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35 titles
- DirectorLouis MalleStarsBrigitte BardotJeanne MoreauGeorge HamiltonSomewhere in Central America in 1907: Maria II is the daughter of an Irish terrorist. After her father's death, she meets Maria I, a singer in a circus. She decides to stay with the circus, and on her debut as a singer, she unintentionally invents the strip-tease and makes the circus famous. Then they accidentally meet a socialist revolutionary and find themselves leading a revolution against the dictator, the capitalists and the Church.[Mov 06 IMDB 6,4/10 {Video/@@@@@}
VIVA MARIA!
(Viva Maria!, 1965)
''O filme conta a história de Maria II (Brigitte Bardot), a filha de um terrorista irlandês que acabou de perder o pai, que se encontra com Maria I (Jeanne Moreau), uma cantora de circo, no interior de um país imaginário da América Latina, em 1907. Maria II resolve fazer parte do circo com Maria I e quando as duas fazem um número de canto, elas acidentalmente inventam o strip-tease, o que torna o circo famoso.Durante suas aventuras com o circo, acidentalmente elas conhecem um líder revolucionário (George Hamilton) socialista e as duas acabam se tornando líderes de uma revolução contra o ditador local, a igreja e o capitalismo." (Filmow)
****
''Viva Maria!" pode não ser o filme marcante dirigido por Louis Malle. Pode também não ser o que Jeanne Moreau e Brigitte Bardot fizeram de mais inesquecível. No entanto, algo é muito marcante, sim, neste filme: o encontro de Jeanne Moreau e Brigitte Bardot, a musa intelectual e a musa sensual, no mesmo espaço. Elas fazem as Marias que se encontram no México. Encantam as plateias porque são quem são, mas, também por outras razões: interpretam música de Georges Delerue com letras de Jean-Claude Carrière e do próprio Louis Malle. De quebra, traz ainda Paulette Dubost, a formidável Lisette de A Regra do Jogo, de Renoir. Em suma, um filme a reencontrar. '' (* Inácio Araujo *)
1966 Palma de Cnnes
Nouvelles Éditions de Films (NEF) Les Productions Artistes Associés Vides Cinematografica
Diretor: Louis Malle
2.052 users / 144 face
Check-Ins 122
Date 28/02/2013 Poster - ######### - DirectorFrancis Ford CoppolaStarsVal KilmerBruce DernElle FanningA struggling horror writer visiting a small town on a book tour gets caught up in a murder mystery involving a young girl. That night in a dream, he is approached by a mysterious young ghost named V.[Mov 08 IMDB 4,8/10] {Video/@@@@} M/40
VIRGÍRNIA
(Twixt, 2011)Sinopse
''Hall Baltimore é um decadente escritor de terror que vende seus livros por conta própria. Em visita à cidade de Swann Valley, Hall se vê envolvido no misterioso assassinato de uma jovem, morta por uma estaca de madeira. Naquela noite, durante o sono, ele recebe a visita de um fantasma que o convence a ir a fundo nesta história repleta de crianças assassinadas e almas amaldiçoadas. Uma cidade feita de mistérios, onde as respostas estão muito mais próximas de sua vida do que o próprio Hall pode imaginar.''
De volta ao terror gótico, Francis Ford Coppola desarma o tempo para celebrar a juventude.
"O que é mais poético e trágico do que a morte de uma bela jovem?" , pergunta o fantasma de Edgar Allan Poe (Ben Chaplin) ao escritor em crise Hall Baltimore (Val Kilmer) em Virgínia (Twixt, 2011). A morte da beleza, que sempre encantou Poe, também tem assombrado o cinema recente, feito de fantasmas, de Francis Ford Coppola. Desde seu retorno à direção com Velha Juventude (2008) e Tetro (2009), o cineasta veterano tem se entregue a um estilo mais barroco para lidar, poeticamente, com a passagem do tempo como sinônimo de morte. São filmes que abusam de fusões e manipulações de cor - estética que só alguém que produz seus trabalhos do próprio bolso, como Coppola, pode bancar hoje em dia - para pintar uma visão mais saturada da beleza e da morte. Assim como fez no seu Drácula, de 1992, o grande filme barroco de sua carreira, Coppola aproveita o subgênero do terror gótico para dar mais vazão em Virgínia a essa sua tendência estetizante. Então além de fundir a Lua com relógios (o tempo sobre a cabeça de todos), podemos ver no filme o próprio rosto de Poe transformado em Lua, entre cenas que lembram o chiaroscuro de Sin City quando tingem o cenário preto-e-branco de vermelho-sangue. Para o espectador, o visual de Virgínia pode parecer extremamente antiquado, por conta dessas escolhas que remetem a Viagem à Lua ou a Um Cão Andaluz, mas é justamente do tempo (e do que entendemos por velho, novo, atemporal) que o filme trata, misturando modernidades e velhices (a imagem do Macbook branquinho sobre a mesinha de madeira de armar é interessante). Desde os primórdios do cinema, aliás, as fusões sempre foram uma ferramenta de linguagem usada para expressar uma passagem de tempo, e aqui Coppola extrai delas o que as fusões têm de mais dramático. A diferença de Virgínia para Tetro e Velha Juventude é que a melancolia desses filmes dá lugar a um humor despreocupado, como se Coppola começasse a encontrar, neste crepúsculo de carreira, uma paz de espírito dentro dos seus "filmes de morte" . Não por acaso, em Virgínia os jovens são sérios (inclusive a criança que joga cartas com o policial infantilizado do necrotério) e todos os adultos são figuras cômicas - a começar pelo protagonista, cujo potencial anedótico Val Kilmer entende bem. Então dentro de uma trama bem manjada de investigação e redenção (o que vai acontecer quando não houver mais bibliotecas para os protagonistas dos thrillers vasculharem histórias de fantasmas em cidades pequenas?), Coppola minimiza a preocupação dos velhos com o tempo e acaba fazendo um filme que louva a juventude enquanto celebração do instante. Há uma beleza inerente à juventude que está fadada a morrer, mas isso não a torna menos bela. Corta para a ótima cena, síntese de Virgínia, em que uma vampira com aparelhos nos dentes - destinada a ser jovem para sempre, por sua condição de vampira - "cresce" e perde o aparelho. Ao perdê-lo, é como se virasse adulta, mulher, mas sem envelhecer. De novo, Coppola se debruça sobre o tempo, e sobre a perda da inocência, esse tema universal, mas desta vez opera a proeza de fazer o tempo inclemente parar, para que possamos aproveitar em toda a sua glória de sangue a beleza do instante." (Marcelo Hessel)
"Em 1986, o cineasta Francis Ford Coppola passou pelo que, provavelmente, foi o maior trauma de sua vida pessoal, com a morte de seu filho de 22 anos, que foi decapitado em um acidente de barco. Anos mais tarde ele realizaria um filme em sua homenagem, Tucker - Um Homem e Seu Sonho (Tucker: The Man and His Dream, 1988) –, mas de uma forma geral parece que o diretor jamais conseguiu superar, ou pelo menos expressar através de suas obras, o sofrimento de perda. Depois de se dar conta de que se sentia responsável pelo o ocorrido (como todo pai costuma se sentir em uma situação dessas), Coppola decidiu, como disse em uma entrevista, exorcizar seus fantasmas, e "Virgínia" (Twixt, 2011) veio como um veículo para isso. Em Virgínia, filme que já cheira a mofo mundo afora, mas que somente agora estréia no circuito comercial brasileiro, o personagem principal atua como um alter-ego de Coppola, um escritor decadente que investiga as assombrações da cidadezinha de Swann Valley, enquanto tenta superar o trauma da morte de sua filha. Hall Baltimore (Val Kilmer) é aquele homem lidando com temas que estamos acostumados a ver no cinema de Coppola, como a culpa, a redenção e as relações familiares. Resumindo, o que forma um homem no sentido mais completo da ideia, por assim dizer. Assim como o filho do cineasta, a filha de Hall também morreu em um acidente de barco, e assim como Hall, que publicou apenas uma única obra de sucesso e agora luta para ser novamente reconhecido, Coppola nunca conseguiu se livrar da aura de pilar do cinema contemporâneo americano e, conseqüentemente, jamais conseguiu se superar e ganhar algum destaque depois de passados seus anos de glória. Trata-se, portanto, de um filme de redenções, de exorcismos pessoais. Coppola iniciara esse processo em Tetro (idem, 2009) e, livre do peso das cobranças, se vê no direito explorar novas possibilidades sem se preocupar com críticas ou resultados satisfatórios nas bilheterias. De certa forma, é uma posição injusta, pois ao mesmo tempo em que é vangloriado como um mestre do cinema por suas obras-primas passadas, também é ignorado por suas novas tentativas de provar que ainda tem muita coisa de relevante para mostrar. Talvez por isso "Virgínia" tente ser tão desesperadamente novo, diferente e experimental dentro do universo do cinema de Coppola, e ao mesmo tempo não consiga se livrar de tudo o que sempre compôs esse universo. Por trás de toda sua técnica insana, sua direção de arte caprichadíssima e suas afetações visuais incessantes, fora a atmosfera gótica de um conto de horror à lá Edgar Allan Poe (que inclusive aparece como visão do protagonista), Twixt jamais consegue fugir da essência temática da filmografia de Coppola, e a constatação disso parece algo muito doloroso, mas também necessário, para ele. E por mais que seja fascinante estar tão próximo de uma confissão de culpa e balanço de vida de Coppola, Virgínia não se sustenta como cinema, como a simples função de contar uma história e entreter seu público, de forma a incrementar e enriquecer a mensagem final da obra. É deficiente na maior parte do tempo, e o que começa com uma grande atmosfera, cuidadosamente construída e atraente, acaba se desmanchando aos poucos, perdendo seu encanto e interesse, até chegar a um ato final medonho de tão mal estruturado. Parece que, conforme foi se aprofundando em sua história/atestado de culpa, mais Coppola foi se perdendo dentro de seus próprios traumas e fantasmas, e por fim entrega uma conclusão hollywoodiana demais, que termina por espatifar de vez o que já estava frágil desde o início. Perdido entre o que foi nos anos 1970, passando pelo que se tornou ao longo dos anos seguintes, até se encontrar na posição de agora, Coppola conclui com Virgínia que ainda não se redescobriu como artista e não voltou a acertar a mão como almeja. Mas se serviu para que exorcizasse seus demônios pessoais, que seja reconhecido como válido para a possibilidade de um novo projeto futuro, em que talvez enfim ele consiga se realinhar como cineasta e, principalmente, como homem." (Heitor Romero)
"Coppola constrói um filme estranho, que sai do nada e chega a lugar nenhum, mas que conta com um par de surpresas narrativas, além do fato de utilizar Poe é sempre um charme que conta pontos a favor." (Alexandre Koball)
"Se o vinho que embriaga o Val Kilmer foi produzido pela vinícola do Coppola esse Twixt deve funcionar bem como amostra de que os efeitos do seu produto são muito superiores aos dos concorrentes no mercado." (Daniel Dalpizzolo)
"Se antes se dizia que, como produtor de vinhos, Coppola era um ótimo cineasta, depois de ver essa coisa sem pé nem cabeça chamada "Twixt", a frase deve ser invertida." (Régis Trigo)
"Poderia ser uma fábula intrigante em torno de temas bem atraentes, com uma concepção visual bela, mas só vai afundando à medida que o tempo passa." (Vlademir Lazo)
"Os devotos de O Poderoso Chefão, de Apocalipse Now e mesmo de Drácula podem ser os primeiros a se decepcionar com "Virgínia" , mais recente longa de Francis Ford Coppola em cartaz em São Paulo desde ontem. A trama, que parodia dados autobiográficos, gira em torno do impasse criativo de um escritor traumatizado pela morte da filha. Ao chegar a uma cidade perdida no tempo, Hall Baltimore, feito por um Val Kilmer intencionalmente ultrapassado, depara-se com crianças-fantasma, um xerife suspeito e um grupo de jovens com atitude e aparência de vampiros. Longe da grandiosidade operística que caracteriza os filmes mais retumbantes do diretor, ícone do cinema americano dos anos 1970, "Virgínia" é um filme menor. Convém ressaltar que menor também significa outra medida ou até contrário ao padrão que a maioria associa a Coppola. A mudança não tem nada de involuntário, como o diretor explicitou em entrevista à revista francesa Les Inrockuptibles. Se realizei este filme e, antes dele, Velha Juventude e Tetro, foi para me libertar da lembrança um pouco sufocante dos meus filmes dos anos 1970, aos quais todos os seguintes foram comparados. Espero ter alcançado outras perspectivas, pois não faz sentido entrar em competição consigo mesmo. Mais do que tentar atingir de novo um patamar, é melhor tentar se reinventar, declarou. De fato, o que vemos em "Virgínia" é a recusa de convenções, um cinema fora de época, um filme vintage. Para lidar com as limitações de orçamento, Coppola experimenta uma viagem de volta às suas origens como cineasta, quando era um jovem aprendiz e executava tarefas para o produtor Roger Corman em filmes baratos como Sombras do Terror. No entanto, a inclusão de Edgar Allan Poe como personagem e os efeitos pobres não se resumem a mais uma homenagem a Corman. Mais que isso, trata-se de, a exemplo de Corman, forjar uma independência econômica e estética e com elas reavaliar se o cinema ainda pode ser uma forma de expressão alimentada pelo imaginário ou tornou-se para sempre refém da tecnologia." (Cassio Starling Carlos)
American Zoetrope
Diretor: Francis Ford Coppola
7.698 users / 2.372 face
Check-Ins 629 6 Metacritic
Date 10/07/2014 Poster - ######## - DirectorVincent ShermanStarsBette DavisClaude RainsWalter AbelPopular and beautiful Fanny Trellis is forced into a loveless marriage with an older man, Jewish banker Job Skeffington, in order to save her beloved brother Trippy from an embezzlement charge.[Mov 06 IMDB 7,5/10 {Video/@@@}
VAIDOSA
(Mr. Skeffington, 1944)
''A face - devastada, saqueada - de quem reflete no espelho? Certamente não é a de Fanny Skeffington, a mulher mais linda de Nova York. Fanny usou sua beleza para manipular as pessoas e sua vida. Ela encorajou dúzias de pretendentes, mesmo depois de se casar. Mas agora, a difteria roubou seu único e mais valioso atributo. E sem ele, ela está perdida. Bette Davis conquistou sua oitava indicação ao Oscar de Melhor Atriz interpretando Fanny. Apoiada pela interpretação de Claude Rains, como seu devoto marido, por figurinos gloriosos e pela luxuosa trilha assinada por Franz Waxman, Davis pega o que poderia, em mãos menos talentosas, ser apenas um filme de mulher, e transforma em arte pura. Observe sua face arruinada ganhar um brilho extraordinário quando encontra esperança nas palavras: Uma mulher é bela quando ela é amada. Apenas assim". (Filmow)
"Realizando pelo cineasta Vincent Sherman, do saudado Em Nosso Tempo (1944), em meados da segunda guerra mundial, “Vaidosa” (1944), foi um dos primeiros filmes direcionados ao público feminino. Ciente de que boa parte da audiência de cinema daqueles Estados Unidos envolvidos no conflito em terras europeias era de mulheres, a Warner, empresa pela qual a atriz Bette Davis era contratada, resolveu produzir um filme protagonizado por uma mulher. A trama seria romântica, cômica, dramática, meio novelesca, mas descontraída e que exaltasse certas qualidades femininas mais evidentes para a época. Logo, temos Fanny (Bette Davis), uma bela moça, sedutora, mas que antes de devorar homens, tem muito mais apreço pelo jogo da sedução. De família abastada, Fanny se diverte reunindo seus pretendentes na imponente mansão onde mora com o irmão George (Walter Abel). Em seu ambiente nativo, aproveita para manipular aqueles homens ao seu bel prazer, fazendo os exaltar sua beleza, elegância e altivez. Contudo, a prosperidade e tranquilidade de outrora entra em cheque quando se depara falida pelos negócios mal conduzidos pelo irmão. Nesse momento, entra na trama o educado personagem do Sr. Skeffington (Claude Rains), que intitula originalmente o filme. Cavalheiro, empresário bem sucedido, com qual George tem uma suntuosa dívida, acaba apaixonado por Fanny e a moça, para saudar os problemas do irmão, se rende as investidas do homem e aceita se casar com ele. O matrimônio do casal, apesar do respeito mútuo, nunca se torna pleno, principalmente por Fanny continuar sua jornada de diversão, seduzindo homens da sociedade enquanto deixa a filha do fruto de seu relacionamento com o Sr. Skeffington em segundo plano. Em certo momento, a narrativa se torna redundante, com cenas de teor semelhante e creio que um corte não faria nem um pouco mal para fluidez da história. Contudo, devemos lembrar que estamos falando de uma obra da era clássica do cinema norte-americano, um típico épico hollywoodiano e com uma atriz deveras magnética. Então, talvez, fosse mesmo necessário aproveitar mais tempo de sua beleza em cena, principalmente pela personagem ser um artífice da moda da época, praticando diversas trocas de figurino, maquiagem, cabelo, o que era um inevitável atrativo para o público feminino. Apesar desse inicio agradável, carismático, cômico, “Vaidosa” ganha contornos mais atrativos e dramáticos quando uma terrível doença deixa Fanny debilitada e desprovida de beleza. Aqui é o momento em que a atriz Bette Davis se despe do caricato da personagem e presenteia o público com uma atuação vigorosa. Desacreditada, amargurada, Fanny torna se uma mulher alienada e o roteiro, assinado pelos irmãos Epstein, guarda as melhores frases e monólogos para essa segunda etapa. No entanto, como os extras do documentário contido no DVD de Vaidosa informam, o diretor Vincent Sherman deixou a atriz livre para improvisar, e como essa também era uma característica conhecida e prezada por Bette Davis, fica evidente que nuances de algumas cenas não estavam no script. Reconhecida mais pelo notório talento do que pela beleza ou sensualidade aplicada a Fanny, creio que “Vaidosa” seja o momento em que a atriz mais demonstre formosura. Nesse sentido, mesmo por ter uma beleza contida, pequena em relação a outras estrelas da época, o encanto de sua atuação vibrante acaba dimensionando mesmo sua personagem como a mais bonita da cidade. Certamente, “Vaidosa” não estará em uma lista dos melhores filmes de Bette Davis, mas ainda assim é uma produção cercada de atrativos e acredito até que de certa forma dialoga com os melhores trabalhos da atriz, entre eles, a obra-prima O Que Aconteceu com Baby Jane? (1962)." (Celo Silva)
17*1945 Oscar
Warner Bros
Diretor: Vincent Sherman
3.363 users / 277 face
Check-Ins 173
Date 30/05/2013 Poster - ##### - DirectorAlain ResnaisStarsMathieu AmalricPierre ArditiSabine AzémaFrom beyond the grave, celebrated playwright Antoine d'Anthac gathers together all his friends who have appeared over the years in his play "Eurydice." These actors watch a recording of the work performed by a young acting company, La Compagnie de la Colombe. Do love, life, death and love after death still have any place on a theater stage? It's up to them to decide. And the surprises have only just begun...[Mov 08 IMDB 6,4/10] {Video/@@@@@} M/69
VOCÊS AINDA NÃO VIRAM NADA!
(Vous n'avez encore rien vu, 2012)
TAG ALAIN RESNAIS
{inteligente / simpático}Sinopse
''Do túmulo, o célebre dramaturgo Antoine d'Anthac reúne todos os amigos atores que trabalharam ao longo dos anos em sua peça Eurydice, que são convidados para a leitura de seu testamento. Chegando à casa de Antoine, numa vila ao topo de uma montanha, os atores assistem a uma encenação filmada de “Eurydice” por um jovem grupo de teatro (La Compagnie de la Colombe), ao mesmo tempo em que rememoram as suas participações na peça e reencenam o texto também, mesmo sem ter as idades adequadas para os papéis.''
{Estamos sozinhos. Estamos totalmente sozinhos. É a única coisa certa} (ESKS)
"As estripulias de um diretor inquieto e provocativo, que enxerga a vida como uma eterna encenação." (Patrick Corrêa)
"Exercício narrativo que propõe uma sempre instigante intersecção entre cinema e teatro, cheio de truques pelos quais uma arte potencializa e dá novas perspectivas à outra. Resnais segue se divertindo com sua habilidade insuperável de filmar." (Daniel Dalpizzolo)
"A proposta interessante de Resnais da arte se entrelaçando com a arte e com a própria vida, além da noção de passado sempre presente, pois tudo se guarda e tudo é substituível, não necessariamente constrói um jogo de cena tão eficaz quanto o conceito." (Emilio Franco Jr)
"A narrativa é maravilhosamente cativante, e mesmo confusa ao explicar para alguém o porquê ele deve assistir a esse filme, nunca é complicada de se acompanhar. Soa tão natural que até assusta." (Rodrigo Cunha)
"Uma remontagem de Orfeu serve para Resnais brincar e explorar as potencialidades do teatro e do cinema. O final é meio traiçoeiro, mas a proposta é tão original e bem executada (repare como os atores são creditados), que isso nem importa. Belo filme." (Régis Trigo)
"O domínio de Resnais sobre o que há em cena é magistral e suas brincadeiras com as farsas, encenações, e vida real em sobreposições é fantástica. Já é um nonagenário e ainda dá um baile nas gerações mais novas de cineastas franceses." (Heitor Romero)
''Em Alain Resnais, pensamos normalmente como o cineasta do tempo. O que é verdade, mas não toda. Desde o início, o espaço é dimensão privilegiada de seu trabalho. Em Hiroshima, Meu Amor há o espelhamento Japão/França em torno da Segunda Guerra. Em O Ano Passado em Marienbad, o teatro é o lugar de desdobramento da trama amorosa. Em Smoking/No Smoking a repetição (ou alteração) das séries de ações é central. Em A Vida É um Romance, o confinamento dos personagens num mesmo cenário (um castelo) é decisivo. Por isso mesmo, de "Vocês Ainda Não Viram Nada" seria possível dizer, de saída, que, sim, já vimos mais ou menos tudo. Resnais, porém, consegue novamente driblar e entortar seu espectador. Aqui, tudo começa pela voz que convoca vários atores para a leitura do testamento de um famoso dramaturgo, em uma de suas propriedades. Atores que representaram suas peças no passado agora devem opinar (dirá o autor em imagens gravadas) sobre um grupo de jovens que pretende montar novamente uma de suas peças. A peça é a Eurydice, de Jean Anouilh, um dramaturgo hoje meio de escanteio, conhecido sobretudo por suas transposições de tragédias clássicas. A representação em vídeo é a deixa para que os atores convidados repitam as mesmas cenas, para que os espaços se desdobrem, para que o cenário original (a sala da propriedade do dramaturgo) se torne cenário (mental, real?) da representação. O que não exclui o material gravado pelos jovens atores, esse espelho do tempo que passa e nos traga. O cenário se desdobra. O autor prepara tudo para que sua morte e sua eternidade coincidam. Se Resnais não consegue todo o tempo manter a atenção do espectador ligada, é menos pelas repetições (ao contrário, é uma delícia observar as transformações por que passa um texto conforme a interpretação que lhe é dada) e mais pelos diálogos da peça de Anouilh. Talvez seja o lado qualité française de Resnais (do qual ele nunca esteve de todo isento) que presida este reencontro com o também roteirista dos anos 1940 e 50 (escreveu o notável Pattes Blanches, de Jean Grémillon). Pois, assim como Antoine d'Anthac, (o dramaturgo que convida os atores para seu funeral), talvez se eternize na imagem que deixa gravada. Será essa uma maneira de se projetar para a eternidade, de sobreviver à própria morte? (E nessa hipótese, podemos nos remeter, outra vez, a Alain Resnais, cineasta do tempo...)" (* Inácio Araujo *)
''Não é difícil concordar com André Bazin, quando sustenta o cinema como arte impura. O teatro, por exemplo, é uma presença frequente nos filmes. Já em "Vocês Ainda Não Viram Nada" o teatro está em toda parte: há um autor que se manifesta por meio de imagens gravadas e vários atores que trabalharam com ele. Com isso, Alain Resnais nos joga do real ao teatro e vice-versa, com a força habitual de seus filmes." (** Inácio Araujo **)
*****
"É impressionante a vitalidade que demonstra Alain Resnais em seu penúltimo filme: "Vocês Ainda Não Viram Nada". Já no título, o realizador parece lançar um desafio ao espectador. Mas não só a ele. A rigor, trata-se de um autor de teatro que acaba de morrer. Em vez de um enterro convencional, seus atores favoritos vão a seu castelo. Lá, eles serão chamados, por um vídeo que deixou, a novamente dar vida a seus personagens. Isso é só o começo: aqui, Resnais convoca o cinema e o teatro, os vivos e os mortos, os fantasmas e a memória para essa celebração da vida através da obra. Ou da realidade através da arte. Essa fusão, que Resnais trabalhou em quase todos os seus filmes, funciona à perfeição. Momento maior do grande cineasta." (*** Inácio Araujo ***)
O vigoroso teatro cinematográfico de Alain Resnais.
''Junção de todas as artes, o cinema tem por parte do público uma de suas heranças mais vital por vezes sumariamente desprezada: o teatro. Um pouco por motivos óbvios, mas que decorrem também de um erro e má compreensão, quando deixando de ser cinema, ele se reveste de teatro filmado. Não é o caso de Alain Resnais e de outros cineastas verdadeiramente genuínos a lidarem com a matéria do teatro em seus filmes. Há em ''Vocês Ainda Não Viram Nada!'' (Vous n'avez encore rien vu, 2012) um sentimento de fascinação e delírio por o seu mundo, com a encenação como um caminho livre que só presta contas a ela própria. Um processo de aprendizado, uma experiência transformadora pautada por esta idéia de encenação, que compreende a ficção como uma espécie de teatro do mundo. No caso, a ficção dentro da ficção, na substância de que a sua própria matéria é feita, com a nata de atores franceses do cinema e do teatro, todos interpretando a si próprios (Michel Piccoli, Sabine Azéma, Mathieu Amalric e outros que compõem a trupe habitual dos filmes de Resnais) se reunindo para um chamado em uma mansão nos Alpes que pertencia a um dramaturgo recém-falecido, sendo recebidos por um antigo empregado que serve como mestre-de-cerimônias. A razão do encontro é que se concretize o desejo contido no seu testamento: que os atores assistam numa sala de projeção a um vídeo que uma jovem companhia teatral criou encenando uma versão de Eurídice escrita pelo dramaturgo morto, cabendo aos veteranos atores (que possuem em comum o fato de terem encenado a mesma peça em distintas idades e ocasiões) decidir se esse elenco mais jovem deve ou não remontar a obra. O que se estabelece é um jogo de troca entre os atores do vídeo e os que estão na mansão, como uma separação entre passado e presente, até o filme de Resnais se converter em uma das melhores versões para o cinema do mito grego de Orfeu e Eurídice (aqui transposto para a França do século XX), quando os veteranos saem da sala de projeção e tomam outros espaços encenando também a mesma história. Se há vinte anos, no díptico Smoking / No Smoking (idem, 1993) os atores Pierre Arditi e Sabine Azéma sozinhos em cena se revezavam cada um em mais de um personagem, em Vocês Ainda Não Viram Nada! o mesmo casal e outros intérpretes aparecem na tela representando Orfeu e Eurídice em diferentes momentos. Mas se há uma oposição clara entre velhos e novos no filme de Resnais, ela jamais beira o ranço de uma nostalgia ou fede a formol como outros trabalhos que lidam com a memória e um passado de antigas experiências. Um mesmo texto se refaz de diferentes maneiras, situações se repetem para serem colocadas em novas perspectivas, até que a encenação dos veteranos e dos jovens passa a se confundir como a eterna renovação de uma experiência – ou da própria História: há algo de aristocrático e de uma envergadura perfeitamente acabado naqueles, dando lugar a um despojamento e talento que ainda não atingiram suas condições plenas no elenco multiétnico das filmagens em vídeo (concebidas em um galpão). A transição, porém, é inevitável. O que vale é o sentido do espetáculo e da capacidade de fantasiar que nos é dado a partir e através de impressões extraídas do mundo e do cinema, e que faz com que ''Vocês Ainda Não Viram Nada!'' seja tomado de uma energia que o envolve numa vitalidade bastante particular. O que assistimos é um teatro vigorosamente cinematográfico, em que ocorre um tempo propicio e necessário para o desenvolvimento da ação, as pausas, a respiração, os cuidados com o décor, a entonação do elenco, o movimento ou a estaticidade deles, e todos os demais elementos em cena (incluindo o elenco) dispostos perfeitamente no que enxergamos e compreendemos como mise en scène (uma obra que parece dialogar com o filme de Resnais é 36 Vistas do Monte Saint-Loop [36 vues du Pic Saint Loup, 2009], a última de Jacques Rivette, e infelizmente até agora inédita no Brasil, que também trata sobre espetáculo). Em filmes como Vocês Ainda Não Viram Nada! ou em outros de Resnais, ao se voltarem para a herança do teatro, em vez de deixar de sê-lo se tornam, por encontrarem neles os meios que resultam em sua mais pura expressão, ainda mais cinematográficos, com a câmera sempre na altura e lugares apropriados. Uma lição que raramente foi compreendida por diretores com uma visão publicitária, que desejosos de venderem uma idéia específica, constroem logo a imagem com que se esforçam em transmitir essa idéia, e depressa passam para a imagem seguinte, só deturpando-as uma atrás da outra, não podendo deixar o público pensar no que vê, mesmo este acreditando que está refletindo quando na verdade é guiado pela mão para concluir exatamente o que diretor quer que pensemos. Por sua vez, a liberdade num filme de Alain Resnais é e continuará sendo muito mais estimulante. Vocês Ainda Não Viram Nada! é o testemunho pleno dessa liberdade." (Vlademir Lazo)
Alain Resnais sobrepõe passado e presente em mais um filme que evita as armadilhas da memória.
''É um clássico da nostalgia a música que toca nos créditos finais de Vocês Ainda Não Viram Nada (Vous N'avez Encore Rien Vu), a versão de Frank Sinatra para It Was a Very Good Year de Ervin Drake. É com uma ponta de ironia que Alain Resnais usa a canção, porém, porque não há muito espaço para nostalgia no filme do cineasta francês, como a própria provocação do título já sugere. Na verdade, questionar a nostalgia, as armadilhas da memória, é uma questão importante no cinema de Resnais (Memória não é um presente que se recebe, dizia Ele a Ela em 1959, em Hiroshima, Meu Amor). Há um preço que se paga por negligenciar a história e a renovação da experiência - por, vulgarmente, viver no passado - e Vocês Ainda Não Viram Nada toca nesse ponto ao fazer uma releitura do mito de Eurídice. Na mitologia grega, em sua versão consagrada, Orfeu desce ao inferno de Hades para recuperar sua amada morta, Eurídice - com a condição de que Orfeu, ao resgatá-la, não olhasse para trás. Orfeu não resiste, vira-se para olhar Eurídice, e a perde definitivamente. O filme de Resnais se baseia em duas peças de Jean Anouilh, Eurydice e Cher Antoine, e traz o mito para a França, em uma estação de trem onde a Eurídice e o Orfeu do século 20 se conhecem, se apaixonam e se perdem ao longo de um dia. O que está em jogo é a imagem nostálgica que Orfeu, apaixonado, imediatamente faz de Eurídice, e a isso Resnais adiciona outra camada de memória - uma específica do cinema. O filme começa com vários telefonemas: Sabine Azéma, Lambert Wilson, Anne Consigny, Mathieu Amalric, Michel Piccoli e o resto do elenco (eles interpretam a si mesmos) ficam sabendo por telefone que morreu o dramaturgo Antoine d'Anthac (Denis Podalydès). São todos chamados à mansão de d'Anthac nos Alpes para uma leitura inusitada de testamento: o dramaturgo quer que os atores assistam a um vídeo que a jovem trupe de teatro Compagnie de la Colombe criou encenando o Eurídice de d'Anthac. Caberá aos veteranos decidir se a companhia novata tem ou não autorização para encenar a obra. A princípio, faz-se uma separação clara. O diretor de fotografia Éric Gautier, que trabalha com Resnais desde Medos Privados em Lugares Públicos, ilumina os veteranos como se todos emanassem auras ou vestissem véus (ampliando o que Gautier e Resnais fizeram em Ervas Daninhas), a câmera de Gautier faz aqueles seus close-ups elegantes de sempre, a mansão parece um palácio de mármore cenográfico e a música de suspense remete a um certo glamour do velho cinema/teatro de gênero. Em oposição, o vídeo da Compagnie de la Colombe é cru, feito num galpão, com elenco multiétnico - é uma encenação com a urgência dos jovens, enfim. Nessa separação geracional, mais do que definir dois estilos, Resnais delimita o passado e o presente. Mas como o cineasta recusa a nostalgia, essa separação em Vocês Ainda Não Viram Nada aos poucos vai se diluindo, quando os veteranos começam, como que por instinto, a encenar também a Eurídice de d'Anthac. A relação que se estabelece primeiro lembra o Jogo de Cena de Eduardo Coutinho, com interpretações de um mesmo texto que se sobrepõem para que possamos identificar as diferenças entre elas. Em seguida, a repetição dos diálogos dá mais gravidade à tragédia, como se fosse um mantra, e por fim a encenação dos velhos e dos jovens passa a ser uma só. O acúmulo de vivências é um sinal de vida em ''Vocês Ainda Não Viram Nada'', mas, para Eurídice, é sinônimo de sofrimento. Todas as coisas que vemos nessa vida ficam conosco?, pergunta ela a Orfeu, atormentada por suas reminiscências. Ela e Orfeu estão sozinhos num quarto - a câmera recua para mostrar quão vazio está o quarto - e Eurídice diz não suportar os fantasmas que cercam os dois. Já Resnais entende que o cinema, mesmo o de vanguarda (ou especialmente o de vanguarda), se faz de fantasmas. Abraça a História, o acúmulo, num equilíbrio da falsidade atemporal do chroma-key com a inevitabilidade do pêndulo dourado do tempo presente. Aos 90 anos, Alain Resnais vem sempre acompanhado do epíteto jovem quando é mencionado na mídia porque, exageros à parte, seus filmes se renovam um após o outro, embora sempre encontrem alguma forma de dialogar com o establishment do cinema francês pós-Nouvelle Vague. É como se a iconoclastia do começo da Nouvelle Vague se renovasse sempre, com o jogo de gêneros de Resnais. São filmes que recusam a nostalgia porque sabem que ser nostálgico não é nada mais do que conformar-se com a morte." (Marcelo Hessel)
"Nem o céu, nem o inferno. As imagens que abrem e que encerram ''Vocês Ainda não Viram Nada!'' são frutos de uma visão filosófica e artisticamente madura. Reflexo de uma compreensão não esquemática da relação entre a espécie e seu corpo, suas funções, desejos e necessidades animais. Coisa de quem sabe ver e explorar a potencialidade carnívora das transpirações estéticas e imaginárias da arte e da vida. Longe, também, das ideias meramente comoventes sobre a escalada dessa vida e a aproximação do fim do mundo, pois quando o filme deixa no ar a ideia de que toda morte é sempre um fim dos tempos e o nascimento de outro, está conectando a isso toda uma afirmação da consciência, de entendimento e aceitação da morte emocionalmente, acima da razão – mas com ela junto. Não há a necessidade de infiltrar os anjos entre nós, basta-nos a consciência de uma coletividade que supere as materialidades e avance no destino dos espíritos: nós mesmos que podemos fazer história, deixar um rastro, seguir vivendo. Nós que transitamos meio perdidos e atordoados nos asfaltos e nas marés de nossa própria condição espiritual. E se aqui é possível falar em espírito, é melhor que nos entendamos logo de partida: nenhum espírito existe por si mesmo. Resnais explica assim: todo primeiro plano de um rosto é, aqui, a abertura do outro mundo; mundo de sonhos, de fábulas, de sexos e de mistérios. No novo filme de Alain Resnais, estão à disposição do espectador todos os elementos necessários para que se compreenda o espetáculo dramático montado, seja no teatro ou no cinema: a encenação (mise en scène), o jogo duplo (o eu é um outro) do corpo, a importância do texto, a possibilidade do falso e a iminência do verdadeiro (a ilusão do teatro e a ilusão do cinema; cada um no seu imaginário e na sua condição fundacional). A questão que cerca a razão de ser daqueles personagens (no filme e no mundo; mundo de aparências, signos e representações que nos confundem e nos envolvem), isto é, o porquê deles estarem ali na casa do amigo em comum, o dramaturgo Antoine d’Anthac (Denis Podalydès), se revelará uma ilusão. Antoine deixou, em seu testamento, uma mensagem: queria que eles avaliassem o pedido de um grupo de jovens intérpretes que queria encenar sua peça Eurídice. Os convidados, atores e atrizes que trabalharam na peça no passado, precisam agora decidir se aprovam ou não sua nova versão pelos corpos de outros intérpretes. Para isso, eles assistem a gravação de um dos ensaios do grupo. Partimos, pois, da janela. Sentados no meio de uma grande sala em sofás confortáveis, os convidados observam os quatros atos da peça enquanto se veem a reencenando ali mesmo. A tela que eles assistem é a mesma que nós assistimos (como espectadores que, ali, somos; nós e eles), pois as imagens do ensaio estão dentro da parede, da janela (como as dimensões de um palco e suas cortinas). Resnais filma o teatro (o ensaio que os convidados assistem) como ele é: condicionado ao espaço. Também o cinema está submetido a uma certa limitação espacial, mas seu limite é o limite do mundo. Não se deve entender disso uma divisão material das formas de encenar, mas partir para além da representatividade que cada mise en scène demanda do corpo. A coletividade, o contato afetivo, a memória possível e a morte iminente são todas coisas que só fazem sentido na relação com o outro, na presença do outro. Michel Piccoli, Mathieu Almaric, Lambert Wilson, Sabine Azéma e todos os personagens do cinema que interpretam a si mesmos como se fossem outros são símbolos não de uma disputa entre o real e a ficção, o falso e o verdadeiro, mas precisamente no lugar e no espaço em que eles compõem o mesmo imaginário. Estão amalgamados. Eles encenam a peça na memória enquanto a veem na tela. Claro que a morte é uma questão que atravessa o filme, pois resiste no drama encenado triplamente, no filme, na peça e na própria morte do hóspede – que vive através do registro em vídeo; presença-ausência, relação imaterial, memória, tempo. O tempo que se esvai incontrolável e irremediavelmente, nos retira daqui para nos colocar lá, movimenta os objetos e altera a disposição dos personagens. Mas os personagens vão compreendendo as coisas, vão pensando na beleza da morte, no encontro que ela proporciona (morrer afogado, por exemplo, diz Mathieu Almaric, nos dá alguns segundos de memórias boas e prazerosas, não há sofrimento). Da compreensão intelectual da morte surge o desejo conceptual da vida. Alain Resnais, junto dos homens e das mulheres do cinema que encenam seu filme cheio de ironias, pensa na morte para olhar para a vida – e o contrário também. Observa ainda que estamos todos no mesmo barco, passagem corrente, inflexível. Precisamos saber ver e sentir a fruição daquilo que se apresenta diante do olho, logo ele que algumas vezes parece morrer. E se em Holy Motors o espectador abandonou a sala de cinema (ou está lá dormindo ou morto), aqui ele pode reivindicar o exercício de ver. Também o processo de criação é alcançado sem a figura do dom divino: o espectador e o artista são a mesma coisa." (Paulo Henrique Gomes)
2012 Palma de Cannes
F Comme Film StudioCanal France 2 Cinéma Alamode Film Christmas In July Canal+ Ciné+ France Télévisions Centre National de la Cinématographie (CNC) Ministère de la Culture et de la Communication Filmförderungsanstalt (FFA) Région Ile-de-France Cinémage 5 Soficinéma 8
Diretor: Alain Resnais
981 users / 227 face
Check-Ins 644 16 Metacritic
Date 10/08/2014 Poster - ######## - DirectorEmir KusturicaStarsSlavko StimacSlobodan AligrudicLjiljana BlagojevicA young man's personality is shaped, involving some weird happenings around.[Mov 04 IMDB 7,5/10 {Video/@}
VOCÊ SE LEMBRA DE DOLLY BELL?
