por dia, adulando clientes, produzindo relatórios, etc. É nesse mundo dito corporativo que entram Winfried e Toni. Ou antes, é Toni que irrompe em Bucareste para férias, trazendo perucas, maquiagem, terno ensebado e seu humor, para pânico de Ines. Ele se fará passar por um exótico consultor, por embaixador alemão, por não importa quem: a cada instante é como se recusasse aceitar a condição de peixe fora d'água da globalização e do neoliberalismo para instalar nesse mundo o pleno constrangimento. Constrangimento primeiro de Ines, claro, mas não só. Esse mundo não comporta o humor. Ao mesmo tempo, ele parece não reconhecer as máscaras de Toni. Claro, pois o mundo corporativo é um mundo de máscaras. É nessa medida que Toni pode transitar por ele, passar incólume com sua farsa: seu brinquedo consiste em produzir uma espécie de caricatura dessa gente ultrasséria, tão séria que não consegue nem mesmo acreditar na caricatura que se faz diante deles. Mas o objetivo central de Toni não é desmontar esse universo (que nos governa, diga-se). Mais modestamente, tudo que aspira é a restabelecer relações com Ines. Com efeito, ela se mostrará mais revoltada que surpresa quando Toni lhe faz a pergunta mais ingênua e mais terrível do mundo: o que é a vida? Essa é de embatucar qualquer um. A única resposta possível para ela, afinal, é a vida que se leva. E essa também parece ser a questão central que a diretora alemã Maren Ade endereça a todos os seus espectadores. Daí, aliás, "Toni Erdmann" ser, entre outras coisas, um filme sobre um novo conflito de gerações. No mais célebre até hoje, aquele dos anos 1960, eram os jovens que questionavam os usos e costumes dos mais velhos. Hoje, ao contrário, são os coroas que precisam chamar a atenção dos jovens para que não dediquem a existência a escalar cargos e salários sem ao menos saber o que isso significa, para o que serve, o que se ganha e o que se perde com isso. É verdade que Clint Eastwood já nos tinha gratificado com uma bela lição que o passado ofertava ao presente careta (em As Pontes de Madison). Maren Ade observa um outro mundo e contorna habilmente o melodrama com traços de comédia, num filme cuja limpidez parece sugerir mesmo a obrigação de toda forma de arte, mas do cinema em especial: trazer ao mundo um pouco mais de luz. O ano, admita-se, começa bem.'' (* Inácio Araujo *)
''Fria e prática, Ines (Sandra Hüller) não encontrava conforto no ambiente familiar. A vida adulta a levou para longe, trocando a Alemanha pela Romênia para construir sua carreira em uma Bucareste dividida entre ricos e pobres. No caminho da sua ambição está o pai, Winfried (Peter Simonischek), um excêntrico pianista que surge na cidade sem aviso. Na história de duas personalidades opostas, a diretora e roteirista Maren Ade encontra ternura. A solidão é o ponto em comum entre o dois e são os esforços esdrúxulos do pai - que assume diversas personalidades para se conectar com a filha, incluindo a do bizarro ''Toni Erdmann'' - que permitem com que Ines comece a questionar a tristeza a que estava habituada. Premiado em Cannes pela crítica, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e com um remake hollywoodiano encaminhado (que será estrelado por Jack Nicholson; saiba mais), o sucesso de Toni Erdmann se deve a falta de pudor com que Ade trabalha a relação dos seus personagens. As situações são constrangedoras, por vezes beiram o grotesco, mas não deixam de ser verossímeis. Para entender Ines, Ade a observa com calma, deixa a câmera concentrada no seu objeto de estudo, que aos poucos vai entendendo a sua falta de encaixe com o mundo. Tempo - o longa tem quase três horas de duração - e ousadia que não devem fazer parte da versão americana do filme. O mais provável é que a verdade carregada por ''Toni Erdmann'' seja diluída de forma a não chocar ninguém com a naturalidade que encara as esquisitices humanas. E é justamente aí que reside a graça que faz com que o drama da situação ganhe contornos de comédia. Ade vê o ridículo dos protocolos sociais e os escancara para confrontar sua protagonista e o espectador. Sincero na sua direção e atuações, Toni Erdmann é um sorriso feio, mas autêntico. Apresenta o bom humor como remédio para a loucura silenciosa que é aceita como realidade e pergunta na cara o que ninguém quer ouvir: você é feliz?'' (Natália Bridi)
Cinema, palavra e riso.
''Quando o cinema se debruça sobre uma excentricidade, e aqui ficaremos restritos apenas àquelas que dizem respeito a personagens, é comum que sua trajetória culmine numa pequena lição, e ainda mais comum que esta gire em torno de uma suposta beleza da vida. ''A despeito de (inserir adjetivos depreciativos que deem cor a essa falta de normalidade), é preciso cantar, dançar, ser você mesmo'', parecem nos dizer esses tipos de obras, personificações da lenga-lenga feel good, como se transmutadas em entidades que servem de veículo para enunciar algo. Mas filmes não falam'' de coisas, disto ou daquilo, não servem de abordagem para certos temas; eles são composições, mentiras construídas, acúmulos de vetores cênicos. Fala-se isso porque no final de ''Toni Erdmann'', colocado no limite, no instante em que mais um passo o injetaria de um didatismo afetado sobre como levar a vida, um dos personagens some de cena e sua protagonista permanece no quadro, imutável e entretanto alterada, fiel à sua escolha mas com um leve sobrepeso no olhar. Mas há ainda um outro caminho simplista e fácil pelo qual Maren Ade não percorre: dramatizar uma relação turbulenta, sobretudo no seio de uma família, é como implorar pelo recurso do flashback, da ida ao passado, ou ao menos das revoltas infantis, como se os diretores quisessem fazer parte de um jogo de exorcismo, que se alargam em dois personagens que não cessam em discutir o passado. Eis que Erdmann, personagem e filme, é a pura objetividade de um fluxo em ascendência. Como um agente que se impõe para provocar, surtir efeito, e não desiste. Pai e situação ao mesmo tempo. Após uma sucedânea de tentativas brochantes em provocar o riso diante da filha e seus sócios e chefes, Erdmann é assumido como personagem, e a performance quase grotesca de múltiplas personalidades e um só rosto se inicia, tão leve quanto virar de frente para uma platéia. Inserida num emprego cujas únicas diretrizes parecem ser agradar a todo custo, sob os olhos do pai, a filha se resume a uma enxurrada de frases prontas: tudo bem… não, não, está ótimo; eu realmente adorei; sim, eu entendo. O seu corpo rijo, ansioso e sem jeito se torna, então, contraponto adequado para a performance destrambelhada, sem mesuras e de mau gosto do oponente que, a princípio, ele personifica. E o que é uma performance? Ou melhor, qual seu efeito mais costumeiro e principal, quando não aquele que faz revirar os olhos? Erdmann desestabiliza, abre uma fenda e faz surgir o extra-cotidiano. Tudo começa a ficar inquietante, absurdo demais, e então, mas só então, ele passa a ser desejado. Foi preciso um outro esquisito para colocar um espelho em frente a Ines e mostrá-la o quão bizarra ela também é – e todos podem ser. Mas é também o inesperado de sua performatividade que a permite corroer o engessamento de seu próprio meio de trabalho. Que os pontos de ruptura da personagem sejam a cantoria forçada de uma música de auto-superação na casa dos romenos e a festa de aniversário nudista, não parece ser por acaso. Ines, desejosa em ser adulta demais, em acertar demais, retorna a dois momentos típicos do cenário infantil: une a celebração de seu aniversário, provavelmente uma das primeiras situações a que somos submetidos, a um despudor que irrompe sem avisos; pouco antes, acompanhada pelo dedilhar de piano clichê do pai, grita a canção, retorna à falta de inibição momentânea típica da criança. Se o filme de Maren se constrói também uma comédia, é preciso logo saber das essências. De que se trata essa comédia? Como ela se dá? Decerto não há um só tipo. Hawks fundamentava-as com ritmos frenéticos, Allen com excentricidades prosaicas. Basta olhar para a cena: há um fluxo, um continuum de colocação de palavras e gestos, como se a lei fosse a da ação e reação. É preciso que aquelas imagens durem em situações extensas, desconfortáveis, para que o jocoso finalmente se atinja. Alguém diz algo e todos voltam os olhares, riem desconfiados, franzem o cenho em descrença. E a câmera zigue-zagueia, decupa os movimentos, mostra-nos o choque quase químico entre o corpo-alvo a palavra descuidada, tímida, absurda." (Felipe Leal)
89*2017 Oscar / 74*2017 Globo / 2016 Palma de Cannes
Top Romênia #3
Komplizen Film Coop99 Filmproduktion KNM MonkeyBoy HiFilm Westdeutscher Rundfunk Arte (in association with) Südwestrundfunk (SWR)
Diretor: Maren Ade
18.354 users / 3.769 face
36 Metacritic 180 Down 23
Date 02/01/2017 Poster - ########## - DirectorMichael WinterbottomStarsFreida PintoRiz AhmedMita VashishtThe story of the tragic relationship between the son of a property developer and the daughter of an auto rickshaw owner.[Mov 09 IMDB 6,1/10] {Video/@@@@} M/57
TRISNA
(Trishna, 2011)
TAG MICHAEL WINTERBOTTON
{inesquecível}Sinopse ''Trishna mora no Rajastão com seus pais e seus irmãos em situação difícil economicamente.Aí mesmo conhece o jovem,e rico,empresário hindu-britânico Jay Singh,que veio à Índia para gerenciar os hotéis de seu pai. Após um acidente destruir o carro de seu pai,Trishna,é convidada e aceita ir trabalhar para Jay em Bombaim e eles se apaixonam. Mas a pressão pela imagem diante da sociedade e o orgulho de Jay farão Trishna sofrer muito e passar por acontecimentos que mudarão sua vida para sempre. Baseado no romance Tess D'Urbervilles.''
'Quão longe você iria por amor?
''É o que pergunta o subtlítulo desse longa adaptado do clássico da literatura inglesa do século XIX Tess of The D’Urbervilles, de Thomas Hardy, aqui roteirizado e dirigido por Michael Winterbotton (de O Preço da Coragem). De uma beleza e sensibilidade extremamente tocantes, o filme – com uma atmosfera documental - mostra a trajetória dessa heroína do Rajastão, nascida em família pobre e numerosa e criada dentro da tradição e costumes indianos. Em busca de uma nova fonte de renda, ela é atraída por Jay (Riz Ahmed, de “O Príncipe do Deserto“), um prominente jovem britânico, e aceita um emprego em seu hotel em Jaipur. Com a pureza do envolvimento dos dois seria fácil cair na obviedade do conto de fadas, mas não é esse o foco da obra. Já gostei de cara pelo simples fato de ser um filme que trata essencialmente do feminino, da história dessa moça que se torna mulher. Desde a primeira sequência, a atuação da belíssima Freida Pinto (Quem Quer Ser Um Milionário) me chamou muita atenção pela profundidade das camadas exploradas, em uma interpretação tão internamente preenchida, ainda que sempre contida, que deixa o espectador reconhecer toda a passividade, submissão e conflitos da personagem, assim como sua transformação. Minhas reverências para a direção de fotografia e arte, que transpuseram para a telona lindos quadros que me encantaram. É bem verdade que as paisagens das locações por si só já saltam aos olhos, mas o trabalho de composição é primoroso. Com 117 minutos, eu diria que é filme um tanto grande demais. De fato, chega uma hora em dá uma sensação de que algo precisa acontecer, e não acontece. Mesmo assim não chega a ficar chato, é só uma proposta mais ralentada de contar a história. A trama foi me envolvendo aos poucos e, quando dei por mim, já estava dentro da vida de Trishna, ora partilhando seus sonhos, ora indignada com a realidade. O roteiro em alguns momentos me soou bem machista, como por exemplo numa cena em que Jay (Riz Ahmed) apresenta o apartamento onde vão morar para Trishna e diz: “Aqui é a cozinha, o lugar onde você mais vai ficar”. Difícil identificar se é uma questão do texto original de Hardy, da própria adaptação ou até mesmo intencional. O final do filme é forte e impactante. Quando percebi, estava sentada na ponta da cadeira, com os olhos grudados na tela, coração na mão e a respiração presa na garganta. A última sequência especificamente é linda e arrebatadora." (Samyta Nunes)
Head Gear Films UK Film Council Metrol Technology VTR Media Investments Revolution Films BOB Film Sweden AB Film i Väst Swedish Film Institute Anurag Kashyap Films
Diretor: Michael Winterbottom
2.603 users / 1.125 face
22 Metacritic 2.849 Up 12.333
Date 10/02/2007 Poster - ##### - DirectorAdam McKayStarsWill FerrellChristina ApplegatePaul RuddWith the 1970s behind him, Ron Burgundy, San Diego's former top-rated newsreader, returns to take New York City's first twenty-four-hour news channel by storm.[Mov 06 6,8IMDB /10] {Video/@@} M/61
TUDO POR UM FURO
(Anchorman 2: The Legend Continues, 2013)
TAG ADAM MAKAY
{eaquecível}Sinopse ''Depois do sucesso dos anos 70, o jornalista de primeira categoria de San Diego, Ron Burgundy (Will Ferrell), retorna para a bancada do telejornal “Tudo Por Um Furo”. Também estão de volta a co-âncora e sua esposa Veronica Corningstone (Christina Applegate), o homem do tempo Brick Tamland (Steve Carell), o repórter de rua Brian Fontana (Paul Rudd) e o comentarista esportivo Champ Kind (David Koechner). O quarteto que não tem classe agora toma de assalto o primeiro canal de notícias 24 horas por dia.''
''Depois do sucesso dos anos 70, o jornalista de primeira categoria de San Diego, Ron Burgundy (Will Ferrell), retorna para a bancada do telejornal “Tudo Por Um Furo”. Também estão de volta a co-âncora e sua esposa Veronica Corningstone (Christina Applegate), o homem do tempo Brick Tamland (Steve Carell), o repórter de rua Brian Fontana (Paul Rudd) e o comentarista esportivo Champ Kind (David Koechner). O quarteto que não tem classe agora toma de assalto o primeiro canal de notícias 24 horas por dia.''
"Apesar de ninguém ter pedido por este filme, as piadas de McKay e Ferrell continuam inspiradas - algumas, geniais! - e esta sequência não faz feio perante o ótimo filme de 2004." ]Alexandre Koball0
''No geral é uma obra irregular, às vezes excessiva na patetice ou no drama, porém com dois ou três blocos espetaculares de um humor muito preciso dentro da sátira que propõe ao jornalismo e à televisão norte-americana. O duelo na praça é maravilhoso. " (Daniel Dalpizilo)
"É tão irregular quanto o primeiro, misturando momentos inspirados (a cena da batalha no parque e inacreditável) com outros exagerados, nos quais estende piadas sem muita graça. Mas o saldo é positivo, com boas risadas"Silvio Pilau)
"Ainda mais certeiro nas referências e participações (a batalha entre os jornalistas no final), Mckay injeta leves alfinetadas ao universo jornalístico, mas sem deixar a graça cair em momento algum. O mundo do Cinema precisa de mais comediantes como esses." (Rafael W. Oliveira)
"Comédia produzida pela trupe de Judd Apatow ("Ligeiramente Grávidos"), "Tudo por um Furo" retoma a lenda do jornalista de TV Ron Burgundy (Will Ferrell), desde o momento em que ele perde emprego e mulher e vira apresentador de show de golfinhos até a chance de trabalhar na nascente GNN, primeiro canal de notícias 24 horas. Ron reúne a turma do primeiro filme: Brian Fantana (Paul Rudd), Brick Tamland (Steve Carell) e Champ Kind (David Koechner), dos quais o único que parece normal é Brian. Juntos vão para Nova York fazer história na TV, entre 1979 e 1981 - dá-lhe música disco e soft rock na trilha. Algumas piadas são realmente engraçadas. Por vezes, esbarram arriscadamente no delicado tema do preconceito racial. Seriam Ron Burgundy e Champ Kind racistas? O segundo certamente sim. É um grosseiro preconceituoso, que oferece morcegos no lugar de frangos em sua lanchonete e abomina ter uma mulher negra como chefe. Já Ron é o típico caso do ignorante funcional. Ele ignora a possibilidade de igualdade racial porque sua vida, apesar de voltada ao jornalismo, desconhece horizontes mais democráticos e justos. Um tipo que hoje seria nocivo. Mas, na época, quando engatinhávamos na questão do preconceito racial, era apenas mais um tolo na multidão. O filme apresenta muito bem esse aspecto e ainda oferece uma crítica ao jogo de interesses que costuma reger grandes empresas. Pena que "Tudo por um Furo" fique no meio do caminho. Não adere totalmente ao besteirol do tipo "Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu" (1980) ou à linha política de um Monty Python, nem apresenta uma trama amarrada o suficiente para evitar constrangimento nas inúmeras piadas que não funcionam." (Sergio Alpendre)
Ofensiva comédia com conteúdo.