(Sjecas Li Se, Dolly Bell, 1981)
''O motivo pelo qual chamamos Emir Kusturica de um dos mais consagrados cineastas de seu tempo é simples: desde sua estréia no cinema com Você se Lembra de Dolly Bell? até seu penúltimo filme (Gata Preta Gato Branco) simplesmente todos os seus 6 longas saíram com um dos prêmios principais nos maiores festivais de cinema do mundo. São duas Palmas de Ouro e um prêmio de Melhor Diretor em Cannes, um Leão de Ouro de melhor diretor estreante e um de Prata em Veneza, e um Urso de Prata em Berlim. Como sempre dizemos, prêmios são apenas prêmios e nada mais, mas um currículo impressionante como este precisa ser respeitado, e serve de sinal de alguma coisa. O bom de ter os filmes a disposição é poder justamente ir lá conferi-los. De todos os seus trabalhos em longas, apenas um não foi exibido, o seu filme americano de 1993, Arizona Dream. É bem verdade que um protesto deve ser feito quanto à qualidade do material exibido, porque no caso de Dolly Bell por exemplo, não apenas tivemos uma exibição em vídeo, mas de uma cópia em péssimo estado. É especialmente uma pena no caso deste filme que, em película, ganhou o Prêmio da Crítica justamente em SP, na 6ª Mostra. Os dois trabalhos iniciais de Kusturica também passaram em vídeo, o que no caso não pode ser contestado já que este é seu formato original, tendo sido realizados para a TV iugoslava. Mas, mais uma vez, vale o protesto pela qualidade da cópia. Mas, isso tudo seria perdoado só pela chance de ver projetada (também em vídeo, mas mais uma vez sendo o formato original, e numa cópia melhor) a série completa de TV de onde foi tirada o longa Vida Cigana. Esta chance de passar uma deliciosa tarde de sábado no CineSesc vendo as 5 horas de projeção (com caridosos intervalos, claro) foi uma experiência inesquecível daquelas que dão sentido aos festivais de cinema. Além da chance após quase 3 anos de espera, de ver finalmente Gata Preta Gato Branco no cinema. Mas, em conjunto e em retrospecto, o que fica do cinema de Kusturica? Certamente uma série de conclusões e hipóteses podem ser levantadas. Os seus dois primeiros trabalhos (As Noivas Estão Chegando (1979) e Bar Titanic (1980)), feitos na TV iugoslava onde ele trabalhou após sair da famosa escola de cinema tcheca FAMU, já mostram algumas das preocupações comuns do seu cinema posterior. Antes de tudo, o desejo de desvendar os pequenos dramas da gentinha, ou seja, das camadas mais baixas da sociedade. Seu cinema é muito raramente um de luxo, mas sim um do caos, da estranheza, do pequeno drama com reflexões maiores. As Noivas e Titanic têm em comum ainda um ambiente quase claustrofóbico (certamente relacionado às condições de produção), centrado no drama de poucos personagens praticamente numa mesma locação. Enquanto o primeiro é um doentio e quase beckettiano estudo das relações de poder (outra característica do cinema dele) dentro de uma família, entre marido, mulher e mãe, o segundo é uma pequena fábula cruel sobre o ressentimento como motor da repressão e da vingança sem compaixão. São trabalhos que beiram o surreal embora absolutamente realistas na encenação. O que talvez venha a ser uma das mais conhecidas características de Kusturica: trabalhar de tal forma a materialidade da vida do dia a dia que consiga captar o quanto de magia e surrealismo está embutido nesta. Sua estréia no cinema, com Dolly Bell, é uma exacerbação destas primeiras características, começando a ampliar o escopo do seu olhar, tanto no que se refere ao número e relação entre personagens, quanto no retrato crítico da sociedade iugoslava. O trabalho de análise política e econômica que ele faz enquanto mostra a luta de um garoto para passar pela fase difícil da adolescência é cheio de energia e humor cáustico. Kusturica retoma a questão dos laços de família, algo de absolutamente vital no seu trabalho. A figura do pai e sua relação com o socialismo vai ter paralelos em quase todos os seus trabalhos subsequentes. São filmes extremamente ligados ao local e tempo em que são feitos, e nisso se pode argumentar que Kusturica é um grande cronista da Iugoslávia ao longo de duas das décadas mais conturbadas naquela região. Em Dolly Bell estão ainda lá a pobreza e as dificuldades financeiras, a criatividade como válvula de escape do dia a dia pelo sonho, a força da tradição, a discussão política afetando o dia a dia da família. De muitas formas, Dolly Bell pode ser considerado um prólogo para o filme seguinte, Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios, que deu a Kusturica a primeira Palma de Ouro. Neste a questão familiar e sua relação com o regime socialista volta a ser o centro da trama. No entanto esta possui uma localização histórica mais distante, o que parece apenas um subterfúgio para se falar da atualidade (no início há uma inegável ironia com uma introdução que apresenta o filme como um filme histórico, de amor). Mas esta localização histórica possui alguma importância pois inicia um olhar que se tornaria épico mais adiante sobre a formação do Estado iugoslavo. Um outro ponto dos mais importantes que este filme retoma de Dolly Bell, e que voltaria depois, é a centralização da trama sobre uma figura jovem, sempre entre infância e adolescência. Kusturica registra a perda de inocência e ao mesmo tempo um certo idealismo romântico típicos da idade. Impressiona em especial no filme a exacerbação do carinho do diretor por seus personagens, abraçando todas as suas falhas de caráter e enganos como sublimes do humano. Kusturica se interessa profundamente por isso, pela falibilidade maravilhosa do ser humano. Se não fosse por mais nada (e muito mais há), o filme valeria pela descoberta do ator infantil (então) Davor Dujmovic. Sua atuação é absolutamente estupenda, numa exata mistura de inocência e malandragem." (Eduardo Valente)
{As mulheres são como sal. Você pode fazer sem, mas não tem muita graça} (ESKS)
1981 Lion Veneza
C.F.S. Kosutnjak Jadran Film Sutjeska Film TV Sarajevo
Diretor: Emir Kusturica
3.242 users / 271 face
Check-Ins 193
Date 08/06/2013 Poster - ###### - DirectorJulien MagnatStarsMilla JovovichJulian McMahonDavid AtrakchiA horror-thriller centered on a woman living with "face-blindness" after surviving a serial killer's attack. As she lives with her condition, one in which facial features change each time she loses sight of them, the killer closes in.[Mov 03 IMDB 5,5/10 {Video/@@@}
VISÕES DE UM CRIME
(Faces in the Crowd, 2011)
''Uma premissa de originalidade ímpar estragada por uma avalanche de clichês. Anna (Milla Jovovich de Os Três Mosqueteiros) é perseguida por um serial killer e na fuga bate a cabeça, desenvolvendo uma estranha síndrome que faz com que ela não reconheça nenhum rosto, nem mesmo o dela. Ele vira a principal testemunha e logicamente o principal alvo do assassino com a desvantagem de que não conseguiria reconhecê-lo mesmo que ele estivesse na sua frente. O diretor de desenhos animados para TV Julien Magnat trouxe um interessante conceito visual: para dar o efeito do não reconhecimento do rosto, ele permanece trocando o elenco coadjuvante a cada vez que a protagonista tem contato com os personagens em diferentes momentos. Levemente hilário ela transando com seu namorado e a cada vez que abre os olhos, é um homem diferente. Infelizmente a trama começa a desmoronar a partir do segundo ato quando se estabelece a dinâmica entre o assassino e Anna. O fato do assassino se aproximar dela e apenas provocá-la não faz o menor sentido, já que este sabe muito bem de sua nova deficiência. O roteiro entrega o assassino de bandeja e no início do terceiro ato, ele mesmo se entrega sem dar a mínima sobre esconder seus rastros, dando a impressão de um roteiro desleixado que fez ele se revelar só porque estava acabando o tempo regulamentar. Mais clichê ainda é a personagem especialista em na doença de Anna que solta frases feitas tão sem sentido e que parecem saídas de livro de auto-ajuda que tornam essas as cenas mais constrangedoras da produção. E o que dizer de Julian McMahon (Premonições) como um policial que com aquele cavanhaque canalha parece mais um delegado da novela das 20h da Globo. Pra gostar de “Visões de um Crime” é preciso ter um desprendimento muito forte de detalhes como lógica e coerência. Não fosse pela sua premissa, seria proibitivo." (Cine Criticas)
''Ela viu o rosto do assassino, mas ele continua mudando... Já imaginaram não poder reconhecer mais nem o próprio rosto do espelho? Já imaginaram dormir todas as noites ao lado de uma pessoa diferente e na manhã seguinte ver que ela mudou? Ou simplesmente olhar para um grupo de pessoas e não saber distinguir quem é quem? Acham isso impossível, certo? Bom, Em ''Visões de um Crime'', não é, e ele só fez essa idéia ficar ainda mais desesperadora. Nele temos Anna, uma mulher aos 30 que é bem sucedida no emprego de professora e no seu relacionamento com Bryce. Ela parece ter a vida perfeita, mas tudo vai por água abaixo quando ela acaba presenciando um dos assassinatos de um famoso assassino da cidade. Ela saiu ilesa do ataque, mas adquiriu uma rara síndrome que não lhe permite reconhecer os rostos das pessoas, nem o de seu próprio marido. E enquanto trabalha com sua mente para se adaptar ao novo modo de vida, o assassino retorna, disposto a usar sua rara síndrome para se aproximar e eliminar a única testemunha de seus crimes. Primeiramente, devo dizer que quando Milla Jovovich faz um filme, ele é daquele tipo que vale a pena. Nossa eterna exterminadora de zumbís provou mais uma vez que sua carreira é extensa e digna estrelando este longa sobre uma rara síndrome que com certeza a maioria nunca tinha ouvido falar. A idéia de não reconhecer ninguém já é perturbadora por si só, imagine ter que lidar com isso quando um assassino está a nossa espreita. E ele me surpreendeu, já que eu esperava outra coisa. Quando li sobre ele imaginei que os sintomas fossem diferentes, imaginei que a personagem iria ver apenas uma sombra preta na frente dos rostos, e realmente isso deixaria o filme mais macabro. Eu vi algo parecido em um episódio da série Além da Imaginação, mas no fim dei graças a Deus que o filme foi diferente. Na verdade, a síndrome fez com que Anna não reconhecesse nem o próprio rosto no espelho, além de fazer o rosto das pessoas mudarem o tempo todo. O melhor de tudo foi que o filme conseguiu explorar todas as situações possíveis para quem sofre desta síndrome, com direito a lado bom e lado ruim. Pelo lado bom, de acordo com uma das melhores amigas de Anna, ela transa toda noite com um cara diferente e nem precisa trair alguém. E eu não achei uma má idéia, porque pode até acontecer dela abrir os olhos e perceber que está com um cara muito mais bonito que seu marido, mas ter a certeza que é ele por dentro. E o lado ruim é óbvio não é? Mas no decorrer do filme Anna foi aprendendo a lidar com seu problema, de uma maneira bastante interessante. Se ela não pode reconhecer alguém pelo rosto, precisa focar-se nos detalhes que fazem de uma pessoa única. Por exemplo, ela desenhava num folheto a cor da gravata que seu marido estava usando no dia para poder saber que era ele depois, mas de acordo com o filme, a bunda é o que mais ajuda no reconhecimento, e eu não estou brincando. E é claro, o suspense é inevitável. Só não ficamos o filme todo naquela angústia pra saber quem é o assassino porque esta parte do filme está cheia de clichês, principalmente o policial que ama a mocinha, não fica difícil cogitar a possibilidade de que ele seja o assassino, porque alguns roteiristas simplesmente acham que isso ainda é chocante. Eu não acho, e torci o filme inteiro para que não fosse. Se bem que, não havia muitos personagens homens, e pra ser impactante tinha que ser um deles, eles não podiam simplesmente mostrar que o jardineiro era o assassino porque não iria ter graça e nem sentido. Sendo assim, acho que o única coisa que me desagradou foi o título brasileiro. Acho que as pessoas que escolhem esses nomes lêem a sinopse de três linhas do imdb e dão o primeiro nome chiclete que lhes vêm a cabeça. Não faz sentido o filme se chamar Visões de um Crime se ela não tem visões do crime, não é? Eu votaria para Rostos na Multidão, o original, porque tem tudo haver e eu acho que ainda rola um mistério ao redor do nome.E eu sei que os mais interessados vão googlar pra saber mais sobre esta síndrome, porque vocês têm que concordar, ela é uma das coisas mais interessantes que o cérebro pode fazer com o ser humano. Portanto, cliquem no link abaixo pra saber mais sobre. Aliás, se existe algo que pode nos fazer não reconhecer rostos, bem que poderia existir algo para nos fazer não reconhecer sentimentos não é? Poderíamos muito bem confundir o amor que sentimos por certos estrupícios com vontade que eles sumam pra sempre." (MMA)
Minds Eye Entertainment Frantic Films Live Action Productions Radar Films Forecast Pictures Aura Film Partnership Fierce Entertainment Voltage Pictures
Diretor: Julien Magnat
12.703 users / 2.709 face
Check-Ins 223
Date 23/06/2013 Poster - ##### - DirectorAkiva SchafferStarsBen StillerVince VaughnJonah HillFour men who form a neighborhood watch group as a way to get out of their day-to-day family routines find themselves defending the Earth from an alien invasion.[Mov 04 IMDB 5,6/10 {Video/@@@} M/36
VIZINHOS IMEDIATOS DE 3* GRAU
(The Watch, 2012)
"Sempre gostei do humor irônico de Vince Vaughn e Stiller, aqui eles conseguem fazer rir novamente. Mas o plot de ação é apenas mediano, e o filme nunca engrena de fato." (Alexandre Koball)
"Elementos típicos da dupla Rogen/Goldberg - o olhar irônico escrachado, o texto absurdo proferido com naturalidade, a cumplicidade entre amigos desajustados e desbocados - num universo cheio de referências a sci-fis de ação resulta numa comédia divertida." (Rodrigo Torres de Souza)
''O humor de "Vizinhos Imediatos de 3º Grau" surge de diferenças grandes entre seus protagonistas. Tanto atores quanto personagens. Ben Stiller, que vem de família de atores e frequenta estúdios desde criança, é um ator tímido fora das telas. E bem-sucedido, tanto em projetos cult, como Zoolander, quanto em blockbusters, caso de Uma Noite no Museu. Vince Vaughn estourou em Penetras Bom de Bico, invadindo casamentos ao lado de Owen Wilson. Interpreta o mesmo tipo malandrão e provocador, que sempre se dá bem. Uma espécie de coelho Pernalonga de 1,90 m, trocando a cenoura por uma latinha de cerveja na mão. O gordinho, baixinho e também roteirista Jonah Hill é talhado para ser escada para outros atores. Às vezes a química dá muito certo (com Russell Brand em O Pior Trabalho do Mundo) ou fracassa feio (com Channing Tatum em Anjos da Lei). Os três, mais o inglês com sangue norueguês e nigeriano Richard Ayoade, vindo da TV, são os quatro desajustados sociais que resolvem formar uma equipe de vigilantes noturnos comunitários na pequena Glenview, Ohio. Stiller é Evan, o simpático da cidade, que trabalha para a comunidade. Vaughn é Bob, beberrão boa praça passando por maus momentos com a filha adolescente. Hill interpreta Franklin, compulsivo apreciador de pornografia e armas de fogo. Ayoade é Jamarcus, estrangeiro novo na cidade. Ridicularizado pela população e execrado pela polícia local, o quarteto vai trombar de frente com uma invasão de aliens, alguns já infiltrados entre os moradores. Como sempre nessas histórias, ninguém acredita neles. Apesar de o título em português brincar com o filme de Steven Spielberg dos anos 1970, "Vizinhos Imediatos de 3º Grau" tem o mérito de não seguir a linha de paródias e alusões a filmes de sucesso que infesta há anos as comédias americanas. É uma história bem amarrada, com situações engraçadas e espaço para desenvolver as tramas pessoais de cada caça-alienígenas. As semelhanças com o cult inglês "Ataque ao Prédio" não condizem com a acusação de plágio feita pelos produtores do outro filme. O americano tem muito mais humor e ritmo. Para gostar realmente desse "Vizinhos Imediatos de 3º Grau" é preciso aceitar o final obviamente redentor para os quatro heróis desajustados. Stiller e Vaughn sabem que essa é a praia deles. E entregam a diversão esperada." (Thales de Menezes)
''Durante os 100 minutos de ''Vizinhos Imediatos de 3º Grau'' (The Watch) o que fica mais evidente é o tanto de improvisações que foram feitas durante as filmagens. Dá para perceber os atores se segurando para não rir e isso é engraçado. É como se as piadas unissem aqueles quatro personagens que são tão diferentes entre si. E há, sim, uma rápida conexão entre eles, o chamado bromance, o mais alto nível de amizade entre homens. Rápida até demais, principalmente para o certinho Evan (Ben Stiller), que instantaneamente vai do coxinha master do subúrbio estadunidense a um dos caras. É ele quem decide formar um grupo de vigias da comunidade, para investigar um crime que aconteceu com um de seus funcionários e que a polícia local não está dando a devida atenção - pelo menos para o seu grau de engajamento. Juntam-se a ele o falastrão Bob (Vince Vaughn), que vê o grupo como uma forma de escapar da esposa e da filha adolescente por algumas horas; o jovem armamentista Franklin (Jonah Hill), que enxerga ali um jeito de extravasar sua violência contida; e o inglês Jamarcus (Richard Ayoade), que acaba de se divorciar e quer fazer novas amizades. A história é bastante simples, mas o filme se perde um pouco na mistura de gêneros. No início, após mostrar a vida perfeita de Evan, há uma boa cena de suspense. Passamos ao humor com cenas de vergonha alheia e outras de comédia adolescente - com direito a palavrões e situações sexuais durante o início da relação dos quatro protagonistas, até chegarmos ao momento dramático em que descobrimos porque cada um deles age daquela forma. E daí temos o desfecho, que é uma ficção científica cheia de aventura, com invasão alienígena e explosões. Este vai e vem acaba deixando o clima do filme um pouco confuso, indeciso. Não que a mistura não seja bem-vinda, ela só não é bem feita. Mas se há um ponto a ser elogiado em Vizinhos Imediatos de 3º Grau é a presença de Ayoade. O comediante é conhecido pela sua performance na série britânica The IT Crowd, em que fazia uma espécie de Sheldon - antes de The Big Bang Theory existir. Aqui, ele é o alívio cômico da comédia, o ladrão de cenas do filme, com seu jeitão duro e tímido. É quase uma reprise do Moss, e isso não é uma reclamação. Pelo contrário! Quanto mais gente conhecendo o programa inglês, melhor. Apesar do péssimo título nacional e as duríssimas críticas que recebeu lá fora, ''Vizinhos Imediatos de 3º Grau'' não é tão ruim assim. Está bem abaixo de outros filmes roteirizados por Seth Rogen e Evan Goldberg, como Superbad - É Hoje e Segurando as Pontas, mas é melhor do que a estreia de Akiva Schaffer, Hot Rod - Loucos Sobre Rodas." (Marcelo Forlani)
"No elenco, comediantes de primeira. O roteiro e a direção feitos por caras que sabem tudo de comédia. Os efeitos especiais executados sem economia. Mas… o filme não faz juz a toda essa produção. Não pela história maluca, onde um bando de ETs malvados quer dominar a Terra, afinal, esse assunto já foi tema de algumas comédias incríveis, como Marte Ataca! e MIB - Homens de Preto. Mas pela forma como foi construída. Os diálogos, infelizmente, são fracos. As piadas, idem. O velho truque de juntar amigos nerds meio loosers que podem salvar o mundo, aqui não cola muito. Para mim é até difícil falar isso, porque adoro comédia boba com esse formato. Claro que temos algumas sequências engraçadas, mas nada muito significativo. E olha que os atores são peritos no assunto. Estou falando de Ben Stiller, Vince Vaughn e Jonah Hill. Adoro os três, mas aqui estão exagerados, careteiros e bobos além da conta. Uma pena. Na trama, Stiller é Evan, um cara certinho que faz tudo pelo bem da cidade e de sua vizinhança. Quando um de seus funcionários é brutalmente assassinado, resolve montar vigilância particular para capturar o responsável, mas só consegue três companheiros desmiolados para encarar a empreitada. Depois que outras mortes acontecem, descobrem que não existe um único responsável pelos homicídios, mas vários. E não são desse planeta, mas alienígenas querendo acabar com a raça humana. A partir daí, confusão e bobagem sem freios, com direito a várias pequenas cenas com referências a filmes antigos da mesma temática, como Contatos Imediatos do Terceiro Grau. Não pela brincadeira com o título do filme, mas por uma cena na qual Ben Stiller tenta fazer contato com um extraterrestre através de sons, como acontece no filme de Steven Spielberg. Para a direção de ''Vizinhos Imediatos de 3º Grau'', o escolhido foi o multiartista Akiva Schaffer, que além de dirigir e atuar, é conhecido por seus roteiros no seriado Saturday Night Live. Como roteiristas do filme, o ator Seth Rogen e o escritor e produtor Evan Goldberg. Os dois são parceiros de longa data e responsáveis por alguns sucessos de bilheteria, entre eles, Superbad – É Hoje. Bom, minha gente: Cuidado! Os alienígenas estão na vizinhança!" (Antoniela Canto)
''A visão autocrítica dos Estados Unidos, que nas últimas décadas tem ganhado espaço sem censura na mídia, é um ótimo tema para comédias que satirizam o estilo de vida americano. A vizinhança amigável, o trabalho simples e honesto, a família perfeita e outras ilustrações de uma suposta felicidade são o alvo principal de “Vizinhos Imediatos de 3º Grau”. O título brasileiro é uma óbvia e bem-vinda referência ao clássico de Steven Spielberg, “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, e já sinaliza o tom de deboche do longa. Evan (Ben Stiller) é um pacato cidadão da melhor cidade do melhor país do melhor planeta, que se orgulha por comandar diversos clubes de atividades no seu bairro e por ter sido promovido a gerente do Cotsco, o supermercado em que já trabalhava. Logo percebemos que esta postura é apenas uma maneira de lidar com as frustrações pessoais e conjugais com sua esposa Abby (Rosemary DeWitt). O personagem é representado de maneira divertidamente caricatural por Stiller, que rende boas risadas com seu ar tolo de ingenuidade e completa satisfação pelo seu questionável sucesso. Porém, a paz da vizinhança – e principalmente a de Evan – é abalada pelo estranho assassinato de Antonio (Joe Nunez), segurança noturno de Cotsco. Então, ele decide fazer o que acha que faz de melhor: formar um clube. Mas para ele, os Vigilantes da Vizinhança não é apenas um clube qualquer, e sim uma resposta direta ao descaso e à incompetência das autoridades em relação ao ocorrido, tomando para si a responsabilidade de achar o culpado do crime e de zelar pela segurança geral da vizinhança. Para isso, Evan convoca os moradores para se juntar a ele como voluntários no combate aos criminosos do bairro. Mesmo sendo ridicularizado pela maioria, ele consegue fisgar o interesse de alguns: Bob (Vince Vaughn), um sujeito empolgado e exageradamente amistoso; Franklin (Jonah Hill), um jovem frustrado por ter sido reprovado no exame para policial, mas que revela superconfiança em seu potencial; e Jamarcus (Richard Ayoade), um inglês que desperta curiosidade por sua aparência pouco convencional para a região. Após muito tédio e algumas missões mal sucedidas, os Vigilantes da Vizinhança encontram um estranho aparelho que se revela uma arma com grande poder de destruição. Não demora muito para descobrirem que o objeto é de origem alienígena e que eles estão lidando com algo muito maior do que imaginavam. Isso nos leva a uma interessante metáfora da comédia: a intolerância dos americanos para com os imigrantes estrangeiros. Antonio, que ironicamente foi assassinado de forma brutal logo depois de ter conseguido sua cidadania estadunidense; Sra. Kim (Sharon Gee), uma coreana que sempre lava o carro na varanda e que é uma das primeiras desconfianças de Evan quanto à sua origem terráquea; e o próprio Jamarcus, que é recebido no grupo com surpresa e dúvida pelo protagonista. É o estilo de vida americano tendo que lidar com a diferença, o inusitado, o estranho, o outro, que é visto como ameaça às suas convenções. Nós já estamos entre vocês, diz um extraterreno em tom de inimizade. Dito isso, o longa felizmente não se leva muito a sério, enveredando pelo caminho mais simples e melhor para a proposta, o da comédia satírica, não prejudicando sua qualidade por conta disso. São divertidas as referências a filmes de ficção científica, como MIB – Homens de Preto, com os alienígenas vestindo a pele dos humanos que matam para se disfarçar entre a sociedade, e o já mencionado “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, quando Evan tenta se comunicar com um deles por meio de harmonias musicais. O roteiro de Jared Stern, Seth Rogen e Evan Goldberg é criativo no aspecto cômico e atento aos dramas pessoais de cada personagem. Rogen e Goldberg, a dupla de Superbad, deixam sua marca, possibilitado uma liberdade aos atores que rende boas improvisações, principalmente de Vaughn e Hill. O elenco de protagonistas tem uma química excelente, sendo perceptível e admirável o quanto se divertem em seus papéis. O diretor Akiva Schaffer já tem uma considerável experiência com a linguagem cômica na televisão e trabalha bem com as diferentes atmosferas, variando entre a comédia pastelão e o horror trash sem grandes dificuldades e sem perder o tom escrachado da obra, sempre brincando com os clichês do gênero. Além disso, o design dos alienígenas é bastante convincente. O caráter de deboche não afeta a aparência assustadora dos seres extraterrenos, que poderiam fazer parte de qualquer ficção científica séria. “Vizinhos Imediatos de Terceiro Grau” é uma comédia inteligente e divertida que não deve deixar de ser apreciada." (Thiago Cesar)
A dupla Rogen/Goldberg permanece engraçada, mas já apresenta sinais de esgotamento.
''Seth Rogen e Evan Goldberg são roteiristas de carreira recente, cuja parceria, iniciada em 2007, já acumula seis trabalhos (incluindo o vindouro The End of The World, que será a estreia da dupla na direção) e marcas bastante peculiares, dentre as quais se destacam a exploração do bromance, amizade entre homens sem limites de cumplicidade (algo certamente portado de suas realidades), e uma dose generosa de humor vulgar e escrachado. Pois em ''Vizinhos Imediatos de 3° Grau'' (The Watch, 2012) essas características são bastante acentuadas pelo diretor Akiva Schaffer (do popular programa de TV Saturday Night Live), que acrescenta referências a outras obras da comédia sci-fi – o que talvez tenha sido a motivação para o terrível título nacional, óbvia e desnecessariamente inspirado no clássico de Steven Spielberg – e acerta sempre que busca um filme apenas divertido. Evan (Ben Stiller), sujeito pacato na pequena Glenview, Ohio, canaliza sua grande frustração pessoal em prol de um comportamento exemplar, como marido, vizinho e profissional. Quando um misterioso crime na loja de departamentos que gerencia vitima um de seus queridos empregados, a ação policial não bastará para Evan e ele funda um novo grupo na comunidade, a “vigilância da vizinhança”. Ironizada entre os habitantes, a iniciativa só chama a atenção dos despreparados Bob (Vince Vaughn), Franklin (Jonah Hill) e Jamarcus (Richard Ayoade, devidamente caracterizado como um choque cultural ambulante), tipos estranhos entre si unidos pela mesma motivação: a fuga dos próprios problemas num grupo formado por homens, sem imaginar que se envolveriam numa investigação perigosa e interplanetária. O cenário descrito acima é ideal para Rogen, Goldberg e Schaffer proliferarem seu olhar cínico sobre a sociedade média americana (representada por Evan) ainda no primeiro minuto, quando estabelecem que um emprego como gerente de loja é maravilhoso e mostram os esforços do protagonista em fazer amigos de origem latina e negros, para prova de cidadania. Essa fina ironia, porém, fica no primeiro ato. O grupo de vigilantes, por exemplo, é extremamente heterogêneo (racial e socialmente), mas explorado de modo caricatural, evidenciando a despretensão dos realizadores em propor alguma reflexão. E quando o único intuito é ser engraçado, eles acertam em cheio, tanto quando percebemos a mão de Schaffer ao ironizar a polícia (o sargento Bressman [Will Forte] parece saído de um esquete de SNL), como pela espontaneidade com que o elenco principal reproduz seus diálogos absurdos (e talvez por isso Stiller tenha sido escalado para o mesmo papel pela centésima vez). O ritmo do filme oscila sensivelmente em seu desenvolvimento, quando os realizadores saem de sua zona de conforto e tentam, desastradamente, dar dimensionalidade aos personagens principais, abordando seus dramas pessoais. Schaffer é mais eficaz com sátiras, então ridiculariza um vilão com a cara do Alien e o corpo do Predador, cria uma atmosfera de suspense marota, envolvendo subtramas de conspiração, paranoia e aliens, que resulta num misto insólito de Eles Vivem (They Live, 1988), De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut, 1999) e Ataque ao Prédio (Attack the Block, 2011) e abusa do slow motion no clímax do filme, como os irmãos Wachowski fizeram em Matrix (Idem, 1999). A parte final de ''Vizinhos Imediatos de 3° Grau'' evidencia a simplicidade do roteiro de Seth Rogen e Evan Goldberg e seu favorecimento pela direção de Akiva Schaffer. O diretor possui um estilo que realçou as características mais fortes da dupla de comediantes (que às vezes pega pelo excesso de vulgaridade – para desespero dos responsáveis pela legendagem brasileira, que chegaram a traduzir he came in my face como ele me atacou) durante o filme e proporcionou, com o auxílio do montador Dean Zimmerman, resoluções rápidas ao fim da história, garantindo o todo como uma experiência divertida apesar dos sinais de esgotamento de uma fórmula explorada em longas-metragens desde Superbad – É Hoje (Superbad, 2007)." (Rodrigo Torres de Souza)
Twentieth Century Fox Film Corporation 21 Laps Entertainment Dune Entertainment Ingenious Film Partners Dune Entertainment III
Diretor: Akiva Schaffer
85.768 users / 15.423 face
Soundtrack Rock = J. Geils Band + The Doors + Rufus ft. Chaka Khan + Christopher Cross + Bachman-Turner Overdrive + Dr. Dre ft. Snoop Dogg
Check-Ins 264
Date 03/08/2013 Poster - # - DirectorJan de BontStarsSandra BullockJason PatricWillem DafoeA computer hacker breaks into the computer system of the Seabourn Legend cruise liner and sets it speeding on a collision course into a gigantic oil tanker.[Mov 03 IMDB 3,6/10 {Video/@@} M/23
VELOCIDADE MÁXIMA 2
(Speed 2: Cruise Control, 1997)
"Não que Keanu Reeves faça falta, mas nunca dá muito certo esse negócio de trocar de ator e manter o mesmo personagem. Claro que a ideia de uma continuação para Velocidade Máxima já nascia fadada ao fracasso de qualquer maneira." (Heitor Romero)
"Nunca achei que, algum dia, eu pudesse dizer isso, mas... bem, eu senti falta de Keanu Reeves em um filme pela primeira vez na vida. Mas, a bem da verdade, nem ele poderia salvar ''Velocidade Máxima 2'': o filme foi escrito e dirigido com tanta imbecilidade, que não haveria esperanças mesmo que o casal principal fosse Meryl Streep e Robert De Niro. Jan de Bont, que ganhou fama depois de Velocidade Máxima (que é um ótimo filme de ação), se perdeu completamente depois disso. Seu filme seguinte, Twister, pode até ter sido um sucesso de bilheteria, mas era um insulto à inteligência do espectador. Bem, se Twister era um insulto, ''Velocidade Máxima 2'' é uma tentativa de homicídio. Primeiro, deixe-me falar dos aspectos positivos do filme - não vai levar muito tempo: Sandra Bullock está bonita como sempre; é bom ouvir Carlinhos Brown em um filme comercial americano; a seqüência em que o navio onde estão os heróis ameaça colidir com o petroleiro é boa; e, a gag do pobre rapaz que teve seu carro destruído por Keanu Reeves no primeiro filme é ressucitada com sucesso nesta continuação. Pronto. Agora, vamos aos aspectos negativos: Para início de conversa, esta continuação não foi capaz sequer de trazer de volta o herói do primeiro filme, Jack (Reeves), o que já confere ao projeto um ar de falsidade, digamos assim. A saída foi arranjar um novo namorado para Annie (Bullock), o que também não deixa de ser uma traição para os fãs do primeiro filme. O escolhido foi Jason Patric (Os Garotos Perdidos), que em matéria de interpretação nada fica a dever a seu antecessor nos braços de Bullock. A história (que também é de Jan de Bont) é ridícula: Willem Dafoe é um especialista em programação que foi despedido de uma empresa depois que esta descobriu que ele era portador de uma doença fatal. O que ele resolve fazer? Seqüestrar um dos luxuosos navios (ou iates, não sei) desta empresa e atirá-lo contra um petroleiro, enquanto aproveita para roubar alguns diamantes que estão a bordo. Plausível como qualquer desenho animado do Papa-Léguas, não? Ora, a grande atração do primeiro filme era o vilão de Dennis Hopper, um sujeito que tinha verdadeira adoração por bombas (em certo momento, ele dizia As bombas foram feitas para explodir, Jack... essa é a vida delas.). Aqui, ele é substituído por um mercenário com motivos ridículos para se sentir revoltado. Como Willem Dafoe, um ator tão fantástico, foi se deixar levar por este filme? O resultado: ele está péssimo! Suas caras e bocas tornam-se completamente ridículas. E, o que é pior: ele é obrigado a dizer textos como: Não fuja, Annie! Volte aqui! Você é minha refém, tem que ficar comigo!. Se eu fosse um promotor responsável por acusar este filme, eu diria agora: A promotoria encerra o caso, Meretíssimo. Mas, infelizmente, ainda tem mais: Bont dirige este filme com uma falta de competência que espanta. A câmera fica balançando, oscilando o filme todo, a fim de conferir um ritmo frenético à história. Ele não só falha neste propósito, como ainda consegue deixar metade da platéia completamente tonta. Aviso: se você tiver labirintite, não assista este filme. Na verdade, se você não tiver labirintite, o conselho é: não assista, também. Não vale a pena." (Pablo Villaça)
Top 100#13 Cineplayers (Bottom Editores)
Blue Tulip Productions Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Jan de Bont
52.148 users / 733 face
Soundtrack Rock = UB40 + Maxi Priest + Jimmy Cliff
Check-Ins 283
Date 14/08/2013 Poster - # - DirectorVittorio De SicaStarsRinaldo SmordoniFranco InterlenghiAnnielo MeleTwo shoeshine boys in postwar Rome, Italy save up to buy a horse, but their involvement as dupes in a burglary lands them in juvenile prison; the experience take a devastating toll on their friendship.[Mov 06 IMDB 7,9/10 {Video}
VITIMAS DA TORMENTA
(Sciuscià, 1946)
"Pesado, duro, desesperançado painel sobre crianças pobres na Roma pós-Segunda Guerra Mundial, feito no ano seguinte ao fim do conflito. É um dos melhores filmes de Vittorio De Sicca e um dos grandes do neo-realismo italiano, na minha opinião. O roteiro é rico, tudo é cheio de matizes, sem qualquer simplificação ou generalização. Não dá pra pensar em Los Olvidados, de Buñuel, no Pixote de Babenco, e nem mesmo nos Incompreendidos de Truffaut sem ter visto este filme. Pauline Kael fez uma bela resenha: Estudo lírico de Vittorio De Sicca de como dois meninos traídos pela sociedade traem um ao outro e a si mesmos. Tem uma suavidade e uma simplicidade que sugerem grandeza de sentimento, e isso é tão raro em filmes que para citar uma comparação a buscamos fora do veículo. Se Mozart tivesse composto uma ópera passada na pobreza, ela talvez tivesse esse tipo de beleza dolorosa. Os dois meninos engraxates mantêm sua amizade e seus sonhos em meio à apatia da Roma do pós-guerra, mas são destruídos por suas próprias fraquezas e desejos, quando mandados para a prisão por contrabandear no mercado negro. Cesare Zavattini escreveu esse estudo da corrupção da inocência; é um filme de protesto social que se eleva acima de seu propósito.'' (50 Anos de Filmes)
"Premiado com um Oscar Especial da Academia (na época não havia ainda o prêmio para filme de língua estrangeira), este foi o primeiro filme Neo-Realista de Vittorio De Sica, que, na época, já era um bem-sucedido galã e também diretor de fitas mais leves. Com roteiro de seu parceiro habitual Cesare Zavattini, o filme tem poucas cenas externas (na verdade, foi quase todo feito em estúdio, com Fotografia elaborada e cheia de matizes). O notável é que tenha sido feito tão pouco tempo depois do fim da guerra, sob um tema tão difícil e pouco comercial. Na época, os órfãos de rua sobreviviam engraxando botas para as tropas americanas (daí o nome original, Sciuscià, corruptela de Shoe Shine, Engraxada em inglês). Muito antes de Pixote e até de Os Esquecidos, de Buñuel, o filme pinta um retrato sentimental, sem dúvida, mas também poético e tocante da infância desamparada. Os atores infantis são amadores e excelentes (curiosamente apenas um deles, Franco Interlenghi, que interpreta o mais velho (Pasquale), e depois faria uma longa carreira como um bem-sucedido ator profissional). Numa cópia de boa qualidade, restaurada, o filme também foi indicado ao Oscar de Roteiro. Ganhou o prêmio com a justificativa: com alta qualidade, contou com eloqüência os problemas de um país com cicatrizes da guerra, provando ao mundo que o espírito criativo pode triunfar sobre a adversidade. Junto com Ladrão de Bicicletas e Milagre em Milão, forma um trio de obras-primas de De Sica." (Rubens Ewald Filho)
19*1947 Oscar
Societa Cooperativa Alfa Cinematografica
Diretor: Vittorio De Sica
3.578 users / 208 face
Check-Ins 300
Date 04/09/2013 Poster - #### - DirectorAndy WarholStarsTosh CarilloLarry LatraeGerard MalangaWarhol's strange interpretation of "A Clockwork Orange." Includes Gerard dancing to the Martha and the Vandellas classic "Nowhere to Run" and being tortured by professional sadists.[Mov 05 IMDB 5,1/10 {Video}
VINYL
(Vinyl, 1965)
''Adaptação do romance de Anthony Burgess, Laranja Mecâninca por Andy Warhol.'' (Filmow)
"Que ninguém espere algo como o filme do Kubrick ou o livro original, esta é uma adaptação livre que utiliza os personagens apenas como ponto de partida, e que com seu radicalismo estético deve atrair sobretudo os interessados no cinema de Andy Warhol." (Vlademir Lazo)
Diretor: Andy Warhol
526 users / 96 face
Soundtrack Rock = Martha & The Vandellas + The Kinks
Check-Ins 338
Date 25/09/2013 Poster - ##### - DirectorMatt Bettinelli-OlpinDavid BrucknerTyler GillettStarsCalvin Lee ReederLane HughesAdam WingardWhen a group of misfits are hired by an unknown third party to burglarize a desolate house and acquire a rare VHS tape, they discover more found footage than they bargained for.{Video/@@} M/55
V/H/S
(V/H/S, 2012)
''Em V/H/S, os autores apresentam, em formato de histórias curtas, um grupo de criminosos contratado para roubar uma fita de video-tape, a famosa VHS, que está em uma misteriosa coleção de filmes. Ao encontrar a coleção, no entanto, os ladrões vão perceber que o acervo macabro de VHS esconde muito mais do que eles podiam imaginar.'' (Filmow)
"Metade do filme é tenso e visceral; a outra é simplesmente imbecil." (Alexandre Koball)
Date 18/01/2015 Poster - ### - DirectorHayao MiyazakiStarsHideaki AnnoHidetoshi NishijimaMiori TakimotoJiro Horikoshi studies assiduously to fulfill his aim of becoming an aeronautical engineer. As WWII begins, fighter aircraft designed by him end up getting used by the Japanese Empire against its foes.{Video/@@@} M/83 M/83
VIDAS AO VENTO
(Kaze tachinu, 2013)
"Como dizem do vinho, os visuais de Miyazaki só melhoram com o passar do tempo. E impressiona como o diretor consegue extrair de uma aparente cinebiografia tradicional sentimentos tão profundos e um nível de sensibilidade que cabe a poucos." (Alexandre Koball)
"Miyazaki reúne seus temas favoritos em um filme exponencialmente lindo, de momentos marcantes e onde o sonho e realidade se misturam de vez." (Rodrigo Cunha)
"No início, a bela trilha de Joe Hisaishi e os pequenos conflitos dos personagens deixam um clima de Ozu no ar. No meio, o roteiro exagera nas explicações técnicas dos aviões e coisa quase desanda. Ainda assim, o testamento de Miyazaki é pra lá de digno." (Régis Trigo)
"Miyazaki constrói um filme mais tradicional do que o costumeiro em seu trabalho, ainda que seja nos momentos de sonho e de imaginação livre que a obra funcione melhor. É sensível e bonito, mas sempre um pouco distante do espectador." (Silvio Pilau)
"O brilhantismo de Miyazaki está de volta em tons, cores e melancolia. Trabalhando no limite do realismo dessa vez, ele fica em duvida do caminho a seguir vez por outra, mas nada que tire a beleza e a emoção de sua despedida." (Francisco Carbone)
Quem consegue ver o vento?
''Voar sempre fez parte do cerne das obras de Hayao Miyazaki. Talvez um dos maiores estetas e mais criativos cineastas de todos os tempos, o japonês setuagenário sempre associou a liberdade, a criatividade, a fantasia e a própria experiência de viver ao ato de poder voar. Não é de se admirar então sua paixão por aviões, e desde Porco Rosso - O Último Herói Romântico que ele não se focava tanto no tema como o faz agora em sua dita obra derradeira, ''Vidas ao Vento'' embora tenha passado nesse meio tempo por belíssimos momentos no ar, como no vôo da menina e do dragão pela noite de luar em A Viagem de Chihiro. ''Vidas ao Vento'' é a obra mais ímpar na carreira dele, por ser a primeira vez em que o diretor não calcou sua história na fantasia. Podemos até considerá-lo como seu primeiro filme cem por cento voltado ao público adulto. A história gira em torno de Jiro Horikoshi, o homem que projetou o modelo dos aviões de caça japoneses usados na Segunda Guerra Mundial. Apaixonado por aviões desde pequeno, Horikoshi foi um designer muito importante e nunca escondeu seu desgosto em ver suas criações sendo usadas para promover massacres e mortes. No filme de Miyazaki, ele assume a forma mais de um personagem fictício, pois não se trata exatamente de uma cinebiografia. O cineasta apenas enxergou na história de vida do homenageado uma paixão em comum. Embora seja um filme mais sóbrio e contido, Miyazaki em momento algum foge da óptica onírica pela qual suas animações sempre foram concebidas. A sequência de abertura mesmo remete a um sonho do protagonista, que nele conhece e troca ideias com seu ídolo, um designer de aviões italiano. Recorrentes, essas sequências em sonho permearão toda a obra e permitirão ao cineasta explorar sem receio suas cores, traçados e acrobacias aéreas, e de alguma forma afetarão inclusive o que se vê nos momentos em que ele está acordado. O elemento que une esses dois universos que regem simultâneos a trama é o vento. Através do vento, e somente dele, que Horikoshi consegue dar vida ao que sonha, e também é ele que traz o amor de sua vida. É a força invisível, porém inegavelmente real, que existe para nós apenas pelo sentir e não pelo ver, que nos toca e que move destinos. Foi sempre o vento que sustentou as fantasias de Miyazaki, um mestre em tocar nossos corações muitas vezes da forma mais invisível e sutil. De certa forma, foi essa a grande força motora de sua carreira, tentar tocar o coração do espectador por meio de algo implícito em meio a tantas cores e aventuras aladas – algo que parece tão mágico, excitante e abstrato, mas ao mesmo tempo muito real e palpável, tal como o vento. Depois de muitas aventuras, fantasias e viagens a universos extraordinários, é incrível ver que justamente em Vidas ao Vento, um drama sereno, que Hayao Miyazaki finalmente faz seu filme-testamento. Aqui convergem todos os temas que em algum momento ou mais cruzaram seu caminho: a história do povo japonês, a irracionalidade das guerras, os conflitos aéreos, a dualidade do sonho/realidade, o meio-ambiente, as catástrofes naturais, a amizade, o amor, a saudade, o sentimento da perda de alguém querido, a infância, o amadurecimento e a melancolia. Pela primeira vez ele analisa esses temas com um olhar mais pé no chão, direto e sem muitos aparatos alegóricos ou lentes coloridas, e justamente por isso consegue chegar a uma resolução mais madura, como se estivesse se despedindo e deixando para nós as ideias que gostaria que continuassem ganhando atenção de futuros cineastas. De inédito, também vemos aqui o que possivelmente seja Miyazaki usando pela primeira vez o recurso de um alter-ego. O personagem que ele compôs com base em seu ídolo, Jiro Horikoshi, guarda muitas semelhanças com o cineasta. Ambos nunca puderam pilotar aviões por problema de miopia, são apaixonados por desenho (aliás, é a primeira vez que ele cria um personagem principal desenhista) e pelo céu. Não é difícil imaginar o porquê. Neste auto-retrato poético ele finalmente se desprende de si mesmo, se deixa levar pelo vento que por tantas vezes sustentou seus personagens, agradece seus admiradores, sobe quase que literalmente aos céus e passa de criador a criação, integrando finalmente a galeria de personagens inesquecíveis e traços marcantes que saíram de sua imaginação. Em "Vidas ao Vento", ele troca a perspectiva de seu cinema, a ponto de refleti-la contra o próprio espelho. Ele, enfim, voa." (Heitor Romero)
''Você precisa viver - essa ideia, essa necessidade, permeia Vidas ao Vento quase como uma justificativa tanto para as ações quanto para a omissão das mesmas. Com trama irregular, mas personagens ricos em suas indefinições, Hayao Miyazaki traz uma obra bela e polêmica que concorre ao Oscar 2014 na categoria Melhor Animação. Jiro Horikoshi, personagem central, desenhou o famoso avião A6M Zero. Foi com ele que os japoneses fizeram voos fatais na Segunda Guerra Mundial, lançando-os em Pearl Harbor e tantos outros ataques kamikazes da época. Acompanhamos a trajetória do designer desde os primeiros anos do seu sonho, sempre permeada pelas aparições do pioneiro aviador italiano Giovanni Caproni em belas imagens. No decorrer da animação, a estética de traços simples se mistura a momentos de paisagens quase impressionistas. Em uma de suas viagens de trem, ainda na juventude, o protagonista enfrenta um terremoto e acaba por conhecer Nanoko ao ajudá-la numa situação de dificuldade. Os dois se separam e vão se cruzar novamente ligados pelo vento, por objetos que voam ao encontro deles e chamam a atenção de um para o outro. O dia a dia de Horikoshi desenhando aviões, tendo ideias inovadoras, lidando com a perseguição de autoridades e o drama relacionado à doença de Nanoko embalam a história que começa bem, perde o ritmo no meio e retorna com impacto no final. ''Vidas ao Vento'' não é envolvente como o doce A Viagem de Chihiro, longa que levou Miyazaki a ter sucesso de público e respeito da crítica. Pelo contrário. É áspero e implica numa reflexão tanto sobre a escolha de se retratar a história desse personagem controverso quanto por deixar dúvidas morais e éticas em relação a suas atitudes. Por mexer no vespeiro, Miyazaki não tardou a sentir os ataques por todos os lados. Os sul-coreanos o acusararam de glamourizar a figura do principal símbolo militar japonês pelo qual milhares deles foram forçados a trabalhar. Já os nacionalistas japoneses o criticaram por mostrar a guerra como algo fútil. Lançado na metade de 2013 por lá, chegou no momento em que o primeiro ministro Shinzo Abe tentava modificar a constituição para aumentar o poder militar do país, atitude criticada duramente pelo diretor em uma carta aberta. Apesar dos conflitos políticos, Miyazaki tentou retratar justamente a beleza que os olhos do designer viam na máquina de fazer sonhos, como o mesmo chamava os aviões. Se pensarmos a partir do ponto de vista pelo qual a falta de ação também é uma ação, podemos encontrar um meio de condenar o Horikoshi ao continuar trabalhando em um projeto com uma terrível finalidade. Mas, naquele contexto onde sobreviver era um desafio diário e as certezas não existiam pois a história estava sendo escrita, fica muito difícil julgar. O cinema explorou esse dilema em diversas ocasiões. O conflito entre ação e omissão é retratado com louvor no belíssimo Europa, de Lars von Trier, que se passa na Alemanha destruída após a insanidade de Hitler. Outro momento de escolha importante surge da relação do protagonista com Nanoko. O tempo de vida da jovem pode ser breve, então os dois decidem ficar juntos e enfrentam os riscos dessa decisão. No fim das contas, o verdadeiro protagonista desta animação é o próprio vento: que dá suporte aos aviões, guarda o oxigênio que falta aos pulmões da amada com tuberculose, guia o invisível caminho da história em um mundo ainda cego. A frase de Paul Valéry estampada no início o revela por completo: O Vento se eleva, devemos tentar viver. Assim, Hayao Miyazaki fecha sua carreira de forma discreta - se esse realmente for seu último filme." (Cristina Tavelin)
{Se o vento leva, temos que tentar viver} (ESKS)
{Quem viu o vento? Nem você, nem eu. Mas como as folhas balaçam, o vento esta passando} (ESKS)
86*2014 Oscar / 71*2014 Globo / 2014 Lion Veneza
Top Animação #39 Top Biografia #22
41 Metacritic
Date 07/03/2015 Poster - #### - DirectorPaul Thomas AndersonStarsJoaquin PhoenixJosh BrolinOwen WilsonIn 1970, drug-fueled Los Angeles private investigator Larry "Doc" Sportello investigates the disappearance of a former girlfriend.[Mov 05 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@@} M/81
VICIO INERENTE
(Inherent Vice, 2014)
"O estilo único de PTA transformado em uma comédia, onde o enredo inexplicável é uma mera desculpa para um painel de relações excêntricas entre personagens absurdos. Divertido e elegante, é um filme no qual o cenário é mais importante que a trama." (Silvio Pilau)
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''Vício Inerente" é intrigante antes ainda de propor sua intriga: quem são essas pessoas que de repente aparecem ali? De onde surgiram? E para onde pretendem ir? Então a intriga se lança... Não, ainda não: descobrimos que uma ex-namorada procura Joaquin Phoenix, ou Doc Sportello, estranho detetive particular, contando uma história estrambótica. História típica de filme noir. Mas já então não é a intriga o que interessa de fato no filme que Paul Thomas Anderson extraiu do livro de Thomas Pynchon, e sim os personagens. E, quando nos detemos um pouco nos personagens, nas paisagens, nas cores que se ali se agitam, é em uma época que pensamos: o Maio de 68 parisiense, a vigorosa reação contra a Guerra do Vietnã. E as drogas, claro. Tudo isso partes de um ideário generoso de que hoje o filme nos apresenta às ruínas. Há algo de triste, algo de magnífico nisso tudo.'' (* Inácio Araujo *)
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''Na superfície, "Vício Inerente" é uma história policial com um detetive particular, Doc Sportello (Joaquin Phoenix), que periga ser o personagem mais louco desde o Dude que Jeff Bridges imortalizou em O Grande Lebowski, dos irmãos Coen. Mas o filme, dirigido pelo talentosíssimo Paul Thomas Anderson (O Mestre, Sangue Negro) e adaptado de um romance de Thomas Pynchon, é muito mais que isso. É um mergulho em 1970, quando o sonho hippie de paz, amor e LSD já tinha sido substituído pela paranoia e conflitos que desembocariam em Watergate e, depois, pela guinada à direita da era Reagan. Foi o ano em que a América percebeu que o mundo era cinza, não tecnicolor. Não é à toa que personagens parecem perdidos. O país estava assim. Quando Doc recebe a missão de procurar uma ex-namorada, Shasta (Katherine Waterston), que vivia um romance proibido com um misterioso magnata, Mickey Wolfmann (o excelente e sumido Eric Roberts, irmão de Julia), sua vida entra numa espiral descendente e lisérgica, em que ele encontra dentistas traficantes (Martin Short, engraçadíssimo), um policial barra pesada (Josh Brolin), um músico/informante do FBI (Owen Wilson) e uma procissão de malucos que são típico Pynchon. Mais um filme surpreendente de Anderson, que se tornou um dos maiores cronistas dos submundos em Boogie Nights e Magnólia.'' (Andre Barsinski)
Rota de colisão.
''Paul Thomas Anderson filma uma América sempre no limite, à margem, à beira. Seus personagens são indivíduos obstinados, limítrofes, desajustados e selvagens. Suas temáticas e ambiências, perigosas, pouco tradicionais, investigações que ninguém quer cogitar. Vemos isso em Boogie Nights – Prazer sem Limites e suas inspirações scorseseanas ao adentrar a ascensão e queda do cinema pornográfico em um ritmo intenso, violento e degradante – assim como nos grandiloquentes ares à la Kubrick de Sangue Negro, a câmera entrando sem volta em uma mente gananciosa nas raízes da América, que mais cedo ou mais tarde eram poços de riqueza capazes de explodir no rosto dos próprios gananciosos. O Mestre, em outra mão, falava sobre um desejo de liberdade e uma ânsia por falta de amarras tão grande que seu protagonista era condenado a jamais ter uma casa, jamais ser domado, jamais ser educado. Tanto em Jogada de Risco e seus marginais obstinados, o desespero apaixonado e furioso de Embrigado de Amor, que quer libertar-se de controle e viver dos desejos, e o coral à la Altman em Magnólia sobre frustrações e tragédias que o caos insiste em jogar sobre pessoas que se julgavam tão potentes. Eles sempre querem muitos, e sempre podem botar tudo a perder em sua instabilidade. Analisando por esse retrospecto, o filme novo de Anderson parece quase uma síntese de seus protagonistas e por conseguinte, da forma que vê o seu país e a sociedade onde vive. Falamos de Vício Inerente, adaptação do romance homônimo publicado por Thomas Pynchon em 2009. O termo que batiza ambas as obras vem de uma referência a uma propriedade de um objeto físico que faz com que o mesmo se deteriore devido a uma instabilidade fundamental de seus componentes. E é justamente o que testemunha o detetive particular e hippie doidão Doc Sportello, perdido entre encontrar o amante de sua ex-namorada e experimentar todos os psicotrópicos e alucinógenos que aparecem em sua frente. O encontro entre contracultura e literatura hard-boiled não é exatamente novidade – vide o festival descarrilhado de violência repentina, diálogos nonsense e viagens cômicas promovidos pelos irmãos Coen em O Grande Lebowski (The Big Lebowski, 1998), verdadeiro ícone da geração slacker. Mas ao contrário da narrativa sóbria e fidedigna ao cinema de crime e investigação dos Coen, para Pynchon e PTA o policial está mais para um mar desgovernado de possibilidades. Compartilha-se o humor absurdo, com o protagonista indo cada vez mais fundo em seu embate contra uma América na mesma medida reacionária e pervertida, com seus jovens indivíduos sofrendo em suas mãos – a Era de Aquário era passado, ser hippie nos anos setenta era quase um crime, a guerra de Nós contra Eles estava declarada. Doc sofre nas mãos de antagonistas dos dois lados da lei – o paradoxal Delegado Bigfoot, contrastando ódio reacionário e atormentados desejos de libertação de um lado e traficantes, nazistas. Pontuais figuras – empresários, médicos, viciados e outras - aparecem como clowns, cômicos em sua caricatura e tristes em seu arquétipo, reforçando acima de tudo a condição de Doc como um outsider da América. Tão diversa, tão estranha, tão em rota de colisão consigo mesma. E reforçando como o filme, em si, derrete em ácido sua narrativa intertextual. É famosa uma história de Howard Hawks que, quando filmava À Beira do Abismo (The Big Sleep, 1946), o cineasta foi perguntado pelo elenco sobre o complicado enredo da trama; quem seria o assassino, se o inocente era inocente mesmo, por aí vai. Hawks disse que também não entendia nada, mas adorava o clima ambíguo da história, seus detetives violentos e indiferentes, seus interesses afetivos misteriosos e ambíguos, as mil e uma reviravoltas, as sombras sempre dominando o ambiente. Mais tarde, essas dúvidas seriam enviadas ao autor do romance original, Raymond Chandler, e o mesmo teria comentado a um amigo que ele também não sabia. Coisa parecida acontece em ''Vício Inerente'', trocando o durão pelo doidão, a femme fatale pela adepta do amor livre, a fotografia em chiaroscuro pelas luzes psicodélicas opacas e a cenografia berrante, os narradores culpados e fantasmas que repartem a narrativa entre passado e presente pela narração extraída literalmente do livro ipsis literis, evidenciando construção a partir de algo e quebrando o tempo do filme em episódios, suas reviravoltas em set pieces de longos diálogos de câmera estática onde basicamente todo e qualquer assunto é posto em cheque. O fio narrativo é bifurcado, entrelaçado, incompreensível. PTA compreendeu o caráter menos de fabulação, mais de tese, procurando nos primórdios de suas carreiras em videoclipes transformando esses momentos de voiceover em uma rachadura perdida como os anos setenta, oitenta e noventa – cinemas em busca de identidade, que firmam pé na incerteza, na mudança constante de rumo, sem jamais firmar o compromisso com alguma ideia. Os anos 2000 recordam os anos setenta, recordam do Eastmancolor, dos filmes quebrados nos episódios progressivamente violentos e absurdos, os protagonistas que não seguiam nenhuma moral absoluta, a estilização desprezando o naturalismo em favor do simbolismo. ''Vício Inerente'' é o fruto de um projeto pessoal constantemente mutante, que tem medo de, caso perca sua instabilidade, perca sua razão de existir – seja ela qual for. A América de seus ouros filmes, que já foi urbana, espiritual, raivosa e perdida, agora paga seus pecados em um filme-caldeirão de influências, que cozinha em fogo alto cada tentativa desesperada de se livrar de amarras; cada ameaça às liberdades individuais; a inevitável responsabilidade que todo homem livre já nasce condenado; a falta de sentido e a certa dramaturgia do absurdo, repetindo leit-motivs cômicos e dramáticos a todo tempo, com Doc protagonizando muitas histórias em uma só, salvando alguns e condenando outros, tendo diálogos extensos com quase todos que encontra, compartilhando de silêncios constrangedores com o espectador frente ao esvaziamento narrativo obtido da sobrecarga narrativa. Os planos estáticos compartilham espaço com travellings, com closes incômodos e composições de quadro pouco usuais, acelerando e desacelerando, narrando e desmentindo a própria fabulação – a atmosfera induzida pelo uso de narcóticos, incapaz de distinguir normalidade e aberração, mas ciente da ameaça da sobriedade. Falar dos filmes de Anderson é falar de um cinema em cacos, onde todos parecem protagonizar a mesma história indefinidamente, sujeitos ao “Vício Inerente” de sua condição humana, inferno e purgatório daqueles que, frente ao paraíso do conformismo, sofrem do desajuste por causa de suas naturezas solitárias, desviantes; há os que corrompem-se para ascender, os que abandonam tudo para não pertencer e os que como Doc Sportello observam impotentes a entropia à sua volta. Todos párias equilibrando-se entre liberdade e opressão, protagonistas de filmes mutantes e conflitantes em sua estilização e dramaturgia, necessárias afrontas contra a normatividade, em rota de colisão constante contra todo e qualquer regime estético totalizante e gravado em pedra. As ideologias estão se desfazendo, as ideias se confundindo, o sentindo está se esvaindo, o circo normativo é denunciado de maneira incansável; além de observação, além de tese, Vício Inerente é o uivo bicho grilo contra o mundo." (Bernardo D.I. Brum)
''Esta adaptação do romance de Thomas Pynchon confirma o cineasta Paul Thomas Anderson (Sangue Negro) como um dos poucos, entre os que têm visibilidade na mídia e trabalham com atores do mainstream - Joaquin Phoenix, de seu também excelente O Mestre, a fazer cinema inteligentíssimo e pouco concessivo ao gosto médio e ao consumo rápido. O belo plano inicial entre casas na praia nos conduz aos anos 1970, quando o sossegado e atípico detetive particular Doc Sportello (Phoenix, brilhante), movido mais pela paixão por uma ex-namorada do que por "ofício", se deixa enredar por (mais que investigar) mirabolante ciranda de desaparecimentos, assassinatos e americanices em geral. Anderson chega ao requinte de ser ainda mais literário que o genial escritor que adapta, ao deslocar para uma personagem secundária —a Sortilège de Joanna Newsom - instigante, lírico e pouco explicado viés narrativo, que torna a irônica e intencional "confusão" da trama ainda mais fascinante." (Roberto Alves)
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''Vício Inerente'' é uma viagem cinematográfica despreocupada em contar uma história coesa e sim em criar um mosaico, ou melhor, um caleidoscópio, da história noir movida a drogas escrita por Thomas Pynchon. A cada revelação, a realidade se torna mais confusa, tudo sempre com tom peculiar de comédia e visual psicodélico, muitas vezes, borrado, para aumentar a sensação alucinógena. Não é um filme fácil, mas é absolutamente hipnotizante. Na trama ambientada em 1970, Shasta Fay Hepworth (Katherine Waterston) aparece na porta do fumado detetive Larry Doc Sportello (Joaquin Phoenix), afinal, seu novo namorado, um bilionário chamado Mickey Wolfmann (Eric Roberts), está desaparecido. Relutante, ele aceita o caso e passa a rodar a cidade a procura de pistas. Indícios levam a mais perguntas e as investigações levam a novos casos de desaparecimentos. Ao longo do caminho, as coisas começam a se complicar e as teorias de conspiração se multiplicam. ''Vício Inerente'' precisa ser visto mais de uma vez. O tom, visual, trilha e estilo do filme procuram reforçar o estado mental de alguém constantemente alto. Paul Thomas Anderson, diretor e roteirista do longa, consegue capturar essa sensação de euforia e a insere em uma estrutura de três atos, na qual a atmosfera é mais importante do que qualquer coisa. Os detalhes não são essenciais e, quando Doc descobre alguma nova informação, é a atuação de Phoenix que nos diz mais sobre sua importância do que qualquer exposição óbvia. Mais voltado para a comédia, Phoenix mais uma vez comprova ser um dos melhores atores da atualidade ao enfrentar um personagem muito diferente de seus papeis recentes em Ela e O Mestre. Doc fuma e fuma um pouco mais. Os olhos escancarados, as costeletas e o chapéu de praia fazem dele um personagem caricato, porém, roteiro e atuação garantem profundidade, afinal ele é capaz de alternar momentos sombrios, heroicos e engraçados com muita facilidade. Phoenix conduz suavemente o espectador por meio da trama aparentemente desconexa. O elenco de apoio funciona bem como maneira de empurrar Doc adiante. Josh Brolin é o retrato do detetive noir e símbolo da figura de autoridade. No papel de Bigfoot, ele é o tipo de cara que entra no apartamento de Doc chutando a porta para exigir respostas. O exagero é proposital, afinal ele é parte da sociedade que espera confrontar qualquer jovem com ideologias diferentes para a época. Owen Wilson é um agente disfarçado arrependido, que aparece nos lugares mais estranhos (incluindo um hospício que parece ter saído direto de Corra Que A Polícia Vem Aí). Benicio Del Toro está em algumas cenas-chave como advogado de Doc, sempre com alguma informação útil. Martin Short está no trecho mais louco do filme, regado a sexo, cocaína e paranoia, momento interessante, capaz de aprofundar o clima da produção. Katherine Waterston impressiona como femme fatale e consegue seduzir apenas com palavras. Além disso, o longa conta com a narração de Joanna Newsom que, sem revelar demais, aprofunda a sensação de viagem do protagonista. ''Vício Inerente'' é um filme complexo, esquisito, mas bastante divertido. É denso, com muita coisa acontecendo, apesar de termos apenas relances da maioria das subtramas. Provocante e visualmente interessante, esse é um longa que precisa ser visto com calma, afinal claramente tudo foi pensado de forma detalhada e possui muitas nuances para o espectador absorver de uma só vez. Com o tempo, as ligações ficam mais claras, a trama ganha sentido e as revelações se encaixam. Perceber tudo isso da primeira vez não é fácil, mas tentar é algo bastante recompensador." (Daniel Reininger)
87*2015 Oscar / 72*2015 Globo
Ghoulardi Film Company IAC Films Warner Bros.