''Sucesso na Austrália, no Reino Unido e nos nos próprios Estados Unidos, O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy foi um fracasso considerável no Brasil. Não à toa, a Paramount alterou tão dramaticamente o título nacional de sua continuação. Pois, a estratégia de contorno da herança maldita deixada pelo apenas razoável filme original é não apenas acertada pelo ponto de vista mercadológico, como pela qualidade e relevância de Tudo Por Um Furo, capaz de tornar o humor rasgado de Will Ferrell, Adam McKay e cia. um elemento integrado a um roteiro mais consistente, além de explorar inúmeras referências inteligentes e oportuna reflexão sobre o jornalismo nos dias atuais. De antemão, que se diga que é uma grata surpresa num gênero tão desgastado como a comédia. Casado e companheiro de bancada da outrora rival Veronica Corningstone (Christina Applegate), Ron Burgundy (Will Ferrell) vê a oportunidade de ascender para o horário nobre com os rumores de que o veterano Mack Tannen (Harrison Ford) irá se aposentar. É o que acontece com sua esposa, que se torna a primeira apresentadora de telejornal no melhor horário da TV nos EUA. A Ron Burgundy resta uma demissão humilhante, escurraçado como o pior âncora que seu chefe já viu. Desiludido com a profissão, Ron terá a oportunidade de se reerguer na carreira com o convite para trabalhar no primeiro canal de notícias 24 horas da televisão. E ao reunir sua equipe, formada pelos igualmente degenerados Brian Fantana (Paul Rudd), ChampKind (David Koechner) e Brick Tamland (Steve Carrell), Ron alcança seu grande sonho: se tornar o maior âncora da TV americana. E, de quebra, revolucionar o telejornalismo. Para pior. Para muito pior. Isso acontece porque Ron Burgundy desarma seus superiores, preocupados com a “excentricidade” de seu comportamento profissional, com uma tese genial: de que o público não quer ser informado de fato; o público só quer ser entretido. Baseado nessa lógica, Tudo Por Um Furo aponta para a crise enfrentada pelo jornalismo atual mundo afora, e a partir daí explora a imbecilidade de seus personagens. E esse é seu grande mérito. Perceba: Brick, o homem do tempo que sofre de sérios distúrbios, fica encarregado de anunciar os desastres naturais, porque a gente adora uma catástrofe; Brian, o delinquente das variedades, vai tratar de peito, bunda e crack; Champ não faz nada além de mostrar os "home runs" da rodada e urrar "Whammy!", o que é basicamente o que a nata do jornalismo esportivo de nossa TV aberta consegue fazer; e Ron, que exige uma tela cheia de gráficos incompreensíveis (alô, Bloomberg!) e pílulas de notícias que passam mais rapidamente que o necessário para serem assimiladas. Mas a sacada que leva o âncora ao estrelado é, de fato, a mais importante: instintivamente, Ron ordena que entre no ar a perseguição aérea de um carro em fuga, e começa a narrá-lo inventando motivações, perfil psicológico, até o tipo físico (2,07m de altura e 70 quilos: o bom roteiro pontuando o ridículo da situação) de um fugitivo absolutamente desconhecido. Assim, os roteiristas Adam McKay e Will Ferrell transformam o ficcional Ron Burgundy no mentor da inundação de porcaria no telejornalismo atual da vida real. Esse subtexto crítico e relevante é o que sustenta as situações surreais, o pastelão e o humor negro que conduzem o longa, numa fluidez entre comédia e crônica social extremamente satisfatória. Uma nuance inspirada é a saudação de Ron Burgundy, que não deseja apenas um “Boa noite!” aos espectadores, mas uma noite americana. É o entretenimento barato, a segunda parte do pão e circo que satisfaz uma sociedade medíocre, justificado no ufanismo tão caro aos canalhas (sejam eles da palavra, sejam eles do colarinho, diga-se). A censura e a parcialidade de certos veículos de comunicação também têm destaque, como quando a equipe de Burgundy tem uma matéria proibida de entrar no ar por se tratar de uma denúncia contra a companhia aérea do dono da GNN News. Pontuado com incontáveis piadas sutis e inteligentes (a exibição de golfinhos no Sea World ser patrocinada por uma petrolífera irá passar despercebida do grande público), em geral explorando a diferença entre o tempo em que o filme é ambientado e os dias atuais (apesar de não valer um centavo, Brian parece mesmo não imaginar que seus grandes amigos de orgias O.J. Simpson, Phil Spector e Robert Blake teriam sérios problemas com a polícia envolvendo mulheres), a comédia investe a maior parte da projeção na linha escrachada do original, e Ron Burgundy segue misógino e preconceituoso como nunca. Porém, até mesmo ele tem a oportunidade de se redimir, posto diante de um dilema entre a carreira e a família – outro problema do homem contemporâneo. Refém de alguns problemas graves de edição e de cortes que aceleram o filme – e tornam injustificado um problema de saúde que o protagonista enfrenta – no terço final, Tudo Por Um Furo ainda traz consigo um humor e personagens que, à exceção do ingênuo e carismático Brick, não parecem se encaixar com o perfil do público brasileiro. Mas é um filme que justifica o valor do ingresso e sua existência, concentrando a redenção da série e as principais qualidades desse novo filme em seu espetacular clímax: numa reedição surreal da batalha campal entre jornalistas de O Âncora, Ron e seus amigos terão à frente equipes de telejornais de diversos segmentos e nacionalidades, reunindo participações especialíssimas numa brilhante sátira aos estereótipos de cada nicho e ainda apontando para uma suposta saturação de um jornalismo cada vez mais diversificado. Humor inteligente, como pouco se vê. Surpreendente comédia com conteúdo." (Rodrigo Torres de Souza)
Paramount Pictures Apatow Productions Digital Image Associates DreamWorks Gary Sanchez Productions
Diretor: Adam McKay
141.1669 / 41.188 faceSoundtrack Rock
Steve Miller Band /Simon & Garfunkel / Tom Tom Club / Neil Diamond Stephen Bishop / Foreigner / Earth Wind & Fire / Olivia Newton-John / Hot Chocolate / Kenny Rogers / Van Halen / Styx / Bachman-Turner Boz Scaggs / Christopher Cross /Overdrive
40 Metacritic 2.039 490)
Date 19/02/20172017 Poster - ## - DirectorRon HowardStarsThe BeatlesJohn LennonGeorge HarrisonA compilation of found footage featuring music, interviews, and stories of The Beatles' 250 concerts from 1963 to 1966.[Mov 10 Favorito IMDB 7,9/10] {Video/@@@@@} M/72
THE BEATLES - EIGHT DAYS A WEEK - THE TOURING YEARS
The Beatles - Oito Dias por Semana - Os Anos da Turnê (unofficial)
(The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years, 2016)
TAG RON HOWARD
{inesquecíve / divertido}Sinopse "The Beatles: Eight Days A Week- The Touring Years" baseia-se na primeira parte da carreira dos Beatles - o período em que eles excursionaram e tiveram a aclamação do mundo. O filme de Ron Howard irá explorar como John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr se uniram para tornar esse fenômeno extraordinário, "The Beatles". Ele irá mostrar o seu funcionamento interno - como eles fizeram decisões, criaram a sua música e construíram sua carreira coletiva juntos - ao mesmo tempo, explorando dons musicais extraordinários e únicos dos Beatles e suas notáveis personalidades complementares. O filme vai centrar-se no período de tempo de viagem dos primeiros Beatles nos dias da The Cavern Club em Liverpool para seu último concerto no Candlestick Park, em San Francisco em 1966. Hulu tem garantido o streaming de vídeo exclusivo, com os direitos on-demand para o documentário do vencedor do Oscar Ron Howard "The Beatles: Eight Days A Week- The Touring Years". Apresentando imagens raras e exclusivas, o filme é produzido com a plena cooperação de Paul McCartney, Ringo Starr, Yoko Ono Lennon e Olivia Harrison. O filme será o primeiro a ser lançado no âmbito do novo braço Hulu Documentary Films, que servirá como um novo lar para títulos de filmes documentais originais e exclusivos que vêm para Hulu.''
*****
''Ontem, todos os meus problemas pareciam tão distantes, agora parece que eles vieram pra ficar. Eu acredito no passado! Lançado em muitos cinemas mundo à fora em setembro passado, e com exibição na edição desse ano do Festival do Rio de Cinema, o documentário The Beatles: ''Eight Days a Week – The Touring Years'' é um baú de recordações das mais intensas de uma época mágica onde o mundo conheceu de vez a lendária banda de Liverpool, Os Beatles. Dirigido brilhantemente pela veterano cineasta norte americano Ron Howard, que durante as filmagens ainda teve acesso à arquivos históricos da da mais famosa das bandas e gravações feitas por fãs, ''The Beatles: Eight Days a Week – The Touring Years'' é um presente para os fãs e também para quem quer conhecer melhor o porquê de tanta ‘famosidade’ em cima dos quatro rapazes britânicos. O filme basicamente conta com detalhes um período marcante na trajetória da banda, entre os anos de 1962 e 1966, quando fizeram nada mais nada menos que 250 shows e exploraram com louvor a America. O mais legal é que conseguimos definir melhor a personalidade de cada um dos integrantes do lendário quarteto, chega a arrepiar o estado de espírito dos fãs em todos os shows lotados que fizeram nesse período. Mas a rotina cansativa e o não descanso da mídia em cima deles acabaram criando um cansaço precoce nesses jovens garotos que não tinham descanso. O documentário também mostra relatos de famosos, fãs dos Beatles, como Sigourney Weaver e Whoopi Goldberg, em histórias que puderam acompanhar naquela época. A segunda estava presente em um emblemático show da banda que uniu negros e brancos na mesma plateia em uma época que rolava um grande preconceito da sociedade norte americana. Recordar é viver, sempre. A função desse fantástico documentário é teletransportar o espectador a uma época onde não tinha explosões de redes sociais, onde a comunicação é muito setorizada e por conta disso que o empresário dos Beatles Brian Epstein resolveu fazer essa turnê histórica pela América. A influência de Brian perante sua banda foi enorme, propôs rapidamente uma nova maneira dos músicos se vestirem e se comportar no palco. A liberdade do quarteto vinha muito em torno da música, John e Paul escreveram nessa época músicas que tocam nossos corações e nas rádios até os dias de hoje. Se formos pensar como seria a exposição dos Beatles surgindo nos dias de hoje, fica até difícil fazer algum paralelo mas com as forças das redes sociais e as ações de um mundo cada vez mais globalizado, o sucesso seria maior ainda. Não importa a época, Beatles sempre serão os Beatles e vai ser difícil outra banda chegar com tamanha idolatria com o público como eles conseguiram. Seja beatlemaníaco ou não, você não pode perder esse belo documentário! Bravo! (Raphael Camacho)
{Ontem, todos os meus problemas pareciam tão distantes, agora parece que eles vieram pra ficar. Eu acredito no passado} (ESKS)
''Como tornar ainda interessante, em 2017, um documentário sobre os Beatles? Simplesmente a banda mais amada e documentada da história do rock, não? Imagens inéditas – se é que resta alguma – e uma boa defesa de tese sobre o grupo poderiam justificar uma nova investida cinematográfica. E Eight Days a Week, que estreia hoje para uma breve temporada de apenas quatro dias nos cinemas brasileiros, reúne as duas coisas. Sim, foi possível encontrar imagens nunca divulgadas comercialmente 46 anos depois da dissolução da banda. A pesquisa foi enorme e custou muito dinheiro. Outros produtores não teriam recursos, mas quem está por trás do documentário é Ron Howard, diretor peso-pesado ganhador do Oscar em 2002 por Uma Mente Brilhante. Além do garimpo do material, que usou até jovens estagiários percorrendo pessoalmente arquivos de pequenas emissoras de TV no interior dos Estados Unidos, Howard empregou toda a tecnologia hollywoodiana para a restauração das imagens. Às vezes o resultado chega a ser assombroso, com cenas estalando de novas, que parecem ter sido gravadas ontem. O projeto acerta também ao escolher um corte atraente na trajetória da banda, sem tentar abranger a grande e manjada carreira do quarteto durante todos os anos da década de 1960. Aqui o foco são três anos de turnês contínuas dos Beatles, do primeiro show nos Estados Unidos, em 1964, até o último, em San Francisco, em 1966. Assistir ao filme deixa claro por que os músicos resolveram parar com os shows. O documentário é um eficiente exercício de jornalismo. Editado em ordem cronológica, expõe como a vida dos Beatles na estrada foi ficando cada vez mais fora de controle. Vale lembrar que a Beatlemania não teve precedentes. Artistas como Rudolph Valentino, Frank Sinatra e Elvis Presley colecionaram fãs exaltadas, que arremessavam calcinhas na direção deles – sim, Wando não foi pioneiro na categoria. Mas eram moças ainda comportadas perto das fãs dos Beatles. Nos dias de hoje qualquer artista meia-tigela já conta com um esquema de segurança. Há 50 anos, ninguém imaginava como os reis do iê-iê-iê afetariam adolescentes com hormônios em polvorosa. As cenas que mostram os Beatles entrando e saindo de hotéis, teatros e aeroportos beiram uma guerra campal. Meninas passavam horas esperando os ídolos e, quando eles chegavam, partiam para um corpo a corpo insano com poucos e despreparados seguranças. É incrível que os Beatles tenham escapado ilesos dessas batalhas. No decorrer do filme, é evidente a constante evolução musical e mercadológica do quarteto. As canções ficam mais sofisticadas – e sempre irresistíveis – a cada ano, e os locais dos shows crescem cada vez mais, empurrando o grupo aos grandes estádios. Uma ótima sacada do documentário é entrevistar pessoas que estavam na plateia dos shows dos Beatles, como as atrizes então adolescentes Sigourney Weaver e Whoopi Goldberg, esta com um depoimento emblemático. As amigas a censuravam por gostar dos Beatles, rapazes brancos. E ela respondia: Eles não são brancos, eles são os Beatles!. Coube a George Harrison exteriorizar o desejo de parar com os shows, antes que afetassem a qualidade musical da banda. Todos compartilhavam o receio e aceitaram. Depois de 1966, os quatro só iriam se apresentar ao vivo mais uma vez, em 1969, no topo do prédio da gravadora deles em Londres, não propriamente um show. A via-sacra dos Beatles ganha documento antológico." (Thales de Menezes)
Apple Corps Apple Corps Diamond Docs Imagine Entertainment OVOW Productions Universal Music Group International White Horse Pictures
Diretor: Ron Howard
7.046 users / 11.223 face
22 Metacritic
Date 30/05/2015 Poster -########## - DirectorJon M. ChuStarsJesse EisenbergMark RuffaloWoody HarrelsonThe Four Horsemen resurface, and are forcibly recruited by a tech genius to pull off their most impossible heist yet.[Mov 02 IMDB 6,5/10] {Video/@} M/46
TRUQUE DE MESTRE - O SEGUNDO ATO
TRUQUE DE MESTRE - O 2* ATO (alternative spelling)
(Now You See Me 2, 2016)
TAG JON M. CHU
{esquecível}Sinopse ''Um ano após despistar o FBI e ganhar a adulação do público com seus números de mágica ao estilo Robin Hood, os Quatro Cavaleiros (Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Dave Franco e Lizzy Caplan) ressurgem em um espetáculo que pretende expor as práticas sem ética de um magnata da tecnologia, mas ao final do número, são desmascarados e raptados por um inimigo desconhecido. O homem por trás do ato de desaparecimento dos ilusionistas é nada menos que Walter Mabry (Daniel Radcliffe), um prodígio que ameaça os mágicos e os obriga a fazer um roubo dos mais espetaculares e impossíveis. A única esperança é conseguir produzir um golpe sem precedentes para limpar seus nomes e revelar o real mandante por trás de tudo.''
"Uma das sequências mais canalhas e desnecessárias (entre tantas) dos últimos anos. Quase um Velozes e Furiosos do ilusionismo, com a mesma confusão de história e montagem." (Alexandre Koball)
"O truque é fazer o espectador de otário. O clima de reality show é detestável." (Marcelo Leme)
"Eu saí envergonhado do cinema." (Felipe Ishac)
"Você começa a perceber que há algo de errado quando Daniel Radcliffe é o malvadão da vez. Sequência desproporcional ao seu divertido original." (Rafael W. Oliveira)
"Eu saí envergonhado do cinema." (Felipe Ishac)
''O segundo "Truque de Mestre - O Segundo Ato" indica que seus produtores pretendem criar uma franquia nos moldes de "Onze Homens e um Segredo". Em vez de ladrões descolados planejando um grande golpe, temos mágicos fazendo o mesmo. A fórmula inclui elenco estelar sem protagonistas, um novo integrante por episódio (Lizzy Caplan) e um vilão com casting surpreendente (Daniel Radcliffe). Há cenas de ação com montagem e trilha espertas e reviravoltas na história. Os Quatro Cavaleiros criam um espetáculo para denunciar um jovem magnata que lançará aparelhos que controlam informações dos consumidores. Mas eles são capturados por Walter Mabry (Radcliffe), ex-sócio e atual inimigo do magnata, que os obriga a roubar o cartão que é a base da nova tecnologia. A premissa é bastante atual. Mas o filme, fiando-se na temática do ilusionismo, está mais interessado em tapear o espectador com uma série de viradas na trama. Neste segundo Truque de Mestre, há certamente mais de truque do que de maestria." (Ricardo Calil)
Megalomania disfarçada de inteligência.
''Que o final de Truque de Mestre 2 seja enfadonhamente previsível, se penso bem, não vem ao caso, ou pelo menos não especificamente nos termos de que quase tudo dele derrapa de forma gritante, e que a forma de seu encerramento é apenas mais um dos deslizes no amontoado de clichês, fórmulas e saídas narrativas previsíveis e toscas. Na verdade, acredito que o que mais pode indignar qualquer espectador, aqui, é exatamente a relação que um filme que trata de espetáculos e truques, ironicamente, trava com quem o assiste. Não é, afinal, curioso que um discurso fílmico que apela de forma ininterrupta à figura do mágico como artista fingidor termine nas vias do didatismo? Mas há quem diga que não, que revelar (todos) os truques foi necessário, que não tivessem os roteiristas assim decidido, tudo ia assumir os ares da maior picaretagem, da história que apelaria histericamente ao mágico como depositário dos mais absurdos feitos, justificando, por exemplo, que um dos maiores atos do filme se sustente na incredibilíssima habilidade de um dos mágicos do grupo Cavaleiros conseguir, de um segundo ao outro, com uma batidinha mais que certeira no ouvido e entoação mais que precisa de palavras, render um homem – e o ato se repetirá diversas vezes – a um estado de total hipnose, induzindo-o a revelar a conspiração bilionária de controle da população (mundial? Americana?) através de dispositivos eletrônicos. Assumindo a redundância, admito: Jon Chu é o rei da megalomania excessiva. Mas o que Chu talvez não saiba é que Orson Welles, exatos 43 anos antes de seu desastre disfarçado de dinamismo inteligente, lançaria a obra absoluta sobre não só a farsa, o engodo e seu estatuto de paradoxal verdade, como também englobaria a mais radical das consequências humanas sobre o tema: a própria arte cinematográfica. Bastam os 10 minutos iniciais de Verdades e Mentiras para colocar todo o filme de Chu num patamar de tentativa infantil e delirante, para fazer com que os personagens de Truque de Mestre, que na verdade se assemelham quase a bruxos ou X-Men, engulam o próprio discurso primário de mágicos como artífices da percepção e vomitem uma sucessão de contrassensos e desafios de lógica. Ora, não seria ainda mais irônico que um filme que assim se institua, literalmente reafirmando o próprio rótulo através de seus personagens-tese e de uma abertura com ares de mistério e titulação a ser comprovada, tenha escalado para si atores medianos para papéis medíocres? Eisenberg, Radcliffe, Ruffalo e Caplan operam na medida em que atingem a cota de superficialidade sagaz e cômica do cinema hollywoodiano atual, mas clara e simplesmente encaixam-se de maneira adequada aos níveis de vendagem necessários ao filme. Eis o cinema, sempre atravessado por aquilo que está além dele. Todo o resto é pura fórmula: inserts engraçados e ilustrativos, unidos a uma trilha pop, narração explicativa e slow motions picotados - afinal, que mundo maravilhoso, este em que o espectador precisa de semi-videoclipes para digerir e denotar uma informação que podia muito ser mostrada na própria duração. O curioso para este Truque de Mestre é que a megalomania realmente assume o risco de desejar crescer mais e mais. Os plot twists, os truques por cima de truques, as coreografias para os atos são todas inflamadas de uma agilidade que, por mais que nunca se sustente por elemento algum, tem seu fôlego e acaba por entreter, mesmo que se restrinja a tão somente fazê-lo. O problema aqui é que os cordões nervosos de todo o sistema de farsas prescindem desesperadamente da montagem, e esta foi contaminada por uma síndrome que o cinema, para lá dos seus 100 anos de história, não comporta mais. Essa tentativa de anestesiar pelo dinamismo, pela quantidade de informações para as quais o espectador não consegue sequer fazer sentido da continuidade temporal, lógica ou espacial, esse modus operandi de todo o sistema de espetáculos que aposta no hiper-estímulo e no olho pelo que ele possui de falho – não consegue abraçar tudo, e também por isso, aliás, o cinema existe -; enfim, não há concebível justificativa para alicerçar: 1) toda a picaretagem, 2) como ela se dá a ver. É que dificilmente se pode apostar na inocência de quem concebeu a história (pobre autoria, ainda mais borrada num sistema industrial) naquilo que ela tem de tão próxima ao cinema ele mesmo. Para um ofício que lida constante e fantasmaticamente com o desvelar e esconder da sua própria trucagem, um filme sobre mágicos em hipótese alguma poderia ter obliterado sua condição inicial, o germe da ontologia da sétima arte. Porque o cinema nasceu como atração de feira no seio da sociedade do espetáculo, porque sua existência inicial estava atrelada a um magnetismo da imagem, lado a lado com lanternas mágicas, atrações de vaudeville e dispositivos de ilusão ótica, ele já estaria indissociável de um aprendizado primordial: era preciso simular a verdade através da mentira, fazer a crença coexistir com a desconfiança, a suspeita com a fé. Como um bebê cujo primeiro sopro, apesar da extensa gestação, o coloca em contato constante com a ameaça externa, assim se encontram os filmes: sempre diante da própria história que os desenvolveu, e, até o momento da existência final, quando finalmente existe alguém para vê-los, sempre afetados pelo repertório, pela própria história desse desenvolvimento. Este é o maior erro do segundo Truque de Mestre: desconhecer a História." (Felipe Leal)
K/O Paper Products Summit Entertainment TIK Film
Diretor: Jon M. Chu
174.680 users / 21.525 faceSoundtrack Rock The Drifters
33 Metacritic 670 Down 61
Date 10/06/2017 Poster - # - DirectorGonzalo López-GallegoStarsSharlto CopleyThomas KretschmannJosie HoA man wakes up with no memory in a pit full of dead bodies in the wilderness and must determine if the murderer is one of the strangers who rescued him, or if he himself is the killer.[Mov 06 IMDB 6.3/10] {Video/@@@} M/33
TUMBA ABERTA
(Open Grave, 2013)
TAG GONZALO LÓPEZ-GALLEGO
{esquecivel}Sinopse ''Na trama, Copley desperta sem memória em uma cova cheia de corpos em decomposição. Resgatado por outro grupo de desmemoriados, ele precisará descobrir como chegou lá e se ele é o responsável pelo destino daqueles cadáveres."