Diretor: Paul Thomas Anderson
29.165 users / 13.730 face
Soundtrack = Can + The Marketts + Neil Young + The Association + Sam Cooke + Minnie Riperton
43 Metacritic
Date 22/04/2015 Poster - ##### - DirectorSimon BarrettJason EisenerGareth EvansStarsLawrence Michael LevineKelsy AbbottAdam WingardSearching for a missing student, two private investigators break into his house and find collection of VHS tapes. Viewing the horrific contents of each cassette, they realize there may be dark motives behind the student's disappearance.[Mov 03 IMDB 6,1/10] {Video/@@} M/49
V/H/S 2
(V/H/S/2, 2013)
"Apesar de não ser original, o primeiro VHS era um produto tenso e de valor para o gênero; esta sequência aparenta não ter o mesmo cuidado, e as histórias são fracas e quase cômicas (ex.: o segmento dos zumbis)." (Alexandre Koball)
''V/H/S 2'' foi lançado sob muita expectativa. O trailer que o promoveu era interessantíssimo, e havia a promessa de que o filme fosse uma grande produção de horror, trazendo contos que superariam o original. Ocorre que, após o sucesso de seu antecessor, V/H/S, o projeto – novamente sob responsabilidade do criador do site Bloody Disgusting, Brad Miska –, mesmo tentando inovar em certos aspectos, perdeu fôlego, não por repetir a mesma fórmula do filme original, mas por, talvez, ouvir as críticas negativas relativas a detalhes técnicos que a fita tenha recebido – a qualidade técnica do primeiro filme é de fato precária, mas não atrapalha em nada a diversão. Ainda assim, V/H/S 2 conta com um dos contos mais insanos já escritos e filmados, superando todas as histórias restantes, inclusive os contos do filme anterior. TAPE 49 Como dito, Brad Miska repete a fórmula que o consagrou, trazendo uma história principal que intercala com os outros contos. Aqui, Simon Barret escreveu e dirigiu Tape 49, que conta a história de um casal de detetives investigando o sumiço de um jovem. Ao adentrar a casa do rapaz, eles se deparam com diversas fitas VHS, às quais passam a assistir em busca de provas. Assim como no primeiro filme, a história é vazia e sem graça, não atraindo o espectador em nenhum momento, principalmente aqueles que já estão familiarizados com a franquia. PHASE I: CLINICAL TRIALS Logo de início, o primeiro conto propriamente dito já mostra o motivo de ''V/H/S 2'' ser menos interessante que o seu antecessor. A fita dirigida por Adam Wingard e escrita por Simon Barret se inicia exatamente quando a câmera é ligada. e logo se percebe que o protagonista perdeu um olho e está fazendo um tratamento inovador que consiste na instalação de uma câmera atrás de uma prótese ocular realista, fazendo com que seu cérebro receba as imagens daquilo que a câmera está captando. E não preciso nem dizer que a câmera do rapaz capta mais do que deveria. O mais interessante em Clinical Trials são os truques de cinema utilizados em todas as vezes que o protagonista se olha no espelho, pois, teoricamente, a câmera está dentro de seu olho direito e, realmente, parece estar. Os pontos negativos se repetem por quase todos os contos, e consistem na qualidade das imagens, todas elas muito nítidas, contradizendo com o padrão (hoje) precário das fitas VHS, além das cenas de susto virem acompanhadas de sons altos de interferência ou trilha sonora, o que mostra certa falta de cuidado com o conteúdo da história, uma vez que usar esse tipo de artifício é como jogar um jogo de videogame com códigos de invencibilidade e munições infinitas. Totalmente sem graça. A RIDE IN THE PARK Dirigido pela dupla que, respectivamente, dirigiu e produziu o sucesso A Bruxa de Blair, Eduardo Sánchez e Gregg Hale, e escrito por Jamie Nash, A Ride In The Park é uma produção totalmente azarada por um único motivo: The Walking Dead. Talvez, se o grande sucesso apocalíptico zumbi não existisse, esse passeio no parque seria mais interessante. Trazendo um conceito interessante que mostra um ciclista (com sua GoPro acoplada no capacete) sendo atacado por um zumbi, podemos acompanhar sua transformação e o ataque a uma festa de aniversário sob o ponto de vista da câmera no capacete. Porém, todos os zumbis do conto são muito mal feitos, deixando qualquer membro da Zombie Walk aqui no Brasil totalmente orgulhoso de sua maquiagem. SAFE HAVEN De longe, Safe Haven é o melhor e mais insano conto de toda a franquia V/H/S, E não é por menos, uma vez que a fita é dirigida pelo louco Gareth Evans, responsável pelo premiado filme indonésio Operação Invasão. As cenas de violência que consagraram Evans permanecem intactas, sendo que as cenas de luta dão lugar à mente doentia do roteirista Timo Tjahjanto que, junto com diretor, mostra a história de um grupo de cineastas que estão filmando um documentário sobre uma estranha seita religiosa indonésia, cujo líder – um cidadão muito sinistro, por sinal, está sendo acusado de promover abusos sexuais às crianças da seita entre os demais membros do grupo. Para o azar da equipe de filmagem, eles se descobrem exatamente no meio do juízo final, a chamada redenção dos membros da seita. Sangue. Muito sangue. Assassinatos, suicídios coletivos, pessoas explodindo e uma cena de parto que deixa encabulado até o mais cético. Se você não se interessou pela franquia V/H/S, procure por Safe Haven na Internet. É obrigatório. SLUMBER PARTY ALIEN ABDUCTION Hollywood parece sentir falta de filmes de suspense/terror com temática de abdução por alienígenas, e Slumber Party Alien Abduction, de certa forma, tenta (sem sucesso) preencher o vazio deixado após o lançamento de grandes clássicos como Contatos Imediatos de Terceiro Grau e Fogo no Céu. O segmento se parece bastante com o clássico B de abduções Estranhas Criaturas, de 1998. Com o sucesso de A Bruxa de Blair, o filme, em found footage, conta a história de uma família que, durante o jantar do feriado de Ação de Graças, recebe em sua propriedade a visita de seres extraterrestres nada amigáveis. O conto, dirigido pelo talentoso Jason Eisener, diretor de Hobo With a Shotgun, mostra de forma muito inteligente a invasão da residência e consequente abdução de uma família sob o ponto de vista do cachorro da casa, que teve uma câmera acoplada em sua coleira durante uma festa do pijama. Mesmo que o filme seja urgente e frenético, os bons momentos da fita são atrapalhados pelo auxílio de sons impertinentes que buscam causar sustos, o que de certa forma deixa o espectador irritado. Numa produção assim, espera-se que a própria trama, aliada a um roteiro e uma direção competente, cause medo por aquilo que está acontecendo em tela, e não por causa de um barulho alto quando se menos espera. Mas, em que pesem todos os aspectos negativos, o saldo de ''V/H/S 2'' ainda é positivo, porque além de trazer Safe Haven, possui ótimos momentos, fazendo com que o fã do terror se sinta agraciado com histórias de qualidade criadas e dirigidas por diretores conhecidos ou promissores do cinema underground, sendo exatamente esse o conceito de toda a franquia.'' (David Matheus Nunes)
Collective Digital Studios Bloody Disgusting 8383 Productions Snoot Entertainment Haxan Films Yer Dead Productions
Diretor: Simon Barrett / Jason Eisener / Gareth Evans / Gregg Hale / Eduardo Sánchez / Timo Tjahjanto / Adam Wingard
22.032 users / 7.083 face
Soundtrack Rock = Natur
21 Metacritic
Date 02/05/2015 Poster - ### - DirectorAlbert ZugsmithStarsVincent PriceLinda Lin Di HoRichard LooIn 19th-century San Francisco's Chinatown, American adventurer Gilbert De Quincey saves slave girls owned by the Chinese Tong factions.[Mov 04 IMDB 6,6/10] {Video/@@@@}
VICIO QUE MATA
(Confessions of an Opium Eater, 1962)
''Aventureiro enfrenta dilemas sociais, quando envolve-se com pessoas de um ramo da sociedade Tung, que controlam o tráfico de mulheres e ópio em São Francisco." (Filmow)
Photoplay
Diretor: Albert Zugsmith
335 users / 51 face
Date 28/05/2015 Poster - ######## - DirectorJoss WhedonStarsRobert Downey Jr.Chris EvansMark RuffaloWhen Tony Stark and Bruce Banner try to jump-start a dormant peacekeeping program called Ultron, things go horribly wrong and it's up to Earth's mightiest heroes to stop the villainous Ultron from enacting his terrible plan.[Mov 08 IMDB 7,8/10] {Video/@@@@} M/66
VINGADORES - A ERA DE ULTRON
(The Avengers: Age of Ultron, 2015)
TAG JOSS WHEDON
{divertido / simpático}Sinopse
''Quando Tony Stark tenta alavancar um programa de paz virtual, as coisas dão errado e os maiores heróis da Terra, incluindo: Homem de Ferro, Capitão América, Thor, o Incrível Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro, enfrentam um teste derradeiro enquanto o destino do planeta está em jogo. A equipe deve voltar a reunir-se para derrotar Ultron, um vilão tecnológico disposto a provocar a extinção humana. Pelo caminho, enfrentarão dois poderosos seres, a Feiticeira Escarlate e o Mercúrio e conhecerão um velho amigo numa nova forma quando Jarvis se tornar o Visão.''
"Vingadores: Era de Ultron" não é apenas o melhor filme para fãs de super-heróis de quadrinhos feito até hoje. É um filme de ação e aventura impecável, até para quem não abre um gibi há décadas. Quem é consumidor de HQ terá um prazer a mais na sessão, acompanhando a vingança do autômato Ultron contra seu criador, Tony Stark, e a humanidade. É um vilão surgido nos gibis em 1968. O filme tem muitas piadas - Thor é o campeão -, algumas só entendidas por fãs, e um ou outro detalhe engraçado que apenas os verdadeiros maníacos vão captar. Mas o segundo longa dos Vingadores, novamente dirigido por Joss Whedon, é mais didático que o anterior. Rapidamente, sem abdicar de cenas de ação ininterrupta, um quem é quem da equipe fica desenhado. O time traz dois fortões, Thor (Chris Hemsworth), o deus nórdico honrado e destemido, e Hulk (Mark Ruffalo), um rastro verde de destruição a cada vez que Bruce Banner surta com alguma coisa. Uma dupla cerebral tem Capitão América (Chris Evans), herói da Segunda Guerra e líder natural da turma, e Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), que o mundo sabe que é o cientista milionário Tony Stark com a armadura que ele mesmo criou. Resta a dupla fracote, com Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), que nunca erra os disparos, e Viúva Negra (Scarlett Johansson), agente secreta. Ela tem uma função primordial no grupo, que é despertar e adormecer Hulk na mente de Banner. Quando o verdão está furioso, ele só volta à forma de Banner com uma canção de ninar da Viúva Negra. Sim, é A Bela e a Fera dos heróis. O sexteto começa o filme atacando uma base da organização terrorista Hydra, numa sequência de tirar o fôlego. Na verdade, o público terá pouco tempo para respirar. Na tentativa de criar um programa de computador para proteger o mundo, baseado em inteligência artificial, Stark inventa Ultron. A criatura se volta contra o criador. Os heróis enfrentarão centenas de robôs criados por Ultron e o próprio supervilão, que acomoda seu cérebro virtual em corpos metálicos. No meio disso, o ótimo roteiro encontra espaço para que o casal de gêmeos mutantes Pietro e Wanda entre para o grupo (nos gibis ganham os nomes de Mercúrio e Feiticeira Escarlate) e para Ultron criar o Visão, androide que se torna Vingador. Não vale contar mais. Equilibrado entre ação e humor, "Vingadores: Era de Ultron" crava definitivamente os super-heróis como um gênero cinematográfico. Os Vingadores foram criados em 1963. O número um da revista saiu em setembro. Mas seus integrantes já tinham aparecido antes nos gibis da Marvel. Criados por Stan Lee e pelo desenhista Jack Kirby, foram lançados com alguns meses de intervalo, nesta ordem: Homem-Formiga, Hulk e Thor, em 1962, Homem de Ferro e Vespa, em 1963. No número 2 da revista, o Homem-Formiga passaria a ser o Gigante. No número 4, em 1964, o Capitão América entrou para a equipe. Era um herói de gibis dos anos 1940 repaginado por Lee e Kirby. A ideia para formar um grupo de heróis veio da editora rival da Marvel, a DC Comics, que lançara com sucesso, em 1960, a Liga da Justiça, que reunia Batman, Super-Homem, Mulher Maravilha e Flash, entre outros." (Thales de Menezes)
"Acabou se mostrando bem mais fraco e assume isso ao tentar disfarçar fazendo mais graça do que tentando contar uma história. Uma pena ver um personagem tão fascinante quanto Ultron ser mal aproveitado assim." (Rodrigo Cunha)
"É aquela coisa de sempre: toneladas de enfadonhos efeitos especiais e intermináveis cenas de ação incapazes de gerar emoção, já que não há base dramática, história ou desenvolvimento de personagens. Dessa vez, para piorar, nem divertido é. Chatice pura." (Silvio Pilau)
"Whedon cria um belo filme, ainda que com seus desvirtuamentos e excessiva pirotecnia. Oferta uma sessão divertida que só funciona ao longo da mesma, da mesma forma que a pipoca é deliciosa enquanto está quente. É esquecível em poucas horas." (Marcelo Leme)
"Sem nada que o diferencie da atual leva de filmes de super-herói da Marvel, é o bom e velho blockbuster assumido, descarado e picareta, que diverte por sua pirotecnia e carisma de (alguns) de seus personagens." (Rafael W. Oliveira)
"Cheguei a pensar que Michael Bay era o diretor do filme." (Francisco Bandeira)
A falsa crise dos vingadores.
''A razão de ser da Marvel Studios encantou muitos fãs dos seus quadrinhos lá em 2008, inclusive eu: criar, pela primeira vez, uma interdependência entre os super-heróis no cinema, fazendo-os funcionar, idealmente, a partir da mesma lógica do material de onde surgiram. Onze filmes depois, muito do fascínio já se perdeu, as cenas pós-créditos inspiram cada vez menos furor e entusiasmo, Os Vingadores, a grande ambição da década de HQs na telona, já está no seu segundo filme. É difícil encontrar uma abordagem nova, explorar aquele aspecto de novidade que fez explodir os Batmans de Christopher Nolan e o próprio Homem de Ferro. No fim, parece que a Marvel sucumbe à crítica que a acusa de fazer sempre o mesmo filme.
Devo dizer que esse comentário, cada vez mais presente, incomoda-me bastante. Sim, a Marvel tem repetido a mesma fórmula e feito bastante dinheiro com variadas versões dela. Mas como isso seria diferente de Hollywood desde que Hollywood existe? É importante reconhecer que a lógica quase fordista como se produzem filmes na cidade dos sonhos não é exclusividade do gênero de super-herói ou comédias-românticas ou filmes de ação, que a mesmíssima questão passou pelo film-noir e os primeiros talkies. Ainda assim, acho que os filmes do estúdio sofrem de um problema constante, que se acentua quanto mais eu mergulho nos quadrinhos do mesmo universo (e vamos culpar a Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel, da Salvat, por isso). Eles estão simplesmente atrasados, e não falo em questão básica de narrativa, mas de como abordam o dilema de ser um super-herói ou mais especificamente ser um vingador. Vingadores: A Era de Ultron tenta se aproximar das ambiguidades morais da iniciativa, mas falha miseravelmente, e pra mim ficou muito claro o porquê. Desde, pelo menos, 2004, é muito difícil você encontrar um arco dos Vingadores nos quadrinhos que deixe bem desenhadas as fronteiras entre o certo e o errado. Nessa década, continuadas transformações da equipe denunciam que ela existe mais para a própria sobrevivência que pela sobrevivência do mundo. É perceptível até uma nostalgia pelos tempos em que Os Vingadores eram heróis inquestionáveis. A crise moral e até física (eles envelheceram, alguns até morreram ou simplesmente foram substituídos) do super-herói é tudo o que os quadrinhos contemporâneos conhecem. Para os filmes da Marvel, é difícil se engajar nisso agora, eles estão em um momento de consolidação da confiança no herói, mas mesmo a simplicidade contida nisso já não é tão facilmente aceita. O barulho feito por Nolan e o seu Cavaleiro das Trevas, do mesmo ano do primeiro Homem de Ferro, impôs ao gênero um ideal de realismo e seriedade. Esse ideal, que também questionaria a imagem do herói à moda Watchmen, não se sustenta por muito tempo nem com próprio Batman. Ainda assim, todas as continuações de super-herói feitas desde então são levadas a flertar com a crise em um ponto ou outro. Gwen Stacy não pode sobreviver ao segundo O Espetacular Homem-Aranha, a Shield deve ser desmascarada em Capitão América 2: O Solvado Invernal e Tony Stark teve que criar Ultron. Enquanto a crise se desenrola, até o segundo ato de ''Vingadores: A Era de Ultron'', tudo funciona muito bem. Tony Stark, por medo, cria o robô que destruirá os vingadores. Os homens criam aquilo que temem, homens de paz criam máquinas de guerra, explica o vilão, a inteligência virtual Ultron, de voz e pose imponentes, muito fã de Pinóquio, da Disney. O argumento que justifica Ultron é ótimo. Gosto muito de como o filme permite que se torça por ele na primeira hora, não por um fetiche em se torcer pelo vilão, mas por vislumbrar a possibilidade de ele estar mesmo certo, assim como de Tony Stark estar tragicamente errado, mas isso não dura. Muito logo, bem e mal estão perfeitamente divididos. E, como a máquina genocida foi criação de Stark e não pode machucar a humanidade de fato, pois deixaria seu criador em maus bocados, nenhum civil será ferido. É uma solução muito limpa para um filme que brinca com o jogo de discursos ideológicos. A covardia foi abraçada pela necessidade de manter o ciclo do filme. Se vamos ter uma pancadaria no desfecho, precisamos deixar o público muito confortável em saber por qual lado ele deve torcer. A Marvel precisa se livrar disso logo. ''Os Vingadores: A Era de Ultron'' ainda consegue boas coisas até nos seus momentos finais. Visão me causou uma impressão e tanto pela naturalidade com que é esteticamente concebido (Thor ainda me parece um cosplay bem produzido na Comic-Con), e a ideia de fim que o filme carrega parece surtir alguns efeitos definitivos e uma renovação na equipe que pode ter bons resultados. Para isso, a Marvel precisa olhar com mais atenção para a riqueza do material que tem em mãos. Não adianta mimetizar a linguagem dos quadrinhos com tiradas de humor e um colorido de personagens se não há disposição para encarar suas sutilidades, começando por diversificar os protagonistas (não lembro de uma vingadora ser tratada com o mesmo texto porco que recebe a Viúva Negra neste filme; e lembro de muitas vingadoras, uma quantidade de personagens que já deveria ter deixado a Marvel Studios constrangida por ainda ignorar quase todas). Se Vingadores: A Era de Ultron está entre os bons filmes da Marvel Studios, e acho que esteja, também deixa muito claras as suas lacunas. Ótimo." (Cesar Castanha)
''Vingadores: Era De Ultron'' é espetacular visualmente, divertido e mantém o alto nível das produções anteriores da Casa das Ideias. É feito para os fãs do Universo Marvel e marca de forma definitiva o fim de uma era e o início de uma nova fase do estúdio. Além disso, vai deixar muita gente de boca aberta com eventos tensos e ação empolgante. Mesmo assim, não supera o primeiro e, na realidade, não chega perto de causar o mesmo impacto e carisma de Guardiões Da Galáxia, inesperado sucesso da empresa. Após os eventos dos últimos filmes, não é surpresa ver os Vingadores unidos para manter a Terra a salvo. Sem a S.H.I.E.L.D., desmantelada durante a trama de Capitão América: O Soldado Invernal, e com a H.I.D.R.A. mais ativa do que nunca, era de se esperar que encontraríamos os heróis enfrentando os terroristas em busca do Cetro de Loki. Entretanto, é exatamente essa preocupação em se meter em assuntos mundiais que faz a equipe se tornar o centro das atenções e, muitas vezes, do ódio de muitos. É assim que conhecem dois de seus novos inimigos, os irmãos Maximoff, apresentados pela primeira vez na cena pós-créditos de Capitão América 2 e grandes adições ao elenco (apesar do sotaque). Odiados pelos poderosos irmãos, os Avengers são manipulados por Feiticeira Escarlate, um personagem realmente interessante, que coloca em ação eventos que podem causar a ruína da equipe. Para piorar, Tony Stark, com a ajuda de tecnologia alienígena, cria Ultron para proteger o mundo, conforme vimos incansavelmente nos trailers, e, a partir daí, as coisas desandam de vez. O roteiro tem premissa interessante e funciona, pelo menos na maior parte do tempo. Ultron é um grande vilão, cruel, poderoso e complexo, interpretado de forma arrepiante por James Spader. O problema está nos exageros da trama para forçar situações que, em outros casos, poderiam ser evitadas com tranquilidade. A dinâmica do grupo continua boa, porém, qualquer desavença vira motivo para os heróis se enfrentarem e discussões morais que poderiam ser ótimas, como acontecem no primeiro filme, são descartadas em prol de cenas de ação cheias de efeitos. É aí que o filme perde em relação ao primeiro. O longa repete muitas das fórmulas do filme de 2012, como discussões, lutas e ameaças e faz isso sem vergonha alguma. É verdade que leva algumas coisas além, exagera, aumenta a escala, mas, na realidade, arrisca pouco e fica muito parecido com o que já vimos. Aí entra outra questão: as atuações nem sempre agradam. Com os personagens já estabelecidos, parece faltar gana para alguns atores e, a ideia dividir a atenção com o resto do grupo, parece desanimar alguns deles. Robert Downey Jr., por exemplo, faz sua pior participação como Tony Stark no cinema até agora, não que seja algo gritante, mas os mais atentos vão reparar. Ao menos, diferente de O Homem De Aço, os Vingadores estão de fato preocupados em salvar vidas de civis que se encontram no meio do fogo cruzado. Essa preocupação, que tem tanto a ver com a índole desses heróis nos quadrinhos, é algo importante para manter o supergrupo como agentes do "bem" e não apenas deuses que brincam com as vidas humanas como bem entendem. Algo abordado em quadrinhos mais sombrios, como Authority (por sinal, recomendo muito essa HQ). ''Vingadores: Era De Ultron'' é o filme que a maioria dos fãs esperava. Grandioso, sombrio, tecnicamente impecável e, novamente, com os maiores heróis da Terra frente a frente com um vilão a altura. Entretanto, problemas como os já citados, falta de mistério e algumas decepções menores, como a falta de um ou outro personagem - Loki, por exemplo, faz muita falta - impedem que o segundo filme dos Vingadores seja o melhor da Marvel, como muitos acreditavam ser o caso. Ao menos, sua história muda tudo no universo da empresa, abre novos caminhos e, mais importante, direciona os personagens para dois grandes eventos: Guerra Civil e Guerra Infinita. Impossível não sair do cinema com gostinho de quero mais." (Daniel Reininger)
''Desde que o senso de humor ácido de Tony Stark ajudou a Marvel a viajar dos quadrinhos aos cinemas de forma revolucionária, o recém inaugurado estúdio integrou esse elemento narrativo nas fórmulas bem sucedidas de todos seus filmes, alguns em maior quantidade (Guardiões da Galáxia), outros em menor (Capitão América: O Soldado Invernal), mas nenhum de forma tão inconveniente quanto ''Vingadores – Era de Ultron''. Para Joss Whedon, que dirigiu e escreveu este e o anterior, tudo é motivo para piada, frases de efeito e tiradas, até quando a humanidade está à beira da extinção e a esperança de salvação repousa em fio frágil. Esse descontrolado timing cômico aleija a narrativa da tensão que os eventos apocalípticos deveriam provocar no espectador, e tira dele a dúvida de que os heróis não consigam salvar o dia, embora todos saibam que vão fazê-lo. E se nem a Marvel leva a sério o mais esperado filme do ano (junto do novo Guerra nas Estrelas), nós deveríamos fazê-lo por quê? Antes de você, furioso, digitar que cinema é entretenimento, devo confessar minha ingenuidade em esperar que a Marvel avançasse em narrativa, justo o estúdio que nunca explorou o potencial de seus personagens além da abordagem segura que tem rendido cifras astronômicas a seus cofres. Por esta razão que funciona tão bem a gag metalinguística dita pelo Gavião Arqueiro de que vai ser feito de plástico – em alusão ao mercado de brinquedos que o imortalizará em um produto. Aliás, quando eficiente e no tempo certo, o humor encurta distâncias e humaniza os heróis que, igual a todos nós, vão a festas, oferecem conselhos amorosos, orgulham-se das namoradas ausentes, divertem-se à custa dos amigos (Máquina de Combate) ou entre amigos (erguer o martelo do Thor equivale à saideira e à promessa de boas gags adiante), o que fortalece a relação de confiança e harmonia entre todos. E Whedon já antecipava isso desde a primeira sequência: uma homenagem a melhor cena do antecessor, o plano sequência (ou “sequência”, isto não vem ao caso) que acompanha a ação colaborativa de todos os personagens já bem entrosados dentro da equipe. Eis a razão do objetivo de Ultron (voz de James Spader), robô “criado” por Stark para assegurar a paz mundial mas que, depois de adquirir consciência, resolveu ir de encontro à diretriz para destruir a população, obriga-o antes a fulminar os laços entre Vingadores, e para isto conta com os poderes dos gêmeos Pietro (Aaron Taylor-Johnson) e especialmente Wanda (Elizabeth Olsen), aqui chamados de Aprimorados por razões contratuais, embora o fã sabe tratarem-se dos mutantes Mercúrio (visto em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, e melhor) a Feiticeira Escarlate. Isto basta para elaborar, em quatro continentes, cenas de ação pouco ou nada eficientes, cortesia da montagem tresloucada de Jeffrey Ford e Lisa Lassek (que já haviam trabalhado no antecessor) e da incapacidade de Whedon em estabelecer com coerência a geografia e mise-en-scène de cenas e posicionar os personagens de forma que saibamos onde estão, o que estão fazendo, contra quem estão lutando etc. Whedon também erra por repetição (as cenas parecem iguais), extensão (as cenas não sabem quando terminar) e autoindulgência em agradar o eu-criança (os Vingadores lutam entre si… novamente), apesar de não estar disposto a arcar com as consequências de suas decisões. Como ocorre na luta destrutiva entre o Hulk e o Homem-Ferro, que certamente provocou mais mortes que a cena final de O Homem de Aço. Mas quem importa-se com estes efeitos colaterais em combates desenhados justamente para quem tem aversão a sangue? Acredite, isto não é o pior que já vimos de Whedon, pois, como roteirista, ele se entrega a erros absurdos. Dá até para engolir os diálogos expositivos como um mal necessário de superproduções inseguras que mastigam informações ao público, recapitulam eventos passados e simplificam o conceito de ‘desenvolvimento de personagens’ a diálogos. Mas não dá para desculpar as fugas covardes de Whedon nas situações mais cascudas: um personagem reaparece sem explicação plausível para animar o corpo sintético de um personagem célebre; outro surge, após buscar respostas dentro d’água (?!), para conferir literalidade ao termo Deus Ex Machina; há até quem surja com aeronaves no exato momento em que a população precisa ser resgatada; e mesmo Stark não sabe explicar seu plano no desfecho.
Por falar nele, a continuação poderia ser chamada Homem de Ferro 4 e amigos, tamanho o protagonismo de Stark e acessoriedade dos demais. Mas veja que ironia, a superprodução dos olhos da Marvel é boa pra valer ao introduzir elementos do cinema de terror e reduzir a escala global de eventos ao nível humano. Robert Downey Jr., Chris Evans e Chris Hemsworth são bons atores, interagem bem e dominam facilmente personagens que interpretam há anos, porém os destaques são os menos superpoderosos Mark Ruffalo, Scarlett Johansson e Jeremy Renner: Banner, o menos beligerante, penitencia-se pelas mortes que o Hulk pode (deve) ter provocado, embora a mortalha com que se cubra surja na contramão de seu drama interno; já Natasha expõe-se como jamais fez, seja ao encarar o passado trágico, seja ao envolver-se com Banner, e há um plano no final particularmente triste que a reaproxima das sombras que a acompanharam desde sua apresentação em Homem de Ferro 2; por fim, Barton surpreendentemente desponta como o Vingador mais corajoso, justamente por ser quem tem mais a perder. Já Samuel L. Jackson, Paul Bettany e os citados Aaron Taylor-Johnson e Elizabeth Olsen estão restritos à necessidade e conveniência da narrativa. Agora, o que dizer de Ultron? De olhar assombrosamente expressivo, mesmo sendo um ser criado digitalmente, o vilão da nova aventura enfrenta o conflito criador versus criatura com sarcasmo e ódio incubado. Somente aí distingue-se de todos os outros vilões meia-boca apresentados pela Marvel, até porque o vasto conhecimento deste Pinóquio do mal, todo obtido da internet que infestou (deve ser por causa disto), o faz tomar decisões estúpidas, cometer erros tolos e ser trapaceado até pelo Capitão América. Porém, se não fosse por Ultron, qual sentido haveria em justificativas ditas com seriedade como Ele usou a internet para fugir, no super-anti-vírus do Visão ou então na porrada entre softwares, jamais retratada antes nos cinemas? O que nos leva à resposta à pergunta inicial, já que se a Marvel não leva a sério seus personagens e espectadores, eu mesmo que não vou fazê-lo." (Marcio Sallen)
Marvel Studios
Diretor: Joss Whedon
280.322 users / 110.812 face
49 Metacritic
Date 30/08/2015 Poster - ####### - DirectorJohn KrokidasStarsDaniel RadcliffeDane DeHaanMichael C. HallA murder in 1944 draws together the great poets of the beat generation: Allen Ginsberg, Jack Kerouac, and William Burroughs.[Mov 06 IMDB 6,5/10] {Video/@@@} M/65
VERSOS DE UM CRIME
(Kill Your Darlings, 2013)
TAG JOHN KROKRIDAS
{intenso}Sinopse
''A trama se passa na década de 1950 e acompanha Allen Ginsberg (Radcliffe), Lucien Carr (DeHaan) e outro membro da geração Beat, Jack Kerouac (Jack Huston). As vidas dos três se transformam para sempre quando eles são acusados de matar David Kammerer (C. Hall), um professor apaixonado por Carr, em 1944.''
"Nas palavras do poeta Allen Ginsberg, Lucien Carr foi a cola que uniu os escritores da geração beat antes da fama. Amigo de infância de William Burroughs, ele foi colega de faculdade de Ginsberg em Nova York. Lá, conheceu Jack Kerouac e o apresentou aos outros. Considerado brilhante e inspirador, mas sem o mesmo talento dos amigos para a escrita, Carr ficou marcado pelo assassinato, em 1944, de um homem mais velho que era obcecado por ele - crime que envolveu indiretamente os três futuros escritores. O filme "Versos de um Crime" é, ao mesmo tempo, um suspense eficiente sobre esse assassinato misterioso e um retrato afetuoso da maturação de um grupo excepcional de artistas. A narrativa se centra na relação entre Carr (Dane DeHaan) e Ginsberg (Daniel Radcliffe), que misturou inspiração, rivalidade, admiração e homoafetividade. Em sua estreia na direção, John Krokidas tem a sabedoria de preservar a ambivalência dessa amizade - e conta com atores afiados para ajudá-lo, incluindo um Radcliffe disposto a se afastar da castidade da série Harry Potter ao fazer uma cena de sexo com outro homem. Quase sempre convencional na forma e reverente aos seus personagens, "Versos de um Crime" é, ainda assim, mais satisfatório que On the Road, de Walter Salles, que também retratava os artistas beat quando jovens." (Ricardo Calil)
''Um dos maiores autores norte-americanos e percursor da geração beat, Allen Ginsberg teve sua vida e carreira marcadas por grandes acontecimentos. A diferença é que, como poeta, transformou suas experiência em uma nova maneira de enxergar a vida. Com discussão profunda sobre a morte, literal ou figurada, como agente transformadora da vida, ''Versos de um Crime'' se revela mais do que o suspense sobre um assassinato e discute a importância de construir novos começos. Ambientado na década de 1940, a trama acompanha a chegada de Ginsberg (Daniel Radcliffe) à Universidade de Columbia. Ilhado no conversadorismo da instituição, o jovem poeta e sua inclinação à desconstrução encontram um encantador aliado na figura de Lucien Carr (Dane DeHaan), rapaz envolvente e apaixonado pela literatura que cativa a todos a seu redor. Ao lado de Jack Kerouac (Jack Huston) e William Burroughs (Ben Foster), eles fundam o movimento chamado New Vision, que pretende revolucionar a literatura norte-americana inspirado na obra de W. B. Yeats. Em uma das primeiras cenas do filme, Ginsberg é introduzido por Carr à denominada wonderland, país das maravilhas de Columbia: um apartamento próximo à universidade que abre suas portas aos alunos para a diversão sem escrúpulos, além da livre discussão sobre poesia. No centro da sala, o professor David Kammerer, dono da casa, discursa sobre a organização cíclica da vida. Estamos eternamente presos a um esquema de destruição e reconstrução no qual a morte, mesmo que figurada, sucede o clímax. Mas essa previsibilidade da vida, segundo ele, pode ser quebrada quando algo novo aparece. A sinopse de Versos de um Crime sugere um suspense no qual o assassinato de um professor transforma um grupo de jovens e dá origem à chamada geração beat, manifestação literária da contracultura norte-americana. O assassinato, de fato, acontece, mas a discussão é mais profunda do que isso. Mais do que o prometido clima de thriller, o filme de John Krokidas revela a mudança na maneira de enxergar o mundo desta geração marcada pela experiência da Segunda Guerra Mundial e indisposta a aceitar as estruturas sociais vigentes, mesmo as que organizam os versos de um poema. A direção do filme dá dicas sobre o surgimento desta ideia de desconstrução dos modelos padrões de vida. Ao longo do rolo, trechos marcantes são repassados de trás para frente, fazendo menção justamente à quebra do ciclo que esta geração irá promover com sua literatura. A indecisão entre o tom de suspense e aquele conhecido clima Sociedade Dos Poetas Mortos de culto à literatura prejudica um pouco o andamento do filme: ele perde o ritmo quando se aproxima do final e o desfecho fica um pouco superficial. Embora não seja compensador, o elenco entrega boas atuações, de maneira geral: Radcliffe, o eterno Harry Potter, convence na figura do sensível e apaixonado Ginsberg na mesma medida em que DeHaan cativa como o motivador do movimento. Mais ambicioso do que sugere, Versos de Um Crime é um filme que fala sobre como eventos fantásticos podem transformar completamente a organização social e revelar novos agentes. No filme de Krokidas, este evento catalisador não é a morte de David Kammerer, mas o encontro da sensibilidade de Allen Ginsberg com a energia vibrante de Lucien Carr. O clímax, assim, está mais perto destes momentos do que das estocadas no peito do professor americano. Uma surpresa positiva." (Ana Carolina Addario)
''Lucien Carr foi amigo dos grandes nomes da geração beat, William Burroughs, Allen Ginsberg e Jack Kerouac. Não tão bom na literatura quanto eles, Carr matou em 1944 um homem mais velho que o assediava. O filme mostra como isso afetou os beatniks, colocando em foco o relacionamento homoafetivo entre Ginsberg e Carr, e consegue emocionar. Daniel Radcliffe, na eterna luta para deixar de ser Harry Potter, se sai muito bem no papel de Ginsberg." (Thales de Menezes)
2013 Sundance
Killer Films Benaroya Pictures Outpost Studios
Diretor: John Krokidas
22.249 users / 14.053 faceSoundtrack Rock
The Libertines
36 Metacritic
Date 16/11/2015 Poster - ##### - DirectorJaromil JiresStarsJaroslava SchallerováHelena AnýzováPetr KoprivaSurreal tale in which love, fear, sex, and religion merge into one fantastic world. Based on a classical Czech novel of the same title.[Mov 04 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@}
VALERIE E A SEMANA DAS MARAVILHAS
VALERIE E SUA SEMANA DE DESLUMBRAMENTOS (alternative title)
(Valerie a týden divu, 1970)
TAG JAROMIL JIRES
{onírico}Sinopse
''Baseado no livro de mesmo nome de Vítězslav Nezval, o filme acompanha a adolescência de Valerie, uma menina que mora com sua avó em uma preservada cidadezinha medieval. Numa celebração de carnaval da cidade, Valerie percebe o despertar de sua sexualidade. Ela se imagina uma jovem rica e poderosa, ao mesmo tempo em que sua avó se transforma numa vampira.''