''Eu andava esperando pela oportunidade de assistir esse filme já fazia um tempo, o trailer me chamou muito a atenção, a história intrigante me conquistou foi capaz de criar um suspense no ar! As minhas expectativas cresceram mais ainda quando eu li diversos comentários positivos com relação ao filme e quando li sobre a ótima atuação de Sharlto Copley (Rei Estefan no filme Malévola). Não poderia esperar um filme ruim!
Quando se trata de filmes de terror eu sou bem crítica, talvez até demais, sempre espero pelo melhor, por uma história interessante, sustos, arrepios e apreensão. Por isso Open Grave foi uma grande decepção e uma grande alegria! Mas não se preocupem que eu vou explicar tudo para vocês. "Tumba Aberta" começa direto, sem te enrolar, sem te fornecer qualquer explicação sobre a história. Ele se inicia com um homem (Sharlto Copley) acordando, mas ele sente dor, como se antes de dormir ele tivesse sido jogado, ou tivesse se jogado em uma enorme vala, um enorme túmulo aberto cheio de cadáveres. Esse homem não se lembra de nada, não lembra nem mesmo de seu próprio nome, não recorda como chegou ali ou o que aconteceu com ele. O tempo passa e ele percebe que está sendo observado, existe uma pessoa acima da vala, uma mulher e ela joga uma corda para que ele saia de lá. Porém, quando ele consegue sair a mulher já havia desaparecido. Vagando pelo local e adentrando em um bosque que circundava o túmulo ele encontra uma casa com luzes acessas, estava chovendo forte e ele decide entrar. Dentro da casa ele encontra cinco pessoas, sendo duas mulheres e três homens, uma das mulheres foi quem o tirou de lá. A mulher que o salvou é muda e incapaz de se comunicar com os demais por não compreender a língua inglesa, ela só fala e escreve em japonês. Os demais também não se lembram de nada, as únicas informações que eles possuem foram retiradas dos objetos pessoais que encontraram em seus bolsos. Com isso cada um reconhece vagamente algum elemento de sua vida, e o homem do túmulo aos poucos se lembra de seu nome: Jonas. Vasculhando a casa o grupo descobre um arsenal de armas, mas quem viveria com tantas armas em casa? O que estava acontecendo ali? Com armas nas mãos eles decidem se separar, uma parte do grupo ficaria em casa, enquanto os outros iriam sair em buscas de respostas. No bosque o grupo encontra mais cadáveres, eles estão amarrados as árvores, pendurados pelos galhos, como um aviso, como uma forma de afastar intrusos?
Com o passar do tempo, através de objetos encontrados e fitas de vídeo, as memórias de cada membro do grupo retornam, mas elas são apenas fragmentos, algumas não fazem sentido, outras são interpretadas de forma errada, porém todas fazem parte do enorme quebra cabeça ao qual eles estão inseridos. A única pessoa que realmente parece saber o que está acontecendo ali é a mulher muda, mas a dificuldade de comunicação com os outros membros do grupo faz com que ela seja impedida de ajudar. Diversas vezes eles se deparam com o número 18, o que significa esse número? Ele também está marcado no calendário, o que acontecerá no dia 18? E percebemos que a história nos entrega pequenas pistas, peças que são encaixadas apenas no final. O grande trunfo e a minha grande alegria nesse filme está na história, na sua trajetória, na forma como buscamos por respostas a todo o momento, como tentamos entender o que acontece e ao final perceber que tudo se encaixa, perceber que a história foi boa! Não é o seu ponto de chegada que importa, mas a sua jornada, tudo o que aconteceu até o momento em que você chegou ao seu destino, quando a história termina. Junte isso a Sharlto Copley, que conseguiu me encantar, entrou para a lista de atores que eu admiro, conseguiu me fazer torcer por seu personagem e esperar por novos filmes com o ator. O que me decepcionou, e muito nesse filme, foi a fraqueza de como o gênero terror é explorado. Não vou mentir, ele é bom, tem uma história que te prende, possui uma dose de drama, e provavelmente algumas pessoas até sentirão medo ao assisti-lo. Mas para a pessoa que escreve agora, aqui atrás da tela do computador, ele deixou a desejar no quesito terror. Recomendo o filme, para todos os amantes de terror, de suspense e de zumbis... Sim! Zumbis! Mas essa é a última informação que dou a vocês! Acredito que cada um terá sua opinião sobre o filme, e eu acho isso maravilhoso, por isso se você tiver a oportunidade de assistir não esquece de me dizer o que achou, se concordou comigo ou não! Adoraria saber a opinião de vocês!" (Izabel Wagner)
''Tumba Aberta" é um daqueles filmes que começam cheios de mistérios e que nos reservam uma reviravolta no final. Aqui nesse caso, quando o desfecho nos é apresentado, quem tiver prestado o mínimo de atenção na história já terá matado a charada. Não que isso seja um defeito, nem alvo de qualquer crítica maior. O melhor do longa dirigido por Gonzalo López-Gallego não é o seu desfecho e sim o caminho pelo qual ele nos leva até o final. A história prende a atenção e as cenas são muito bem feitas, sem poupar violência. As atuações também merecem destaques. Principalmente a do protagonista, interpretado por Sharlto Copley, aquele mesmo de Distrito 9. Acompanhamos a história de cinco pessoas que acordam em uma fazenda. Nenhum deles se lembra quem é, ou como foi parar ali. A única pessoa que não perdeu a memória é uma moça japonesa, mas ninguém consegue arrancar nenhuma informação dela, pois além de muda, mas não surda, não entende uma palavra em inglês. A partir daí temos esse grupo de pessoas tentando descobrir quem são, como chegaram ali e, o mais importante, como sair. Já que na primeira volta ao redor da fazenda eles já dão de cara com cenas nada agradáveis: como uma mulher raivosa acorrentada em um galpão e alguns cadáveres amarrados em árvores. O filme é bem competente no que se propõe. Tem uma reviravolta plausível, apesar de abordar um assunto meio clichê nas recentes produções de terror, além de cenas bem sinistras. Talvez não agrade a todos os públicos, mas está bem acima da média dos longas lançados em 2013."(Geraldo de Fraga)
Atlas Independent 852 Films FocusFox Studio Speranza13 Media
Diretor: Gonzalo López-Gallego
23.866 users / 4.550 face
13 Metacritic
Date 25/09/2017 Poster - #### - DirectorDanny BoyleStarsEwan McGregorEwen BremnerJonny Lee MillerAfter 20 years abroad, Mark Renton returns to Scotland and reunites with his old friends Sick Boy, Spud, and Begbie.[Mov 04 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@} M/67
T2 TRANSPOTTING
(T2 Trainspotting, 2017)
TAG DANNY BOYLE
{divertido}Sinopse ''Renton (Ewan McGregor) retorna à cidade natal depois de vinte anos de ausência. Hoje, ele é um homem novo, com um emprego fixo e livre das drogas. Os amigos não tiveram a mesma sorte: Sick Boy (Jonny Lee Miller) comanda um comércio fracassado, Spud (Ewen Bremner) continua dependente de heroína e Begbie (Robert Carlyle) está na prisão. Aos poucos, Renton revela que sua realidade não é tão positiva quanto ele mostrava, e volta a praticar os crimes de antigamente. Sequência de Trainspotting - Sem Limites (1996), inspirada no livro "Porno", de Irvine Welsh.''
"O choque estético entre esse e o 1º - proporcionado pelas diversas câmeras digitais utilizadas - é o há de mais interessante. Afora isso, só um saudosismo vazio e pouco imaginativo, revivendo momentos, discursos e um olhar genérico para sua geração." (Daniel Dalpizzolo))
"O original tem mais de 20 anos e ainda é muito mais ousado. Não havia necessidade dessa sequência, mas pelo menos o primeiro foi bastante respeitado, e a trilha sonora continua como um grande destaque. Também é bom ver que Boyle ainda pode funcionar." (Alexandre Koball)
"É bastante preso ao filme original (inclusive trazendo diversas cenas de lá), o que impede a obra de ganhar vida própria, mas a linguagem dinâmica de Boyle funciona e é bom rever aqueles personagens. Vai agradar aos fãs - o que era o objetivo, não?" (Silvio Pilau)
{Nostalgia. Você é um turista na sua própria juventude} (ESKS)
''Na cena essencial de "T2 Trainspotting", Renton (Ewan McGregor), Sick Boy (Jonny Lee Miller) e Spud (Ewen Bremner) vão visitar o local onde está enterrado um amigo que morreu 20 anos antes. Em meio a uma discussão sobre erros do passado, Sick Boy diz a Renton: Nostalgia: é por isso que você está aqui. Você é um turista em sua própria juventude. O motivo para ver "T2" não é diferente: nostalgia. Pela juventude e por Trainspotting – entidades que se confundiam duas décadas atrás, algo que talvez não seja compreendido por quem era novo ou velho demais à época. O filme e sua trilha sonora refletiram, definiram e inventaram uma certa juventude dos anos 1990 (a outra é filha do Nirvana), com seu hedonismo desesperançado, drogas sintetizadas ou não, música eletrônica e britpop. Mas Trainspotting é um obscuro objeto da nostalgia: seus protagonistas eram cheios de som e fúria, mas perderam amigos e filhos pelo vício em heroína, brigaram, roubaram e traíram uns aos outros. Por isso, T2 tem a sabedoria de não ser nostálgico, mas sim um filme sobre a nostalgia, com plena consciência sobre as dores e as ironias da passagem do tempo. No final do original, Renton foge de Edimburgo rumo a Londres furtando o dinheiro do assalto que cometeu com os amigos Sick Boy, Spud e Begbie (Robert Carlyle). Em T2, Renton retorna à Escócia quando a mãe morre. Lá reencontra Spud, ainda às voltas com o vício em heroína, e Sick Boy, que sobrevive chantageando pessoas com vídeos comprometedores. Com a ajuda de Veronika (Anjela Nedyalkova), namorada de Sick Boy, os três voltam a se unir para tentar ganhar dinheiro fácil, dessa vez abrindo um puteiro. O plano é atrapalhado pelo irascível Begbie, que foge da prisão e quer se vingar de Renton pelo dinheiro furtado 20 anos antes. Na sua primeira metade, T2 é um filme de personagens (e plenamente satisfatório): nós vemos nossos queridos anti-heróis tentando dar conta de suas vidas melancólicas no presente, enquanto reencontramos o seu (e o nosso) passado em rápidas cenas do filme original. Nesse momento, o diretor britânico Danny Boyle entrega o melhor do seu estilo, baseado em um certo barroquismo visual, no uso esperto da trilha e no humor cínico. Funcionam melhor em T1 e T2 do que em qualquer outro de seus filmes (como Quem Quer Ser um Milionário? e 127 Horas). Na segunda metade, porém, T2 se torna um filme de trama (e bem menos interessante): o diretor cede às convenções narrativas e tenta criar suspense e drama com a vingança de Begbie, sem muito sucesso. Ainda assim, o longa de Boyle é uma sequência muito superior à média, justamente porque reflete sobre a nostalgia sem se ceder a ela. Como Renton, Sick Boy, Spud e Begbie percebem em T2, nós não podemos nos livrar do passado e, ao mesmo tempo, nunca poderemos retornar a ele." (Ricardo Calil)
''De uma época que gritava para se fazer relevante, o Cool Britannia dos anos 1990, pouco restou. Seu movimento musical de ponta, o britpop, foi sequestrado pelo trabalhismo róseo do então premiê Tony Blair e evaporou junto com ele. As pessoas ainda ouvem Oasis, claro, e o Blur até lançou um álbum recentemente, mas o próprio caráter regressivo daquela onda, que olhava para o passado cultural do Reino Unido, tratou de imprimir a ela um certo tom de pastiche. É até algo irônico que um dos ícones mais duradouros daqueles anos seja um filme coalhado de subversão institucional, ainda que bem embaladinha para o consumo pop. Jovens perdidos falando um inglês incompreensível enquanto transitam num mundo de drogas pesadas, relacionamentos ocos e violência era tudo o que o radiante Reino Unido de 1996 parecia não querer legar. Mas Trainspotting transcendeu reducionismos. A estética aplicada pelo cineasta Danny Boyle em sua estreia, Cova Rasa, foi ampliada e adotada pela subcultura clubber – que se mostrou, afinal, perene. Born Slippy, do Underworld, virou hino de pista de dança, camisetas com o grafismo da divulgação do filme se espalharam pelo mundo. A influência do alt-90s fashionista do longa foi tema da Vogue ao comentar coleções para 2016. Houve até quem colocasse na conta dos hábitos desregrados dos personagens a subida no consumo de heroína pelos britânicos. O opiáceo saiu do gueto e passou a ser a principal causa de morte entre usuários de drogas no país após o filme. Isso tudo configura um fenômeno que era meio insondável no começo de 1996. O texto que apresentou o filme no caderno Ilustrada naquele ano, escrito por este repórter enquanto correspondente em Londres desta Folha, tentava enquadrá-lo como um Kids britânico. O polêmico filme norte-americano, lançado em 1995, passava por temática semelhante e havia feito considerável barulho. Mais de 20 anos depois, Danny Boyle está na pista. Alguém fala de Larry Clark (dica: é o diretor de Kids)?'' (Igor Gielow)
Música de T2 Trainspotting faz parte da trama quase como personagem.
''Na última cena, quando T2 Trainspottting parece ter sua trama resolvida (na medida em que um filme desses, com uma história dessas, pode estar "resolvido"), a agulha da vitrola cai num vinil, para o ato final. Num volume bem alto, começa a ser tocada Lust for Life, hino punk de Iggy Pop feito em parceria com David Bowie, quando os dois viviam a vida louca em Berlim nos anos 1970. A música, um dos clássicos do rock, é a mesma que está na inesquecível abertura do Trainspotting de 1996, quando dois dos atores principais do filme saem pelas ruas de Edimburgo, com um deles proclamando o famoso texto "Escolha uma vida, escolha uma carreira...", mantra da vida louca da juventude britânica dos anos 1990. Mas em T2 "Lust for Life" vem diferente, mexida, em remix do grupo Prodigy. Assim como a explosiva Born Slippy. NUXX, da icônica banda eletrônica Underworld, outro hino do primeiro filme que aparece na trilha desta sequência que estreia agora como "Slow Slippy". A música do Underworld, 20 anos depois, foi desconstruída e reconstruída em ritmo lento, devagar, como que refletindo o envelhecimento do filme. T2 modifica, portanto, dois clássicos da obra de 1996 que não deveriam nunca serem modificados – porque, enfim, são clássicos. Mas ficou tudo muito bom. A trilha sonora de Trainspotting de 1996 é tão importante quanto o filme em si e o livro que o gerou. A música fez parte da trama quase como um personagem. Não é um mero enfeite musical. Misturou figurões como Iggy Pop, Blondie, New Order e Lou Reed com novidades fundamentais de seu tempo. Refletiu o espírito da época da "cool Britannia" dos meados dos 1990, botou Pulp e Blur representando o fenômeno britpop e lançou o citado hino do citado Underworld, o que ajudou a fazer a música eletrônica sair dos clubinhos e chegar ao mainstream. Talvez com menos impacto, mas tão boa quanto, a trilha de T2 vai pela mesma"¦ trilha do original. Refez Iggy Pop e o hoje clássico Underworld, convocou The Clash, Queen, Run DMC e jogou luz em excelentes nomes novos como Young Fathers, Wolf Alice e Fat White Family. Este último, maravilhoso grupo de Londres de um certo pós-punk indie de sonoridade quase própria, já entrou em um hiato para "acalmar" um pouco, alegando que a vida louca anos 2010 que estavam levando poderia matar. Enfim, uma banda totalmente Trainspotting." (Lucio Ribeiro)
A lembrança de um filme melhor.
''Em determinado momento de T2 Trainspotting, Ewan McGregor, como Mark Renton, adapta o monólogo de abertura do filme original, Trainspotting, recitado por seu personagem quando este ainda era mais frequentemente chamado de Rent Boy. Assim, insere no icônico escolha vida, escolha um emprego, etc., algumas referências a redes sociais, celulares e coisas do tipo. Essa cena soa como uma tentativa de validar T2 Trainspotting como uma continuação relevante e necessária, que atualiza as críticas mais interessantes feitas pelo primeiro filme. Infelizmente, o novo filme não é nada disso. T2 Trainspotting encontra seus personagens duas décadas depois de Rent Boy trair seus amigos e fugir com 12 mil libras, deixando 4 mil dólares para o doce Spud/Murphy (Ewen Bremmer). Divorciado, Renton volta de Amsterdã para um tipo de acerto de contas com seu antigo melhor amigo Simon/Sick Boy (Jonny Lee Miller), que ainda guarda rancor pela traição. Enquanto isso, Begbie (Robert Carlyle) foge da prisão e tenta recuperar a vida que levava antes de ser preso. A continuação eventualmente confronta os personagens com cenas do filme original. Em um momento, o mais bonito do filme, Spud sai a uma rua de Edimburgo, e sua imagem é sobreposta à imagem da mesma rua, vinte anos antes. Spud contempla, paralisado pela nostalgia, a textura agora granulada da rua ao seu redor, enquanto ele mesmo, mais jovem, atravessa-a com seus amigos. A nostalgia do filme não é por si só um problema - como essa cena mostra, em sua beleza e força. O que acontece, no entanto, é que T2 Trainspotting não tem mais nada a oferecer além da nostalgia. As rimas visuais ou referências ao primeiro filme são usadas em excesso como âncoras para um texto fraco e uma direção desastrosa. Quando se afasta do primeiro filme, T2 parece não ter nenhuma unidade narrativa ou estética, alternando a esmo entre personagens e cenas e às vezes sacrificando muito do que o filme original tinha de interessante. Begbie, por exemplo, era um personagem sádico, perigoso, dotado de um senso de humor absurdo e repulsivo que, sempre que vinha à tona, apontava para o risco imenso que ele representava para os outros personagens. Aqui, ele é um alívio cômico que pouco têm a acrescentar aos outros três. A sua falta de relevância para o filme é tamanha que o personagem só se junta aos outros na última parte do filme como um vilão macarrônico que os persegue em uma desnecessária corrida de gato e rato. O problema com Begbie não denuncia só falhas na construção de um personagem, mas a fragilidade narrativa do filme todo, que é incapaz de se sustentar sozinho, longe da lembrança afetuosa e nostálgica pela obra original. Isso passa por cada aspecto do filme, mas principalmente pela direção de Boyle, perdida nos maneirismos visuais que vêm se intensificando nos seus filmes há pelo menos dez anos. Neste ponto é preciso ser claro: o problema de Boyle não é o excesso de cortes e a montagem afetada ou que ele, como já ouvi, parece dirigir uma propaganda de gatorade, mas como esses traços do diretor se chocam contra o filme, formando um obstáculo a sua unidade estética e restando assim apenas como traços autorais fora de lugar, estranhamente forçados a um produto."T2 Trainspotting é o filme fragilizado que resulta desse Boyle difuso. O curioso é que ele poderia até se safar como um filme mediano, se não fosse a constante inserção da obra anterior. Às custas de si mesmo, T2 Trainspotting redescobre a força do filme _ e do livro - original. Porque Trainspotting", no fim das contas, não é apenas uma sombra que persegue personagens presos ao próprio passado, mas a lembrança constante de um filme melhor, de um diretor no domínio de sua obra e da mediocricidade de seu sucessor. Resta ao segundo filme manter viva a boa lembrança do primeiro. Já é alguma coisa, pelo menos." (Cesar Castanha)
Artbees DNA Films Decibel Films Cloud Eight Films TriStar Pictures Film4 (presentation) Creative Scotland
Diretor: Danny Boyle
76.459 users / 30.142 faceSoundtrack Rock Lou Reed / Brian Eno / Iggy Pop / The Clash / Underworld / Blondie / Queen / Run-D.M.C. / Queen / Frankie Goes to Hollywood / Wolf Alice /
42 Metacritic 821 Down 97
Date 30/01/2018 Poster - #### - DirectorSteven SpielbergStarsMeryl StreepTom HanksSarah PaulsonA cover-up spanning four U.S. Presidents pushes the country's first female newspaper publisher and her editor to join an unprecedented battle between press and government.[Mov 05 IMDB 7,3/10] {Video/@@@} M/83
THE POST - A GUERRA SECRETA
(The Post 2017)
TAG STEVEN SPIELBERG
{inteligente}Sinopse ''Kat Graham (Meryl Streep) é a dona do The Washington Post, um jornal local que está prestes a lançar suas ações na Bolsa de Valores de forma a se capitalizar e, consequentemente, ganhar fôlego financeiro. Ben Bradlee (Tom Hanks) é o editor-chefe do jornal, ávido por alguma grande notícia que possa fazer com que o jornal suba de patamar no sempre acirrado mercado jornalístico. Quando o New York Times inicia uma série de matérias denunciando que vários governos norte-americanos mentiram acerca da atuação do país na Guerra do Vietnã, com base em documentos sigilosos do Pentágono, o presidente Richard Nixon decide processar o jornal com base na Lei de Espionagem, de forma que nada mais seja divulgado. A proibição é concedida por um juiz, o que faz com que os documentos cheguem às mãos de Bradlee e sua equipe, que precisa agora convencer Kat e os demais responsáveis pelo The Post sobre a importância da publicação de forma a defender a liberdade de imprensa.''
"Novo exemplar da linhagem proto-premingeriana do Spielberg, dessa vez um monumento à liberdade de imprensa - que frequentemente surge como objeto de discurso um tanto óbvio sobre a era Trump. O fascínio da história e a condução firme seguram a obra." (Daniel Dalpizzolo)
"Embora o roteiro demore mais que o necessário para chegar ao ponto, e Spielberg resvale na caricatura em certos momentos (as cenas com Nixon), é um filme tenso e ágil, com um trabalho de câmera soberbo e grande atuações. Uma obra atual e relevante." (Silvio Pilau)
"Spielberg, Streep e Hanks fazem bem, cada um seu trabalho, mas nem sempre essa eficiência anda em conjunto e todos os grandes momentos estão diluídos em um todo convencional e afetado pela excessiva romantização do jornalismo." (Heitor Romero)
"A realização apressada não retira o brilho da nova empreitada séria do diretor que já quis ser Peter Pan e hoje busca relevância temporal e cinematográfica, através da radiografia de um tempo outro que reflete a falência do nosso. " (Francisco Carbone)
"Já não há mais o que se questionar sobre os ideais defendidos por Spielberg, mas sua desenvoltura de filmagem e a construção que se assemelha ao melhor dos thrillers jornalísticos elevam 'The Post' ao alto escalão. Streep está ótima." (Rafael W. Oliveira)
"Um "Spotlight" mais politizado, prolixo e romantizado. Demora a engrenar, mas cumpre bem sua ode à liberdade de imprensa e valorização do jornalismo a serviço da população e não do Governo. E como é bom ver Meryl Streep e Tom Hanks em cena! :)" (Léo Félix)
''Steven Spielberg tem uma carreira irregular, com muitos filmes medíocres e poucos filmes memoráveis. Felizmente, “The Post: A Guerra Secreta” figura no segundo grupo. Preocupado em filmar com rapidez um longa que respondesse ao momento político dos EUA sob a Presidência de Donald Trump, Spielberg retorna ao início dos anos 1970, quando a imprensa investigativa começa a implodir o governo de Richard Nixon divulgando documentos secretos do Pentágono. Essa urgência, auxiliada pelo roteiro eficiente de Liz Hannah e Josh Singer, trouxe um frescor que não víamos em seu cinema desde o início dos anos 1980. E ainda temos interpretações sublimes de Tom Hanks e Meryl Streep (ambos há muito tempo não brilhavam com essa intensidade). Tudo isso torna The Post o mais forte, artisticamente falando, dos indicados ao Oscar de melhor filme. (Sérgio Alpendre)
''Em 1971, Katharine Graham estava no comando da Washington Post Company havia oito anos, depois de assumir o leme quando seu marido Philip se suicidou, em 1963. Tímida e propensa a dúvidas sobre sua competência, ela não se sentia segura como líder, e nada tinha de típico como pioneira do feminismo. Anos antes, muita gente tinha expressado ceticismo quanto à sua decisão de contratar Ben Bradlee, então chefe da sucursal da revista Newsweek em Washington, como editor-executivo de seu jornal. Embora os dois desfrutassem de um relacionamento pessoal caloroso, na metade de 1971 surgiu uma crise, envolvendo os "Pentagon Papers" – documentos sigilosos do Pentágono publicados inicialmente pelo New York Times –, até que o jornal recebeu uma ordem judicial de suspender a publicação. Bradlee decidiu que o Washington Post continuaria a publicar os documentos, e essa decisão nada prudente lançou o jornal a uma épica batalha judicial. Aquelas duas tensas semanas de junho são a coluna vertebral de "The Post - A Guerra Secreta", um filme ágil, instigante e divertido no qual Meryl Streep e Tom Hanks interpretam Graham e Bradlee com a combinação perfeita de modéstia, entusiasmo e carisma estelar. Dirigido por Steven Spielberg, "The Post - A Guerra Secreta" avança em ritmo acelerado, com dois ícones do cinema interpretando ícones do jornalismo. Ao contrário de Spotlight: Segredos Revelados, coescrito pelo mesmo Josh Singer, "The Post - A Guerra Secreta" não é uma ode discreta ao cinema contido e ao jornalismo humilde. O filme é uma homenagem inspiradora aos ideais da independência jornalística, da prestação de contas pelas autoridades e da igualdade de gêneros. Todos esses temas são personificados por Graham, retratada por Streep com grande sutileza como uma personagem em constante mutação. É a transformação de Graham que dá a "The Post - A Guerra Secreta" sua força narrativa. Os momentos mais memoráveis cabem a Streep e sua personagem.Hanks demonstra igual simpatia em sua caracterização de Bradlee, em um papel que sempre atrairá comparações com Jason Robards no ainda soberano Todos os Homens do Presidente, que trata do "Post - A Guerra Secreta" na época do Watergate. Se Hanks não confere o sex appeal másculo de Robards, compensa com uma autenticidade que parece confortável. É inacreditável, mas esta é a primeira vez que os dois protagonistas trabalham juntos. Eles têm uma química fácil, gentilmente zombeteira, que carrega a narrativa mesmo quando ela parece estar se transformando em uma série de discussões retóricas, com diálogos do tipo mas não podemos fazer isso! Alarmados com a eleição do presidente Donald Trump no ano passado, Spielberg e seus atores principais rodaram "The Post - A Guerra Secreta" em tempo recorde, iniciando a produção em maio deste ano. Spielberg e seu parceiro, o diretor de fotografia Janusz Kaminski, abrilhantaram sua palheta usual de azuis pálidos e cinzentos para dar a "The Post - A Guerra Secreta" um calor pictórico bem-vindo, mas muitas vezes recorrem a grandes movimentos de câmera a fim de encobrir cenas estáticas, nas quais o que importa é o diálogo. Mas aquela sensação instintiva sobre o que é necessário para criar conexão com uma audiência é exatamente o que distingue Spielberg e o que permite que "The Post - A Guerra Secreta" pise fundo, esbanjando energia e sentimento. Cabe ao espectador decidir que relevância existe hoje em uma história sobre um presidente mimado e petulante que sai em perseguição de um jornal ao qual encara como inimigo pessoal. "The Post - A Guerra Secreta" funciona em muitos níveis: como polêmica, filme de época divertido e história empolgante sobre o jornalismo. Em seus melhores momentos, o filme é uma história de amor, do lide ao pé." (Ann Hornadaty)
***
''Não poderia ser melhor o timing da estreia de "The Post: A Guerra Secreta", novo filme de Steven Spielberg sobre um dos episódios mais simbólicos do papel da imprensa como vigilante dos poderes constituídos. O longa, indicado a dois Oscar, chega nesta quinta aos cinemas do Brasil dias depois de o Facebook anunciar uma mudança no algoritmo que deve expulsar de fato o jornalismo profissional das páginas de seus usuários em favor das fotos do cachorrinho lambendo o gatinho e dos vídeos do aniversário da vovó. Existisse em 1971, a rede social deixaria de fora a notícia de que sucessivos presidentes americanos ludibriaram a opinião pública em relação à Guerra do Vietnã, como mostram os Pentagon Papers (Papéis do Pentágono). O estudo secreto tinha sido encomendado por Robert McNamara, ex-secretário de Defesa dos governos Kennedy e Lyndon Johnson, e só viu a luz do sol porque foi vazado pelo analista Daniel Ellsberg, primeiro para o jornal The New York Times, depois para o diário The Washington Post (que dá nome ao filme). Naquela época, o segundo era um diário local, em busca de relevância nacional. The Post, o jornal, cresce ao brigar pela informação e, posteriormente, com a Justiça federal norte-americana, que vetou a divulgação dos documentos, proibição que seria derrubada em decisão histórica na Suprema Corte dos Estados Unidos. Com ele crescem seu editor-executivo, o lendário Ben Bradlee, interpretado por Tom Hanks, e sua publisher, Katharine Graham (Meryl Streep), que acabara de assumir o posto, tentava se firmar num mundo essencialmente masculino e preparava a abertura de capital da empresa que editava o jornal. O plot, em tese pedregoso para o público não especializado, ganha tratamento de thriller nas mãos de Steven Spielberg e, ajudado pelas atuações de Hanks e Streep, chega a emocionar. Concorrem para isso as muitas subtramas do roteiro. Uma delas, talvez a principal, é a evolução de Katharine Graham, de herdeira insegura e executiva acidental (assumiu o jornal depois do suicídio do marido, que o havia recebido das mãos do pai dela) para uma mulher firme e decisiva. Sua ascensão é a ascensão de todas as mulheres, defende Spielberg. Outra é a importância da empresa jornalística de controle familiar, em que a convicção de bem informar o público muitas vezes vai contra o que seria melhor para os negócios. No caso em questão, advogados e executivos aconselham Katharine a não publicar os documentos, temerosos do efeito que a pressão do governo teria sobre anunciantes e sobre a abertura de capital iminente. Há ainda a louvação do papel do whistleblower (literalmente, o soprador de apitos, querendo dizer o vazador), figura fundamental no exercício do jornalismo, de importância especial no caso do Washington Post – veio de outro vazador, o diretor do FBI Mark Felt, o principal furo dado pelo jornal, o escândalo de Watergate. Por fim, Spielberg não resiste a traçar paralelos entre Nixon e Donald Trump, na paranoia, no combate sistemático à imprensa e mesmo no gestual." (Sergio Davila)
Pouco inspirado, mas ainda assim inspirador.
''O vazamento dos Pentagon Papers e sua publicação pelo jornal The Washington Post foi um episódio que marcou a história americana e a gestão do então presidente Richard Nixon, que governou o país por cinco anos, entre 69 e 74. O vazamento de documentos do Pentágono e a confirmação de que os EUA estavam há mais de 20 anos deliberadamente escondendo segredos militares sobre a ação do país no Vietnã, como a expansão da guerra e a interferência na soberania dos países, causou imensa quebra de confiança da população civil, que por sua vez já passava por intensas transformações culturais. Não muito tempo depois, Watergate seria o prego na tampa do caixão do governo Nixon, que renunciou ao cargo e decretou a chegada de um imaginário popular mais desconfiado e niilista. "The Post - A Guerra Secreta" fala de um dos lados dessa história. A ode ao jornalismo de Steven Spielberg fala também sobre esse profundo momento de desconfiança, mas o ponto principal do diretor é enaltecer o questionamento, que o diretor parece ver como o papel principal de um jornalista. E também como isso está no cerne do ideário americano, onde a Primeira Emenda à Constituição americana, que protege o direito à liberdade de expressão consolida-se quase como um elemento mitológico nas narrativas ufanistas. No início da década de 70, o Washington Post não passava por um de seus melhores momentos. Katharine Graham (Meryl Streep) herda já adulta o jornal do falecido marido e busca uma sobrevida tentando capitalizar as ações do jornal, enquanto o editor-chefe Ben Bradlee (Tom Hanks) e sua equipe tentam buscar matérias que coloquem o jornal no páreo de competição com gigantes como o New York Times. O conflito principal é esboçado em duas frentes: primeiro, os investidores não querem matérias polêmicas que abalem a reputação do jornal como negócio rentável, em grande parte o conflito de Katharine e o desafio de viver em um mundo masculino onde as mulheres não têm voz e são subestimadas por homens; segundo, a polêmica de receber os documentos do Pentágono pelas mãos do analista Daniel Ellsberg e enfrentar, junto aos outros jornais, a batalha contra o sistema que tenta calar com relações públicas e juízes a publicação dos arquivos ultrassecretos. Se há um ufanismo declarado em The Post, Spielberg o filma como também fazia John Ford, diretor de clássicos como No Tempo das Diligências e Como Era Verde Meu Vale; seus personagens são tridimensionais, falhos, mas também a representação de um ideal. Cansada de ser inferiorizada e vista com a função de apenas entreter homens, Katharine Graham encontra como missão não só fazer o jornal existir, mas também preservar sua integridade, com Meryl Streep indo da vacilação ao orgulho próprio dos apaixonados por uma causa. Ben Bradlee, por sua vez, tem um certo cinismo próprio ao dos editores, sempre inabalável, convicto, resoluto em até admitir os erros - Tom Hanks o interpreta como praticamente um general das palavras. A experiência fez Spielberg ter um controle de encenação afiado como faca; sua câmera parece voar pelos ambientes, onde em várias cenas segue seu estilo de cortes calculados e movimentos de câmera simples mas sofisticados e funcionais: sua lente é um narrador que troca de personagens, percebe objetos, os segue, e concede o corte quando não há mais vez. Enquanto isso, seu passeios pelos corredores, por camas lotadas de papel, por casas transformadas em escritório, por manifestações no meio da rua, em travellings discretos, pouco a pouco fazem com que a luta pela liberdade de imprensa assuma menos os contornos de como é o dia a dia de um jornal e mais um thriller da sobrevivência de indivíduos percebidos por figuras incompreensíveis. Representantes da corrupção e de tudo que é inconstitucional, essas figuras não parecem ter vida individual, forma definida ou mesmo rosto. O espectador percebe isso facilmente: os juízes nunca são enquadrados sozinhos; os investidores são um coletivo de engravatados gélidos; os relações públicas são falas impessoais no viva voz dos telefones; o presidente é observado por uma máscara de binóculos sempre de costas e esbravejando ao telefone. O The Post é acossado pelo que não consegue definir, mas sabe o que tem que combater. Quando os protagonistas digladiam-se uns com os outros ou as suas consciências, ganham planos-sequências, closes, longos diálogos; os que os acossam compõem uma trama disforme, vulgar, parecendo quase sempre apenas descritiva. As figuras de autoridade são uma massa indistinguível; aqueles que as desacatam são células no microscópio. Mas é bom nos lembrarmos que Spielberg afina tanto seu poder narrativo mas também frequentemente escorrega nos próprios vícios. A transição dos dramas pessoais para o miolo central do filme (jornal versus censura) derrapa em frequentes quedas de ritmo, onde o que é mais interessante escoa em conflitos expressados em voz alta que não dizem muita coisa no final das contas. Ao contrário de Hanks, sempre vibrante, Streep também parece padecer desse mal e demora a encontrar um tom acertado para a sua personagem, ora vacilante demais e de uma hora para outra plenamente confiante e dona da cena. E realmente é a jornada pretendida para a personagem, mas é uma construção muito artificial: de uma hora para outra Streep liga a chave e torna-se uma personagem idealista e poderosa, em uma transição pouco fluída. Os conflitos expressados em voz alta em uma cena parecem até remeter a uma particular em A Lista de Schindler, onde os personagens se lembram em voz alta, se arrependem e expressam o desejo, recebem ou dão lições de moral, enfim: nada que pareça realmente com uma conversa realista. Mas também, esse é o drama de Spielberg, querendo ou não. Seus filmes de aventura muitas vezes são mais conscientes de si, têm mais presença de espírito e ironia. Seus dramas, não. São apaixonados, são defesas, são narrativas que ofuscam todas as outras para surgirem como artefatos poderosos no registro de uma ideia. Daí que cenas conclusivas como o veredito praticamente não precisarem das palavras julgadas necessárias anteriormente: em meio a uma narrativa muitas vezes prolixa, Spielberg sabe como compor uma imagem poderosa, inspiradora, com uma consciência simbólica que grande parte do cinema industrial sonha em ter.
Empatado no meio de campo, o comentário de Spielberg sobre a era Trump é um relato tão problemático quanto entusiasmado; sua metáfora eleva a verdade para além da concepção, ao terreno da utopia, perspectiva. E isso é o cinema de Spielberg, os filmes de gênero: os horizontes de perspectiva." (Bernardo D.I. Brum)
90*2018 Oscar / 75*2018 Globo
Amblin Entertainment DreamWorks Participant Media Pascal Pictures Star Thrower Entertainment
Diretor: Steven Spielberg
54.385 users / 21229 faceSoundtrack Rock Creedence Clearwater Revival
51 Metacritic 95 Down 52
Date 18/02/2018 Poster - ### - DirectorMartin McDonaghStarsFrances McDormandWoody HarrelsonSam RockwellA mother personally challenges the local authorities to solve her daughter's murder when they fail to catch the culprit.[Mov 10 Favorito IMDB 8,2/10] {Video/@@@@@} M/88
TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME
(Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, 2017)
TAG MARTIN MACDONAGH
{inesquecível}Sinopse ''Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes (Frances McDormand) decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação.''