***
''Recentemente tivemos aqui no site o especial da New Wave Tcheca, onde abordei sobre os principais filmes deste movimento. Decidi adiar a análise de Valerie a týden divu (''Valerie e a Semana das Maravilhas'', no Brasil) para esperar a versão em Blu Ray da Criterion, que consegui alguns dias antes de seu lançamento no mercado americano. Adaptado do famoso livro homônimo da década de 1930, o longa dirigido por Jaromil Jires trata sobre uma semana na vida da moça referenciada no título (Jaroslava Schallerová). No começo do século XX, Valerie vive em uma pequena comunidade com sua avó – que possui hábitos muito peculiares que quase sempre respingam na jovem. No período em que a acompanhamos, uma trupe de atores e um grupo de missionários chegam para agitar a vida da cidade ao mesmo tempo em que Valeria desperta para o sexo durante sua primeira menstruação. Seu sangue é responsável pela divisão quase imperceptível entre realidade e ficção – criando vampiros e seres maléficos em sua vida. Até mesmo um jovem músico (Petr Kopřiva) é vítima destes contrastes pessoais, deixando de ser namorado para se tornar irmão de Valerie. O filme teve uma recepção calorosa na França, mas o sucesso não foi o mesmo na Tchecoslováquia. Jires abusou do surrealismo e criou uma pérola de difícil compreensão para aqueles que chegam sem nenhuma bagagem na New Wave. Como afirmei em artigos e críticas anteriores, é necessário entender todo o período para poder ter noção do motivo pelo qual os diretores optavam por ir contra a tradicional abordagem de roteiro início-meio-fim. Cabe ressaltar que Valerie não traz nenhuma crítica oculta aos soviéticos – e também não tem pretensão de ser referência na luta política contra os burocratas tchecos como queria Milos Forman. O diretor aproveitou o último suspiro do movimento de seu país para levar ao cinema um projeto complexo e delicado – já que envolve cenas com sexo explícito, nudez infantil e até mesmo uma erotização exagerada da protagonista. Foi por este motivo que os soviéticos proibiram o lançamento deste filme em Moscou – e nos EUA só chegou nas sessões de meia noite. Para quem quiser uma experiência completa. a Criterion tratou de restaurar todo o filme e encheu a versão em Blu Ray com extras interessantíssimos. Temos uma entrevista impecável com Peter Hames – maior autoridade acadêmica em se tratando de cinema tcheco – e preciosos curtas do diretor Jaromil Jireš. Valerie também marcou o fim do período de liberdade do cinema da República Tcheca, que viu-se obrigado a novamente seguir as orientações soviéticas após 1971 por conta do fim da Primavera de Praga.'' (Waldemar Dalenogare)
Filmové studio Barrandov
Diretor: Jaromil Jires
4.321 users / 1.082 face
Date 06/12/2015 Poster - ####### - DirectorBuzz KulikStarsYul BrynnerRobert MitchumMaria Grazia BuccellaMexican rebel Pancho Villa leads a revolution helped by an American aviator imprisoned in Mexico.[Mov 04 IMDB 6,5/10] {Video}
VILLA - O CAUDILHO
(Villa Rides, 1968)
TAG BUZZ KULIK
{violento}Sinopse
''Estamos no início do Século XX e o México é um imenso barril de pólvora, envolvido em turbulentas revoluções e guerrilhas. Pancho Villa, um verdadeiro herói revolucionário na cultura mexicana, lidera um exército particular com ideais de liberdade e igualdade, e luta com o apoio de seu sofrido povo contra um governo imperialista e tirano. Conta para isso com a ajuda de seu braço direito, Fierro (Charles Bronson), e de Lee Arnold (Robert Mitchum), um mercenário americano dono de um pequeno avião, uma inovadora invenção para a época, e a coloca a serviço da guerra para Panchi villa. Esta é a história e aventura desses personagens, num filme western com um trio de grandes atores de hollywood.''
Paramount Pictures
Diretor: Buzz Kulik
1.162 users / 89 face
Date 25/12/2015 Poster - #### - DirectorWes AndersonStarsOwen WilsonAdrien BrodyJason SchwartzmanA year after their father's funeral, three brothers travel across India by train in an attempt to bond with each other.[Mov 06 IMDB 7,2/10] {Video/@@@@@} M/67
VIAGEM A DARJEELING
(The Darjeeling Limited, 2007)
TAG WES ANDERSON
{esquecível}Sinopse
''Francis (Owen Wilson), Peter (Adrien Brody) e Jack (Jason Schwartzman) são irmãos, mas não se falam há um ano. Eles, decidem realizar uma viagem de trem pela Índia, na intenção de acabar com a barreira existente entre eles e também para auto-conhecimento. Entretanto, devido a incidentes envolvendo a compra de analgésicos sem prescrição médica, o uso de xarope para tosse indiano e um spray de pimenta, a viagem logo muda de rumo e faz com que o trio fique perdido no meio do deserto, tendo apenas 11 malas, uma impressora e uma máquina plastificadora.''
"Provavelmente é o filme mais fraco de Wes Anderson, mas ainda assim seu estilo peculiar e excêntrico consegue transformar um material comum em algo interessante de ser assistido - embora haja um choque entre o próprio estilo e o tema em si." (Silvio Pilau)
"O autoral Wes Anderson filma a viagem dos irmãos Francis, Peter e Jack com muito talento, imprimindo novamente aqui o seu visual excêntrico. Mas os seus personagens, não tão consistentes, prejudicam a narrativa - que não envolve plenamente o espectador." (Carlos Vinícius)
"Se quiser um filme que realmente saiba retratar com intensidade e plenitude a cultura e sociedade indiana, esqueça Quem Quer Ser Um Milionário e veja um trabalho realmente competente em Viagem a Darjeeling." (Heitor Romero)
"É simplista para alguém com a visão de Wes Anderson, mas ainda assim, é um Wes Anderson, o que já significa bastante coisa." (Rafael W. Oliveira)
{Como um trem pode se perder? Ele anda sobre trilhos} (ESKS)
A eterna busca dos seres humanos, por Wes Anderson.
''Wes Anderson acumula opiniões contraditórias a respeito de si próprio: quem o idolatra pode mesmo exagerar chamando-o de nada menos que gênio, enquanto seus algozes se apressam em enterrar seu cinema, que muitos julgam já estar gasto. Ele tem duas coisas que me agradam muito: a ironia dos nerds e um bom olhar para a excentricidade, que se estende de seus personagens aos cenários. Dizem que desde Os Excêntricos Tenenbaums Anderson vem se repetindo e tudo gira em torno de famílias estranhas. As famílias e as participações do ator Bill Murray nas tramas do diretor/roteirista podem mesmo dar motivos a essas acusações. Mas devo dizer que opiniões como essa me parecem um pouco preguiçosas, pois para alegar que o cinema do diretor do coloridamente esquisito A Vida Marinha com Steve Zissou (e as engraçadas versões das músicas de Bowie que fez o brasileiro Seu Jorge para a trilha desse filme foram o top nos meus fones de ouvido por meses) se resume a algumas fórmulas e a parceria com Owen Wilson é ler de seus filmes apenas a sinopse. A César o que é dele! O projeto de ''Viagem a Darjeeling'' surgiu de uma obstinação do diretor, que depois de filmar num barco, se viu tentado a filmar num trem. As cenas gravadas nos corredores são bem legais, com os personagens algumas vezes amontoados naquele estreito lugar de passagem. E a decoração do Darjeeling Limited é estonteante, com muitas cores, excentricidade e um certo luxo decadente que condiz com a Índia, país retratado na história. Nesse filme o roteiro é dividido entre Anderson, Roman Coppola e Jason Schwartzman. Os três partiram para a Índia e, segundo contam, algumas das cenas foram inspiradas pelas aventuras que eles acumularam por lá, no choque cultural que parece inevitável. E Schwartzman ganhou também uma espécie de prêmio: há um curta metragem de 12 minutos chamado Hotel Chevalier em que Jason interpreta Jack Whitman, seu personagem em Viagem A Darjeeling. Em uma entrevista coletiva que sintonizei no YouTube, Schwartzman diz que adorou a experiência de trazer para a gravação de um longa metragem alguma experimentação prévia de seu personagem. Em Hotel Chevalier, Jack está num hotel em Paris quando recebe o telefonema de sua ex-namorada (Natalie Portman), que diz estar na cidade e disposta a encontrá-lo. Ele concorda que ela vá a seu encontro e durante o tempo da espera o vemos escolher um música no I-Pod, arrumar a bagunça do quarto e preparar um banho de banheira. Nos créditos do curta vemos que ele é denominado como “A Primeira Parte de Viagem A Darjeeling”, o que faz uma ligação "oficial" entre ambos. Hotel Chevalier atiçou a curiosidade de muitos por apresentar imagens generosas do corpo nu de Natalie Portman. O mais legal é notar os fios que ligam o curta ao longa: a mala de Jack (aliás, as malas do filme não passam despercebidas devido a beleza, e foram idealizadas pela marca Louis Vuitton - by Marc Jacobs), assim como o diálogo final entre os personagens e o roupão de banho que Jack usa durante o longa, que é uma herança do hotel. A sinopse do longa: separados desde a morte do pai há um ano e desconhecendo o paradeiro da mãe, os irmãos Whitman reúnem-se numa viagem de trem organizada pelo mais velho, Francis (Owen Wilson), que depois de sofrer um grave acidente se vê compelido a buscar o reencontro com os irmãos. O mais novo, Jack (Jason Schwartzman), é escritor e a cada parada do trem entra na caixa de mensagens telefônicas da ex-namorada, pois tem sua senha e quer manter-se informado sobre sua vida sem ele. O irmão do meio é Peter (Adrien Brody) que aparece no encontro com vários objetos do pai, como seus óculos e as navalhas de barbear, mostrando que ainda não superou a perda, além de estar aflito pelo nascimento de seu primeiro filho. Eles partem nessa viagem confusa, cheia de preparo e minúcias que ajudam a torná-la falha, buscando alguma experiência religiosa que além de reunificar a família, lhes traga algum conforto espiritual ou mesmo lhes mostre um caminho a seguir. Francis reproduz um comportamento paterno para como seus irmãos, seja escolhendo os pratos que eles gostariam de comer ou guardando com ele os passaportes de todos, para que ninguém resolva abandonar a viagem sem que o objetivo seja concluído. Inclusive, Francis mantém a bordo do trem um assistente que tem como função fazer contatos e organizar a programação dos irmãos, que recebem fichas impressas e plastificadas com os itinerários da viagem. Até os rituais previstos tem suas regras previamente impressas nesta ficha, o que descaracteriza a busca espiritual, que deve acontecer de dentro pra fora, e não o contrário. E ficamos perdidos durante uma boa parte do filme, tentando entender o que Francis pretende com aquilo. Acontece que o objetivo real da viagem se revela apenas lá pelo meio do filme. E essa é uma das linhas seguidas por ''Viagem A Darjeeling'', a busca de alguma verdade maior que dê sentido às vidas aparentemente desestruturadas dos irmãos. E a verdade que Francis procura nada tem a ver com religião e sim com sua mãe, Patricia (Anjelica Huston), que vive reclusa num mosteiro indiano, afastada não só dos filhos como de um maior contato com o mundo exterior. Quando Jack e Peter descobrem que estão sendo levados para um encontro com sua mãe e que na verdade ela enviou uma mensagem pedindo que eles não a visitem, a coisa toda já está perdida. Devido às muitas trapalhadas que eles acumulam durante a permanência no trem - incluindo um affair entre Jack e a bonita tripulante Rita (Amara Karan, que faz sua estréia no cinema) -, os irmãos são deixados no meio do nada com 11 malas, uma impressora e uma máquina plastificadora. A partir daí eles iniciam uma jornada realmente desconhecida, com pontos altos que os ajudarão a alcançar um objetivo que tinha ficado em segundo plano: a união entre os irmãos. Os três personagens principais trazem marcas visuais que os diferenciam: o Francis de Owen Wilson ainda tem o rosto enfaixado devido ao acidente, o que lhe confere uma aparência esquisita. Já Peter aparece em quase todas as ocasiões usando os óculos escuros do pai, seja noite ou dia. E Jack, que durante toda a ação aparece bem vestido, porém descalço, parece dizer que ainda não conseguiu sair do quarto do Hotel Chevalier onde ele já aparece sem sapatos. Esses detalhes nos ajudam a marcar a diferença entre os irmãos assim como apontam o maior de seus defeitos: a fragilidade. As belíssimas locações indianas mostram a urbanicidade própria desse país, alternando a luxuosidade (que geralmente está ligada a religião) e a extrema pobreza. Mas Anderson se preocupa em passar uma bela imagem da Índia, aproveitando um diálogo aparentemente desimportante para deixar que o personagem Peter diga que jamais esquecerá o gostoso cheiro daquele país. E porque devemos assistir Viagem a Darjeeling? Para acompanhar o desenvolvimento de mais uma trama insólita criada por Anderson; pelo impacto visual que o filme nos traz, seja com os cenários ou com a simplicidade do dia-a-dia indiano e pela boa interação que ocorre entre Wilson, Brody e Schwartzman que nos divertem interpretando os atrapalhados irmãos Whitman. Compre sua passagem (ela se paga logo nos primeiros minutos do filme, não se preocupe), tome seu assento e aproveite esta Viagem A Darjeeling!" (Geo Euzebio)
*****
"Aparentemente convencionais, os filmes de Wes Anderson são marcados por uma fina estranheza. Não se trata de um desejo exibicionista de ser diferente, mas de um apelo a pequenas excentricidades que vão contaminando o classicismo do filme pelas bordas. Detalhes que se fazem ver na dramaturgia, no tom de interpretação dos atores e mesmo nos cenários e figurinos, que contribuem para construir um universo de regras muito próprias.
"Viagem a Darjeeling" não é melhor nem pior que os outros três filmes desse diretor que despontou em 1998 com "Três É Demais". Os trabalhos de Anderson são raros exemplos de uma sólida expressão pessoal, em que virtudes e vícios contam pontos a favor. Os vícios fazem parte de sua singularidade. Questões de paternidade, desajuste e a necessidade de transformação espiritual reaparecem neste novo longa-metragem, que se apresenta como uma viagem de possibilidades redentoras empreendida por três irmãos (Owen Wilson, Adrien Brody e Jason Schwartzman), brigados desde o funeral do pai. O cenário: uma Índia exótica e espiritual. Entra em cena a primeira "excentricidade". A estrutura é montada como uma espécie de ação em suspenso. Esperamos o tempo todo pelo real começo de uma história, mas, quando nos damos conta, o filme acabou. O formato episódico, marcado pelo fracasso de (quase) todas as tentativas de redenção dos personagens evita a ilusão de uma transformação óbvia. Vários outros recursos ajudam Anderson a criar um jogo constante entre a identificação e o distanciamento. Como o barco em A Vida Marinha com Steve Zissou, o trem de "Viagem a Darjeeling" é como um palco, um cenário em movimento que permite uma série de jogos de deslocamento da câmera, ora acompanhando a direção do trem, ora movimentando-se em sentido contrário.
O visual e a interpretação dos atores são de uma estranheza divertida, enquanto a montagem e o uso da música ajudam a criar pontos de identificação. "Viagem a Darjeeling" começa com o trem partindo de uma estação, enquanto um homem corre para alcançá-lo. Os filmes de Anderson são um pouco assim: um convite para se embarcar em uma viagem pessoal, em que o diretor estabelece suas próprias regras e cria um universo muito particular. Se elas forem aceitas pelo espectador, tanto melhor: seus filmes se transformam em um deleite; caso contrário, serão apenas uma experiência tediosa." Pedro Butcher)
2007 Lion Veneza
Fox Searchlight Pictures Collage Cinemagraphique American Empirical Pictures Dune Entertainment Cine Mosaic Indian Paintbrush Scott Rudin Productions
Diretor: Wes Anderson
137.429 users / 8.923 faceSoundtrack Rock
The Kinks / Ravi Shankar
35 Metacritic 1.999 Down 131
Date 05/07/2016 Poster - ## - DirectorTodd HaynesStarsEwan McGregorJonathan Rhys MeyersChristian BaleIn 1984, British journalist Arthur Stuart investigates the career of 1970s glam superstar Brian Slade, who was heavily influenced in his early years by hard-living and rebellious American singer Curt Wild.[Mov 05 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@} M/65
VELVET GOLDMINE
(Velvet Goldmine, 1998)
TAG TODD HAYNES
{nostálgico}Sinopse
''Em 1971, o glam rock invade o mundo da música britânica, provocando uma verdadeira revolução, não apenas na música mas também nos costumes da sociedade. O ícone do movimento é Brian Slade (Jonathan Rhys-Meyers), roqueiro que leva garotas e rapazes a pintarem as unhas, usarem batom e explorarem sua sexualidade. Incapaz de lidar com a fama adquirida, Brian forja sua própria morte, com a farsa sendo descoberta logo depois. Anos mais tarde, um jornalista inglês (Christian Bale) começa a investigar seu desaparecimento.''
{Nós nos propusemos a mudar o mundo... e no final só mudamos nós mesmos} (ESKS)
''O ano é 1974. Brian Slade (Jonathan Rhys Meyers) está no auge de seu sucesso quando é baleado no palco durante uma apresentação. Dez anos depois, Arthur (Christian Bale), que ainda adolescente presenciou tudo da plateia, agora é um jornalista britânico morando nos Estados Unidos. Ele precisa ser alocado para investigar o acontecimento, que se sabe ter sido uma grande farsa que permitiu Brian sumir do mapa. Assim começa ''Velvet Goldmine'', dirigido por Todd Haynes (Não Estou Lá). A figurinista é Sandy Powell, colaboradora nos últimos filmes de Martin Scorsese e também responsável por trabalhos memoráveis como Orlando - A Mulher Imortal, Entrevista com o Vampiro, A Jovem Rainha Vitória e, recentemente, Cinderela, que já foi analisado pela coluna. ''Velvet Goldmine'', de 1998, é um mergulho em uma época específica sob o olhar de Arthur, que, como jovem, está em busca de seu espaço e de sua identidade. Brian Slade é um astro do glam rock, movimento do começo da década de 70 marcado pelo excesso, a teatralidade e a androginia. O filme ainda brinca como uma cronologia de personalidades e movimentos que ficaram marcados como exuberantes, começando pelo escritor Oscar Wilde. Powell trabalhou basicamente com suas próprias memórias da época, mas as similaridades entre os personagens com pessoas da vida real auxiliaram em sua tarefa. O próprio Brian tem semelhanças com David Bowie, de quem toma emprestado os macacões colados e botas de plataforma, por exemplo. Outras referências para os figurinos de suas apresentações são as bandas Slade (de onde, obviamente, veio a inspiração para o nome do personagem) e Sweet. No começo de sua carreira, no final dos anos 60, Brian Slade toca em um festival usando um vestido roxo acompanhado de botas, similares aos que Bowie usa na capa de seu disco The Man Who Sold the World. O vestido era uma tentativa do personagem de transgredir os padrões da época, especialmente no que diz respeito às fronteiras entre masculino e feminino. A recepção da plateia à sua performance é morna. Na sequência, o cantor Curt Wild (Ewan McGregor) entra em palco com uma apresentação que, esta sim, quebra barreiras e diverte. Usando calça de couro, Curt joga óleo sobre seu corpo, simula masturbação em um vidro que goza purpurina sobre seu corpo e, por fim, fica nu. A persona com sexualidade aflorada de Curt é baseada em Iggy Pop, que nesse período era vocalista da banda The Stooges; porém, também tem contornos de Lou Reed, vocalista e guitarrista da banda The Velvet Underground que era abertamente homossexual. Bowie, Reed e Iggy Pop eram amigos costumeiramente vistos juntos na década de 1970. No filme, Curt e Brian começam um relacionamento, o que faz com que o segundo lance a carreira do primeiro na Inglaterra. Quando sua carreira decola, Brian cria um personagem para si, chamado Maxwell Demon, uma alusão ao Ziggy Stardust de Bowie. Já não usa mais os cabelos longos, nem vestidos. Estes são trocados por um corte curto, desfiado, e paletós espalhafatosos. No ápice de sua carreira, aproximando-se da decadência, o cantor passa a exibir cabelos azuis. A banda de Brian chama-se Venus In Furs, nome de uma canção do The Velvet Underground. Os absurdos em relação à forma como eles se vestem no palco são demonstrados em uma cena em que uma moça pede emprego como secretária e acaba contratada como figurinista, mesmo afirmando que não tem experiência alguma com isso. As combinações são propositalmente esdrúxulas e chamativas. Mandy (Toni Collete), esposa de Brian, acompanha os estilos de cada época, mas seu apreço é por brilho, peles e estampas de oncinha. Quando conhece Brian ela veste um vestido prateado, mas quando ele se apresenta no festival, muda para um estilo pós-hippie com gola de pelos, adaptando-se melhor ao que se espera no local. Na primeira turnê de sucesso, ela usa uma roupa que combina com a dele, novamente mostrando apoio à carreira de seu companheiro. O auge é marcado por roupas que mais parecem fantasias, um volumoso casaco de pele e um sobretudo de oncinha em duas cores. Já o anonimato é marcado por trajes pretos e nenhuma maquiagem, ainda que com muitos acessórios. Para Arthur há o completo contraste entre a liberdade, o uso de maquiagens, as roupas justas e o colorido de sua adolescência, em oposição ao marrom sem graça do presente. Pelo seu trabalho como figurinista em ''Velvet Goldmine'', Sandy Powell foi indicada ao Oscar em 1999. O prêmio foi para Shakespeare Apaixonado, também desenhado por ela. Em seu discurso, ela conseguiu mencionar o primeiro filme e não dizer o nome do segundo. Em entrevistas posteriores, é notório o fato de ter comentado que ela foi premiada pelo filme errado. Com um figurino inspirado, colorido e extravagante, ''Velvet Goldmine'' nos oferece o recorte de uma época que marcou a história da música e uma juventude, especialmente ao desafiar padrões pré-estabelecidos de gênero e de sexualidade. Como em outras gerações antes e depois desta, o sonho acabou sem que o mundo tivesse mudado em sua totalidade, mas o seu impacto é inegável." (Cinema em Cena)
71*1999 Oscar / 1998 Palma de Cannes
Top Música #36
Channel Four Films Goldwyn Films Killer Films Miramax Newmarket Capital Group Single Cell Pictures Zenith Entertainment
Diretor: Todd Haynes
27.806 users / 5.223 faceSoundtrack Rock
Brian Eno / Shudder to Think / Slade / Gary Glitter / Thom Yorke / Grant Lee Buffalo / Pulp / Teenage Fanclub / T. Rex / Lou Reed / Roxy Music / Placebo / Steve Harley
25 Metacritic 3.553 Up 1.770
Date 20/08/2016 Poster - ### - DirectorRobert AltmanStarsTim RothPaul RhysAdrian BrineThe familiar tragic story of Vincent van Gogh is broadened by focusing as well on his brother Theodore, who helped support Vincent. The movie also provides a nice view of the locations which Vincent painted.[Mov 05 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@} M/65
VAN GOGH - VIDA E OBRA DE UM GÊNIO
(Vincent & Theo, 1990)
TAG ROBERT ALTMAN
{agressivo}Sinopse
''O filme foca a trágica história do pintor honlandês Vincent Van Gogh e o relacionamento com seu irmão Theo, que trabalhava numa galeria de arte e sempre o ajudou.''
{O mundo é um quadro ruim. Deus deveria tê-lo distruído .} (ESKS)
***
''Filho de um pastor da Igreja Calvinista, Vincent Van Gogh começa cedo a frequentar o ateliê de um tio, onde inicialmente apenas desenha. Em seguida, após aprender o ofício, ele começa a pintar seus primeiros quadros. Enquanto isso, seu irmão Theo trabalha como marchand de uma Galeria de Arte. Sua vida, no entanto, não é um mar de rosas. Apesar de estar envolvido no meio glamoroso do mercado de obras de arte na Paris do final do século XIX, ele se sente frustrado por ser explorado e mal remunerado pelos donos de galerias, além de sofrer de sífilis, o que praticamente inviabiliza sua vida amorosa. Numa conversa com o irmão, Vincent critica as obras de Millet, dizendo que o realismo não é arte. Os dois discutem quando Vincent reclama da falta de apoio do irmão. Theo explica que se pusesse uma obra dele na Galeria em que trabalha, seria demitido, mostrando o quanto a sociedade ainda não conseguia aceitar a força de seus quadros. O fato de não poder ajudar o irmão, a não ser com uma mesada, principalmente não comercializando sua obra, traz insatisfação e sofrimento para Theo. Vincent decide ir para Paris a fim de ter mais contato com outros pintores renomados. Lá, ele conhece e se torna amigo de Paul Gauguin, um pintor que considerava genial. Ambos sentiam-se deslocados em meio ao grupo impressionista, e costumeiramente era possível vê-los juntos, na noite parisiense, bebendo e discutindo sobre pintura. No início de 1888, Vincent muda-se para Arles, no sul da França, com a intenção de construir uma colônia de artistas, acreditando que a convivência entre vários pintores pode estimular a criatividade de todos. Na ocasião, convida Gauguin para morar consigo. Após certa resistência, Gauguin aceita a proposta por razões práticas: o irmão de Vincent, Theo, lhe oferece apoio e ajuda financeira. A convivência entre os dois pintores, no entanto, é difícil. Possuem personalidades muito fortes e opiniões distintas sobre a pintura. Vincent pinta diariamente, em um ritmo frenético. Gauguin, no entanto, sente-se estranho em Arles, e desconfortável na companhia de Vincent. Em dezembro do mesmo ano, após um desentendimento particularmente violento, Vincent ameaça Gauguin com uma navalha. Este deixa a residência em Arles e passa a noite em um hotel. Arrependido, Vincent utiliza a mesma navalha para cortar uma parte de sua orelha. Fora de si, vai até um bordel e oferece a parte cortada da orelha para uma prostituta, que chama a polícia. Os policiais o encontram deitado em sua cama, desmaiado pela perda de sangue. Após o episódio, Gauguin retorna à Paris e Vincent interna-se voluntariamente em um asilo para doentes mentais. Mesmo internado, ele não deixa de pintar. Pouco tempo depois, em sua fase mais produtiva, ele chega a pintar um quadro por dia e, devido a seus problemas mentais agravados, passa a ser tratado pelo médico Dr. Paul Gachet. Em maio de 1890, aparentando estar recuperado, Van Gogh passa a morar em Auvers-sur-Oise, a noroeste de Paris, onde pinta freneticamente. Uma piora em seu estado saúde, no entanto, o leva a tentar suicídio no dia 27 de julho do mesmo ano, atirando contra o próprio peito. A tentativa ocorreu fora da casa, mas ele consegue retornar para seu quarto, onde passa as últimas 48 horas de sua vida conversando com seu irmão Theo. Realizado pelo cineasta Robert Altman, “Van Gogh – Vida e Obra de um Gênio” é um bom filme do final dos anos 1990. Sua trama gira em torno do relacionamento entre o obsessivo e brilhante pintor Vincent Van Gogh e seu irmão Theo, mais equilibrado, que trabalhava numa Galeria de Arte e sempre o ajudou. Aliás, a história foi baseada em cartas escritas pelo próprio pintor para seu irmão. Na direção, Altman nos brinda com um belo trabalho. Acredito, inclusive, que as sólidas atuações dos principais atores se devem, em parte, à sua presença na direção. Embora seja um filme que mereça ser visto, devo dizer, no entanto, que o mesmo não chega ao nível apresentado por Sede de Viver, de 1956, no qual o papel de Van Gogh é interpretado pelo ator Kirk Douglas." (CAA)
''No próximo domingo, dia 14, o terceiro volume da Coleção Folha Grandes Biografias no Cinema vai trazer o filme "Van Gogh - Vida e Obra de um Gênio", dentro da série de 28 livros acompanhados de DVD que retratam personalidades históricas. Para contar com cores dramáticas a trajetória familiar conturbada e a produção artística intensa do pintor holandês Vincent van Gogh, outro gigante estava por trás das câmeras. O filme é dirigido pelo americano Robert Altman (1925-2006), cineasta consagrado por um trabalho fora dos padrões de Hollywood. Como seus personagens favoritos, o diretor também era um desajustado entre seus pares. Quem interpreta o pintor é Tim Roth, ator britânico capaz de construir sua carreira entre produções comerciais e alternativas. Intérprete de longas de Quentin Tarantino, também trabalhou em superproduções como "O Incrível Hulk" e atuou em três temporadas com sucesso na série de TV Lie to Me. Altman e Roth são bons exemplos da qualidade dos artistas envolvidos nos filmes selecionados para a coleção. Os filmes selecionados por Cássio Starling Carlos, crítico da Folha e curador da coleção, incluem produções americanas, italianas, francesas, britânicas, russas e alemãs. Entre os diretores, além de Altman se destacam nomes como Michael Curtiz John Ford, Pier Paolo Pasolini, Cecil B. DeMille, Sergei Eisenstein, Elia Kazan, Josef von Sternberg, Roberto Rossellini, Charles Vidor e Joseph Losey. Para representar as grandes personalidades retratadas nos longas, uma constelação de atores aparece nos DVDs, muito deles ganhadores de estatuetas no Oscar. O time tem Henry Fonda, Anthony Hopkins, Bette Davis, Alain Delon, Marlon Brando, Jean Seberg, Orson Welles, Marlene Dietrich e Katharine Hepburn." (Thales de Menezes)
Belbo Films Belbo Films Arena Films Arena Films Central Films Central Films La Sept La Sept-Arte Telepool Telepool RAI Radiotelevisione Italiana RAI Radiotelevisione Italiana Verenigde Arbeiders Radio Amateurs (VARA) Verenigde Arbeiders Radio Amateurs (VARA) Sofica Valor Sofica Valor Centre National de la Cinématographie (CNC) Centre National de la Cinématographie (CNC) Région Languedoc-Roussillon
Diretor: Robert Altman
2.797 users / 732 face
14 Metacritic
18/06/2016 Poster - ###### - DirectorPaul McGuiganStarsDaniel RadcliffeJames McAvoyJessica Brown FindlayTold from Igor's perspective, we see the troubled young assistant's dark origins, his redemptive friendship with the young medical student Viktor Von Frankenstein, and become eyewitnesses to the emergence of how Frankenstein became the man - and the legend - we know today.[Mov 03 IMDB 6,1/10] {Video/@} M/36
VICTOR FRANKENSTEIN
(Victor Frankenstein, 2015)
TAG PAUL MACGUIGAN
{esquecível}Sinopse
''Ao visitar um circo, o cientista Victor Frankenstein (James McAvoy) encontra um jovem corcunda (Daniel Radcliffe) que lá trabalha como palhaço. Após a bela Lorelei (Jessica Brown Findlay) cair do trapézio, o corcunda sem nome consegue salvar sua vida graças aos conhecimentos de anatomia humana que possui. Impressionado com o feito, Victor o resgata do circo e o leva para sua própria casa. Lá lhe dá um nome, Igor, e também uma vida que jamais sonhou, de forma que possa ajudá-lo no grande objetivo de sua vida: criar vida após a morte.''