"Todas as personagens principais cometem erros crassos enquanto buscam alívio e redenção. Não há mocinhos ou bandidos, acho que esse é o principal ponto forte do bom roteiro." (Alexandre Koball)
"O núcleo do Harrelson é forte, rende boas cenas e consequências que potencializam o drama todo - é bem interessante a maneira como suas cartas alteram o destino da cidade. O restante se equilibra entre o curioso, o bizarro e o profundo mau gosto." (Daniel Dalpizzollo)
"Com uma narrativa hábil e difícil, que equilibra drama complexo com humor desconfortável, McDonagh cria personagens repletos de falhas para questionar a maneira como lidamos com o ódio e a intolerância. Um filme inteligente e denso, repleto de camadas." (Silvio Pilau)
"A grande sacada é a ideia de não apontar vilões e sim tratar as nuances que existem nessas pessoas criadas por essa cultura e ambiente de ódio e preconceito que ainda prevalece sobre a deep America. Uma pena o roteiro cheio de atalhos e soluções fáceis." (Heitor Romero)
"Gosto muito da ideia simples e inventiva. Uma comunidade se mobiliza por uma provocação e isso os opõe, rendendo situações quase mirabolantes. O diretor tem veia cômica, mas não a naturalidade dos Coen em trabalhar com ela.'' (Marcelo Leme)
"Tenta ser pesado, mas não tem peso algum; tenta ser esperto, mas é explicativo no limite da pregação; inclui mil e uma reviravoltas, mas nunca sai da monotonia. Um desfile de cacos autorais, situações mal desenvolvidas e coadjuvantes unidimensionais." (Bernardo D.I. Brum)
"Grandes ressalvas quanto ao tom do filme, perdido entre certa idiossincracia coeniana e a leveza infantil, mas é um filme repleto de bons momentos e, acima de tudo, uma grande história, com personagens complexos que se transformam ao longo das duas horas." (Guilherme Bakunin)
"O tom é auto-indulgente (o humor negro se interfere de forma nada orgânica nas cenas), o desenvolvimento dos personagens é banal ( Rockwell sabotado) e McDonagh se excede na busca pelo alcance dramático do conjunto com muitas cenas de mau gosto." (Rafael W. Oliveira)
"Um roteiro criativo que dosa muito bem a seriedade e a tensão de sua premissa original com um humor ácido e ágil, repleto de grandes diálogos, com atuações magistrais de Frances McDormand, Sam Rockwell e Woody Harrelson." (Léo Félix)
***
''Três Anúncios para um Crime" é, por um lado, quase uma antologia de temas atuais: coragem, feminismo, antirracismo. Como quase todos os filmes americanos do momento, aliás. Ao mesmo tempo, abarca questões quase eternas, como a ineficiência policial e o poder da mídia. Por outro lado, nos leva a uma cidadezinha, e nem teremos tempo de ver quanto rolam tensões tão grandes quanto abafadas, sob a habitual capa de cidade feliz etc.. Isso é o que, com muito bom senso, busca evitar o roteiro de Martin McDonagh (também diretor) desde o início. Talvez por isso a ação se situe no Missouri, cuja tradição não é de camuflar ódios, pelo contrário: eles são, não raro, explícitos e sanguinários. Seu objetivo é agir por deslocamentos. De início, Mildred Hayes (Frances McDormand) para numa estrada deserta e observa as cascas de outdoors vazias que existem ali. Uma bela e desolada imagem, diga-se. Tão desolada quanto a própria Mildred, cuja filha foi estuprada e morta Ela decide então instalar três anúncios naqueles outdoors, chamando a atenção para a ineficiência da polícia e, em especial, do xerife Willoughby (Woody Harrelson). A mulher mostra agudo senso de marketing, pois raramente alguém transita por aquela estrada desativada, mas os poucos que o fazem tratam de espalhar a notícia. Eis o xerife pressionado. Willoughby, diga-se, foge à tradição e não é má pessoa. Mas, sim, é pelo menos conivente com certos policiais brucutus, com certo desleixo cultural, por assim dizer (contra negros, mulheres...). Notamos, então, que, embora os conflitos sejam bem explícitos, segredos continuam a vigorar ali. E é em torno deles que se desenrolará o restante da trama. Se há um mérito no roteiro, consiste em evitar certos clichês ao desenvolver uma trama tradicional, à qual acrescenta a ideia bem original de apelo aos anúncios na estrada como modo de romper o cômodo silêncio da cidade em torno do crime. A isso se acrescenta um aspecto muito físico: existe força na sintética observação da cidadezinha e seus problemas. A atmosfera parece vir em boa medida da relação entre personagens e cenários, assim como da fotografia de Ben Davis, que puxa as cores sem deixar de ser seca. Impossível, por fim, não mencionar a boa direção de atores. E como à frente do elenco estão atores excelentes, como McDormand e Harrelson, metade do caminho está andado. No conjunto , resulta num drama agradável, embora não especial.'' (* Inácio Araujo *)
''Quando Hollywood começa, enfim, a levantar a voz contra o assédio e o machismo, um filme protagonizado por uma mulher forte que não tem medo de denunciar e intimida, em vez de ser intimidada, vem bem a calhar. "Três Anúncios para um Crime", vencedor do prêmio do público no Festival de Toronto e de melhor roteiro em Veneza, traz como protagonista a mulher forte por excelência. Na trama, Frances McDormand vive Mildred, uma mulher que, sete meses após ter a filha assassinada numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, sem que o culpado fosse identificado, transforma o luto em raiva e decide intimar o chefe da polícia local com três outdoors instalados numa estrada: Estuprada enquanto morria, Mas ninguém foi preso, Por que, chefe Willoughby? Os outdoors acabam por criar atrito entre a mulher e a população conservadora daquele bastião da América profunda, que venera o tal chefe de polícia, interpretado por um ótimo Woody Harrelson. Com ele, Mildred tem uma relação de conflito afetuoso. É com outro policial, Dixon (o incrível Sam Rockwell), que a tensão escala para um estado de quase-guerra. Quando Mildred acusa a polícia de torturar negros em vez de resolver crimes, Dixon rebate: É torturar afro-americanos! No drama cômico do roteirista e diretor britânico Martin McDonagh (Na Mira do Chefe), violência e aquele humor que provoca risos constrangidos se combinam de um jeito único. Três Anúncios lembra muito um filme dos irmãos Coen pelo humor ácido, mesmo em situações graves, e por ter McDormand, a musa dos Coen, como protagonista. A atriz, aliás, tem aqui nova chance de levar o Oscar, 21 anos depois de Fargo. As outras mulheres fortes de Hollywood terão que penar para batê-la.'' (Adriana Kucheler)
''Há 20 anos, o diretor londrino Martin McDonagh viajava de ônibus pelo Sul dos Estados Unidos quando topou com outdoors à beira da estrada que traziam mensagens ofensivas à polícia local.
Imediatamente me perguntei: Quem teria tanta raiva para deixar mensagens assim tão ultrajantes? Uma vez que decidi que essa pessoa era uma mãe, a história se desenrolou na minha frente. Na época, o nome de Donald Trump ainda só era associado à figura de um milionário bufão. Mas, quando a história pela primeira vez ganhou as telas do cinema, em 2017, "Três Anúncios para um Crime" foi abraçado como uma reflexão sobre o rancor que elegeu o republicano. Não vejo essa conexão. O filme não foi feito para ser um comentário social sobre a situação americana. Foi rodado durante as eleições, diz ele à Folha, por telefone. Mas seria estúpido tapar os ouvidos diante de quem acha isso. Os elementos para corroborar tal percepção são numerosos: há no filme a insurgência contra as instituições, o ódio difuso, os brancos empobrecidos --tudo o que entrou na equação da vitória de Trump Ajuda bastante o fato de a trama se passar na fictícia Ebbing, no Missouri --Estado americano de maioria branca, protestante e que fica na metade mais pobre do país. Embora não tão folclórico quanto seus vizinhos do Sul, o lugar funciona como epítome de certa América rural. Gosto de ouvir a voz dos americanos interioranos, mas a história é universal. Poderia acontecer com uma mãe brasileira, por exemplo. No filme, que estreia nesta quinta no Brasil, Mildred (Frances McDormand) vive o luto de uma filha que foi estuprada e morta meses antes. Como a polícia local não conseguiu solucionar o crime, ela compra o espaço em três outdoors nas cercanias da cidade e neles afixa mensagens para intimidar o xerife local (Woody Harrelson): Estuprada enquanto morria/ E ainda não houve nenhuma prisão?/ Como pode, delegado Willoughby?. A atitude radical de Mildred entorna o caldo de sua relação com a polícia, que tem como principais representantes o xerife e seu assecla racista (Sam Rockwell), e incendeia a cidadezinha, desdobrando-se num grande ensaio sobre o ódio. Deixei espaço para lágrimas no roteiro. Mas Frances nunca cai no sentimentalismo, conta McDonagh sobre a performance da atriz, favorita ao Oscar da categoria. Ela estava determinada a interpretar a personagem como alguém que não tivesse acesso a essas emoções e vivendo a hora de deixar a raiva vir à tona. A ira aflorada dos dois lados, entretanto, tem seus poros, especialmente na relação entre Mildred e o xerife. Ambos vão à guerra, mas isso não acaba com a humanidade deles. São duas pessoas que não deveriam - ou não queriam - estar em guerra uma com a outra, mas que estão, resume o diretor, que é egresso de comédias de humor negro como Na Mira do Chefe e Sete Psicopatas e um Shih Tzu. Parte da crítica cinematográfica reagiu acidamente à suposta condescendência do diretor para com a protagonista. Mas ele não crê que a obra endosse a atuação desmesurada de Mildred. Ela é um ser humano absolutamente questionável. O filme não passa a mão na cabeça dela, afirma o diretor, que diz não ser nem um pouco fã de histórias de super-herói, maniqueístas. É ótimo que as tramas se afastem o máximo possível das da Marvel, que não têm humanidade nem surpresa nem mesmo cinema." Indicado a sete estatuetas no Oscar, "Três Anúncios para um Crime" é o título com mais força para fazer Guillermo del Toro e seu monstro aquático de "A Forma da Água" derraparem na reta final da disputa. São filmes díspares; o de McDonagh, mais denso e violento do que a fábula do mexicano. O diretor britânico, contudo, insiste em dizer que não se comove muito com o fuzuê em torno do Oscar. "É meio bobo, meio louco; acho ok, no final das contas. E eu não me sinto como se fizesse parte de Hollywood." (Guilherme Genestreti)
''Um drama sem espaço para cenas dramáticas, cru, muitas vezes, cruel. "Três Anúncios para um Crime" é um filme de seu tempo. Representa como poucos nesta temporada o ressentimento do americano, esse, que elegeu Donald Trump, contra as instituições tradicionais, no caso do filme, a polícia. Mesmo violento, curiosamente o filme traz momentos de comédia, evocando a lembrança dos irmãos Coen, fortalecida pela presença de Frances McDormand, que a premiação desta noite deve confirmar como a melhor atriz do ano, e da trilha indicada de Carter Burwell, o mesmo de Fargo, Bravura Indômita e tantos outros da dupla. Mas o humor do diretor, roteirista e dramaturgo Martin McDonagh não é americano, é inglês. E a Academia adora premiar os ingleses. Aqui, será com justiça.'' (Sandro Macedo)
O poder da pauta.
''Mildred tem um balanço no seu quintal, e dele consegue ver uma estrada quase não utilizada de sua cidade com três outdoors abandonados fixados nela. Observando esse quadro recortado, Mildred tem uma ideia. Ela procura e acha os responsáveis por propaganda em Ebbing, sua cidadezinha, e consegue pagar um mês de anúncios. As mensagens que ela manda para escreverem nos três outdoors são simples:
"ESTUPRADA ENQUANTO MORRIA"
"E AINDA SEM PRISÕES?"
"COMO PODE, XERIFE WILLOUGHBY?"
A estrada abandonada vira então assunto local da imprensa, e gera incômodo generalizado na cidade e nas autoridades locais. Mildred não quer nada além de justiça para o assassinato da filha, que ainda teve o corpo carbonizado, e espera com isso que a polícia agilize uma investigação que ela não vê acontecer. Todos parecem estar do lado de Mildred e contra a força policial, apesar do xerife querido. Logo, tanto ele quanto o belicoso oficial Dixon irão bater de frente com essa sofrida mãe, e o jogo de culpa vai intercalar entre os três durante a projeção do novo longa de Martin McDonagh. Irlandês que está no grande momento de sua carreira, McDonagh ganhou um Oscar de curta na década passada por Six Shooter, tendo voltado a concorrer pelo roteiro de Na Mira do Chefe, seu primeiro filme. Também excepcional dramaturgo (uma das melhores peças da década passada é um texto de sua autoria, O Homem Travesseiro), McDonagh parece ter chegado no ápice graças a um filme que chegou no momento certo de maneira tão calorosa que a impressão que temos ao assistir Três Anúncios para um Crime é a de que os problemas do filme estão sendo abrandados pelo lugar onde ele deve ser colocado. Depois da enxurrada de denúncias de assédio sexual em Hollywood que 2017 viveu, derrubando várias carreiras estabelecidas e colocando um grupo de corajosas mulheres nos holofotes, não é estranho que um filme com predicados onde a protagonista é uma mulher de fibra que luta pela resolução de um caso de violência sexual esteja no meio dos holofotes da temporada. No entanto, não seria melhor se esse filme fosse menos assolado de problemas? Sem atrelar qualquer questão oportunista ao contexto, a verdade é que McDonagh nunca pareceu tão travado e talvez até deslocado enquanto diretor, com uma proposta diferenciada do que já tinha apresentado. Se nos seus dois longas anteriores o clima policial era recheado de doses de farsa e humor negro e politicamente incorreto, suas produções funcionaram a perfeição exatamente porque a violência absurda ganhava contraste com o igualmente absurdo das situações, personagens e com as gags hilarias do todo, presentes em ambos. No entanto esse equilíbrio desanda aqui, talvez por que o gênero aqui seja um pouco mais distanciado dos anteriores. Trabalhando em linha tênue entre o humor e a tragédia que afeta todo aquele grupo de personagens, não deveria ter espaço para que os tipos mostrados no filme se comportassem como o mesmo como numa peça farsesca. Com um trio de personagens principais e mais um grupo de coadjuvantes, além de participações menores, o que vemos é um vocabulário unificado a todos os tipos que passam na tela. Seja homem ou mulher, jovem ou velho, negro ou branco, o filme constroi seus diálogos como se fosse um monólogo dividido entre 10 pessoas diferentes, todas com um linguajar que remete aos longas anteriores de McDonagh, de textura bem diferente desse. O que nos leva a crer que a transposição de ambiente não foi bem assimilada pelo autor, que criou uma visão bem particular, quase fictícia, de uma cidade do interior americano. Outro erro no qual o roteiro incorre diz respeito aos aspectos macro de sua narrativa, que se fazem necessários mas não são assimilados pela direção. Um dos trabalhos de McDonagh como autor seria de criar uma conexão entre o que o roteiro apresenta em diálogos e sua representação em estrutura narrativa e imagética, e o filme simplesmente não consegue desenvolver um raio que potencialize o que é dito através de ações. Exemplo: mais de uma vez é repetido pelos personagens como o xerife Willoughby é amado pela cidade, insistentemente... isso só não é sentido ou comprovado de forma alguma pelo filme a não ser por esses diálogos expositivos. Além disso o roteiro do filme ainda desenvolve 'coincidências' espaciais no mínimo duvidosas, os chamados deus ex-machina, que insistem em desenhar de maneira forçada situações que poderiam facilmente ser desenvolvidas de maneira mais orgânica. Apesar do que já foi dito, dois núcleos são extremamente bem desenvolvidos pelo roteiro de McDonagh. Tanto o rancho do xerife Willoughby com sua esposa e filhas quanto a família de Mildred, toda ceifada pela tragédia e por isso vivendo num circular de ódio ininterrupto. Na verdade esse ódio tão entranhado nesse lar promove uma leitura dura sobre as viciosas relações familiares dos dias de hoje, que abriram espaço para a chegada do mal através do desamor que os une. Esses personagens e suas inter-relações são o que de melhor o roteiro do filme apresenta, ressoando o que viria a ser o tema capital do filme mais adiante, a redenção e a ressignificação de personalidades, que podem mudar completamente de acordo com cada olhar. Lógico que nada disso seria possível sem o auxílio de um elenco em forma, que conta com as presenças acima de qualquer suspeita de Frances McDormand e Woody Harrelson, em estado de graça em dois papéis que permitem grandes momentos a seus intérpretes. Ainda que possua eficientes montagem e fotografia, além de um plano-sequencia muito bem realizado, ''Três Anúncios para um Crime'' não é um longa que procure firulas visuais e extravagância - ainda bem, pelo menos o filme é muito discreto esteticamente. Seu forte é esse elenco de peso escalado (ainda que alguns tipos sejam completamente pálidos e sem sentido, como Peter Dinklage), que eleva um material de roteiro negativamente complexo. Quando o quadro geral se desenha e percebemos que o tanto de seu tema está concentrado no personagem de Sam Rockwell, tão mal construído a ponto de rasurar o seu trabalho, é que fica claro que o filme de Martin McDonagh está surfando uma onda necessária e pertinente, que acabou criando uma benéfica cortina de fumaça em seus próprios erros." (Francisco Carbone)
90*2018 Oscar / 75*2018 Globo
Top 250#123
Blueprint Pictures Film 4 Fox Searchlight Pictures
Diretor: Martin McDonagh
202.731 users / 73.335 faceSoundtrack Rock Amy Annelle / Joan Baez / The Four Tops / Monsters of Folk / ABBA
53 Metacritic 13 Down 9
Date 25/02/2018 Poster - ########## - DirectorPaul Thomas AndersonStarsVicky KriepsDaniel Day-LewisLesley ManvilleSet in 1950s London, Reynolds Woodcock is a renowned dressmaker whose fastidious life is disrupted by a young, strong-willed woman, Alma, who becomes his muse and lover.[Mov 06 IMDB 7.8/10] {Video/@@@} M/90
TRAMA FANTASMA
(Phantom Thread, 2017)
TAG PAUL THOMAS ANDERSON
{melancolico }Sinopse ''Década de 1950. Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) é um renomado e confiante estilista que trabalha ao lado da irmã, Cyril (Lesley Manville), para vestir grandes nomes da realeza e da elite britânica. Sua inspiração surge através das mulheres que, constantemente, entram e saem de sua vida. Mas tudo muda quando ele conhece a forte e inteligente Alma (Vicky Krieps), que vira sua musa e amante.''
"Mais um trabalho difícil de PTA, que combina inegável rigor técnico com uma narrativa fria e com seu próprio ritmo. A primeira metade se arrasta, mas a segunda cresce (a cena do jantar é ótima), com grandes atuações. Desperta admiração, mas não empolga." (Silvio Pilau)
"Mais frio do que a média do cinema do diretor, conta ainda com um final indegustável (o duplo sentido aqui não foi intencional, para quem assistiu), em meio a algumas grandes interpretações." (Alexandre Koball)
"Interessante PTA fora de um filme ambientado nos EUA, sem aquela camada de observação da formação de um país e mais focado em outras características de seu cinema. De Hitchcock à Losey, mas ainda muito autorial, é um filme de amadurecimento e evolução." (Heitor Romero)
"PTA transforma o engomado e auto-encantando universo da alta costura num embate de amor doentio e eliminação e controle do outro. Garota Exemplar com uma pitada de Rebecca, excessivo e radicalmente pessoal como tudo do diretor." (Bernardo D.I. Brum)
"Nova incursão de PTA a obsessão o leva a um cinema clássico de imersão potente e homenagens mais abrangentes que a seu mestre Altman. A própria síntese da relação doentia entre criador e criatura, quando ambos se fundem no mesmo fel. Obra-prima." (Francisco Carbone)
"PTA rege sua ópera definitiva sobre complexos, relações auto-destrutivas, o controle sobre o outro e o embate contra a perda desse mesmo, tudo com ecos de Robert Altman, Hitchcock e Mike Leigh. Fácil, um dos filmes mais ricos deste ano." (Rafael W. Oliveira)
"Aqui talvez fique explícito o maior problema de PTA: erigir tanto a obra sob a figura de um personagem-monstro, que todo o resto tem dificuldade de se igualar enquanto construção horizontal. Ainda assim, linda história sobre formas e (escolher) amar." (Felipe Leal)
*****
"À primeira vista, "Trama Fantasma" parece um bem urdido remake do Rebecca de Hitchcock. Aqui também tudo começa por um homem atraente, sólido e solitário - no caso, o costureiro Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis), que pontifica na Londres do pós-Guerra. Esse homem tem uma sombra: a irmã Cyrill, seu braço direito no comando da casa de modas. Não só isso: Cyrill parece mesmo administrar a vida pessoal do irmão. Existe também a sombra de uma mulher inesquecível em seu passado, no caso a mãe. A última peça da trama surge na pessoa de Alma (Vicky Krieps), a bela garota que Woodcock encontra trabalhando numa estalagem. Eles se atraem profundamente, nota-se. Woodcock traz Alma para o seu ateliê. As semelhanças não param por aí, pois desde logo se faz notar a hostilidade de Cyrill em relação a Alma. Cyrill tem um misto de desprezo e ciúme pelas mulheres que se aproximam do irmão (assim como a Mrs. Danvers de Rebecca). Pode-se ficar por aí nesse capítulo, pois Paul Thomas Anderson constrói sua trama de maneira bem mais suave que Hitchcock: estamos em um grande ateliê de costura dirigido por um homem de gênio, não no soturno castelo do Maxim de Rebecca. É verdade que Reynolds dirige seu negócio com mão de ferro e não admite menos que a perfeição como resultado de seu trabalho. Tudo isso, porém, é superfície, pois Woodcock tem uma semelhança física impressionante com Nosferatu, o primeiro vampiro do cinema e padrão de todos os vampiros posteriores, o que abre uma nova aba neste filme. Woodcock também é, com efeito, um ser vampiresco: ele como que suga a alma das garotas que traz para viverem com ele no ateliê e, depois de esvaziá-las, as descarta. Embora pensemos que a vilã da história seja Cyrill, o vilão talvez seja mesmo Woodcock. Ou talvez não. Pois não é por acaso que alguém se chama Alma. Apesar da delicadeza, ela reivindicará Woodcock para si com energia e métodos nem sempre gentis, como colocar um pouco de cogumelos venenosos em sua comida, o suficiente para tê-lo frágil e doente (ela usa o pouco ortodoxo estratagema como forma de afastá-lo das pessoas que o cercam todo o tempo). Seria Alma então a vilã? Veremos que o caso é um pouco mais complexo e que talvez esteja aí o cerne da trama que tece esse costureiro ao longo deste melodrama. Woodcock é um homem de fama e fortuna, mas o que busca é sua alma. Ao mesmo tempo, Paul Thomas Anderson trabalha com apuro para engrossar o suspense do filme: a atmosfera torna-se mais pesada à medida que o filme evolui. O diretor demonstra suas habilidades: é dos raros a usar de maneira conveniente o travelling por trás da personagem, por exemplo. Com isso, contorna o que poderia ser um obstáculo a qualquer premiação: "Trama Fantasma" é, antes de tudo, uma trama francamente fora do espírito de correção política contemporâneo. Mais ainda se levarmos em conta o caráter radical das recentes manifestações feministas. Pois, afinal de contas, "Trama Fantasma" nos coloca diante de uma mulher capaz de usar os meios mais clássicos para conquistar (e conduzir) um homem: a sedução, a beleza, a gentileza submissa, a fragilidade, mas também a intuição, a astúcia e até mesmo a traição - o caminho de Woodcock para encontrar sua suave Alma não terá nada de fácil. Filme de certo modo arriscado, "Trama Fantasma" é provavelmente, com exceção de Corra!, o longa mais interessante de um Oscar que está longe da indignidade de anos recentes E, no entanto, algo soa estranho neste filme, como em quase toda a obra de Anderson: tudo está perfeitamente no lugar. O elenco, o cenário, os figurinos, o ritmo, tudo - até mesmo o risco. Nada destoa; parece preparado com exatidão para ser um filme incontestável, um filme de prestígio. Ele é ao mesmo tempo competente, aplicado e inteligente. Sabe colocar em relevo o ator excepcional que tem nas mãos sem por isso apagar quem está à sua volta. Etc. No entanto, se nos distanciamos um pouco, é quase obrigatório pensar: esse filme tem mesmo uma alma? Ou, em outras palavras, será que sua posteridade não será parecida com a da obra de um William Wyler, o cineasta mais aclamado da era clássica, mas de cujos filmes hoje em dia mal nos lembramos? Talvez seja uma questão menor - porém que é incômoda, isso é." (* Inácio Araujo *)
''Submissão não é condição desconhecida de quem ama. Insubmissão, tampouco, e as trocas de posição pelos protagonistas de “Trama Fantasma” vão costurando uma improvável rede de segurança sob esse casal de trapezistas imprudentes. Doses de sadismo reforçam o risco de que alguém se arrebente, e o espectador fica ligadão no par que é romântico na essência, mas vil nos desempenhos sociais: o costureiro Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) abusa da vantagem de ser rico e famoso e vive enredado no teatro das bajulações; e Alma (Vicky Krieps), garçonete transformada por ele em modelo, joga com irresponsabilidade para dominar. Com reconstituição farsesca da Inglaterra do pós-Guerra, Paul Thomas Anderson faz essa defesa brilhante de um sentimento já engrandecido por ele em título anterior: Embriagado de Amor.'' (Gustavo Fioratti)
Idiossincrasia em corte e costura.
''As índoles retratadas nesse drama psicológico são absolutamente cruéis. Também são fascinantes. Se o estranhamento pode provocar algum fascínio, não é exagero alegar que Trama Fantasma é suficientemente estranho por conseguir nos fascinar devido à conjuntura comportamental dos personagens e ao contexto no qual convivem compartilhando perversidade emotiva. Além do mais, além dos fenômenos emocionais, é um filme artesanal tal como as costuras que a câmera diligente capta, sempre trabalhando com luzes e cores. Pura elegância em cada quadro. Detalhes. Paul Thomas Anderson filma detalhes. Nos detalhes residem características que dão forma aos personagens, evidenciando comportamentos sem que estes sejam um estudo preciso de suas particularidades psíquicas, mas o quanto estes mesmos comportamentos implicam diretamente na relação entre três grandes personagens: um homem, sua irmã e sua musa – pronomes possessivos são salientes. É um filme que se sustenta no trio e nas individualidades que demarcam idiossincrasias. Intimidades. Anderson filma intimidades. Nas intimidades residem constatações de condutas que moldam os personagens revelados sem pudores em cena sob uma luz imprecisa, até o ponto em que identificamos estranhezas e finalmente a compreendemos. Em síntese é um trabalho sobre opressões em distintos níveis, tanto na atitude déspota do líder junto aos empregados até a opressão psicológica que este líder suporta, repleto de manias e obsessões. A história se passa em Londres durante a década de 50. Reynolds Woodcock, um costureiro respeitadíssimo, trabalha em casa junto a várias outras costureiras que prestam serviço coerente aos caprichos obsessivos de seu mentor. Ele desenha e concebe vestidos para mulheres ricas. Woodcock preza por eficiência e emana autoridade, tendo na rotina o controle de tudo que gira em volta. Na primeira metade, o roteiro do próprio PTA busca apresentar o universo de seu protagonista. Alinhado e elegante, o visual combina a direção de arte com um figurino sofisticado, dando uma impressão de filme envelhecido, alguma grande obra inglesa setentista redescoberta. Nesse meio, homem e mulheres interagem. Woodcock se apoia sobre a irmã, Cyril Woodcock (Lesley Manville), parceira, conselheira e porto seguro. A mulher aparece como espelho do costureiro, mas numa versão racional. É provavelmente a personagem mais complexa e que oferece distintas vertentes de compreensão ao espectador. O texto do roteiro a princípio parece dizer respeito a alguém real ou, quem sabe, ser baseado em algum clássico da literatura inglesa. Uma adaptação convencional? Nada disso. É original e advém de uma lógica ambiente bem orquestrada: admitir a beleza da elite londrina e ressaltar a deformidade moral dos patriarcas, ruindo a imponência de seu poder ao apresentar dramas e, mais especificamente, perversões. Pasolini gostaria. "Trama Fantasma" explora o exercício do poder num meio comum, tratando do abuso de autoridade num ciclo repetitivo entre figuras cujas funções se assemelham a das agulhas e das linhas, itens úteis para a concepção de um vestido imaginado. As pessoas são itens particulares de Woodcock e sua musa nada mais é do que sua manequim. Sua musa e esposa, que atende por Alma Elson (Vicky Krieps), é tão enigmática quanto o costureiro, provocando-o em nome de um amor nocivo. É um fetiche. Esse thriller disfarçado de romance certamente definirá um dos casais mais insalubres do cinema. Paul Thomas Anderson apresenta seu melhor texto desde Sangue Negro, ainda que esteja narrativamente muito próximo ao de seus dois últimos trabalhos, O Mestre (Master, The, 2012) e Vício Inerente (Inherent Vice, 2014), que se entranhavam em personagens cuja complexidade psicológica era submetida a concepções quase oníricas. O diretor se responsabiliza pela cenografia e efetiva sua arte em imagem rudimentar, ao passo que dirige as cenas detalhando aquele universo: os dedos feridos pelas agulhas, por exemplo, contam através da imagem um pouco da identidade do protagonista. Ditado geralmente por emoções, o desenvolvimento do filme se acentua mediante as reações de seu exigente protagonista frente aos estímulos que lhe são lançados. Ele é desafiado. Ele é desrespeitado. E diante das hostilidades inesperadas, surpreende com reações imaturas e odiáveis, típicas de um machista frustrado cujo orgulho fora vencido pela desobediência de uma mulher que não se curvou a ele tal como outras outrora fizeram. Daí surgem longos e poderosos diálogos que estruturam a dinâmica desse casal cujo relacionamento persiste ao prazer da contestação. O insulto para alguns é um deleite.
E tal dinâmica só é possível graças aos atores, especialmente ao excepcional Daniel Day-Lewis, que corporalmente consegue representar a imponência de um lorde inglês em gestos, seguindo o mesmo ritmo que profere palavras, sempre refinado e comedido, até o ponto que bruscamente constrange em virtude da arrogância. É um ímpeto brutal desatinado de alguém incapaz de lidar com frustrações, reagindo ferrenhamente como se atacasse com armas pontiagudas, similares às agulhas ou lápis, seus instrumentos de ação. Paul Thomas Anderson, de maneira artesanal e prezando pela estética, apresenta um melodrama metódico com erotismo oprimido, cercado por tensões sexuais e largado a compulsão obsessiva de um considerável gênio." (Marcelo Leme)
90*2018 Oscar / 75*2018 Globo
Annapurna Pictures Focus Features Ghoulardi Film Company Perfect World Pictures
Diretor: Paul Thomas Anderson
43.012 face / 12.450 face
510 Metacritic 64 Down 38
Date 27/02/2018 Poster - ###### - DirectorMartin ZandvlietStarsRoland MøllerLouis HofmannJoel BasmanIn post-World War II Denmark, a group of young German POWs are forced to clear a beach of thousands of land mines under the watch of a Danish Sergeant who slowly learns to appreciate their plight.[Mov 06 IMDB 7,8/10] {Video/@@@@} M/75
TERRA DE MINAS
(Under sandet, 2015)
TAG MARTIN ZANDVLIET
{intenso}Sinopse ''Em maio de 1945, dias depois da rendição da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, um grupo de prisioneiros alemães é levado à Dinamarca e forçado a desarmar dezenas de milhares de minas terrestres colocadas na costa do país pelas forças alemãs. No comando do grupo está o sargento dinamarquês Carl Leopold Rasmussen, que, como muitos compatriotas, guarda rancor dos alemães após cinco anos de invasão. Ele desconta sua raiva nos prisioneiros até que um trágico acidente o faz mudar seu ponto de vista, mesmo que talvez seja tarde demais.''
"Filme correto, embora dotado de mais previsibilidade e menos suspense do que se poderia esperar. Sua grande força está na abordagem que desmistifica o lado usualmente tratado apenas como vilanesco pelo cinema, revelando-se no fim um bom relato humanista." (Silvio Pilau)
{Eu posso lidar com a verdade} (ESKS)
''A coprodução germano-dinamarquesa mostra como a categoria de filme estrangeiro permanece influenciada pelo convencionalismo e pelo cinema de mensagem. O filme recria o destino de soldados mirins que integraram o derradeiro esforço militar de Hitler ao final da Segunda Guerra. Com a derrota alemã, os meninos foram obrigados a trabalhar na localização e desativação de milhares de minas ocultas sob as areias de todo o litoral da Dinamarca. O elenco forte e a tensão constante de ações suicidas não são suficientes para distinguir "Terra de Minas" dos filmes de guerra rotineiros. A nota humanista que encerra a história deve tocar os corações, mas o poder da memória para esquecê-lo agirá mais rápido." (Cassio Starling Carlos)
''Após a rendição da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, alguns países atribuíram missões perigosas aos prisioneiros nazistas capturados. Um dos casos que agora vem à luz é o a Dinamarca, em 1945, que engajou dois mil militares - boa parte deles em torno dos 16 anos de idade, em campo já há meses, graças a ordens cada vez mais insanas de Hitler e seu alto escalão no semestre final da Guerra - em uma missão para limpar a costa oeste da Dinamarca das cerca de dois milhões de minas colocadas ali pelos nazistas. O roteiro do filme é bastante criterioso ao apresentar os personagens. A introdução do Sargento Carl Rasmussen (Roland Møller, em excelente atuação), por exemplo, é uma das mais marcantes e infelizmente uma linha de primeira impressão que irá impactar negativamente no terço final da fita, dada a mudança de comportamento do militar. Nesse ponto, a relação do público se dividirá. Penso que todos sentirão o peso da decisão abrupta do roteirista e também diretor Martin Zandvliet, mas diante de todo o restante, haverá diferenças de peso nesse aspecto e claro, na avaliação final do longa. Particularmente, tenho uma relação de pura imersão em filmes com a temática de desarmar bombas. Um dos momentos mais tensos do cinema da década passada, para mim, aconteceu na sessão de Guerra ao Terror e aqui em Terra de Minas senti quase a mesma coisa. A diferença é que neste filme germano-dinamarquês há uma dose imensa de poesia e lirismo, de relações das mais diversas categorias (moral e ideologicamente complexas, o que torna o filme bem difícil de digerir, se levarmos em consideração a troca de papéis entre oprimidos e opressores) e fuga de certos caminhos ao abordar bandidos e mocinhos, algo que a obra de Kathryn Bigelow não propunha fazer. A fotógrafa Camilla Hjelm cria uma interessante dinâmica de observação e acompanhamento dos personagens, mudando a nossa perspectiva dos momentos de desarmamento de bombas para planos mais abertos e fotografados com mais luz ao mostrar a interação ente os jovens e os delicados momentos em que o ambiente natural, apesar de ameaçador - e apesar de a morte fazer parte da vida desses garotos o tempo inteiro - oferece algum nível de acolhimento. Curioso é que quase na mesma medida, vemos contrastes de comportamento na interação entre os soldados e também deles com o ambiente ao redor. Para esses momentos cruéis existem alguns detalhes fotográficos presentes, normalmente identificados por um leve filtro, sombra ou maior contraste de cor nas cenas. Como era de se esperar, a direção precisou orquestrar com muito cuidado os momentos de silêncio e ação para não tornar o filme uma crueldade em belo espaço. A montagem tem uma fluidez constante e exceto nos cortes entre os blocos de “partida para a ação” que temos no começo e em uma parte das instruções, lições ou cenas de crueldade contra os jovens alemães, cria uma excelente figuração para a obra, abrindo espaço visual coerente - e bem dirigido - para duas das partes técnicas mais necessárias em obras desse porte: a edição e a mixagem de som. Filmes como o já citado Guerra o Terror ou dramas de guerra mais profundos a lancinantes como O Filho de Saul têm em comum a criação da atmosfera história e geográfica também através do som. Detalhes de vozes em meio a barulhos da natureza, sons de objetos, passos, explosões, tudo isso em uma cadência capaz de nos colocar sob forte tensão, esperando uma explosão a qualquer momento ou utilizando de artifícios sonoros adicionais para sustentar algo que a imagem às vezes oculta ou mostra parcialmente. O jogo não é fácil e é sempre gratificante ver quando um filme apresenta esse trabalho em grande estilo. ''Terra de Minas'' é uma obra tensa e bela. O roteiro tem tropeços na evolução ou certo exagero na representação de alguns personagens, posturas que acabam sim influenciando a narrativa - como disse antes, o peso que isso terá para cada espectador, deve variar –, mas considerando o denso fator humano em questão e a discussão não apenas moral, mas histórica e ideológica sobre crimes de guerra, sustenta com facilidade o outro lado do enredo, escancarando mais uma vez o horror da guerra e a pergunta do por quê a chamada civilização ainda segue com isso." (Luiz Santiago)
89*2017 Oscar / 2017 Sundance
Top Dinamarca #25
Nordisk Film Amusement Park Films Majgaard K5 International K5 Film Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF) Goethe Filmproduktion Erfttal Film
Diretor: Martin Zandvliet
22.938 users / 5.958 face
26 Metacritic 3.381 Down 529)
Date 24/05/2018 Poster - ##### - DirectorZaza UrushadzeStarsLembit UlfsakElmo NüganenGiorgi NakashidzeIn 1992, war rages in Abkhazia, a breakaway region of Georgia. An Estonian man, Ivo, has decided to stay behind and harvest his crops of tangerines. In a bloody conflict at his door, a wounded man is left behind, and Ivo takes him in.[Mov 10 Favorito IMDB 8,3/10] {Video/@@@@} M/73
TANGERINAS
(Mandariinid, 2013)
TAG ZAZA URUSHADZE
{intenso}Sinopse ''Aldeias estonianas foram formadas na Abecásia, na segunda metade do século 19. A guerra entre Georgia e Abecásia começou em 1992 e alterou a vida pacífica dos habitantes estonianos. A maioria decidiu voltar para sua terra natal. As aldeias ficaram vazias, apenas alguns permaneceram. O estoniano Ivo ficou para colher suas plantações de tangerinas. Em um conflito sangrento na porta de casa, um homem ferido é deixado para trás, e Ivo é forçado a cuidar dele.''