*****
"Faz parte da cultura do blockbuster atualizar clássicos da literatura. Na fórmula básica devem estar ingredientes para que o público não prefira brincar com a pipoca. Frankenstein, um romance de Mary Shelley que refletia os tempos de revolução industrial no começo do século 19, transforma-se em "Victor Frankenstein", montanha-russa atabalhoada para a geração pós-MTV. Há quem encare como arte, o que justifica, de certo modo, que bobagens como essa continuem sendo feitas. Nesta aberração audiovisual, Daniel Radcliffe (péssimo como sempre fora da franquia Harry Potter) é um corcunda tido como estorvo. Um dia, salva a trapezista Lorelei (Jessica Brown Findlay) de uma asfixia, e chama a atenção de Victor Frankenstein (James McAvoy), estudante de anatomia com ideias ousadas. Nasce, assim, uma parceria providencial. O personagem de Radcliffe passa a ser tratado por Victor. Deixa de ser corcunda e se transforma em Igor, ajudante e posteriormente sócio na complicada empreitada de criar vida a partir de restos mortais. Com meia hora de filme, já entendemos que é uma perda de tempo. Depois de uma hora, começamos a achar que é um novo método de tortura. Pior para Paul McGuigan, o diretor escocês que, anos atrás, havia se mostrado um discípulo promissor de Brian De Palma com Amor à Flor da Pele." (Sergio Alpendre)
"Victor Frankenstein", como já implica o nome, traz o foco no homem, e não na criatura, nesta reimaginação do clássico de terror, que chega aos cinemas nesta quinta. Mas nem o cientista que ousou criar vida no romance de Mary Shelley poderia sugerir algum pulso neste filme confuso e histérico, em que atmosfera e uma boa história são substituídos por gritaria e por dois bons atores em suas piores atuações. Se Daniel Radcliffe ainda procura injetar alguma personalidade no brilhante ex-corcunda Igor (chegamos já nele), James McAvoy claramente deu as caras por um cheque gordo, já que seu Victor Frankenstein vai pouco além do cientista obcecado/louco/inconsequente. Uma pena. No roteiro de Max Landis, Igor (que ainda não ganhara sequer um nome) é uma deformidade que trabalha (claro) em um circo, sofrendo todo tipo de humilhação. De mente brilhante e alma sensível, porém, ele passa o tempo livre estudando livros médicos, tornando-se capaz de desenhar modelos anatômicos perfeitos. A intervenção de Victor, quando a trapezista Lorelei (Jessica Brown Findlay, de Downton Abbey) despenca para uma morte quase certa, termina na fuga da dupla e na introdução do laboratório do cientista, onde ele conta com a ajuda de seu novo assistente/servo para seu projeto de reverter a morte. ''Victor Frankenstein'' quase dá uma guinada surreal e genuinamente interessante quando McAvoy "cura" a corcunda de Radcliffe em uma sequência bizarra, mas logo o filme despenca em uma série de armadilhas narrativas tão antigas quanto o romance original. Descobrimos o motivo da obsessão de Frankenstein (alguém morreu, claro), Igor arrisca um romance com Lorelei, e as discussões sobre moralidade e religião são intermináveis (o policial que os persegue, interpretado por Andrew Scott, é um crente com um pé no fanatismo).Tudo funciona, seguindo a cartilha do diretor Paul McGuigan (que fez alguns episódios de Sherlock Holme"s na TV), para contar a origem dos homens por trás do monstro. Mas em nenhum momento o roteiro de Landis (responsável também por "Poder Sem Limites") revela algum ângulo interessante ou inusitado em uma história já repetida no cinema à exaustão. Quando a criatura finalmente aparece, já não há mais interesse no embate entre criador e criatura, deuses e monstros, já que a sutileza abre espaço para explosões, corpos caindo e um arremedo de ser humano com design preguiçoso. "As pessoas não vão lembrar de Frankenstein, o homem, e sim de Frankenstein, o monstro", diz, a certa altura, Igor. Meu chute é que, quando as luzes acenderem, as pessoas só vão lembrar se deixaram alguma panela no fogo em casa." (Roberto Sadovski)
''Victor Frankenstein'', dirigido por Paul McGuigan, diretor de alguns dos melhores episódios da série Sherlock da BBC, conta a história de como Victor Frankenstein (James McAvoy) e Igor (Daniel Radcliffe) se conheceram. O filme logo de cara se destaca de grande parte, se não de todos os filmes sobre a criação de Mary Shelley, escritora do livro Frankenstein, por não tratar da criação do monstro e das consequências de sua existência e sim por mostrar como Victor e Igor se conheceram. Victor Frankenstein toma algumas liberdades dentro do que já é definido da história, como Igor, que na história é corcunda e já nesse filme não é, pelo menos não como conhecemos, mas essas liberdades acabam não subtraindo nada da história, e de certo modo até servem para adicionar uma certa credibilidade para a história que está sendo contada. O maior erro que Victor Frankenstein comete são suas inconsistências de roteiro, como o fato de Igor ser uma pessoa tão inteligente, de certo modo até mais que o próprio Frankenstein, mas ainda sim ser tão manipulável. Ou personagens se contradizendo no decorrer do filme sem ter uma progressão bem definida do por que estarem mudando de opinião; Frankenstein em certo ponto fala que é proibido para Igor entrar em um local da casa, e sem o filme desenvolver de maneira clara a evolução da confiança de Frankenstein em Igor, ele deixa Igor entrar no local mencionado. Duas coisas balanceiam essas inconsistências da história, mantendo a qualidade de Victor Frankenstein. Primeiro, a parte visual do filme, que é extremamente bonita, com uma mistura de elementos visuais de horror e de ficção, e também através de elementos gráficos e ilustrações sobrepondo a imagem do filme em alguns pontos, técnica já utilizada por Paul McGuigan quando dirigiu na série Sherlock. E depois as atuações, especialmente as de James McAvoy, que consegue passar genialidade e loucura juntas e separadas de maneira perfeita, e Andrew Scott, que no filme faz um inspetor da Scotland Yard que está investigando um crime no qual Frankenstein está envolvido, e que consegue com maestria transmitir o fanatismo religioso de um homem, fanatismo esse que o leva a tomar ações drásticas sem antes pensar nelas. ''Victor Frankenstein'' é interessante de ser visto, se não por sua visão inovadora sobre uma história já adaptada inúmeras vezes, ou por seu visual, que em partes chega a ser hipnotizante, então pelas atuações que estão em grande parte, excelentes." (Klaus Langanke)
Davis Entertainment TSG Entertainment Moving Picture Company (MPC) Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Paul McGuigan
30.637 users / 11.122 face
28 Metacritic 562 Up 53
Date 23/09/2016 Poster - # - DirectorCharles ChaplinStarsCharles ChaplinEdna PurvianceDave AndersonThe Little Tramp and his dog companion struggle to survive in the inner city.[Mov 08 IMDB 7,8/10] {Video}
VIDA DE CACHORRO
(A Dog's Life, 1918)
TAG CHARLES CHAPLIN
{divertido / nostálgico}Sinopse ''O vagabundo Carlitos salva a vida de Scraps, um cachorro que está sendo atacado por outros cães. Com Scraps escondido dentro de suas calças, o vagabundo entra num salão de baile, onde uma cantora é explorada pelo proprietário do estabelecimento. Quando ladrões roubam a carteira de um milionário bêbado, Carlitos tem a chance de mudar de vida.''
"Bonito e divertido, mas não chega nem aos pés das obras principais do gênio. Seu final também tem moral duvidosa, perto das mensagens que Chaplin sempre passou. Nem sempre a 'oportunidade' para as pessoas é a maneira mais correta de melhorar de vida." (Rodrigo Cunha)
"Chaplin em dose menor: menos engraçado, menos satírico, menos crítico e menos melancólico. Mas ainda assim um cineasta gigante." (Heitor Romero)
"Esqueça "O Nascimento de uma nação" de D. W Griffith como "o" marco do cinema. O média de Chaplin é a primeira obra-prima do Cinema. O encontro singelo entre o riso e a melancolia." (Josafá Veloso)
"A crítica social é evidente na comparação entre homem e cachorro como forma de reforçar a condição animalesca do primeiro. Mesmo assim, o senso de humor é fino, típico do Vagabundo Carlitos. Como gosta Chaplin, ainda há o amor como salvação." (Emilio Franco Jr)
''Vida de Cachorro'' é um adorável filme de Chaplin, definitivamente uma de suas melhores comédias. Aqui temos a presença de um cachorrinho, o verdadeiro herói da trama, que ajuda Carlitos reaver a carteira encontrada pelo próprio cachorro (em um momento em que o vagabundo realmente precisava) e permite que seu dono e a amada tenham uma vida tranquila no campo. De alguma forma - especialmente no papel do cão durante a briga - me lembrou Campeão de Boxe, guardadas as devidas proporções, é claro. Chaplin consegue uma forma encantadora de mostrar o crescimento de seu personagem, indo de um vagabundo que, apesar de tentar, não consegue um emprego decente, até o fazendeiro com uma esposa e uma vida feliz ao lado do animal que defendera em um momento de sua vida. Os valores morais sociais são explorados mais uma vez pelo diretor, bem como questões sociais de primeira ordem, especialmente a forma da repressão policial e o tratamento do patrão em relação à empregada no bar. Vida de Cachorro é um filme que jamais perdeu a força ao longo dos anos e que nos encanta e emociona a cada nova experiência." (Luiz Santiago)
"Charles Chaplin já demonstrava seu incrível talento neste “Vida de Cachorro”, curta metragem que aborda superficialmente temas que ainda seriam melhor explorados pelo genial diretor em seus próximos filmes. Ainda assim, é possível se divertir e se emocionar nos 40 minutos desta pequena jóia estrelada pelo tradicional vagabundo. Um vagabundo (Chaplin) salva a vida de um cachorro na rua quando este é atacado por outros cães. Com o pobre cão escondido nas calças, ele entra num salão de baile, onde uma cantora desafinada é explorada pelo dono do estabelecimento. É então que dois ladrões roubam a carteira de um milionário bêbado e escondem justamente no local onde dorme o vagabundo, que encontraria ali a chance de mudar definitivamente de vida. O curta “Vida de Cachorro” tem toda a cara do cinema mudo que traria fama e glória para Chaplin futuramente, com trilha sonora presente durante todo o tempo, letreiros brancos com fundo negro mostrando os diálogos e todo o talento do talentoso ator e diretor para expressar sentimentos e provocar o riso. As inúmeras gags visuais já demonstravam o talento do ator para a comédia, como na seqüência em que ele foge de um policial passando por baixo da cerca, a clássica seqüência em que ele rouba comida e a sensacional fuga de dentro do bar Lanterna Verde com os bandidos correndo atrás dele. Chaplin, aliás, tem como sempre um desempenho fenomenal, provocando o riso e as lágrimas sem necessitar de palavras, simplesmente através de expressões corporais. Vale destacar, entre tantos momentos, a sensacional seqüência em que ele se faz passar por um dos bandidos, que se encontrava desacordado, somente através dos gestos de suas mãos. Edna Purviance, que interpreta a cantora desafinada do salão, também se sai bem, fazendo um belo par com Carlitos.Tecnicamente, vale destacar a deliciosa trilha sonora do próprio Chaplin, especialmente a divertida música que acompanha a seqüência da dança no salão, além da direção, também de Chaplin, que conduz a narrativa com segurança e acerta o ritmo nas cenas mais engraçadas, como aquela em que o vagabundo come na lanchonete sem que o dono perceba. A dificuldade de se adaptar ao capitalismo, tema costumeiro nos filmes de Chaplin, aparece aqui na cena em que o vagabundo tenta arrumar emprego sem sucesso e é reforçada pela seqüência do assalto cometido por dois homens, evidenciando as conseqüências da desigualdade social. A importância do dinheiro neste sistema também é abordada pelo roteiro de Chaplin, quando o dono do bar expulsa o vagabundo simplesmente pelo fato dele não ter dinheiro para pedir uma bebida, e fica ainda mais evidente quando Carlitos diz para a cantora que agora poderemos ficar no país, após encontrar a carteira de um homem rico. O final do curta mostra o casal feliz, curtindo sua fazenda, graças ao dinheiro que encontraram na carteira, o que não deixa de ser uma irônica crítica, pois eles só conseguiram encontrar a felicidade desta maneira, já que não foram dadas oportunidades para o crescimento de outra forma. E Chaplin, mais uma vez, mostra sua preferência pela vida do campo em detrimento da loucura das grandes cidades. Chaplin já tinha assombrado o mundo com seu talento absurdo em curtas como este divertido “Vida de Cachorro”, que marcou a transição entre a fase menos famosa de sua carreira e aquela em que registra seus filmes mais famosos em todo o planeta, já num período em que tinha seu próprio estúdio e, portanto, total liberdade como cineasta." (Roberto Siqueira)
Top Década 1910 #7
First National Pictures
Diretor: Charles Chaplin
5.593 users / 152 face
Date 16/09/2017 Poster - ######## - DirectorGerd OswaldStarsSterling HaydenAnita EkbergAnthony SteelAfter the American Civil War, former Union Major John Garth marries pretty settler Valerie but tragedy strikes and the two spouses end up in court where they give two different conflicting accounts of their marriage.[Mov 02 IMDB 6,1/10] {Video}
VALERIE
(Valerie, 1957)
TAG GERD OSWALD
{cansativo}Sinopse ''Numa pequena cidade do Oeste chamada Limerock, o respeitado rancheiro herói da guerra civil John Garth vai a julgamento após o assassinato de seus sogros e o ferimento à bala em sua esposa, a bela Valerie. Durante os depoimentos, John acusa sua esposa de infidelidade e enquanto ele e as outras pessoas envolvidas falam, os fatos narrados são mostrados em flashback.''
''Obscuro, pouco conhecido, espezinhado em guias de filmes, este Valerie é fascinante. Feito em 1957, por um diretor sem fama, Gerd Oswald, é uma pouco comum mistura de gêneros: western, tribunal, crime, mistério. E ainda tem a beleza faiscante de Anita Ekberg, três anos antes de seu estrondoso sucesso em La Dolce Vita, de Fellini. Só pelo fato de ser um western que tem como protagonista uma mulher já seria uma raridade. Mas Valerie ainda tem um tom de crítica social, uma denúncia do preconceito contra estrangeiros no Velho Oeste americano, do moralismo hipócrita que leva toda uma pequena cidade a condenar antecipadamente uma mulher suspeita de infidelidade conjugal, e do endeusamento de um homem pelo fato de ele ser rico e poderoso.
O início do filme é não menos que brilhante Três homens chegam diante de uma casa. Um deles está mais atrás, segurando as rédeas dos cavalos. Dois deles se adiantam. O da frente, visivelmente o chefe do grupo, e o outro entram na casa. Vemos o terceiro, o que toma conta dos cavalos. Vemos novamente a frente da casa; um cachorro anda diante dela. Lá de dentro saem os estampidos de tiros, vários tiros. Apenas um homem sai da casa – o chefe do grupo, que está ferido no braço. Monta no cavalo, e ele e seu empregado vão embora. O cachorro late, entra pela porta da frente deixada aberta. A câmara entra atrás dele. Há mortos na sala – o homem que chegou com o chefe, um casal. Uma mulher de cabelos longos também parece morta. A câmara mostra a mulher caída, a imagem fica congelada nela – e aí surgem os créditos iniciais.Na tomada seguinte aos créditos, o homem que saiu vivo depois dos tiros está em sua casa – uma casa ampla, de rico –, escrevendo num bloco. O xerife que chega para prendê-lo está completamente sem jeito, como se pedisse desculpas. Explica que tem um mandado. O homem, John Garth (interpretado por Sterling Hayden, na foto acima), diz que está tudo explicado na declaração que redigiu para o xerife e o promotor do condado. Em seguida chega um homem perguntando como está Valerie. É o reverendo Blake (Anthony Steel), o pastor da cidade. Enquanto o médico e o reverendo conversam, diante da cama da paciente, a câmara mostra pela primeira vez com nitidez o rosto de Valerie – o papel de Anita Ekberg, com toda aquela beleza sueca, aqueles cabelos enormes, olhos enormes, lábios enormes, aquela enormidade toda que seduziria Fellini e milhões de espectadores mundo afora. Estamos com uns dez minutos de filme quando começa o julgamento de John Garth e seu empregado Mingo. Anotei a fala inicial do advogado de defesa: – Faz anos que não defendo um caso. (…) Eu estava aposentado, e satisfeito com isso. Não teria vindo por ninguém a não ser por John Garth, que conheço desde o dia em que nasceu. Eu o vi tornar-se um homem; eu o vi indo para a guerra, onde, mais uma vez, honrou o nome Garth. Eu o vi retornar. E então, com profunda tristeza, eu o vi casar com uma mulher, Valerie Hovart. Senhores, já testemunhei muita maldade nesta vida, mas não há nada mais perverso que uma mulher devassa e imoral. A culpa é da vítima, mulher devassa, imoral, argumenta o advogado. Conhecemos histórias assim. Alguns casos ficaram famosos, como o da bela mineira Ângela Diniz, assassinada pelo namorado, Doca Street. Os advogados dos homens que assassinam suas próprias mulheres argumentam que a culpa é da vítima, e o assassino, ora, o assassino matou em legítima defesa da honra. É com essa situação nojenta que começa a trama de Valerie. Veremos já nos primeiros minutos de filme que praticamente todos, na pequena cidade de Limerock – com exceção do médico e do religioso – já condenaram Valerie, por ser pecadora, devassa, imoral, e além de tudo estrangeira, e estupidamente bela. E, naturalmente, já inocentaram John Garth, fazendeiro rico, major do Exército da União na Guerra da Secessão contra os Estados Confederados do Sul. O primeiro a depor é um garotinho, Earl Davis, que viu quando Garth e seu empregado Mingo montaram em seus cavalos e foram embora da casa dos Hovarts, os pais de ''Valerie''. O garotinho se apressa em dizer que o senhor Garth fez muito bem. O segundo a depor é o reverendo Blake – e, enquanto ele depõe, temos um flashback, mostrando a versão dele para os acontecimentos. O reverendo Blake era uma forasteiro, havia chegado pouco tempo antes a Limerock. Conhecera o casal Garth logo após o primeiro serviço religioso que oficiou; à saída da igreja, o casal parou para cumprimentá-lo. Valerie elogiou o sermão: O senhor invocou a fé e o coração, em vez de invocar o medo. Alguns dias depois, Mingo, o empregado dos Garth, havia levado ao reverendo um curto bilhete em que Valerie pedia que o religioso fosse visitá-la. O reverendo havia tomado o cuidado de perguntar se o senhor Garth sabia do bilhete, e Mingo havia dito que sim, que ele estava ao lado da mulher quando ela o escreveu. É um longo flashback, esse, com a versão do reverendo. Depois haverá outro, com a versão do réu, Garth. E, mais tarde, haverá um terceiro flashback, com uma terceira versão. Um ato de violência, três diferentes versões para ele. É impossível deixar de lembrar de Rashomon, o grande clássico que o mestre Akira Kurosawa dirigiu em 1950, e que seria adaptado nos Estados Unidos, no western Quatro Confissões/The Outrage, em 1964. Este Valerie foi feito sete anos depois de Rashomon, e sete anos antes de Quatro Confissões. Não se fala dessa semelhança com Rashomon, nos dois guias americanos de filmes que consultei depois de rever Valerie agora. Leonard Maltin dá 1.5 estrela em 4 e mata o assunto com uma frase: Relato não memorável (via flashbacks) dos fatos que levam a ferimentos na mulher de Hayden e à morte dos pais dela. O guia de Steven H. Scheur dá 2 estrelas em 4: Aborrecido quase-mistério sobre assassinato e romance, que só se torna assistível pela boa atuação, como sempre, de Hayden e a ardente e sexy Ekberg. Pauline Kael não fala sobre o filme, que também não está em outros guias que tenho. Não se fala dele no belo livro Great Hollywood Westerns. Valerie é de fato um filme obscuro. Os franceses costumavam ser mais atentos a obras obscuras do cinema americano que os próprios americanos. Então, no Guide des Films do mestre Jean Tulard, está: O proprietário de um rancho é acusado de ter ferido sua mulher e matado seus sogros. A narrativa é tratada um pouco à maneira de Rashomon. Inédito na França, mas exibido na Cinemateca, este filme é objeto de culto de alguns cinéfilos. ''Valerie'' não chega a ser um grande filme, na minha opinião. A trama se perde um pouco a partir da metade; tudo fica exagerado demais, maniqueísta, o malvado é malvado demais da conta, e o retrato final de Valerie, a personagem-título, fica um tanto inconsistente. Mas é sem dúvida fascinante, interessante, pouco usual, e começa bem demais, promete ser uma obra-prima. Não chega a ser uma obra-prima, mas é um western muito bom, e um filme de tribunal muito bom. A sacada da mesma história contada em diferentes versões, nitidamente inspirada na obra-prima de Kurosawa, funciona muito bem. E o filme ainda tem um detalhe memorável: trata de um tema pouquíssimo usual no western, a tortura. Tortura, tortura física – essa imensa chaga praticada nas ditaduras e também nas democracias. Em Valerie, afirma-se que a tortura era método usado às claras pela União na guerra contra os confederados. É um filme que, sem duvida, merece ser bem mais conhecido." (50 Anos de Filme)
Hal R. Makelim Productions
Diretor: Gerd Oswald
159 users / 3 face
Date 06/01/2018 Poster - ### - DirectorMartin ProvostStarsEmmanuelle DevosSandrine KiberlainOlivier GourmetViolette Leduc, born a bastard at the beginning of last century, meets Simone de Beauvoir in the years after the war in St-Germain-des-Prés. Then begins an intense relationship between the two women that will last throughout their lives, a relationship based on the quest for freedom through writing for Violette and conviction for Simone to have in their hands the fate of an extraordinary writer.[Mov 10 Favorito IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@} M/72
VIOLETTE
(Violette, 2013)
TAG MARTIN PROVOST
{inesquecível}Sinopse ''Violette Leduc encontra Simone de Beauvoir em Paris nos anos que precedem a Guerra. Começa assim uma relação intensa entre as duas mulheres que vai durar toda a sua vida. Uma relação baseada na busca pela liberdade e pela escrita, por parte de Violette, e na convicção de Simone de ter nas mãos o destino de uma escritora fora do normal.''
*****
''O nome próprio como título e a trama concentrada na trajetória de uma importante escritora francesa do pós-guerra aproxima "Violette" do filme biográfico, variante do vírus que contamina o cinema com tantas histórias baseadas em fatos reais. De fato, o primeiro objeto do filme aparenta ser o percurso meio maldito de Violette Leduc, bastarda, bissexual e protofeminista numa época em que quase nada disso era admissível. Os recortes temporais no roteiro escrito pelo diretor Martin Provost em companhia do respeitado jornalista e biógrafo René de Ceccatty afastam "Violette" da obsessão por fidelidade e explicação comuns ao filme biográfico. Os traumas infantis e as frustrações afetivas e sexuais são evocados mais com o objetivo de esboçar uma figura de contornos difusos do que explicá-la. Ao mesmo tempo que retrata o martírio de uma artista, "Violette" se interessa também pelas ideias da época, quando os protagonistas do existencialismo sugeriam outros caminhos mentais e comportamentais. Por isso, a presença de Simone de Beauvoir no filme ganha mais força do que a de coadjuvante de luxo. Em vez da imagem luminosa que as fotografias guardaram de Beauvoir, o filme contrasta uma figura espectral, um duplo descarnado e intelectual da violenta corporeidade que anima Violette. A diferença entre as duas personagens mistura-se aos motivos distintos para a criação literária, fruto de disciplina e cálculo, mas também de dor e catarse. Assim, mais que um supérfluo drama biográfico, "Violette" atualiza, para nossa época que confunde literatura, autoficção e autopromoção, questões mais fundamentais, como para que se escreve? e para quem se escreve?." (Cassio Starling Carlos)
{Tenho medo de morrer e odeio viver. O tempo passa, e eu estou sozinha. Sempre sozinha, nada muda nunca. Sou um deserto que fala sozinho} (ESKS)
{É estranho pegar no sexo do homem, muito estranho, mas afinal é dai que vem a vida} (ESKS)
''Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. Em seu quinto longa-metragem, o cineasta francês Martin Provost resolve contar uma história real, forte e cheia de detalhes que impactaram o modo de pensar francês durante todo o século passado. Com um grande desfile de astros da literatura e filosofia, um roteiro primoroso e a dupla Emmanuelle Devos e Sandrine Kiberlain inspiradas, Violette se transforma ao longo dos 139 minutos de fita um retrato contundente sobre uma figura ímpar em uma sociedade careta que recebe um tapa em cada linha de seus polêmicos textos. Na história, roteirizada pelo próprio diretor, conhecemos mais profundamente a vida da escritora Violette Leduc, uma mulher guerreira que encontrou a salvação através da escrita. Sua amizade e sua paixão por Simone de Beauvoir também é meticulosamente bem mostrada. Se sentindo em um deserto que monologa, desafiando o convencional da época, quebrando tabus, sendo admirada por ilustres escritores do século XX, a protagonista é muito poderosa. Emmanuelle Devos embute uma energia vigorosa que é fundamental para que tenhamos empatia por Violette. Uma grande atuação dessa excelente atriz, talvez, pouco conhecida aqui no Brasil. Ao longo da ótima trama, vemos um despertar da sexualidade, uma liberdade profunda em expressar e sentir suas emoções. As asfixias da vida geram uma força em Violette para que a mesma escreva sobre sua ardente e sofrida vida. Na verdade, ''Violette'' se punia a cada passo sem êxito, a cada chance desperdiçada, chegava ao limite da razão e emoção facilmente, fruto de sua vida sofrida e os traumas do passado que sempre voltavam como fantasmas sem solução. Sua amizade com Beauvoir ajuda a encontrar o caminho e a ganhar um pouco de razão em busca de seu destino." (Raphael Camacho)
TS Productions France 3 Cinéma Climax Films Centre National de la Cinématographie (CNC) Région Ile-de-France Région Limousin Canal+ France Télévisions Ciné+ TV5 Monde Belgacom Palatine Étoile 10 La Banque Postale Image 6 Procirep Angoa-Agicoa MEDIA Programme of the European Union (support)
Diretor: Martin Provost
1.611 users / 787 face
14 Metacritic
Date 06/01/2018 Poster - ##########
- DirectorAri FolmanStarsAri FolmanRon Ben-YishaiRonny DayagAn Israeli film director interviews fellow veterans of the 1982 invasion of Lebanon to reconstruct his own memories of his term of service in that conflict.[Mov 04 IMDB 8,1/10] {Video/@@@} M/91
VALSA COM BASHIR
(Valse avec Bachir, 2008)
TAG ARI FOLMAN
{interessante}Sinopse U''Uma noite, o diretor Ari Folman reencontra num bar um velho amigo, que lhe conta sobre um sonho recorrente, no qual é perseguido por 26 cães raivosos. Os dois concluem que o sonho deve estar ligado à experiência de ambos no exército israelense durante a Guerra do Líbano nos anos 80. Ari surpreende-se por não conseguir lembrar nada a respeito deste período de sua vida e, para tentar resgatar sua memória e descobrir a verdade sobre os acontecimentos e sobre si mesmo, procura todos os seus amigos da época para entrevistá-los.
"Apesar do tema desgastado e de algumas passagens absolutamente gratuitas, a história ainda tem força suficiente para chamar a atenção e ganhar alguns prêmios válidos. Formato excessivamente documental, porém, tira força da narrativa." (Alexandre Koball)
"A história é trágica e o final chocante, mas o desenvolvimento é arrastado e entediante, mesmo com a excepcional técnica de animação." (Rodrigo Cunha)
"Mais que uma animação esteticamente belíssima, um filme bastante pessoal que consegue evocar sensações nem sempre agradáveis sobre a insensatez da guerra - exatamente o seu objetivo. O contraste causado pelas últimas cenas é arrebatador." (Silvio Pilau)
''Enquanto as HQs com simbolismo politizado transferem-se para o cinema despojadas de crítica e cinismo, a animação vem se tornando um terreno fértil para filmes falarem abertamente de política e ao mesmo tempo seduzirem públicos que não estão interessados em discursos. Depois do delicioso Persépolis, de Marjane Satrapi, "Valsa com Bashir" inventa o que seu diretor, Ari Folman, chama de "documentário de animação" para reconstituir um dos episódios mais aterradores do eterno confronto entre Israel e o mundo árabe no Oriente Médio: o massacre de Sabra e Shatila. Além das vantagens de reconstituir espaços e acontecimentos, a escolha da animação permite a Folman deixar aberta e evidente a face subjetiva de seu projeto documental. Por ser um relato em primeira pessoa, marcado por traumas e lembranças vividas, a animação, com suas cores, texturas, distorções e, sobretudo, poder de invenção oferece ao filme a oportunidade de reconstituir fatos recriando-os com a força do imaginário. Desse modo, a guerra, com suas atrocidades de hábito, ressurge de um modo como vimos no cinema apenas em "Apocalipse Now" (aliás citado explicitamente no filme): como alucinação, delírio, brutal irracionalidade disfarçada de razão. Como não se trata de maquiar nem de tentar embelezar o que (talvez ainda mais para judeus) é mais abjeto -a destruição, o genocídio-, o filme não nos poupa de exibir as imagens diante das quais só conseguimos reagir com uma expressão: "O horror, o horror"." (Cassio Starling Carlos)
''Em 2006, um ex-companheiro de Exército chamou o cineasta israelense Ari Folman para uma conversa. O homem estava atormentado por um pesadelo referente à Guerra do Líbano de 1982, de que ambos participaram, e queria que Folman o ajudasse, fazendo um filme.
Assim surgiu "Waltz with Bashir", animação que concorreu à Palma de Ouro em Cannes e que será exibida hoje na Mostra de Cinema de São Paulo, em duas únicas sessões. Folman, que até então não tinha memórias da guerra, decide ouvir seus ex-companheiros na esperança de que as lembranças deles o ajudem a desbloquear as suas. O público o segue nessa jornada pessoal, descobrindo as imagens sinistras e a culpa que o diretor, um jovem de 19 anos à época do Exército, apagou da memória para conseguir levar uma vida normal pós-guerra. "Valsa com Bashir" é, portanto, uma sessão de terapia individual e coletiva, que vai ficando mais pesada à medida que se aprofunda. A opção por retratar tudo com desenhos, no entanto, atenua o desconforto da audiência -e isso fica óbvio no final chocante, quando são usadas imagens reais. O filme também é uma expiação da culpa pelo vergonhoso episódio a que alude seu título.
Em setembro de 1982, um dia após o assassinato do recém-eleito presidente libanês Bashir Gemayel, a milícia cristã que o apoiava invadiu Sabra e Chatila, campos de refugiados palestinos nos arredores de Beirute, em busca de vingança. O que se seguiu foram dias de extermínio e destruição a que o Exército de Israel, que vigiava a área, assistiu passivamente. Folman tem coragem para igualar o massacre dos palestinos ao de seu próprio povo, descrevendo o que ocorreu com palavras e expressões (genocídio, campo de extermínio, gueto de Varsóvia) cuja utilização fora do contexto do Holocausto é abominada pelo governo israelense. Não vai tão longe, no entanto, a ponto de dar voz às vítimas, o que é lamentável, porque tornaria seu filme mais equilibrado. Um exemplo dessa edição parcial: a única parte falada do filme que não tem legenda é a que mostra mulheres palestinas desesperadas enquanto andam pelo cenário do massacre." (Marco Aurélio Canônico)
Documentário de animação traz à tona massacre de palestinos por israelenses.
''Em 14 de setembro de 1982, o presidente do Líbano, Bashir Gemayel, eleito apenas três semanas antes, foi alvo de um atentado na sede de seu partido. Atordoados pela morte de seu líder e sedentos de vingança, soldados da milícia falangista (cujo fundador fora Pierre Gemayel, pai de Bashir) atribuíram a responsabilidade pelo assassinato aos palestinos ainda residentes em Beirute, muito embora não houvesse qualquer confirmação desse fato. Dois dias depois, eles invadiram os campos de concentração de Sabra e Shatila, ao sul de Beirute, no Líbano, e pelos três dias seguintes, massacraram centenas de homens, mulheres e crianças. Dependendo da fonte consultada, o número de mortes varia entre 700 a 3000 pessoas. Àquela altura, sob as ordens do seu primeiro-ministro Menachem Begin, e do seu Ministro da Defesa, Ariel Sharon, as tropas do poderoso exército israelense já ocupavam o Líbano. No curto prazo, o objetivo era destruir a estrutura militar da OLP. No longo, absorver a Cisjordânia à Grande Israel. A morte repentina de Bashir, figura chave para o sucesso do plano, colocou tudo por terra. Pra tentar manter sua estratégia ainda de pé, Sharon determinou que seus soldados colaborassem com a represália falangista, seja facilitando o acesso aos campos de refugiados (e fazendo vistas grossas ao que lá ocorria), seja iluminando o local com sinalizadores noturnos. Um destes soldados era Ari Folman, 19 anos, barba ainda rala e recém-separado da sua namorada. Adulto, Folman se transformou em conceituado roteirista para a televisão israelense e cineasta (a série americana In Treatment é baseada na versão por ele criada para a TV local). Decidido a exorcizar o passado e investigar seu papel no episódio do massacre de Sabra e Shatila, o diretor resolveu correr atrás de ex-combatentes da Guerra do Líbano. Valsa com Bashir, desde o início concebido como um documentário de animação, é a soma destes depoimentos, alguns relacionados com a história de Folman, outros não. O filme abre com a corrida em disparada de vinte e seis cães. Raivosos, eles atropelam tudo o que vem pela frente. A certa altura, a matilha se reúne em frente a uma janela escura. De lá vislumbra-se o rosto de um homem. Ele sabe que os cachorros vieram buscá-lo, que o juram de morte. Neste instante, revela-se que tudo aquilo não era real. Numa mesa de bar, dois amigos conversam. Boaz relata para Folman esse sonho que vem tendo nos últimos dois anos. Boaz associa o sonho a um episódio da Guerra do Líbano. Ao invadir um pequeno vilarejo, vários cães começaram a latir. O comandante da tropa sabia que Boaz era incapaz de matar um ser humano. Por isso, escalou-o a exterminar todos aqueles animais, antes que eles fossem descobertos. Boaz cumpre a ordem e atira nos cachorros. A Guerra pode ter acabado, mas as Boaz vai carregar ainda por muito tempo as marcas daquele evento. Ao se despedir de Boaz, Folman, sozinho em seu carro, percebe que não guardou nenhuma lembrança da sua passagem pela Guerra do Líbano. Ele estaciona. Sobre a calçada, observa o mar. Era a primeira vez, em 20 anos, que ele voltara a falar com alguém sobre o conflito. Uma recordação lhe vem à mente, uma imagem que será recorrente durante todo o filme: deitados no mar, Folman e mais dois amigos observam os prédios da orla da praia serem iluminados por sinalizadores na noite cor de fogo de Beirute. Eles se levantam e começam a caminhar em direção a areia. Estão nus. E armados. Vestem-se. Chegam às ruas. Folman anda mais à frente. Ele abotoa a camisa. Ao virar uma esquina, se depara com uma procissão de mulheres correndo, desesperadas, com as mãos para cima, como que pedindo algum tipo de ajuda. Para Folman, esta sequência de imagens é a única recordação da Guerra do Líbano. A primeira pessoa que ele procura é seu amigo psicólogo Ori Sivan. Está intrigado com o fato de nada lembrar sobre um fato tão marcante da sua vida. Sua memória simplesmente se apagou. Folman é incentivado a falar com o máximo de pessoas que combateram no Líbano. Em princípio, ele sente medo de iniciar essa peregrinação. E se ele descobrir coisas que o desabonem como pessoa? Mas o desejo de investigar o passado é maior. Isso o leva a visitar ex-colegas, como Carmi Cna'am, residente na Holanda, e Shmuel Frenkel, que integrara a mesma divisão de combate de Folman. Aos poucos, as recordações vão se aflorando, mais e mais fatos vão surgindo, e Folman começa a ter um quadro mais completo da sua participação da Guerra do Líbano. No entanto, do dia do massacre de Sabra e Shatila, a única lembrança que restou é sempre a mesma: os três soldados nus, observando a noite de Beirute de dentro do mar. Mais que falar sobre conflitos internacionais, parece-me que o tema central de Valsa com Bashir é o poder da memória, e o quão ela poder ser dinâmica e ao mesmo tempo traiçoeira. Por meio de mecanismos psicológicos inconscientes (ou não), somos capazes de colocar grandes traumas do passado num canto esquecido do nosso cérebro. A falta de memória sobre esses fatos funciona mais como um instinto de auto-preservação. Em outras situações, a memória pode nos trair, fazendo com que criemos em nosso imaginário fatos que não aconteceram no mundo real. O relato de uma experiência psicológica por Ori Sivan a Folman, na mesa da cozinha, no início do filme, é bem significativo. Segundo ele, as pessoas tem, de fato, a tendência de inventar uma realidade paralela. Nas palavras dele, se alguns detalhes faltam, a memória preenche os buracos com coisas que nunca aconteceram. Ao final, Folman terá a oportunidade de perceber o quão exato estava esse experimento. O tema da memória é discutido no mesmo diálogo, um pouco mais à frente. Ao perceber que Folman está com receio que embarcar na sua viagem ao passado, Ori Sivan o estimula dizendo que o ser humano não vai a lugares que não se quer. Cita, como exemplo, o fato de, instintivamente, não entrarmos em locais sombrios. A memória, por outro lado, nos leva onde precisamos ir. Outro debate provocado por Valsa com Bashir é o aparente conflito entre o fato de ele ter sido concebido como documentário de animação. De um lado, o documentário é o gênero que se busca a verdade na sua essência. Por sua vez, o desenho animado vai no sentido oposto, da fantasia, do irreal. Como é possível essa convivência? Valsa com Bashir não apenas lida muito bem com esse problema, como também aproveita-se dele. Ao retratar os diálogos e depoimentos das pessoas entrevistadas por Folman, o desenho é o mais realista possível. A técnica se assemelha à da rotoscopia, utilizada em filmes como Waking Life e O Homem Duplo, o que já foi negado pelo próprio diretor. Ao contrário de desenhar sobre a película, Folman preferiu filmar em primeiro lugar e, num segundo momento, seus desenhistas tentaram representar aquilo que viram com o máximo de realidade possível. O efeito é excelente. Por outro lado, na parte das batalhas propriamente ditas não havia o compromisso com algo que já previamente existente. Nesse momento, o recurso do desenho à mão (com o auxilio de alguns efeitos especiais), deixou o diretor à vontade para dar asas à imaginação e fazer de Valsa com Bashir um dos filmes com visual mais inventivos dos últimos anos. Merecem destaque não apenas toda a sequencia da praia, que resume a única lembrança que Folman guardou do massacre de Sabra e Shatila, mas também o ataque do tanque por um tiro de bazuca disparado por uma criança, a cena que dá título ao filme, em que Fremkel, rodeado por pôsteres de Bashir, sai atirando com sua metralhadora a esmo; e a da alucinação que Carmi tem no navio que o está levando ao front: sentado no convés, ele vê uma bela e gigantesca figura feminina, misto de mãe protetora e mulher sensual. Ela o acolhe e o leva para o mar. Carmi se conforta sobre seu corpo enquanto seu navio, no mundo real, é abatido por ataques aéreos libaneses. Mas essa dualidade entre a busca pela realidade do documentário e pela fantasia, na animação, é quebrado na sequência final, quando o diretor abre mão dos dois gêneros até ali empregados. Folman parece nos dizer que, em determinados assuntos, não há representação da realidade capaz de ser mais forte e eficaz do que ela mesma. Em outras palavras, podemos dizer que um filme de ficção que pretenda abordar, por exemplo, o Holocausto ou o Ataque das Torres Gêmeas, já deve ter a consciência de que nada superará o fato real em si, por melhor que seja o seu recorte cinematográfico. Em suma, o cinema, mesmo com todos os seus recursos tecnológicos, não é capaz de dar conta de certas realidades. Entre elas, na opinião de Folman, está o massacre de Sabra e Shatila. Tal a magnitude do episódio, um verdadeiro genocídio a céu aberto e com a benção das autoridades israelenses, que a melhor opção é deixar as imagens reais falarem por si. É curioso observar que Valsa com Bashir concorreu no Festival de Cannes de 2008, assim como Persépolis, que disputou o mesmo festival um ano antes. Ambos os desenhos, assumidamente autobiográficos, tem a preocupação de revisitar a história de um país e de uma sociedade, a partir do ponto de vista bem particular de seus diretores. São exemplos de como as animações já deixaram há tempos de serem brinquedo de criança, servindo hoje como verdadeiro fórum para a discussão de temas sérios e atualíssimos." (Régis Trigo)
81*2009 Oscar / 66*2008 Globo / 2009 Palma de Cannes
Top Israel #4 Top Biografia #45
Bridgit Folman Film Gang Les Films d'Ici Razor Film Produktion GmbH Arte France ITVS Noga Communication - Channel 8 New Israeli Foundation for Cinema and Television Medienboard Berlin-Brandenburg Israel Film Fund Hot Telecommunication YLE Teema (in association with) Télévision Suisse-Romande (TSR) Radio Télévision Belge Francophone Special Broadcasting Service
Diretor: Ari Folman
50.728 users / 25.529 faceSoundtrack Rock Public Image Ltd. / Orchestral Manoeuvres in the Dark
33 Metacritic
Date18/07/2018 Poster - ##### - DirectorAnthony RussoJoe RussoStarsRobert Downey Jr.Chris HemsworthMark RuffaloThe Avengers and their allies must be willing to sacrifice all in an attempt to defeat the powerful Thanos before his blitz of devastation and ruin puts an end to the universe.[Mov 06 IMDB 8,6/10] {Video/@@@} M/68
VINGADORES - GUERRA INFINITA
(Avengers: Infinity War, 2018)
TAG JOE RUSSO/ ANTHONY RUSSO
{simpático}Sinopse Enquanto os Vingadores e seus aliados continuam protegendo o mundo de ameaças muito grandes que nenhum herói consegue enfrentar sozinho, um novo perigo surge das sombras do cosmo: Thanos. Um déspota com má-fama intergalática, sua meta é reunir as seis Joias do Infinito, artefatos de poder inimaginável, e usá-las para infligir sua vontade macabra em toda a realidade. Tudo pelo que os Vingadores lutaram levou a esse momento – e o destino da Terra e da própria existência nunca esteve tão incerto.