"A partir de uma história simples, minimalista, ancorada em poucos personagens, Urushadze cria um poderoso relato antiguerra e em defesa do diálogo e da tolerância, onde cada personagem tem um significado mais amplo. Há muito dito no pouco que se mostra." (Silvio Pilau)
“O cinema é uma grande fraude”. Em uma das passagens de ''Tangerinas'', filme estoniano dirigido pelo georgiano Zaza Urushadze, esta frase é apresentada aos telespectadores. Conquanto a cena possa parecer banal diante toda a conjuntura do roteiro, a proclamação de tal mote exibe um dos expoentes da película. Sendo a sentença proposital ou não, a obra consegue um feito quase inédito quando comparada às produções hollywoodianas que abordam a guerra. Primeiramente, Tangerinas consegue criar uma atmosfera ímpar ao não privilegiar o lado conhecido desses grandes conflitos, - as bombas, armas, destruição, explosões e os efeitos especiais por vezes forçados e infindáveis - dando maior ênfase ao viés ideológico dessas hostilidades, principalmente através de um protagonista que é civil, não apresenta nenhuma preferência partidária e um cenário que não, não é um campo de batalha! Em meio a uma incessante gama de produções cinematográficas pós 11 de setembro e invasão ao Iraque que se mostram repetitivas, panfletárias, tendenciosas e medíocres, o filme de Urushadze é inovador. Como o próprio diretor disse, acaba não sendo sobre a guerra em si; e sim sobre os valores humanos e a humanidade em condições extremas. Chega a ser surpreendentemente gratificante contemplar uma película que não apresenta os Estados Unidos, a Europa ou qualquer outra nação como salvadora e defensora da pátria. A guerra é exibida como desnecessária e animalesca, como o caminho mais distante para obter a paz, em que nenhum dos lados é íntegro. ''Tangerinas'' é um filme histórico que se passa na Guerra da Abecásia, no início da década de 1990. A disputa por esse pequeno território teve início com a dissolução da União Soviética, no final da Guerra Fria. O recém-independente Estado da Geórgia travava uma luta pela região com separatistas da própria Abecásia que, por sua vez, recebiam o apoio de russos, chechenos e outros povos. Apesar de ficcional, a película de Urushadze poderia muito bem ter acontecido durante o conflito - não somente devido ao roteiro, como também à ambientação e às personagens, visto que algumas foram baseadas em pessoas que o diretor realmente conheceu. Ivo (Lembit Ulfsak) e Margus (Elmo Nüganen) trabalham no meio rural com a produção de tangerinas, típicas da região. O início da guerra forçou seus parentes, que moravam com eles, a voltarem para a Estônia. Os dois homens, todavia, continuaram resistindo para permanecerem no local em que viveram durante toda sua vida. O cotidiano dos fazendeiros é por fim afetado quando um grupo de chechenos entra em conflito armado com um de georgianos, próximo à propriedade dos produtores de tangerinas. Com a morte de quatro dos seis militantes, Ivo e Margus conseguem salvar o checheno Ahmed (Giorgi Nakashidze) e o georgiano Niko (Misha Meskhi). É claro que as desavenças ideológicas dos combatentes sobreviventes iriam proporcionar conflitos. No entanto, perante a promessa de que não irão matar um ao outro sob o teto de Ivo, uma espécie de guerra fria - a referência não poderia ser mais clara - é sucedida entre Ahmed e Niko. A desenvoltura de ''Tangerinas'' é espetacular. Apesar de não trazer muita inovação com a câmera e a montagem, a ambientação é sensacional. Contrapondo os cenários clássicos de filmes baseados em guerras, as cenas são extremamente simples e se passam inteiramente na aldeia isolada de Ivo e Margus. A fotografia, apesar de esteticamente elegante, não deixa o telespectador esquecer de que um grande conflito está acontecendo. A hostilidade e superficialidade do combate são traduzidas com leveza através das imagens de uma paisagem bonita e, ao mesmo tempo, melancólica. ''Tangerinas'' consegue, com sutiliza, prender o telespectador. Não são efeitos especiais ou um roteiro cheio de reviravoltas que mantém um bom ritmo para a película. Na verdade, o oposto ocorre: as ótimas atuações do elenco, centrado em quatro personagens, mesclam o temor da guerra com a sensibilidade que ainda existe no ser humano. Um exemplo extremamente pertinente é a personagem Ivo, que constrói uma empatia incrível. Mesmo sendo indócil em alguns momentos, o solidário homem não impede que a guerra destrua seu humor, apresentado em diversas cenas - ainda que interrompido por algum inconveniente, nos remetendo de maneira ríspida ao ambiente de guerra. Em suma, a obra questiona também a maneira de retratar esses grandes conflitos, demonstrando que, por trás de todas as proezas bélicas e ideológicas, também existe um ser humano. A simplicidade, destreza e delicadeza do filme estoniano são concretizadas através dos diálogos. Tanto Ahmed quanto Niko mostram-se dispostos a defender a qualquer custo suas ideologias. Contudo, fica em aberto o questionamento comum à máquina da guerra: afinal, eles sabem qual o fundo desse ódio? O que é esse rancor imposto por alguém - quem? - que se mostra desvantajoso para todos os lados e é desumano? ''Tangerinas'' consegue ser um filme antibélico sem se tornar piegas, e despertar, especialmente com seu desfecho, um otimismo acerca do rumo que toma a humanidade. A película de Urushadze nos lembra que temos nossas individualidades e virtudes que, apesar de muitas vezes se perderem em meio a ideologias e espectros materialistas, fazem parte da essência do ser humano e podem ser o caminho para a destituição dos discursos de ódio e ascensão de, por fim, um ambiente realmente humanitário." (Gabriel Tukunaga )
87*2014 Oscar / 72*2014 Globo
Allfilm Georgian Film
Diretor: Zaza Urushadze
28.207 users / 12.314 face
18 Metacritic
Date 02/06/2018 Poster - ##### - DirectorMichael BayStarsMark WahlbergAnthony HopkinsJosh DuhamelA deadly threat from Earth's history reappears and a hunt for a lost artifact takes place between Autobots and Decepticons, while Optimus Prime encounters his creator in space.[Mov 03 IMDB 5,2/10] {Video/@@} M]27
TRANSFORMERS - O ÚLTIMO CAVALEIRO
(Transformers: The Last Knight, 2017)
TAG MICHAEL BAY
{esquecível}Sinopse ''Optimus Prime procura os criadores de sua espécie em viagem ao espaço, encontrando os Quintessons e o gigantesco vilão Unicron, um robô-entidade que devora Planetas. Em paralelo, Cade Yeager se une aos Dinobots e a poucos Autobots (Bumblebee, Drift, Crosshairs, Hound e Hot Rod) para salvar o Planeta Terra da iminente chegada do Unicron – que pretende destruir toda a raça humana.''
"Bay segue adaptando seus robozões em entretenimentos retardados, onde é impossível você não se perguntar se o elenco também não compartilha do sentimento de vergonha alheia com tantos diálogos canhestros e a esquizofrenia visual." (Rafael W. Oliveira)
''Tudo bem que esta quinta aventura dos robozões que se transformam em veículos traga o roteiro mais infantil de toda a franquia. Mas quem já viu em outros quatro filmes a luta entre os robôs do bem, os Autobots, e os malvados, os Decepticons, vai assistir este com facilidade. Mark Wahlberg repete o papel de herói humano do filme anterior, ajudando o amigão Optimus Prime, lider dos Autobolts. Com interesse romântico, uma pesquisadora inglesa, Laura Haddock. Anthony Hopkins ganha um troco como um nobre que tenta convencer de que os Transformers já visitaram a Terra desde o tempo do rei Arthur. De resto, pancadaria para alegria da garotada." (Thales de Menezes)
''Ao analisar "Transformers: O Último Cavaleiro", quinto exemplar da franquia dos robôs alienígenas que se transformam em veículos, o importante não é classificá-lo como bom ou ruim. A tarefa adequada é descobrir qual público poderia gostar do filme. Pensando assim, as sessões deveriam ser proibidas para maiores de 12 anos. Os pequenos espectadores têm mais condições de um envolvimento lúdico com robozões trocando socos e pontapés, sem prestar atenção ao roteiro. E que roteiro! Uau! A trama simplesmente propõe que os Transformers visitaram a Terra pela primeira vez na época do rei Arthur. Merlin, por séculos um símbolo de mago poderoso, é revelado um picareta que só ganhou sua fama por utilizar tecnologia alienígena. Anthony Hopkins – em mais um papel facinho numa superprodução de aventura, sua principal ocupação nesta fase de pré-aposentadoria– é uma espécie de guardião moderno da história dos Transformers entre os humanos. Ele tem uma sala decorada com fotos engraçadas de robôs gigantes na Primeira Guerra e outros momentos notáveis dos últimos séculos. Seu personagem está na função manjada de explicar como os jovens heróis podem impedir que outra batalha entre os Autobots (os robôs do bem) e os Decepticons (os malvados) destrua o planeta. O mocinho é o nem tão moço Mark Wahlberg, repetindo seu papel no filme anterior, Cade Yeager, o inventor azarado mas bom de briga. A mocinha é a inglesa Laura Haddock, que interpreta a historiadora Vivian Wembley e surge como substituta plasticamente à altura de Megan Fox, musa dos primeiras aventuras dos Transformers. O casal mostra alguma química no velho modelo de relação no cinema que começa como animosidade e vira paixão. Mas a garotada quer mesmo é pancadaria, então o diretor Michael Bay prova que ninguém precisa de muito enredo para preencher a tela com combates grandiosos. Assim, os confrontos entre Optimus Prime, o robô herói líder dos Autobots, e o rival Megatron, dos Decepticons, vão se arrastar por mais de duas horas de projeção. Principalmente em seu terço final, o filme larga de vez seu fiapo de roteiro e aposta na ação desenfreada. Como se quisesse lembrar a todos que a franquia foi baseada em brinquedos de verdade, populares desde os anos 1980, a ação na tela parece a filmagem de um garotinho no tapete da sala batendo um boneco contra o outro." (Thales de Menezes)
O código de Bay.
''Michael Bay vem desenvolvendo desde Bad Boys um estilo muito particular de lidar com o quadro em seus filmes. A ação caótica, cada vez mais incompreensível, foi se tornando uma desculpa para Bay e seus fotógrafos testarem as mais variadas câmeras em usos de luz dos mais abstratos. Seus set pieces não são o foco, nem as cenas de drama; todas dirigidas no mesmo tom, focando o movimento sempre, mesmo que a montagem fique incompreensível. Bay não pensa os planos enquanto recortes de um todo, mas em pequenos fragmentos de movimento ininterrupto, sempre afeiçoados antes no potencial abstrato de luz e nunca no potencial dramático. ''Transformers - O Último Cavaleiro'' quase segue esse rumo. Aqui nota-se que há um esforço de pensar a mitologia dos robôs não como uma curiosidade para começar o filme, mas levando em conta seu papel na construção do universo representado ali - e nas consequências que isso leva. O roteiro de Art Marcum, Matt Holloway e Ken Nolan abre com mais uma retcom na franquia, dessa vez trazendo a lenda do Rei Arthur como uma historia alternativa de primeiro contato com os Transformers. Paralelo a isso, Optimus recebe uma missão divina de reconstruir Cybertron no lugar da Terra. A morte de uma historia para a substituição de outra é o que liga todos os personagens do filme, e é no que se baseia os arquétipos humanos da narrativa. A personagem feminina principal, que começa com um discurso de equidade feminista e termina sendo subjugada por cada homem da narrativa, é uma historiadora que conta o como a lenda de Rei Arthur e Merlin era uma mentira fantasiosa; o doutor vivido por Anthony Hopkins é um historiador das lendas, um homem interessado nos mitos; a menina Izabella é responsável por cuidar de robôs numa zona de conflito, vítimas da perseguição aos Transformers; o personagem de John Turturro volta à franquia também, justo pelo seu potencial de historias secretas, no que está escondido. Nessa relação de ressignificações históricas enquanto enigmas, Bay aproxima tempos através de situações e o que elas representam. Ainda que encenada e filmada com um descaso absurdo, uma ideia interessante é a da historiadora ser apresentada num jogo de pólo; é como se a ação dos cavaleiros tivesse sido domada, e um esforço civilizatório que não nega as origens da Historia, mas cujos vencedores a domesticam para seus próprios interesses. O problema principal é que essa ênfase na mitologia é toda muito ridícula, e não é possível que pensaram que a solução para esses filmes era complexificar as relações dos personagens dando a eles um subtexto temático, ou recomeçar (novamente) a historia da franquia. É um filme muito sério, sobre historias muito sérias, com personagens muito sérios, e cujo disposição para construção mitológicas desses enigmas que questionam signos e significados é completamente nula. Chega uma hora que colocam vários gênios da historia da humanidade como detentores de conhecimento por serem da linhagem sagrada de Merlin. Eu não acreditei quando me peguei vendo O Código da Vinci Transformers, parece que encomendaram o roteiro pro Nolan. E a pretensão temática furada executada de forma suspeita revela a inconsciência de Bay sobre o que conversa em seus filmes. Em Sem Dor, Sem Ganho, seu melhor filme desde A Rocha, Bay questionava em tela temas que lhe eram caros: o fascismo era ridicularizado, a historia de sucesso do self-made-man fluindo entre a sátira e a sociopatia, toda sua fascinação pelo militarismo era convertida numa ideia falida de masculinidade da época retratada no filme. O moralismo se mantinha ao final, mas isso mostrava mais que era um filme inegavelmente americano que um filme do diretor. A questão interessante disso é que Bay voltou a glamourizar todos as patriotadas e machismos logo em Transformers 4, seu filme seguinte, e isso diz muito sobre a forma do diretor de lidar com seus materiais; é sobretudo ignorância o fio condutor dessas narrativas, e Bay simplesmente parece não saber o que está contando. A contradição disso é justamente a força em A Rocha e Sem Dor, Sem Ganho, e aqui a necessidade do diretor de se desenvolver apenas numa ação anti-questionadora não só o mantém estagnado como trai muito do que se desenha pelos seus filmes de gênero. Bay parece sempre ansioso para pontuar suas cenas com piadas, sejam machistas ou xenofóbicas, e aqui não demonstra disposição nem para apresentar personagens - como o primeiro filme fazia razoavelmente. Transformers sequer traz movimento. Mesmo a estrutura se repete para rearranjar todos os elementos dos outros filmes. A trama do escolhido do segundo filme (ainda o pior da série) se entrelaça com a ficção espacial do terceiro e o hyperlink internacional do quarto filme para trazer um resultado que soa simultaneamente insuficiente e inchado. Mesmo o desenvolvimento de personagens é suspenso quando demanda o roteiro, como Izabella só sumir na segunda metade do filme depois de uma hora a construindo. Quando se vê com 30 minutos que as cenas só não existem, o mínimo que se espera é que se torne algo inacreditável, uma inconsequência convicta. Mas não, nem anárquico formalmente o filme é, é sobretudo um padrão de narrativa clássica muito mal realizada. E por aí tome várias emoções e intrigas nunca sentidas, mas ditas sempre pelo texto. Não que seja muito diferentes de séries como House of Cards ou os filmes da Marvel, mas ao menos esses produtos preguiçosos não vem recheados com tanta escrotice. Chega um momento em que Anthony Hopkins surta e começa a segurar e gritar com uma mulher asiática porque sim, porque parece uma boa piada. Como a cena em que Hopkins, a historiadora vivida por Laura Haddock e Mark Wahlberg falam sobre o celibato desse último, o que não é possível que não tenha constrangido todos os envolvidos. A receita pra isso dar certo não é tão absurdo, é saber encenar ação - é um filme de bonecos, afinal. Essa tentativa de complexificar gera cenas hilárias como a que Hopkins e Turturro descobrem que o ponto central da profecia é Stonehenge, uma histeria coletiva filmada como uma grande descoberta. Na hora de resolver um enigma, é sintomático que os personagens só entrem na sala e comecem a destruir tudo para achar o tesouro. Não há um esforço de mistério, não há curiosidade; o que há são piadas sexistas enquanto a ação acontece. Bay cada vez mais caminha para uma anulação da narrativa, para a fragmentação completa da linguagem, em que pode misturar aspectos, formatos, digital com película, gopros e 5Ds ao seu IMAX 3D, luz natural estourada com texturas e partículas. Nesse filme ele ainda tenta contar uma historia, e talvez isso seja o que o mais comprometa." (Gabriel Papaléo)
Paramount Pictures Hasbro Di Bonaventura Pictures Huahua Media Ian Bryce Productions Tom DeSanto/Don Murphy Production
Diretor: Michael Bay
99.551 users / 27.458 face
47 Metacritic 134 Up 75
Date 11/06/2018 Poster - #[/green - DirectorTaika WaititiStarsChris HemsworthTom HiddlestonCate BlanchettImprisoned on the planet Sakaar, Thor must race against time to return to Asgard and stop Ragnarök, the destruction of his world, at the hands of the powerful and ruthless villain Hela.[Mov 03 IMDB 7,9/10] {Video/@@@} M/74
THOR - RAGNAROK
(Thor: Ragnarök, 2017)
TAG TAIKA WAITITI
{divertido}Sinopse ''Thor está aprisionado do outro lado do universo, sem seu martelo, e se vê em uma corrida para voltar até Asgard e impedir o Ragnarok – a destruição de seu lar e o fim da civilização asgardiana – que está nas mãos de uma nova e poderosa ameaça, a terrível Hela. Mas primeiro ele precisa sobreviver a uma batalha de gladiadores que o coloca contra seu ex-aliado e vingador – o Incrível Hulk.''
"Ragnarok apenas explicita o que os filmes da Marvel desta década são: uma piada contínua. Recauchutada até o talo, com efeitos especiais maçantes e narrativa absolutamente frágil e pífia. Mais do mesmo." (Alexandre Koball)
"Tem todos os defeitos deste tipo de filme: excesso de personagens, tom megalomaníaco, cenas de luta confusas, CGI artificial, e vilão incoerente. Tem algumas boas piadinhas aqui e ali, mas é pouco. Com o perdão do trocadilho, um quase THORmento." (Régis Trigo)
"Assumindo-se como comédia escrachada, 'Thor: Ragnarok' é indubitavelmente divertido, mesmo que para isso sacrifique elementos pré-estabelecidos em outros filmes do Universo Marvel. Entretém, traz bons momentos, mas também é facilmente esquecível." (Silvio Pilau)
"Essa terceira parte da trilogia quase que nega os dois primeiros que já não eram grande coisa. Cede ao ridículo e o ridículo faz rir. E assim passa o filme inteiro: debochando de si, de seus personagens e da falta do que dizer." (Marcelo Leme)
''Thor: Ragnarok" talvez não seja o melhor filme de super-herói do ano. Mulher-Maravilha é espetacular e também um tanto mais épico. Mas parece inquestionável: Thor protagoniza a melhor comédia do ano. Seja com elenco de heróis ou de gente normal. Não que Ragnarok abandone as batalhas das produções do gênero. Tem muitas, e as duas mais grandiosas são a que abre e a que fecha o filme, ao som de Led Zeppelin. A sacada é expandir para as mais de duas horas de exibição aquelas piadinhas que pontuam os filmes da Marvel. Notadamente na franquia de "Os Vingadores", quando, no intervalo entre combates a seres do mal, os heróis disparam conversas engraçadas. Quase todo mundo sabe que Thor é um deus, então carrega empáfia e arrogância herdadas de seu berço nobre. E Hulk é o gigante que fica cada vez mais forte e furioso quando está estressado. O humor é extraído principalmente do perfil dos heróis. Hulk parece mais uma criança birrenta a cada provocação. E Thor vê sua imagem altiva destruída por uma performance digna dos melhores momentos dos Trapalhões na TV. Para fazer vingar o bom humor numa história de ação com batalhas quase apocalípticas, bons atores são fundamentais. E aí entram um bem engraçado Chris Hemsworth como o herói e os ótimos Tom Hiddleston (o nada confiável Loki, meio-irmão de Thor) e Cate Blanchett (no papel da supervilã Hela, deusa da morte e também irmã de Thor). Fora dessa briga de família, quem vai bem é Mark Ruffalo, como Bruce Banner, a identidade humana do Hulk. De um planeta distante, onde Thor e Hulk lutam em arena de gladiadores, a uma Asgard rumo à destruição pelo ataque de Hela, o filme é algo como 80% piadas e 20% pancadaria. E dá muito certo.'' (Thales de Menezes)
Novos rumos para as grandes produções da Marvel, mas ainda excessivo em seu todo.