"Verdadeiramente surpreendente: tem bom ritmo, divide bem o tempo em tela dos personagens principais, há variedade de cenários e lutas, aproveita bem tudo o que os filmes anteriores construíram, mas as duas melhores coisas do filme são Thanos e o final." (Rodrigo Cunha)
"O filme tem dificuldades em juntar os oito mil personagens em um roteiro coeso, tentando mascarar isso com o excesso de CG. É mais do mesmo da Marvel, mas pelo menos Thanos é um bom antagonista e o final é corajoso - embora isso obviamente não vá durar." (Silvio Pilau)
"Bem melhor estruturado do que os outros dois Avengers e assimila melhor a grande quantidade de personagens, oferecendo momentos para a maioria contribuir com algo. A base para o gran finale está bem fundamentada." (Heitor Romero)
"Tantos personagens não estragaram o filme. Crédito aos roteiristas. Ainda há piadas demais, mas ao menos mais contidas. É um dos melhores filmes sobre heróis e será lembrado por isso; e também pela megalomania concentrada de seu competente antagonista." (Marcelo Leme)
"Antes de chegar no empolgante, divertido e grandioso clímax, a salvação do filme, grande parte da estrutura dos Russo cansa e sobrevive de momentos esporádicos, por mais que seja ótimo tornar Thanos o fio condutor do filme. O final é de apertar o coração." (Rafael W. Oliveira)
"O final não tão é lacunar quanto parece: é o gozo tranquilo do vilão mais imperioso em muito tempo. Incomodam mesmo a necessidade de entupir os filmes com cada vez mais heróis e subplots e essa novíssima comédia retardada americana." (Felipe Leal)
''No futuro, os historiadores do cinema pop dirão que os anos 2010, foram a década dos Estúdios Marvel. Foram 18 filmes, 10 anos de produção, nenhum grande fracasso e quase US$ 15 bilhões de dólares em bilheterias, a franquia mais lucrativa da história de Hollywood. Mas, como diz Kevin Feige, presidente do estúdio, toda boa história precisa de um fim. E esse fim começa com "Vingadores: Guerra Infinita", superprodução de US$ 300 milhões que estreia nesta quinta, pelas mãos dos irmãos Russo, Joe e Anthony. Vindos de séries alopradas como Arrested Development, eles desviaram a Marvel do esquema seguro ao descontruírem o Capitão América em Capitão América: Soldado Invernal e equilibrarem espetáculo e elenco gigante em Guerra Civil. Os planos começaram nas filmagens de Guerra Civil, quando Feige pediu ideias aos roteiristas Stephen McFeely e Christopher Markus. Só sabíamos que Thanos seria o vilão e estaria obcecado pelas joias do infinito podem alterar toda a realidade se reunidas], conta Markus à Folha. Kevin [Feige] nos perguntou o que faríamos se pudéssemos usar todos os apetrechos da Marvel. Escrevemos 60 páginas com nossas ideias mais ambiciosas, diz McFeely. Minha FolhaNão haverá outro filme assim nas nossas carreiras", afirma o roteirista, que passou três anos cercado por cartões com linhas narrativas e personagens. Foi o maior quebra-cabeça das nossas vidas. O longa e sua sequência foram escritos ao mesmo tempo, mas saíram tão diferentes que o segundo terá de ter outro título (ainda não revelado). Sem permissão para falarem do enredo - mantido em segredo até segunda, eles preveem comoção. Principalmente caso se confirmem boatos sobre a morte do Capitão América ou Homem de Ferro. Espero que entendam que ainda haverá outro capítulo e curtam, mas vai ter gente reclamando, diz McFeely. O grande tema é sacrifício. Mas conversamos de novo em um ano, diz Markus. Se não estivermos escondidos em um programa de proteção à testemunha, completa o parceiro." (Rodrigo Salem)
''No cinema, excessos são considerados defeitos. Mas a Marvel não é conhecida por respeitar tabus. Nestes dez anos de atuação, o estúdio saiu de um pequeno filme (“Homem de Ferro”) para o ineditismo da criação de um universo interligado e coeso, tornando-se a maior franquia da história do cinema. Então, quem vai dizer que espremer dezenas de heróis e meia dúzia de vilões em 2h30 de puro espetáculo pop é um defeito? “Vingadores: Guerra Infinita” é muito mais do que um filme. É o que nos quadrinhos costumam apelidar de crossover, eventos anuais que chacoalham o universo das editoras com a participação de todos os protagonistas possíveis e um fim que muda o cenário para todo o sempre - ou, pelo menos, até o próximo crossover. A missão dos Irmãos Joe e Anthony Russo na direção não era fácil. A dupla precisou conduzir uma orquestra numerosa, fazer aventuras passadas na Terra e outros planetas terem sentido e não deixar o público se perder em meio a tantos personagens e tramas. A boa notícia é que eles conseguiram, com a ajuda de um roteiro amarrado que lembra a estrutura invertida de “O Senhor dos Anéis”, de Peter Jackson, ressaltada pelo uso das fanfarras épicas de Howard Shore levadas por outro veterano de Hollywood, o maestro Alan Silvestri. Thanos (Josh Brolin) é um semideus de Titã que planeja reunir as seis joias do infinito para tornar sua missão mais rápida: eliminar metade da população do universo para os mundos poderem prosperar em paz. Apesar da motivação batida, já usada até recentemente por Dan Brown em Inferno, o vilão funciona devido à interpretação de Josh Brolin e sua relação com a filha, Gamora (Zoe Saldana). O longa começa já mandando o recado de que não será um filme da Marvel sem consequências. Encontramos Thanos torturando Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Loki (Tom Hiddleston), Heimdall (Idris Elba) e os sobreviventes de Asgard para recuperar uma das joias. Não há tempo de respirar numa sequência brutal e trágica, essencial para elevar os riscos de “Guerra Infinita” e mostrar que mortes farão parte dessa trama. Espere o inesperado. Após essa apresentação, a produção se divide em dois enredos paralelos. O primeiro se passa na Terra, com Tony Stark (Robert Downey Jr., sempre um show à parte) preparando-se para seu casamento com Pepper (Gwyneth Paltrow) quando recebe um pedido de ajuda do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), que possui uma das joias do infinito. Os Vingadores, separados desde “Guerra Civil”, atuam em grupos para impedir que os arautos de Thanos recuperem as gemas para o mestre, dando tempo para o filme destilar o humor que enverniza quase todas as cenas e as cenas de ação que tornaram os Russos famosos. O segundo enredo se passa no espaço e agrupa Thor com os Guardiões da Galáxia. Um dos grandes acertos de Guerra Infinita e, de quebra, da Marvel nos últimos cinco anos, é utilizar cada aspecto de tom, visual e voz dos filmes anteriores. Quando saímos da tensão do Capitão América (Chris Evans) protegendo Visão (Paul Bettany) e caímos na nave de Peter Quill (Chris Pratt), o contraste entre realismo do primeiro com as cores (e a trilha sonora) do segundo é impactante. É como ver vários longas em um. O filme funciona como um O Império Contra-Ataca do Universo Marvel. É sombrio, emocionante e inesperado em diversos momentos. Serve como um final digno para os dez anos do estúdio. E não apenas em tese, mas fazendo ligações surpreendentes e retomando personagens de quase todas as obras anteriores – um deles, habitando um novo planeta, fez o cinema todo murmurar em uníssono. Claro que o preço de unir tantos personagens em um único longa é alto. O Capitão América, que havia se tornado o herói mais interessante do estúdio desde “Soldado Invernal”, é pouco explorado. Também não há um lado político complexo. Já Thor é o carro-chefe das melhores sequências, mantendo o humor de Ragnarok, mas trazendo de volta seu tom nobre e poderoso dos primeiros filmes. O drama do Visão com a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) é chato, mas necessário, principalmente para quem lê quadrinhos e sabe que ela pode ter um papel essencial no futuro do universo. Como a segunda parte sai em 2019, a ideia de Guerra Infinita é ressaltar o nível de sacrifício de cada um daqueles heróis, principalmente quando se concentra em duas batalhas de tirar o fôlego: uma em Wakanda e outra em Titã. Mas não espere uma enrolação por parte dos diretores. Thanos realmente é a estrela perigosa que todos esperavam, existe uma conclusão e o final vai deixar muita gente de queixo caído e sofrendo com o coração partido. Ou na fila do cinema por 365 dias." (Rodrigo Salem)
''Em 2008, Robert Downey Jr. vestiu pela primeira vez a armadura do Homem de Ferro. Dez anos depois, mais precisamente nesta quinta (26), ele chega aos cinemas em seu nono filme como o herói dos gibis, peça-chave do Universo Cinematográfico Marvel (UCM), e cerca de US$ 200 milhões mais rico com seus cachês suntuosos. “Vingadores: Guerra Infinita” é o terceiro filme que reúne os personagens principais da editora americana de quadrinhos. Chega após 18 longas entrelaçarem as histórias dos heróis, variações da luta (literal) do bem contra o mal. Homem de Ferro protagonizou três longas, assim como Thor e Capitão América. Os Guardiões da Galáxia ganharam dois, enquanto Hulk, Homem-Aranha, Homem-Formiga, Doutor Estranho e Pantera Negra tiveram um cada. No caso de Hulk e Homem-Aranha, os personagens apareceram em outros filmes. Foram lançados um do gigante verde, em 2003, e cinco do lançador de teias, de 2002 a 2014, mas esses não fazem parte do UCM, criado para montar uma superfranquia no cinema. Nos planos da Marvel, que hoje fatura mais como produtora de cinema do que como editora, Guerra Infinita completa uma década de triunfos. Isso não significa, porém, que o filme tem caráter conclusivo. O quarto longa dos Vingadores, ainda sem título, está praticamente rodado e estreia em 2019 - o que garante ao fã que a história deve ter diversas pontas soltas. Para o fã, esperar cada novo título da Marvel é algo tão intenso quanto efetivamente assistir aos heróis na tela. Nos últimos meses, a grande questão era como fazer um filme de duas horas e meia que conseguisse dar espaço a mais de 20 heróis escalados. O ator Chris Pratt, que interpreta Star-Lord, líder dos Guardiões da Galáxia, esteve no Brasil há duas semanas para divulgar o lançamento e disse à Folha estar confiante que o roteiro resolveria o problema.Antes seria impossível juntar todo mundo, mas hoje tem um histórico de 18 filmes dedicados a esses personagens. Você não precisa se preocupar em contar a origem de cada um, o que às vezes trava a narrativa”, afirmou o ator, assumidamente fã de gibis. Filmes como Guerra Infinita, que reúnem heróis, alternam com voos solos, que apresentam origens ou dão sequência a tramas paralelas. Especulações recaem sobre os próximos lançamentos. Já no mês de julho estreia “Homem-Formiga e Vespa”, segundo filme do herói e o primeiro em que sua parceira Vespa vai exibir seus poderes. No ano que vem, além dos Vingadores, será a vez da Capitã Marvel, interpretada por Brie Larson, ganhadora do Oscar por O Quarto de Jack. Um boato sobre essa personagem exemplifica bem o frenesi dos fãs. O ator Josh Brolin, o megavilão Thanos de Guerra Infinita, revelou ter gravado cenas com Brie Larson. Desde então os “marvetes” não dormem, querendo saber se esse material seria para o filme da heroína ou para o quarto Vingadores. Ou, surpresa maior, poderia até aparecer na estreia de hoje. Para este, que obriga todos os heróis a unirem forças contra Thanos, a Marvel não poderia ter tido esquenta melhor do que Pantera Negra. O herói, que surgiu em Capitão América: Guerra Civil, acabou protagonizando o filme de herói de maior bilheteria nos EUA em todos os tempos e está perto de arrecadar cerca de R$ 2,4 bilhões - quase a soma da renda de todos os filmes estrearam no Brasil em 2016 (R$ 2,6 bilhões). O sonho dos produtores é ver os Vingadores batendo esse recorde. Estima-se que a produção do terceiro e do quarto filmes, rodados em sequência, tenha orçamento próximo de US$ 1 bilhão. “Guerra Infinita” teria chegado a US$ 486 milhões. Desse total, US$ 100 milhões apenas para Robert Downey Jr., que imprimiu um charme ao personagem de Tony Stark diretamente proporcional à importância dele nas tramas. Além de fornecer todas as engenhocas dos Vingadores, Stark interage com praticamente todos os heróis. Números reais do dinheiro envolvido no Universo Cinematográfico Marvel impressionariam até ficcional Stark. Só de investimentos de empresas que patrocinam “Guerra Infinita”, fazendo propaganda oficial com ele, o valor foi recorde: US$ 150 milhões (R$ 526 milhões)." (Thales de Menezes)
''Tudo chega ao fim, mesmo que, para Joel e Anthony Russo, diretores de "Vingadores: Guerra Infinita", a sensação ainda não seja essa. Os irmãos têm mais uma missão: fechar com sucesso a série mais lucrativa de Hollywood. Em Guerra Infinita, e na sequência prevista para maio de 2019, os irmãos Russo precisam incorporar sem atrito dezenas de personagens importantes, e ao mesmo tempo conduzir a série a uma conclusão satisfatória. Não era o que a indústria esperava quando o estúdio Marvel lançou, em 2008, Homem de Ferro. Ao longo de uma década, o imenso sucesso daquele filme preparou o terreno para um panteão de filmes. O estúdio insuflou vida nova e lucrativa a velhos heróis dos quadrinhos e criou uma base de fãs faminta por personagens novos no cinema. Agora, a Marvel diz que quer tirar de circulação o que construiu e abrir caminho o novo. A história terá mesmo conclusão? Personagens morrerão, atores deixarão a série? Quaisquer que sejam as respostas, elas já surgiram, com a ajuda dos Russos - Anthony, 48, o pensador, e Joe, 46, com seu apego ao pragmatismo, têm energias contrastantes, mas complementares. Os dois empenharam três anos e US$ 30 mil (cerca de R$ 106, 3 mil) no filme independente Pieces, sobre três irmãos - de sobrenome Russo - que se tornam criminosos. O longa chamou a atenção de Steven Soderbergh, que os ajudou com seu primeiro filme de grande estúdio, Tudo por um Segredo. Mas foi na TV que os irmãos imprimiram sua marca, principalmente com a série Arrested Development, uma sátira de diálogos afiados que se tornou cult na Fox - apesar da audiência baixa, desinteresse que os Russos veem como uma vantagem, ao permitir experimentações narrativas. Depois, em Community, da NBC, realizaram tributos a "Star Wars" e ao western spaghetti de Sergio Leone. Foi lá que chamaram a atenção da Marvel, em busca de diretores de televisão para expandir a série mais rapidamente. A Marvel também queria mudar o tom dos filmes do Capitão América, começando por Capitão América 2: O Soldado Invernal, em 2014. Os Russos viam Capitão América 2 como um clássico de espionagem repaginado. Quando o filme faturou US$ 714 milhões (R$ 2,5 bilhões) nas bilheterias mundiais, os Russos, segundo Kevin Feige, presidente do estúdio, "redefiniram a série - não só os filmes do Capitão mas todos da Marvel dali por diante. A dupla voltou a se sair bem com Capitão América: Guerra Civil, sequência lançada em 2016, na qual o Pantera Negra (Chadwick Boseman) e uma nova versão do Homem-Aranha (Tom Holland) foram introduzidos. Antes de o novo filme faturar US$ 1,15 bilhão (R$ 4,08 bi) mundiais, a Marvel já havia começado a organizar ao que Feige chamou de o grande final da linha narrativa que estávamos desenvolvendo. Na cabeça de Feige, nenhum outro diretor seria capaz de enfrentar a tarefa de três anos ininterruptos de filmagem. Ainda que precisem obedecer a uma grande hierarquia na Disney e Marvel, e que Feige seja conhecido por sua interferência nos filmes, os Russos dizem ter recebido espaço para fazer o que queriam." (Dave Itzkoff)
O ápice incompleto.
''Os Vingadores: Guerra Infinita'' era um sonho para a Marvel e seus fãs. O projeto foi de fato o rei das expectativas para uma franquia que, como ninguém, cultivou a espera pela obra tanto quanto o próprio filme em si. Dezenas de cenas pós-créditos, elementos de outras histórias e subtramas de personagens convergem para esse momento. O filme é o clímax de uma longa obra seriada cada vez mais interdependente e cuja máquina irrefreável de produção refina cada vez mais as qualidades dos produtos oferecidos - mas igualmente também exacerba vícios e lugares comuns confortáveis. A aparição do titã louco Thanos e a sua busca pelas Joias do Infinito na missão de restaurar o equilíbrio do universo fez que com que os diretores irmãos Anthony e Joe Russo (de Soldado Invernal e Guerra Civil) conjugassem todas as pratas da casa e destaques recentes em seu projeto mais ambicioso, que acabou resultando no segundo filme mais caro da história. E como aconteceu nos dois filmes do Capitão América comandados pelo clã Russo, o resultado é uma narrativa de longa extensão onde humor, ação, suspense e drama nem sempre conseguem um casamento muito conciliatório. O resultado é um tanto desequilibrado. Thanos é, de longe, o melhor elemento dramático do filme. A forma que os Russo construíram Thanos deram origem a um vilão que rouba o espetáculo de seus personagens. De fato, é o único personagem com um passado explorado, um dos únicos que tem que tomar decisões difíceis e praticamente o único sem ter que dividir tempo de tela com cenas a mais que ajudam a construir o personagem. Sim, pela segunda vez em sequência o estúdio acerta no desenvolvimento do vilão tanto ou mais quanto dos heróis, após o Kilmonger de Pantera Negra. É curioso ver como um filme nascido da união de super-heróis onde eles se reúnem em tão grande quantidade, mas grande parte deles simplesmente não interessa. Certamente temos oportunidade de saber como Gamora, Tony Stark, Thor ou Peter Quill sentem-se frente à situação, mas a grande maioria - e aí podemos incluir Peter Parker, T'Challa, Natasha Romanoff, Bucky Barnes, James Rhodes, Sam Wilson ou Groot - não tem qualquer motivação ou questões particulares com as quais lidar na trama. E em meio à tentativa de, com a mão pesada, sempre tentar imprimir a marca registrada, como o humor galhofeiro, a salvação do mundo, a criação de nêmesis cada vez mais poderosos, que a dramaturgia do filme sai perdendo. Como dito acima, o drama da maioria dos personagens mal arranha o drama de Thanos. Tony Stark fala sobre casamento e filhos no início do filme, mas isso logo deixa de importar assim que as naves de Thanos chegam à Terra. Bem como a culpa que Thor sente, explanada por meio de diálogos, mas poucas vezes desenvolvida. É um filme muito mais sobre o arquétipo do herói contra o drama individualista de romance moderno do vilão, que acaba tendo que competir com as muitas cenas de ação que muitas vezes tornam-se redundantes. É uma luta atrás da outra, uma luta atrás da outra, e tudo é sobre as Jóias do Infinito. Não se fala em mais nada, ninguém tem mais nenhuma questão a ser resolvida: não há vícios, derrotas, mágoas, arrependimentos ou mentiras a serem exploradas. É sobre a salvação do mundo, e pronto. Pode-se mencionar que Capitão e Natasha mudaram após a Guerra Civil ocasionada pelo registro - mas em tela, atitudes, decisões, é algo que jamais se vê. A própria forma como Thanos se enfrenta com os heróis tornaria o personagem um tanto chato como o foi o Lobo da Estepe em Liga da Justiça: é forte demais, poderoso demais, não há chance contra ele, os maiores esforços são praticamente infrutíferos. Não fosse o vilão estar lembrando do próprio passado, tomando decisões difíceis e argumentando a favor de sua causa, sua invencibilidade épica e cósmica de nada serviria sem um personagem minimamente interessante por trás. Mas ''Os Vingadores: Guerra Infinita'' não é um filme ruim. Dá para definir mais como um filme mediano com excelentes momentos e personagens. Difícil ficar impassível ao drama de Gamora, talvez o mais contundente e pungente de todos os protagonistas, um dos únicos arcos que de fato envolve relações do passado com o presente e noções de sacrifício pessoal. Dá para dizer que, de longe, o ouro do roteiro é a dinâmica de ressentimento, afeto e ódio criada com o antagonista. E é claro, o final. Sem contar muito, o clímax do filme dispensa as piadas (ao menos em grande parte), troca o heroísmo suicida, estoico e romântico por noções de sacrifício pessoal e aborda em grande parte apenas com reações, efeitos de computação e trilha sonora o momento esperado após o feijão com arroz básico das piadinhas e pancadaria incessantes. É um dos momentos mais plásticos, catárticos e, por que não, operísticos que a Marvel já foi capaz de oferecer. Mas ainda falta alguma coisa, analisando o filme no resultado final. A noção de protagonismo individual é perdida, com muitos personagens basicamente atuando como apenas um, e esse apenas um jamais consegue clamar a mesma empatia que seu antagonista. Muito tempo é perdido no que os espectadores tanto clamam por ver, sob risco de todo o afeto dirigido não resultar em decepção. A pavimentação do caminho, ou pacing, é acidentada, com o último e dramático ato tendo que sustentar a duras penas um filme que quer causar uma grande reação no espectador - ainda que o tempo todo alivie as pancadas" ao longo do caminho. E esse sentimento de concessão a um escapismo barato, de fórmula feita, refeita e refeita mais uma vez, falha em elevar o filme a tudo que prometeu. O resultado é um Frankenstein entre o esperado e o desafiador, degladiando-se o filme todo de maneira indigesta. Mas sim, para os que tanto investiram, há momentos extremamente satisfatórios, mas eles são pura e absolutamente isso: momentos. E se a parte sustenta o todo, aí só o público dirá." (Bernardo D.I. Brum)
Top250#34
Marvel Studios
Diretor: Joe Russo / Anthony Russo
469.011 users / 554.257 faceSoundtrack Rock The Spinners
53 metacritic Popularity 3
Date 12/08/2018 Poster - ##### - DirectorFritz LangStarsSylvia SidneyHenry FondaBarton MacLaneThe public defender's secretary and an ex-convict get married and try to make a life together, but a series of disasters sends their lives spiraling out of control.[Mov 10 Favorito IMDB 7,4/10] {Video/}
VIVE-SE SÓ UMA VEZ
(You Only Live Once, 1937)
TAG FRITZ LANG
{inesquecível}Sinopse ''Graças aos esforços de sua noiva, Eddie Taylor, um ex-delinqüente juvenil, sai da prisão. Mas, devido ao preconceito social, Eddie é demitido do emprego e condenado à cadeira elétrica por um crime que não cometeu.''
{Esta é a verdadeira história de um homem e uma arma e um carro} (ESKS)
*****
''Talvez não tenha se dado conta do filme que tinha em mãos, já que em seu boletim não há menção a "Vive-se uma Só Vez". Esta produção é o segundo filme de Fritz Lang feito na América e versa sobre o amor de uma mulher, que trabalha com um promotor público, por um criminoso a quem considera um bom homem. Deve ser mesmo, pois ele é Henry Fonda, e ela mexe os pauzinhos para que ele consiga ser libertado. Mas o mundo exterior é importante para o que um homem chega a ser, e na sua recuperação sobretudo. Veremos como Lang expõe o destino nem tão insólito assim deste homem nesta que é uma de suas obras-primas mais acabadas de sua fase norte-americana.'' (* Inácio Araujo *)
''Disfarçado de fato e seguindo de perto a franqueza do cartão-título de abertura, The Hitch-Hiker é sensacional em sua simplicidade, transmitindo uma violência mecânica destacada que sufoca as chamas das predisposições românticas do film noir. Isolando o pavor abrangente do gênero, a diretora Ida Lupino explora a paranóia e a crueldade abjecta de nosso bicho-papão, subjugando uma condenação subtextual da masculinidade que exalta o feminismo por meio da ausência de personagens femininos. O produto acabado é um astuto knuckler astuto e sucinto, provocando o pânico encharcado de suor através de brutais jogos de dominação e apelos agonizantes pela sobrevivência. Disparado ao nível do solo e carregando uma melodia sinistra, o início apenas revela as botas do agressor, capturando o som de sua pistola e a mola em seus passos enquanto ele extingue vidas inocentes. Nossa primeira introdução visual a Emmett Myers (William Talman) parece um tapa na cara, seu olho direito paralisado e queixo grisalho girando em nossa direção na primeira página de um jornal, ladeado pelos detalhes de uma vida criminosa que se lê como uma ficha de um atleta. . Migrando para o sul com planos de capitalizar o anonimato das aldeias litorâneas do México, Myers pega carona em San Felipe com dois amigos de guerra, alertando seus desavisados cativos da generosidade de "heróis mortos" espalhados pela estrada atrás deles. Quando ele se inclina do banco de trás, brandindo um revólver carregado, seu rosto irradia como se acertado por uma lâmpada de interrogatório, Colocado em quarentena nos limites de um veículo, o filme passa a vida inteira em 70 minutos na estrada, mantendo a tensão em ebulição enquanto os pneus levantam o cascalho rochoso do chão seco do deserto. O editor Douglas Stewart atua como um acessório para o ritmo acelerado, fazendo cortes abruptos e abruptos que mantêm a sensação geral de ansiedade, mudando furtivamente do POV em primeira pessoa de uma arma para o pulso do atirador limpando o suor de seus olhos. O uso de edições e imagens expressivas preenche as lacunas deixadas pelo cenário minimalista, empregando tacadas de sobrancelhas franzidas e mãos trêmulas para revelar a emoção excluída do diálogo. Sombra também desempenha um papel fundamental em transmitir o desespero da luta de cada homem para suportar, concentrando-se na forma fina e esquelética de seus corpos esgotados enquanto eles atacam uma silhueta na vasta área deserta. À medida que o filme deixa a relativa segurança do carro e se aventura a pé em direção ao oceano, uma lógica sombria entra em ação, enfatizando a praticidade do egoísmo em face de certo fim. Apesar do forte pragmatismo da apresentação, o tormento insuportável assume uma certa qualidade poética, refletida pela suave batida de guitarra na trilha sonora e os rostos sujos do vitimizado, determinados apenas pela inevitabilidade da morte, indiferentes ao exato momento em que Vou cair no vazio." (Kinetoscopio)
Walter Wanger Productions
Diretor: Fritz Lang
5.140 users 4.990 face
Date 02/12/2018 Poster - ###### - DirectorRuben FleischerStarsTom HardyMichelle WilliamsRiz AhmedA failed reporter is bonded to an alien entity, one of many symbiotes who have invaded Earth. But the being takes a liking to Earth and decides to protect it.[Mov 06 IMDB 6,7/10] {Video/@}@ M/35
VENOM
(Venom, 2018)
TAG RUBEN FLEISCHER
{esquecível}Sinopse ''Eddie Brock (Tom Hardy) é um jornalista que investiga o misterioso trabalho de um cientista, suspeito de utilizar cobaias humanas em experimentos mortais. Quando ele acaba entrando em contato com um simbionte alienígena, Eddie se torna Venom, uma máquina de matar incontrolável, que nem ele pode conter.''
''A mudança de tom do sombrio pra comédia no meio do filme e sem nenhuma justificativa é o perfeito exemplo do porque esse é um dos piores filmes de 2018.'' (Rodrigo Cunha)
''Custa a entrar na trama propriamente dita, o roteiro não aproveita o potencial conflito psicológico entre herói e anti-vilão, e o par central de atores está claramente acima do material. O ar zoeira de 'Deadpool' ajuda, mas 'Venom' é descartável demais.'' (Régis Trigo)
''A frase publicitária que acompanha os cartazes de “Venom” é: O mundo já tem muitos super-heróis. Brinca com o fato de seu personagem ser um vilão nos gibis da editora Marvel e, mesmo assim, ganhar um filme próprio. Mas, depois de assistir ao longa, é fácil perceber que o mundo do cinema ainda pode receber novos heróis. Basta um roteiro esperto e enxuto, efeitos visuais inventivos e um ator carismático para segurar o papel principal. “Venom”, o filme, tem Tom Hardy, que conquista a plateia. E não é fácil lidar com Venom, um monstrengo complexo. O personagem surgiu em 1984, na saga Guerras Secretas, megaevento dos quadrinhos que reuniu os heróis da Marvel numa aventura épica. Ainda sem nome, era chamado de “roupa alienígena”. O Homem-Aranha a “vestiu”, como um uniforme todo preto, e ganhou poderes ampliados. Depois veio a descoberta: tratava-se de um ser simbionte, da raça Klyntar. Espécie de criatura líquida, envolve um hospedeiro como se fosse uma vestimenta e passa a ter uma existência compartilhada, influenciando seu parceiro a praticar o mal. O nome Venom só viria em 1989, e de lá para cá apareceu como ameaça em inúmeros gibis da Marvel. Quase sempre contra o Homem-Aranha, mas outros heróis também tiveram de enfrentá-lo. ''Venom'' já teve vários hospedeiros. O novo filme escolheu aquele de maior sucesso: Eddie Brock, fotógrafo que trabalhava para o mesmo jornal em que Peter Parker, o Homem-Aranha, publicava suas fotos.No filme, sem o Aranha, o enredo é simplificado. Venom e outros de sua espécie são coletados no espaço e trazidos à Terra por um cientista maluco. Uma série de eventos acaba fazendo ''Venom'' tomar o corpo de Brock, agora apresentado como um repórter investigativo fracassado. Os dois passam a conversar o tempo todo dentro da cabeça de Brock, em diálogos de morrer de rir. Entre cenas de ação espetaculares, a dupla descobre que precisa impedir que uma grande ameaça destrua toda a vida na Terra. Sim, Brock precisa convencer Venom a virar mocinho. Hardy foi o substituto bem-sucedido de Mel Gibson em “Mad Max” e já tem experiência como malvado em adaptações de HQ ao cinema. Interpretou o cruel Bane no filme que encerrou a trilogia do diretor Chris Nolan para Batman. Se “Venom” tem alguns probleminhas de roteiro, Hardy passa por cima deles para transformar o filme num ótimo programa. Ator charmoso e com bom jeito para a comédia, ele compõe os melhores momentos da narrativa na relação entre o humano e o alien habitando o mesmo corpo. A franquia com o anti-herói já está confirmada, basta ver o que acontece nos momentos finais deste primeiro filme. A produção é da Sony, numa associação com a Marvel. Na teoria, está fora dos filmes do Universo Marvel, aquele que tem os Vingadores. Mas é possível a migração de Venom para lá, como aconteceu com o Homem-Aranha, que também começou no cinema pela Sony. Talvez não seja necessário. Brock e Venom estão indo muito bem sozinhos." (Thales de Menezes)
Um novo produto da saturação.
''A história já é mais ou menos conhecida: ao participar das Guerras Secretas, o Homem-Aranha encontrou um simbionte negro que aumentou seus poderes e lhe concedeu propriedades regenerativas. Porém, ao perceber que o simbionte afetava sua personalidade, tornando-o mais agressiva, acabou se separando dele já na Terra. A forma de vida acabou por tomar o corpo de Eddie Brock, um jornalista fracassado que nutria ódio pelo Homem-Aranha. O resultado foi Venom, introduzido em 1988 e desde então tendo se tornado não só um dos maiores inimigos do herói aracnídeo mas também um anti-herói que com o tempo ganharia até a minissérie própria. O filme lançado nos cinemas essa semana, por sua vez, teve uma gestação complicada: um filme solo sobre Venom está sendo desenvolvido desde 1997, quando David S. Goyer (Homem de Aço) escreveu um roteiro sobre o personagem que a princípio seria estrelado por Dolph Lundgren (Rocky IV), mas o projeto nunca saiu do papel. Venom ficaria na gaveta até ser interpretado por Topher Grace (That’s 70 Show) em Homem-Aranha 3, filme largamente criticado onde Venom surgiu como uma imposição do produtor Avi Arad, que hoje se diz arrependido.