''Existe um senso comum entre os que acompanham as produções Marvel desde a primeira investida da iniciativa com Homem de Ferro, a de que sempre poderemos saber o que esperar de todos estes filmes de super-heróis. E de fato, salvo raras exceções como o auto-importante Capitão América: Guerra Civil, grande parte das adaptações destes seres super-poderosos saídos direto de HQs lendárias (e que amaldiçoam estes filmes a serem eternamente comparados com as caracterizações dos quadrinhos) se acostumaram a ser mantidos dentro de fórmulas seguras, facilmente mastigadas pelo público que se sente satisfeito com a junção de grandes efeitos especiais em exibição, cenas de ação constantes e muito, muito humor saindo da boca de personagens unidimensionais, o preto no branco. Claro, neste meio tempo tivemos um ou outro título que visava respirar (ou tentar) fora da caixinha destas fórmulas, algo que acometeu o primeiro Thor, cuja trama de ares shakesperianos que enfocava no conflito entre o Deus do Trovão (Chris Hemsworth) e seu irmão Loki (Tom Hiddleston) parecia buscar uma identidade própria em meio à mesmice das grandes produções, mas o extremo controle criativo de produtores que ainda não se sentiam confiantes para arriscar sufocou a trama de ares trágicos comandada por Kenneth Brannagh (de Hamlet). A sequência Thor: O Mundo Sombrio veio para cimentar de vez o descontrole da megalomania, perdendo ali grande parte do senso de noção do exagero, falta de tom e lógica interna. Thor parecia, então, fadado a ser apenas mais um dos rostos entre o grupo intitulado Vingadores. Mais eis que as prévias de Thor: Ragnarök começaram a direcionar as expectativas (ou a falta delas) para um caminho, no mínimo, inusitado para o que já havíamos visto anteriormente, e os trailers extremamente coloridos, acompanhados por uma trilha-sonora eletrônica sintetizante e a escalação de Taika Waititi (de sucessos indies respeitáveis como Boy e O Que Fazemos Nas Sombras) na direção começavam a indicar uma nova roupagem para o estilo de adaptação nas histórias de herói. Afinal de contas, mesmo após o afastamento de alguém como Edgar Wright do comando de Homem-Formiga, estaria a Marvel pronta para entregar suas histórias na mão de cineastas autorais? Tanta reflexão sobre a situação destas adaptações (e em escala maior, dos blockbusters em geral) é algo que surge naturalmente enquanto assistimos a Ragnarök. Muito do que já havia nos teasers e trailers (uma das novas maldições do cinema contemporâneo) é confirmado pelo filme de Waititi, que frente a tudo que já foi transposto diante das tantas e tantas adaptações incansáveis de super-heróis, assume seu filme como um gênero disfarçado dentro de um gênero. No caso, toda a roupagem de heróis poderosos, vilões indestrutíveis (neste caso, uma divertidíssima Cate Blanchett) e aquela velha missão de salvar algum mundo parece mera desculpa para Waititi fazer a sua própria comédia de deboches. Pois sim, Ragnarok talvez seja a produção de maior veia humorística já produzida pela Marvel. Para Waititi, isto se torna a bênção e a maldição de Ragnarok. A abertura movimentada e espalhafatosa já anuncia o que virá pelos 120 minutos seguintes, o que denota tanto uma segurança no tom desta nova aventura, mas também deixa claro o pouco tato do roteiro de Eric Pearson para extrair o que há de melhor nesta nova oportunidade. Ou melhor, Pearson extrai tudo o que pode, e talvez até demais, visto que as inúmeras gags e diálogos cômico constantemente oscilam entre o realmente espirituoso e o que há de mais banal na extrema necessidade de fazer o público rir. Quando auxiliado pelo elenco, o filme ganha graças ao bom preparo da presença cômica de Hemsworth (que já havia se saído muito bem no infame Caça-Fantasmas), o deboche constante de Blanchett como a típica composição caricata que se esbalda na personalidade maléfica de sua personagem, no sempre carismático Loki de Hiddleston (e é impressionante como o ator funciona bem quando Hollywood não o tenta vender com o sex appeal vergonhoso de Kong: Ilha da Caveira, por exemplo) ou na participação cartunesca de um Hulk abobalhado e de risadas fáceis graças a seu jeito desengonçado. E nem por isso os atores deixam de ser obrigados a exclamarem tentativas fora de hora e até mesmo duvidosas de nos fazer rir, como nas sucessivas quedas dos personagens (sério, até quando irão pensar que fazer alguém cair e se bater o tempo todo é algo genuinamente engraçado), diálogos sem muito sentido que parecem querer se aproximar das comédias de constrangimento dos irmãos Farrely, ou até mesmo a tirada com a palavra ânus. E se como comédia assumida Ragnarok se mantém constantemente oscilante, como o típico filme de super-heróis o filme sofre novamente com o desgaste de uma fórmula que segue pelo caminho previsível de vários rostos super-poderosos que, de início, não se entendem, mas que ao final de tudo, precisam se unir para derrotar a vilã da vez, no caso, uma vilã que está ali apenas porque, no fim das contas, todo herói precisa de um vilão para derrotar e se vangloriar. E por mais que a aventura deboche da própria fórmula em certos momentos, essa extrema auto-consciência pouco redime o filme de seu caminhar redundante, apesar de que Waititi compensa, até certo ponto, com os ares psicodélicos e oitentista da aventura. Pois sim, o que há de melhor em Ragnarok é seu resgate de uma ambientação futurista regada a uma identidade oitentista que em muito lembra Tron - Uma Odisséia Eletrônica, seja pelo visual cósmico e futurista da direção de arte de Dan Hennah, pela música com ares de balada eletrônica de Mark Mothersbaugh, ou a fotografia de Javier Aguirresarobe que ressalta a vivacidade das cores nos cenários. Em termos de ambientação, Ragnarok é bastante competente e crível, algo ressaltado pelo interessante uso do 3D na profundidade dos ambientes. Mas a sensação que fica após a projeção é a de que acompanhamos vários vestígios de um bom filme, que sim, se dá a liberdade de respirar assumindo de vez sua própria veia cômica, e tomando sua própria liberdade na elaboração visual do universo. Mas, talvez pelo excesso de auto-consciência por detrás de sua liberdade, o filme de Waititi pese a mão no que poderia ter dado certo ao filme se este tivesse sido melhor dosado, o que o torna uma aventura continuamente desesperada em ser aprazível, e não um entretenimento pensado para que seus elementos estejam bem dosados. De qualquer forma, a Marvel começa a demonstrar sinais de que pode sim, se sentir disposta a entregar produtos cujos passos nos levam para experiências diferenciadas, só não é preciso transformar estes heróis em versões com super-poderes de Os Trapalhões." (Rafael W. Oliveira)
Walt Disney Pictures Marvel Studios Screen Queensland
Diretor: Taika Waititi
368.479 users / 248.458 faceSoundtrack Rock Led Zeppelin
54 Metacritic 33 Up 5
Date 31/07/2018 Poster - # - DirectorCéline SciammaStarsZoé HéranMalonn LévanaJeanne DissonA family moves into a new neighborhood, and a 10-year-old named Laure deliberately presents as a boy named Mikhael to the neighborhood children.[Mov 10 Favorito IMDB 7,4/10] {Video/@@@@@} M/74
TOMBOY
(Tomboy, 2011)
TAG CÉLINE SCIAMMA
{inesquecível / inspirado}Sinopse ''Laure (Zoé Héran) é uma garota de 10 anos, que vive com os pais e a irmã caçula, Jeanne (Malonn Lévana). A família se mudou há pouco tempo e, com isso, não conhece os vizinhos. Um dia Laure resolve ir na rua e conhece Lisa (Jeanne Disson), que a confunde com um menino. Laure, que usa cabelo curto e gosta de vestir roupas masculinas, aceita a confusão e lhe diz que seu nome é Mickaël. A partir de então ela leva uma vida dupla, já que seus pais não sabem de sua falsa identidade.''
''A ser visto sem se saber nada dele, para que se possa degustar o impacto do décimo minuto, quando a personagem principal sai do banho. Outro trunfo de Sciamma está na sensibilidade do protagonista, aproximando o público de seus dramas. Comovente.'' (Rodrigo Torres)
''Em tempos em que a homofobia é tema de debates em diversas esferas, o filme Tomboy ganha importância ao mostrar como nascem o preconceito e a intolerância. E o faz sem a necessidade de levantar bandeiras ou aplicar um discurso panfletário. A produção francesa que ganhou o último Festival Mix Brasil conta a história da garota Laure (Zoé Héran), que se muda com sua família para um novo apartamento durante as férias de verão. O condomínio conta com uma vasta área verde que é usada para brincar pelas crianças. Ao se apresentar aos novos vizinhos de sua faixa etária, Laure prefere se passar por um menino e usa o pseudônimo Michaël. Como tem apenas dez anos, a falta de curvas em seu corpo facilita o disfarce, mas não a livra de situações em que precisará de jogo de cintura para manter a farsa. Laure não tem problemas em jogar futebol no time sem camisa. No entanto, quando todos procuram um muro para se aliviar, ela precisa inventar uma desculpa e se afastar do grupo. Outra ocasião que coloca em risco a mentira é uma tarde de banho em uma represa. Ela resolve o problema do traje de banho com uma tesoura e um maiô. Depois, usa massa de modelar para criar volume debaixo de sua sunga improvisada. Todo o esforço da protagonista é motivado pela paixão que sente por Lisa (Jeanne Disson), uma das moradoras do condomínio. Todas as crianças aceitam a presença de Michaël e nem suspeitam que, na verdade, é uma menina. A farsa é tão bem-sucedida que os sentimentos de Laure por Lisa parecem ser correspondidos. Depois de estabelecida a aceitação de Michaël na turma, a questão da gênese do preconceito é retomada quando Jeanne (Malonn Lévana), a irmã mais nova de Laure, descobre tudo. Quando se espera que a menina alardeie aos quatro ventos a mentira de sua irmã, o que acontece é o contrário. Jeanne acha uma boa ideia entrar no jogo. Julga que ter um irmão mais velho seja mais eficiente porque, na visão dela, Michaël seria mais competente do que Laure para defendê-la das provocações de outras crianças. Jeanne age de tal maneira por causa de sua pureza. Ela ainda não foi bombardeada com argumentos de ódio ou de respeito e, por isso, age de forma natural. A menina acha que sua irmã mais velha tem o direito de se passar por um garoto se isso a faz feliz. Alheia à discussão dos adultos, Jeanne não confronta, apenas aceita. ''Tomboy'' só funciona porque o filme oferece um primoroso trabalho do elenco-mirim, como o cinema francês já nos presenteou em outros casos (Stella e O Pequeno Nicolau, apenas para citar dois exemplos). Tanto os papéis principais quanto os coadjuvantes são defendidos por pequenos atores de grandes talentos, o que dá ao enredo autenticidade.''
(Cine Click)
Descobertas e dúvidas da pré-adolescência.
''Abordar o universo infantil e adolescente no cinema nem sempre é fácil. Alguns resolveram contar suas histórias por uma linha autobiográfica e realista, como Truffaut, em Os Incompreendidos (Les Quatre Cents Coups, 1959) e Na Idade da Inocência (L´Argent de Poche, 1976). Outros partiram para o mundo da fantasia, como Wolfgang Petersen, em A História sem Fim (The Neverending Story, 1984), e Spike Jonze, em Onde Moram os Monstros (Where the Wild Things Are, 2009). Outros ainda, preferiram passar seus recados ao estilo cartoon, como Louis Malle, em Zazie no Metrô (Zazie Dans Le Metro, 1960) e Chris Columbus em Esqueceram de Mim (Home Alone, 1990). De um modo geral, o difícil é conciliar as necessidades narrativas com as realidades do mundo da criança (o que geralmente explica roteiros que conferem uma inteligência e maturidade incompatível com a idade cronológica do personagem mirim). No entanto, talvez mais difícil que isso, seja a tarefa de enfrentar o tema da descoberta da identidade sexual. Alguns diretores aceitaram o desafio, como Lukas Moodison, em Amigas de Colégio (Fucking Amal, 1998), Kimberly Pierce, em Meninos Não Choram (Boys Don´t Cry, 1999), Pawell Pawlikoswki, em Meu Amor de Verão (My Summer of Love, 2005), e Cristina Sciamma, em Lirios D`Água (Naissance des Pieuvres, 2007). Todos estes filmes abordavam o início das experiências sexuais por garotas na faixa dos 15 anos para cima. Agora, a mesma Sciamma volta a assunto com Tomboy (idem, 2011), vencedor do Teddy Bear no Festival de Berlim de 2011, e que aborda o assunto da sexualidade na pré-adolescência. Ela se chama Laura (Zoé Héan). Tem 10 anos. Logo na primeira cena, vemos apenas sua nuca. Um cabelo loiro e bem curto. Ela estica as mãos parecendo querer voar em meio às folhagens que a cercam. Rapidamente percebemos que ela está em pé, dentro de um carro em movimento, e seu pai (Mathieu Demy) segura suas pernas com segurança. Em seguida, ele a ensina os primeiros movimentos ao volante, virar à esquerda, à direita, dar seta etc. Em casa, descobrimos que Laura tem uma irmã, Jeanne (Malonn Lévana), de 6 seis anos, e que sua mãe (Sophie Cattani), está grávida de um menino que deve nascer nos próximos dias. O ambiente é harmonioso, as filhas são amadas, e os pais se respeitam. Uma família de bem com a vida. Mas algo estranho se passa com Laura. Ela quer fazer novas amizades com as crianças do bairro para onde acaba de se mudar. Ela vai dar um volta nas redondezas para se aproximar de alguns garotos que viu pela janela do seu apartamento. Em vez deles, Laura encontra Lisa (Jeanne Disson), uma menina da sua idade, talvez um ano mais velha, que aparentemente foi colocada de lado nas brincadeiras dos meninos. Lisa se aproxima e pergunta a Laura seu nome. Ela segura a resposta por um segundo, olha para o lado, e retruca: Michael. O corte de cabelo, as roupas e os trejeitos masculinos tornam aquela afirmação perfeitamente crível. Lisa apresenta o novo morador do bairro para os outros garotos e, em pouco tempo, Michael (ou Laura) é aceito como mais um elemento integrante da turma. Os conflitos de Tomboy nascerão da busca de identidade sexual de Laura, e da sua tentativa de prolongar uma mentira sabidamente insustentável no longo prazo. Tomboy aborda o sempre delicado tema da passagem da infância para a adolescência, em que meninos e meninas passam a ter uma noção mais precisa do corpo e a fazer a descoberta da própria sexualidade. Sem dúvida, umas das fases mais difíceis da vida, não tão rósea como se propaga na mídia, em que os jovens são metralhados por turbilhões de informações, emoções e sensações, para as quais eles ainda não têm a maturidade suficiente de compreensão. É o que acontece com Laura, a protagonista da história. Com 10 anos, ela está começando a viver este momento. Obviamente que ela tem a consciência de que é uma menina e das implicações que isso traz. Mas por algum motivo qualquer, ela não está confortável com o seu sexo, com seu corpo e com sua aparência. Aparentemente ela se sente mais à vontade com o cabelo bem curto (em vez de cachos) e com camisetas e shorts (em vez vestidos ou saias), que lhe dão um aspecto visual realmente ambivalente. Seu corpinho magrinho e ainda indefinido, ajuda. Laura não tem nem mesmo certeza se gosta do sexo oposto. Mesmo despertando o interesse de Lisa e incentivando um breve flerte, não fica claro se ela tem prazer na companhia da nova “namorada” ou no rápido beijo das duas. As respostas para as dúvidas de Laura sobre sua homossexualidade não estão no filme e caberá ao espectador tirar suas próprias conclusões. Felizmente o roteiro, também de autoria de Sciamma, não aponta os motivos que levaram Laura a assumir, perante os colegas, uma identidade masculina. Certamente a razão não está no ambiente familiar. Seus pais têm um bom relacionamento, sem brigas, sem xingamentos, de inteiro respeito. Não há a solução fácil de fazer deles os vilões da história, transformando-os em alcoólatras, viciados em drogas, pedófilos ou coisas do tipo. Ambos demonstram muito amor pelas filhas, confiam nas suas respectivas potencialidades (quando o pai ensina Laura a dirigir), são amorosos quando necessários (quando o pai pega Laura em seu colo), e compartilham a todo instante com elas a notícia da chegada do irmãozinho (quando a mãe pede para que elas escutem os movimentos que ele faz dentro da sua barriga). É verdade que os pais se mostram um pouco ausentes do universo das filhas (o pai está com um emprego novo e a mãe é obrigada a passar o dia inteiro repousando). Mas este dado, além de me parecer uma opção da diretora, que quis conscientemente excluir os adultos da narrativa, não justificaria a conduta de Laura. Ela está em dúvida com o seu sexo e pronto. Nem todos os nossos atos têm explicações psicológicas. Na temática, Tomboy lembra um pouco o bom filme belga Minha Vida em Cor de Rosa (Ma Vie en Rose, 1997), que contava a história de um menino que se vestia com as roupas da mãe, causando uma comoção na família e na cidade. No entanto, enquanto que na obra de Alain Berline (que chegou a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro), o ar era de comédia e fantasia, em Tomboy o clima é austero, sem trilha sonora, sem perfumaria. O silêncio é elemento importante da narrativa, que intensifica a dúvida e o isolamento da protagonista. Há também muita câmera na mão e longos planos-sequências. Em certos momentos, Tomboy parece um filme dirigido pelos irmãos Dardennes. Em um trabalho tão minimalista assim, há que se destacar o elenco, em especial a atuação de Zoé Héran no papel central. Em algumas entrevistas de divulgação do filme, a diretora Sciamma afirmou que se não fosse Zoé, Tomboy nem sequer existiria. E eu acredito. A narrativa é toda calcada na ambivalência do sexo de Laura. Para que a coisa funcionasse, o público teria que acreditar na possibilidade de ela ser vista e aceita pelos colegas como um menino. E a interpretação de Zóe faz tudo isso possível. Tanto que quando Laura assume a identidade de Michael, ninguém desconfia que ela esteja mentindo (o roteiro é esperto em não revelar o nome da personagem até o momento exato que a história pede). A composição de Zóe é tão perfeita que, ao final, quando ela é obrigada e usar um vestido longo, nós simplesmente achamos que algo está errado e recusamos a acreditar que ela possa ser realmente uma menina. Além de Zóe, não dá pra deixar de falar de Malonn Lévana, a jovem atriz que faz Jeanne, a irmã de Laura. Sua espontaneidade cativa o público logo de cara. Na sequência em que é apresentada, é impressionante o modo como ela olha para o pai (fora do quadro) e estica os braços em busca de um abraço. Há mais verdade e sentimento naquele olhar do que em muita atuação premiada com o Oscar por aí. Além disso, a química entre Malonn e Zóe nos faz acreditar no amor entre aquelas duas irmãs e na relação de confiança que se estabelece mais à frente entre elas. As cenas em que ambas aparecem brincando no quarto ou na banheira são de um ternura real que há tempos eu não via. Se a diretora afirmou que Tomboy não existiria sem a atriz que interpreta Laura, eu acrescentaria dizendo o que o filme perderia muito da sua força sem a jovem que faz sua irmã. Sem psicologismos, sem explicações baratas, sem firulas (a curta duração mostra isso) e sem edulcorar a realidade, Tomboy é eficiente na sua proposta. Sciamma é honesta em retratar as dificuldades de adolescentes de pele e osso, que existem em mundo real e não fantasiado. A cena final de Tomboy, ao menos, parece indicar que Laura se aceitou como é. Mas como em assuntos como esse não há respostas definitivas, caberá ao espectador preencher as lacunas da narrativa e fazer internamente seu próprio filme. Olho em Tomboy, desde já um das obras mais interessantes a surgir nessa safra de 2012 que acaba de se iniciar.'' (Régis Trigo)
2011 Urso de Ouro
Hold Up Films Arte France Cinéma Lilies Films Canal+ ARTE (participation) La Région Île-de-France Centre National du Cinéma et de l'Image Animée Arte / Cofinova 6 Playtime
Diretor: Céline Sciamma
16.712 users / 16.008 face
20 Metacritic
Date 15/03/2020 Poster - ##########