Entre muitas idas e vindas e após mais três filmes do Homem-Aranha e o personagem sendo integrado ao MCU na década de 2010, a Sony reviveu o projeto contratando como roteirista Dante Harper (João e Maria: Caçadores de Bruxas) e como diretor Ruben Fleischer, conhecido pelo hit Zumbilândia. Será que dessa vez o filme solo de Venom sairia, mesmo após predições do co-criador Todd Mcfarlane que o personagem não funcionaria como figura central? Se é pelo que McFarlane apontou, vá saber. Mas até que faz um certo sentido. Personagens anti-heróicos, violentos e incontroláveis tendem a ser mais trabalhosos e, sem o devido cuidado, podem trair a própria intenção original. Que é o que acontece pelo principal defeito do filme: o tom completamente incoerente. Fato é que Venom parece não saber o que quer. Ser uma versão mais adulta do super-herói médio? Não é o caso. A não ser que se entenda como conteúdo adulto, sangue, fraturas e cabeças devoradas, mas a verdade é que de resto o novo Venom não difere muito de qualquer super-herói lá pelos finalmentes. Há um ponto interessante: após Eddie Brock (Tom Hardy) perder tudo ao tentar expôr experimentos ilegais com seres humanos, o simbionte entra na sua vida no pior momento possível. Perdeu a namorada Anne (Michelle Williams), o emprego e o apartamento. Nessa hora tudo parece a pavimentação básica, algo problemática por conta do vilão Carlon Drake (Riz Ahmed), fundador da organização Life Foundation completamente afetado, unidimensional e maligno ao nível de caricatura. Dá para se dizer que quando Eddie encontra Venom, o filme melhora. Tom Hardy faz uma composição interessante ao contrapor o homem frustrado e a entidade agressiva e seu jeito de falar atrapalhado, olhar perdido e gags físicas cômicas ficam entre as melhores coisas do filme. Normalmente ser um vigilante é uma escolha própria, uma paixão do personagem, um compromisso ético. Não deixa de ser interessante como o personagem principal por grande parte do tempo não sente a mínima vontade de encarnar a identidade secreta do título, ainda mais em momentos que ele serve apenas como espectador passivo enquanto o simbionte transgride os limites do personagem em frangalhos e acovardado. Ainda se fosse um filme sobre como o personagem passa dramática e sutilmente a aceitar sua condição especial… Mas claro que isso aqui não é terreno para sutilezas. Como foi dito acima, o tom do filme é incoerente. Esses momentos propositalmente cômicos à lá buddy cop - filme de duplas policiais como 48 Horas ou Máquina Mortífera, onde uma aliança de pessoas distintas e opostas acaba sendo nosso fio condutor - dão espaço ao heroísmo de vigilante um tanto retrógrado e capenga, com o roteiro preguiçoso alterando as decisões de personagens repentinamente e com o simbionte desenvolvendo uma personalidade humana, quase simpática. Nesse sentido, Eddie Brock não é nada mais que um Homem-Aranha ou Super Homem da vida - ainda que mais carniceiro, ainda está basicamente lutando pela coisa certa, contra o vilão malvado, soldado de uma “nobre”. McFarlane parece estar certo pelo menos nesse caso: para funcionar como protagonista, Venom virou qualquer coisa menos ''Venom''. ''Venom'' está sendo descascado por aí como um filme ruim. E é um filme ruim mesmo. Muito por conta da saturação: fato é que nos últimos 10 anos (quando Nolan lançou Batman: O Cavaleiro das Trevas e o MCU começou com Homem de Ferro) nós tivemos filmes de super-herói demais. Quando o projeto megalomaníaco de Kevin Feige deu certo, todo mundo quis embarcar: a Warner com seu DCEU, a Sony e sua propriedade intelectual sobre o Aranha, a Fox trouxe os X-Men de volta. E isso saturou a indústria. Filmes demais em muito pouco tempo geram a repetição de ideias, a preguiça intelectual, a construção arquetípica tosca e rasteira. Portanto, depois de um tempo, escrever sobre esses filmes de quadrinho parece uma atividade tão repetitiva quanto os próprios filmes em si. Piadas demais com boa parte delas não funcionando, personagens apressados em sua construção, dependência enorme do CGI, dos cortes excessivos e das câmeras sacolejantes para mostrar uma tensão que o filme não tem. Tudo preguiçosamente funcionando como uma verdadeira máquina de xerox onde para se ter um filme novo basta trocar a embalagem e incluir um nome famoso. Se dessa vez não engana ou não desce ao espectador, isso pode ser interpretado como um claro sinal de saturação. Capitão América: O Primeiro Vingador, Thor: Ragnarok, Homem de Ferro 3, Homem-Formiga, Deadpool e tantos outros apresentam o excesso de graça para justificar a carência de história inédita, os personagens com visual “descolado” mas que têm uma construção que apenas não nos importamos, o drama água-com-açúcar previsível e pretensamente emocionante correndo paralelo em ação a impedir a grande maldade, enfim. Tudo para soterrar momentos potencialmente interessantes em nome de requentar o lucro de forma constante. Para histórias realmente interessantes e inovadoras não seria melhor ler os próprios quadrinhos? Vale mesmo sacrificar qualidade em nome de públicos presos em círculos viciosos de cliffhangers e cenas pós-créditos? Até quando esse modelo é sustentável?" (Bernardo D.I. Brum)
Venom é mais um índice do problema e não tem a resposta para isso. Até porque falhou em entender o personagem e deu origem a um filme previsível, morno e de um heroísmo cafona - ou seja, nada do que esperaríamos vendo um filme do Venom.''
Avi Arad Productions Columbia Pictures Marvel Entertainment Matt Tolmach Productions Pascal Pictures Sony Pictures Entertainment (SPE) Tencent Pictures
Diretor: Ruben Fleischer
316.707 users / 309.745 faceSoundtrack Rock The Black Keys / Eminem
46 Metacritic 476 Up 1
Date 12/12/2018 Poster - ##### - DirectorDavid LeitchStarsDwayne JohnsonJason StathamIdris ElbaLawman Luke Hobbs and outcast Deckard Shaw form an unlikely alliance when a cyber-genetically enhanced villain threatens the future of humanity.[Mov 05 IMDB 6,5/10] {Video/@@@@} M/60
VELOZES & FURIOSOS - HOBBS & SHAW
(Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw, 2019)
TAG DAVID LEITCH
{divertido}Sinopse ''Antes em caminhos opostos, o agente federal Luke Hobbs (Dwayne Johnson) e o mercenário britânico Deckard Shaw (Jason Statham) precisam juntar forças para parar uma nova ameaça internacional: um terrorista cibernético conhecido como Brixton (Idris Elba).''
''O carisma dos protagonistas é um alívio em meio a um roteiro tão banal e forçado, salvando-se algumas piadas e momentos levemente inspirados. A sensação de estar assistindo a alguém jogando um vídeo-game (e, obviamente, sem poder interagir) é constante.'' (Alexandre Koball)
''Claro que a duração é exagerada, especialmente para o fiapo de história, mas o filme acerta ao não se levar a sério em momento algum, apostando na boa dinâmica entre Johnson e Statham e em excelentes cenas de ação (Leitch sabe o que está fazendo). O resultado é uma porra-louquice só, divertido ao extremo.'' (Silvio Pilau )
''Fica um tom abaixo do que a franquia se tornou hoje em dia, o que não o torna menos divertido, mas mais um derivado que recicla (com competência) todo o espírito tresloucado dos últimos filmes, uma espécie de cartoon de ação filmado com muita empolgação e exibicionismo, o que é ótimo.'' (Rafael W. Oliveira)
“Velozes & Furiosos” é uma franquia irregular. Alterna bons filmes de ação com alguns difíceis de engolir. O primeiro spin-off da série, um longa protagonizado por dois personagens que começaram coadjuvantes, acaba merecendo um lugar entre os acertos. “Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw” traz o agente americano Luke Hobbs (Dwayne Johnson) e o espião britânico Deckard Shaw (Jason Statham). Os dois já são bem rodados em filmes de ação com vocação para blockbuster. Johnson é um astro pau para toda obra em Hollywood, aceitando trabalhos em thrillers, aventuras e comédias, sem ligar muito para a qualidade. A ponto de atuar na horrenda adaptação da série de TV "S.O.S. Malibu" para o cinema. Já Statham é mais contido. Costuma ficar restrito ao tipo durão e às vezes acerta o tom, como na movimentada franquia "Carga Explosiva" e no muito divertido Megatubarão. O "Velozes & Furiosos" original, de 2001, é um vibrante longa de perseguição de carros, com muitos rachas e alguma trama policial. No elenco, Vin Diesel e Paul Walker. Em suas sete sequências (a oitava tem lançamento previsto para 2020), os enredos foram mudando de gênero. O culto aos carros rápidos foi substituído por tramas dignas das aventuras de James Bond. “Hobbs & Shaw” segue a cartilha do oitavo filme da série, com cenas rodadas em vários países e os intrépidos heróis enfrentando ameaças que podem causar a destruição global. Mais 007 é impossível. Na nova aventura, os mocinhos vão seguir por Londres, Moscou e Ilhas Samoa para impedir que um vírus letal caia na mão de terroristas. A única amostra do vírus está no corpo de uma agente do serviço secreto britânico, e Hobbs e Shaw precisam achá-la antes de Brixton, o enviado dos vilões para capturar a moça. Além de um problema antigo, que é o fato de Hobbs e Shaw detestarem um ao outro e não conseguirem trabalhar bem juntos, há mais coisas que dificultam a missão. A agente infectada, Hattie, é irmã de Shaw. E Brixton é um soldado geneticamente modificado pelos terroristas, praticamente um homem-máquina, muito mais forte, rápido e letal do que Hobbs e Shaw somados. O bom diretor David Leitch, de Deadpool 2, consegue emendar cenas engraçadas e sequências de perseguição simplesmente fantásticas. Como manda a franquia, são pelo menos três caçadas automotivas de arrasar. A última, envolvendo picapes e um helicóptero, pode ser a mais insana já filmada. Difícil imaginar como os roteiristas conceberam a coisa e como a produção deu conta de fazer. Dwayne Johnson e Jason Statham têm boa química. O americano é o simpático, o britânico fica com o papel do ranzinza. Parte do trabalho fica com seus dublês, em cenas coreografadas de violência, mas é evidente que os dois atores funcionam para divertir um público não exigente. Há duas surpresas no elenco. Primeiro, a escalação de um ator de bons recursos como Idris Elba no papel do supervilão Brixton, dando mais intensidade ao personagem. E a outra revelação é ver a inglesa Vanessa Kirby, a princesa Margaret da série "The Crown", lindíssima interpretando Hattie e bem à vontade na função de heroína de filme de ação. “Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw” é filme para a moçada, que já pode esperar a sequência. Passatempo raso, sem pretensões, mas uma diversão muito bem construída." (Thales de Menezes)
Chris Morgan Productions Dentsu Seven Bucks Productions
Diretor: David Leitch
145.927 users / 149.574 faceSoundtrack Rock The Who / Percy Sledge / The Heavy
54 Metacritic101 Down 22 29 Up 140
Date 29/03/2020 Poster - #### - StarsAgnès VardaSandrine BonnaireHervé ChandèsAgnès Varda, photographer, installation artist and pioneer of the Nouvelle Vague, is an institution of French cinema. Taking a seat on a theatre stage, she uses photos and film excerpts to provide an insight into her unorthodox oeuvre.[Mov 09 IMDB 7,9/10] {Video/@@@} M/85
VARDA POR AGNÈS
(Varda par Agnès, 2019)
TAG AGNÈS VARDA
{inesquecível}Sinopse ''Agnès Varda, fotógrafa, artista de instalação e pioneira da Nouvelle Vague, é uma instituição do cinema francês. Tomando um lugar no palco do teatro, ela usa fotos e trechos de filmes para fornecer uma visão de sua obra pouco ortodoxa.''
{Remédios para dormir ajudavam, outros remédios também. Erram como amigos que não julgam e querem ser amados em troca} (ESKS)
''Ainda inédito no Brasil, o filme "Varda par Agnès" é a obra-testamento com a qual a cineasta nascida na Bélgica, morta nesta quinta (28), escolheu se despedir de um público que a cultuou ao longo de seis décadas. O documentário, exibido no último Festival de Berlim, mostra um esforço concertado por parte da diretora nesse sentido. Para começar, ela desloca os créditos da produção, que tradicionalmente sobem na tela ao final do filme, para aparecerem logo no início. Ela quis claramente que sua imagem derradeira fosse outra, e não a tela preta com uma lista de nomes. E a imagem que escolheu para se despedir é a de uma névoa que vai crescendo até virar um borrão branco e ocupar toda a tela, apagando a cena anterior, que trazia Agnès Varda, aos 90, contemplando uma praia."Preciso me preparar para dizer adeus e achar a paz necessária para isso", disse ela em conversa com a imprensa na capital alemã, logo após a exibição do longa, 46 dias antes de morrer. Ovacionada pelos jornalistas, escondia o rosto entre as mãos, deixando à mostra apenas o cocuruto grisalho cercado pelas madeixas ruivas. "Não sou lenda, gente!" O filme, ainda sem data de estreia no Brasil, é estruturado como se fosse uma aula de cinema. Diante de plateias diversas, a precursora da nouvelle vague senta no palco e fala de suas obras. Entremeadas nas discussões sobre o que é cinema, sobre o que se deve filmar etc, ela inclui bastidores de alguns de seus filmes mais famosos. Destrincha, assim, o que a moveu por trás de títulos como "Cleo das 5 às 7", "Os Catadores e Eu" e "As Praias de Agnès". A diretora olha para o passado sem autoindulgência. Quando fala de "Os Renegados", por exemplo, longa com o qual ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza em 1985, ela convoca Sandrine Bonnaire, protagonista da obra, para uma conversa. A atriz reclama de que Varda era extremamente rude, e a cineasta enfim se compadece. A diretora também ri de fracassos retumbantes de sua carreira, caso de "As Cento de uma Noites". A ironia com a qual revê a própria trajetória foi uma conquista recente, como ela mostra no filme. Próxima de completar 80 anos, diz, estava apavorada. Conforme os anos foram passando, o medo cedeu a uma serenidade algo fanfarrona. No ano passado, quando seu "Visages Villages" foi indicado ao Oscar e fez dela a pessoa mais velha a concorrer ao prêmio da Academia, ela não pôde ir a Los Angeles. Mas mandou em seu lugar um display em papelão com sua foto e em tamanho real que rodou de mão em mão enquanto atrizes como Meryl Streep e Greta Gerwig tiravam selfie com ele." (Guilherme Genestreti)
Ciné Tamaris ARTE
Diretor: Agnès Varda
1.396 users / 1.398 face
Date 12/04/2020 Poster - ########## - DirectorAnthony RussoJoe RussoStarsRobert Downey Jr.Chris EvansMark RuffaloAfter the devastating events of Avengers: Infinity War (2018), the universe is in ruins. With the help of remaining allies, the Avengers assemble once more in order to reverse Thanos' actions and restore balance to the universe.[Mov 01 IMDB 8,4/10] {Video/@@@@} M/78
VINGADORES - ULTIMATO
(Avengers: Endgame, 2019)
TAG ANTHONY RUSSO / JOE RUSSO
{cansativo}Sinopse ''Após os eventos devastadores de Vingadores: Guerra Infinita, o Universo entrou em destruição por causa do Estalar de Dedos do Thanos, o Titã Louco. Com a ajuda dos heróis sobreviventes, os Vingadores devem se reunir mais uma vez para desfazer as ações de Thanos e restaurar a ordem do universo de uma vez por todas, não importa quais serão as consequências que os aguardam.''
{As vezes quando estou num lugar e espero. Um lugar vem até mim} (ESKS)
''A nova 'maior bilheteria de todos os tempos' (até a inflação acabar com isso, dentro de algum tempo aleatório) é um símbolo do cinema blockbuster atual: todo barulhento, envolto em uma construção muito fina (mas cheia de cores e luzes para desviar a atenção do fato de que é quase nada por baixo), sem alma, sem emoção. É divertido, claro (por que não seria?), tanto quanto um filme que divide-se entre mais de uma dezena de protagonistas poderia ser. Mas o argumento é pífio!'' (Alexandre Koball )
''A traição ao antetior já era esperada por todos, por isso que não há irritação maior com essa opção. Ainda assim, uma bela despedida a homens e mulheres que viraram poeira do tempo.'' (Francisco Carbone)
''A epopeia diz mais respeito a bilheteria do que ao resultado final do filme. Ultimato é bastante digno e justificável, funcionando como uma despedida afetiva que não perde o êxtase por cenas poderosas, magnânimas e heroicas, apesar do roteiro inconstante. Um ode ao fascínio dos heróis com requinte de cólera e paixão.'' (Marcelo Leme)
''A sensação do todo é semelhante àquela do Homem Formiga ao ser envelopado pela máquina e cuspido tempo à frente: ora a coisa está apressada e multifocal, ora 'fácil' demais para não provocar certo estranhamento quando refaz todo um percurso dentro do tempo. Não chega a ser épico, mas é certamente dramático.'' (Felipe Leal )
''A promessa de épico não se concretiza por inteiro, mas para a legião de fãs que acompanham essa história há mais de uma década, vale pelo filme feito para o público que o consagrou.'' (Heitor Romero)
''Após sofrer com o excesso de personagens no filme anterior, os irmãos Russo conseguem dessa vez dar tempo a cada um dos protagonistas, acrescentando à história uma surpreendente e eficiente carga dramática. Épico, divertido, tenso e até mesmo emocionante , 'Vingadores: Ultimato' é o melhor filme de todo o MCU.'' (Silvio Pilau)
''Coerente com seu universo cinematrografico não só aos personagens, mas à linguagem estabelecida. De boas cenas de ação, elementos visualmente catárticos, à falhas de narrativa, humor infantilóide, caráter mercadológico juvenil e imbecilização de alguns personagens. Toma um caminho diferente da parte um, buscando um desenvolvimento final que até culmina em boas rimas narrativo-históricas. Funciona como evento, como cinema fica no mediano.'' (Ted Rafael Araujo Nogueira)
''Consegue desenvolver mais seus personagens que Guerra Infinita, focando na subjetividade deles. Ainda assim, personagens subaproveitados existindo apenas funcionalmente continuam existindo ao lado de longas sequências escalafobéticas e esquecíveis. Mas é aquilo, cinema pela catarse, e o final não nega fogo nesse sentido. Filme digno enquanto fim de uma era.'' (Bernardo D.I. Brum)
''Os Irmãos Russo não conseguem contornar um problema previsto (a necessidade de reverter a aniquilação de Thanos de modo sucinto e coeso) e as 2 primeiras horas do filme são muito irregulares, até truncadas. Depois, acerta com louvor logo onde não poderia errar, reunindo as melhores cenas de todo o UCM. Épico!'' (Rodrigo Torres)
''A segunda parte da história iniciada no ano passado, com Vingadores: Guerra Infinita, concorre a vários superlativos. Maior filme do ano. Mais salas no Brasil. Maior número de super-heróis já reunidos. Filme mais chato de 2019. Isso mesmo. “Vingadores: Ultimato”, que estreia nesta quinta, é uma bomba mais poderosa que a manopla que Thanos usou para matar metade da população do universo na primeira parte da história. É piegas. É lento. É escuro. É barulhento. É preciso dizer que o problema aqui não são os longas da Marvel. Os dois primeiros filmes dos Vingadores, de 2012 e 2015, tinham encanto. Mesmo Guerra Infinita, apesar de sofrer um pouco com diversas histórias correndo em paralelo, apresentava um vilão extremamente carismático, angustiado e atormentado, em busca de um genocídio cósmico para satisfazer sua estranha ideologia. Além disso, Guerra Infinita conseguiu impressionar no final, quando morreram Homem-Aranha, Doutor Estranho, Pantera Negra e uma série de outros personagens, deixando os espectadores reféns dessa continuação. Nada dessa sutileza ou carga dramática está presente em “Ultimato”. Logo no começo de suas três horas de filme, já sabemos como vai se dar a revanche. Se você não quiser spoiler, pule o próximo parágrafo. Estamos falando de viagem no tempo. Para ressuscitar meio mundo, é preciso que os heróis façam algo antes que os eventos mostrados em “Guerra Infinita” aconteçam. O blá-blá-blá científico que resulta dessas discussões é risível, no mau sentido. Importante sublinhar isso porque o riso é tema caro na maioria dos filmes da Marvel. Neste, descamba para o exagero. Após duas horas de um roteiro praticamente sem ação ou lutas, percebemos que estamos diante de uma comédia. Praticamente todos os diálogos querem arrancar gargalhadas do público. Muitos funcionam, outros não. O público, aliás, é outro personagem de “Ultimato”. Quando Capitão América dá uns tabefes em Thanos, já na terceira e mais movimentada hora, a plateia aplaude e urra. Depois dessa, a cada pequena vitória de nossos heróis será saudada com gemidos de felicidade e bateção de palmas. Tem gente que acha isso parte da experiência do cinema, uma vivência coletiva. Para outros, é um incômodo. No caso da exibição para a imprensa nesta terça, lotada, foi constrangedor ver e ouvir colegas jornalistas e críticos se darem assim, como se fossem fãs. Talvez porque blogueiros e influenciadores digitais estejam tomando conta da situação - e das sessões de imprensa. Sentado atrás de mim tinha um cara com a manopla de Thanos (de plástico), pelo amor de Deus! Parece que os diretores Anthony e Joe Russo, além dos roteiristas produtores, consideraram que os Vingadores já eram aposta ganha e pouco se esforçaram neste último título da franquia. Chris Evans (Capitão América) e Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) já vinham reclamando há tempos que estavam cheios dos personagens. Além deles, o que aparece de grande ator em “Ultimato” não está escrito. Scarlett Johansson, Brie Larson, Evangeline Lilly, Bradley Copper (voz do guaxinim), Mark Ruffalo, Jeremy Renner e Gwyneth Paltrow são alguns dos heróis. É um desperdício. As participações especiais impressionam ainda mais: Robert Redford, Michelle Pfeiffer, Michael Douglas, Tilda Swinton, Natalie Portman, William Hurt, talentos de primeiríssima grandeza. O problema é que a maioria só aparece mesmo, não interpreta nada nessa história de trovões, clarões e explosões sem fim. Para não dizer que tudo em “Ultimato” é de má qualidade, salvam-se as canções da trilha sonora: “Dear Mr. Fantasy”, do Traffic, abre o filme com categoria. Depois temos The Kinks com “Supersonic Rocket Ship” e Rolling Stones com “Doom and Gloom”. “Hey Lawdy Mama”, do Steppenwolf, fecha o quarteto de boas canções. Não é o suficiente para considerar o filme apenas ruim. Ele é péssimo mesmo.'' (Ivan Finotti)
Fechando antes de reabrir.
''Muita água correu por baixo da ponte da Marvel desde 2008, quando ao final de Homem de Ferro, em uma de suas hoje tradicionais cenas pós-créditos, revelou o Nick Fury de Samuel L. Jackson e citou pela primeira vez a iniciativa Vingadores. Os fãs foram à loucura, mas mais do que isso, era o início de um ambicioso projeto da empresa para expandir o seu universo e mudar a opinião de um público que, até então, achava super-herói coisa de nerd. Vamos fazer um exercício simples: quantas pessoas você conhecia que falavam abertamente sobre o tema, que andavam com roupas estampando heróis ou lotavam o cinema para um filme sobre eles em plena meia-noite de quarta-feira e quantas você conhece que fazem isso hoje? Pois é. O paciente projeto da Marvel de construir todo um universo com filmes menores para contar uma história maior, amarrada ao longo de 11 anos culminou com a primeira parte final da saga em Vingadores: Guerra Infinita. Thanos, cansado da incompetência de seus aliados em conseguir as Joias do Infinito, resolve ele mesmo cumprir a missão e em um estalar de dedos dizima metade da população do universo. É um final melancólico para duas dezenas de filmes que, até então, eram vitoriosos e com o astral lá em cima. A Marvel que sempre fez rir dessa vez fez seu público chorar. Vingadores: Ultimato dá uma depressiva continuidade ao que Guerra Infinita deixou e cabe aos heróis remanescentes buscarem forças para a inevitável vingança (que sempre deu nome ao grupo), ao mesmo tempo em que tentam achar um jeito de reverter o que o tirano fez. Só que os filmes da Marvel ganharam uma proporção tão grande nos últimos tempos que Ultimato tinha a ingrata missão de responder perguntas que haviam ficado no ar e ainda encontrar espaço para entretenimento do público. Consciente de seu papel, o filme vai constantemente em desencontro com as expectativas, apresentando narrativa, soluções e muitas vezes situações inusitadas que divertem pelo absurdo ou escala daquilo que está acontecendo. Aquele ritmo frenético - mas muitas vezes tedioso - de tantos efeitos especiais é deixado um pouco de lado para contar uma história que precisa chegar a algum lugar, respeitando o passado dos filmes e brincando com eles. É fã service atrás de fã service, mas dessa vez abordado de maneira positiva, feito com tanto carinho que não soa como apelação. É claro que, com sentimentos tão a flora, o filme iria brincar com eles de acordo que o ciclo vai finalmente se fechando. Se Thanos quis equilibrar o universo, coube à equipe aproveitar os cacos de contrato para dar mais consistência a uma história entupida de tantos personagens, cada um com seus dramas e motivações. Crescem Viúva Negra e Gavião Arqueiro, que vinham sendo deixados de lado, e nomes como Thor e Hulk acabam sendo sub aproveitados com aquilo que fora construído anteriormente. Quem brilha mesmo é Tony Stark (Downey Jr.), que tem a oportunidade de deixar de se interpretar para ganhar profundidade que só a idade e situações da vida podem trazer, mas também com o arco de seu personagem, talvez quem mais mudou em todos esses anos, e Chris Evans, que começa a entender que nem sempre ser mocinho é ser herói em grande escala. Eles possuem algumas das melhores cenas do longa, que divide bem drama, homenagens e ação, até sua lacrimejante conclusão. Bom, mas vamos um pouco mais a fundo nesse texto, né? Fica um pouco difícil descrever a emoção e como Vingadores Ultimato é redondinho sem entrar nos detalhes sobre o que vimos em tela. Ao longo de onze anos e muitos pequenos filmes, todos eles juntos serviram para criar um passado, uma história, uma intimidade com o público. Conhecemos Tony Stark egoísta, se auto-proclamando ser o Homem de Ferro para viver o gostinho de ser um pop star, estar no controle, no centro de tudo, e fechamos a saga anos depois com ele preocupado com a família, ainda pensando em si pelo que construiu (tenho muito a perder agora), mas agindo de forma coletiva intuitivamente (pegar a manopla e usá-la, mesmo que isso consuma seu fraco corpo). É lindo ver as duas pontas de uma linha que deixou de ser reta para fechar um círculo tanto tempo depois. Com metade dos heróis fora de cena, aqueles que não por coincidência terão futuro no MCU, ficou clara a opção de manter no filme aqueles atores já veteranos da franquia, perto de fim de contrato, pois isso torna o destino de cada um imprevisível. E como falar do passado sem precisar ficar apelando pra nostalgia? Obviamente, com viagem no tempo. Todo mundo já quis viajar no tempo uma vez na vida, seja para reviver um passado gostoso ou falar algo que não foi dito a alguém que já partiu. Até mesmos os heróis. Thor reencontra sua mãe, Stark o pai e o Capitão o grande amor da sua vida, que o faria desistir de um presente para finalmente viver o passado ao final de tudo, já velhinho, no banco e finalmente realizado. A Viúva Negra, personagem que até encontrar a família Vingadores era fria e calculista, agora fará de tudo, inclusive se sacrificar, pois é isso que familiares fazem uns pelos outros. Thor, este que acabou realizando o desejo de muita gente de finalmente ter um corpinho de super-herói, e Hulk foram abordados de forma mais cômica. Ainda que funcionem - e o filme é realmente engraçado - acabaram tendo suas personalidades banalizadas para encontrar um equilíbrio, já que o arco de Tony e do Capitão eram muito mais dramáticos. Legal também o filme ter tido a coragem de não embarcar em uma caçada insana por Thanos para se tornar um filme comum sobre vingança. Thanos é resolvido nos primeiros minutos e entra em cena uma reconstrução da vida após toda a tragédia. Isso nos dá tempo para sentir a urgência da situação, e quando as viagens no tempo permitem que o Thanos de uma outra linha temporal apareça, ele nota que seu plano deu certo, mas ao mesmo tempo falhou: a Terra não prosperou como planejava, e sim entrou em profunda depressão, um mundo pós apocalíptico que não bate com aquilo que ele sonhou. Com isso, o novo Thanos não decide mais dividir a população e sim exterminá-la. Faz muito sentido dentro do que aprendemos com o personagem, que ainda é um vilão muito acima do que os filmes de heróis estão acostumados a receber. Thanos sempre tem uma resposta boa, algo de impacto a dizer e o faz de maneira natural, impositiva, sem se esforçar para isso. Vi algumas reclamações sobre alguns personagens fortes, como Doutor Estranho e Pantera Negra terem ficado de fora praticamente o filme inteiro. É compreensivo. Suas histórias estão começando agora, há mais filmes anunciados sobre eles, então a Marvel precisava fechar aquilo que ela abriu antes de dar esse próximo passo. Foi também o motivo de equilíbrio para a Capitã Marvel, que pouco apareceu sob a (boa) desculpa de estar ajudando outros planetas também afetados, já que eles não tinham pessoas como os Vingadores para ajudarem. E quando ela aparece, também acabou balanceada pela força de Thanos, o que abre espaço para seu futuro na franquia e não apenas como uma solução para tudo - e a cena onde todas as heroínas aparecem, juntas, mostra que esse futuro pretende consertar essa quase hegemonia masculina das três primeiras fases do MCU. Quando os créditos começaram a subir, a emoção já escorria pelo rosto não só por causa dos personagens, mas por ter tido a oportunidade de vivenciar toda essa história no cinema. Vingadores é o filme pop mais importante da década, um dos projetos mais ambiciosos da história do cinema, e ver isso começar e acabar é uma oportunidade que poucos têm; oportunidade que só quem vivenciou Harry Potter, Star Wars e Senhor dos Anéis sabem como é. Vingadores é isso. É sobre amor, trabalho em equipe, fazer o bem, mas acima de tudo, é sobre o tempo. O tempo que passaram juntos, o tempo que serão lembrados e o tempo que ficará para sempre nas nossas memórias. E ficamos lá, mesmo sem cena adicional dessa vez, só curtindo os créditos passando, apenas para prolongar o momento por uma última vez.'' (Rodrigo Torres)
92*2020 Oscar
Top 300#70
Marvel Studios
Diretor: Anthony Russo / Joe Russo
719.125 users / 719.111Soundtrack Rock Traffic / The Kinks / The Rolling Stones /Steppenwolf / Redbone
57 Metacritic 16 Down 2
Date 03/05/2020 Poster - ## - DirectorOlivier AssayasStarsGuillaume CanetJuliette BinocheVincent MacaigneSet in the Parisian publishing world, an editor and an author find themselves in over their heads, as they cope with a middle-age crisis, the changing industry and their wives.[Mov 07 IMDB 6,5/10] {Video/@@@@} M/78
VIDAS DUPLAS
(Doubles vies, 2018)
TAG OLIVIER ASSAYAS
{inteligente}Sinopse ''Um editor (Guillaume Canet) e um autor (Vincent Macaigne) enfrentam ao mesmo tempo a crise da meia idade, a revolução digital que abala o mercado editorial e imprevistas dificuldades em seus respectivos relacionamentos amorosos.''
{Nada podemos fazer aos pais depois de mortos} (ESKS)
''O termo "literário" é um clichê no qual se enquadram tantos filmes franceses, nos quais o privilégio dado à palavra aparece como uma qualidade anticinemática, um defeito. Tratemos desse aspecto como uma qualidade que permeia a produção de Olivier Assayas, ex-crítico de cinema que circula com desenvoltura, e muitas palavras, entre diferentes gêneros e, digamos, estilos. Personal Shopper (2016) foi visto como hitchcockiano; ecos de Bergman pairam em Acima das Nuvens. De "Vidas Duplas", disse a Cahiers du Cinéma, revista onde ele começou sua carreira, que evoca o cinema do francês Roger Vadim, com seu olhar para o comportamento das personagens. No caso, personagens de uma burguesia esclarecida que se debate com o passar do tempo —plasmado neste, como nesses outros filmes mais recentes do cineasta, na tecnologia. Na nova trama, o embate com o tempo ganha a forma das renovações impostas ao mundo editorial, em torno do qual circulam os protagonistas. Alain (Guillaume Canet), editor, é casado com Selena (Juliette Binoche), atriz. Ele se recusa a publicar o novo livro de Léonard (Vincent Macaigne), autor de sua casa e marido da idealista Valérie (Nora Hamzawi), que trabalha como assessora de um político de esquerda. As vidas dos dois casais se entrelaçam também fora do campo profissional, e as relações se complicam com a entrada em cena de Laure (Christa Theret), contratada por Alain para levar a editora que dirige a um patamar mais afinado com os novos tempos. A questão da digitalização é o pano de fundo para a ciranda amorosa que vai se desenrolando. Além da encruzilhada dos e-books e blogs, compõem o quadro o debate sobre exposição pública na obra de Léonard; as relações algo entediadas de Laure; e a fadiga de Selena, que não quer continuar a fazer a mesma série de TV. Na política, o campo de atuação de Valérie, personagem que faz um contraponto discreto aos demais, as vicissitudes de um mundo digital surgem com o avatar da pós-verdade. Parece espinhoso, e é, mas Assayas consegue equilibrar todos esses temas na tela por meio do discurso de seus personagens. Esse discurso soa, por muitas vezes, forçado para nossos padrões --mas é crível no contexto filme de uma burguesia intelectualizada tão francesa em seu hábito de debater em jantares. De conversa em conversa, entendemos que as vidas duplas do título não são somente uma expressão que diz respeito aos amores clandestinos dos casais. Ela também nos fala do desdobramento que a geração hoje na faixa dos 50 se vê forçada a fazer para se manter igual num mundo que muda —como, não por acaso, diz a famosa frase de Lampedusa notabilizada em "O Leopardo", de Luchino Visconti, recuperada em um dos muitos diálogos do filme." (Francesca Angiolillo)
2018 Palma de Cannes
CG Cinéma Vortex Sutra Arte France Cinéma Playtime ARTE Canal+ Ciné+ Cinécapital Cinéventure 3 Cofinova 14 Indéfilms 6 La Banque Postale Image 11 Sofica Manon 8 SofiTVciné 5 Lynk Investments Trading Service Construction
Diretor: Olivier Assayas
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Check-Ins 29 Metacritic Movies {2016/2017/2018*}{}
Date 07/06/2020 Poster - ##### - DirectorTakashi ShimizuStarsLeslie BibbRyan KwantenAmy SmartFlight 7500 departs Los Angeles International Airport bound for Tokyo. As the overnight flight makes its way over the Pacific Ocean during its ten-hour course, the passengers encounter what appears to be a supernatural force in the cabin.